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Texto Contra Os Tipos, A Favor Do Lugar
Texto Contra Os Tipos, A Favor Do Lugar
Promoção: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ/UFSC e Associação Catarinense de Engenheiros – ACE/SC
Secretário Executivo: Ivan Rezende Coelho, fones: (48) 32483553/84077100, FAX: (48) 32483500
E-mail: ivancoelhoeventos@gmail.com, Site Oficial: cthab.ufsc.br
IV
Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
de
novembro
de
2012,
Florianópolis
Sabemos
que
a
compreensão
do
que
seja
tipo
não
inscreve-‐se
apenas
a
partir
da
teoria
francesa
da
Arquitetura
do
século
XIX.
Anthony
Vidler
(2006),
por
exemplo,
considera
o
conceito
de
tipo
indissociável
das
origens
da
arquitetura,
desde
os
tempos
de
Vitrúvio.
No
entanto,
é
suficiente
entendermos
aqui
que
a
palavra
tipo,
àquela
época,
era
muito
bem
empregada
“para
indicar
tanto
as
formas
e
belezas
ideais,
como
as
categorias
classificatórias
dos
edifícios
e
suas
qualidades
expressivas”
(PEREIRA,
2010,
p.57).
A
partir
do
século
XX,
o
tipo
na
arquitetura
passa
a
ser
visto
sob
dois
ângulos
diferentes,
ainda
ancorados
sob
os
conceitos
de
seus
predecessores,
“como
forma
aplicável
ao
trabalho
de
projeto”,
o
especificamente
projetual,
e,
depois,
“como
um
território
de
encontro
entre
arquitetos
e
habitantes”,
a
tipologia
(PERDIGÃO,
2009).
Podemos
dizer
que
o
tipo
é
um
princípio
organizador
da
arquitetura
referenciado
por
situações
históricas
registradas
ou
analogicamente
vivenciadas,
tanto
formalmente
quanto
funcionalmente,
incorporadas
cognitivamente
e
culturalmente
pelos
arquitetos
(PERDIGÃO,
2009).
Sob
o
nosso
ponto
de
vista,
tal
princípio
é
validado
e
legitimado
como
pressuposto
da
prática
projetual,
historicamente
construído
pelo
campo
de
conhecimento
da
arquitetura.
A
tipologia
agrega
o
processo
criativo,
muito
além
da
sistematização
ou
da
classificação
dos
tipos,
assim
colocado
por
Giulio
Carlo
Argan
nos
anos
1960.
Argan
(2006,
p.268-‐269)
lembra
que,
enquanto
a
tipologia
é
resultado
“do
processo
histórico
da
arquitetura
e
dos
modos
de
pensar
e
de
trabalhar
de
certos
arquitetos”,
o
tipo
é
“resposta
a
um
complexo
de
demandas
ideológicas,
religiosas
ou
práticas
ligadas
a
uma
determinada
situação
histórica
em
qualquer
cultura”,
se
constituindo
“pela
redução
de
um
complexo
de
variantes
formais
à
forma
básica
comum”.
À
mesma
época
de
Argan,
Aldo
Rossi
expõe
o
conceito
de
tipo
como
um
“enunciado
lógico”
que
antecede
a
determinação
da
forma,
mas,
ao
mesmo
tempo,
a
define.
Abordagem
essa
própria
dos
arquitetos
modernos
funcionalistas
ao
determinarem
a
forma
a
partir
do
tipo
materializado
pela
função.
Entretanto,
Rossi
analisa
a
cidade
como
“resultante
de
uma
longa
história
incessantemente
reconstruída”,
oposta
aos
parâmetros
urbanísticos
da
cidade
ideal
planificável
(TEORIA,
2003,
p.782).
E,
por
isso,
o
tipo,
em
sua
teoria,
integra
“os
traços
de
vida
e
de
uso
de
gerações
inteiras,
elaborados
ao
longo
dos
séculos,
mantendo-‐se
durável
e
apto
a
transformar-‐se”
(TEORIA,
2003,
p.784).
