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HISTÓRIA DA ARQUITETURA MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

A ARQUITETURA MODERNISTA NA EUROPA


 Expunha na praticidade de linhas simples a sua volumetria, arestas puras em formas livres de
ornamentos, sinceridade estrutural, baseando em novas tecnologias de materiais da produção
industrial.
 Destaque para a racionalização dos espaços, a estandardização (padronização), a diversidade e a
produção capitalista em escala.
 A proposta modernista para habitação buscava um racionalismo construtivo que priorizava a
funcionalidade, a dinâmica urbana, com plantas compactas sem espaços supérfluos, e habitações
coletivas, que permitissem uma rápida reprodução
CINCO PONTOS DA ARQUITETURA MODERNA DE LE CORBUSIER
1. Pilotis: liberando o edifício do solo e tornando esse espaço público;
2. Fachada livre: permitida pela separação entre estrutura e vedação, possibilitando a máxima abertura
das paredes externas em vidro;
3. Janela em fita: consequência da separação de estrutura e vedação, são as aberturas longas em toda a
extensão do edifício;
4. Planta livre: resultado direto da separação entre estrutura e vedação;
5. Terraço jardim: transformava as coberturas em terraços habitáveis.

ARQUITETURA MODERNA BRASILEIRA


 Mirava o “futuro e a máquina de morar”, mas diferente da Europa, não rompiam com o passado.
Aqui se incorporavam tradições e técnicas coloniais nas obras.
 Foi representativa de uma política urbanizadora, patrocinada pelo Estado, que usou a imagem
racionalista e industrializada como representação de um Estado Moderno e próspero. Brasília foi seu
ápice.
 Teve colaboração de dois arquitetos estrangeiros, Le Corbusier que influenciou a Escola Carioca, e
Gregori Warchavchik que se uniu à Escola Paulista.
 As duas correntes geraram o período mais prolífico (numeroso) e reconhecido da produção da
arquitetura brasileira.
LINHA CRONOLÓGICA
 Semana de Arte Moderna de 1922 de São Paulo: Início do Movimento Moderno no Brasil (não
teve expoente arquitetônico, mas foi fundamental para o aceite da Arquitetura Modernista).
O movimento se insere nos movimentos racionalistas das duas primeiras décadas do século: além de
romper com o academicismo, busca apresentar uma visão genuína e brasileira das artes.
 1925: Gregori publica no jornal Correio da Manhã, (um texto publicado originalmente na Itália), o
manifesto Acerca da arquitetura moderna, uma apologia à máquina, à indústria, defendendo a
economia e a comodidade do mundo moderno, e condenando os estilos passadistas usados em
profusão (abundância).
Manifesto da Arquitetura Moderna: dizia que “construir uma casa mais cômoda e mais barata possível” e
“a beleza da fachada deve resultar da racionalidade, como a forma da máquina é determinada pelo
mecanismo”.
Gregori Warchavchik (ucraniano, mas formado na Itália), propunha uma casa livre de adornos, mas com
jardim cheio de espécies típicas brasileiras. Percursor da arquitetura moderna no Brasil. Foi indicado por
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Le Corbusier, como representante da América Latina ao Congresso Internacional de Arquitetura
Moderna (CIAM)
 1928: Gregori finaliza a Casa da Rua de Santa Cruz (1927) – primeira residência modernista –
dentro dos conceitos de formas puras, ausência de adornos, superfícies brancas com arestas puras, e
planta organizada racionalmente.
Por limitações de orçamento, técnicos habilitados e disponibilidade local de materiais industrializados, as
primeiras obras não tinham os cinco pontos da arquitetura modernista
Mina Warchavchik choca ao usar cactos e dracenas no jardim da Casa da Rua de Santa Cruz, numa
época onde o paisagismo no Brasil não era pensado termos de uma flora brasileira.
 1930: Lucio Costa é nomeado diretor do curso de Arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes
(ENBA) no Rio de Janeiro, com propósito de renovar o ensino e liga-lo à modernidade. A nova
direção reorganiza o curso, introduzindo o aprendizado técnico-científico com a arte.
Lucio traz artistas como Cândido Portinari, Anita Malfatti e Manuel Bandeira para o ensino, e arquitetos
como Affonso Eduardo Reidy, Alexander Buddeus e Gregori Warchavchik para as disciplinas de projeto.
 1931: Projeto de Gregori Warchavchik, a Casa da Rua Itápolis (1930), apresentou todas as cinco
características do movimento europeu.
Em setembro, os professores tradicionalistas retomam o caráter academicista da ENBA. Mesmo fora da
ENBA, Lucio não abandona seus princípios modernistas e se dedica aos estudos da teoria projetual de Le
Corbusier, enquanto se associa a Gregori Warchavchik.
 1932: Associação entre Gregori e Lucio resultou no projeto e construção de Casas Populares da
Gamboa, uma vila operária num bairro portuário no Rio de Janeiro, em 1932.
A proposta alinhava-se com a possibilidade de reprodução de moradias sociais pra trabalhadores, uma das
premissas do Movimento Modernista, enquanto estético e social.
