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TECNOLOGIAS AMBIENTAIS

EM EDIFÍCIOS E CIDADES
AULA 1

Profª Wívian P. P. Diniz


CONVERSA INICIAL

Eu continuo trabalhando da mesma forma que sempre trabalhei. Já


trabalhava as questões ambientais, de humanizar. Quando me formei
em arquitetura, dava-se muita importância ao sol, a ventilação natural.
Acho que depois da [segunda] guerra houve um funcionalismo que
perdeu essas características. Hoje, essas questões estão voltando e
as pessoas pensam que estou nisso. (João Filgueiras Lima “Lelé”)

Nesta etapa, pretendemos que você compreenda o conforto ambiental


como parte integrante do processo projetual e do espaço arquitetônico. Para
isso, abordaremos conceitos, princípios, métodos e técnicas projetuais
relacionadas ao conforto ambiental (térmico, lumínico e acústico), simulações,
estratégias de condicionamento do ar e eficiência energética em obras de
arquitetura e no meio urbano. Também abordaremos as normas de desempenho
da edificação relacionadas ao conforto ambiental.
É fundamental que todo o conhecimento aprendido seja aplicado
integralmente em suas práticas projetuais. Dessa forma, você garantirá aos seus
projetos a abordagem da eficiência energética e da sustentabilidade e, assim,
atenderá aos requisitos de habitabilidade que a arquitetura deve seguir.

CONTEXTUALIZANDO

Este estudo tem como objetivo capacitar você para adequar as


necessidades de habitabilidade aos processos construtivos, bem como os
princípios físicos envolvidos. Ela se insere no campo disciplinar da Tecnologia
da Arquitetura e Urbanismo, com significativa participação na prática da
concepção da arquitetura e do urbanismo. Portanto, apoia-se num conhecimento
científico multidisciplinar que deve ser incorporado ao processo projetual para
ser efetivo.

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Figura 1 – Esquema acerca da relação processo projetual x conforto ambiental

Crédito: Diniz.

Há que se abarcar a multidisciplinaridade presente no conhecimento


científico que fundamenta as relações entre o homem e o ambiente e tem como
primeira finalidade e centro da questão, o ser humano.

Saiba mais
Para iniciarmos a conversa acerca de como uma arquitetura se inicia
pelas necessidades das pessoas e pelas condições ambientais – funcionando
como um mediador ativo entre esses dois contextos – a leitura a seguir aborda
os principais fundamentos. Acesse o link a seguir para ler um texto que lhe
permite compreender a relação existente entre o ambiente construído e o
ambiente natural e a importância de considerarmos esses aspectos ao
projetarmos, voltados para uma habitabilidade mais eficiente.
BRITTO CORREA, C. Arquitetura bioclimática. Adequação do projeto de
arquitetura ao meio ambiente natural. Vitruvius, São Paulo, ano 2, v. 4, n. 7, abr.
2002. Disponível em:
<https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/02.004/1590>. Acesso em: 15 fev.
2023.

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Vitrúvio, clássica referência da arquitetura, definiu arquitetura como o
ambiente construído que deve equilibrar aspectos funcionais, estruturais e
formais – utilitas, firmitas e venustas.
Lamberts, Dutra e Pereira (2014) acrescentaram um quarto pilar da
arquitetura, conforme lemos no trecho a seguir:

a arquitetura também deve ser vista como um elemento que precisa ter
eficiência energética. [A qual] pode ser entendida como um atributo
inerente a edificação representante de seu potencial em possibilitar
conforto térmico, visual e acústico aos usuários com baixo consumo de
energia. (Lamberts; Dutra; Pereira, 2014, p. 5)

Na atualidade incorporamos ao conceito vitruviano a eficiência energética


como pressuposto de uma boa arquitetura. Desse modo, a edificação é mais
eficiente energeticamente quando consegue viabilizar condições ambientais
internas adequadas ao ser humano, com o menor consumo de energia possível
para aquele contexto ambiental externo.
Esse fundamento – de considerar o clima local para adequar as
características de edificação – não é novidade na abordagem arquitetônica. Na
verdade, tem sido um pressuposto desde a Antiguidade, sendo conhecida como
arquitetura vernacular.

Saiba mais
“A arquitetura vernacular representa a maioria dos edifícios e
assentamentos criados em sociedades pré-industriais e inclui uma ampla gama
de edifícios, tradições e métodos de construção” (Caves, 2005, p. 750, tradução
nossa).

Saiba mais
As leituras dos textos indicados a seguir ajudarão a compreender como a
arquitetura vernacular se expressa, por exemplo, do trabalho de arquitetas sul-
asiáticas que se utilizam desse pressuposto para criar os projetos.
GHISLENI, C. O que é arquitetura vernacular? 15 nov. 2020. ArchDaily
Brasil. Acesso em: 20 dez. 2022. <https://www.archdaily.com.br/br/951326/o-
que-e-arquitetura-vernacular>. Acesso em: 15 fev. 2023.
GATTUPALLI, A. Moldando a história: o impacto das arquitetas sul-
asiáticas no período pós-colonial [Shaping History: The Impact of Women
Architects in Post-Colonial South Asia] ArchDaily Brasil, 19 nov. 2022. (Trad.
Simões, Diogo) Acesso em: 10 fev. 2023.

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<https://www.archdaily.com.br/br/991484/moldando-a-historia-o-impacto-das-
arquitetas-sul-asiaticas-no-periodo-pos-colonial>. Acesso em: 10 fev. 2023.

