Você está na página 1de 13

ÍNDICE

MANUAL DO CURSO DE FORMAÇÃO DE TÉCNICOS


EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS Apresentação 3
Noções de arquitetura e engenharia 4
T.T.I.
Escalas 6
Carimbos, símbolos, convenções 6
Normas técnicas 9
Programação/planejamento de obras 10
DESENHO ARQUITETÔNICO
Estudos preliminares e anteprojetos 12
E Projetos de residências 14
NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL Instalações 16
A obra e o projeto 21
Segurança e medicina do trabalho 25

1 2
APRESENTAÇÃO pormenor em função da unidade última da obra idealizada. A intenção plástica que
semelhante escolha subentende é precisamente o que distingue a arquitetura da
O escritor francês André Moraux¹ definiu a Arquitetura como a “arte de construir sob o simples construção”²
signo da beleza". No entanto, nem sempre foi assim. A necessidade primitiva e inata de
todos os animais de buscarem abrigo não foi diferente com o homem. A chuva, o vento, Lúcio Costa resume vários lustros de pensamento arquitetônico, sintetizando as
o frio, os predadores fizeram com que os primeiros homens, compelidos pelo instinto de numerosas teorias propostas por arquitetos pertencentes à arquitetura moderna, cuja
conservação, buscassem abrigos seguros. teorização engloba também toda a arquitetura produzida anteriormente.

Nos primórdios da formação das civilizações, a noção de habitação não tinha sentido de Quando se pensa em classificação dos diferentes produtos arquitetônicos observados
permanência: as moradias eram transitórias. Este conceito foi se desenvolvendo aos no tempo e no espaço, é muito comum, especialmente por parte de leigos,
poucos e o homem, paulatinamente, passou a cuidar com mais desvelo dos seus diferenciarem os edifícios e sítios através da idéia de que possuem estilos diversos. Isto
abrigos; desenhava nas paredes das cavernas, usava materiais mais duradouros nas reduziria a arquitetura, como profissão, a uma simples reunião sistematizada de regras
construções e, para se proteger, cuidava dos rebanhos recém-domesticados e da compositivas. Esta idéia, apaixonadamente combatida, tornou-se ultrapassada.
agricultura incipiente, paralelamente, ia-se agrupando. Assim, por necessidade de
sobrevivência, passou a ser um animal gregário; logo, um animal social. A arquitetura, pelo menos no plano teórico e acadêmico, passou a ser entendida através
daquilo que efetivamente a define: o trabalho com o espaço habitável. Aquilo que era
À medida que o homem evoluiu, suas construções, além de constituírem refúgio, considerado estilo passou a ser chamado simplesmente de momento histórico ou de
passaram a ser também locais onde desfrutaria de prazer. Sua preocupação não se escola. O estilo deixou de ser um modelo amplamente copiado e passa a ser a
concentrava apenas na proteção: ele queria viver em local que fosse, a um só tempo, expressão das interpretações individuais de cada arquiteto (ou grupo de arquitetos),
seguro, agradável e belo. daquilo que ele considera como arquitetura. Assim, sendo possível falar-se em um estilo
histórico (barroco, clássico, gótico, etc.), também se admite referir ao estilo individual
Das construções eminentemente utilitárias da pré-história, atingiu-se a arquitetura (arquitetura Wrightiana, Corbuseana, etc.).
monumental do Egito e da Mesopotâmia e os estilos arquitetônicos tão peculiares da
Índia, Japão, China ou mesmo das Américas, cada qual com suas particularidades FUNÇÕES DA ARQUITETURA E DA ENGENHARIA
culturais. Do harmônico estilo greco-romano, foi-se ao soberbo do gótico e o barroco na
Idade Média e Renascença. Depois do Neoclássico, chegamos à Arquitetura Em qualquer edificação, o projeto arquitetônico é o primeiro a ser elaborado. Depois
Contemporânea. Com o homem condicionando a construção ao seu conforto e bem- vêm os complementares: fundações, estrutura e instalações. Isto não implica a
estar. Prazer, enfim. existência de projetos mais (ou menos) importantes. Porém, o projeto de Arquitetura,
que dá partida aos demais, merece atenção diferenciada.
A inquietude humana fez da Arquitetura uma arte atuante num campo multidisciplinar
que envolve a matemática, as ciências, a tecnologia, a política, a história, a filosofia, e Por oportuno, convém fixar a função específica de cada profissional envolvido em uma
outros mais. Sendo uma atividade complexa, é difícil concebê-la de forma precisa, já obra:
que a palavra tem diversas acepções e a atividade, diversos desdobramentos e ao arquiteto cabe a função de criar, em forma de projeto, uma obra;
mudanças constantes. No entanto o pensamento do nosso Lúcio Costa desfruta de ao engenheiro compete materializar este projeto em obra.
certa unanimidade:
Em um organograma construtivo, cada profissional tem uma função distinta e muito
"Arquitetura é, antes de qualquer coisa, construção. Porém construção concebida com bem definida. Se, em alguns casos, o arquiteto, em sua imaginação fecunda, cria
o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e formas e espaços arrojados, rompendo o convencional com desafio às leis da
visando a determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e gravidade, cabe ao engenheiro, por ter conhecimentos sobre matemática e resistência
expressar-se, ela se revela igualmente e não deve se confundir com arte plástica, dos materiais, romper os desafios impostos pelo arquiteto e encontrar soluções que
porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto, desde a permitam transformar o sonho em realidade. Ou seja: ambas as funções iniciam-se no
germinação do projeto, até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso anteprojeto e terminam no momento da obra ser ocupada, com maior ou menor
específico, certa margem final de opção entre os limites - máximo e mínimo - participação de cada um em distintas etapas do processo criador.
determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio,
reclamados pela função ou impostos pelo programa, - cabendo então ao sentimento A harmonização das funções e o respeito profissional mútuo têm nos últimos tempos
individual do arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher na escala dos feito tanto a Arquitetura quanto a Engenharia dar saltos extraordinários, seja no aspecto
valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada qualitativo seja no quantitativo, pois são profissões afins, que se complementam.

¹ André Moraux - (Paris, 3 de novembro de 1901 — Créteil, (23 de novembro de 1976) Grande escritor francês e
celebrado pensador europeu, muito reverenciado por Hannah Arendt. Considerava Oscar Niemeyer um dos ² COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa, Registro de uma
maiores arquitetos do mundo, e dizia que "toda arte é uma revolta contra o destino do homem". vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608 p.il.

3 4
Escalas Quando o desenho deve ser igual ao objeto desenhado tem-se a escala real: sempre
1:1 (lê-se um por um).
Quem pretender ler um projeto de arquitetura ou mesmo fazê-lo, precisará conhecer a
escala do projeto ou definir aquela com a qual irá trabalhar. Para o presente estudo, por Tem-se ainda a escala gráfica: um segmento de reta é seccionado em várias partes
escala compreenderemos a relação matemática entre as dimensões do objeto no real e iguais, obedecendo, naturalmente, a um plano de desenho previamente estabelecido.
as do desenho que o representa em um plano ou um mapa. A escala é elemento As escalas gráficas também podem ser empregadas para ampliar, reduzir ou
essencial do mapa, juntamente com as convenções cartográficas, a legenda, a reproduzir, no desenho, o objeto em seu tamanho real. As escalas gráficas são sempre
orientação e a fonte. partes ou múltiplos do metro, ou de outro sistema de medida previamente estabelecido.
Em Arquitetura, são muito usadas as escalas 1: 20, 1:50, 1:100 e 1:200.
As escalas são expressas na forma de proporção por uma fração: o numerador indica o
valor do representado no plano e o denominador o valor da realidade. Uma escala Carimbos, símbolos, convenções e cotas
1:100.000 lê-se: escala um por cem mil, o que significa dizer que a superfície
representada foi reduzida em 100 mil vezes. Ou seja, a escala é definida pela fórmula: E No desenho técnico estão sempre presentes os carimbos, símbolos, convenções e
= d/D, onde E é a escala; d, a distância na projeção; D, a distância real. cotas.

