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MBA EM PLATAFORMA BIM (Bim Manager) -

Modelagem, Planejamento e Orçamento

Módulo:
Conceitos de BIM: Usos e ferramentas

Professor:
M.Sc. Rogério Henrique Frazão Lima
CURSO: MBA em PLATAFORMA BIM: modelagem, planejamento e
orçamento

PROFESSOR: Rogério Henrique Frazão Lima

MÓDULO: Conceitos de BIM: Usos e ferramentas

Objetivo:
Introduzir o aluno na temática da Plataforma BIM, destacando os conceitos existentes, as
vantagens e desvantagens, os softwares utilizados e o papel do BIM Manager neste novo
mercado.

Ementa:
Histórico do Desenvolvimento da Plataforma BIM, seus conceitos e características. Módulos BIM
nD, Interoperabilidade, Trabalho Colaborativo, Ferramentas para cada etapa do tempo de vida
da edificação. As mudanças metodológicas do processo de projeto e execução. Vantagens e
desvantagens. Gestor de BIM (BIM Manager): perfil profissional, habilidades e competências.

Metodologia:
Aulas expositivas dialogadas, baseadas nas bibliografias indicadas.

Procedimentos:
Uso de metodologias ativas para promover um maior envolvimento com o aprendizado.

Recursos didáticos:
Utilização do quadro branco, data show e textos de apoio.

Avaliação:
A avaliação será um processo contínuo que envolverá a assiduidade e a participação
do aluno em sala de aula, através de exercícios práticos. Os exercícios serão
avaliados de acordo com o desenvolvimento do aluno segundo o seu traçado,
apresentação, organização e representação gráfica correta.
Os alunos também serão avaliados através de uma produção textual ao final do
módulo.

Referências/ Bibliografia:
ARANTES, Pedro Fiori. Arquitetura na era digital-financeira. São Paulo: Editora 34, 2012.

EASTMAN, Chuck; TEICHOLZ, Paul; SACKS, Rafael; LISTON, Kathleen. Manual


de Bim - Um Guia de Modelagem da Informação da Construção para arquitetos,
engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Ed. Bookman. São Paulo,
2013.

SUCCAR, B. Building Information Modelling Framework: A research and delivery foundation


for industry stakeholders. Automation in Construction, [S.I.], n. 18, p.357-375, 2009.
MBA EM PLATAFORMA BIM
(Bim Manager)
Modelagem, Planejamento e Orçamento - 400h

MÓDULO DO CURSO:
Conceitos de BIM: Usos e Ferramentas

Prof. M. sc. Rogério Lima - Arquiteto e Urbanista

Ementa

Introdução ao sistema BIM - Building Information Modeling,


conceitos, característica e softwares utilizados. Apresentação
das vantagens, recursos, formas de implantação e as aplicações
no desenvolvimento de projetos de edificações, planejamento e
acompanhamento de obras.
Conteúdo Programático
• Evolução das Técnicas de Modelagem Digital
• BIM: conceito, recursos e aplicações;
• BIM x CAD: diferenças, vantagens e desafios;
• Trabalho Colaborativo;
• Interoperabilidade;
• Compatibilização de Projetos;
• BIM Manager
• Implementação: Etapas, hardwares, softwares e custos;
• Estudos de caso

Villemard - 1910
Introdução:

O processo de criação do projeto de


Arquitetura
1. Os esboços ambíguos são fundamentais para levantar
hipóteses de projeto (GOEL, 1995).

2. A ordem de utilização dos recursos de expressão determina


as ações cognitivas que influenciam a realização do projeto,
determinando e conduzindo certas escolhas projetuais (SUWA et
al., 1998).

Introdução:

O processo de criação do projeto de


Arquitetura
3. A reflexão se realiza durante a ação. Assim, a reflexão-na-
ação é fundamental para a prática projetual, e permite que o
projetista pense enquanto faz (GERO, 1998; SCHÖN, 2000)

Cada meio de expressão contribui para o conhecimento daquilo


que está sendo concebido. Nesse sentido, tanto esboços e
maquetes físicas como modelos digitais e protótipos rápidos são
fundamentais para a concepção e comunicação do projeto
(FLORIO, 2005).
Introdução:

O processo de criação do projeto de


Arquitetura

• Reconhecimento de problemas,
• Reestruturação de problemas
• Manipulação de ferramentas para solução dos problemas.
(FLORIO, 2005).

