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All content following this page was uploaded by Raquel Diniz Oliveira on 07 September 2016.
RESUMO
Este artigo aborda o tema dos vazios urbanos em conjuntos históricos, destacando a inevitável relação entre o
antigo e o novo, além da utilização de intervenções em patrimônio histórico como mecanismo para a
valorização dessas áreas e preservação da memória coletiva.
Para tanto, pretende-se enfocar alguns conceitos de restauração, com base em Leon Battista Alberti (1404-
1472), Tomás Morus (1478-1535), John Ruskin (1819-1900), Eugène Viollet-Le-Duc (1814-1879), Alöis Riegl
(1858-1905), Cesare Brandi (1906-1988) e Camillo Boito (1836-1914). Em seguida, buscar-se-á identificar como
as citadas teorias poderiam ser aplicadas ao tratamento de lacunas.
Ao final, espera-se contrastar essas teorias, extraindo, de cada uma, os aspectos que mais se compatibilizam
com a praxis contemporânea. Para tanto, buscar-se-á analisar alguns casos significativos em que a intervenção
em lacunas na paisagem cultural permite grandes discussões e polêmica acerca das soluções escolhidas.
Em suma, espera-se por meio da análise e apresentação de alguns casos referentes as lacunas urbanas em
paisagens culturais contribuir, ainda que de forma singela, para a discussão e enfrentamento do tema.
Neste contexto, buscar-se-á analisar cinco casos significativos em que a intervenção em lacunas na paisagem
cultural permite grandes discussões e polêmica acerca da escolha de uma dentre as várias soluções possíveis
de serem implementadas.
Palavras-chave: Vazio. Centro histórico. Teorias de Restauração. Monumentos.
1. INTRODUÇÃO
Um mesmo fenômeno pode ser enxergado de distintas formas, conforme os valores e
concepções do observador, resultando em percepções diversas de um mesmo fato. Nesse
contexto, é de se esperar que os muitos pensadores que se dedicaram ao tema da
restauração divirjam quanto à solução proposta para um dado problema. Em alguns casos,
inclusive, as soluções apresentadas são diametralmente opostas e, por isso, mutuamente
excludentes.
Não obstante, pretende-se transpor o raciocínio de alguns autores para a praxis da
Arquitetura e Urbanismo, especificamente para o problema do tratamento de lacunas em
conjuntos históricos, a fim de extrair, de cada um deles, um ou mais aspectos de sua teoria
1
que decisivamente contribuiriam para a solução dos problemas atuais. Para isso é preciso,
primeiro, citar brevemente os pontos nodais de seu raciocínio e, ao final, aplicá-lo a alguns
casos hipotéticos, de modo a inferir como cada autor se portaria diante de lacunas em
conjuntos históricos. Em seguida, a autora faz uma síntese dos principais pontos dessas
teorias, cuja aplicação se revela atual, ilustrando-os com base em exemplos atuais.
Contradições à parte, algumas teorias contém idéias que ainda se mostram atuais para
auxiliar na orientação e fundamentação de como intervir em lacunas. Deste modo, surge a
questão de manter o vazio decorrente da lacuna como está, refazer um edifício destruído tal
como era ou propor nova arquitetura.
2
Nota-se, nos autores citados, uma preocupação comum em relação à economia e ao
desperdício, porém, sob perspectivas diferentes. Alberti crê que alguns edifícios devem ser
conservados como vestígios de uma história ainda em construção, tornando-se a memória
um fator importante para harmonizar passado, presente e futuro. Morus, por outro lado,
sustenta que a reparação dos objetos é indispensável, não para manter viva a memória, mas
para assegurar sua repetição. Esta reprodução, por sua vez, visa a conferir perenidade,
dando origem a um espaço-modelo integral.
3
No que toca os ornamentos dos edifícios industriais, tanto Ruskin como Viollet-Le-Duc os
consideravam efeitos “monstrificadores”, que além de comprometer a finalidade da
construção adulteravam sua verdadeira beleza. Ruskin acrescenta, ainda, que o local
apropriado para esses ornamentos artesanais seriam aqueles protegidos da agitação urbana,
de forma a possibilitar sua observação, excluídos os ambientes comercias e de trabalho, nos
quais tais enfeites conduziriam à dispersão do olhar. Destacou, também, a aplicação
criteriosa desta ornamentação no interior dos lares 10. Ademais, sustentou que a automação
industrial poderia substituir o trabalho humano em tarefas desgastantes, além de condenar
as ornamentações que se passavam por determinados materiais ou técnicas de construção,
com intenção mentirosa. (PAIM, 2000: 29-30; 34-35).