A
estandardização
de
elementos
e
a
racionalidade
matemática
impostas
pelos
trabalhos
de
Durand
permitem
conhecer
e
gerar
combinações
diversas
de
diferentes
espécies
de
edifícios.
Mais
à
frente,
Argan
entende
que
o
tipo
deve
ser
ponto
de
partida
do
processo
projetual,
e
não
ideal
ou
modelo,
na
medida
em
que
é
a
criatividade
o
elemento
construtor
da
tipologia.
Por
fim,
o
tipo
defendido
por
Rossi
coloca
o
contexto
histórico
e
cultural
no
centro
da
prática
projetual.
Assim,
a
visão
historicista
permanece
já
que
a
re-‐significação
do
espaço
surge
a
partir
de
uma
operação
de
lógica
formal
calcada
em
associações,
correspondências
e
analogias
presentes
entre
o
“inventário
e
a
memória”
(ROSSI,
2006).
Em
1977,
Anthony
Vidler
publica
o
artigo
The
third
typology
na
revista
Oppositions,
onde
associa
os
alicerces
da
tipologia
ao
ideal
da
natureza
(o
modelo
iluminista
da
cabana
primitiva
de
Laugier
–
a
analogia
orgânica)
e
ao
sistema
produtivo
modernista
(o
modelo
do
projeto
nascido
do
processo
industrial
de
Le
Corbusier
–
a
analogia
da
máquina).
E
propõe,
em
seguida,
a
terceira
tipologia,
associada
à
cidade,
“em
si
e
por
si
uma
nova
tipologia”
(VIDLER,
2006,
p.286).
Para
Vidler,
“uma
alternativa
promissora
e
racional,
não-‐arbitrária
e
isenta
de
nostalgia
e
ecletismo”
(NESBITT,
2006,
p.284).
Nesbitt
(2006,
p.284)
considera
que
o
ensaio
de
Vidler
“leva
a
teoria
da
arquitetura
de
volta
ao
problema
da
forma”,
mas
tem
“a
cidade
como
origem
dos
tipos
arquitetônicos
pós-‐modernos”.
A
essa
altura,
é
evidente
a
distinção
do
uso
modernista
dos
conceitos
de
tipo
e
tipologia
das
primeiras
elaborações
de
Durand
e
Quincy.
As
argumentações
ocorridas
no
período
pós-‐moderno
reacendem
o
debate
sobre
os
conceitos
da
arquitetura
e
a
prática
projetual
do
arquiteto.
No
entanto,
não
é
objetivo
desse
artigo
superar
os
vários
estudos
teóricos
sobre
as
origens
e
o
uso
do
tipo
e
da
tipologia
na
arquitetura,
alguns
aqui
referenciados.
Mas,
ao
contrário,
sintetizar,
assim
como
o
fez
Pires
(2009,
Promoção: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ/UFSC e Associação Catarinense de Engenheiros – ACE/SC
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IV
Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
de
novembro
de
2012,
Florianópolis
Promoção: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ/UFSC e Associação Catarinense de Engenheiros – ACE/SC
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IV
Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
de
novembro
de
2012,
Florianópolis
Figura
1
–
Proposta
para
casas,
Ernst
May,
1921
Figura
2
–
Tussendijken,
J.
J.
P.
Oud,
1921
Fonte:
ENGEL,
HEER,
2008.
Fonte:
WIKIPEDIA,
2012.
Nesse
momento,
críticas
à
massificação
habitacional
começam
a
surgir.
O
arquiteto
holandês
Theo
van
Doesburg,
inicialmente
simpatizante
às
ideias
de
Oud,
rejeita
não
apenas
qualquer
noção
de
forma
como
reflexo
de
conteúdo,
mas
também
os
princípios
alemães
de
simetria
e
repetição.
Segundo
Doesburg,
caixas
residenciais
e
unidades
habitacionais
de
acordo
com
uma
tipologia
ou
padrão
particular
tornam
a
atividade
da
construção
mecânica
e
repetitiva;
a
(aparente)
economia
espacial
(ou
normalização),
organizada
ao
nível
da
cidade,
forma
um
obstáculo
à
plástica
da
construção
e
à
plástica
do
próprio
espaço
urbano.