Técnicas de Modelagem Digital


Evolução (Scheer, 2007):

1ª geração: Desenhos auxiliados por computador

2. geração: Modelagem Geométrica

3. geração: Modelagem de produto


1ª Geração: Desenhos Auxiliados
por Computador - CAD

A tecnologia CAD é
considerada a inovação mais
importante de TI das
últimas quatro décadas
(Scheer, 2007)

CAD: Histórico

Anos 50 - primeiros protótipos;

Anos 60 – utilizados nos projetos de


aeronaves, automóveis e componentes
eletrônicos;

Pioneiro – UNISURF: Pierre Bézier da


Renault;

Anos 70 – primeiros aplicações 3D.

Anos 80 – computador pessoal (IBM),


surgem vários desenvolvedores de
softwares CAD
CAD: Histórico

Sketchpad desenvolvido por Ivan Sutherland (MIT – 1963).

Primeiros desenhos 3D em wireframe

CAD: Histórico
1971 – Hanratty – Software ADAM (Automated Drafting and Machinery)

1977 – Início da Dessault Systémes – Software CATIA;

1982 – John Walker funda a Autodesk – Software AutoCAD (1983);

1984 – Início da Diehl Graphsoft – Software Radar CH que se tornou o ArchiCAD;

Na mesma década surgem as empresas:

- ANDRA Systems (CADRA 2D CAD);

- Bentley Systems (Intergraph’s IGDS CAD);

- Micro Control Systems (CADKEY);

- Unigraphics (NX Unigraphics);


1ª Geração: Desenhos Auxiliados
por Computador - CAD
Vantagens:

• Precisão (Imagens Vetoriais)


• Flexibilidade de ajustes
• Interoperabilidade
• Possibilidade de produzir múltiplas cópias
• Reduzido espaço para armazenamento
• Redução da quantidade de mão-de-obra.

Softwares:

• AutoCAD, ItsCAD, ZWCAD, etc.

2ª Geração:
Modelagem Geométrica

Características

Tipos de modelagem:
- Wireframe (Modelo de arame)

- Surface (Superfície)

- Solids (Sólidos)

- NURBS
2ª Geração: Modelagem Geométrica
Vantagens

Softwares:
- AutoCAD,
- 3DS MAX,
- Sketchup,
- Cinema 4D,
- Lumion,
- Modo,
- etc.
Modelo realizado no Sketchup

2ª Geração: Modelagem Geométrica

Aplicações:

Maquetes eletrônicas e
estudos de composição.
3ª Geração: Modelagem de Produto
BIM (Building Information Modeling)

Mais antigo exemplo documentado: Publicação no Jornal AIA


por Charles M. “Chuck” Eastman, Universidade Carnegie-
Mellon, 1975. (Building Description System - BDS)

Pesquisas similares na Europa e no Reino Unido na década


de 70.

- Product Information Models - Finlândia

- Building Product Models - USA

Termo “Building Modeling” : Artigo de Robert Aish - 1986

Outros termos relacionados:

Fonte: (Gaspar; Ruschel, 2017)


3ª Geração: Modelagem de Produto
BIM (Building Information Modeling)

“Simulação inteligente da arquitetura”.


(Mortenson Company)
- Digital
- 3D
- Mensurável
- Abrangente: todas as disciplinas e processos
- Acessível por toda a equipe
- Durável: toda a vida da edificação

3ª Geração: Modelagem de Produto


BIM (Building Information Modeling)

(NBIMS-US)
3ª Geração: Modelagem de Produto
BIM (Building Information Modeling)

É um conjunto interrelacionado de políticas, processos e


tecnologias que geram uma metodologia para gerenciar a
essência de projeto da edificação/construção e dados associados
num formato digital, em todo ciclo de vida da edificação.
(Succar, 2009)
Características:

• Possuem componentes de
construção “inteligentes”;

• Componentes que incluem


dados que descrevem
como eles se comportam;

• Dados consistentes;

• Permitir importar/exportar
dados.

