Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1.1 Introdução
Todo arquiteto, como também todo estudante de arquitetura, já se convenceu ( ou, deveria ter se
convencido) da importância do conhecimento estrutural para a sua formação, mesmo que a
aquisição de tais conhecimentos seja complexa.
Por outro lado, o conhecimento do engenheiro nas áreas sociológica, estética e do planejamento é
tão limitado quanto o do arquiteto com respeito às matérias técnicas.
A chamada Arquitetura Moderna deu lugar a criações das mais ousadas e originais e, por vezes,
excêntricos tipos estruturais. Sob este aspecto, têm surgido discussões e debates de opiniões,
nem sempre uniformes entre engenheiros e arquitetos, uns com aprecia es sob o ponto de vista
estrutural e outros sob o aspecto da arquitetura. Entre as questões sobre as quais divergem esses
profissionais, uma das mais importantes resume-se na indagação: uma edificação deve ser
dependente da estrutura ou o projeto estrutural deve adaptar-se às mais livres concepções
arquitetônicas? Inicialmente, de uma forma simplista, os dois profissionais estão diante de um
único problema que é o projeto de uma edificação. Normalmente surgem diferenças relativas à
própria formação de cada um e sua interação é importante, contribuindo assim, para soluções
melhores e mais adequadas.
Ao se abordar os aspectos necessários ao interesse daqueles que projetam ou constroem os
espaços, deve-se observar as diferenças de formação e experiências de cada um no que diz
respeito tecnologia construtiva. O sucesso do empreendimento está acima de todo e qualquer
interesse, pois o conhecimento sobre estruturas importante é para aqueles que (SALVADORI,
1990):
• amam as edificações e querem saber porque se mantém em pé;
• sonham em projetar edificações e querem que se mantenham em pé;
• tendo projetado edificações, querem saber porque têm se mantido em pé.
Para se entender bem a estreita ligação entre Engenharia e Arquitetura, deve-se estar atento para
o fato de que novos Sistemas Estruturais oferecem a possibilidade de criação de novas
Expressões Arquitetônicas que, por sua vez, exigem novos Sistemas Estruturais, formando um
círculo interminável que vem permitindo a evolução tanto da Engenharia como também da
Arquitetura através dos tempos.
Página 1 de 4
Teatro Villa-Lobos - São Paulo
Alfred Willer
"Não se admite mais que hoje se faça um anteprojeto e não se localizem os elementos estruturais,
ou seja, o projeto arquitetônico e o estrutural estão ligados, pois quem propõe a estrutura e quem a
viabiliza e a dimensiona é o engenheiro. Logo, o arquiteto tem que ter uma boa experiência de
como funciona a estrutura.
O objetivo da cadeira Sistemas Estruturais no curso de Arquitetura não é tornar o Arquiteto um
calculista, mas fazer os estudantes entenderem como funciona uma estrutura, conhecer as várias
opções estruturais e propor, dentro do projeto arquitetônico, uma solução viável".
"A trilogia função, técnica e plástica é Arquitetura. Não é possível criar um espaço sem saber as
técnicas e instalações necessárias para que se desempenhe todas as funções satisfatoriamente.
As técnicas que têm que servir a esta função não são influência sobre a Arquitetura e sim a própria
Arquitetura".
"Os elementos técnicos mais expressivos na Arquitetura são, em geral, as suas estruturas. A
estrutura define e estabelece o espaço arquitetônico. Cada arquiteto acaba por desenvolver um
modo particular de expressão estrutural. Pessoalmente acho que se devem evitar excessos e
buscar sempre uma coerência nas decisões usando técnicas adequadas para cada caso. Ou seja,
usar vãos maiores somente quando necessário e quando não houver necessidade de flexibilidade
ou grandes vãos, procurar soluções estruturais mais simples. Seria algo como uma”composição
estrutural" onde cada espaço tem uma solução mais sintonizada com as suas necessidades e o
conjunto se expressa como um todo coerente e composto."
Página 2 de 4
Prof. Luiz Algemiro Cubas Guimarães
SISTEMAS ESTRUTURAIS I (AU 015)
MÓDULO 1 – INTEGRAÇÃO HARMÔNICA DO
ESPAÇO ESTRUTURAL AO ESPAÇO
ARQUITETÔNICO
Oscar Niemeyer
Lúcio Costa
"Enquanto satisfaz apenas as exigências técnicas e funcionais - não é ainda Arquitetura; quando
se perdem intenções meramente decorativas - tudo não passa de cenografia; mas quando -
popular ou erudita - aquele que a ideou, pára e hesita, ante a simples escolha de um espaçamento
de pilar ou da relação entre a altura e a largura de um vão, e se detém na procura obstinada da
justa medida entre cheios e vazios, na fixação dos volumes e subordinação deles a uma lei, e se
demora atento ao jogo dos materiais e seu valor expressivo - quando tudo isto se vai pouco a
pouco somando, obedecendo aos mais severos preceitos técnicos e funcionais, mas, também,
àquela intenção superior que seleciona, coordena e orienta em determinado sentido toda essa
massa confusa e contraditória de detalhes, transmitindo assim ao conjunto, ritmo, expressão,
unidade e clareza - o que se confere à obra o seu caráter de permanência: isto sim é Arquitetura".
Porém, todos os objetos operam e/ou manifestam-se através de sua FORMA, ou seja, a forma no
domínio físico é a distribuição da substância do objeto em três dimensões, ou mesmo, é a
geometria do objeto. Portanto, as formas sempre têm uma FUNÇÂO, ou seja, a preservação da
forma é um pré-requisito para a perpetuação da função.
Cada forma material, ou seja, o próprio objeto representado pela forma, está inevitavelmente
exposto à ação de forças gravitacionais (peso). Outras forças surgem de acordo com sua função,
com sua característica e finalmente das condições do ambiente.
Página 3 de 4
Podemos então afirmar, que a existência de um objeto e sua forma está necessariamente
condicionada à condição de suportar àquelas forças. Então, o objeto repousa sobre sua
capacidade de “suportar” forças de vários tipos, onde a consistência que confere esta capacidade
é a ESTRUTURA.
Finalmente, afirmamos (sem nenhum receio) que: somente através de suas estruturas, as formas
materiais do meio permanecerão intactas, e somente assim poderão exercer suas funções
específicas.
Página 4 de 4