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ARQUITETURA
Definir a arquitetura.
Identificar os princípios norteadores do profissional de arquitetura.
Sintetizar a história da arquitetura.
Introdução
Segundo Roth (2017), a arquitetura é uma arte inevitável. Afinal, as pessoas
podem escolher não ver uma pintura ou escutar uma música, mas é
impossível evitar a arquitetura. Como você sabe, boa parte das ativida-
des humanas requer um espaço construído, projetado para atender às
necessidades das pessoas: habitação, trabalho ou recreação. Além disso,
a criação de abrigos para proteção acompanha a espécie humana desde
as construções rústicas até a atualidade, com edifícios residenciais, por
exemplo.
Assim, uma visão geral da história da arquitetura é fundamental
para a formação do arquiteto. Além disso, a profissão requer um co-
nhecimento interdisciplinar, envolvendo áreas como história, geome-
tria, sociologia e geografia. A ideia é que o arquiteto compreenda as
atividades humanas e construa espaços esteticamente funcionais para
o desenvolvimento delas.
Neste capítulo, você vai conhecer o conceito de arquitetura e as atri-
buições do profissional da área. Você também vai estudar os principais
períodos da história da arquitetura de maneira sucinta, se familiarizando
com os contextos e as construções mais importantes da trajetória da
disciplina.
2 Conceito de arquitetura
O que é a arquitetura?
Os dicionários costumam definir a arquitetura como a arte de projetar e cons-
truir edifícios. Porém, essa definição limita a arquitetura à construção, enquanto
ela abrange outras questões, como a necessidade de atender à funcionalidade da
construção, uma vez que as construções são feitas para as pessoas exercerem
as suas mais variadas atividades (COSTA, 1980; UNWIN, 2013; FAZIO;
MOFFET; WODEHOUS, 2013).
As pessoas se relacionam com o mundo a partir dos lugares que as cercam,
e aí reside outra atribuição da arquitetura: a criação de lugares, constantemente
posicionando as pessoas no espaço. Portanto, a arquitetura pode ser compre-
endida como a arte ou técnica de projetar e edificar ambientes, organizando o
espaço por meio de elementos e procedimentos compositivos que abrangem o
ordenamento, o contraste, a proporção, a textura, as cores, entre outros aspec-
tos. Segundo Unwin (2013), compreender que a arquitetura é intrinsecamente
ligada aos espaços é fundamental para considerar o papel das pessoas como
agentes transformadores e criadores dos ambientes.
O arquiteto romano Vitrúvio (40 a.C.) estabeleceu que a arquitetura com-
porta três aspectos essenciais: firmitas (solidez), utilitas (funcionalidade) e
venustas (beleza). Assim, para uma construção ser considerada arquitetura,
ela deve apresentar esses três aspectos (FAZIO; MOFFET; WODEHOUS,
2013). Leonardo da Vinci utilizou o trabalho teórico de Vitrúvio contido
na obra Os Dez Livros de Arquitetura para elaborar um esquema ilustrado
apresentando a relação entre o homem e a geometria. Tal esquema se chama
Homem Vitruviano e apresenta as proporções do corpo humano baseadas em
um ideal clássico de beleza, o qual estabeleceria padrões e módulos para as
construções romanas, como as colunas, os arcos e a estrutura geral dos templos
e teatros. Vitrúvio propõe seis divisões àquilo que ele considera a “causa” do
objeto arquitetônico (LEMOS, 1994). Veja a seguir.
Profissional de arquitetura
A intenção de construir pequenos abrigos para proteção acompanha a hu-
manidade desde o período Neolítico (Idade da Pedra, de 8000 a.C. até 5000
a.C.). Nesse período, os homens dominaram as ferramentas que permitiram a
construção de suas próprias moradias (Figura 1). Como você pode imaginar,
o ofício do arquiteto foi modificado ao longo dos séculos. O termo “arquiteto”
vem do grego arkhitektôn, que significa “construtor principal” ou “mestre de
obras” (KOSTOF, 1986).
Conceito de arquitetura 5
Formação em arquitetura
A Resolução nº 2 do Ministério da Educação (MEC), de 19 de maio de 2010,
institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em arqui-
tetura e urbanismo. É possível dividir a formação do profissional em:
História da arquitetura
A compreensão da história da arquitetura é fundamental para a formação do
arquiteto. Afinal, a história da arquitetura apresenta ao aluno conceitos básicos
da linguagem arquitetônica, bem como elementos que foram evoluindo até a
contemporaneidade. Além disso, confere a ele um conhecimento universal,
cultural e cronológico sobre a evolução da arquitetura.
A necessidade de procurar abrigo para proteção acompanha a humanidade
desde a Pré-História, quando os homens buscavam refúgio nas cavernas ou esta-
beleciam um lugar ao redor de uma fogueira para se proteger das intempéries e de
animais selvagens (UNWIN, 2013). Com o passar dos anos, os homens passaram
a abandonar as cavernas e criar suas próprias “construções” rudimentares, dando
início à organização das atividades ao redor de um lugar protegido, uma espécie
de casa delimitada por pedras.
Logo, ocorre na Pré-História a primeira expressão de construções com o
objetivo de organizar lugares, mas tal expressão ainda não pode ser chamada de
arquitetura. Conforme as construções foram evoluindo e adquirindo sentido em
termos simbólicos e estéticos, a arquitetura foi surgindo (GLANCEY, 2000). Um
dos primeiros monumentos de que se tem registro está localizado em Wiltshire,
na Inglaterra. Ele é denominado Stonehenge (Figura 2), data de 3100 a.C. e é
composto por um círculo de pedras marcando a importância daquele lugar para
celebrações e eventos (FARRELY, 2010).
Conceito de arquitetura 9
Você sabia que um dos primeiros arquitetos a utilizar o desenho em escala foi Filippo
Brunelleschi (1377–1446)? Uma de suas construções mais expressivas foi a cúpula da
Catedral Santa Maria del Fiore, em Florença, feita em tijolos com um arranjo chamado
“espinha de peixe”. Tal arranjo consiste em ângulos que proporcionam uma fricção entre
os elementos, mantendo-os firmes e com a carga distribuída em toda a circunferência
da cúpula. Mesmo após mais de 500 anos de sua construção, essa continua sendo a
maior cúpula feita em alvenaria.
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