Neste contexto, em 1846, a Academia Francesa criou um manifesto condenando a imitação
dos estilos medievais. Não obstante, Viollet-le-Duc refuta tal imitação por acreditar que
plagiava a linguagem clássica, além de reforçar a arte gótica como nacional. Posteriormente,
em 1855, Ruskin também interveio dizendo “não ter duvidas de que o gótico setentrional do
século XIII se adequa às construções modernas dos países nórdicos”. (RUSKIN apud
BENEVOLO, 1976: 86).
4
Já quanto ao valor de antiguidade, pode-se dizer que é o valor com maior poder de comoção
e sensibilidade do público, uma vez que não se vincula à obra em seu estado original, mas
sim às marcas do tempo, desde sua criação13. Com efeito, o culto deste valor considera um
sacrilégio a inibição das atividades da natureza, quando estas se mostram constantes,
considerando inaceitável a conservação propriamente dita ou mesmo a adição e supressão
de alterações. Por outro lado, esse processo de destruição natural tem um limite, já que um
amontoado de pedras não é o bastante para transmitir o valor de antiguidade14. Assim, se faz
necessária a persistência de ao menos um traço da forma original para que ele se manifeste.
Excepcionalmente, nos casos em que a ação da natureza for violenta, é aceitável a
intervenção moderada do homem, por ser menos danosa do que a destruição pelas forças
naturais. Contudo, esta ação buscará somente desacelerar o processo de degradação,
diferentemente do valor histórico que visa impedi-lo. (RIEGL, 2006: 38-39; 50; 71-74; 82-
83)15.
Em relação ao valor de contemporaneidade, Riegl considera o monumento em sua perfeita
integridade, sendo ele novo ou antigo, desde que se apresente intacto pela ação da
natureza. Tal valor se subdivide ainda em valor de uso e de arte (RIEGL, 2006: 39; 91).
O valor de uso, como o próprio nome sugere, refere-se à utilização dos edifícios antigos, na
qual, muitas vezes, para garantir as condições de segurança do imóvel, tem-se a demanda
por restaurações e adaptações a fim de combater os efeitos danosos dos agentes naturais.
Assim, o conflito com o valor de antiguidade é inerente. Todavia, poderá perder sua força na
medida em que obra é utilizável. Já o valor histórico convive melhor com os princípios do
valor de uso. (RIEGL, 2006: 39; 92; 96).
Por fim, Riegl encerra suas considerações discorrendo sobre o valor de arte, o qual se
subdivide em outros dois: o de arte relativa e de novidade. O primeiro valor é considerado
existente nas obras e relaciona-se diretamente ao tempo, às crenças e aos valores da época
em que foram realizadas. Deste modo, o restabelecimento da obra ao seu estado original é
aceitável a partir do momento em que haja razões para crer que esta mesma obra, sem as
alterações da natureza ou do homem, corresponderia melhor à vontade artística
(Kunstwollen) do presente. (RIEGL, 2006: 39; 96; 110-111).
O segundo valor está associado à forma, cores, qualidades presentes no monumento e
também sua perfeita integridade, fato difícil de ocorrência. Para Riegl, numa obra recente os
traços de degradação precoce distorcem tanto quanto uma criação nova numa obra antiga.
Deste modo, para que um monumento com traços de idade satisfaça este valor é necessário
extinguir todas as marcas deste envelhecimento e, ainda, por meio da restauração completa
de sua forma e cores, fazer com que o bem adquira o caráter de novidade, de obra recém
surgida. (RIEGL, 2006: 40; 71; 97)16.
5
Assim, a imagem de uma obra de arte não depende, exclusivamente, do corpus, da
substância material que a compõe. Ao contrário, uma mesma substância pode apresentar-se
ora como obra de arte ora como simples matéria prima, dependendo de sua trajetória
histórica. Uma pedra de mármore, não trabalhada, tem valor distinto daquele que ostenta
uma escultura, porque a esta se agregam valores culturais e históricos que a tornam mais do
que simples matéria. Tem-se, assim, que a matéria atua mais como um veículo de
transmissão da imagem do que como um condicionante desta. (BRANDI, 1977: 10-12).
Portanto, os esforços de pesquisa relacionados à conservação devem se concentrar no
corpus que contém a imagem, a fim de que esta não se perca no tempo. Para tanto, Cesare
Brandi fixa duas diretivas a serem observadas no ato de restauração. A primeira pontua que
se deve restaurar apenas a matéria da obra de arte, o veículo que contém a imagem e a
segunda diretiva destaca que o restauro deve tomar como alvo o restabelecimento de uma
unidade potencial da obra, desde que isto seja possível sem que se cometa um falso artístico
ou histórico17 e sem cancelar os sinais da passagem do tempo. (BRANDI, 1977: 7-8).