Objetos Paramétricos

• Geometrias, dados e
regras associadas;
• Geometria não
redundante;
• Regras paramétricas
modificam
automaticamente as
geometrias associadas;
• Níveis diferentes de
agregação;
• Identifica determinada modificação viola a viabilidade do
objeto
• Habilidade de vincular-se a ou exportar conjuntos de
atributos.
Família de modelos ou classes de modelos
- Conjunto de relações e regras para controlar os parâmetros
pelos quais as instâncias dos elementos podem ser geradas;

- Múltiplas instâncias do mesmo tipo em diferentes situações e


com parâmetros variados.

CAMPOS x AGENTES
Baseado no gráfico do processo de produção de um projeto
(Succar, 2008)

Fonte: ndBIM
FERRAMENTAS BIM:

- Geração Automática de Desenhos;

- Facilidade de Desenvolver Objetos Paramétricos personalizados;

- Escalabilidade: habilidade de lidar com combinações de projetos de grande


escala e modelagem de alto nível de detalhes;

- Interoperabilidade;

- Extensibilidade: personificação e extensão;

- Modelagem de superfícies e curvas complexas;

- Ambiente Multiusuário.

Características:
- Processos, Tecnologias e
Políticas
Vantagens:
- Rapidez na produção da
documentação;
- Reação rápida a problemas
de projeto ou do canteiro
- Potencializa o Trabalho
Colaborativo;
- Reduz erros de
compatibilização de projetos; Gráfico do processo de produção de
um projeto (Succar, 2008)
- Aumenta a precisão nos
quantitativos e orçamentos;
TENDENCIA DE MERCADO

Adoção do BIM nos últimos anos no Reino Unido.


Fonte: National BIM Report, 2018.

- O Governo Britânico determinou que a partir de 2016 todas as


obras públicas devem ser feitas utilizando o BIM;
- No inicio de 2014, o Parlamento Europeu aprovou uma Diretriz
para Aquisições do Setor Público, onde estimulam o uso do
BIM;
- Desde 2008 o Corpo de Engenheiros do Exército Americano já
exige o uso de BIM em seus projetos e obras.
Fonte: Autodesk

Início da implementação do CAD e


do BIM no Brasil e no exterior.
BIM no BRASIL

BIM no BRASIL
Norma BIM no BRASIL – NBR 15965
• É um Sistema de Classificação das Informações;
• 13 Tabelas;
• Baseada na OmniClass;
"Empreiteiras brasileiras
são mais novos a usar
BIM. No entanto, eles
estão relatando que
pretendem investir em
capacitação e esperam
aumentar os níveis de
atividade no futuro.”
Relatório sobre uso de
BIM no Mundo McGraw
Hill Construction 2014.

Relatório sobre uso de BIM no


Mundo McGraw Hill
Construction 2014.
Exemplos no Brasil
- Gafisa: construtora que tem sido pioneira na implantação da
plataforma BIM.

- Em 2010, iniciou o desenvolvimento de cinco projetos


residenciais para testar diferentes softwares.

- A empresa montou cinco equipes envolvendo funcionários da


construtora, projetistas terceirizados e consultores, uma para
cada empreendimento.

- Revit: empreendimento em Brasília e um em Goiânia.

- Bentley, um imóvel em Santos.

- VectorWorks: em São José dos Campos.

- ArchiCAD: um prédio em Goiania.

- Segundo Rafael Sacks, a Gafisa adotou o BIM como política da


empresa e esta fazendo grande progresso no estabelecimento
de procedimentos, concentrando-se ainda na checagem de in-
terferências e estimativas (TAMAKI, 2011a)

- Atualmente o BIM já é utilizados em 20% dos


empreendimentos em construção.
TECNISA

Empreendimento: Jardim de Perdizes

Maior empreendimento imobiliário da capital paulista - 250mil m2

Software: REVIT

SINCO ENGENHARIA

- Empreendimentos: 3 edifícios comerciais, um shopping center e 2 edifícios


residenciais.