 1935: Pioneiros, os irmãos Marcelo e Milton Roberto, ganharam o concurso para a sede da
Associação Brasileira de Imprensa no Rio de Janeiro, com um projeto dentro das condicionantes
modernista.
Tendo em vista que a conclusão da obra da ABI foi concluída antes da sede do Ministério da Educação e
Saúde, essa obra pode ser considerada a primeira obra em grande escala da Arquitetura Modernista
Brasileira.
 1936: Acontece o concurso da sede do Ministério da Educação e Saúde. Seu vencedor foi
Archimedes Memória, com um projeto que buscava raízes neocoloniais em uma ornamentação de
inspiração nas cerâmicas marajoaras.
Gustavo Capanema era ministro na época, e Carlos Drummond de Andrade, seu chefe de gabinete. Ambos
rejeitaram a proposta vencedora escolhida por júri, pois a consideravam pouco atrativa ao interesse de um
ministério em busca de uma expressão renovadora e urbanizadora.
Incumbiram Lucio Costa do projeto, e a construção ficou a respaldo de um grupo de jovens arquitetos
oriundos da ENBA (Afonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcelos e Oscar
Niemeyer).
Ainda chamou Le Corbusier como consultor técnico. Sua estada de três semanas no Rio de Janeiro, em
1936, tinha como objetivo orientar o grupo de brasileiros no processo projetivo de uma edificação
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condizente com a época e a repercussão que se pretendia. Esses ensinamentos foram cruciais no
desenvolvimento das propostas da arquitetura carioca por 30 anos;
A solução encontrada aliava formas geométricas claras e definidas, arestas límpidas, brise-soleil,
separação entre paredes e estrutura, fachadas em vidro, pilotis, além de uma diversidade de obras de arte
(azulejos, mirais, esculturas) além de um jardim tipicamente tropical na cobertura, de Burle Marx;
 1938: Os Irmãos Roberto vencem o concurso para a construção do Aeroporto Santos Dumont.
 1939: A aceitação da arquitetura modernista pelo Estado Novo, deu status ao grupo de arquitetos
ligados a Lucio Costa, em especial Oscar Niemeyer. O reconhecimento internacional desse grupo
veio com o projeto do Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Nova York.
Regressando de Nova York, Niemeyer projeto o Grande Hotel de Ouro Preto, que de início recebeu
projetos de outros arquitetos com inspiração neocolonial, vistos como um retrocesso pelo governo mineiro.
Oscar propõe um edifício associando moderno e colonial dando início à parceria com Juscelino.
Gregori Warchavchik projeto e constrói o edifício da Alameda Barão de Limeira com rupturas dos
modelos europeus (incorporou-se curvas e havia contraste nos materiais. Além disso, o jardim foi projetado
pela esposa de Gregori, com plantas nativas brasileiras.
 1940: Juscelino pede para Oscar fazer um conjunto de edifícios ao redor de um lago, para um novo
bairro, de elite, afastado 10km da capital. O Conjunto da Pampulha foi projetado para uma capela,
um cassino, um iate clube, uma casa de bailes, um hotel e um clube de golfe. Somente os quatro
primeiros foram construídos.
Apesar da referência a Le Corbusier nos telhados borboletas do iate clube ou pilotis do cassino, o Conjunto
tem inspirações novas, como os círculos da casa de baile e sua marquise ondulante, culminando com a
inspirada cobertura da capela, em casca de concreto parabólica. Essas soluções até então eram arrojadas
e inéditas na arquitetura modernista.
 1941: Os Irmãos Roberto tem como marco de técnica modernista e plasticidade clássica a sede do
Instituto de Resseguros do Brasil, também no Rio de Janeiro.
A composição do edifício é rigorosamente determinada por seções áureas e triângulos perfeitos, em um
projeto sobre pilotis, com terraço e jardim de Roberto Burle Marx, onde uma elegante pérgola preserva a
vista da Baía de Guanabara.
 1942: Vários arquitetos e pesquisadores do MoMA de Nova York chegam ao Brasil, liderados por
Phillip Goodwin, que buscava retratar em uma exposição e um livro, a arquitetura brasileira,
ordenada em “obras antigas” e “obras modernas”.
No livro enfatizaram as várias vertentes expressas na regionalidade e na exposição, revelaram para o
mundo uma “Brazilian School”.
 1943: Lucio Costa elabora o projeto urbanístico do Parque Guinle, com seis edifícios laminares de
seis e sete andares, construídos sobre pilotis com estrutura independente de concreto armado, brises e
elementos vazados. Somente três edifícios foram construídos. O paisagismo foi de Burle Marx.
O projeto apresentava várias tipologias, inclusive com conceito duplex, um a três dormitórios e varanda
caseira interior, que com uso de cobogós remete ao passado colonial. Essa ideia de edifícios laminares
sobre pilotis com seis andares seria o prenúncio dos modelos das superquadras de Brasília.
Parte do reconhecimento da Escola Carioca decorre da exposição no MoMA Brazil Builds em 1943.