Um momento fundamental para a ruptura com essa maneira vernacular


de construir edificações ocorreu no século XVIII, com a Revolução Industrial. O
surgimento de novos materiais construtivos levou a um distanciamento entre a
abordagem tradicional de fazer arquitetura e estabeleceu uma nova maneira de
construir. Acompanhando o passo das transformações sociais, econômicas e
técnicas, a maneira de ser fazer arquitetura se transforma definitivamente,
expressa sobretudo pela arquitetura moderna. Essa nova arquitetura propunha
uma verdadeira libertação da expressão projetual de toda relação com o contexto
da tradição construtiva, conforme afirma Costa, no seu texto seminal “Razões da
Nova Arquitetura”, publicado em 1930:

Desde os tempos primitivos vem a sociedade sofrendo modificações


sucessivas e periódicas, numa permanente adaptação das regras do
seu jogo às novas circunstâncias e condições de vida. [...] Esta
constante em que se baseou toda a economia até o século passado,
também limitou as possibilidades da arquitetura – atribuindo-se, por
força do hábito, aos processos de construção até então
necessariamente empregados, qualidades permanentes e todo um
formulário – verdadeiro dogma – a que a tradição outorgou foros de
eternidade. É, entretanto, fácil discernir, na análise dos inúmeros e
admiráveis exemplos que nos ficaram – duas partes independentes:
uma permanente e acima de quaisquer considerações de ordem
técnica; outra, motivada por imposições desta última, juntamente com
as do meio social e físico. Quanto à primeira, prende-se a nova
arquitetura às que já passaram – indissoluvelmente; e nenhum contato
com elas tem, quanto à segunda, porquanto, variaram completamente
as razões que lhe davam sentido, e o próprio fator físico – último traço
de união que ainda persistia com ares de irredutível – já hoje a técnica
do condicionamento do ar neutraliza, e, num futuro muito próximo,
anulará por completo. (Costa, 1930, p. 3-4, grifo nossa)

Assim, edificações internacionalizadas, independentes dos seus


contextos e culturas locais e dependentes da máquina, passam a representar o
poder tecnológico e econômico. Apresentando sistemas de ar-condicionado que
consumiam muita fonte energética e sem aproveitar nada das condições
climáticas locais, os edifícios poderiam estar localizados em qualquer ponto do
planeta. Bastava o condicionamento de ar por meio de máquinas, conforme
afirma Costa (1930), para libertar a soberania criativa da arquitetura. Nessa
disciplina refletiremos bastante acerca desse aspecto.

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Figura 2 – Ghardaia, Argélia. Arquitetura vernacular em núcleo urbano no
deserto

Crédito: Mario/Adobe Stock.

Figura 3 – Vista superior de edifícios corporativos em núcleo urbano


contemporâneo

Crédito: Dell/Adobe Stock.

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Nas Figuras 2 e 3 fica evidente a diferença entre a expressão vernacular
e a contemporânea. Ao observarmos a Figura 2 percebemos claramente a
relação da linguagem arquitetônica e das tradições locais. No entanto, na Figura
3, se eu não informar onde esses edifícios estão localizados, você nunca
saberá... Será em São Paulo, Nova Iorque, Xangai ou Paris?

Saiba mais
Quanto à nossa arquitetura vernacular, genuinamente brasileira, você
sabe qual é?
No mês de reflexões sobre a questão indígena no país, apresentamos a
sugestão de um vídeo com o arquiteto e urbanista José Afonso Botura
Portocarrero, professor da UFMT e conselheiro federal do CAU Brasil por Mato
Grosso. Acesse o link a seguir para conhecer como o arquiteto José Afonso
Botura Portocarrero integrou os preceitos da nossa arquitetura tradicional a uma
linguagem contemporânea. Então reflita como pode se inspirar nesse exemplo
para seus projetos.
ARQUITETURA indígena: José Afonso Botura Portocarrero - arquiteto e
urbanista. CAU SP, 2022. Disponível em: <https://youtu.be/x_Z7eYWmINA>.
Acesso em: 15 fev. 2023.

TEMA 1 – INTRODUÇÃO À BIOCLIMATOLOGIA

A relação entre ambiente construído e o meio ambiente possibilitou, desde


os primórdios da humanidade, que pudéssemos nos proteger contra as
intempéries climáticas. Nesse sentido, a arquitetura vernacular, a partir de
conhecimentos empíricos transmitidos por gerações, possui muitos exemplos de
como o abrigo humano, em harmonia e adaptado ao meio, expressa a cultura de
uma sociedade.
Com base nesse entendimento, a arquitetura pode ser compreendida
como a concepção do ambiente construído em função da interação do ser
humano com o meio em que vive. Esse meio é representado pelo estudo do
clima (climatologia), na medida em que os fenômenos meteorológicos
constituem o mais importante gerador de pressões ambientais sobre os seres
vivos.
A climatologia, quando aplicada às relações com os seres vivos,
denomina-se bioclimatologia, podendo-se distinguir como bioclimatologia

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humana quando trata dos seres humanos especificamente. O termo arquitetura
bioclimática surgiu na década de 1960, a partir de pesquisas de Aladar e Victor
Olgyay (Olgyay; Olgyay, 2003), definida como a aplicação da bioclimatologia ao
projeto arquitetônico.
Na sequência deste conteúdo, abordaremos detalhadamente a
arquitetura bioclimática, mas já podemos adiantar que o bioclimatismo é uma
das abordagens que mais reforça e contribui para a eficiência térmico-energética
de uma edificação.