Carimbos - São normatizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)


e devem conter essencialmente as seguintes informações: endereço da obra, autor do
projeto e responsável técnico, proprietário, nome do desenho, (planta baixa, cortes,
fachada, etc. isto para obras de construção civil), escala, desenhista, data e/ou outra
informação que se fizer necessária a uma pronta identificação do projeto. Responsável
Técnico (R.T.) é o profissional legalmente habilitado e responsável pela edificação de
uma obra.

A escala pode ser apresentada de duas maneiras distintas: escala gráfica


(representada por um gráfico); ou escala numérica (representada por números). No que
diz respeito às transações imobiliárias, a escala mais comum é a de redução: quando o
objeto é muito grande e não temos como representá-lo graficamente. Se precisarmos
representar uma casa, uma cidade, um navio, um país, uma galáxia, etc., o desenho
será menor que o objeto, e teremos, por exemplo, a representação 1: 2 (lê-se um por Modelo de carimbo, em seu tamanho padrão (A4).
dois), ou seja, o desenho é a metade do objeto desenhado; 1: 5 (lê-se um por cinco), e
assim sucessivamente. No desenho de uma cidade, a escala comumente usada é de 1:
1.000 (lê-se um por mil), ou seja, o desenho é mil vezes menor que a cidade³.
Inversamente, com insetos, peças de relógio ou detalhes construtivos, usam-se escalas
de ampliação, e a representação será o contrário da escala de redução: 2:1 (lê-se dois
por um), o desenho é duas vezes maior que o objeto; 10:1 (lê-se dez por um), o desenho
é dez vezes maior que o objeto, e daí por diante.
³ Oberg ressalta que o desenho de arquitetura, por sua natureza, só utiliza escalas de redução. OBERG, L.
Desenho Arquitetônico, Ao livro Técnico, Rio, RJ , 1973 pág. 11

5 6
Símbolos e Convenções Já as instalações prediais requerem nomenclatura e convenções próprias. As mais
usuais são as seguintes:
São elementos gráficos utilizados para maior clareza ou simplicidade do projeto. Por
exemplo:

Existem, ainda, convenções específicas para outros tipos de instalações. É importante


saber que, como nos projetos o campo de criação é livre, os símbolos e convenções
também podem ser enriquecidos.

Cotas
São as linhas de chamadas indicativas das dimensões do objeto desenhado, sejam
estas dimensões horizontais (planta) ou verticais (corte). As cotas são sempre em
metro; se inferiores a um metro, usa-se simplesmente o número indicativo.
Por exemplo: 80,00 (oitenta metros)
ESC. 1:500
Em Arquitetura usamos diferentes tipos de linhas e convenções. X_____________________________,x
1 ,60 (um metro e sessenta centímetros)
ESC. 1:10
X______________,x
40 (quarenta centímetros)
ESC.1:2,5

Usa-se ainda outro tipo de cota, que é a indicativa de altura. Tendo como parâmetro um
nível zero, todas as cotas acima daquele nível terão suas cotas positivas e, as abaixo,
negativas. Por exemplo:
Figura 004
Por exemplo:
80,00 (oitenta metros)

ESC. 1:500
X_____________________________,x
1 ,60 (um metro e sessenta centímetros)
ESC. 1:10
X______________,x
40 (quarenta centímetros)
ESC.1:2,5

7 8
No Desenho Técnico são mais usados: os carimbos, os símbolos, as convenções e as Normas ISO
cotas. Os carimbos devem conter: endereço, autor e responsável, nome do desenho,
escala, desenhista, data ou outra informação importante. Os símbolos e as convenções A ISO (International Organization for Standardization) é uma organização mundial que
são elementos gráficos utilizados para maior clareza ou simplicidade do projeto. As reúne normas de cerca de 130 países (contando com 91 países membros). Trata-se de
cotas são as linhas indicativas das dimensões do objeto desenhado. entidade não governamental, estabelecida desde 1947 e que tem a missão de
promover o desenvolvimento dos sistemas normativos e demais atividades
NORMAS TÉCNICAS relacionadas, visando facilitar o intercâmbio internacional de mercadorias e serviços,
além de desenvolver a cooperação nas esferas intelectuais, científicas, tecnológicas e
As normas técnicas simplificam a crescente variedade de procedimentos e produtos, econômicas, com o fim de promover normas e padrões internacionais. Suas normas
eliminando desperdício e retrabalho e facilitando troca de informações entre fornecedor são compostas de subdivisões, sendo bastante conhecidas as da série 9000 (série de
e consumidor ou entre clientes internos. Outra finalidade importante de uma norma cinco padrões internacionais para Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade).
técnica é a proteção ao consumidor, especificando critérios e requisitos que aferem o
desempenho do produto/serviço, protegendo assim também a vida e a saúde. PROGRAMAÇÃO/PLANEJAMENTO DE UMA OBRA

Normas ABNT Em qualquer edificação, de maior ou menor complexidade, é imprescindível obedecer a


Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade uma escala de trabalho preliminar, antes mesmo de se assentar o primeiro tijolo na obra.
privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Foro Nacional de Normalização e Esta etapa que precede o início real da obra denomina-se fase de programa da obra,
responsável pela normalização técnica necessária ao desenvolvimento tecnológico. que tem início com os contatos do profissional responsável pelo projeto para captar os
Cumpre-lhe: desejos do cliente e determinar diretrizes para o início de seus trabalhos.

a) promover a elaboração de normas técnicas e fomentar seu uso nos campos Em nossa sociedade, eminentemente tecnocrata e mercantilista, a palavra chave hoje é
científicos, técnico, industrial, comercial, agrícola, de serviços e correlatos, mantendo- planejamento. Em Arquitetura, o programa sempre foi uma constante, hoje, mais do que
as atualizadas, apoiando-se, para tanto, na melhor experiência técnica e em trabalhos nunca, é uma etapa indispensável. Subordinamos todas as nossas atividades
de laboratório; produtivas ao planejar, com o objetivo de afluir maior lucro e menor dispêndio de tempo
e trabalho.
b) incentivar e promover a participação das comunidades técnicas na pesquisa, no
desenvolvimento e difusão da normalização do país; Como já foi dito, em Arquitetura planejar tem o significado próprio de programar, isto é,
definir o tipo de espaços da obra, condicionado, naturalmente, a diversos fatores. Em
c) representar o Brasil nas entidades internacionais de normalização técnica e delas uma residência, os espaços são definidos pelo número de quartos, banheiros, vagas na
participar; garagem, quartos de empregadas, salas, varandas, etc.

d) colaborar com organizações similares estrangeiras, intercambiando normas e De posse da definição desses espaços e associando-os a outros solicitados pelo cliente
informações técnicas; (área desejada, recursos disponíveis, número de pavimentos) e, levando - se em
consideração, também, outros fatores tais como clima, aeração, insolação, estilo e
e) conceder, diretamente ou por meio de terceiros, Marca de Conformidade e outros topografia, o arquiteto inicia o trabalho da transformação do programa na ordenação de
certificados referentes à adoção setorial vigente; espaços, interrelacionando-os em suas diferentes funções. Em uma residência, há
zonas distintas, como área íntima a social e a de serviço, que devem estar interligadas.
f) prestar serviços no campo da normalização técnica; Porém, não deve haver interferência de uma nas funções da outra.

g) intermediar, junto aos poderes públicos, os interesses da sociedade civil no tocante Em um programa bem simples para uma residência temos as seguintes áreas:
aos assuntos de normalização técnica. Íntima: quartos, banheiros, sala íntima;
Social: sala, varanda, lavabo, piscina, escritório e garagem,
A ABNT é a representante no Brasil da Organisation Internationale de Normalisation e Serviço: área de serviço, cozinha, copa, dependência de empregada e despensa.
da International Organization for Standardization, entidades de normalização
internacional. Vejamos como as áreas se interligam em um novo organograma, agora mais completo:

9 10
Toda obra exige um planejamento que vai desde o momento dos primeiros contatos,
que chamamos de fase de programa da obra, até a sua concretização. O objetivo deste
planejamento é o de obter maior lucro, com o menor dispêndio de tempo e trabalho. Os
espaços da obra são definidos levando-se em consideração fatores tais como: clima,
aeração, insolação, estilo e topografia.