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 1947: Affonso Eduardo Reidy projeta o Conjunto Pedregulho, projeto de habitação social
internacionalmente reconhecido, onde o arquiteto trabalha muito bem a circulação e acesso, a
ventilação natural e o aproveito da topografia do terreno.
Affonso Eduardo Reidy participou do projeto de renovação da ENBA, do MES, porém, boa parte da sua
produção está vinculada a sua atuação como arquiteto da Prefeitura do Distrito Federal, como chefe da
Secretaria Geral de Viação, Trabalho e Obras, e diretor do Departamento de Habitação Popular e do
Departamento de Urbanismo. Coordenou projetos de urbanização como Aterro do Parque do Flamengo.
 Década de 1940: Em São Paulo, Rino Levi e Gregori Warchavchik traçaram os rumos iniciais de
uma arquitetura moderna. Além disso, vários arquitetos europeus fugidos do nazismo,
desembarcaram em São Paulo e incorporaram o Modernismo europeu às experiências de jovens
arquitetos convertidos às propostas modernistas (Eduardo Kneese de Mello, Oswaldo A. Bratke e
Roberto Cerqueira César), já egressos do curso de Arquitetura da década anterior, que levando em
conta as práticas dos canteiros, uniam desenho e execução.
A junção desses dois modelos de profissionais trazia a proposta de racionalidade programática em plantas
enxutas, com um apuro técnico levado ao canteiro. Essas preocupações impactaram o jovem estagiário de
Oswaldo Bratke, vindo de Curitiba, marcando a trajetória de João Batista Vilanova Artigas.
Esses arquitetos europeus possuem o conhecimento da verticalização de edifícios que pudessem atender a
demanda crescente de trabalhadores que na década de 1950 foram para a cidade. A indústria
automobilística fez da verticalização uma exigência no uso do solo, enquanto a reprodutibilidade de
unidades exigia um rigor técnico nos edifícios do centro da cidade, com fachadas com grandes vãos de
iluminação e ventilação direta, soluções de circulação vertical e horizontal, rigorosamente seguras e bem
dimensionadas.
O acesso ao concreto armado permitiu um esmero técnico no uso de sistemas estruturais criativos, levando
a soluções esculturais e no uso do concreto na sua forma pura, bruta, sem revestimentos. Essa solução se
tornou a linguagem recorrente e imbatível de uma contemporaneidade construtiva que caracterizou João
Batista Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Fábio Penteado, Abrahão Sanovicz, Décio Tozzi e
Ruy Othake.
 1953: Reidy inova com uma de suas obras mais emblemáticas, o Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro, a primeira edificação em concreto aparente no país, que parece ter conexão com as
propostas da Escola Paulista, pelo seu rigor e esmero técnico nos vãos de 267m entre apoios.
A edificação é sustentada por 14 pórticos em concreto armado aparente que conformam uma viga superior,
tendo dois pilares principais inclinados que formam um V com os primeiros. Os braços internos dos pilares
em V sustentam o primeiro pavimento e a viga superior contem os tirantes de cabos de aço que suspendem
os mezaninos. Não há pilares no centro do edifício.
Toda a lateral envidraçada convida a paisagem do Aterro a participar do museu, assim como a iluminação
natural é propícia às exposições. A volumetria baixa permite o diálogo da edificação com o mar e as
montanhas. O jardim de Burle Marx combinando diversas alturas de espécies com pedras completa o
diálogo.
O esmero técnico de Reidy o colocam muito próximo da Escola Paulista. Essa vertente do Modernismo
buscava a plasticidade das estruturas de concreto, com um refinado cálculo estrutural – soluções
complexas que conciliam pórticos e tirantes. Mais do que o aspecto exterior do concreto aparente, a
intenção ali era deixar claro o material usado, sem ocultar a técnica empregada.
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 1954: Em Petrópolis, surge a simplicidade projetual da primeira fase da obra de Niemeyer, em um
vale na Serra dos Órgãos, a Residência Edmundo Cavanellas, com seus pilares de pedra e
cobertura leve. Os cômodos tiram proveito da orientação solar.
A residência conta ainda com jardins de Burle Marx, a Oeste em forma orgânica e cores contrastantes e a
Leste em quadriculado xadrez de tonalidades verdes, ao redor da piscina.
 1956: É lançado o livro Modern Architecture in Brasil, do arquiteto e pesquisador Henrique Mindlin.
Esse livro foi editado em três idiomas e é o registro da época pioneira de 1937 a 1955, lançando uma
generosa luz sobre o trabalho do grupo carioca, em especial Niemeyer.
 1956/1957: Juscelino decide mudar a capital do país para o interior do Brasil, lançando um concurso
nacional para a concepção de um Plano Piloto de uma cidade de até 500 mil habitantes.
Nomes como Levi, Palanti e Artigas participaram do concurso, porém, ganhou Lucio Costa, ao propor no
seu relatório do Plano Piloto de Brasília, um “gesto de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois
eixos cruzando-se em ângulo reto”. Procurou-se depois a adaptação à topografia local, ao escoamento
natural das águas, à melhor orientação, arqueando-se um dos eixos, a fim de contê-lo no triângulo
equilátero que define a área urbanizada.
