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Projetando e Fabricando Arquitetura no

Idade digital
KOLAREVIC, Branko
University of Pennsylvania, EUA
http:// www.upenn.edu/ gsfa

O artigo descreve e examina as implicações dos desenvolvimentos recentes na aplicação arquitetônica

das mais recentes tecnologias digitais de projeto e fabricação, que oferecem alternativas aos
entendimentos estabelecidos de projeto arquitetônico e processos de produção e suas restrições
materiais e econômicas. Oferece a possibilidade de uma compreensão revista da relação histórica
entre a arquitetura e seus meios de produção.
Palavras-chave: Design digital, fabricação digital, CAD/ CAM.

Introdução indústrias, está abrindo novas dimensões no projeto

“Abandonando o discurso do estilo, a arquitetura arquitetônico. As implicações são vastas, pois “a
dos tempos modernos caracteriza-se por sua arquitetura está se reformulando, tornando-se em parte
capacidade de aproveitar as conquistas uma investigação experimental de geometrias topológicas,
específicas dessa mesma modernidade: as em parte uma orquestração computacional da produção
inovações que lhe são oferecidas pela ciência e de material robótico e em parte uma escultura cinemática
tecnologia atuais. A relação entre novas generativa do espaço”, como observado por Peter Zellner
tecnologias e novas arquiteturas compreende, em “Hybrid Space ” (1999).
inclusive, um dado fundamental do que se denomina Foi apenas nos últimos anos que os avanços nas
arquiteturas de vanguarda, tão fundamentais que tecnologias de projeto auxiliado por computador (CAD) e
constituem um motivo dominante, embora difuso, no fabricação assistida por computador (CAM) começaram
figuração de novas arquiteturas”. a ter um impacto nas práticas de projeto e construção de
Ignasi de Sola Morales (1997) edifícios. Eles abriram novas oportunidades ao permitir a
produção e construção de formas muito complexas que
A Era da Informação, como a Era Industrial antes dela, é até recentemente eram muito difíceis e caras de projetar,
desafiadora não apenas como projetamos edifícios, mas produzir e montar usando tecnologias de construção
também como os fabricamos e construímos. No tradicionais.
domínio conceitual, computacional, arquiteturas digitais As consequências serão profundas, pois a relação
de topológicas, espaço geométrico não-euclidiano, histórica entre arquitetura e seus meios de produção está
sistemas cinéticos e dinâmicos e algoritmos genéticos sendo cada vez mais desafiada por novos processos de
estão suplantando as arquiteturas tecnológicas. Processos design, fabricação e construção conduzidos digitalmente.
de design conduzidos digitalmente caracterizados por
transformações dinâmicas, abertas e imprevisíveis, mas
consistentes de estruturas tridimensionais são Arquiteturas Digitais
dando origem a novas possibilidades arquitetônicas As novas abordagens digitais para projeto arquitetônico
(Kolarevic 2000). O potencial generativo e criativo da (arquiteturas digitais) são baseadas em conceitos
mídia digital, juntamente com os avanços de fabricação computacionais como espaço topológico (arquiteturas
já alcançados na indústria automotiva, aeroespacial e naval topológicas), superfícies isomórficas (arquiteturas isomórficas)

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arquiteturas), cinemática e dinâmica de movimento
(arquiteturas animadas), animação em forma de chave
(arquiteturas metamórficas), design paramétrico (arquiteturas
paramétricas) e algoritmos genéticos (arquiteturas evolutivas),
conforme discutido em (Kolarevic 2000). Novas categorias
podem ser adicionadas a esta taxonomia à medida que
novos processos são introduzidos com base em abordagens
computacionais emergentes. Por exemplo, novos métodos
podem surgir com base na geração e transformação de
formas baseadas em performance (estrutural, acústica,
ambiental, etc.).