- Software: ArchiCAD, TQS, REVIT MEP, Solibri, Synchro

- Novo projeto de 50 mil m2


JHSF Engenharia Avançada
- Núcleo de Desenvolvimento e Processos

- 14 Empreendimentos

- Software: Autodesk Building Design (REVIT / Navisworks)

- Benefícios apresentados: Melhor qualidade, melhor custo pela


integração dos quantitativos do BIM com o orçamento (5D),
melhor constrole do prazo da obra por meio do sequenciamento
de montagem virtual e controle de produção desenvolvidos em
BIM (4D)

ODEBRECHT
Realizações Imobiliárias
- 20 Empreendimentos
- LED Barra Funda (SP): Hotel, Torre de Escritórios, Torre
Residencial e um shopping center
- Software: Autodesk Building Design (REVIT / Navisworks)
EDALCO
- Implantação em 2 anos
- Todos os funcionários foram capacitados

- Estágios do BIM (Tobin, 2008)

- BIM 1.0: Mudanças

- Tecnologia: Alta / Processos: Média / Políticas: Baixa


- Estágios do BIM (Tobin, 2008)

- BIM 2.0

Estágios do BIM (Tobin, 2008)


BIM 2.0: Mudanças
Tecnologias: baixa / Políticas e processos: média
- Estágios do BIM (Tobin, 2008)
- BIM 3.0 - Mudanças:
- Tecnologias, Processos e Políticas: Altas

- Níveis de Maturidade
- EVOLUÇÃO

- MATURIDADE
IMPLANTAÇÃO

IMPLANTAÇÃO
Atividades para Implantação
1º: BEP (BIM Execution Plan)

2º Escolha do software e treinamento da equipe;

3º: Preparação das Bibliotecas de Componentes;

4º: Customização do software para o fornecimento de modelos


de desenho e relatórios às necessidades da empresa

5º: Seminários e/ou workshops para aqueles que serão


afetados;

6º: Definições, Orientações e Padronizações para o trabalho em


equipe.

Mais de 200 softwares BIM


Alguns Softwares:

Projeto Arquitetônico: Revit (Architecture), ArchiCAD,


Vectorworks, Allplan, Digital Project, AECOSim;

Projeto Estrutural: Revit (Structure), Robot, Tekla Structures,


AECOSim, ArchiCAD;

Projeto de Instalações: Revit (MEP), AECOSim, MEP(Graphisoft);

Planejamento e Orçamento de Obras: Navisworks, Vico, Synchro;

Compatibilização: Solibri, Navisworks, Tekla BIMsight;

Infraestrutura: Infraworks, PowerCivil, Landmark, OpenRoad;

Colaboração: Revizto, BIM360, Trimble Connect, BIMcollab,(BIMx)

Documentação de projetos

- Plantas Técnicas
- Tabelas de
Quantitativos,
- etc.
Estudos de Composição Volumétrica e Maquetes Eletrônicas.
O que não é BIM?

1º: Quando o modelo 3D só tem dados gráficos ou alguns


atributos;

2º: Quando o modelo 3D não tem simulação de comportamento


(inteligência paramétrica);

3º: Modelos 3D formado por múltiplos desenhos 2D

4º: Modelos 3D onde as mudanças não refletem nas demais


vistas.

3ª Geração: Modelagem de Produto


BIM (Building Information Modeling)
Desafios:

- Mudanças legais;

- Mudanças na Prática e no uso da informação;

- Colaboração de toda a equipes;

- Resistência a mudanças
Pioneiro - Frank Gehry

CATIA (Computer-aided three


dimensional interative application)
Dessaut Systèmes - 1991

Nationale Nederlander

Casa Dançante - Praga

Pioneiro - Frank Gehry

Sucesso do processo

- Museu Guggenheim

- Bilbao
BIM Modelos nD

Exemplo de Planejamento de Modelagem


LOD ou ND
(Level of Development )
(Nível de Desenvolvimento)
100: Modelo Conceitual (Conceptual)

200: Modelo Esquemático (Approximate Geometry)

300: Modelo com Geometria Precisa (Precise Geometry)

400: Modelo Detalhado (Fabrication)

500: Modelo As Built

Modelos 4D = Planejamento
Ferramentas CAD 4D permitem ao modelador executar o planejamento
visualmente e comunicar as atividades no contexto de espaço e tempo
(GSA, 2007; EASTMAN et al., 2011).
Com a tecnologia BIM, o 4D refere-se a utilizar ferramentas de
análise que incorporam os componentes e informações sobre o
método de construção para otimizar o sequenciamento das
atividades. Essas ferramentas incorporam o espaço, a utilização
dos recursos, e informações de produtividade (EASTMAN et al.,
2011).