Além disso, atribui quatro escalas: a monumental (eixo com as principais edificações – eixo leste e oeste), a
residencial (as asas norte e sul, que abriga as superquadras), a gregária (no cruzamento dos dois eixos,
confunde-se com o centro da cidade, onde se situam os setores bancário, hoteleiro, comercial e de
diversões) e a bucólica (permeando as outras três e se tornando mais presente na orla do lado Paranoá,
formada pelas áreas livres e urbanizadas).
Superquadras: conjunto de quatro quadras de 300m de lado, cercadas perifericamente por arborização de
20m, contendo ao centro, edifícios laminares, de várias tipologias, sobre pilotis, porém limitados a seis
andares. No centro da quadra estaria o trajeto viário de conexão entre edifícios, ou seja, o perímetro das
quadras seria a arborização, enquanto o centro seria a rua, em uma inversão conceitual do modelo de
quadra da cidade tradicional.
Apesar da restrição ao carro, a cidade era de concepção rodoviarista ao privilegiar o modal coerente com
a década de 1950: o transporte individual. Brasília serviu ainda de indutor para o surgimento das cidades-
satélites, que nasceriam ao seu redor para abrigar os que vieram construí-la.
O Eixo Monumental, proposto por Niemeyer, com todas as edificações cívicas administrativas, permite um
ponto focal dos palácios dos três poderes, garantindo a expressividade das qualidades essenciais de seus
projetos: imaginação, proporcionalidades, sensibilidade plástica e ordenamento espacial.
O conjunto de obras de Oscar destaca-se das suas obras anteriores por conter soluções compactas e
geometricamente puras, sem recair no formalismo, buscando soluções estruturais entre pórticos e arcos,
mas de amplo sentido plástico conseguido com o concreto armado. Os volumes límpidos ampliam a leveza
das estruturas e dão a impressão de suspensão das construções acima do solo. Foi assim que surgiu uma
arquitetura escultural, de restritos elementos compositivos em um conciso vocabulário de formas, com a
economia drástica dos detalhes.
O Palácio da Alvorada é suspenso do solo com suas colunas que delimitam o nível elevado do setor
monumental. Já os Palácios do Planalto e do Supremo Tribunal são variações de um mesmo tema: uma
caixa de vidro com a ampla varanda lateral sustentada por colunas e pórticos. O Ministério da Justiça e o
Itamaraty guardam uma superestrutura em arcos que abriga uma caixa de vidro.
Niemeyer buscava soluções estruturais inovadoras, porém expressivas para o uso a que se destinavam. A
Catedral de Brasília possui seus 14 arcos parabólicos colocados na vertical, dispostos em uma planta
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circular, unidos por uma laje superior, que se elevam ao céu, enquanto a transparência dos vitrais inunda a
nave central. Simplicidade estrutural e expressividade formal.
A partir de Brasília, uma nova fase se inicia para Niemeyer que tem a oportunidade de trabalhar fora do
Brasil (Líbano, Estados Unidos, Israel, Portugal, França, Itália e Argélia).
 1965: Rino Levi projeta o Centro Cívico de Santo André em São Paulo, elaborado em concreto
aparente, numa composição das atribuições do legislativo, executivo e centro cultural, ao redor do
fórum já existente. A grande praça ainda contou com paisagismo de Burle Marx. Foi nesse ano
também que Rino faleceu.
Rino Levi fez a evolução dos primeiros momentos do Modernismo até as manifestações brutalistas de São
Paulo. Ele era herdeiro do racionalismo alemão da Bauhaus, com um rigor técnico para elaborar estudos
detalhados de conforto térmico e acústico, reconhecidos em projetos de extensos programas (como salas de
teatro, cinemas, auditórios e escolas) Entre seus projetos se destacam residências onde os recuos
obrigatórios eram incorporados ao espaço externo, com pérgolas, brise e vegetação, a fim de obter casas
abertas, alegres e humanizadas.
Outras obras de Rino Levi: Residência Olivo Gomes, Hospital Albert Einstein e 3º lugar no concurso de
Brasília.
 Década de 1970: A partir daqui, Niemeyer passa a uma nova fase, com obras cada vez mais
esculturais, como o Centro musical da Barra e o Panteão da Praça dos Três Poderes.
 1991: Oscar Niemeyer projeta o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). Aqui ele usa
o conceito de cálice de um único apoio, assentado sobre rochas defronte ao mar (uma forma circular
abstrata, sobre a paisagem, em terreno livre de construções para realçá-la. Seu acesso retoma o
conceito corbusiano da promenade architecturale, ou o passeio arquitetural, por uma rampa
curvilínea que nos leva à parte superior do projeto, cujas faces combinam o branco das empenas
curvas com o brilho dos vidros escurecidos para se destacar das rochas.

ARQUITETURA BRUTALISTA
Dentre as premissas racionalistas da arquitetura moderna, de um lado tínhamos a negativa às ornamentações
e ausência de textura, enquanto do outro havia a exigência de empenas brancas, lisas e as formas
geométricas puras de arestas cristalinas.
