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Principais autores e suas teses a respeito do

restauro arquitetônico nos sécs. XIX e XX


AN6AU | PRESERVACAO DO PATRIMONIO HISTORICO DA
ARQUITETURA, DO URBANISMO E DO PAISAGISMO
PROFESSOR DAVID VENTURA

Principais autores e suas teses a respeito do


restauro arquitetônico nos sécs. XIX e XX
JULIA MEZZADRI - 21203848
MARINA RIVERO OLIVEIRA - 20100270
04/10/2022
Sumário
1. Apresentação 1

2. John Ruskin 2

3. William Morris 4

4. Viollet-le-Duc 7

5. Camilo Boito 9

6. Gustavo Giovannoni 11

7. Cesare Brandi 13

8. Considerações Finais 14

9. Referências 15
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Apresentação
Este trabalho tem como objetivo conhecer e entender os principais
autores do restauro arquitetônico dos séculos XIX e XX, suas teorias e
métodos de intervenções, principais obras, teses feitas e um pouco de
suas vidas.
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John Ruskin (1819-1900)


Sobre
Foi um escritor, crítico de arte, de
arquitetura, crítico social e filósofo. Não foi
diretamente um arquiteto, mas seus
escritos tiveram profunda influência na
arquitetura da Era Vitoriana, principalmente
no revivalismo gótico e no movimento Arts
and Crafts da Grã-Bretanha.
Imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Ruskin

Na Inglaterra no século XIX, os movimentos em prol da conservação dos


monumentos históricos ganharam força a partir do protagonismo de John
Ruskin.
Seus estudos enriquesseram o conceito de patrimônio histórico, sendo
possível afirmar que suas idéias já faziam referências ao que hoje classificamos
como patrimônio material e imaterial.

Suas idéias adquiriram maior repercussão no ano de 1849 através do livro The
Seven Lamps of Architecture – lançado cinco anos antes do primeiro tomo do
Dictionnaire de Viollet-le-Duc –, e no ano de 1853 com The Stones of Venice,
onde descreveu sua apologia ao “ruinísmo” como um devoto às construções
do passado, pregando o total e absoluto respeito à matéria original das
edificações.

Viveu em uma época que os costumes estavam mudando devido a Revolução


Industrial, que devido ao desenvolvimento substituía de forma gradativa mas
acelerada o sistema de produção das manufaturas. Sua luta contra os efeitos
nocivos da industrialização revelou sua forte ligação com a cultura tradicional.
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Principais obras

"The Seven Lamps of • Architecture” (1849).


“The Stones of Venice” (1851).
Imagem: https://www.archdaily.com.br/br/805439/leituras-

Principais teses essenciais-john-ruskin-e-as-sete-lampadas-da-arquitetura

Ruskin acreditava que a conservação da arquitetura do passado, como


expressão de arte e cultura, nos permitiria entender a relação existente entre
os estilos arquitetônicos e as técnicas construtivas como a resultante do fruto
do trabalho de determinada cultura, utilizando-se da história dessas
construções como o veículo de comunicação dos processos de
desenvolvimento cultural.
Defendia a ideia de que as edificações pertenciam ao seu “primeiro
construtor” , ou seja, a população de determinada localidade que se tornava
herdeira desses bens culturais, estabelecendo uma relação de compromisso
social, entre a presente e as futuras gerações, para a preservação das
edificações históricas em sua concepção original, evitando assim, atos de
negligência e descaso.
Entendia a Arquitetura como uma expressão forte e duradoura capaz de se
eternizar carregando em si uma enorme carga de valor histórico e cultural.
Ruskin defendia a idéia de que as edificações deveriam atravessar os séculos
de maneira intocada envelhecendo segundo seu destino, lhe admitindo a
morte se fosse o caso. Com algumas exceções permitia pequenos trabalhos
de intervenção que evitassem a queda prematura das edificações.
Do mesmo modo, recomendava a execução de reforços estruturais em
elementos de madeira e metal quando estes estavam em risco de se perder,
assim como reparos pontuais de fixação ou colagem de esculturas em risco
de ruir, mas de maneira nenhuma admitia imitações, cópias e acréscimos.
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William Morris (1834-1896)
Sobre

Foi um designer têxtil, poeta, romancista,


tradutor e ativista socialista inglês.
Associado com o movimento artístico
britânico Arts & crafts. Formado em
Arquitetura pela Universidade de Oxford,
foi um dos principais contribuidores para o
revivalismo das artes têxteis e métodos
Imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Morris
tradicionais de produção.

