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ARQUITETURA E
DA CIDADE
Introdução
As obras do movimento moderno têm relevância em todos os conti-
nentes do mundo. Englobando características únicas e rompendo com
tradições projetuais muito enraizadas, o Modernismo invadiu o século XX
trazendo uma nova forma de enxergar não só a arquitetura, mas também
o urbanismo e a própria forma de se viver nas cidades.
Neste capítulo, você vai estudar o movimento moderno, vendo suas
principais características e identificando as razões pelas quais ele é o
principal movimento da arquitetura no século XX. Além disso, vai ver
exemplos de arquitetos, edificações e cidades que se fundamentaram sob
essas bases e ler sobre o legado desses arquitetos, que atravessa gerações.
1 O movimento moderno
Não é tarefa simples apontar um local ou período em que se iniciou o mo-
vimento moderno. Kenneth Frampton (1997, p. ix) pondera que tal marco
inicial pode ser colocado inclusive na Renascença, quando Claude Perrault
questionou a validade universal das proporções vitruvianas. No entanto,
é comum chamarmos de arquitetura de movimento moderno aquela produção
arquitetônica produzida nas primeiras décadas do século XX. Embora não seja
2 O movimento moderno na arquitetura e na cidade
(a)
(b)
Le Corbusier
Charles Edouard Jeanneret nasceu em La Chaux-de-Fonds, na Suíça, em 1887.
A cidade era conhecida por suas fábricas de relógio, ofício para o qual foi
treinado. Em 1917, ele se muda para Paris, onde é apresentado por Amédée
Ozenfant à vanguarda pós-cubista, o que viria a influenciar a sua produção
posterior. Nos anos 1920 ele assume a alcunha de Le Corbusier e inicia a
publicação da revista L’Esprit Nouveau junto com Ozenfant, o que permitiria
espalhar suas ideias sobre arquitetura mesmo sem os contratos que levariam
seus projetos adiante (CURTIS, 2008).
Ao longo da década de 1920, Le Corbusier produziu uma série de casas
nos arredores de Paris que sedimentaria a sua importância como um dos
vanguardistas da nova arquitetura. Entre essas casas estão a casa atelier feita
para Ozenfant, em 1923, e a casa La Roche, projetos nos quais Le Corbusier
“desenvolveu uma técnica de retirada das coisas de seus contextos habituais e
estabelecimento de novas vibrações e significados para elas” (CURTIS, 2008,
p. 172). Exemplos são o uso de sheds industriais em ambientes domésticos e
paredes caiadas e terraços mediterrâneos em Paris. Na Figura 2, você pode
ver o interior da casa Ozenfant, em um desenho de Francis Ching (2013).
Uma de suas obras mais influentes é a Villa Savoye, em Poissy, que você
já pode explorar anteriormente. Esse projeto foi o ápice do período das casas
brancas de Le Corbusier, finalizando o período de defesa de uma nova ar-
quitetura que, nos anos 1930, já havia sido sedimentada ao redor do mundo.
Nas décadas seguintes, Le Corbusier se dedicou aos estudos de ocupação
urbana que se espalhariam como parte dos Congressos Internacionais de
Arquitetura Moderna (CIAM), que você verá em mais detalhes a seguir.
Após a Segunda Guerra Mundial, ele se dedicou a novas explorações formais,
aproximando-se do Movimento Brutalista.
Segundo William Curtis (2008, p. 417), Le Corbusier produziu, entre 1945
e sua morte, em 1965, “uma série de obras-primas complexas, cada uma delas
caracterizada por uma rica combinação de velhos temas e de novas formas
de expressão, por um toque de primitivismo e pela inserção proposital de
associações com o passado”. Entre essas obras, cabe destacar o conjunto de
unidades de habitação que ele produziu como um esforço para a reconstrução
da Europa no pós-guerra. Na Figura 3, você pode ver a unidade de habitação
de Marselha, França, construída em 1950.