No entanto, pós Segunda Guerra, até mesmo Le Corbusier contestou essa premissa em algumas de suas
obras. Havia claros sinais de desgaste na padronização, onde os princípios modernistas, baseados em fatores
utilitários, racionais ou funcionais, passaram a ser reproduzidos como meros valores formais, repetidos
mecanicamente.
Desde o início, a proposta do modernismo era uma coleção de regras para compor uma boa arquitetura, que
trouxesse condições de igualdade, mas até mesmo Niemeyer reconhece uma quantidade de projetos de
descuidados, no exagero do funcionalismo, negligenciando a harmonia entre forma-estrutura, em
contradição ao quadro social do Brasil. Esse gesto também foi sentido por outros arquitetos e reforçou
manifestações de alguns arquitetos paulistas.
Enquanto a Escola Carioca não via problema em admitir influencias estrangeiras, intelectuais progressistas
de esquerda recusavam a dependência cultura da Arquitetura Moderna Brasileira. Aqui destaca-se João
Batista Vilanova Artigas, professor da FAU-USP, que conquistou uma série de apoiadores como
Giancarlo Gasperini e João Walter Toscano, cuja convicção na tecnologia da construção como elemento
seria relevante para determinar o pensamento desenvolvimentista da época – a industrialização enquanto uso
de pré-moldados e a busca da pré-fabricação.
HISTÓRIA DA ARQUITETURA MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
Assim se estabeleceu uma relação entre a formação de profissionais egressos, com eminentes professores
como Rino Levi e Oswaldo Bratke, gerando arquitetos de destaque como Paulo Mendes da Rocha, Pedro
Paulo de Melo Saraiva, Joaquim Guedes, João Eduardo de Gennaro, Carlos Millan, Fábio Penteado e
Ruy Ohtake.
A escola paulista juntou esses profissionais às experiências plásticas com o concreto armado, fazendo dele
solução recorrente e imbatível, mesmo usado industrialmente, exporia a forma natural, bruta, sem
revestimento ostentando as “mãos dos operários”. Daí vem o nome dessa linha de pensamento: Brutalismo.
As obras do período de 1950 a 1970 guardam algumas características especificas da Escola Paulista, além do
uso do concreto armado:
 Quanto ao partido: em volume único, atendendo ao programa em monobloco, ou no máximo em
blocos separados hierarquicamente;
 Quanto à composição: em monobloco, apresentando uma planta livre, preferencialmente em teto
único (em grelha) sobreposto sobre estruturas secundárias, com espaços internos de uso comum, tal
como “praças internas”;
 Opção pela iluminação zenital;
 Sistema construtivo: concreto armado ou protendido, com lajes nervuradas, pórticos, pilares
trabalhados plasticamente, amplos vãos livres, predominância dos vazios sobre os cheios;
 Fechamentos em concreto armado fundido in loco ou blocos de concreto aparente;
 Elementos funcional-decorativos em concreto (sheds, vigas calha, canhões de luz zenital, brises);
 Supervalorização da textura do concreto, sua rugosidade expondo a manufatura, com aplicações
pontuais de cor, mas sem prévio revestimento, gerando assim uma luz interna difusa que contrasta
com as aberturas zenitais.
 Em casas familiares, no centro da casa se encontrava a área de convívio, tal qual uma praça, já que “a
cidade é uma casa e a casa é uma cidade”. Ali era o local das interações sociais, onde se expressa a
diversidade cultural.
Todas essas características expõem claramente a solução estrutural da obra, já que o número pequeno de
materiais empregados, somados à busca de novas soluções tecnológicas, denotam o caráter experimental da
obra arquitetônica como exercício construtivo e programático. Fica claro que a arquitetura aqui queria
explorar os limites tecnológicos disponíveis.
LINHA CRONOLÓGICA
 1957: Paulo Mendes da Rocha formado pela Universidade Mackenzie, vence o concurso nacional
para o Ginásio de Esportes do Clube Paulistano. A proposta reunia fluidez espacial na
implantação, com uma estrutura de concreto apoiadas em 6 pilares em V e tirantes de aço
suspendendo a cobertura central
A sua trajetória inclui ainda projetos como o Pavilhão do Brasil na Exposição Mundial de Osaka, o
Estádio Serra Dourada (GO), a reconfiguração da Praça do Patriarca (SP), reforma da Pinacoteca do
Estado (SP), dentro outros.
 1961: Uma obra de Artigas que representa a exploração dos limites tecnológicos disponíveis é a
Garagem de Barcos do Santa Paula Iate Clube (1961). Tal obra possui um programa reduzido,
buscando uma solução criativa, onde uma grande laje nervurada cobre todo o programa, enquanto os
desníveis do solo conformam os diversos ambientes. Praticamente sem vedações, a laje se apoia em
duas vigas laterais protendidas, que engrossam para formar os oito pilares que se conectam por
roletes metálicos e Neoprene, com a fundação que emerge do solo.
HISTÓRIA DA ARQUITETURA MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
Nesse mesmo ano, Artigas recebe um convite para a criação do novo edifício da FAU-USP, e essa deveria
ser a expressão da sua proposta de ensino – com ênfase na interpretação das disciplinas através do projeto
como um atelier integrador, eixo central da formação indissociável entre ensino e sociedade (edifício e
cidade).