Modelos 5D = Custos (VICO)


Modelos 5D = Custos
(VICO)

Modelos 6D = Manutenção Predial, FM


ARCHIBUS / YouBIM
Simuladores do
Desempenho das edificações

Conforto térmico

Simulação da trajetória solar

Insolação

Testes de diversos tipos de brises


Simuladores de
Ventilação

Simuladores de
Ventilação
COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS
- Clash Detection

- Interferências no tempo
(timeliner)

- Fluxos de revisão de
modelos

- Relatórios de verificação

- Diferentes visualizações

- Agrupamento de conflitos

COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS
Clash Detection
COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS
Clash Detection

Trabalho Colaborativo
Servidores / Comunicação
Trabalho Colaborativo
- LINK DE REVIT / WORKSETS (REVIT)
- TEAMWORK (ARCHICAD)
- BCF

Objeto:
Reduzir falhas de comunicação
Reduzir re-trabalho
Aumento de produtividade
Aumento da qualidade dos Projetos
Reduzir erros de compatibilização

Interoperabilidade

1. Ligação diretas e proprietárias entre ferramentas BIM


específicas (Ex: GDL);
2. Formatos de arquivos de intercâmbio proprietário,
principalmente lidando com geometrias (Ex.:DXF);
3. Formatos Públicos de intercâmbio de modelos de dados de
produtos (Ex.: IFC);
4. Formatos de intercâmbio baseados em XML (Ex.: AecXML).
Padrões para Interoperabilidade

www.buildingsmart.org

IFC (Industry Foundation Classes)

www.buildingsmart.org IFC4 - Padrão Internacional ISO 16739:2013


Open BIM

Visualizadores de IFC

Solibri Model Viewer: www.solibri.com


DDS ifcViewer: www.dds.no
IfcStoreyView: www.iai.fsk.de/ifc
IFC Engine Viewer: www.ifcviewer.com
ISPRAS IFC/VRML Converter: www.ispras.ru/~step
Octaga Modeler: www.octaga.com (comercial)

BIM MANAGER - Gestor;


- Líder de Equipes;
- Visão global;
- Capacidade de
transitar em todos as
áreas (Projeto/Obra);
- Conhecedor das
ferramentas e da
interoperabilidade
entre elas;
- Boas noções de
informática.
BIM MANAGER
Outras atribuições:
- Implantação da plataforma;
- Coordenação de projetos e
produtos;
- Treinamento de equipes;
- Acompanhamento de
resultados;
- Integração de equipes
multidisciplinares.

BIM MANAGER
Honorários

Dados de 2009

Singapura e Austrália - U$70,000 - U$ 90,000


Brasil - R$15.000 - R$30.000 (Revista AU - 2012)
BIM MANAGER
O BIM Manager precisa gerir:

RECURSOS

PESSOAS

PROCESSOS

BIM MANAGER
Gestão de Recursos:
Equipamentos:

Computadores, Servidores, Tablets, Ploters, Impressores 3D,


Laser Scan, etc.

Softwares:

Programas, Aplicativos, Serviços Online

Financeiro
HARDWARE
Requisitos de
Sistema

USO BÁSICO

Fonte: Autodesk

HARDWARE
Requisitos de Sistema

BOM CUSTO

BENEFÍCIO

Fonte: Autodesk
HARDWARE
Requisitos de sistema

USO

AVANÇADO

Fonte: Autodesk

HARDWARE
Requisitos de Sistema
USO
em MAC

Fonte: Autodesk
BIM MANAGER
Gestão de Pessoas:
- Agregar
- Integrar
- Incentivar
- Desenvolver
- Descobrir
potencialidades
“É uma associação de habilidades e
métodos, políticas, técnicas e práticas
- Manter definidas, com o objetivo de administrar os
comportamentos internos e potencializar o
- Acompanhar capital humano nas organizações.”