(ENGEL;
HEER,
2008).
O
debate
sobre
a
produção
em
massa
parte
da
crítica
sobre
a
universalidade
da
aplicação
dos
tipos,
associada
ao
apelo
plástico
e
estético,
historicamente
construído
pela
arquitetura,
mas,
assim,
espoliado.
Reconhece-‐se,
contudo,
que
a
massificação
é
possível
somente
porque
no
processo
de
produção
da
sua
moradia,
o
indivíduo
é
excluído.
Ou
em
outras
palavras,
não
só
as
funções
são
universalizadas
por
meio
do
tipo,
mas
o
próprio
indivíduo.
Foucault
(1979)
alerta
que
a
produção
em
massa
é
uma
prática
política
disciplinar
no
sentido
da
organização
do
espaço,
mas,
essencialmente,
do
corpo,
sendo,
ao
fim,
controle
social.
Por
um
lado,
não
parece
ser
difícil
entender
que
a
produção
em
massa
nega
o
indivíduo,
passivamente
justificada
em
razão
da
urgência
pela
eficiente,
econômica
e
rápida
realização
de
um
grande
número
de
unidades
habitacionais.
Habraken
(2011)
entende
que
o
conflito
resultante
entre
a
exclusão
da
ação
individual
de
cada
morador
e
a
desejada
uniformidade
massiva,
indica
que
há
aí
uma
conexão
intrínseca
entre
homem
(morador)
e
método
(projeto).
O
argumento
tecnicista
moderno
(a
analogia
da
máquina)
-‐
tipos
rígidos
e
mínimos
alinhados
à
eficiência
de
tipologias
de
blocos
e
massas
-‐
oculta
a
redução
do
indivíduo
a
um
consumidor
e
da
moradia
a
um
produto.
Longe
de
se
ver
a
moradia
como
processo
social
ou
como
relação
natural
entre
o
homem
e
o
ambiente
construído
(HABRAKEN,
2011).
3. TIPOLOGIA
ASSOCIADA
À
PRODUÇÃO
EM
MASSA
No
Brasil,
a
partir
do
primeiro
governo
Vargas
(1930-‐1945),
a
moradia
passa
a
ser
condição
básica
de
reprodução
de
força
de
trabalho
para
que
a
industrialização
pudesse
ser
assentada,
ou
seja,
torna-‐se
pauta
da
agenda
política
e
econômica.
Em
razão
disso,
o
governo
dá
início
a
uma
fase
de
incentivo
à
produção
intelectual
em
instituições
públicas
e
privadas,
em
busca
de
soluções
para
o
crescente
déficit
habitacional,
especialmente
baseadas
no
aperfeiçoamento
e
na
racionalização
de
processos
produtivos.
De
uma
maneira
geral,
os
trabalhos
apresentados
tratam
a
habitação
em
três
aspectos:
(1)
o
técnico,
demonstrado
nas
propostas
de
construções
baratas
e
mínimas;
(2)
o
higiênico,
prescrito
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IV
Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
de
novembro
de
2012,
Florianópolis
dentro
da
ordem
sanitária
vigente;
e
(3)
o
moral,
considerado
elemento
fundamental
na
construção
do
país
(SAMPAIO,
2002).
Os
debates
intelectuais
e
políticos
da
época
acumulam
argumentos
em
defesa
da
alteração
de
padrões
técnicos
e
estéticos
para
viabilizar
a
nova
moderna
forma
de
morar,
propagada
pelos
arquitetos
nos
CIAM’s
–
instauração
de
relações
sociais
utilitárias,
produção
em
série,
economia
de
área
construída
e
de
materiais,
uso
de
novas
tecnologias
(principalmente
o
concreto
armado,
solução
ancorada
pela
pressão
da
indústria
do
cimento)
e
uniformidade,
racionalidade
e
funcionalidade
dos
projetos
e
da
cidade.