Estudo Preliminar e Anteprojeto

Superada a etapa denominada “Programa”, passa-se à fase seguinte, com especial


atenção para a ordenação das proporções e suas medidas.

O que vem a ser estas preocupações?

Ordenar proporções é cuidado que todo projetista deve ter. As diferentes dependências
devem ter suas áreas proporcionais de tal forma que não surjam disparates como, por
exemplo, uma cozinha com 150m2 e um living com 30m2.

As proporções devem ser ordenadas de tal maneira, que o acréscimo de área em uma
dependência não implique o sacrifício na funcionalidade de outra.

As inúmeras possibilidades existentes na ordenação dos espaços e suas


interdependências são exploradas pelo arquiteto de forma simples e consciente, na
elaboração de vários croquis que propiciam o aprimoramento de soluções, resultando
em um projeto ideal, tanto na concepção arquitetônica quanto nas aspirações do
proprietário.

Da fase preliminar ao alcance do ideal, a fase seguinte – anteprojeto - destina-se a dar


Observando o organograma acima, podemos tirar algumas conclusões: 1) os três maior consistência ao estudo preliminar. Aqui, a preocupação é com as dimensões, as
setores - íntimo, social e de serviço - estão bem definidos; 2) os três setores se proporções e relações entre os espaços e áreas, constantes em todas as fases deste
interligam sem se interporem; 3) as ligações apresentadas não são definitivas, pois, ao processo criador. Nesta etapa deve-se ter a definição esquemática do sistema
estudá-las, podemos apresentar outras inúmeras variações, de acordo com as estrutural e de instalações, além de todos os outros fatores já determinados,
conveniências do proprietário e o partido do arquiteto, inclusive com o acréscimo de anteriormente como orientação quanto ao sol, vento, acesso, topografia, custos, etc.
novas dependências, e 4) no organograma, não foram estabelecidas áreas para Outros aspectos importantes se relacionam ao pé direito (altura de cada pavimento),
corredores ou escadas, uma vez que estes aparecem naturalmente no espessura de paredes e cobertura. Nesse momento, alguns detalhes construtivos já
desenvolvimento do projeto. É bom que se diga que os corredores, tão condenados começam a ser delineados bem como os de acabamento. Nesta fase, a comunicação
pelos leigos, fazem-se necessários como elementos de ligação. Ao dispensá-los, arquiteto/proprietário deve ser constante, pois é o momento em que serão
condicionamos que uma das dependências da obra assuma tal função, comumente a definitivamente cristalizadas as aspirações de desejos do proprietário na forma de um
copa e a sala, com sérios prejuízos à privacidade e à funcionalidade da obra. projeto.

Concluída esta etapa, o arquiteto, através de informações da família, capta as Resumindo: Superada a fase de programa da obra, passa-se a outras preocupações
necessidades comuns e os desejos individuais divergentes, além das condições como estudo preliminar, que cuida da ordenação das proporções e medidas do projeto.
socioeconômicas e culturais daquela família, e passa às etapas que veremos, a seguir. Ordenar proporções e cuidar para que as diferentes dependências de um projeto
tenham suas áreas proporcionais. A fase seguinte, a do anteprojeto, destina-se a dar
Com relação à complexidade ou simplicidade de um programa, citamos o arquiteto maior consistência aos estudos já feitos, sendo fundamental, nesta etapa, a
Ernest Neufert em seu livro “Arte de Projetar”: “Os processos da vida, que na casa comunicação arquiteto/proprietário, pois desta comunicação sairá.
mínima se desenvolve num só compartimento, subdividem-se cada vez mais, de acordo
com as necessidades e situação econômica até chegar ao palácio no qual para cada Projeto - Antes de dar prosseguimento ao projeto, é necessário que o programa, o
função, dispõe-se de zonas com forma, localização e dimensões apropriadas. A estudo preliminar e o anteprojeto sejam exaustivamente trabalhados, evitando dúvidas
subdivisão é condicionada, por sua vez, pela relação ou dependência de umas zonas nesta fase final. Mas, atenção! Isto não significa que o projeto não possa receber
com outras”. alterações ou sugestões. Ao contrário, pois há a participação direta de outros
profissionais nas áreas da estrutura, fundações e instalações. O trabalho já é
Resumindo, vale destacar: conclusivo, porém se ocorrer algum problema, é preferível refazer as atividades,

11 12
mesmo na fase do projeto, do que uma obra que não atenda ao esperado. É sempre 10) Planta baixa: no projeto, é normalmente o desenho que recebe a maior carga de
melhor refazer o projeto do que demolir paredes, pois o custo, o dispêndio de trabalho e informações. A ideia que se faz de uma planta baixa é aquela que estando em um ponto
o tempo são muito menores. determinado no alto, olhamos para baixo, vemos a obra seccionada em um plano
horizontal na altura média de 1 m a 1,50m. No desenho da planta baixa são definidas as
Elementos do Projeto - Vejamos, agora, cada elemento constitutivo de um projeto de dimensões em tamanho real obedecendo às escalas do projeto, dos diversos
arquitetura: compartilhamentos suas interligações (circulação), suas medidas (cotas), suas
aberturas (portas e janelas), distribuição de louças nos banheiros, pias e tanques na
1 - Situação: estudo da edificação no contexto da cidade, do bairro e da rua, necessário cozinha e área de serviço, como outros elementos que facilitem o projeto de
para verificações no zoneamento das posturas permitido para a região pela instalações, indicação dos acabamentos do piso, parede e teto (especificações),
administração pública, a fim de que o projeto seja compatível com a legislação em vigor armários, etc. As escalas ideais para o projeto da planta baixa são de 1:50 e 1:100,
e, portanto, a obra receba o alvará de construção e, posteriormente, a carta de "habite- sendo que os detalhes terão as escalas compatíveis com o grau de ampliação que se
se". deseja. As cotas são sempre dadas em metro ou seus submúltiplos (centímetro ou
Outros aspectos a serem considerados no estudo do projeto e concernente à situação milímetro).
são os equipamentos públicos e comunitários disponíveis na região, tais como: rede de
água e esgoto, energia elétrica, iluminação pública, telefone, acessos (ruas), benefícios 11) Cortes - como vimos no estudo da planta baixa, o processo passa no sentido vertical,
destes acessos; como por exemplo, asfalto, paralelepípedos, transporte coletivo, por meio de um plano. Para efeito de corte, o principio é o mesmo da planta baixa
escolas, comércio, unidades de saúde e lazer, etc. executando-se o seccionamento no sentido vertical.