1.1 Clima: conceito e caracterização

O clima de um local é determinado com base em elementos e em fatores


climáticos que compõem o ambiente natural. O estudo do clima refere-se ao
estudo do comportamento dos elementos climáticos em períodos de longo prazo.
Portanto, o clima é o comportamento integrado desses elementos climáticos,
sendo os principais representados por: temperatura, umidade relativa, insolação,
pressão atmosférica, ventos, precipitação (regime de chuvas), evaporação e
nebulosidade.

Saiba mais
Como leitura obrigatória acerca das características dos elementos
climáticos, acesse o link para os seguintes textos:
1. Leia no capítulo 1 as páginas 10 a 24:
PINHEIRO, A. C. D. F. B.; CRIVELARO, M. Conforto ambiental –
iluminação, cores, ergonomia, paisagismo e critérios para projetos. São Paulo:
Saraiva, 2014. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536518596/>. Acesso
em: 10 fev. 2023.
2. Leia no capítulo 3 as páginas p. 71 a 83:
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética
na arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2023.

Para uso na arquitetura, o clima de uma região é o pressuposto principal


devido a sua constância e previsibilidade.

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Quando o comportamento dos elementos climáticos é monitorado e
registrado sistematicamente por determinado período, temos os dados
meteorológicos constituintes do sistema climático (variáveis climáticas). Esses
dados são registrados nas estações meteorológicas e é sobre eles que a
climatologia se debruça para determinar um clima local. Os elementos climáticos
que mais afetam o conforto humano são os seguintes: temperatura, umidade
relativa, insolação, luz natural contida na radiação solar e os ventos.

Saiba mais
Para conhecer a função de uma estação meteorológica e como esse
serviço contribui com a sociedade, leia o texto de Vianello e, para relaxar assista
o vídeo Granizo, que trata da realidade de um profissional da meteorologia.
VIANELLO, R. A estação meteorológica e seu observador: uma
parceria secular de bons serviços prestados à humanidade. Brasília: INMET,
2011. Disponível em: <
https://portal.inmet.gov.br/uploads/publicacoesDigitais/aestacaometeorologicae
seuobservador.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2023.
GRANIZO. 1h58min. Netflix, 2022.
Sinopse: após receber uma chuva de críticas por não prever uma terrível
tempestade, um famoso meteorologista volta para sua cidade natal e inicia uma
jornada de autodescoberta.

O tempo representa o comportamento de curto prazo dos elementos


climáticos. Portanto, são condições momentâneas relacionadas aos fenômenos
atmosféricos de um local.
Os elementos climáticos já citados são considerados aspectos globais,
pois estabelecem os componentes do clima na sua escala macro. Os fatores
climáticos, por sua vez, condicionam o clima na microescala do lugar,
determinando características pontuais daquele padrão climático. São os fatores
locais que introduzem variações no clima, determinando os diferentes
microclimas em ambientes restritos, como uma região da cidade, uma região
rural, um bairro ou uma rua. Os fatores climáticos são representados pelos
seguintes itens: altitude, latitude, continentalidade, maritimidade, massas de ar,
correntes marítimas, relevo, vegetação e urbanização.
Dessa forma, o clima de uma região é composto pelos elementos
climáticos (globais) e pelos fatores climáticos (locais).

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Saiba mais
Para complementar seu entendimento acerca desse conteúdo, indico a
playlist do prof. Ricardo Marcílio:
PLAYLIST Climatologia. Prof. Ricardo Marcílio, 2021/2022. Disponível
em: <https://youtube.com/playlist?list=PLBDOfz-
ztyA0bH7xnTVDICnnjqTeD5R5p>. Acesso em: 15 fev. 2023.

1.1.1 Variáveis climáticas

Após o registro das variáveis climáticas nas estações meteorológicas,


temos os dados climáticos, os quais passam por análise estatística composta de
séries históricas de trinta anos, chamadas normais climatológicas.

Saiba mais
As normais climatológicas foram instituídas no Brasil seguindo critérios
recomendados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) com o intuito de
assegurar a comparação entre os dados climáticos de diversas partes do mundo.
Os períodos de trinta anos de medições padronizadas já concluídas no Brasil
são: 1931-1960, 1961-1990, 1981-2010 e 1991-2020.

Saiba mais
Valor padrão reconhecido de um elemento meteorológico, considerando
a média de sua ocorrência em determinado local, por um número determinado
de anos. Normal significa a distribuição dos dados dentro de uma faixa de
incidência habitual. Os parâmetros podem incluir temperaturas (altas, baixas e
variações), pressão, precipitação (chuva, neve etc.), ventos (velocidade e
direção), temporais, quantidade de nuvens, percentagem de umidade relativa
etc. (INMET, [S.d.]).

Conhecendo-se o comportamento dessas variáveis, podemos obter um


primeiro diagnóstico do clima e somente assim, podemos definir as principais
estratégias de projeto adequadas para aquela tipologia climática. Portanto, a
escolha das estratégias bioclimáticas deve ocorrer como base no tipo climático
e dos usos e exigências humanas previstas para a edificação (Figura 1)

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Saiba mais
A página 10 do Relatório das Normais o INMET apresenta orientações de
como usar os dados das Normais e como interpretá-los. Para conhecer a última
série das Normais Climatológicas (1991 a 2020), acesse o link a seguir para ler
o relatório do INMET:
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Normais climatológicas
(1991 – 2020). Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
INMET, 2022. Disponível em:
<https://portal.inmet.gov.br/uploads/normais/NORMAISCLIMATOLOGICAS.pdf
>. Acesso em: 15 fev. 2023.