Em seu ensaio sobre “curvilinearidade arquitetônica”
publicado em 1993, Greg Lynn oferece exemplos de novas
abordagens de design que se afastam da “lógica de conflito
e contradição” do desconstrutivismo para desenvolver uma
“lógica de conectividade mais fluida”. Essa nova fluidez de
conectividade se manifesta por meio da “dobragem”, uma
estratégia de design que parte da geometria euclidiana de
volumes discretos representados no espaço cartesiano e
emprega geometria topológica de “folha de borracha” de
curvas e superfícies contínuas, matematicamente descritas
como NURBS, não B-splines racionais uniformes. O que
torna as curvas e superfícies NURBS particularmente
atraentes é a capacidade de controlar facilmente sua forma,
manipulando os pontos de controle, pesos e nós. O NURBS
faz o
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Figura 1. Arquiteturas
isomórficas: BMW
Pavilion de Bernard Franken
em Munique.
formas heterogêneas, porém coerentes, das arquiteturas
topológicas computacionalmente possíveis e sua construção
atingível por meio de máquinas controladas numericamente
por computador (CNC).
As arquiteturas isomórficas (Figura 1), baseadas em
polisuperfícies isomórficas, representam outro ponto de
partida dos sólidos platônicos e do espaço cartesiano.
Blobs ou metaballs, como polisuperfícies isomórficas às
vezes são chamadas, são objetos amorfos construídos como
montagens compostas de objetos paramétricos que se
flexionam mutuamente com forças internas de massa e
atração. Exercem campos ou regiões de influência, que
podem ser aditivos (positivos) ou subtrativos (negativos). A
geometria é construída computando-se uma superfície na
qual o campo composto tem a mesma intensidade – daí o
nome – polisuperfícies isomórficas.
O limite da superfície do todo (a polisuperfície isomórfica)
muda ou se move à medida que os campos de influência
variam em sua localização e intensidade (fig. 1).
Nas arquiteturas animadas, o design, conforme descrito
por Lynn (1998), “é definido pela co-presença de movimento
e força no momento da concepção formal”. A força, como
condição inicial, torna-se “a causa tanto do movimento quanto
das inflexões particulares de uma forma”. De acordo com
Lynn, “enquanto movimento implica movimento e ação,
animação implica evolução de uma forma e suas forças de
modelagem”. Em seus projetos, Lynn utiliza toda uma
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repertório de técnicas de modelagem baseadas em movimento,
como animação de quadro-chave, cinemática direta e inversa,
dinâmica (campos de força) e emissão de partículas para gerar a
forma arquitetônica inicial. Em seu Protótipo de Casa em Long
Island, esqueletos com um envelope global são deformados
usando cinemática inversa sob a influência de vários efeitos
induzidos pelo local.
forças.
As arquiteturas metamórficas dependem de técnicas
generativas, como animação em forma de chave (metamorfose),
deformações do espaço de modelagem ao redor do modelo
usando uma caixa delimitadora (deformação de rede), uma curva
spline ou um dos eixos ou planos do sistema de coordenadas e
animação de caminho, que deforma um objeto conforme ele se
move ao longo de um caminho selecionado.
Na animação de formato-chave, as alterações na geometria são
registradas como quadros-chave (formas-chave) e o software
calcula os estados intermediários. Nas deformações do espaço de
modelagem, as formas dos objetos se adaptam às mudanças na
geometria do espaço de modelagem.
Nas arquiteturas paramétricas, são os parâmetros de um
projeto particular que são declarados, não sua forma.
Ao atribuir diferentes valores aos parâmetros, diferentes objetos
ou configurações podem ser criados.
As equações podem ser usadas para descrever as relações entre
objetos, definindo assim uma geometria associativa – a “geometria
constituinte que está mutuamente ligada” (Burry 1999). Dessa
forma, podem ser estabelecidas interdependências entre os
objetos e definido o comportamento dos objetos sob transformações.
Como observado
por Burry, “a capacidade de definir, determinar e reconfigurar
relações geométricas é de valor particular”.
As arquiteturas evolutivas propõem o modelo evolutivo da
natureza como o processo gerador da forma arquitetônica. Nesta
abordagem de projeto, de acordo com John Frazer (1995),
“conceitos arquitetônicos são expressos como regras generativas
para que sua evolução e desenvolvimento possam ser acelerados
e testados pelo uso de modelos computacionais”. Vários
parâmetros são codificados na “estrutura semelhante a uma string”
e seus valores são alterados durante o
Gerenciamento de informações arquitetônicas – 05 Processo de projeto 3 119
processo generativo. Várias formas semelhantes,
“pseudoorganismos”, são geradas, que são então selecionadas
das populações geradas com base em critérios de “aptidão”
predefinidos. Os “organismos” selecionados e os valores dos
parâmetros correspondentes são então cruzados, com os
“cruzamentos de genes” e “mutações” que os acompanham,
passando assim características benéficas e que melhoram a
sobrevivência para as novas gerações. Soluções ótimas são
obtidas por pequenas mudanças incrementais ao longo de várias
gerações.