A princípio discípulo de John Ruskin, posteriormente rompe e toma posições


mais radicais. Critica a sociedade mercantil (contexto histórico da revolução
industrial), acredita que é errado a forma que o modo capitalista de produção
em contraposição ao sistema artesanal.
Participa em 1877, da “Sociedade para a Proteção dos Edifícios Antigos”, que
incorpora princípios do movimento anti restauração
Quanto ao restauro acredita que quando é uma questão menor deve ser
restituído ou eliminado. Em uma questão maior há manutenção da arquitetura de
todas as épocas.
Morris defendia o princípio de que o desenho e a produção de determinada
peça não deviam ser separados e de que, sempre que possível, os autores das
peças deveriam ser simultâneamente designers e artesãos, de modo a não só
desenhar como também produzir aquilo que criam. Morris reavivou também
uma série de técnicas em desuso no campo do design têxtil.
Imagem: https://br.pinterest.com/pin/483362972519046975/
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Viollet-le-Duc (1814-1879)

Sobre

Restaurador de monumentos francês


nascido em Paris. Formado em
arquitetura pela Escola de Belas Artes de
Paris, é um dos responsáveis pelo
reconhecimento do gótico como uma das
mais importantes etapas da história da
arte ocidental. Imagem:
https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhas
online/08.087/3045
Ganhou fama com a restauração de monumentos como a Sainte-Chapelle
e a catedral de Notre-Dame, em Paris. Supervisionou ainda a recuperação
de inúmeros prédios medievais, como a catedral de Amiens, as muralhas de
Carcassonne e a igreja de Saint-Sernin, em Toulouse.
Suas maiores obras bibliográficas são o Dictionnaire Raisonné de
l’Architecture Française du XI au XVI Siècle, publicado em dez volumes
entre os anos de 1854 e 1868, e o Entretiens sur l’Architecture, escrito
entre os anos de 1863 e 1872.

Viollet-le-duc concebeu um sistema teórico ideal


entre os elementos da forma, estrutura e função,
buscando a lógica do conjunto arquitetônico. Este
sistema proporcionou a formação de um “tipo”
característico que seria o “modelo” base para seus
projetos de intervenção e restauração.
Le- duc pregava que : “Restaurar um edifício não é
mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelecê-lo em
um estado que pode não ter existido nunca em um
dado momento”. Um pensamento considerado válido
por muitos profissionais até hoje.
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Principais teses

Ao dissertar sobre os casos usuais de restauração, Viollet-le-Duc


mostra certo descontentamento em relação ao programa seguido pela
“Comissão”, alertando que a reprodução em cópia fiel de todos os
elementos da edificação se traduzia em um equívoco conceitual, pois por
melhor que fosse o profissional de ofício de que o arquiteto dispusesse
se correria o risco de produzir erros de interpretação. Da mesma forma,
alertava para o perigo da substituição dos elementos primitivos por peças
de formato posterior, o que causaria a elegibilidade do processo como
um todo.
Viollet-le-Duc acreditava que o arquiteto encarregado de uma
restauração, além de ser um construtor de prática reconhecida, deveria
dominar todos os estilos e escolas dos diversos períodos da arte, como
também, conhecer noções básicas de arqueologia. Assim, o arquiteto
restaurador seria escrupuloso o bastante para diferenciar o antigo do
novo, fazendo com que se sobressaísse os traços das modificações ao
invés de dissimulá-los.
O pensamento leduciano defendia a idéia, de que todas as partes
retiradas de um monumento, deveriam ser substituídas por equivalentes
de melhor material e por meios mais eficazes. Afirmava que era de bom
senso do arquiteto substituir as tesouras de madeira de uma cobertura,
já degradada e infestada por insetos, por uma em ferro de igual desenho
e proporção. Em um caso como este, ou na obrigação de instalar um
novo equipamento não previsto no uso original, deveria se fazê-lo não
tentando dissimular esse novo elemento, mas sim, utilizar a sua inserção
como ênfase à nova fase do projeto.
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Principais obras e restauros