Com efeito, a reconstituição de uma obra, ainda que se utilizem os mesmos materiais, não
configura restauração, na medida em que conforma um falso estético e histórico. O lugar,
assim como a matéria, contribui para a manifestação da imagem. Portanto, a remoção de
uma obra de arte do lugar de origem apenas deverá acontecer quando indispensável à sua
conservação. (BRANDI, 1977: 11-12).
Nesse contexto, a mais grave heresia da restauração é o restauro de repristinação, aquele
que abole o laço de tempo entre o período em que a obra foi concluída e o presente. Para
que seja uma operação legítima, a restauração não deve reverter a degradação natural das
obras, retirando-lhe os traços decorrentes da passagem do tempo, nem abolir sua história. A
ação de restauro deverá se dar de modo pontual, como evento histórico, por ser uma ação
humana inserida no processo de transmissão da obra para as gerações futuras. (BRANDI,
1977: 26).
No caso das ruínas, ainda que mantenham seu caráter histórico, os vestígios estéticos, por
serem resultado de uma destruição, excluem a possibilidade de intervenção direta. Desta
forma, faz-se necessária uma vigília conservativa e a consolidação da matéria. É recorrente
a ilusão de reerguer a ruína. Ainda que se tenha documentado o estado original da obra, a
reconstrução, a repristinação ou a cópia não podem ser tratadas como um tema de restauro,
mas como mera reprodução fria dos procedimentos de formulação da obra de arte. Portanto,
deve-se conservar a ruína do monumento no âmbito em que se insere. Reconduzir a obra a
sua unidade originária é como substituí-la por um “ex-novo”. (BRANDI, 1977: 31; 42-46).
Ademais, ao restabelecer a unidade potencial de uma obra, não se deve fazê-lo a ponto de
destruir sua autenticidade, sobrepondo-lhe uma realidade histórica “inautêntica”. A
legitimidade da conservação da ruína reside no juízo histórico que será dado ao objeto da
intervenção, como testemunho mutilado, mas ainda reconhecível de uma obra. (BRANDI,
1977: 32).
Segundo Cesare Brandi, a reconstituição é diferente do acréscimo. Neste, pode-se completar
ou desenvolver, sobretudo na Arquitetura, funções diversas das iniciais. Aquela, por outro
lado, tem como escopo modificar a obra, intervindo de maneira análoga ao processo criativo
originário, fundindo o velho com o novo, com a intenção de não diferenciá-los. Portanto,
quanto mais o acréscimo se aproximar da reconstituição, pior será. Já a reconstituição será
tão melhor quanto mais se afastar do acréscimo e visar à constituição de uma unidade nova
sob a antiga. (BRANDI, 1977: 36-37).
6
Destaque-se, ainda, que o restauro preventivo serve como tutela, remoção de perigos e
garantia de condições favoráveis. Não consiste apenas em intervenções práticas sobre a
matéria da obra, mas em qualquer procedimento que assegure, no futuro, a conservação
desta como imagem e matéria. Ao fazer uma adição, deve-se atentar para o que Brandi
entendia como cópia, imitação e falsificação 18, lembrando-se que é a intenção com a qual foi
produzido ou colocado em circulação que leva o objeto a ser classificado dentre essas
instâncias. (BRANDI, 1977: 54-55; 65-67).
No que tange à adição e supressão, o autor considera historicamente legítima a conservação
dos acréscimos, ao passo que a remoção, quando justificada, deve ser feita de modo a
deixar traços de si mesma sobre a obra, permitindo identificá-la. Entende ele que as adições,
apesar de feitas em diferentes épocas, também fazem parte da história da obra, razão pela
qual sua supressão deve ser fundamentada. (BRANDI, 1977: 35).
No que se refere ao tratamento das lacunas, Brandi as compreendia, com relação à obra de
arte, como uma interrupção no tecido figurativo. Sua teoria colhe fundamentos nas
experiências da Gestalt19 (ou psicologia da forma). Na corrente da Gestalt, a percepção
ocorre de um trecho restrito para uma visão global, nunca o contrário (do todo para as
partes). Ainda de acordo com esse raciocínio, a noção de conjunto se sobrepõe às
características individuais da imagem. Assim, não existem monumentos “vivos” ou “mortos”,
pois até mesmo aqueles em ruínas devem ser considerados “vivos” e capazes de transmitir
uma mensagem. (BRANDI, 1977: 18)20.
Todavia, é necessário transpor o raciocínio de Cesare Brandi, voltado às Artes Plásticas,
para a Arquitetura, especificamente para o problema dos conjuntos urbanos, nos casos em
que há uma interrupção de sua malha. No entanto, a tarefa se torna ainda mais complexa
quando a área escolhida constitui um conjunto histórico. Ao contrário do que se possa
imaginar, a questão mais grave não é o que falta, mas o que é inserido indevidamente e que
se torna, muitas vezes, um corpo estranho. (BRANDI, 1977: 18).