Figura 4 – Comparação das normais climatológicas (1991 a 2020) da


temperatura média, em Bagé-RS, Salvador-BA, Goiânia-GO, Belém-PA e
Vitória-ES

Fonte: INMET, 2022

Na Figura 4 temos gráficos de temperaturas médias (eixo y), ao longo dos


doze meses do ano (eixo x), em cidades distribuídas nas cinco regiões
brasileiras. A análise do gráfico foi retirada do próprio relatório do INMET:

faz-se a comparação da temperatura média do ar entre as cidades das


cinco regiões brasileiras: Bagé-RS, Salvador-BA, Goiânia-GO, Belém-
PA e Vitória-ES. Observa-se uma grande amplitude de temperatura
média em Bagé, pois a temperatura em janeiro é de 24°C, enquanto
em julho é de 12°C, o que resulta em uma amplitude ou variação de
12°C. Desta forma, quanto maior a latitude, como é o caso de Bagé,
que é de 31,32°S, maior a amplitude térmica entre verão e inverno. Ao
contrário de Belém, onde a latitude é de 01,45°S e, consequentemente,
a variação ao longo dos meses é mínima. (INMET, 2022, p. 10)

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Saiba mais
Amplitude de temperatura – diferença entre a temperatura mais alta e a
mais baixa em determinado período.

Saiba mais
Para auxiliar o processo projetual bioclimático, gráficos climáticos e cartas
solares são disponibilizadas. Você pode acessá-los de forma bastante simples,
interativa e autoexplicativa na plataforma online Projeteee:
PROJETEEE. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/projeteee>.
Acesso em: 15 fev. 2023.

O Projeteee é uma ferramenta pública e gratuita, com o objetivo de servir


como suporte didático a alunos dos cursos de Arquitetura, além de possibilitar
que os profissionais da construção civil integrem a seus projetos a variável da
eficiência energética especialmente por meio de elementos bioclimáticos.
A plataforma apresenta

dados de caracterização climática de mais de 400 cidades brasileiras,


com indicação das estratégias de projeto mais apropriadas a cada
região e detalhamentos da aplicação prática destas estratégias. [...]
Além disso, o Projeteee contém dados das propriedades térmicas de
uma variedade de componentes construtivos e disponibiliza uma
ferramenta para o cálculo de transmitância térmica de componentes
sugeridos pelo usuário. [...] Considerando ainda a importância dos
equipamentos de condicionamento de ar, iluminação e de geração
distribuída para a eficiência energética de edificações, a plataforma
disponibiliza conteúdo didático sobre o funcionamento e aplicabilidade
desses equipamentos. (Projeteee, [S.d.])

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Figura 5 – Página de abertura da plataforma Projeteee, projeto brasileiro que
agrupa soluções para um projeto de edifício eficiente

Fonte: Projeteee, [S.d.].

Saiba mais
Recomendamos que navegue bastante pela plataforma, abrindo cada
seção disponível. Inicie a navegação pelo tutorial disponível no link a seguir:
PROJETEEE. Tutorial. Projeteee, [S.d.]. Disponível em:
<http://www.mme.gov.br/projeteee/tutorial/>. Acesso em: 15 fev. 2023.
Depois escolha a aba Dados Climáticos para conhecer o padrão do clima
da sua cidade.

Saiba mais
Especificamente quanto a obter dados meteorológicos, você também
pode acessá-los na página do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), na
aba Dados Meteorológicos da página inicial. Ali, por meio de ferramentas
interativas, pode conhecer os dados produzidos pelo Instituto, localização das
estações meteorológicas, gráficos horários, diários e anuais com diversas
possibilidades para baixar os dados.
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em:
<https://portal.inmet.gov.br>. Acesso em: 10 fev. 2023.

TEMA 2 – CONFORTO AMBIENTAL, FONTES DE DESCONFORTO E USUÁRIO

“Uma pessoa está confortável com relação a um acontecimento ou


fenômeno quando pode observá-lo ou senti-lo sem preocupação ou incômodo.”
(Corbella; Yannas, 2003, p. 32).

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Segundo Corbella; Yannas (2003), o ambiente físico é confortável para o
ser humano quando esse se sente em neutralidade com relação ao ambiente.
Ou seja, o conforto está relacionado às condições de habitabilidade oferecidas
por determinado ambiente.
Para nós, projetistas, o conforto ambiental é a combinação de aspectos
fisiológicos (visuais, salubridade, acústicos e térmicos), psicológicos (de
significado, adaptação), funcionais (atividades, permanência no local,
convivência) e dimensionais (espaços para as atividades, antropometria). Todos
esses aspectos atuam de forma integrada no espaço construído, de modo a
promover o conforto ou o desconforto do indivíduo, sendo que o desconforto
térmico é a principal causa de queixas devido ao metabolismo corporal humano

2.1 O ser humano e suas necessidades ambientais

Enquanto profissionais com atuação técnica na construção civil, devemos


focar essa atuação na previsibilidade de ocorrência das situações de
desconforto. Ou seja, devemos conhecer as situações desconfortáveis para a
fisiologia humana e identificar suas causas para assim preveni-las em nossos
projetos. Dessa forma, podemos adotar estratégias projetuais para evitar ou
minorar as consequências de fatores indesejados no ambiente construído.
O estudo de conforto ambiental é dividido em quatro grandes grupos:
conforto térmico, lumínico, acústico e ergonômico. No entanto, essa divisão é
apenas para efeito didático, na medida em que integram um conceito único que
envolve o ser humano e suas necessidades ambientais. Conhecendo as bases
conceituais de cada um desses grupos, estamos capacitados para desenvolver
um projeto arquitetônico responsável para com o usuário e o entorno.