Assim nasce a proposta, junto com Carlos Cascaldi, seu sócio, se resumindo a um paralelepípedo, com
faces externas cegas em concreto, apoiado no perímetro sobre 14 colunas de duplos trapézios opostos,
sustentando uma única cobertura em grelha de domos zenitais translúcidos, destacando um vazio interno de
quase 15m de altura.
Os ateliers de projeto no último andar, abrigados em paralelepípedos que se lançam sobre o vazio central,
entram em um espaço fluido, onde a descontinuidade do espaço surge somente quando necessária, em salas
de aula ou anfiteatros. É uma arquitetura comunitária de contatos humanos.
Os pilares da FAU-USP têm um desenho inusitado, equilibrando estética e técnica. Considera-se que o
trapézio inferior é uma prolongação da fundação, que se eleva até encontrar a estrutura superior, através
de um capitel. Num ponto médio, há o encontro entre superestrutura e infraestrutura.
 1967: Projeto de João Batista Vilanova Artigas, Fabio Penteado e Paulo Mendes da Rocha, o
Conjunto Habitacional CECAP Zezinho Magalhães Prado é um dos projetos mais emblemáticos da
Escola Paulista. É uma proposta habitacional, onde a reprodutibilidade da unidade habitacional e seu
processo produtivo são elevados a níveis industriais, tanto pelo programa, quanto pelo processo
construtivo.
O projeto ocupa uma área de 178 hectares para 55 mil habitantes, com renda de 1,5 salário mínimo, e une
edifício e cidade em uma arquitetura comunitária, expressa na industrialização do seu processo. Quatro
blocos conformam uma freguesia com comercio local, e quatro freguesias configuram um quadrado,
definido como uma superquadra. Construtivamente, buscava-se a tecnologia de ponta em concreto pré-
fabricado de pilares, vigas e lajes laminares, reproduzidas inclusive na cobertura, com complemento de
isolantes térmicos e impermeabilizantes.
Os edifícios de três andares, apoiados sobre pilotis, justapõem-se espelhados em H de quadro unidades
conectadas pelas circulações horizontais/verticais, onde cada prédio tem duas fachadas duplas. A planta da
unidade habitacional se organiza em três faixas paralelas às duas fachadas opostas, com as áreas
molhadas em um núcleo central.
A reprodutibilidade permitiria a economia de escala para uma unidade de planta livre com divisórias leves
internas e parâmetros longitudinais que definem armários e caixilhos modulares com dimensões generosas
para garantir um grande conforto ambiental e racionalização do espaço em um mínimo de mobiliário. De
acordo com Paulo Mendes da Rocha, a aliança entre tecnologia e arquitetura permite cumprir a função
social do arquiteto, de acesso a todas as classes sociais.
 1988: Dentre as obras relevantes de Mendes da Rocha, há varias que buscam a excelência estrutural
representando as possibilidades expressivas da Escola Paulista no uso extensivo da plasticidade do
concreto. Destas se destaca a Casa Gerassi, onde ele quebra paradigmas sobre a construção pré-
fabricada ao usá-la numa obra unifamiliar
 Fim da década de 1960 e início da década de 1970: Escola Paulista sofre uma interrupção quando
parte de seus principais representantes são exonerados da docência e se exilam durante o período
militar.
Ainda assim, já sofriam anteriormente críticas dentro do próprio grupo. Algumas vinham do jovem
arquiteto Sergio Ferro, que denunciava desvios por não privilegiar o “canteiro sobre o projeto”.
HISTÓRIA DA ARQUITETURA MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
Nesse mesmo período há o “Milagre Brasileiro”, quando há um forte investimento em obas de
infraestrutura, conjuntos habitacionais e hidrelétricas c/ projetos realizados por empresas de projeto, onde
não há uma marca individual e autoria, fazendo invisível os azares de quem molda a matéria bruta.

ARQUITETURA PÓS-MODERNA
A partir desse período, se percebe um grande desgaste nas propostas modernistas. Surge uma contestação
difusa da modernidade que expressaria através de uma informalidade, entendida como resposta às crises das
certezas do racionalismo, a desordem é vista como uma manifestação de revolta à harmonia, a ponto de o
informal e desordenado serem a interpretação da liberdade e da manifestação popular (aqui temos a
informalidade contestatória x funcionalismo racionalista).
Apresentam-se várias vertentes inicialmente denominadas pós-modernistas, uma vez que o único consenso
era a ruptura com a anterioridade. As décadas de 1980 a 1990 foram um exercício de futurismo retroativo,
em que algumas características ornamentais, previas ao Modernismo, seriam usadas como forma de
contestação formal.
Contrapondo ao Modernismo, os arquitetos pós-modernos defenderam uma arquitetura na qual o aspecto
formal do edifício é tão ou mais importante que sua funcionalidade, uma arquitetura menos geometrizada,
mais cheia de caráter simbólico, de referências a aspectos históricos e culturais, com formas mais diversas e
mais coloridas. Nos edifícios pós-modernos, geralmente, os elementos simbólicos e de referência histórica
são apenas ornamentais e não estruturais.
