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Sistema Dom-ino, Le Corbusier 1914-1917

O Sistema Dom-ino, elaborado entre 1914 e 1917 por Le Corbusier,


aparentemente um tema de fácil compreensão e descrição, guarda uma série
de conceitos e atributos que, a exemplo do que ocorre com a boa parte da
obra corbusiana e, ao mesmo tempo (e pelas mesmas razões), com a
arquitetura moderna, escapam à atenção da maioria dos autores e
profissionais da arquitetura.

Sintetiza ideias de diferentes tipos, ligadas a diferentes campos do


conhecimento, como estética, engenharia, economia e, é obvio, arquitetura.
Assim, o Dom-ino pode ser definido como um sistema construtivo
constituído por lajes planas, pilares e fundações em betão armado, que
propõe uma ordem racional entre os seus elementos e a sua construção,
através da aplicação de subsistemas de organização, visando dotar os
edifícios que a empregam de atributos formais modernos, concretos (pisos
em balanço, planta e fachadas livres, pilotis, etc.) e abstratos (como
economia de meios,
rapidez, rigor e precisão
na construção,
universalidade).
Analisando as
suas características
formais percebe-se que
as relações entre os seus
elementos são além de
físicas, dimensionais e
proporcionais,
superando as justificativas meramente funcionais para o arranjo entre seus
elementos.
Finalmente, ao analisar a obra posterior de Le Corbusier, tantos os
seus edifícios construídos e projetados quanto as suas proposições
urbanísticas, executadas ou não, é flagrante o uso de elementos que foram
elaborados e lançados por intermédio do sistema Dom-ino. O que faz com
que o sistema seja importante e diferenciado é a sua complexidade,
justificada tanto pelas influências
contidas na sua conceção quanto
pelas qualidades das obras que o
empregaram. Isso ratifica a sua
condição de ponto de mutação na
carreira de Le Corbusier, e
consequentemente na arquitetura
moderna, pois representa diversos
fatos importantes, onde se
identificam alguns dos paradigmas
técnicos e arquitetónicos mais
importantes do século XX, vigentes
até hoje.

Considerado por muitos como


ponto de partida da visão pessoal de
Le Corbusier sobre a nova arquitetura
e da aplicação de novos materiais, o
Sistema Dom-ino- nome que evoca
Damus (casa em latim) e o jogo de
dominó ( peça retangular marcada por
6 pilares)- é proposta elaborada com a
co-autoria dos engenheiros Max Du
Bois e Juste Scheneider.e foi
concebida originalmente como um
sistema estrutural válido para
possibilitar a rápida construção de
casas em série. O interesse de
Le Corbusier pelo betão armado teve origem na influência de August
Perret, para quem trabalhou durante a sua visita a Paris em 1907.
O sistema Dom-ino consistia numa estrutura simples em betão
armado, ligeiramente elevada do chão, com 3 lajes planas horizontais
balançadas nos lados maiores, sustentadas por 8 pilares de secções
idênticas apoiadas em 8 blocos de fundação, com 4 lanços de escadas
apoiadas pelos patamares, que permite a circulação livre entre todos os
pisos.
A estrutura foi desenhada com o objetivo de facilitar a sua agregação
a outros módulos iguais a si, horizontalmente e/ou verticalmente. A casa
multiplica-se possibilitando a criação de espaços maiores ou menores, mais
fechados ou mais abertos, com janelas em banda, promovendo, uma vez
mais, a flexibilidade na dimensão de espaços. Este jogo de áreas permite
uma panóplia de tipologias habitacionais num mesmo edifício com
diferentes arranjos exteriores e interiores, conseguido através da planta
livre de cada habitação e do seu carácter neutro e independente do lugar
onde é implantado.

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