Saiba mais
A leitura a seguir é obrigatória e trata da interação fisiológica do ser
humano com o ambiente. Leia no capítulo 2 as páginas 43 a 65:
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética
na arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2023

2.2 Carta psicrométrica

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Na leitura anterior você teve contato com a carta psicrométrica, uma
ferramenta fundamental para quem pretende compreender as estratégias
bioclimáticas apresentadas e detalhadamente abordadas na sequência deste
conteúdo.

Figura 6 – carta psicrométrica e as relações entre temperatura e umidade relativa

Fonte: Elaborado com base em Lamberts; Dutra; Pereira, 2014. Arte: UT.

Legenda:
UR – umidade relativa
TBU – temperatura de bulbo úmido
TBS – temperatura de bulbo seco
U – umidade absoluta

Saiba mais
A leitura a seguir inicia a compreensão da carta psicrométrica. Leia no
Apêndice 5: “Unidades e conceitos físicos”, item 11.5.3, “Psicrometria”, p. 353 a
356:
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F.O.R. Eficiência energética na
arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2023.

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TEMA 3 – ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA E O ZONEAMENTO
BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO

A arquitetura bioclimática pode ser definida como uma arquitetura que


tem, na sua essência, o clima como um pressuposto fundamental no processo
projetual. Utilizando as estratégias bioclimáticas, podemos obter, por meio do
comportamento inerente a composição arquitetônica, condições de conforto para
seus usuários, reduzindo consequentemente o consumo ativo de fontes
energéticas.
Portanto, agora aprenderemos a identificar as estratégias bioclimáticas
indicadas para um projeto de arquitetura, tendo como base a caracterização
climática local e as diretrizes indicadas pela norma técnica de conforto, a NBR
15220-3/2005.
Até meados do século XX, o crescimento acelerado da indústria da
construção civil e a especulação do mercado imobiliário nos núcleos urbanos
não permitiram a incorporação de aspectos de conforto no processo construtivo.
Os interesses voltados ao lucro especulativo no espaço urbano, determinaram
por muito tempo um limitado interesse do mercado imobiliário quanto à eficiência
energética passiva dos edifícios.
Mesmo atualmente, quando temos certificações voltadas a reconhecer a
sustentabilidade de uma edificação, muitas vezes essa eficiência está suportada
no uso de tecnologias ativas para geração autônoma de energia. A existência de
climas diversos e com características muitas vezes contrárias ao conforto
fisiológico humano impõe, muitas vezes, o uso de sistemas de climatização
artificiais, tradicionalmente consumidores de energia elétrica.
Entretanto, não podemos supor que um projeto com deficiências nos
quesitos de habitabilidade e sustentabilidade possa ser remediado pela
tecnologia e se tornar, assim, eficiente. Os edifícios realmente eficientes
começam com uma arquitetura que integra as especificidades locais e as
tecnologias modernas.
Estamos tratando aqui de tecnologias passivas, estratégias construtivas
inseridas no processo projetual que assegurem um comportamento físico da
edificação adequado ao conforto térmico, acústico e lumínico. Tomadas de
decisão durante a projetação como base na orientação solar estrategicamente
definida, na concepção formal e volumétrica, distribuição adequada dos

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espaços, localização de aberturas e escolha de materiais construtivos devem
considerar a perspectiva bioclimática. A falta da consideração desses aspectos
no projeto arquitetônico pode promover uma edificação doente e assim
comprometer a saúde dos usuários, seja física ou mental.
O conforto ambiental vem sendo uma demanda de projeto cada vez mais
abordada, em que o uso das estratégias bioclimáticas garante a utilização
eficiente da orientação solar, da ventilação, da iluminação natural e do
comportamento inerente aos materiais construtivos.

3.1 Caracterização climática como pressuposto de projeto eficiente

Conhecer as características climáticas do local onde projetamos é de


fundamental importância para uma boa resposta arquitetônica e um investimento
financeiro adequado. Segundo as diretrizes da arquitetura bioclimática, conhecer
o clima local é o primeiro passo no planejamento da edificação e, portanto, o
ambiente construído deve ser concebido de maneira a aproveitar positivamente
o clima e a proteger do seu rigor os usuários.
As mudanças climáticas estão cada vez mais evidentes e o
comportamento dos elementos climáticos muitas vezes imprevisível. Dessa
forma, inserir estratégias bioclimáticas nas edificações contribui com a redução
dos impactos das variações climáticas constantes.

Saiba mais
A leitura do texto sugerido a seguir aborda o que são as mudanças
climáticas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU):
NAÇÕES UNIDAS – BRASIL. O que são mudanças climáticas? Nações
Unidas Brasil, S.d. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-br/175180-o-que-
sao-mudancas-climaticas>. Acesso em: 15 fev. 2023.

3.2 NBR 15220/2003 – o zoneamento bioclimático brasileiro

Em 2005, a ABNT aprovou a NBR 15220-3: Desempenho térmico de


edificações – Parte 3: Zoneamento Bioclimático Brasileiro e Diretrizes
Construtivas para Habitações Unifamiliares de Interesse Social, que define
materiais adequados para o correto desempenho térmico em edificações (não
somente de interesse social) nas oito regiões climáticas brasileiras.