Entretanto, foi na virada da década de 1920 para 1930 que Mies produziu
aquela que é considerada por muitos a sua obra prima: o Pavilhão Alemão
em Barcelona, uma composição centrífuga horizontal articulada por planos
e colunas independentes. Na Figura 5, você pode ver o exterior do edifício e
detalhe do interior, com o mobiliário projetado especificamente para o espaço,
as poltronas Barcelona.
Walter Gropius
Walter Gropius nasceu em Berlim, em 1883, e estudou em Munique e Berlim,
onde trabalhou com Peter Behrens — que também empregou Mies van der
Rohe — em 1907. Com o fim da Primeira Guerra Mundial e a derrota alemã,
surgiu na Alemanha uma oportunidade de materializar a tentativa de refor-
mular a educação artística no país, um desejo que, segundo Frampton (1997),
acompanhava os alemães desde a virada do século.
Em 1919, Gropius é nomeado diretor da recém fundada Bauhaus, uma
escola de artes, design e arquitetura que se tornaria uma das mais importantes
referências para o ensino de projeto no século XX. Entre os professores da
Bauhaus, podemos destacar Paul Klee, Wassily Kandinsky entre outros dos
mais relevantes nomes da arte moderna.
O edifício da Bauhaus na cidade de Dessau foi projetado por Gropius entre
1925 e 1926 em uma articulação de volumes com diferentes tratamentos de
fachada, cada qual adaptado a uma função específica, ligados por passarelas.
Veja na Figura 6 uma imagem com o pavilhão dos ateliers em primeiro plano
e o volume residencial ao fundo.
[...] busca por uma expressão regional adequada para as casas norte-ameri-
canas, especialmente no Meio-Oeste. Inspirando-se nas suaves colinas dos
prados, projetou casas horizontalizadas que pareciam estar organicamente
amarradas à paisagem.
Para ver a cascata, é preciso ir ao exterior, sob a casa, onde a água e a edifica-
ção podem ser vistas juntas na imagem clássica pretendida por Wright; antes
da construção, ele chegou a fazer um desenho em perspectiva deste ponto
específico para avaliar o efeito.
Por último, cabe destacar uma das últimas obras de Wright, o Museu
Guggenheim, em Nova York, projetado pouco antes de sua morte. O projeto
se localiza na Quinta Avenida, em frente ao Central Park, em um terreno que
ocupa toda a face do quarteirão virada para o parque. Veja na Figura 9 uma
foto do museu.
3 O urbanismo modernista
Até agora vimos os principais personagens da arquitetura moderna e os princi-
pais edifícios projetados por cada um deles. No entanto, uma das mais impor-
tantes e controversas contribuições do Modernismo foram as experimentações
em escala urbana propostas na primeira metade do século XX.
Em 1922, Le Corbusier propôs uma cidade para responder aos problemas
da reurbanização pós-Primeira Guerra Mundial. A proposta de Le Corbusier
era baseada em Paris e deveria abrigar três milhões de habitantes ao redor de
um centro com 40 torres residenciais com 180 metros cada, que abrigariam,
segundo William Curtis (2008), os banqueiros, burocratas e administradores.
Os demais habitantes morariam em edifícios mais baixos, espalhados pela
cidade, com uma implantação bucólica, semelhante a um parque.
A maioria das cidades estudadas oferece hoje a imagem do caos. Essas cidades
não correspondem de modo algum a sua destinação que seria satisfazer as
necessidades primordiais, biológicas e psicológicas da população.
[…]
Para realizar essa grande tarefa é indispensável utilizar os recursos da técnica
moderna (CURTIS, 2008, p. 255).
Leitura recomendada
COMAS, C. E. D. Protótipo e monumento, um ministério, o ministério. Revista Projeto,
nº. 102, p. 136–148, ago. 1987.
O movimento moderno na arquitetura e na cidade 19
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