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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU

CÁSSIA CRISTINE CARVALHO ROCHA

RESENHA DA OBRA “O QUE É ARQUITETURA”

Parnaíba
2020
“O que é arquitetura” (1980), da coleção Primeiros Passos, foi escrito por Carlos
Alberto Cerqueira Lemos: pintor; desenhista; gravador; graduado em arquitetura pela
Faculdade Mackenzie de São Paulo (1950) -professor e profissional da área, com
diversos trabalhos publicados-; especialista em arquitetura do Brasil e preservação do
Patrimônio Cultural.
A obra tem o objetivo de propor uma definição de arquitetura por intermédio de uma
reflexão analítica das produções já existentes e da intenção construtiva nelas impressa.
Nesse sentido, há uma divisão em quatro capítulos: a construção bela, a arquitetura ao
longo do tempo, o partido arquitetônico e arquitetura moderna.
Inicialmente, o autor alude ao elo feito, pela maioria das pessoas, entre arquitetura e
beleza e como este conceito carrega uma certa subjetividade, visto que o julgamento
daquilo que é ou não belo, depende de valores pessoais e culturais. Assim, divide as
construções entre: as levantadas ao acaso e que não geram admiração; as que, mesmo
sem intenção, agregam valor estético a alguns ou apenas em época posterior e aquelas
construídas com critérios artísticos reconhecidos.
Mesmo com a possibilidade de coexistirem, os três grupos, em um único recorte
temporal de uma mesma localidade, no livro, são analisadas edificações erguidas em
diferentes períodos e localidades, acompanhando um certo padrão impulsionado
culturalmente, ou seja, fruto tanto dos ideais difundidos pelos pensadores da época,
quanto dos costumes característicos de cada povo.
Desse modo, é descrito como se definia a arquitetura ao longo do tempo. Na
Antiguidade, Vitrúvio explica sua visão, sobre a arte de construir, em seis tópicos:
ordenação; disposição; euritmia –harmonia–; simetria; conveniência e distribuição. É
perceptível, então, um enfoque na questão estética, perpetuado até o advento do
modernismo, quando o funcionalismo assume como objetivo principal e surge uma
preocupação com a integração da edificação ao espaço.
O autor agrega, por conseguinte, o conceito de partido arquitetônico –a solução das
condições impostas pelo meio– à definição de arquitetura, que coloca em evidência as
particularidades de cada cultura e região, apesar da existência de tecnologias e
facilidades que possibilitam uma internacionalização das técnicas construtivas.
Logo, para que se defina o partido, são analisados: os aspectos do clima, considerados
para promover o conforto ambiental; as condições físicas do terreno, que podem ser
preservadas ou adaptadas; o programa de necessidades, definido pelo uso que será dado
ao edifício; as condições financeiras do financiador; a técnica construtiva, que envolve
desde os materiais disponíveis ao nível de conhecimento dos trabalhadores e a
legislação vigente.
Portanto, a arquitetura moderna configura-se como a satisfação tanto das necessidades
estéticas, quanto dos condicionantes do meio, através do uso dos mecanismos mais
inovadores e de forma globalizada. Nesse sentido, lamentavelmente, torna-se um estilo
pouco popular, visto que são materiais e técnicas muitas vezes inacessíveis à grande
massa, presa, então, a construções que não oferecem as melhores soluções aos seus
problemas.
Ademais, as edificações ditas modernas são divididas entre: as que veem na beleza
estética seu objetivo principal, para o qual todos os outros aspectos devem estar
direcionados e as que veem o belo na satisfação de seus condicionantes e necessidades;
todas delineando-se, porém, com certa intenção plástica.
Rica em exemplos bem detalhados, imagens que auxiliam a compreensão e reflexões
que fogem do óbvio do tema proposto, a obra é bastante esclarecedora e relevante para
compreensão da arquitetura como produto e produção, ou seja, define não só as
edificações que fazem parte desse grupo, como também a função do arquiteto.
Entre as reflexões propostas, destaca-se a questão de o fator climático, entre os
determinantes do partido arquitetônico, ser melhor solucionado, muitas vezes, em
construções vernáculas, que garantem o conforto térmico aos moradores, do que nas
edificações das grandes cidades, levantadas com técnicas lógicas e baratas.
Por fazer parte de uma coleção de livros, alguns temas são deixados em aberto para
instigar a curiosidade do leitor, entretanto, dependendo do nível de conhecimento desse
último, as informações não explanadas podem dificultar a compreensão do tema
abordado.

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