Vidler
(2006,
p.285)
considera
que
a
tipologia
elaborada
para
enfrentar
o
problema
moderno
da
produção
em
massa
tem
como
pressuposto
a
tecnologia
de
produção,
para
incorporar
“as
formas
mais
progressistas
da
época”;
assim,
“a
missão
da
arquitetura,
como
agente
do
progresso”,
é
aceitar
e,
talvez
mesmo,
dominar
essas
formas.
Uma
importante
pesquisa
-‐
Habitação
Econômica
e
Arquitetura
Moderna
no
Brasil
(1930-‐1964),
conduzida
por
Nabil
Bonduki,
resgata
o
papel
do
movimento
moderno
no
processo
da
viabilização
da
nova
forma
de
morar
(KOURY,
BONDUKI,
MANOEL,
2003).
Dentro
da
amplitude
dos
projetos
analisados,
Koury,
Bonduki
e
Manoel
(2003),
destacam
o
conjunto
Realengo
com
2
mil
unidades,
de
Carlos
Frederico
Ferreira,
em
1940.
Na
perspectiva
de
possibilitar
uma
produção
em
massa,
Ferreira,
usando
talvez
pela
primeira
vez
no
Brasil
o
termo
tipo,
denomina
os
agrupamentos
das
unidades
habitacionais
por
meio
de
letras
e
números
(A1,
A2,
B,
etc...),
cada
um
expressando
uma
solução
habitacional:
casa
isolada,
geminada
duas
a
duas,
casas
sobrepostas,
casas
em
fileiras,
blocos.
(KOURY,
BONDUKI,
MANOEL,
2003,
p.5).
A
sistematização
tipológica
de
Ferreira
torna-‐se
referência
para
os
projetos
habitacionais
no
Brasil
que
viriam
a
seguir,
sempre
calcados
pelos
atributos
modernos
–
produção
em
série,
estandardização
e
padronização,
espaço
mínimo
racionalizado.
Confirma-‐se,
a
partir
daí,
os
componentes
analíticos
e
conceituais
dos
processos
histórico,
imaginativo
e
operativo
das
tipologias
habitacionais
no
Brasil.
No
estudo
de
Koury,
Bonduki
e
Manoel
(2003),
a
análise
da
tipologia
blocos
é
bastante
extensa
e
será
aqui
explicitada
em
razão
da
significativa
replicação
dessa
tipologia
em
programas
habitacionais
atuais,
tanto
federais,
como
o
Minha
Casa
Minha
Vida
(MCMV),
quanto
municipais,
promovidos
pela
Companhia
Urbanizadora
e
de
Habitação
de
Belo
Horizonte
(URBEL).
Em
23
projetos
de
conjuntos
habitacionais
brasileiros,
três
importantes
modelos
foram
identificados:1
1)
blocos
compostos
por
uma
caixa
de
escada
para
cada
duas
unidades:
“Modelo
usado
para
as
habitações
de
interesse
social
na
Alemanha,
[…]
compostas
por
edifícios
laminares
que,
do
ponto
de
vista
urbanístico,
ajudam
a
organizar
os
acessos,
separando
pedestres
e
veículos
em
vias
diferentes”
(KOURY,
BONDUKI,
MANOEL,
2003,
p.8).
1 As soluções exclusivamente adotadas no conjunto residencial de Lagoinha, em Belo Horizonte-‐MG, do Eng. White Lírio da
Silva
(bloco
com
pátio
interno),
e
no
conjunto
Areal,
Rio
de
Janeiro,
do
Eng.
João
Carlos
Vital
(blocos
em
“Y”)
não
estão
aqui
apresentadas.
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IV
Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
de
novembro
de
2012,
Florianópolis
Figura
3
-‐
Gros
Bad
Dürrnberg,
1930
Figura
4
-‐
IAPI,
1940,
Realengo,
RJ,
Arq.
Carlos
F.
