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Opção C 1.

2 - Estética da
Arquitetura
-MIARQ-
Gil Alves Martins, A91835
2022/2023

Situacionismo e Arquitetura

04 de janeiro de 2022
Índice
Abstract:............................................................................................................................ 3
Situacionismo: .................................................................................................................. 4
Contexto Histórico ......................................................................................................... 4
Contexto na Arquitetura ............................................................................................... 5
“Aesthetics and Architecture”........................................................................................... 8
Análise Geral ................................................................................................................. 8
Análise capítulo 8 .......................................................................................................... 8
“Politics and the Situationist International” ............................................................. 8
Bibliografia:..................................................................................................................... 17
Abstract:
Podendo argumentar que arquitetura é uma área com
muito estudo teórico e pouca ligação com a filosofia, pelo
menos da forma que é ensinada nos tempos correntes.

Um dos notáveis livros sobre o tema é de Winters,


Edward “Aesthetics and Architecture”. Todo o livro é como
uma grande reflexão do autor sobre o assunto. Tal
complicada é a definição que apenas no décimo segundo
capítulo de quatorze é que o autor chega a uma teoria
focada da sua opinião.

Este trabalho vai servir para tentar perceber a forma


como o autor expõe o tema na sua obra e tentar relacionar
a sua opinião com a envolvente social do mesmo.
Situacionismo:
Contexto Histórico
Situacionismo é um movimento filosófico e social que
surgiu nos anos 1950 e 1960 e teve uma influência
significativa na arquitetura e no design urbano. Os
situacionistas acreditavam que a sociedade moderna, com
seu enfoque na racionalidade e funcionalidade, havia levado
a uma perda de sentido e autenticidade na vida cotidiana.

Eles argumentavam
que as pessoas se
tornaram
consumidores passivos,
controladas pelas
estruturas e sistemas
1 - famoso mapa situacionista, Guy Debord, 1957
do mundo moderno.
Para contornar isso, os situacionistas propuseram um foco
na criação de ambientes que proporcionariam experiências
mais autênticas e significativas. Eles argumentavam que
esses ambientes deveriam ser projetados para incentivar as
pessoas a interagirem com o mundo ao seu redor, em vez
de simplesmente consumi-lo.
Contexto na Arquitetura
Na arquitetura e no design urbano, isso levou a um
foco em criar espaços flexíveis, adaptáveis e responsivos às
necessidades e desejos das pessoas que os usam. Em vez de
projetar edifícios apenas funcionais e eficientes, os
arquitetos buscaram criar espaços expressivos, emotivos e
atraentes. Um aspecto fundamental da arquitetura
situacionista é a ideia da "situação", ou o contexto específico
em que um edifício ou espaço é usado.

Os arquitetos
buscaram criar
edifícios e ambientes
que são responsivos
às necessidades e
desejos das pessoas 2 - London Metropolitan University, Daniel Libeskind

que os usam, em vez de imporem um conjunto fixo de


funções ou usos. Isso levou a um foco no uso de elementos
de design modulares e adaptáveis, como paredes e mobília
amovíveis, que podem ser reconfigurados para atender às
variadas necessidades do espaço. Também levou a uma
maior ênfase no uso de luz natural e na integração de
espaço exterior de forma a criar ambientes mais dinâmicos
e apeladores.
Houve um número de exemplos específicos de como as
ideias situacionistas foram aplicadas na arquitetura e no
design urbano. Um exemplo notável é o trabalho do
arquiteto e designer urbano Jan Gehl, que defendeu a
criação de cidades mais habitáveis e centradas nas pessoas
através da aplicação de princípios situacionistas. Gehl
argumentou que as cidades devem ser projetadas para
priorizar as necessidades e desejos das pessoas que as
usam, em vez de se
concentrar apenas
na eficiência e
funcionalidade. Ele
aplicou este enfoque
em vários projetos,
incluindo o redesenho 3 –Jan Gehl, Strøget, Copenhaga

da rua pedonal Strøget em Copenhague, que se tornou um


modelo para o design urbano acessível a pedestres em todo
o mundo.

O conceito de "Terceiros Lugares", desenvolvido pelo


sociólogo Ray Oldenburg, é outro exemplo da aplicação de
ideias situacionistas na arquitetura e design urbano.
Oldenburg argumentou que, além de casa e trabalho, as
pessoas precisam de um
"terceiro lugar" - um
espaço informal e
relaxado onde possam
socializar e se conectar
com outras pessoas -
para construir um senso
de comunidade e
pertencimento. 4 – Diagrama a explicar o “terceiro lugar”