Ainda sobre o tratamento das lacunas, o referido pensador pontuava que as premissas
teóricas deveriam se adequar às particularidades de cada caso (caso per caso). Ressaltava,
ademais, que toda e qualquer integração ou “completamento”, ainda que mínimos, deveriam
ser facilmente identificados, sem a ajuda de documentos especiais. (BRANDI, 1977: 71; 74-
76)21.
Conforme relembra Brandi, na pintura, a solução para o problema da lacuna tentou escapar
da reintegração fantasiosa, fazendo-se uso da aplicação de tinta neutra. Todavia, a
imparcialidade deste método foi contestada por se acreditar que qualquer cor escolhida
poderia influenciar na distribuição cromática da obra. Outra opção seria converter a lacuna
em fundo da pintura, nos casos em que esta retratasse uma figura, como uma mancha que
permitisse perceber a continuação da imagem. (BRANDI, 1977: 18).
Ainda assim, a redução da percepção da lacuna como figura, por meio da utilização de tinta
neutra, mesmo arbitrária, é menos agressiva do que o completamento de fantasia. Em suma,
a solução ideal seria aquela que não prejudicasse o futuro da obra nem alterasse a sua
essência. (BRANDI, 1977: 19).
Há, ainda, o trateggio, um método reversível que utiliza finas linhas verticais para promover a
reintegração de partes perdidas da pintura, permitindo sua leitura integral, porém sem a
intenção de criar uma imagem fantasiosa, pois utiliza técnica e materiais diversos dos
aplicados na obra original, sendo, por isso, facilmente identificável. (BRANDI, 1977: 74)22.
7
Todavia, a Arquitetura não pode ser analisada simplesmente com as mesmas premissas de
uma obra de arte, pois muito além dos aspectos estético e histórico, tem-se a função e a
utilidade da obra arquitetônica ou urbana, o que a torna mais complexa. Pode-se assim, no
âmbito da Arquitetura, adotar solução análoga à proposta por Brandi para o problema das
lacunas na pintura, consistente na utilização de tinta neutra. Tal solução teria a virtude de
possibilitar a leitura do traçado urbano até mesmo em suas lacunas, por meio de elementos
que dêem continuidade ao desenho da cidade, tanto em planta quanto em volumetria.
Como já afirmado, não existe uma única solução para o problema. Qualquer que seja a
proposta de trato do vazio urbano em centro histórico, é preciso, primeiro, empreender
profunda retrospectiva histórica da área, analisando cuidadosamente suas transformações.
Em seguida, a proposta deve buscar um diálogo entre a área e seu entorno, sempre pautado
pelo bom senso e pelo juízo crítico.
[...] ênfase no valor documental dos monumentos, que deveriam ser preferencialmente
consolidados a reparados e reparados a restaurados; evitar acréscimos e renovações,
que, se fossem necessários, deveriam ter caráter diverso do original, mas não
poderiam destoar do conjunto; os completamentos de partes deterioradas ou faltantes
deveriam, mesmo se seguissem a forma primitiva, ser de material diverso ou ter incisa
a data de sua restauração ou, ainda, no caso das restaurações arqueológicas, ter
formas simplificadas; as obras de consolidação deveriam limitar-se ao estritamente
necessário, evitando-se a perda dos elementos característicos ou, mesmo, pitorescos;
respeitar as várias fases do monumento, sendo a remoção de elementos somente
admitida se tivessem qualidade artística manifestamente inferior à do edifício; registrar
as obras, apontando-se a utilidade da fotografia para documentar a fase antes,
durante e depois da intervenção, devendo o material ser acompanhado de descrições
e justificativas e encaminhadas ao Ministério da Educação; colocar lápide com
inscrições para apontar a data e as obras de restauro realizadas. (BOITO, 2003: 21).
1 2 3
FIGURAS 1 e 2. Imagem da Igreja em sua íntegra em 1933 e outra de um culto em 1953 posterior as
destruições. Fonte: Arquivo pessoal da autora. Imagem extraída do museu que funciona no interior da
referida igreja.
FIGURA 3. Vista atual (2008) do que restou da igreja. Fonte: Arquivo pessoal da autora.
12
No caso de uma obra significativa, por mais controverso que pareça, é aceitável reconstruí-la
tal como era, como feito no centro de Varsóvia ou no Campanário de São Marcos, em
Veneza. Ademais, pode-se, ainda, construir algo novo para preencher o vazio gerado,
remetendo-se ou não por meio de elementos construtivos à arquitetura anterior. Abaixo,
seguem os exemplos de Varsóvia e do Museu Ara Pacis26, em Roma, que contemplou uma
nova construção para preencher o vazio ocasionado por demolições, sem referência direta
às obras anteriores.