Carcassonne, localizada no alto de uma colina no sul da França, foi


restaurada por Viollet Le Duc. Ele optou por recompor sua configuração do
século 13. Como estava em ruinas apenas 15% é original.

https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/13.148/7431

Catedral de Notre Dame, localizada em Paris, foi restaurada durante o


durante a segunda metade do século XIX

antes e depois do restauro


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Camillo Boito (1836 - 1914)


Sobre

Nasceu em Roma em 1836, em uma


família com grande prestígio intelectual e
artístico . Foi arquiteto, restaurador, crítico,
professor, teórico e teve um papel
fundamental na transformação de uma
nova cultura arquitetônica na Itália.

Boito contribuiu de forma direta para a Imagem:


https://www.wikidata.org/wiki/Q1055239
formulação dos princípios modernos da
restauração. Em 1860, ele foi condecorado como maestro na Academia de
Belas Artes de Brera, em Milão. A ideia que ele seguia era "CONSERVAR
PARA NÃO RESTAURAR".
Tinha interesse pelos aspectos conservativos e de mínima intervenção, a
manutenção de harmonizar as arquiteturas do passado e do presente a partir da
distinção de sua materialidade.
A conservação é fundamental para ele,
devendo ser realizada de forma rotineira e
periódica, pois assim seria possível evitar
as restaurações, mais onerosas e
invasivas. Porém, Boito ressalta que as
intervenções de restauro são necessárias
para se preservar a memória.
Dizia que “Milagres” são necessários para
conservar os monumentos, com seu velho
aspecto pitoresco, nesses casos, é
essencial que os complementos, quando
inevitáveis, marquem claramente seu
tempo sem jamais se confundirem com as
preexistências.
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Principais teses
Durante o congresso de Engenheiros e arquitetos, em 1883 foram
acrescentados 7 princípios fundamentais na orientação de restauros:
Ênfase no valor documental dos monumentos;
Evitar os acréscimos e renovações;
Os completamentos de partes deterioradas ou faltantes deveriam ser de
material diverso ou ter inscrita a data de sua restauração;
As obras de consolidação deveriam limitar-se ao estritamente necessário,
evitando a perda dos elementos característicos da obra;
Respeitar as várias fases do monumento, justificando-se a remoção de
elementos quando fossem de qualidade artística claramente inferior à do
edifício;
Registrar e documentar fotograficamente as obras acompanhadas de
relatórios com descrições e justificativas
Colocar uma lápide com inscrições apontando a data e as obras de restauro
realizadas.
"Uma coisa é conservar, outra é restaurar, o meu discurso
não aos conservadores, mas sim aos restauradores,
homens quase sempre supérfluos e perigosos.
Não se pode chamar de restauração a qualquer operação
que busca apenas a sua conservação material." - Camillo
Boito

Principais obras e restauros

Basílica dos Santos Maria Antiga Porta Ticinese, em


e Donato, em Murano foi Milão teve as estruturas
construída por Boito em restaurada por Boito em
1858, durante o ecletismo. 1861.
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Gustavo Giovannoni
(1873 - 1947)
Sobre
Gustavo Giovannoni nasceu em 1973, em
Roma, onde se formou em engenharia civil em
1895. Foi um dos promotores mais ardentes da
Faculdade de Arquitetura de Roma, onde
ensinava Restauração de Monumentos. De 1927
até 1935, dirigiu a Escola de Arquitetura de
Roma, já em 1931, escreveu a Carta de Atenas,
primeiro e importante documento que teoriza os Imagem:
http://portal-restauracion-upv.blogspot.com/p/blog-
princípios da restauração científica. page_12.html