O que é comum a todas essas abordagens é o uso quase
exclusivo de geometrias topológicas, que parecem ser quase de
rigueur, independentemente da base computacional subjacente.
“A topologia é a ciência da deformação auto-variada”, observa
Brian Massumi (1998). O espaço topológico abre um universo
onde as formas essencialmente curvilíneas não são estáveis, mas
podem sofrer variações, dando origem a novas possibilidades, ou
seja, a forma emergente. Designers podem ver formas como
resultado de reações a um contexto de forças
ou ações, conforme demonstrado pelo trabalho de Lynn. Não há,
porém, nada de automático ou determinístico na definição de
ações e reações; criam implicitamente campos de indeterminação
de onde podem surgir formas inesperadas e genuinamente novas
– variações imprevisíveis são geradas a partir das multiplicidades
construídas.
A capacidade das arquiteturas digitais para gerar novos
designs é, portanto, altamente dependente das habilidades
perceptivas e cognitivas do designer, pois processos dinâmicos e
contínuos fundamentam a forma emergente, ou seja, sua
descoberta, na cognição qualitativa. Seu papel gerador é realizado
através da interpretação e manipulação simultâneas do designer
de uma construção computacional (superfície topológica, campo
isomórfico, esqueleto cinético, campo de forças, modelo
paramétrico, algoritmo genético, etc.) em um discurso complexo
que está continuamente se reconstituindo - um discurso 'auto-
reflexivo' no qual os gráficos moldam ativamente o processo de
pensamento do designer. É justamente essa capacidade de
“encontrar uma forma” por meio de processos dinâmicos, altamente
não lineares e indeterminísticos
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que deu à mídia digital uma capacidade crítica e geradora
de design. Mesmo que o contexto tecnológico do design
tenha se tornado totalmente externo, sua capacidade de
retenção permanece internalizada (McCullough 1996).
Fabricação digital As
superfícies contínuas e altamente curvilíneas que se
destacam nas arquiteturas digitais trouxeram à tona a
questão de como trabalhar as ramificações espaciais e
tectônicas de tais formas não-euclidianas. Foi a questão da
construtibilidade que pôs em causa a credibilidade das
complexidades espaciais introduzidas pela vanguarda
“digital”. No entanto, o fato de as geometrias topológicas
serem precisamente descritas como NURBS e, portanto,
computacionalmente possíveis também significa que sua
construção é perfeitamente atingível por meio de processos
de fabricação controlados numericamente por computador
(CNC), como corte, subtração, fabricação aditiva e formativa,
que são brevemente descritos nesta seção.
120 Gerenciamento de Informações Arquiteturais – 05 Processo de Projeto 3
O corte CNC, ou fabricação 2D, é a técnica de
fabricação mais comumente usada. Várias tecnologias de
corte, como arco de plasma, feixe de laser ou jato de água,
envolvem movimento de dois eixos do material da folha em
relação à cabeça de corte e são implementadas como uma
cabeça de corte móvel, uma base móvel ou uma combinação
de os dois. As estratégias de produção usadas na fabricação
2D geralmente incluem contorno, ou seja, corte sequencial
(Figura 2), triangulação (ou mosaico poligonal), uso de
superfícies reguláveis e desenvolvíveis e desdobramento.
Todos eles envolvem a extração de componentes planares
bidimensionais de superfícies ou sólidos geometricamente
complexos que compõem a forma do edifício. Qual dessas
estratégias é usada depende do que está sendo definido
tectonicamente: estrutura, envelope, uma combinação dos
dois, etc (fig. 2).
Como o próprio nome indica, a fabricação subtrativa
envolve a remoção de um volume especificado de material
de sólidos usando fresamento multieixo. No fresamento
CNC (Controle Numérico Computadorizado), um sistema de
computador dedicado executa as funções básicas de controle sobre
Figura 2. Quadros estruturais
no Experience Music Project
de Frank Gehry em
Seattle, produzidos por contorno.