Esta ideia tem sido influente no design de espaços


públicos e centros comunitários, com um foco em criar
lugares acolhedores, confortáveis e propícios à interação
social. Embora as ideias situacionistas tenham tido uma
influência significativa na arquitetura e design urbano,
também foram desafiadas e debatidas dentro do campo.
Alguns críticos argumentam que os enfoques situacionistas
podem levar a uma falta de clareza e propósito no design e
que podem ser difíceis de aplicar na prática. Outros
argumentam que as ideias situacionistas podem ser
excessivamente focadas nas necessidades e desejos das
pessoas e negligenciar outras questões importantes, como
a funcionalidade e a eficiência.
“Aesthetics and Architecture”
Análise Geral
"Aesthetics and Architecture" é um livro que investiga
as questões e problemas estéticos levantados pela arte da
arquitetura. Ele oferece uma exploração reflexiva e
envolvente das visões estéticas e filosóficas clássicas e
contemporâneas da arquitetura, examinando como
diferentes movimentos intelectuais e culturais influenciaram
a maneira como pensamos e percebemos o ambiente
construído. O livro mergulha nas qualidades estéticas
específicas, exigências e abordagens da arquitetura e como
elas moldam a nossa compreensão da disciplina. Ele
também apresenta um programa para a arquitetura
contemporânea.

Análise capítulo 8
“Politics and the Situationist International”
Ao longo deste capítulo o autor foca o seu pensamento
em autores espalhados pelo mundo e faz referência às suas
obras e métodos de pensar de forma a expor todas as ideias
e nos próximos capítulos definir a sua.

Começa pelo arquiteto holandês estruturalista Aldo van


Eyck que acreditava que a arquitetura deveria abordar
questões mais profundas além da forma e da função, e
deveria estar ligada a uma compreensão da constituição
social da
humanidade. Ele
estudou o povo
Dogon e procurou
projetar edifícios e
objetos que
refletissem e
5 – Amsterdam Orphanage, Aldo van Eyck 1960
formassem os
padrões de vida dessas pessoas. A abordagem de Van Eyck
destaca as dimensões políticas e morais da disciplina e
sugere que a arquitetura pode ser vista como algo mais do
que apenas uma arte visual. Alguns historiadores e teóricos,
como Norman Bryson, têm se concentrado nos aspectos
socioculturais das artes visuais em vez dos elementos
visuais em si. É importante considerar como as
considerações políticas e morais moldaram a nossa
compreensão da arquitetura.

Os desenvolvimentos intelectuais nas humanidades


foram amplamente influenciados pelo pensamento francês.
O estruturalismo, embora tenha suas origens no trabalho
do linguista suíço Ferdinand de Saussure, é amplamente
francês exportado para todo o mundo.
Depois explica o que é o existencialismo e o
estruturalismo. O existencialismo na França, sob o legado
de Jean-Paul Sartre, equilibrou de maneira instável os
aspectos morais e políticos da vida humana. O que pode ser
encontrado de particular interesse no pensamento
existencialista e que é particularmente relevante para nossa
investigação é sua dimensão estética.

O existencialismo é um movimento filosófico que


enfatiza a singularidade e o isolamento da experiência
individual em um universo hostil ou indiferente e considera
a existência humana fundamentalmente absurda. Ele
sustenta que a liberdade individual é o aspecto mais
importante da existência humana e que as escolhas feitas
por um indivíduo podem moldar sua vida e o mundo ao seu
redor. Jean-Paul Sartre foi um filósofo e escritor francês
considerado uma das principais figuras do pensamento
existencialista do século XX. Søren Kierkegaard foi um
filósofo e teólogo dinamarquês considerado o fundador do
existencialismo. Seu trabalho enfocou o relacionamento do
indivíduo com Deus e o conceito de fé em uma sociedade
secular.
Pelo contrário, o estruturalismo é uma estrutura
teórica nas ciências humanas e sociais que se concentra nas
estruturas subjacentes que moldam o conteúdo e a forma
da expressão, comunicação e significado humanos. Baseia
se na ideia de que existem padrões e estruturas
sistemáticas que fundamentam a maneira como pensamos,
nos comunicamos e entendemos o mundo ao nosso redor.
Os estruturalistas acreditam que esses padrões e estruturas
não são imediatamente visíveis, mas podem ser descobertos
por meio de análise e interpretação cuidadosas de textos,
linguagem e outras formas de expressão.

Parece que Kierkegaard e Sartre acreditavam que uma


vida autêntica, ou viver de maneira fiel aos próprios valores
e crenças, é um aspecto importante de uma vida
significativa e gratificante. Ambos também usaram a
literatura e outras formas de expressão artística para
explorar e desenvolver ainda mais suas ideias filosóficas.
Sartre, em particular, era conhecido por usar a literatura e
o drama para transmitir suas ideias filosóficas, e suas peças
e romances tiveram uma influência significativa na maneira
como sua filosofia é compreendida e interpretada. É possível
que o uso de formas de expressão literárias e artísticas
tenha tornado suas ideias filosóficas mais acessíveis e
relacionáveis a um público mais amplo, além do âmbito
acadêmico.