Ferreira,
2347
unidades
Fonte:
http://commons.wikimedia.org
Fonte:
KOURY,
BONDUKI,
MANOEL,
2003,
p.10
2)
blocos
em
"H"
com
uma
caixa
de
escada
para
cada
quatro
unidades:
“[…]a
solução
típica
de
agenciamento
das
unidades
é
dispor
as
áreas
mais
valorizadas
(salas
e
dormitórios)
nas
faces
opostas
às
da
circulação
e
as
áreas
de
serviço
dando
para
estas,
aproveitando
o
espaço
da
caixa
de
escadas
também
como
fosso
de
iluminação.
O
problema
ocorre
na
orientação
dos
blocos
que
ao
privilegiar
um
dos
lados
com
a
melhor
insolação,
necessariamente
prejudicará
o
outro”
(KOURY,
BONDUKI,
MANOEL,
2003,
p.8).
Este
modelo
é
bastante
difundido
no
período
do
BNH.
3)
blocos
laminares:
“[...]
composto
por
caixa
de
circulação
que
acessa
um
grande
corredor
coletivo,
baseado
no
modelo
da
Unidade
de
Habitação
de
Marselha
[...]”.
“Embora
o
rendimento
das
circulações
coletivas
não
seja
comparável
aos
modelos
anteriores,
as
possibilidades
de
variação
e
adensamento
que
permitem
não
foi
motivo
suficiente
para
que
ele
se
difundisse
como
solução
preferencial
dos
conjuntos
habitacionais
empreendidos
pelos
IAP's
e
muito
menos
daqueles
realizados
no
período
do
BNH”
(KOURY,
BONDUKI,
MANOEL,
2003,
p.9).
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Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
de
novembro
de
2012,
Florianópolis
Figura
6
-‐
Unidade
de
Habitação,
Figura
7
-‐
Pedregulho,
1945,
RJ,
Arq.
Afonso
Eduardo
Reidy,
478
unidades
Marselha,
Arq.
Le
Corbusier,
1947-‐52
Fonte:
KOURY,
BONDUKI,
MANOEL,
2003,
p.15
Fonte:
FRAMPTON,
1997
Enquanto
arquitetos,
técnicos
e
setores
públicos
promovem
os
princípios
de
economia,
racionalidade,
estandardização
e
a
introdução
de
novos
materiais
e
tipologias,
as
relações
sócio-‐econômicas
e
a
capacidade
aquisitiva
bem
como
os
hábitos
e
práticas
culturais
dos
trabalhadores
são
ignorados.
A
solução
habitacional
é
reduzida
ao
espaço
de
morar
genérico,
repetitivo
e
mínimo
(25
a
50
m2)
em
uma
lógica
de
produção
lucrativa
para
os
investidores
privados
viabilizada
pela
simplificação,
rapidez
e
barateamento
dos
processos
de
projeto
e
construção.
Figura
8
-‐
Conjunto
Jones
Santos
Neves,
Figura
9
-‐
Apartamento
de
2
quartos
Figura
10
-‐
Apartamento
de
2
quartos
Vitória,
264
un.
de
2
quartos
(47,72
m2)
destinado
ao
programa
MCMV.
destinado
ao
programa
Vila
Viva
e
584
un.
de
3
quartos,
1975.
Fonte:
Folheto
informativo
(URBEL)
em
Belo
Horizonte.
Fonte:
BANCO
NACIONAL
DE
ilustrativo
de
construtora
em
Belo
Fonte:
http://portalpbh.pbh.gov.br,
HABITAÇÃO,
1979
Horizonte,
acervo
próprio
2012
Promoção: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ/UFSC e Associação Catarinense de Engenheiros – ACE/SC
Secretário Executivo: Ivan Rezende Coelho, fones: (48) 32483553/84077100, FAX: (48) 32483500
E-mail: ivancoelhoeventos@gmail.com, Site Oficial: cthab.ufsc.br
IV
Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
de
novembro
de
2012,
Florianópolis
Um
olhar
comparativo
entre
a
produção
habitacional
do
BNH,
MCMV
e
URBEL
permite-‐nos
inferir
que
o
tipo
(2
ou
3
quartos,
somados
à
sala
e
cozinha,
isto
é,
a
tripartição
mínima)
e
a
tipologia
associada
ao
sistema
produtivo
moderno
(estrutura
de
concreto
ou
alvenaria
estrutural),
presente
na
prática
projetual
dos
arquitetos
modernos,
ainda
permanece
como
componente
analítico
e
conceitual
da
produção
contemporânea
da
habitação
social.