Princípios do RESTAURO CIENTÍFICO em relação ao estado de conservação dos


monumentos para Gustavo:
1.Monumento Arruinado:
Fazer o possível para conservar os valores históricos ou artísticos,
nunca se reconstrói;
2. Monumento Danificado:
Não imitir o dano antigo, tendo cuidado para não haver conflito com
o reparo novo;
3. Monumento Ileso com alterações e acréscimos não atuais:
É necessário conservar os acréscimos de todas as épocas;
4. Monumento Ileso com necessidade de “Complementação”:
Fazer de forma neutra, (nunca a arquitetura moderna ou
contemporânea).
5. Paisagem Urbana:
Purificar de todos os erros, mas não suprimir nenhum acréscimo
adventício que tenha valor histórico.
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Principais obras e trabalhos:

1- Restauração: Templo de Hércules, Cori, na Itália;


2- Restauração: Igreja de Santa Maria del Piano, Ausoria em 1916;
3- Intervenção: Igreja dos Anjos da Guarda, Roma;
4- Restauração: Igreja de San't Andrea, Orvieto;
5- Carta de restauro;
6- Restauração: Igreja de San Domenico, Orvieto.

Templo de Hércules Victor.

Igreja de San Domenico.


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Cesare Brandi (1906-1988)


Sobre
É um dos principais nomes do restauro moderno.
Em 1966 escreveu a Teoria da restauração, obra
baseada nas diretrizes da Carta de Atenas, muitas
vezes classificada como um texto teórico e pouco
prático. Nasceu em Siena em 1906, se formou em
Direito e Ciências Humanas.
Em 1939 ele passou a ser o diretor do ICR
(Instituto Central de Restauro), permanecendo até
Imagem:
o ano de 1960. http://rethalhos.blogspot.com/2011/07/teorias-da-
restauracao-cesare-brandi.html

Após a Segunda Guerra Mundial, diversos monumentos foram destruídos. Nesse


contexto, Brandi participou do restauro de inúmeras obras de arte; diante da falta de
sistematização de procedimentos, começou a pensar no que seria sua Teoria da
restauração, com o objetivo de delimitar regras que embasassem a prática do
restaurador.
Todas as intervenções restauradoras devem ser reversíveis, sem danificar o material
original, permitindo novas restaurações futuras e melhores técnicas que venham a ser
desenvolvidas. Ainda nesse contexto, as intervenções deverão ser mínimas, justas e
necessárias à estética da obra.

A teoria Brandiana segue dois princípios:


1º - “restaura-se somente a matéria da obra de
arte”;
2º - “a restauração deve visar ao restabelecimento
da unidade potencial da obra de arte, desde que
isso seja possível sem cometer um falso artístico ou
um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da
passagem da obra de arte no tempo”.
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Principais obras:
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Considerações Finais

No término desse trabalho percebemos que as cartas e as teorias de


preservação foram importantes pois elas fazem com que a história do
lugar se mantenha e não permite que as características dele tenham sido
perdidas durante a restauração. Também percebemos que hoje podemos
preservar coisas de milhares de anos utilizando as técnicas certas.
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Referências
https://www.ebad.info/ruskin-john

https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/07.074/3087

https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Morris

https://pt.wikipedia.org/wiki/Eug%C3%A8ne_Viollet-le-Duc

chrome-
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/http://professor.pucgoi
as.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17497/material/viollet-
le-duc.pdf

https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/08.087/3045

https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.189/5946

http://rethalhos.blogspot.com/2011/07/teorias-da-restauracao-cesare-
brandi.html

https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/19.218/7636

http://portal-restauracion-upv.blogspot.com/p/blog-page_12.html

https://revistacontemporartes.com.br/2018/08/31/entre-a-
intervencao-e-a-conservacao-camillo-boito-e-os-aspectos-universais-
da-restauracao/
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/13.148/7431

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