4 5 6
FIGURA 6. Vista do Museu do Ara Pacis em 2007. Fonte: Arquivo pessoal da autora.
13
importante seria manter um limite razoável, tanto nas proporções do edifício quanto na malha
urbana (OLIVEIRA, 2008:181-183)
7 8
FIGURA 7. Vista aérea da Praça Municipal e do Palácio Rio Branco à esquerda, do Palácio Thomé
de Souza à direita e do Elevador Lacerda ao fundo. Fonte: SKYSCRAPERCITY, 2008.
FIGURA 8. Imagem da Praça Municipal com o jardim anterior a instalação do Palácio Thomé de
Souza e o Palácio Rio Branco ao fundo. Fonte: COMPANHIA ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO
URBANO, 1978, p. 3.
9 10
14
FIGURA 9. Vazio atual (4.500 metros quadrados - 90 x 50 metros) com os pavilhões
remanescentes do policlínico. Fonte: GOOGLE EARTH. Imagem de satélite – Área do Policlínico de
Nápoles, 2008. Modificado por Raquel Diniz Oliveira.
FIGURA 10. Hipótese do vazio sem os pavilhões do policlínico perfazendo um total de 14.850
metros quadrados (aproximadamente 90 x 165 metros) . Fonte: GOOGLE EARTH. Imagem de
satélite – Área do Policlínico de Nápoles, 2008. Modificada por Raquel Diniz Oliveira.
O caso se mostra delicado, pois o fechamento do vazio existente por meio de novo edifício
representaria um grande desafio, uma vez que os pavilhões remanescentes do Policlínico
não se relacionam com o espaço ao seu redor, já que foram dispostos de modo centralizado
no lote, com formas bem distintas das tradicionalmente presentes ali, tal como se observa na
FIGURA 11. Já a manutenção deste vazio se mostra desaconselhável, tendo em vista a
proporção do vão que seria aberto no traçado remanescente do período greco-romano,
caracterizado justamente pela densidade dos edifícios.
Assim, sugere-se recriar alguns parâmetros a fim de estabelecer uma relação menos
discrepante entre esse novo espaço e as ruas e fachadas dos edifícios ao seu redor, uma
vez que o vazio lhes dará maior visibilidade e tais construções não possuem o tratamento
necessário para se relacionar com uma área livre tão grande.
A retirada dos pavilhões remanescentes, autorizada pelo Plano Regulador Geral, se baseia
na premissa que o edifício do Policlínico não possui interesse histórico podendo, portanto,
ser suprimido. Todavia, a demolição dos pavilhões abriria uma brecha para que a próxima
proposta se empenhe em valorizar mais a composição volumétrica tradicional da área. Isto
porque a conformação destes pavilhões, dois grandes blocos retangulares e espaçados,
excluiu a possibilidade de surpresas que a irregularidade do traçado antigo possibilitava aos
transeuntes. Tal traçado tinha como marca as ruas estreitas e com desenho irregular,
acompanhando a ondulação dos blocos edilícios, num ritmo inconstante, conduzido ora pela
mudança na direção das ruas ou largos, ora por recuos ou prolongamentos de algum edifício,
o que conferia à paisagem uma característica singular. Já os citados pavilhões são contrários
a essa tendência, pois estão soltos numa ampla área, sendo facilmente percebidos pela sua
regularidade, mesmo à distância. Em suma, a nova edificação deverá ser percebida como
algo contemporâneo, mas que dê continuidade à lógica já estabelecida. (OLIVEIRA,
2008:109-115)
Neste ponto, convêm relembrar, sucintamente, algumas posturas de intervenção em centros
históricos que estimularam a produção de vazios urbanos, por meio da supressão de
edifícios: na Itália, o diradamento e, na Espanha, o esponjamiento27.
O diradamento edilizio é uma teoria apresentada por Gustavo Giovannoni, na primeira
metade do século XX. Diradamento, em italiano, significa desbastar parte da densa
vegetação de uma mata ou bosque, de modo a possibilitar o desenvolvimento da vegetação
remanescente, sem o que esta seria “sufocada”. Significa, em suma, podar o excessivo e
desnecessário. Por meio de uma metáfora, o termo foi transposto para a Arquitetura e
Urbanismo. Nesta área, sua proposta é manter o tráfego maciço de veículos fora dos centros
históricos, como forma de evitar a abertura de novas ruas. Busca também o desenvolvimento
de condições sociais e higiênicas, bem como a conservação e restauração dos edifícios
históricos. Para tanto, considera necessário demolir casas aqui e acolá, ou mesmo um grupo
de edifícios, criando no lugar uma praça ou jardim. O resultado pretendido é a criação de
15
oportunidades para se introduzir áreas verdes nos centros históricos, enfatizando os valores
arquitetônicos e a singularidade dos monumentos, através do aumento da quantidade de
espaços vazios ao seu redor (CHOAY, 2003: 201; JOKILEHTO, 1986:352).