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Essa primeira norma técnica brasileira voltada para estratégias
bioclimáticas em habitações de interesse social é voluntária e abrange um
pequeno percentual de tipologias construtivas. É voltada para o aspecto térmico
das edificações, sem abranger os sistemas ativos de climatização do ar, mas foi
uma iniciativa que abriu os olhos da indústria da construção civil para o campo
da eficiência energética.
De acordo com o zoneamento bioclimático brasileiro, o país é dividido em
oito zonas homogêneas, caracterizadas pelo padrão climático (Figura 7). A
norma ABNT NBR 15220-3/2005 estabelece, para cada uma dessas zonas, um
conjunto de recomendações técnico-construtivas para serem incorporadas ao
processo projetual.

Figura 7 – Zoneamento bioclimático brasileiro

Fonte: ABNT, 2005

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A Figura 7 representa as oito zonas bioclimáticas brasileiras, mapeadas
sobre o território nacional. Ao lado do mapa temos uma coluna com as zonas
bioclimáticas, as respectivas legendas e a porcentagem em que atingem a
extensão territorial. Percebemos que a zona 8 é a que cobre 53,7% do nosso
país, atingindo todo o Norte, a faixa litorânea Nordeste e uma pequena faixa a
oeste da Região Central.

Saiba mais
Para conhecer mais a respeito das características de cada zona, acesse
o link a seguir e leia no capítulo 3 as páginas 97 a 99.
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F.O.R. Eficiência energética na
arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2023.

Proponho agora uma atividade para você refletir sobre as zonas


bioclimáticas e os tipos climáticos brasileiros. Compare os mapas da Figura 7 e
da Figura 8. Existe alguma correlação entre as manchas climáticas e as zonas
bioclimáticas? Caso exista, pense em qual seria o porquê. Uma dica é que as
zonas bioclimáticas foram determinadas com base nas tipologias climáticas.

Figura 8 – Mapas dos climas brasileiros

Crédito: Fonte: Luciano Dutra/Procel.

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Analisando a Figura 8, percebemos que quase todo Brasil está localizado
entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, denominada faixa intertropical. O sul
do país está na zona subtropical.
Em geral, as regiões tropicais são caracterizadas por temperaturas
médias elevadas e sem grandes variações, sem temporadas frias e com
alternância entre uma estação seca e outra estação chuvosa. Já as regiões
subtropicais apresentam alta amplitude térmica anual, com verões quentes e
invernos frios, com chuvas bem distribuídas durante o ano. A influência de
massas de ar frias no inverno pode causar geadas e precipitação na forma de
neve.

TEMA 4 – ESTRATÉGIAS PROJETUAIS PARA CONDICIONAMENTO TÉRMICO


PASSIVO

As estratégias bioclimáticas a serem adotadas no projeto arquitetônico


dependem de uma análise bioclimática e do estudo do clima local. Segundo a
NBR 15220-3/2005, cada carta bioclimática apresentada, demonstra as normais
climatológicas traçadas sobre a carta psicrométrica, atingindo as estratégias a
serem incorporadas ao projeto da edificação em um local determinado (ABNT,
2005).
Como exemplo trazemos na Figura 9 a carta bioclimática para a zona
bioclimática 8 na cidade de Belém, PA, com os dados das normais climatológicas
e as estratégias, conforme a legenda. A interpretação dessa carta considera
onde os dados das normais climatológicas, representadas pelas linhas em cinza
claro e azul, atingem os polígonos das estratégias bioclimáticas. No Quadro 1
trazemos a descrição das estratégias indicadas para Belém.

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Figura 9 – Zona bioclimática 8 e Carta bioclimática apresentando as normais
climatológicas de cidades da zona 8, destacando a cidade de Belém, PA

Crédito: ABNT, 2005, p. 10.

Quadro 1 – Detalhamento das estratégias de condicionamento térmico passivo


para a cidade de Belém, PA

E Caracteriza a zona de conforto térmico


F As sensações térmicas são melhoradas através da desumidificação dos ambientes.
Esta estratégia pode ser obtida através da renovação do ar interno por ar externo
através da ventilação dos ambientes
H e I Temperaturas internas mais agradáveis também podem ser obtidas através do uso de
paredes (externas e internas) e coberturas com maior massa térmica, de forma que o
calor armazenado em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a
noite, quando as temperaturas externas diminuem
I e J A ventilação cruzada é obtida através da circulação de ar pelos ambientes da
edificação. Isto significa que se o ambiente tem janelas em apenas uma fachada, a
porta deve ser mantida aberta para permitir a ventilação cruzada. Também deve-se
atentar para os ventos predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode
alterar significativamente a direção dos ventos
K O uso de resfriamento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação
de desconforto térmico por calor
Fonte: ABNT, 2005, p. 11.

Agora vamos obter no Projeteee as mesmas estratégias bioclimáticas


para a nossa cidade exemplo, Belém. Para encontrá-las siga os passos
indicados:

21
1. Acesse no link a seguir a plataforma do Projeteee: Plataforma online
Projeteee. Desenvolvido pelo PROCEL/Eletrobrás e a Universidade
Federal de Santa Catarina – UFSC. Disponível em:
<http://www.mme.gov.br/projeteee>. Acesso em: 15 fev. 2023.
2. Digite, na página inicial, a cidade de Belém – PA e, em seguida, selecione
a aba 2 Estratégias Bioclimáticas;
3. A plataforma irá apresentar as estratégias bioclimáticas indicadas para
essa cidade. Ao clicar sobre as estratégias, as descrições detalhadas
aparecerão para você;
4. Analise os resultados, comparando a plataforma Projeteee com a NBR
15220-3/2005;
5. Para enriquecer a aprendizagem coletiva, comente com amigos e
conhecidos a sua análise.