2 – Locação: Identificada a situação do terreno no contexto urbano, cabe ao projetista o 12) Fachadas - como o próprio nome já sugere, fachada é aquilo que está na frente. A
estudo do terreno propriamente dito, isto é, a locação da obra. Nesta fase, analisam-se planta baixa trata do interior; a fachada é a exteriorização do projeto, é a forma que a
a altimetria (a inclinação ou não do terreno); obra adquire. No momento em que a fachada é imaginada, a posição do observador
(arquiteto) é aquela em que ele não vê esta fachada em uma sucessão de planos como
3- Orientação: posicionamento da obra em relação ao sol e aos ventos predominantes; vemos naturalmente (perspectiva), mas ela é idealizada em um único plano, como uma
forma achatada.
4 - Afastamento (posicionamento da obra em relação às divisas do lote); o Código Civil
estabelece que, havendo abertura (janelas ou portas), o afastamento mínimo para o lote A concepção de qualquer parte de um projeto não se faz isoladamente, mas é um
do vizinho é de 1,50m; não havendo, a obra poderá ser edificada na divisa do lote. conjunto de soluções. O arquiteto, no momento em que concebe a planta baixa, já está
definindo também a cobertura, os cortes e as fachadas. Para estas, ele usará as
5 Forma: a tendência atual é de lotes retangulares, o que facilita as soluções aberturas de janelas e portas, os diferentes planos com recuos ou saliências das quais
arquitetônicas, contudo, lotes irregulares não são fatores que inviabilizem um bom advirão os efeitos de perspectiva, bem como a sensação de luz e sombra. As alterações
projeto. cromáticas obtidas pelos elementos de acabamento tais como revestimento, alvenaria,
estrutura ou pintura, são ferramentas valiosas para a criação de uma fachada graciosa,
6) Dimensões: A Lei Federal que disciplina o uso do solo urbano estabelece as o que não significa dizer que o uso abusivo de elementos venha trazer soluções ideais.
dimensões mínimas para um lote. Entretanto, é facultado a cada município dispor de
legislação própria. Deve-se ainda considerar que, em função dos zoneamentos, os PROJETOS DE RESIDÊNCIA
lotes poderão ter definida uma taxa de ocupação máxima e mínima em relação à área
edificada, como também à altura da edificação (cota de coroamento). Classificação

7) Valor do lote: este fator deverá ser tratado com grande seriedade pelo arquiteto, pois É importante estabelecer certos critérios classificatórios porque, em caso de
poderá ocorrer a situação esdrúxula de o lote valer mais que a obra, ressalvadas, financiamentos, as normas disciplinadoras tratam de forma diferenciada cada tipo de
naturalmente, as exceções. habitação. As moradias podem ser classificadas quanto ao tipo e quanto à edificação.

8) Solo: é importante também verificar as características do solo, quanto a pedras, Quanto ao tipo: habitação unifamilíar (constituída de, no mínimo, um quarto, uma sala,
cascalhos, argila, areia, etc. A constatação superficial de alguns destes elementos um banheiro, uma cozinha e área de serviço coberta e descoberta); habitação popular
poderá de alguma forma, influenciar o projeto. Já para efeito de fundação, a sondagem (tem as mesmas características da habitação unifamiliar podendo, contudo, ter até três
é que delimita o tipo de projeto a ser adotado na fundação. dormitórios), e habitação residencial (a que possui área com mais de 68m (Código de
Obras de Brasília) Alguns códigos de edificações estabelecem um coeficiente para
9) Cobertura - como o próprio nome já sugere, tem por finalidade cobrir a edificação, classificar as residências, são os chamados de leito e referem-se â relação existente
protegendo-a das intempéries climáticas, vento, sol, chuva, etc. Para isso, deve ter entre a área total da residência e o número de leitos para as residências populares que
isolamento térmico e a propriedade de estanqueidade, (neologismo que significa deve ser igual ou inferior a 10 (dez).
estanque, hermético, "sem vazamento” e ser indeformável, resistente, leve (não
absorver peso) e permitir o fácil escoamento da água, com secagem rápida.

13 14
Classificação quanto à edificação: As residências classificam-se quanto á combinação o nome genérico de concreto armado) e de metal (estrutura ideal para
edificação em isoladas (separadas umas das outras); geminadas (ligadas por uma grandes obras ou para obras padronizadas; é uma estrutura limpa, rápida e de baixo
parede comum), em série (construídas em sequência; subdividem-se em transversais e custo quando em grande quantidade).
paralelas ao alinhamento predial); conjuntos residenciais (agrupamentos de moradias Em decorrência da exigência de mão-de-obra mais especializada e, portanto, mais
que têm no mínimo 20 unidades isoladas e/ou prédios de apartamentos, dependendo cara, a indústria da construção civil, numa posição terceiro-mundista, tem oferecido no
do programa habitacional) e edifícios (edificações de dois ou mais pavimentos Brasil grande resistência ao emprego da estrutura metálica. Em contrapartida, a
destinados a residência, comércio ou ás duas finalidades (mista). Cada projeto para indústria siderúrgica nacional, face à reduzida procura, não tem investido no seu
edifício deverá seguir normas próprias em função de seu zoneamento, destinação, desenvolvimento tecnológico e mercadológico, criando-se assim um círculo vicioso:
altura, número de unidades, além das legislações específicas do município. Contudo, não desenvolve porque não vende; não vende porque não desenvolve.
em todo e qualquer edifício deverá sempre existir preocupação constante quanto aos
acessos verticais (escadas e elevadores), definidos por normas próprias, proteção INSTALAÇÕES
contra incêndio, estacionamento (mínimo 25m /veículo), coleta de lixo, etc.) Qualquer
núcleo habitacional deverá ser servido de todos os complementos necessários ao seu De todos os confortos que as instalações domiciliares nos oferecem, o sistema de água
pleno funcionamento, tais como comércio, escola, lazer, serviços públicos, etc., potável é, sem dúvida, o mais importante. Podemos ficar sem energia elétrica ou
naturalmente mantendo as devidas proporções em relação ao número de usuários e à telefone por alguns dias e o transtorno será relativo, contudo, sem água, ele será total.
legislação de cada município. Não entraremos em detalhes de onde vem a água potável que chega até nossa
residência, pois cada cidade tem um fornecimento próprio. Numa residência, o
Fundação e Estrutura consumo médio diário por pessoa é de aproximadamente 150 litros de água; em locais
de trabalho o consumo atinge 50 litros por pessoa e, em restaurantes, devem ser
Elaborados os projetos de Arquitetura e Estrutura, cabe ao proprietário/ construtor dar calculados 25 litros por prato servido. Chegando à casa, a água deve ser depositada em
início à obra, a qual deverá estar assentada de tal forma que não venha a tombar ou um reservatório, de preferência superior, pelas razões que exporemos abaixo, e este
afundar no terreno. É neste momento que se realizam as fundações ou, como dizem os reservatório não deve ser inferior ao consumo diário per capita e, também, recomenda-
leigos, o alicerce da obra. E fundação é o processo pelo qual se cria no terreno uma se que não seja superior a três vezes este consumo diário por questões de salubridade.
resistência igual e em sentido contrário ao do peso (ou força) que deverá atuar sobre
ele, para garantir a sustentação da obra. As fundações evitam que a obra tombe pela As caixas d'água são necessárias para:
ação do vento.
a) manter o consumo inalterado em caso de falta d'água;
Quanto à estrutura de uma edificação, equivale ao esqueleto humano. É o sistema b) manter a pressão adequada em todas as peças por meio de uma distribuição
rígido que lhe assegura manter-se de pé, ou seja, é a parte do corpo que recebe todas racional, tendo em vista que o serviço público normalmente fornece a água em canos de
as cargas (peso) próprias ou adicionais, e as transmite para a fundação. Os homens têm 19 mm (314 de polegada) e existem peças que exigem uma tubulação e diâmetro maior
uma série de articulações, que lhes permitem movimentos. Nas edificações também para se obter a vazão necessária com velocidade adequada;
existem estes movimentos, embora mínimos. As juntas de dilatação permitem à obra, c) manter a pressão adequada ao funcionamento dos aparelhos. Por esta razão
movimentar-se em decorrência da variação de temperatura ou outras solicitações. Não recomenda-se o uso de caixa d'água elevada. É comum chuveiro e válvulas de
obstante as semelhanças de funções estruturais, o processo evolutivo de uma e outra descarga não funcionarem ou funcionarem em funções precárias por um
são totalmente diferentes. No reino animal, a evolução foi lenta e gradual e está dimensionamento inadequado da rede, por pressão insuficiente ou, às vezes, por
completa há milhares de anos. O sistema estrutural das edificações, que hoje pressão excessiva;
conhecemos, tem pouco mais de uma centena de anos e só lhe foi possível atingir esta d) as caixas são também responsáveis por uma parcela da purificação da água, pois
maturidade, com o advento de novos materiais construtivos, como o aço e o cimento. E, quando esta se encontra em repouso, as partículas pesadas depositam-se no fundo dos
acima de tudo, com a exploração destes e outros materiais, pelas pesquisas técnicas de reservatórios. Por esta razão, é necessária a limpeza periódica das caixas.
resistência e aplicação dos conhecimentos matemáticos que constituem a alavanca da
evolução da Engenharia nas Edificações. Distribuição interna da água