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o movimento de uma máquina-ferramenta usando um
conjunto de instruções codificadas. Esta tecnologia de
décadas foi recentemente aplicada de forma inovadora na
indústria da construção, para produzir as fôrmas (moldes)
para a moldagem externa e interna de elementos de
concreto com geometria de curva dupla, como nos edifícios
de escritórios de Gehry em Dusseldorf, Alemanha ( Figura
3), e para a produção dos painéis de vidro laminado com
superfícies curvilíneas complexas, como no projeto Conde
Nast Cafeteria de Gehry e no pavilhão BMW de Bernard
Franken.
Em um processo inverso ao da fresagem, a fabricação
aditiva (muitas vezes chamada de fabricação em camadas,
fabricação sólida de forma livre ou prototipagem rápida)
envolve a conformação incremental pela adição de material
camada por camada. O modelo digital (sólido) é dividido
em camadas bidimensionais; as informações de cada
camada são então transferidas para o cabeçote de
processamento da máquina de fabricação e o produto físico
é gerado de forma incremental em uma camada por camada
Figura 3. Fresamento
de moldes de isopor para
a fundição de painéis de concreto
armado para Gehry's Zollhof
Towers em Dusseldorf,
Alemanha (Rempen 1999).
Gerenciamento de informações arquitetônicas – 05 Processo de projeto 3 121
moda. Devido ao tamanho limitado dos objetos que podem
ser produzidos, equipamentos caros e longos tempos de
produção, os processos de fabricação aditiva têm uma
aplicação bastante limitada no projeto e na produção de
edifícios. No projeto, eles são usados principalmente para a
fabricação de modelos (de massa) com geometrias
curvilíneas complexas. Na construção, eles são usados
para produzir componentes em série, como elementos de
aço em estruturas treliçadas leves, criando padrões que
são usados na fundição de cera perdida. Recentemente, no
entanto, várias técnicas experimentais baseadas em
concreto projetado foram introduzidas para fabricar
componentes de construção em larga escala diretamente
de dados digitais.
Na fabricação formativa, forças mecânicas, formas
restritivas, calor ou vapor são aplicados em um material de
modo a moldá-lo na forma desejada por meio de
remodelação ou deformação, que pode ser axialmente ou
superficialmente restrita. Por exemplo, o material remodelado
pode ser deformado permanentemente por tais
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processos como estressar o metal além do limite elástico,
aquecer o metal e depois dobrá-lo enquanto está em um
estado amolecido, dobrar placas a vapor, etc. que poderia ser
usado para a produção de vidro moldado e folhas de plástico
e para estampagem de metal curvo.
As curvas planas podem ser fabricadas pela dobragem
numericamente controlada de hastes finas, tubos ou tiras de
material elástico, como aço ou madeira, como foi feito para um
dos pavilhões de exibição projetados por Bernard Franken
para a BMW.
Depois que os componentes são fabricados digitalmente,
sua montagem no local pode ser aumentada com tecnologia
digital. Modelos tridimensionais digitais podem ser usados para
determinar a localização de cada componente, mover cada
componente para sua localização e, finalmente, fixar cada
componente em seu devido lugar. Novas tecnologias
impulsionadas digitalmente, como levantamento eletrônico e
posicionamento a laser, estão sendo cada vez mais usadas
em canteiros de obras em todo o mundo para determinar com
precisão a localização de componentes de construção. Por
exemplo, conforme descrito por Annette LeCuyer (1997), o
Museu Guggenheim de Frank Gehry em Bilbao “foi construído
sem nenhuma fita métrica. Durante a fabricação, cada
componente estrutural foi codificado em barras e marcado
com os nós de interseção com as camadas adjacentes da
estrutura. Os códigos de barra no local foram passados para
revelar as coordenadas de cada peça no modelo CATIA.
O equipamento de levantamento a laser conectado ao CATIA
permitiu que cada peça fosse colocada com precisão em sua
posição definida pelo modelo de computador.” Processos
semelhantes foram usados no projeto de Gehry em Seattle.