Saiba mais
Na leitura a seguir todas as zonas bioclimáticas estão detalhadamente
descritas, bem como seus polígonos na carta psicrométrica. Acesse o link e leia
no capítulo 3 as páginas 83 a 92.
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética
na arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2023.

TEMA 5 – ESTUDOS DE CASO

A produção arquitetônica do século XX e XXI expressou, em múltiplas


vertentes, melhorias na qualidade das edificações, bem como demonstrou como
é possível incorporar estratégias de conforto ambiental e eficiência energética
sem romper com a linguagem contemporânea.
Apresentamos uma série de projetos contemporâneos que irão despertar
em você a vontade de participar dessa ideia. Pesquise à vontade sobre eles e
analise as estratégias utilizadas pelos arquitetos.

22
Figura 10 – Pavilhão Britânico Expo 1992, Sevilha, Espanha. Arq. Nicholas
Grimshaw

Crédito: Luciano Dutra/Procel.

Saiba mais
O site indicado a seguir em inglês. Caso seja necessário, utilize o tradutor
automático do navegador clicando com o botão direito do mouse em qualquer
lugar da página. Depois, clique em Traduzir para português. A página será
traduzida instantaneamente.
GRIMSHAW. Disponível em: <https://grimshaw.global/projects/culture-
and-exhibition-halls/british-pavilion-
expo/%20Acesso%20em:%2023%20dez.2022>. Acesso em: 15 fev. 2023.

As estratégias bioclimáticas presentes são as seguintes: ventilação


cruzada, sombreamento e resfriamento evaporativo.

23
Figura 11 – Hong Kong e Shanghai Banking Corporation Limited, Hong-Kong,
China – Arq. Norman Foster

Crédito: Luciano Dutra/Procel.

Saiba mais
SCHIELKE, T. Por que Norman Foster esculpe a luz natural em seus
edifícios. Arch Daily, 8 fev. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/3YoR5Ko>.
Acesso em: 15 fev. 2023.
O link a seguir leva a um site em inglês. Caso seja necessário, utilize o
tradutor automático do navegador clicando com o botão direito do mouse em
qualquer lugar da página. Depois, clique em Traduzir para português. A página
será traduzida instantaneamente:
FOSTER AND PARTNERS. Disponível em:
<https://www.fosterandpartners.com/projects/hongkong-and-shanghai-bank-
headquarters/>. Acesso em: 15 fev. 2023.

24
A estratégia principal é o uso de superfícies refletoras para direcionar e
espalhar a luz natural nos ambientes internos, incorporando essas superfícies
ao design do projeto, sem necessitar de sistemas mecânicos ou automatizados.

Figura 12 – Hockerton Housing, Hockerton, Inglaterra – HHP Architects

Crédito: Luciano Dutra/Procel.

Saiba mais
O link a seguir leva a um site em inglês. Caso seja necessário, utilize o
tradutor automático do navegador clicando com o botão direito do mouse em
qualquer lugar da página. Depois, clique em Traduzir para português. A página
será traduzida instantaneamente.
HOCKERTON HOUSING PROJECT. Disponível em:
<https://www.hockertonhousingproject.org.uk/>. Acesso em: 15 fev. 2023.

Esse projeto incorpora diversos conceitos de sustentabilidade:

• As residências são enterradas para aproveitar a inércia térmica do solo;


• Abertura com vidros duplos para o isolamento térmico;
• Iluminação natural em zenital;
• Painéis fotovoltaicos;
• Reuso de materiais;
• Ventilação natural.
25
É importante ressaltarmos que essas estratégias foram avaliadas e
consideradas adequadas para o clima da cidade de Hockerton. Assim, para você
se inspirar nesses projetos, precisa primeiro estudar as estratégias bioclimáticas
indicadas para cidade onde está projetando e considerar como implementá-las
no seu projeto. Não se esqueça disso, pois abordamos anteriormente
exatamente o perigo de replicarmos soluções sem análise ou mesmo generalizá-
las.

TROCANDO IDEIAS

O termo conforto ambiental vem ganhando cada vez mais campo entre os
profissionais da construção civil. Entretanto, Schmid (2005) nos alerta acerca da
abordagem limitada em termos físicos e fisiológicos, do conceito de conforto. O
autor remete essa delimitação à maneira tradicional como a disciplina de conforto
ambiental é ensinada nas universidades, pouco diferindo de “uma física aplicada
às edificações” (Schmid, 2005, p. 5).
Propomos então uma reflexão a respeito: não seria o caso de essa
abordagem puramente técnica ser um recorte arbitrário de um conceito mais
amplo de conforto? E o que seria uma abordagem ampla do conceito de
conforto?
Nesse sentido, coloco a provocação de que, sendo a arquitetura arte, ela
não pode limitar-se a ser funcional, na medida em que, assim como a arte, a
arquitetura deve satisfazer as emoções das pessoas. Portanto, segundo Schmid
(2005), a ideia de conforto deve ser ligada ao entorno físico e ao contexto
psicológico. Ou seja, ao pensarmos em um ambiente com conforto, o arquétipo
que logo vem à nossa cabeça é a casa... Então reflita: a sua casa promove o
conforto ou o desconforto? Quais são os aspectos que fundamentam o
sentimento psicológico de conforto onde você mora e os que necessitam de
ajustes? Pense na sua casa e tente fazer essa análise, pois provavelmente irá
perceber coisas que não havia notado antes.