Tipos de Estrutura O projetista das instalações hidráulicas considerará, para efeito do dimensionamento
de cada ponto de saída ou tomada d'água de uma rede (barrilete), além do consumo
Costuma-se classificar as estruturas, em função do material usado, em estruturas de diário da residência, a vazão ideal para funcionamento, altura da caixa, características
madeira (o tipo mais antigo de estrutura, todavia, em decorrência de sua pequena próprias de cada edificação, acabamento perfeito da peça, bem como o peso (P) que é a
capacidade de vencer vãos e suportar grandes esforços é empregada em obras de edificação, tais como: perdas de carga (diminuição do grau de maior ou menor uso da
pequeno porte. Outros empecilhos à aplicação e difusão da madeira nos tempos peça, em função da pressão da rede) que são causadas pelo diâmetro da tubulação,
modernos são a sua pouca durabilidade, além de, devido à escassez, o seu custo pelo número de conexões (curvas, tês, válvulas, etc.); distância de aparelho a ser
tornar-se proibitivo. Hoje, o uso mais trivial da madeira é em estrutura de cobertura para abastecido e tipo de uso das instalações peças de uso simultâneo alternado, de uso
telhas de barro; de concreto (associação de cimento, água e agregados (areia + pedra). prolongado, e seu custo, além de fatores inerentes a cada obra isoladamente.
Quando se usa o concreto com um apoio, que é normalmente feito de ferro, dá-se a esta

15 16
As tubulações hidráulicas são normalmente de PVC, aço galvanizado e cobre. Nunca
se deve usar o chumbo para água potável, pois este material é nocivo à saúde podendo
causar intoxicações. Em caso de ramais de água quente, a tubulação,
preferencialmente, deve ser de cobre ou aço galvanizado, sendo que este último, com o
tempo de uso, cria uma crosta interna, prejudicial à alimentação.

Instalações de esgoto

A primeira ideia que nos vem quando tratamos de uma rede de esgoto é que
toda água usada sairá em forma de esgoto. Até as concessionárias de serviço público
usam este critério para cálculo de volume dos afluentes em suas redes. Relativamente a
volume, esta concepção é correta, porém só em parte: a composição do esgoto
doméstico tem 99,9% de água; mas o problema diz respeito ao 0,1% (um décimo por
cento) restante, constituído dos resíduos oriundos das fezes, urina, limpeza corporal,
lavagem de piso, roupas, utensílios de cozinha, etc. Neste processo diário de excreção
e higienização, vão elementos orgânicos, fezes, urina e gorduras, como também
ácidos, detergentes, pó e muitos outros produtos. Esse composto gera grandes Caixa de gordura - destina-se a receber a água servida na cozinha e separar a gordura.
complicadores para a rede coletora de esgoto: cultura e proliferação de Este procedimento é necessário, pois como vimos antes, não se recomenda o
microorganismos, formação de gases, aglutinação das gorduras, etc., em caso de lançamento desta água na fossa séptica nem o seu lançamento diretamente no
esgoto residencial. Em outros tipos de edificações, podem existir elementos que, pelas sumidouro sem a separação da gordura, sob pena de, com o tempo, impermeabilizar as
suas características poluentes, requerem redes e tratamentos especiais, como por paredes do sumidouro, dificultando assim a absorção natural. Veja o esquema para
exemplo, os hospitais, as indústrias e os frigoríficos. Assim, o projeto de esgoto também construção de uma caixa de gordura.
requer cuidados especiais, não só como elemento de canalização das águas servidas,
mas, sobretudo para se evitar que estas venham contaminar o ambiente com o
vazamento de líquidos ou gases, passagem de animais e insetos, causando transtornos
quanto à habitabilidade ou o comprometimento por questões de saúde. Em decorrência
daquele 0,1% que mencionamos acima, a rede de esgoto não poderá ter o mesmo
diâmetro da rede de água. Assim, se em uma pia de cozinha a torneira é de 13 mm, a
rede de esgoto será no mínimo de 40 mm, pois a tubulação de esgoto trabalha a meia
seção, enquanto a água é fornecida com a tubulação cheia. Deve-se ainda lembrar a
importância do destino final dos esgotos para a saúde pública e para o equilíbrio
ecológico. Boa parte de nossas cidades já dispõem da rede pública de captação dos
esgotos, entretanto, pouquíssimas estão aparelhadas com os dispositivos técnicos de
tratamento e lamentavelmente eles são lançados in natura nos córregos, rios ou lagos,
com sérios e imediatos comprometimentos para as populações ribeirinhas.

A seguir, alguns detalhes deste sistema:


A gordura fica em suspensão, permitindo a passagem da água.
Fossa séptica: destina-se a separar e transformar a matéria sólida contida na água de Tanto a caixa de gordura quanto a fossa séptica necessitam de limpeza periódica para
esgoto, principalmente fezes, para em seguida descarregar esta água no solo. A remoção da gordura e da massa retidas.
transformação deste composto sólido é feita por bactérias anaeróbicas. Dessa forma,
deve ser evitado jogar na fossa séptica a água servida na cozinha, pois esta contém Sumidouro - é simplesmente um buraco no chão e destina-se a absorver a água
sabão e detergentes, os quais são nocivos à formação e proliferação de bactérias. proveniente da fossa séptica, da caixa de gordura ou de outras origens.

Lembrete importante - seja na cidade ou no campo, em rede pública ou particular, as


águas de chuva (águas pluviais) nunca devem ser canalizadas para a rede de esgoto,
pois poderá saturá-la, irremediavelmente, comprometendo todo o sistema. Em caso do
lençol freático (água subterrânea) ser muito raso, usa-se para sumidouro uma malha de
manilhas furadas, assentadas aproximadamente a 50 cm de profundidade sob um leito
de brita.

