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Fichamentos Unidade 4

Aluna: Beatriz Rodrigues e Oliveira


Matrícula: 2019002951

1. FICHER, Sylvia; ACAYABA, M. M. Arquitetura moderna brasileira. Brasília:


Editora UNB,1983.

Como introdução, o livro tem início com um prefácio de Miguel Alves Pereira,
que explica, retomando autores e historiadores, o método escolhido pelas autoras
para análise da arquitetura moderna brasileira. Ainda, Pereira levanta pontos
importantes, como a própria influência do historiador no fato que está sendo contado
e a participação da cultura brasileira no processo de surgimento de uma nova
prática arquitetônica no país.
A discussão se inicia, portanto, pelas origens da arquitetura moderna
brasileira que se difunde nos grupos intelectuais no início dos anos 20. Essa difusão
é potencializada pela visita de Le Corbusier ao Brasil e pela atuação de Lucio Costa
na Escola de Belas Artes, surgindo, a partir disso, diversos projetos de caráter
modernista no cenário brasileiro. Segundo Ficher e Acayaba, os arquitetos
brasileiros utilizavam de formas geométricas bem definidas, separação entre
estrutura e vedação, uso do pilotis, panos de vidros contínuos, paisagismo e outros
elementos.
O primeiro exemplo detalhado no livro é o do edifício do Ministério da
Educação e Cultura, no Rio de Janeiro. O projeto do edifício teve a participação de
diversos arquitetos, contando, inclusive, com os palpites de Le Corbusier. Ele foi
executado sobre pilotis, liberando uma esplanada no tecido urbano, além disso,
possui brises-soleil para amenizar a incidência solar, planta livre e azulejos de
Portinari.
As autoras também trazem exemplos de Oscar Niemeyer, nome importante
para o modernismo brasileiro. São citados o Grande Hotel de Ouro Preto, o
complexo da Pampulha, que compreende a Casa do Baile, o Cassino, a capela e o
Iate Clube, que são ilustrados e brevemente detalhados.
Retomando a atuação de outros arquitetos, Ficher e Acayaba apontam o
desejo de produzir uma arquitetura de características nacionais, que estivesse a par
das tendências mais avançadas de outros países, principalmente os europeus.
Afonso Eduardo Reidy é destacado pela sua atuação nas obras públicas do Rio de
Janeiro, como o Museu de Arte Moderna, que teve projeto paisagístico de Roberto
Burle-Marx. Ainda sobre o Rio de Janeiro, o estudo sobre a incidência solar trouxe
aos projetos uma maior flexibilidade em relação aos brises e à integração dos
espaços interiores e exteriores.
O projeto de Brasília ganha seu próprio tópico no livro, realizado por Lucio
Costa sob influência do urbanismo racionalista. O desenho possui dois eixos
perpendiculares e simétricos, que se subdividem em quadras separadas por um
cinturão arborizado. Nesse sentido, as autoras revelam, ainda, que, para cada
quatro quadras foram planejadas igrejas, escolas e equipamentos de lazer. As
seções também se estendem para os edifícios públicos, o setor esportivo e outros e
a junção dos dois eixos abriga cinemas, teatros, restaurantes etc. As edificações
mais importantes ficam na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes,
projetadas por Niemeyer com liberdade construtiva proporcionada pelo plano rígido.
2. COSTA, Lúcio. “Razões da nova arquitetura”.

Em “Razões da nova arquitetura”, Lucio Costa discorre sobre o contexto da


arquitetura em 1930, ano em que o texto foi escrito. Em tom crítico, o autor
caracteriza o período como uma fase de transição que é marcada por tumulto,
incompreensão e discussões a favor e contra um novo estilo arquitetônico. Em
contraponto, Costa defende que existe
“já perfeitamente constituída em seus elementos
fundamentais, em forma, disciplinada, toda uma nova técnica
construtiva, paradoxalmente ainda à espera da sociedade à
qual, logicamente, deverá pertencer.” COSTA (1930, p.1)
Sendo necessário portanto, aceitação e assimilação da sociedade dos elementos
que já estavam sendo praticados por alguns arquitetos.
Para demonstrar o tumulto da época, o autor se vale de diversas analogias,
que representam a transição. Um dos exemplos é da subida de uma escada, que
leva de um plano árido a um plano fértil, mas que precisa ter seus degraus vencidos
pouco a pouco. Neste plano fértil, tudo tem coesão: a arquitetura, a pintura e a
escultura funcionam como um único organismo. Se continuar a subida, entretanto,
essa unidade se desintegra, levando aos períodos de transição e incompreensão.
Ainda nos quesitos de evolução, o Lucio Costa analisa as mudanças no
processo construtivo ao longo da história, que passava de um caráter manual para o
industrial, o que se apresentava naquele momento como uma crise para a
arquitetura contemporânea. Isso porque era necessário assimilar as novas
possibilidades que as máquinas e o processo industrial traziam para as soluções
projetuais. Era necessário, portanto, que a arquitetura brasileira soubesse utilizar
dos adventos e da revolução da modernidade, caminhando para a frente como os
europeus e não apegados ao passado como os estadunidenses.
Em uma perspectiva mais técnica, Costa traz o exemplo das paredes, que
antes desempenhavam função somente estrutural e agora poderia ser utilizada
apenas como vedação, uma muralha pôde passar a funcionar como uma lâmina de
cristal. Essa característica permitiu significativa liberdade aos arquitetos modernos,
possibilitando as características de pilotis, vão e planta livre, panos de vidro e
outras, largamente utilizadas. Nesse sentido, a arquitetura se aproxima
naturalmente da expressão artística, conferida de plasticidade e diversificação da
forma.
O arquiteto aponta, ainda, que as mudanças só poderiam acontecer se
houvesse uma associação de interesses para que a indústria e a sociedade
compreendessem as vantagens da nova técnica, que precisava da aceitação de
ambos para sua execução. Essa tarefa, entretanto, não era necessariamente fácil,
pelo aparente caráter industrial e pela ausência de ornamentação, que faziam as
edificações serem definidas como próprias de apenas uma tipologia de uso, quando
na verdade, a intenção era de que fosse generalizada.
A ausência de ornamentação, por sua vez, era própria dos tempos
industriais, condicionando à máquina uma técnica manual, alcançando, assim,
novas dimensões. Ainda na temática das artes, Costa aborda separadamente as
características da escultura e da pintura, segmentada em desenho, a composição, a
matéria, o lirismo, a técnica e outros. Finalmente, o autor conclui negando a
aparente internacionalização das novas técnicas construtivas, afirmando que,
apesar de não fugir das influências externas, é possível obter sua própria identidade
nas formas da nova arquitetura.

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