NA PRÁTICA

Além da plataforma Projeteee e a plataforma do INMET já tratadas ao


longo desse conteúdo, trago agora outras possibilidades de aplicativos online ou

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para baixar, todos de uso público e gratuito, para auxiliá-lo na prática relacionada
ao conforto ambiental em edificações.

Saiba mais
Indicação 1
A plataforma disponibilizada pelo Dr. Andrew Marsh. Na sua página inicial
ele apresenta seu site como

• pessoal que uso como uma espécie de notebook online e plataforma


para algumas de minhas reflexões e experimentos em análise de
desempenho de edifícios, desenvolvimento web, programação de
computadores, design generativo e visualização 3D. fonte: trecho do
site.

Na aba software da plataforma, você encontra diversos aplicativos.


Recomendo que conheça o aplicativo Psychrometric Chart (Carta
Psicrométrica).
O link a seguir o leva até o site em inglês. Caso seja necessário, utilize o
tradutor automático do navegador clicando com o botão direito do mouse em
qualquer lugar da página. Depois, clique em Traduzir para português. Ele
traduzirá a página instantaneamente:
ANDREW MARSH. Disponível em:
<http://andrewmarsh.com/software/psychro-chart-web/>. Acesso em: 15 fev.
2023.
Indicação 2
A plataforma Society of Building Science Educators (Sociedade de
Educadores em Ciências da Construção). Nessa plataforma, voltada a
disponibilizar ferramentas para atividade de ensino na área de conhecimento,
existem vários aplicativos com acesso público e gratuito. Outros possuem
restrição de acesso para membros. De toda forma, os aplicativos com acesso
liberado são muito úteis para atividade projetual.
O link a seguir o leva até o site em inglês. Caso seja necessário, utilize o
tradutor automático do navegador clicando com o botão direito do mouse em
qualquer lugar da página. Depois, clique em Traduzir para português. Ele
traduzirá a página instantaneamente:
SBSE – Society of Building Science Educators. All teaching resources.
Disponível em: <https://www.sbse.org/resources>. Acesso em: 15 fev. 2023.
Indicação 3

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Site do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações – LaBEEE,
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Tem atuação em ensino,
pesquisa e extensão universitária, com foco na redução do consumo de energia
em edificações por meio de estratégias de eficiência energética e novas
tecnologias (trecho retirado do site). No link a seguir você pode ter acesso a
todos os programas computacionais desenvolvidos pelo laboratório.
LAB EEE. Laboratório de Eficiência Energética em Edificações.
Softwares. Disponível em: <https://labeee.ufsc.br/downloads/softwares>.
Acesso em: 15 fev. 2023.
Indicação 4
Roriz Engenharia Bioclimática é um site da empresa, a qual presta
consultorias em condicionamento natural, conforto térmico, lumínico e eficiência
energética dos edifícios. O eng. Roriz tem uma atuação relevante em pesquisas
científicas na área, bom como na produção de conhecimento técnico.
RORIZ ENGENHARIA BIOCLIMÁTICA. Downloads. Disponível em:
<https://roriz.eng.br/downloads>. Acesso em: 15 fev. 2023.

FINALIZANDO

Nesta etapa você obteve os conhecimentos iniciais e fundamentais para


atuar no universo do conforto ambiental em edificações. Não deixe de acessar
as indicações de leituras, vídeos e sites.
Treine o uso da plataforma Projeteee e conheça as indicações
apresentadas para a prática projetual. A plataforma e os aplicativos são muito
úteis, pois facilitam a compreensão da teoria. Este estudo é de caráter teórico-
prático, portanto sua aprendizagem depende de estudos mais também da
aplicação e uso dos conhecimentos teóricos.

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15220-3: Desempenho


térmico de edificações Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes
construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro:
ABNT, 2005.

_____. NBR 15575-1: Edificações Habitacionais — Desempenho Parte 1:


Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

CAVES, R. W. Encyclopedia of the city. London; New York: Routledge, 2005.

CORBELLA, O.; YANNAS, S. Em busca de uma arquitetura sustentável para


os trópicos – conforto ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2009.

COSTA, L. Razões da Nova Arquitetura. In: Xavier, A. (org.). Depoimento de


uma geração: arquitetura moderna brasileira. São Paulo: Cosac Naify, 2003.

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Normais climatológicas (1991 –


2020). Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; INMET,
2022. Disponível em:
<https://portal.inmet.gov.br/uploads/normais/NORMAISCLIMATOLOGICAS.pdf
>. Acesso em: 10 fev. 2023.

_____. Glossário. INMET, S.d. Disponível em:


<https://portal.inmet.gov.br/glossario/glossario#N>. Acesso em: 10 fev. 2023.

LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética na


arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2023..

OLGYAY, A.; OLGYAY, V. Arquitectura y clima: manual de diseño bioclimático


para arquitectos y urbanistas. 5. ed. Barcelona: Gustavo Gili. 2003

PINHEIRO, A. C. D. F. B.; CRIVELARO, M. Conforto ambiental – Iluminação,


cores, ergonomia, paisagismo e critérios para projetos. São Paulo: Saraiva,
2014. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536518596/>. Acesso
em: 10 fev. 2022.

PROJETEEE. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/projeteee>. Acesso em:


10 fev. 2023.
29
ROMÉRO, M. D. A.; REIS, L. B. D. Eficiência energética em edifícios. Barueri,
SP: Manole, 2012. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520444580/>. Acesso
em: 10 fev. 2022

SCHMID, A. L. A ideia de conforto – Reflexões sobre o ambiente construído.


Curitiba: Pacto Ambiental, 2005. (Coleção Pesquisa).

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