Terminologia da NBR 8160/60

17 18
Adota-se nesta Norma a seguinte terminologia: * Tubo ventilador de circuito: tubo ventilador secundário ligado a um ramal de esgoto
* Aparelho sanitário: aparelho ligado à instalação predial e destinado ao uso da água servindo a um grupo de aparelhos sem ventilação individual.
para fins higiênicos ou a receber dejetos e águas servidas. * Tubo ventilador individual: tubo ventilador secundário ligado ao sifão ou ao tubo de
* Caixa coletora: caixa situada em nível inferior aos sanitários, inclusive os de bacias descarga de um aparelho sanitário.
sanitárias, e ao do coletor predial; onde se coletam despejos. Descarregá-las * Tubo ventilador suplementar: canalização vertical ligando um ramal de esgoto ao
diretamente em canalização cujo esgotamento exige elevação. tubo ventilador de circuito correspondente.
* Caixa de gordura: caixa detentora de gorduras. * Tubo ventilador contínuo: tubo ventilador constituído pelo prolongamento do trecho
* Caixa de inspeção: caixa destinada a permitir a inspeção e desobstrução de vertical de um ramal de descarga, ao qual se liga por intermédio de um T ou de um Y.
canalizações.
* Caixa sifonada fechada: caixa, dotada de fecho hídrico, destinada a receber Instalações elétricas
efluentes de aparelhos sanitários, inclusive os de bacias sanitárias e descarregá-los
diretamente em canalização primária. A norma que disciplina a elaboração dos projetos de instalações elétricas é a NBR 5410
* Caixa sifonada com grelha: caixa sifonada, dotada de grelha na parte superior, (Norma Brasileira-3), além de algumas legislações regionais, mas todas embasadas na
destinada a receber águas de lavagem de pisos e efluentes de aparelhos sanitários, NB-3.
exclusive os de bacias sanitárias e mictórios.
* Canalização primária: canalização de acesso dos gases provenientes do coletor Para melhor compreensão de um sistema de distribuição de energia elétrica,
público. estabeleça-se um paralelo com a distribuição de água, facilmente comprovada por
* Canalização secundária: canalização por desconector contra o acesso de gases experimentação:
provenientes do coletor público.
* Coletor predial: canalização compreendida entre a última inserção de subcoletor Se tivermos dois recipientes ligados por um tubo e em um deles colocamos água, pelo
ramal de esgoto ou de descarga e de rede pública ou o local de lançamento dos princípio dos vasos comunicantes, a água fluirá para o outro recipiente até se igualarem.
despejos. Isto acontece porque no recipiente cheio a pressão é maior. A água deixará de fluir
* Coluna de ventilação: canalização vertical destinada à ventilação de sifões sanitários quando os dois recipientes estiverem com o mesmo nível d'água, ou seja, as pressões
situados em pavimentos superpostos. forem iguais. O fluxo de corrente elétrica segue o mesmo princípio. Entre os diversos
* Desconector: sifão sanitário ligado a uma canalização primária. pontos de uma instalação, a tendência é existir uma diferença de potencial ou tensão, o
* Despejos: refugos líquidos dos edifícios, excluídas as águas pluviais. que no sistema líquido seria a diferença de pressão.
* Despejos domésticos: despejos decorrentes do uso de água para fins higiênicos.
* Despejos industriais: despejos decorrentes de operações industriais. Se quisermos alimentar uma válvula de descarga, cuja vazão exige tubo de 38 mm (1
* Fecho hídrico: coluna líquida que, em um sifão sanitário, veda a passagem de gases. 1/2") e para tanto colocarmos um tubo de 13 cm (1/2"), o bom senso logo nos alertará
* Peça de inspeção: dispositivo para inspeção e desobstrução de uma canalização. que esta válvula não irá funcionar, porque faltou um volume de água compatível com o
* Ramal de descarga: canalização que recebe diretamente efluentes de aparelhos aparelho; logo, faltou pressão na tubulação. Assim também ocorre com a eletricidade;
sanitários. se queremos alimentar um chuveiro (400 watts) e lhe fornecemos somente 250 watts, o
* Ramal de esgoto: canalização que recebe efluentes de ramais de descarga. chuveiro não irá funcionar, funcionará mal ou causará superaquecimento do circuito
* Ramal de ventilação: tubo ventilador secundário ligando dois ou mais tubos elétrico.
ventiladores individuais a uma coluna de ventilação ou a um ventilador primário.
* Ralo: caixa dotada de grelha na parte superior, destinada a receber águas de lavagem Quando aumentamos o fluxo de água em um tubo, estamos aumentando a pressão
de piso ou de chuveiro. interna neste tubo e pode acontecer de ele não suportar e arrebentar. Na rede elétrica,
* Sifão sanitário: dispositivo hidráulico destinado a vedar a passagem de gases das quando forçamos a passagem de um fluxo elétrico acima do admissível em um fio, este,
canalizações de esgoto para o interior do prédio. em decorrência do aumento da resistência elétrica, irá se aquecer. O chuveiro, no caso
* Subcoletor: canalização que recebe efluentes de um ou mais tubos de queda ou acima, por necessitar de uma quantidade maior de energia, irá forçá-la a vir e se o
ramais de esgoto. dimensionamento do fio não for compatível, este irá se aquecer e fundir.
* Tubo de queda: canalização vertical que recebe efluentes de subcoletores, ramais de
esgoto e ramais de descarga. Outro fator preponderante é a distância entre a fonte e o destino. Se na rede hidráulica o
* Tubo ventilador: canalização ascendente destinada a permitir o acesso do ar comprimento for muito longo, teremos que aumentar a pressão e colocar mais água no
atmosférico ao interior das canalizações de esgoto e a saída de gases dessas tubo para vencer a distância. Situação semelhante acontece com a energia elétrica. Se
canalizações, bem como a impedir a ruptura do fecho hídrico dos desconectores. a distância aumenta, o fluxo de energia também deverá ser aumentado, pois esta terá
* Tubo ventilador primário: tubo ventilador tendo uma extremidade aberta, situada um caminho maior a percorrer. Se de um cano (32 mm) fazemos duas ou mais
acima da cobertura do edifício. bifurcações (25 mm cada), irá acontecer que em todos eles haverá pressão insuficiente.
* Tubo ventilador secundário: tubo ventilador tendo a extremidade superior ligada a Na rede elétrica, o processo é idêntico. Se fizermos derivações de um fio, o qual é
um tubo ventilador primário, a uma coluna de ventilação ou a outro tubo ventilador suficiente para alimentar uma geladeira (300 W) e passamos a alimentar duas (600 W),
secundário. a tendência é que irá fluir por aquele fio uma quantidade maior de energia; logo, ele irá
aquecer, ou então não irá fluir, danificando os aparelhos.

19 20
É preciso ter sempre presentes três princípios em energia elétrica: Temos então que, além do Projeto, a obra segue a seguinte subdivisão da obra:

a) Tensão ou diferença de potencial - é a diferença de potência elétrica entre dois Serviços gerais (providências que precedem o início da obra): colocação de tapumes
pontos da rede. Sua medida, feita em volts, é comumente chamada de voltagem. de madeira e/ou cercas; colocação de tabuletas com indicações dos dados da obra e os
responsáveis pelos projetos; construção dos barracões; indicação dos depósitos de
b) Resistência - é a dificuldade que cada corpo oferece à passagem da energia elétrica. material perecível (cimento, tinta, etc.) e outros materiais (areia, brita, cascalho, tijolos,
Um fio de cobre tem baixa resistência, ou seja: e ótimo condutor, já a porcelana tem alta madeira, etc.); aparelhos e máquinas (betoneira, guincho, serra, andaime, vibrador,
resistência, sendo, portanto, um péssimo condutor, mas um ótimo isolante. A resistência etc.); alojamento para pessoal, incluindo banheiro e dormitório. Um canteiro com
é medida em ohms. espaços disciplinados é decisivo para o resultado final, quanto à qualidade, custo e
prazo. É nessa etapa que se efetuam as ligações provisórias de água, esgoto, energia
c) Intensidade - é a quantidade de energia que chega a determinado ponto ou em elétrica e telefone, como também se realizam o planejamento da entrada de material ao
outras palavras, é a quantidade de energia necessária para funcionar um aparelho. A longo da obra e a contratação da mão-de-obra, tanto de empregados especializados
intensidade é medida em ampere. como bombeiro hidráulico, eletricista, pedreiro, ladrilheiros, armadores, serralheiros,
carpinteiro, como daqueles sem especialização.