Dentro os que mais protestavam temos o grupo mineiro composto por Éolo Maia, Maria Josefina de
Vasconcelos e Sylvio Emerich de Podestá, cujas obras de cunho eclético são uma releitura de referências
com planos vazados, superfícies tensas, usando tijolo de barro das fundações à cobertura e detalhes
multicoloridos.
Em São Paulo, surge outra contestação por parte dos filhos de Oswaldo Bratke, Carlos e Roberto Bratke,
associados a Francisco Collet, com edifícios que tratam de estender a eficiência tecnológica da imagem
empresarial, onde o concreto aparente até é usado, mas de forma comedida, com incorporação de novos
materiais.
Ao iniciar o século XXI, percebe-se que há um projeto não concluso de modernidade e as metrópoles são o
cenário de uma nova forma de linguagem arquitetônica, onde se sobrepõem o “olhar” e o “espetacular” à
formalidade racional. Aqui são retomadas várias referências anteriores por simulação e exagero de
informações. Nosso contato com a arquitetura passa de tático para ótico, onde diversas correntes buscam a
solução das contradições insolúveis da racionalidade. Não há correntes hegemônicas que possam, ter
unicidade de soluções, mas grupos questionando desafios atuais.

ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA
É a arquitetura da globalização, da ousadia formal, da mundialização, do capitalismo pós-industrial, do
emprego de alta tecnologia, do individualismo projetual, da flexibilização e da diversidade cultural.
Inovação tecnológica: essa arquitetura é construída com o recurso na mais alta tecnologia, tanto no
emprego de softwares para a confecção dos projetos como no uso ampliado de materiais como o aço e o
vidro, bem como concreto armado. Além disso, os edifícios inteligentes possuem revestimentos inteligentes,
que se adaptam às mudanças da luminosidade e temperatura. Uso de vidro refletivo, aço e alumínio e outros
materiais como o titânio também caracterizam essa nova arquitetura, que no Brasil ainda é escassa, pois é
cara para os padrões nacionais.
HISTÓRIA DA ARQUITETURA MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
Estrutura aparente: são projetados edifícios com estrutura aparente para evidenciar a alta tecnologia
empregada na sua construção.
Individualismo projetual: a arquitetura é composta por edifícios cujas formas e demais soluções
arquitetônicas são mais variadas, sem padronização ou modelo projetual único, singular e arrojado. Ao
mesmo tempo que se rejeita o modelo universal do Modernismo, rejeita-se a identidade regional.
Se cristaliza uma arquitetura que não tem identidade regional, mas que também não é padronizada: cada
estilo guarda sua individualidade, sua singularidade, sendo representativo não apenas do lugar onde está,
mas de todo o planeta. Além disso, espera-se que os grandes projetos arquitetônicos, dada a sua ousadia e
caráter inovador, adquiram alcance e repercussão mundial, através da mídia e ajudem a divulgar
internacionalmente as cidades onde estão.
Fluidez do espaço: o maior desenvolvimento das técnicas construtivas (em particular o concreto armado e o
uso do aço) possibilita aos arquitetos projetar edifícios com lajes muito amplas, e consequentemente, com
vãos cada vez maiores, tornando o espaço ainda mais flexível.
A arquitetura contemporânea ainda está sendo projetada e construída. Trata-se da arquitetura entre o fim do
século XX e início do século XXI.
 Primeiro cabe compreender que o local e o regional convivem e até fazem parte do global, a
arquitetura se adequa a diversos locais, porém não segue uma padronização, o que abre espaço para
valorização do local e do regional.
 Em segundo lugar, com a valorização de elementos tecnológicos e distanciamento dos interesses
modernistas, novas questões recebem atenção como o interesse social e a sustentabilidade.
 Em terceiro lugar, existe uma arquitetura contemporânea brasileira, formada de um lado, por
edifícios e projetos urbanos de caráter globalista, e de outro lado, pelo emprego de soluções
tipicamente brasileiras, sobretudo no que se refere ao uso de materiais construtivos do Brasil.
 Por fim, há um convívio do modernismo com o contemporâneo, devido à forte influência do
primeiro. Outro fator que favorece a continuidade do emprego de soluções variadas, de mais baixo
custo, é a dificuldade de acesso à altas tecnologias.
Alguns edifícios importantes de arquitetura contemporânea no Brasil, são:
Edifício Os Bandeirantes (1994), localizado na capital paulista e projetado pelo escritório Aflalo &
Gasperini Arquitetos: multifuncional, pois seu programa comporta uma agência bancária e dez andares de
escritórios. Se destaca ao seu entorno, distinguindo-se dos demais prédios em volta, por seu caráter
contemporâneo. Principais materiais usados foram o concreto protendido, aço, granito vermelho, vidro e
alumínio. O que lhe confere a identidade contemporânea, além da volumetria em linhas muito delicadas, é o
emprego de vidro de alta e média refletividade nas suas fachadas, que contribuem ainda para reduzir a
temperatura no interior do prédio de forma mais natural. Internamente é equipado com inteligência perdial, e
constitui um marco estético no coração de São Paulo.