Nesse
cenário,
a
emergência
da
quantificação
e
produção
das
unidades,
revelada
no
início
do
século
XX
e
preservada
até
os
dias
de
hoje,
torna-‐se
norma
e
impedimento
para
que
transformações
urbanas
incorporem-‐se
à
cidade
contemporânea.
4. O
LUGAR
NA
PRÁTICA
PROJETUAL
A
terceira
tipologia
proposta
por
Vidler
(2006,
p.286)
é
uma
crítica
explícita
ao
modo
de
morar
moderno,
referenciando-‐se
à
cidade
como
nova
tipologia
per
se,
“completa
e
pronta
para
ser
decomposta
em
fragmentos”.
E
continua:
“a
experiência
acumulada
da
cidade,
seus
espaços
públicos
e
suas
formas
institucionais
permite
compreender
uma
tipologia
que
desafia
uma
leitura
literal
da
função,
mas
que,
ao
mesmo
tempo,
assevera
outro
nível
de
relação
com
uma
tradição
continuada
de
vida
urbana”
(VIDLER,
2006,
p.287).
Se
incorporarmos
à
essa
discussão
o
informacionalismo
contemporâneo
como
fonte
de
geração
de
formas
e
processos
sociais
e
espaciais,
assim
referenciado
por
Castells
(2006),
teremos
a
cidade
atual
conformada
por
espaços
de
fluxos,
e,
em
oposição,
o
espaço
de
lugares.
Aqui,
movimentos
de
resistência
fazem-‐se
presentes,
fundamentados
por
“interações
cotidianas
com
o
ambiente
físico
delimitado”,
mas
fortalecidos
a
partir
de
“pontes
culturais,
políticas
e
físicas
entre
essas
duas
formas
de
espaço”
(CASTELLS,
2006,
p.518).
Por
um
lado,
a
interação
cotidiana
como
alicerce
do
espaço
de
lugares
pode
erroneamente
provocar
a
retomada
do
conceito
de
identidade
do
lugar.
Essa
abordagem
fenomenológica
é
reforçada
por
Norberg-‐Schulz
(2006)
ao
definir
o
lugar
como
relação
interdependente
entre
o
espaço
–
a
organização
tridimensional
dos
elementos,
e
o
caráter
–
a
qualidade
do
ambiente.
Assim,
o
lugar
é
conformado
pela
estrutura
espacial
constituída
do
sentimento
de
pertencer.
Por
outro
lado,
o
processo
da
universalização
do
espaço,
presente
no
espaço
de
fluxos
e
calcado
pela
vocação
do
lugar,
pode
transformar
as
cidades
em
mercadorias
atraentes
e
competitivas
entre
si.
Tais
espaços
tornam-‐se
interessantes,
mas
exclusivamente
sob
a
lógica
de
mercado,
na
qual
grande
parte
da
população
acaba
ficando
excluída
(ARANTES,
1998).
Ao
contrário,
a
associação
entre
cidade
e
experiência,
proposta
por
Vidler,
aproxima-‐se
do
conceito
de
urbano
proposto
por
Lefebvre
(2008,
p.85):
“trata-‐se,
antes,
de
uma
forma,
a
do
encontro
e
da
reunião
de
todos
os
elementos
da
vida
social,
desde
os
frutos
da
terra
(trivialmente:
os
produtos
agrícolas)
até
os
símbolos
e
as
obras
ditas
culturais”.
É
inevitável
a
compreensão
da
cidade
se,
e
apenas
se,
subordinada
à
vida
social;
ou
seja,
a
cidade
é
lugar
onde
as
práticas
sociais
acontecem
e
os
que
ali
vivem,
ao
reconhecê-‐la,
agem,
ao
longo
do
tempo.