Dispondo-se da quantidade de energia a ser consumida em função dos aparelhos a Preparação do terreno: Etapa das capinas, roçados, desmatamento, demolições,
serem usados, a distância que esta energia irá percorrer até alimentar estes aparelhos e remoção de entulhos e de material orgânico, locação da obra, movimentos de terra, etc.
o tipo de condutor disponível no mercado para esta energia, o projetista elabora o seu
projeto calcado no projeto de arquitetura. Elevadores: Constituem um dos itens mais complexos de uma obra. Em face desta
complexidade e ao seu uso restrito, somente são utilizados em obras de certo vulto.
Outro aspecto a ser considerado na execução de um projeto de instalações elétricas
bem concebido, é o econômico. As distâncias percorridas pela energia, a bitola Paredes: Fechamento de vãos ou divisão de ambientes. Os tipos de parede são
compatível da fiação e a distribuição adequada dos circuitos são fatores que, ao longo ilimitados, podendo ser, por exemplo: madeira, placas de mármore, marmorite, tijolos
da vida da instalação, representarão uma economia substancial para o usuário. Ao de vidro, elementos vazados (cobogó), tijolos de cone celular, gesso, dry wall, etc. Os
contrário, um projeto mal executado poderá elevar as contas mensais de consumo de materiais mais usados são:
energia e acarretar como danos nos aparelhos elétricos. a) Tijolo de barro - são maciços com as dimensões 5x10x20cm ou furados de
10x20x20. Esses dois padrões são os mais usuais, não obstante existirem outros
padrões no mercado. São assentados com uma massa de argamassa de
Instalações telefônicas aproximadamente 1,5cm no traço 1:2: 9 (uma parte de cimento, duas de saibro e nove
de areia).
À primeira vista, o projeto de telefonia pode parecer o mais simples de todos, em função b) Blocos de cimento - São regulamentados pela NBR- 7173. O assentamento
do número de pontos instalados; porém, à medida que aumenta a complexidade na se faz com pasta de cimento e areia no traço 1:4 (uma parte de cimento e quatro partes
edificação, o projeto de comunicação também cresce em tamanho e dificuldade. O de areia).
avanço tecnológico, compreendendo principalmente a telefonia celular, tem amenizado c) Pedra - nos tempos mais modernos, seu uso tem se limitado mais ao
em muito estes problemas. aspecto formal, ou seja, decoração.

A Obra e o Projeto Cobertura: Toda e qualquer cobertura necessita de uma estrutura de sustentação, a
menos que seja autoportante, como telhas de amianto, alumínio ou chapas de aço.
Toda obra, antes de ser iniciada, deve estar com os seus projetos completos e
resolvidos de forma harmônica, a fim de evitar tropeços e, consequentemente, aumento Esquadrias: Todas as peças usadas na vedação das aberturas das edificações. São
de custo e tempo. Se o cronograma da obra obedecer a esta diretriz, teremos, na classificadas em internas (portas) e externas (portas e janelas), podendo ser de
execução, dois fatores preponderantes para o sucesso: a agilidade no empreendimento madeira e metálicas (ferro ou alumínio).
da obra e a redução dos seus custos.
Revestimento - É todo acabamento das superfícies (paredes), excluindo-se a pintura.
O Decreto n° 52.147, de 25 de junho de 1963, que aprova as normas de projeto e Normalmente, os revestimentos iniciam-se no chapisco, traço 1:4 (cimento e areia), que
métodos de execução de serviços, a discriminação orçamentária para obras de tem a finalidade de servir como ancoragem ao emboço, cujo traço varia em
edifícios públicos, embora revogado em 10 de dezembro de 1985 pelo de n° 92.100, conformidade com a finalidade; sua espessura não deve ser superior a 2 cm. O emboço
estabelece um roteiro aplicável em toda obra, permanecendo como excelente serve de base para outros revestimentos, tais como o reboco, azulejo, etc. O reboco ou
referencial para o estudo das diferentes etapas da edificação. A íntegra do Decreto n° massa fina, normalmente, é usado para receber pintura; sua textura pode ser rústica,
52.147/63 pode ser encontrada na Internet no endereço camurçada, lisa, com pó de pedra, etc. Entre os revestimentos, o de maior destaque é o
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/116317/decreto-52147-63 azulejo. Existem inúmeras classificações da qualidade dos azulejos, variando de
fabricante para fabricante. Assim, um produto classificado como de primeira, na marca

21 22
“X” poderá corresponder na marca “Y” de segunda, e na marca “W”, de extra. encontrados em escavações arqueológicas ou as pinturas rupestres). Na Antiguidade
A escolha do tipo adequado de revestimento é condicionada, além do aspecto estético, os egípcios antigos desenvolveram alta tecnologia no uso de pigmentos, resinas e
pela durabilidade, custo, adequação ao ambiente, à função e ao uso. solventes. Não se conhece um único grupo social, por mais primitivo que seja, que não
tenha usado a cor como elemento para realce da beleza ou como tributo às suas
Soleira é o tipo de arremate usado sob os vãos das portas e quando existe mudança de divindades. Nos últimos séculos, com o advento da revolução industrial e a atual
tipo de pavimentação; os tipos mais usuais de soleira são as de mármore, madeira, conceituação das funções da pintura, as tintas passaram a ser elemento de
pedra, granito e cerâmica. A largura é normalmente a do portal quando sob vãos de acabamento, buscando a proteção da superfície e ganhando destaque na indústria que
portas ou, em outra situação, a recomendada pelo arquiteto. tem investido no aprimoramento das mesmas, sempre na busca da qualidade e do belo.
Hoje os tipos de tinta disponíveis no mercado são diretamente proporcionais ao tipo de
Rodapé é o arremate da pavimentação usado nas paredes. Normalmente, emprega-se aplicação. Em face das extensas superfícies das edificações na construção civil, a
para os rodapés o mesmo material do piso e sua altura não deve ultrapassar a 10 cm, a pintura exerce uma influência muito grande, como elemento de decoração e,
não ser que haja recomendação em contrário do arquiteto, autor do projeto. principalmente, de proteção. Aconselha-se a observância das recomendações técnicas
dos fabricantes e, acima de tudo, o emprego de mão-de-obra especializada e
Peitoril é o acabamento na parte inferior das janelas, que complementa a parte do responsável. Só assim é que se pode tirar partido de todas as vantagens oferecidas
marco com uma pequena pingadeira na parte exterior. Este acabamento pode ser em pelas tintas como elemento de proteção à superfície e de realce á beleza. Vale
chapa metálica, mármore, cerâmica, placa de cimento ou outros materiais. conhecer, para ilustração, a nomenclatura da teoria das cores:

Ferragens: São as peças metálicas (aço, ferro, alumínio, bronze, cobre, etc.) a) Cores primárias, puras ou fundamentais são as que, teoricamente, quando
encontradas nas esquadrias metálicas ou de madeira, responsáveis pela fixação das combinadas, dão origem a todas as outras – amarelo, azul e vermelho.
mesmas (fechos, fechaduras e cremonas). Permitem, também, a articulação das
esquadrias (gonzos, dobradiças e alavancas). b) Secundárias são as oriundas das primárias. Ex.: verde (amarelo e azul), laranja
(amarelo e vermelho) e violeta (vermelho e azul).
Vidros: Trata-se de material cujo emprego na arquitetura vem dia-a-dia se difundindo
nas construções, quer pelo aspecto plástico, quer quanto ao aspecto técnico. A c) Complementares são as cores obtidas pela combinação de duas secundárias ou de
supressão de seu uso hoje é um caso impensável, mesmo com a grande variedade de uma primária e uma secundária. Ex.: marrom (vermelho e verde).
produtos similares como os derivados do petróleo, ou seja, os plásticos. A classificação
dos vidros é objeto da Norma Brasileira n° 226, que os considera quanto ao tipo d) Neutras são as indefinidas e pouco vistosas: preto, branca, cinza e bege.
(recozido, temperado, laminado, aramado), ou quanto à forma (chapa plana, curva,
perfilada e ondulada), à transparência, conforme a passagem da luz, ou ainda à e) Quentes são as que, pela sensação de calor que transmitem, nos induzem impressão
superfície e coloração. de energia, força, poder e dinamismo - vermelho, laranja, amarelo.