11 12 13
FIGURA 12. Fachada do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona em 2007. Fonte: Arquivo
pessoal da autora.
FIGURA 13. Vista aérea do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (destacado pela cor mais
clara) e da Plaça dels Àngels com cerca de 4.000 metros quadrados de espaço vazio. Fonte:
GOOGLE EARTH. Imagem de satélite – Entorno do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona,
2008.
16
8 CONCLUSÃO
De tudo o que foi tratado, pode-se extrair uma primeira e importante conclusão: é inevitável
lidar com lacunas em conjuntos históricos. Seja pela ação do homem (guerras, revoluções,
etc.), seja por força de acontecimentos da natureza (terremotos, inundações, etc.), a
possibilidade de que construções situadas em centros históricos sejam destruídas, total ou
parcialmente, é um risco sempre presente.
Partindo desse pressuposto, é importante refletir sobre o tema, vislumbrando alternativas
para o tratamento dessas lacunas. Tem-se, destarte, a segunda conclusão deste estudo: não
existe uma única solução, ideal e válida para qualquer hipótese. Ao contrário, deve-se
observar a lição de Cesare Brandi, segundo a qual cada caso é um caso (caso per caso).
Desse modo, algumas circunstâncias justificam que se busque reviver a arquitetura que já
existiu no lugar, como no caso do centro de Varsóvia, praticamente todo destruído pela
guerra. Inserir ali uma arquitetura contemporânea poderia descaracterizar completamente a
cidade, traindo sua tradição histórica. Quanto à Igreja Memorial do Kaiser Guilherme, por
outro lado, existe forte justificativa para se manter a lacuna atual, lembrando os sombrios
tempos da guerra e a destruição por ela causada, a fim de que as futuras gerações não
cometam os mesmos erros. Existem, ainda, situações em que pode ser bastante útil a
inserção de uma arquitetura contemporânea em conjuntos históricos, de modo a preencher
um vazio ali existente. Nesse sentido, por exemplo, a construção do Museu Ara Pacis, em
Roma, ou do Palácio Thomé de Souza, em Salvador. No caso da Cidade de Nápoles ainda
não foi feita nenhuma modificação na configuração atual. Contudo, existe a oportunidade de
se propor uma nova intervenção para o local. Neste sentido, se abrem dois panoramas: um
primeiro que seria uma tentativa de conectar o vazio existente com o tecido urbano. Outra
opção seria demolir os dois blocos remanescentes do Policlínico, reconfigurando a área com
uma intervenção atual. Por último, vale lembrar que uma nova arquitetura nem sempre é
suficiente para solucionar uma lacuna na paisagem cultural, como se observou no caso do
Museu de Meier, em Barcelona, onde a praça criada urge por uma ligação com o entorno.
O mais importante é ter em mente que o tratamento da lacuna, seja qual for a técnica
utilizada, deve sempre preservar a harmonia do conjunto histórico, evitando os excessos,
quer pelo resgate de algo que não existe mais, ocasionando um falso histórico, quer pela
inserção de arquitetura contemporânea, descontextualizada em relação ao conjunto. A
arquitetura contemporânea, aliás, em regra causa forte impacto. Por isso, somente é
recomendável quando respeite as características do conjunto e lhe agregue novos usos, em
prol da valorização da cidade e do conforto de sua população.
Por fim, qualquer que seja a técnica escolhida, haverá sempre uma polêmica, caracterizada
pela divergência de opiniões, uma vez que o pano de fundo da controvérsia se baseia em
valores e estes, por definição, são variáveis.
17
ABSTRACT
This article focuses on the subject of urban voids in historic centers, putting in relief the unavoidable relation
between ancient and new, besides the use of interventions in historical heritage as a manner of adding value to
these areas and preserve the collective memory.
For these purpose, it intends to detail some restoration concepts, based on Leon Battista Alberti, Thomas More,
John Ruskin, Eugène Viollet-Le-Duc, Alöis Riegl, Cesare Brandi and Camillo Boito. Looking forward, the author
try to identify how those theories could be used to solve the problem of voids treatment.
Finally, those theories will be confronted in order to extract the aspects of each one that better fits on nowadays
praxis.
Keywords: Void. Historic center. Restoration Theory’s. Monuments.
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Institute of Advanced Architectural Studies, The University of York, Heslington, York (UK), 1986.
KOHLSDORF, Maria Elaine. A apreensão da forma da cidade. Brasília: UNB, 1996.
MARCONI, Paolo. Il restauro e l’architetto. 3. ed. Venezia: Marsilio, 2002.
18
MASTER di II Livello in Progettazione di Eccellenza per la Città Storica. Napoli: Università degli Studi
di Napoli – Federico II, 2007. 1CD-Rom.