Ora,
se
a
cidade
está
vinculada
às
estruturas
sociais
cabe
pressupor
que
há
condições
sociais,
mas
também
físicas,
ambientais,
culturais,
históricas,
econômicas
e
políticas,
presentes
ali.
Condições
essas
que
são
transformadas
ao
longo
do
tempo,
e
por
isso,
dão
forma
ao
lugar.
Nesse
sentido,
o
lugar
é
muito
mais
do
que
identidade
ou
vocação.
Lugar
é
a
tessitura
do
processo
espaço-‐tempo,
uma
tarefa
inacabada
na
medida
em
que
há
a
contínua
geração
de
novas
trajetórias
e
novas
configurações
(MASSEY,
2009).
A
partir
da
leitura
do
lugar,
a
produção
do
espaço
urbano
caminha
ao
lado
da
possibilidade
de
se
extrair
subsídios
para
a
geração
da
estratégia
de
projeto
–
a
operacionalização,
exploração,
análise
e
manipulação
de
informações
verbais
que
deflagram
decisões
formais.
O
gesto
plástico
casual
que
antecipa
uma
resposta
espacial
não
comparece.
Também
não
se
confunde
com
o
propósito
do
Promoção: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ/UFSC e Associação Catarinense de Engenheiros – ACE/SC
Secretário Executivo: Ivan Rezende Coelho, fones: (48) 32483553/84077100, FAX: (48) 32483500
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IV
Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
de
novembro
de
2012,
Florianópolis
2 O movimento Open Building é conhecido internacionalmente pela organização dos processos de tomada de decisões no
projeto
e
na
produção
do
espaço
construído
por
meio
de
intervenções
balanceadas
de
seus
envolvidos,
no
que
se
refere
ao
tecido
urbano
(morfologia
espacial
e
as
atividades
humanas),
à
infra-‐estrutura
urbana
e
na
estrutura
da
edificação,
aos
componentes
que
fazem
o
espaço
ser
habitável
(recheio)
e
ao
mobiliário.
As
configurações
dessas
inter-‐relações
são
propostas
por
meio
de
elementos
físicos
e
clusters
decisórios
hierárquicos. Os
conceitos
do
Open
Building
abarcam
as
seguintes
premissas:
(1)
os
processos
do
projeto
e
da
construção
do
espaço
devem
ser
decididos
por
seus
usuários
e
pelos
diversos
profissionais
e
participantes
envolvidos;
(2)
as
soluções
técnicas
devem
permitir
a
substituição
de
sistemas,
mas
preservando
as
funções
do
todo;
(3)
o
ambiente
construído
deve
ser
compreendido
como
um
produto
em
evolução
e
passível
de
constante
transformação.
Mais
informações
ver:
<http://www.arq.ufmg.br/praxis/2_ob/index.htm>
Promoção: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ/UFSC e Associação Catarinense de Engenheiros – ACE/SC
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IV
Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
de
novembro
de
2012,
Florianópolis
público
e
moradores
por
meio
da
definição
do
que
sejam
as
decisões
coletivas
e
as
individuais;
(8)
respeita
o
modo
de
viver
dos
moradores
e
a
vinculação
social
existente
entre
eles.
declividade
moradias
–
estruturas
flexíveis
áreas
ocupáveis
moradias
–
estruturas
fixas
platôs
por
níveis
ocupação
pedestres,
acesso
das
moradias
e
espaços
públicos
implantação
elaborada
pelo
PRAXIS
implantação
elaborada
pela
URBEL
Figura
12
–
Implantação
de
200
moradias,
elaborada
pelo
grupo
PRAXIS
em
contraproposta
ao
programa
Vila
Viva,
URBEL.
Fonte:
Grupo
de
pesquisa
PRAXIS
3
O
ponto
comum
das
duas
propostas
é
o
adensamento
equivalente,
demonstrando
que
outras
premissas
qualitativas
podem
preservar
respostas
quantitativas
pré-‐estabelecidas
pela
municipalidade.