Segundo Kierkegaard e Sartre, a essência da existência


humana é a liberdade. Enquanto outros seres do mundo
natural têm seus comportamentos e modos de vida
determinados por sua natureza, os humanos nascem com a
capacidade de escolher a vida que levarão e as ações que
realizarão. Esta liberdade de escolha significa que cabe a
cada um decidir como vai viver a sua vida e que valores e
compromissos vão adotar.

Sartre criticava a classe burguesa, que ele via como


aceitando passivamente uma vida de conformidade e
servilismo, em vez de escolher ativamente seu próprio
caminho na vida. Ele acreditava que uma vida autêntica, ou
viver de acordo com os próprios valores e compromissos,
era um modo de vida mais valioso e significativo.

As ideias de Kierkegaard e Sartre sobre autenticidade


e liberdade foram influentes na formação de nossa
compreensão da existência humana e da importância da
escolha individual. É possível que essas ideias sejam
relevantes ao considerar o papel da arquitetura em moldar
a vida e as experiências das pessoas. A arquitetura pode
criar ambientes que apoiem ou dificultem a capacidade dos
indivíduos de viver de acordo com seus próprios valores e
compromissos, e pode influenciar as maneiras pelas quais
as pessoas interagem e se envolvem com o mundo ao seu
redor.

O trabalho posterior de Sartre tentou fundir a filosofia


existencialista com ideias marxistas sobre ação coletiva e
resistência à opressão. Ele acreditava que as pessoas
poderiam usar sua liberdade para fazer escolhas coletivas e
agir em solidariedade com os outros para desafiar a
autoridade e o poder daqueles que procuram reprimi-los.
Essa ideia de usar a liberdade e o arbítrio para engajar-se
na resistência política e no ativismo teve uma influência
significativa sobre artistas e arquitetos, que podem
procurar usar seu trabalho para desafiar o status quo e
aumentar a conscientização sobre questões sociais e
políticas.

A Internacional Letrista (IL) e a Internacional


Situacionista (IS) eram grupos de artistas, intelectuais e
ativistas políticos que buscavam usar a arte e a cultura
como meio de promover
mudanças sociais
radicais. A IL foi
formada como uma
reação ao domínio do
movimento
surrealista e produziu
6 – Panfleto da IL
uma revista chamada
Potlatch.

A Internacional Situacionista foi formada por um


grupo de indivíduos, incluindo Guy Debord, Asger Jorn e
Raoul Vaneigem, que desenvolveram os conceitos de
"situação construída" e "derivar" como estratégias para
transformar a vida cotidiana.

A "situação
construída" refere-se
a um momento da
vida que foi
deliberada e
intencionalmente
criado por meio da
7- Deriva situacional por Guy Debord em (IS)
organização coletiva
de um ambiente e de uma série de eventos.
A "deriva" envolveu vagar pelas ruas da cidade e se
envolver com pessoas e lugares desconhecidos para
descobrir novas formas de vida e interação social. O
Détournement, outro conceito desenvolvido pela
Internacional Situacionista, envolvia a apropriação e
reutilização de elementos da arte e da cultura do passado
com o objetivo de promover os ideais do grupo. Este grupo
foi influenciado por ideias existencialistas e marxistas e
eram conhecidos pela sua postura anticapitalista e a sua
defesa do urbanismo.

A Internacional Situacionista teve uma influência


duradoura na cultura moderna, inclusive na música punk e
na arte do suas ideias continuam a influenciar as discussões
sobre arquitetura e planejamento urbano.

Essas ideias e estratégias da Internacional Letrista e


da Internacional Situacionista influenciaram o pensamento
e a prática arquitetônica, particularmente no foco no uso da
arquitetura para transformar e melhorar a vida cotidiana e
na ideia de usar o ambiente construído para facilitar a
interação social e encontro.
Conclusão:
Em resumo, ao longo de todo o livro Edward Winters,
faz um bom trabalho em expor a situação sociocultural em
que se encontra, os vários tipos de ideologias existentes e
contexto histórico das mesmos, conseguimos também
comutar uma ligação entre o situacionismo e a arquitetura
onde são desenhados edifícios que promovem experiências
autênticas e significativas e no uso de elementos de design
modulares e adaptáveis para criar espaços que são
responsivos às necessidades e desejos das pessoas que os
usam. Incentivando os indivíduos a se envolverem
ativamente com o mundo ao seu redor.
Bibliografia:
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.176/5458
https://academic.oup.com/jaac/article/66/3/305/5979626?login=tru
e
https://libeskind.com/work/london-metropolitan-university-
graduate-centre/
https://csarrangel.medium.com/o-movimento-situacionista-
5cba6a56ef10
https://www.revistapunkto.com/2018/04/a-deriva-na-
internacional-letrista-para_6.html
https://www.archdaily.com.br/br/01-108938/classicos-da-
arquitetura-amsterdam-orphanage-slash-aldo-van-eyck

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