Edifício Sede do Interlegis (2001), em Brasília, DF, projeto de Luís Antônio Reis: possui uma volumetria
simples, que combina o paralelepípedo e o cilindro e, portanto, privilegia tanto as linhas retas como as
curvas. Azulejos com design contemporâneo do artista Athos Bulcão revestem boa parte das paredes
internas. Externamente o uso de vidros laminados reflexivos e de brises de alumínio distantes da pele de
vidro, contribuem para o conforto térmico e redução do consumo de energia.
Novo Museu ou Museu Oscar Niemeyer (2002), em Curitiba, no Paraná, projeto do próprio Niemeyer: é
um dos exemplos mais significativos de como o arquiteto mais importante da história do Brasil conseguiu se
renovar e inovar os seus projetos, apesar da idade. O colorido e as formas, ao mesmo tempo simples e
inusitadas, conferem ao museu um ar contemporâneo. É composto por dois edifícios, um da década de 1960,
caracteristicamente modernista, com aspectos típicos da linguagem do arquiteto, como o uso de longas
HISTÓRIA DA ARQUITETURA MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
rampas curvas de acesso ao prédio, e o segundo, em forma de olho, projetado em 2002, cujo fechamento em
vidro fica escuro durante o dia e transparente à noite.
JOSÉ FILGUEIRAS LIMA (LELÉ): arquiteto que trabalhou com Niemeyer na construção de Brasília,
conseguiu aliar arte, uso de formas simples, porém inovadoras, contenção ornamental, preocupações com o
usuário, novas tecnologias, ventilação natural, sustentabilidade e industrialização em seus projetos, dos
quais, os mais importantes são os hospitais de reabilitação da Rede Sarah, espalhados pelo território
nacional.
Suas obras se destacam pelas técnicas inovadoras, pelo apuro estético e pelo seu grande alcance social: em
mais de 50 anos de atividade profissional, Lelé construiu escolas, hospitais, universidades e inúmeros
prédios públicos.
Para ele, o arquiteto deve ser, antes de tudo, um construtor. Deve conhecer profundamente materiais,
estruturas e técnicas construtivas. “Ninguém pode desenhar aquilo que não sabe como se faz” diz ele, que
inventou materiais e métodos inovadores para atender às necessidades específicas de cada projeto.
Foi responsável por obras que transformaram a forma como o Brasil olhava a sua arquitetura; desde o
trabalho na construção de Brasília, passando pela criação da Fábrica de Escolas do Rio de Janeiro e dos
Centros Integrados de Educação Pública no Rio de Janeiro (ambos em parceria com Darcy Ribeiro),
pela Fábrica de Equipamentos Comunitários em Salvador, até o desenvolvimento do Centro de
Tecnologia da Rede SARAH de Hospitais, ele soube unir como ninguém, técnica e arte, função e
sensibilidade.
Exemplo relevante de trabalho de ampliação arquitetônica, é a intervenção realizada no prédio da
Pinacoteca, na capital paulista, por Paulo Mendes da Rocha. O edifício que fica no centro antigo de São
Paulo, na região da luz, é um prédio de estilo neoclássico que abrigava o Liceu de Artes e Ofícios e foi
convertido em Museu de Arte e local de eventos culturais.
A intervenção de Paulo Mendes da Rocha preservou os traços principais do edifício e acrescentou-lhe
estruturas metálicas, como rampas, que mudaram o sentido de circulação interna, antes somente vertical.
Onde haveria uma cúpula, nunca construída, adicionou uma claraboia leve, que evita entrada de água no
edifício. Incluiu ainda um elevador no projeto e reforma da elétrica e iluminação.
Na medida em que a arquitetura contemporânea tem como principal característica ser global, a presença de
arquitetos estrangeiros atuando no Brasil inclui o país nesse circuito mundial e contribui para atualizar o
nosso cenário arquitetônico em relação às demais partes do planeta. Um exemplo é o Museu do Amanhã,
localizado no píer da Praça de Mauá, projetado pelo espanhol Santiago Calatrava.
O Museu possui uma forma completamente inusitada, não se parecendo com nenhum outro edifício
existente. Foi construído de forma sustentável e usa materiais como o aço, mas também emprega uma
estrutura inteligente que o reveste em sua cobertura: lâminas fotovoltaicas que se movem acompanhando a
luminosidade do sol. A inovação tecnológica acompanha a inventividade projetual: o edifício revalorizou o
seu entorno, que era uma área degradada.
Arquitetura verde: modalidade de arquitetura contemporânea, sobretudo nas grandes metrópoles, onde
predomina a preocupação com o impacto ambiental causado pelos projetos. Geralmente são projetos de alto
curso de execução, porém, no longo prazo, são de manutenção mais barata, na medida que promovem
redução de gatos com água e luz. A mais importante contribuição dessa arquitetura é a preservação dos
recursos socioambientais, pois beneficiam o meio ambiente, poupando a natureza.

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