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Como introdução, o livro tem início com um prefácio de Miguel Alves Pereira,
que explica, retomando autores e historiadores, o método escolhido pelas autoras
para análise da arquitetura moderna brasileira. Ainda, Pereira levanta pontos
importantes, como a própria influência do historiador no fato que está sendo contado
e a participação da cultura brasileira no processo de surgimento de uma nova
prática arquitetônica no país.
A discussão se inicia, portanto, pelas origens da arquitetura moderna
brasileira que se difunde nos grupos intelectuais no início dos anos 20. Essa difusão
é potencializada pela visita de Le Corbusier ao Brasil e pela atuação de Lucio Costa
na Escola de Belas Artes, surgindo, a partir disso, diversos projetos de caráter
modernista no cenário brasileiro. Segundo Ficher e Acayaba, os arquitetos
brasileiros utilizavam de formas geométricas bem definidas, separação entre
estrutura e vedação, uso do pilotis, panos de vidros contínuos, paisagismo e outros
elementos.
O primeiro exemplo detalhado no livro é o do edifício do Ministério da
Educação e Cultura, no Rio de Janeiro. O projeto do edifício teve a participação de
diversos arquitetos, contando, inclusive, com os palpites de Le Corbusier. Ele foi
executado sobre pilotis, liberando uma esplanada no tecido urbano, além disso,
possui brises-soleil para amenizar a incidência solar, planta livre e azulejos de
Portinari.
As autoras também trazem exemplos de Oscar Niemeyer, nome importante
para o modernismo brasileiro. São citados o Grande Hotel de Ouro Preto, o
complexo da Pampulha, que compreende a Casa do Baile, o Cassino, a capela e o
Iate Clube, que são ilustrados e brevemente detalhados.
Retomando a atuação de outros arquitetos, Ficher e Acayaba apontam o
desejo de produzir uma arquitetura de características nacionais, que estivesse a par
das tendências mais avançadas de outros países, principalmente os europeus.
Afonso Eduardo Reidy é destacado pela sua atuação nas obras públicas do Rio de
Janeiro, como o Museu de Arte Moderna, que teve projeto paisagístico de Roberto
Burle-Marx. Ainda sobre o Rio de Janeiro, o estudo sobre a incidência solar trouxe
aos projetos uma maior flexibilidade em relação aos brises e à integração dos
espaços interiores e exteriores.
O projeto de Brasília ganha seu próprio tópico no livro, realizado por Lucio
Costa sob influência do urbanismo racionalista. O desenho possui dois eixos
perpendiculares e simétricos, que se subdividem em quadras separadas por um
cinturão arborizado. Nesse sentido, as autoras revelam, ainda, que, para cada
quatro quadras foram planejadas igrejas, escolas e equipamentos de lazer. As
seções também se estendem para os edifícios públicos, o setor esportivo e outros e
a junção dos dois eixos abriga cinemas, teatros, restaurantes etc. As edificações
mais importantes ficam na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes,
projetadas por Niemeyer com liberdade construtiva proporcionada pelo plano rígido.
2. COSTA, Lúcio. “Razões da nova arquitetura”.