Tratamento da obra: Proprietários e construtores têm dado pouca ou nenhuma f) Frias são as que transmitem as sensações opostas às cores quentes, isto é, não
atenção ao tratamento, que é a proteção da obra quanto aos seguintes aspectos: induzem ao repouso - anil, roxo, lilás, verde, azul.
a) Vazamento d'água (impermeabilização) que se manifesta pelo piso,
paredes ou cobertura. A cor branca é formada pela composição de todas as outras (descoberta Isaac Newton).
b) Proteção ao calor ou tratamento térmico, para manter inalterada a Veja o arco-íris, que é a decomposição da luz solar, e que reflete varias cores. A cor preta
temperatura ambiente desejada. O tratamento é o mesmo, independentemente de não reflete cores; pelo contrário, absorve todas.
querer-se manter a temperatura quente ou fria, pois existem materiais próprios como lã
de vidro, vermiculita, isopor, cortiça, etc.
c) Ruídos, que requerem proteção acústica através de materiais específicos Aparelhos
ou pode ser feito pelo método construtivo.
Em uma obra, são utilizados três tipos de aparelhos, peças de acabamento em cuja
Pavimentação: é todo acabamento sobre o contrapiso ou sobre lajes em pavimentos escolha deve-se ter o cuidado de não criar contrastes chocantes com os demais
superiores, desde o simples e trivial cimentado, até pisos sofisticados ou de alta elementos, tanto em termos do estilo quanto do padrão de acabamento e da cor.
resistência, como o granito. Esta denominação tanto vale para a parte interna como
para a externa das edificações. A lista de tipos de pisos é infindável, indo dos diversos a) Aparelhos sanitários - são todos os aparelhos usados em banheiros, tais como: vaso,
tipos de aplicação do cimento às cerâmicas, pedras, madeiras, borrachas, cortiças e papeleira, saboneteira, bidê, caixa de descarga, lavatório, mictório, banheira e
produtos sintéticos industrializados. chuveiro.

Pintura: Não existe uma data precisa de quando o homem passou a pintar seus objetos b) Aparelhos de água potável - aqueles necessários às instalações hidráulicas, porém
de uso pessoal ou suas moradias. Sabe-se que, nos primórdios da história, a pintura de uso direto, como bebedouro, filtro e torneira.
tinha como única finalidade a decoração (como comprovam alguns objetos de barro

23 24
c) Aparelhos de iluminação - os destinados à iluminação, como lâmpadas, calhas, risco têm levado operários a acidentes perfeitamente evitáveis e previsíveis. Por
arandelas, lustres, globos e refletores. exemplo, por não quererem usar botinas, frequentemente machucam os pés.

Elementos decorativos: Todo trabalho artístico executado em uma obra está Não são poucos os casos de operários que perderam a vida por se recusarem a usar o
classificado como elemento decorativo. Esses trabalhos artísticos abrangem as peças cinto de segurança, ficaram cegos pela teimosia em evitar os óculos protetores e
de serralheria, de madeira, de gesso, de cerâmica, desde que a execução dessas peças perderam, paulatinamente, a audição por falta do uso dos protetores de orelha. A lista é
requeira um requinte de projeto e de execução especial. É neste item que se enquadram infindável. É comum estarem os equipamentos à disposição na obra, mas os
os elementos necessários ao estudo e implantação de sistemas de comunicação visual, empregados recusarem-se sistematicamente a usá-los, como se estes equipamentos
quando a obra assim o exige. Incluem-se aqui os trabalhos de paisagismo, tais como viessem cercear seus movimentos, impedindo-os de trabalhar.
jardins e arborizações.
Assim como os administradores e proprietários devem evitar a ocorrência de acidentes
Limpeza: Não se trata da remoção dos entulhos e restos de obra, que deve ser em suas obras, por uma questão financeira imediata ou de investimento a longo prazo,
constante e ininterrupta. É a limpeza fina, ou seja, a remoção de pequenos resíduos ou os operários devem se conscientizar das vantagens do uso adequado das normas de
manchas em louças, metais, cerâmicas, aparelhos, ferragens, azulejos, vidros, utilização dos instrumentos de trabalho, bem como devem cuidar da perfeita adequação
esquadrias. Considera-se que, concluída esta limpeza a obra está pronta e em de todos os elementos necessários a um trabalho protegido e produtivo, que se inicia
condições de ser habitada. com o treinamento correto, à prática do uso seguro de todos os materiais a serem
usados e resguarda a sua saúde plena.

SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO Somente com o aprimoramento de valores individuais é que se poderá aspirar para a
massa trabalhadora brasileira uma consciência coletiva indispensável ao
Dizia Arnaldo ex-ministro do Trabalho, Patrono dos Corretores de Imóveis: "Trabalho desenvolvimento social; para tanto, deve-se ter a coragem de recusar tarefas onde as
deve ser meio de vida e não de morte." condições de segurança ficam a desejar, de exigir que todas as condições
estabelecidas pela lei sejam cumpridas, de não se alienar, participando de grupos
O Corretor Imobiliário deve apropriar-se dos princípios da Segurança no Trabalho, cooperativos, tais como CIPAS, sindicatos e associações.
visando minimizar os índices de acidentes na área da construção civil, mas a Quando o trabalhador sentir que seus direitos estão sendo ameaçados, deve denunciar
abordagem a que este tema refere-se não a todas as atividades produtivas, desde a os fatos às autoridades competentes.
dona de casa em seus afazeres domésticos, passando pelos operários de uma forma O operário deve se impor, não pela força da lei, que tem dois sentidos (direitos e
geral, até os altos escalões das grandes empresas públicas ou particulares. Se a dona deveres), mas pela força do seu senso de responsabilidade e desempenho correto de
de casa enfrenta constantemente perigos na cozinha ou outras dependências do lar, o seu trabalho.
operário enfrenta riscos e desconfortos no desempenho de suas funções; também o
executivo está sujeito a ações de fatores que afetam a capacidade de rendimento pleno Em resumo
e comprometem a saúde, tais como transporte, móveis, iluminação, temperatura, Toda atividade tem o seu grau relativo de riscos e periculosidade.
ambientes inadequados, excesso de barulho, etc. a) Na área da construção civil, a falta de segurança no trabalho chega a ser alarmante,
face ao alto índice de acidentes fatais e mutilações irreversíveis.
Na área da construção civil, a situação brasileira chega a ser alarmante, em face ao alto b) O principal responsável pelo alto índice de acidentes no trabalho é o próprio operário
índice de acidentes fatais e mutilações irreversíveis, isto sem considerar a grande que se recusa a usar os equipamentos de proteção à sua disposição na obra, alegando
massa de trabalhadores que tem seu trabalho interrompido por alguns dias, devido à que os mesmos impedem os movimentos necessários ao trabalho.
imperícia dos administradores das obras, a ganância dos proprietários e, c) Atitudes que devem ser tomadas por todo empregado: recusar tarefas onde as
lamentavelmente, a incúria dos próprios operários. condições de segurança ficam a desejar; exigir que todas as condições estabelecidas
pela lei sejam cumpridas: participar de grupos cooperativos; denunciar os burladores da
Se deixarmos de lado o aspecto humano da questão e nos concentrarmos no lado lei.
material, verificaremos que todo ano os prejuízos oriundos do afastamento definitivo de d) Somente com o aprimoramento de valores individuais é que se poderá aspirar para a
trabalhadores mutilados, da perda dos mortos ou os afastamentos transitórios, massa trabalhadora brasileira uma consciência coletiva indispensável ao
constituem um prejuízo enorme não só da mão-de-obra útil, como também nos gastos desenvolvimento social.
diretos com tratamentos hospitalares ou outros benefícios a que têm direito os
familiares dos mortos ou dos acidentados. Além disso, há que se considerar que este
grupo inclui operários especializados, cuja preparação demandou tempo, esforços e
recursos financeiros.

Os profissionais atuantes na construção civil constatam que, por um paradoxo


inexplicável, o grande causador dos acidentes é o próprio operário. Sua relutância e
mesmo reação ao uso dos equipamentos protetores e à exposição desnecessária ao

25 26

Você também pode gostar