Como observa LeCuyer em seu artigo, esses processos são
uma prática comum na indústria aeroespacial, mas relativamente
novos na construção.
Customização em massa
A capacidade de produzir componentes de construção
irregulares em massa com a mesma facilidade que as peças
padronizadas introduziu a noção de personalização em massa
no projeto e na produção de edifícios (é tão fácil e
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econômico para uma fresadora CNC produzir 1.000 objetos
únicos e 1.000 idênticos). A customização em massa, às vezes
chamada de customização sistemática, pode ser definida como
a produção em massa de bens e serviços customizados
individualmente (Pine, 1993), oferecendo assim um tremendo
aumento na variedade e customização sem um aumento
correspondente nos custos. Além da “customização em
massa”, os processos de produção acionados por CNC, que
permitem a fabricação de peças não padronizadas
componentes repetitivos diretamente de dados digitais, também
introduziram no discurso arquitetônico o novo
“lógicas da serialidade”, ou seja, a variação local e a
diferenciação em série. Agora é possível produzir “objetos
fabricados em série, matematicamente coerentes, mas
diferenciados, bem como componentes únicos elaborados,
precisos e relativamente baratos”, segundo Peter Zellner
(1999), que argumenta que no processo a “arquitetura é
tornando-se como 'firmware', a construção digital do espaço
do software inscrito nos hardwares da construção”.
As implicações da customização em massa são profundas.
Como Catherine Slessor (1997) observou, “a noção de que a
singularidade é agora tão econômica e fácil de alcançar quanto
a repetição, desafia as suposições simplificadoras do
Modernismo e sugere o potencial de um novo paradigma pós-
industrial baseado nas capacidades criativas aprimoradas de
eletrônica em vez de mecânica”. Na estética modernista, a
casa deveria ser considerada um item manufaturado
(“máquina de viver”), valendo-se da lógica da engenharia para
que o projeto seja clarificado e reduzido ao essencial. A
produção em massa da casa traria o melhor para um amplo
mercado e o design não atenderia à elite (Le Corbusier 1931).
No início do século XXI o objetivo permanece, embora
reinterpretado, com o processo invertido. Produção fabril não
significa mais produção em massa de um item padrão para
atender a todos os propósitos, ou seja, tamanho único.
Em vez disso, agora nos esforçamos para a personalização
em massa, trazendo os benefícios da produção em fábrica
para a criação de um componente exclusivo ou série de similares
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elementos diferenciados através da variação controlada
digitalmente (Kvan e Kolarevic 2001).
Conclusões
As mudanças de paradigma atualmente em jogo no projeto
arquitetônico contemporâneo são fundamentais e
inevitáveis, deslocando muitas das convenções bem estabelecidas.
Em um design mediado digitalmente, como manifestado
nos edifícios e projetos de Gehry da “vanguarda digital”,
as práticas do passado de repente parecem inadequadas.
Modelos de design capazes de transformação consistente,
contínua e dinâmica estão substituindo as normas estáticas
dos processos convencionais. As relações previsíveis entre
o design e as representações são abandonadas em favor
de complexidades geradas computacionalmente. As
geometrias topológicas, curvilíneas, são produzidas com a
mesma facilidade que as geometrias euclidianas de formas
planas e cilíndricas, esféricas ou cônicas.
O plano não “gera” mais o projeto; as seções atingem um
papel puramente analítico. Grades, repetições e simetrias
perdem sua antiga razão de ser, à medida que a
variabilidade infinita se torna tão viável quanto a
modularidade e a personalização em massa oferece alternativas à massa.
Produção.
As arquiteturas digitais estão mudando profundamente
os processos de projeto e construção. Ao integrar projeto,
análise, fabricação e montagem de edifícios em torno de
tecnologias digitais, arquitetos, engenheiros e construtores
têm a oportunidade de reinventar o papel de um “mestre-
construtor” e reintegrar as disciplinas atualmente separadas
de arquitetura, engenharia e construção em um empresa
colaborativa digital contínua, preenchendo assim “a lacuna
entre projetar e produzir que se abriu quando os designers
começaram a fazer desenhos”, conforme observado por
Mitchell e McCullough (1995).
Gerenciamento de informações arquitetônicas - 05 Processo de design 3 123
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