Outro
exemplo
referente
à
abordagem
do
lugar
como
ponto
de
partida
da
produção
da
moradia
é
a
autoconstrução.
Ou
seja,
o
modo
informal
no
qual
as
pessoas
constroem,
aumentam,
adicionam
ou
improvisam
suas
casas
–
processo
sócio-‐tecnológico
em
evolução
e
transformação
constante,
indica
que
há,
inegavelmente,
conhecimento
implícito,
lucidez
e
capacidade
crítica
por
parte
dos
3 Resultados da pesquisa “Os processos produtivos da autoprodução de moradias: a abordagem da prática informacional”,
autoconstrutores
na
escolha
e
na
avaliação
das
opções
que
possam
atender,
com
flexibilidade,
suas
necessidades
e
aspirações
individuais,
em
relação
não
só
às
tecnologias,
aos
materiais
e
sistemas
construtivos
e
à
execução,
mas
também
ao
financiamento
ou
gerenciamento.
As
pessoas
constroem,
ao
longo
do
tempo,
um
corpo
de
conhecimento
substancial
sobre
como
melhor
construir
e
conectarem-‐se
à
infra-‐estrutura
e
aos
serviços
urbanos,
bem
como
se
beneficiarem
ou
se
esquivarem
das
autoridades
públicas.
É
um
processo
de
fazer
e
aprender
através
de
experiências
individuais,
repassadas
a
outros
de
maneira
formal
e
informal
(HAMDI,
1991).
Assim,
o
saber-‐fazer
a
moradia
(como,
quando,
onde
e
a
que
custo)
é
gerado
por
informação
e
esta
se
transfere
pelas
redes
sociais.
Entendemos,
ao
final,
que
a
leitura
do
lugar
como
ponto
de
partida
projetual
permite
a
inserção
urbana
de
forma
coerente
com
a
cidade.
Sendo
assim,
as
decisões
nos
processos
de
projeto
e
da
produção
do
espaço
urbano
incorpora
a
variável
tempo
–
a
quarta
dimensão
–
permitindo
apropriações
e
transformações
sócio-‐espaciais,
não
tipologicamente
programadas.
Tratando-‐se
da
produção
habitacional
em
massa,
há
de
se
exemplificar
a
leitura
do
lugar
por
projetos
que
acolhem
não
só
a
transformação
dos
espaços
ao
longo
do
tempo,
que
por
si
só
desconstroem
o
argumento
da
tipologia
como
ponto
de
partida
projetual,
mas
também
o
morador
como
agente
participativo
do
processo
de
projeto
e
produção
da
casa.
Nesse
âmbito,
os
projetos
rebatem
os
modelos
tipológicos
rígidos,
resultantes
de
determinações
formais,
construtivas
e
técnicas
do
setor
da
indústria
da
construção
ou
do
estado.
Além
disso,
inserem
o
morador
na
cidade
a
partir
das
reais
possibilidades
de
apropriação
coletiva
e
individual
dos
espaços
públicos
e
da
moradia.
5. AGRADECIMENTOS
Pelo
apoio
financeiro
e
institucional:
CNPQ,
Fapemig,
ProEx/UFMG,
Capes.
6. REFERÊNCIAS
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Acesso
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de
Março
de
2012.
Promoção: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ/UFSC e Associação Catarinense de Engenheiros – ACE/SC
Secretário Executivo: Ivan Rezende Coelho, fones: (48) 32483553/84077100, FAX: (48) 32483500
E-mail: ivancoelhoeventos@gmail.com, Site Oficial: cthab.ufsc.br
IV
Congresso
Brasileiro
e
III
Congresso
Ibero-‐Americano
Habitação
Social:
ciência
e
tecnologia
“Inovação
e
Responsabilidade”
12
a
15
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2012,
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Promoção: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ/UFSC e Associação Catarinense de Engenheiros – ACE/SC
Secretário Executivo: Ivan Rezende Coelho, fones: (48) 32483553/84077100, FAX: (48) 32483500
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