OLIVEIRA, Raquel Diniz. Um olhar sobre a Itália e o Brasil: o tratamento de vazios urbanos em
conjuntos históricos numa perspectiva comparada. 2008. 205f. Dissertação (Mestrado) – Escola
de Arquitetura, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.
PANE, Roberto. Attualittà e dialettica del restauro. Chieti, Marino Solfanelli, 1987.
PAIM, Gilberto. A beleza sob suspeita: o ornamento em Ruskin, Lloyd Wright, Loos, Le Corbusier e
outros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000.
REDAÇÃO. Polônia, o país mais devastado. Deutsche Welle. Bonn, Especial: Um conflito que mudou
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RIEGL, Aloïs. O culto moderno dos monumentos: sua essência e sua gênese. Tradução Elaine
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RUSKIN, John. The seven lamps of architecture. London: 1901.
SCHMIDT, Laila Rotter. A percepção visual da forma: a teoria e as lacunas da Gestalt. Advérbio.
Cascavel, p. 1-11, 2008. Disponível em: <http://www.fag.edu.br/adverbio/v4/artigos/artigo09.pdf>.
Acesso em 27 maio 2008.
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<http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=482154>. Acesso em 22 abr. 2008.
ZINGARELLI, Nicola. Lo Zingarelli Minore: vocabolario della lingua italiana. Edizione Terzo Millennio.
Bologna: Zanichelli, 2001.
NOTAS EXPLICATIVAS
1
BRANDÃO, 2000: 192-193. “A ‘natureza da Arte’ é ser antinatural mesmo que, ao final das contas, ela acabe
submetida à fortuna, envolta no turbilhão desumano do tempo e do mundo, diante do qual todos os esforços
acabam por se revelarem inúteis.”
2
Op. cit.: 250. “Na natureza humana há sempre uma funesta disposição a demolir, a arrasar e a destruir,
nefasta à História, à Natureza e a si própria, como já nos colocara o Theogenius. Tal disposição original do
homem se abriga sob sua ‘mania de construir’, sua libide aedificandi, e só a prudência pode moderá-lo neste
impulso. Construir requer combater tal hybris através da consciência ética do seu gesto, primeira
responsabilidade do arquiteto ao iniciar o seu projeto.”
3
Op. cit.: 251. “A permanente ameaça que paira sobre tudo aquilo que se constrói provém de vários lados: do
erro do construtor, das intempéries, do desgaste do tempo, das vicissitudes da fortuna, da natureza bélica e
destrutiva do homem e sua hybris. Como as demais artes, a cidade surge da fragilidade humana e seu perene
desamparo frente a essas forças.”
4
Op. cit.: 257. “É preciso restaurar sempre a edificação e ficar atento àquilo que, de sepultado e escondido,
vem à luz e revela verdades e efeitos antes insuspeitados. A arte não se limita à concepção formal, a
Arquitetura não se esgota no projeto.”
[...]
A beleza da Arquitetura emerge, mais que tudo, na sua capacidade de manter o combate da virtù e fazê-lo útil e
visível tanto para o habitante de seu espaço físico como para aquele que habita o seu ‘espaço Histórico’.”
5
Em complemento, consulte-se: CHOAY, 1985: 115.
6
CHOAY, 1985: 151. “O título que empregamos aqui somente prevaleceu a partir da edição da Basiléia (1563).
Anteriormente, Morus utiliza-o apenas por elipse em seu prefácio, e o termo Utopia somente aparece no título
da segunda edição (Basiléia, 1517): [...].”
7
Para maiores informações sobre Ruskin e Viollet-le-Duc ver também, respectivamente: RUSKIN, 1901: 353 e
ANDRADE,1993: 75-82.
8
CHOAY, 1985:139-140. “[...] ‘a arquitetura do presente (poderia) se tornar histórica’. Ela só poderia merecer
essa qualificação, segundo Ruskin, se readquirisse sua essência e seu papel memorial pela qualidade do
trabalho e do investimento moral de que seria objeto.”
9
RUSKIN apud BENEVOLO, 1976: 198. “Arquitetura é a arte que dispõe e adorna os edifícios construídos pelo
homem, para qualquer uso, de tal modo que sua vista possa contribuir para sua saúde mental, para sua
eficiência e para seu prazer.”
19
10
PAIM, 2000: 29-30. “Há uma lei geral, de importância singular para o tempo presente, uma lei do simples bom
senso, que consiste em não decorar coisas que pertencem aos propósitos da vida ativa e ocupada. Onde você
pode repousar, então decore; onde o repouso é proibido, a beleza também é.”
11
Este valor é parte daquele de rememoração que se subdivide em outros dois: valor de rememoração
intencional e de antiguidade, conforme já descrito anteriormente.
12
RIEGL, 2006: 81. “As colunas de Ingelheim, no pátio do palácio de Heidelberg, evocam tão veementemente o
castelo de Carlos Magno, de que outrora faziam parte, que o efeito produzido pela idade absoluta do
monumento é quase que inteiramente anulado.”
13
MARCONI, 2002: 33. “[...] il valore di antichità di um monumento si manifesta a prima vista attraverso il suo
aspetto non moderno [...], in una mancanza di unitarietà, in una tendenza al disfacimento della forma e del
colore [...].”
14
RIEGL, 2006: 87. Nota de Riegl da tradução francesa. “Nada é mais estranho ao culto do valor de antiguidade
do que querer acelerar esta perda. Não se considera de forma alguma, como se poderia crer, a ruína como um
fim em si, e prefere-se uma fortaleza medieval bem conservada. Porque, mesmo quando o efeito de
rememoração é menos intenso do que a ruína, ele é mais extenso e compensa sua falta de intensidade pela
multiplicidade e variedade de traços de antiguidade: se a fortaleza apresenta-se num estado menos
decomposto, esse afeta um número maior de elementos.”
15
Para maiores informações ver também: MARCONI, 2002: 32-35.
16
Adicionalmente, consulte-se: MARCONI, 2002: 35; 36.
17
Nesse sentido, entende-se por falso artístico ou histórico a representação que pretende apresentar como
autêntica mera reconstituição de obra que se desgastou ao longo do tempo. Seria possível, por exemplo,
reconstituir uma estátua que teve partes de si deterioradas com o tempo. Contudo, isso romperia a linha de
continuidade histórica daquele monumento, fazendo com que a réplica fosse equiparada ao original.
18
Conforme as afirmações de Brandi pode-se dizer que cópia é uma produção ou reprodução semelhante de
um objeto segundo o estilo de um determinado período histórico ou personalidade artística, com o objetivo de
documentação; a imitação se assemelha à cópia, exceto na intenção, que é a de gerar um engano acerca da
época, material ou autor (falso histórico); e falsificação é a difusão do objeto no comércio, ainda que não tenha
a intenção de trazer um engano em relação aos materiais, à época ou ao autor da obra (falso artístico). A
falsificação se funda no juízo.
19
SCHMIDT, 2008: 4. “[Gestalt é a] corrente psicológica que surgiu no final do século XIX, opondo-se ao
Behavionismo.”
20
Neste contexto, ver também: SCHMIDT, 2008: 4; KOHLSDORF, 1996: 32 e JOKILEHTO, 1986: 418.
21
Em caráter complementar, consulte-se: JOKILEHTO, 1986: 422.
22
Para informações adicionais, ver também: JOKILEHTO, 1986: 466.
23
DIDRON apud BOITO, 2003: 22. Neste contexto, Boito retoma a máxima de Adolphe Didron, que afirmou: “No
que tange aos monumentos antigos, é melhor consolidar do que reparar, reparar do que restaurar, restaurar do
que refazer, refazer do que embelezar; em nenhum caso se deve acrescentar e, sobretudo, nada suprimir.”
24
Diradamento significa, em suma, podar o excessivo e desnecessário. Adicionalmente, ver também
Diradamento. In: ZINGARELLI, 2001: 161.
25
Para maiores informações, ver também: JOKILEHTO, 1986: 352 e BAETA, 2008: 48.
26
O Ara Pacis é um monumento em homenagem à paz conquistada nas colônias pelo imperador Cesare
Ottaviano Augusto, datado de 9. a. C., que foi restaurado e reconstituído em 1930 e, posteriormente, por ordem
de Mussolini, foi transferido para uma área demolida em frente ao mausoléu do mesmo imperador, como parte
das comemorações do seu suposto bimilenário. Deste modo, foi devastado todo o entorno do mausoléu para
desobstruir sua vista e também dar lugar ao Ara Pacis, anteriormente situado em outro ponto da cidade. Nesta
operação, foi destruída também uma importante sala de concertos que ali funcionava. Ademais, para proteger o
monumento à paz, no novo local em que fora instalado, criou-se provisoriamente, em 1938, o Pavilhão de
Exposições de Vittorio Morpurgo. Todavia, esta edificação perdurou por mais de 60 anos até sua demolição em
2000. Atualmente, o pavilhão foi substituído pelo então Museu do Ara Pacis, executado por Richard Meier. Para
maiores informações, consultar: NERY; BAETA, 2008: 95-138.
26
Para maiores informações acerca da teoria do diradamento consulte: CHOAY, 2003: 201; JOKILEHTO, 1986:
352. Já sobre a teoria do esponjamiento ver: GUTIERREZ, 2001: 3; BENACH, 2004: 104; CAPEL, 2007: 12-14.
20