BIM MANAGER
Gestão de Processos:
- Traçar objetivos / metas

- Definir Metodologias

- Definir Workflows

- Monitorar

- Avaliar Resultados

- Redirecionar
OUTROS CONCEITOS

Design Generativo
Design Generativo

Linguagem de Programação Visual (LPV)

- Grasshopper + Rhinoceros + ArchiCAD

- Dynamo + Revit

Mass Customization
Algorítmos Evolutivos

Captura de Realidade

Laser scanner 3D
Captura de Realidade

Captura de Realidade
Fabricação Digital e
Prototipagem rápida

Modelo 3D - Máquinas de Fabricação de Peças

Fabricação Digital e
Prototipagem rápida

Modelo 3D - Máquinas de Fabricação de Peças


Modelo 3D - Máquinas de Fabricação de Peças

Sagrada Família
(desde 1883)–
Barcelona
Antoni Gaudi

Modelo 3D - Máquinas de Fabricação de Peças

Sagrada
Família
Modelo 3D - Máquinas de Fabricação de Peças

Detalhes digitalizados

Modelo 3D – Máquinas de Fabricação de Peças

• Detalhes digitalizados
PROTOTIPAGEM RÁPIDA:

Impressora 3D

PROTOTIPAGEM RÁPIDA:

Impressoras 3D
TRABALHO PRÁTICO

Desenvolver um fluxo de trabalho BIM para elaboração de


projetos (Arq e Eng);
- Cada equipe receberá uma situação, poderá ser incorporadora
a contratar os serviços em BIM ou escritório escritório de
projetos ou construtora, etc.
- Refletir sobre as fases de elaboração de projeto (NBR 13.531) e
produtos a serem entregues;
- Destacar e defender possíveis mudanças nas etapas acima;
- Destacar a participação dos diversos agentes;
- Destacar as ferramentas para cada atividade e o nível de
desenvolvimento do modelo.

TENDÊNCIAS DO PROCESSO
- Aos poucos os proprietários estão demandando o BIM;
- Novas habilidades e profissões (BIM Manager);
- Reconhecimento dos benefícios da modelagem e 4D;
- Iniciativas de Padronização;
- Sustentabilidade contribuindo;
- Maior aproximação entre projetistas e construtores;
- Mudança no conteúdo programático dos cursos de
arquitetura e engenharia.
- Mudança nas metodologias de ensino de ARQ/ENG
- Adequação das leis: Termo de Referência para
desenvolvimento de projetos com o uso da Modelagem da
Informação da Construção (BIM) - Secret. de Estado da Saúde
de Sta. Catarina
TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA
- Programação Visual (Dynamo / Grasshoppper)

- Verificação automática de construibilidade e eficiência (simuladores);

- Novas ferramentas incorporadas aos softwares (plug-in);

- Criação de mais bibliotecas BIM pelos fornecedores;

- Novas formas de usabilidade e visualização;

- Revisão online;

- Dados Planejamento Urbano;

- Aumento do uso da Construção Enxuta e Modular

Referências e Bibliografia:
- EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON, K. BIM
Handbook: A guide to Building Information Modeling for
owners, managers, designers, engineers, and contractors.
Hoboken, New Jersey: John Wiley & Sons, 2008. 490 p.

- FLORIO, W. Contribuições do building information modeling no


processo de projeto em arquitetura, In: SEMINÁRIO TIC 2007 –
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL, 2007, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre:
TIC 2007, 2007. CD ROM.

- FLORIO, W. ; SEGALL, Mario L.; ARAÚJO, N. S. A contribuição


dos protótipos rápidos no processo de projeto em arquitetura.
In: VII International Conference on Graphics Engineering for
Arts and Design,
Referências e Bibliografia:
- TOBIN, J. Proto-Building: To BIM is to Build. AECbytes, 28 mai.
2 0 0 8 . D i s p o n í v e l e m : < h t t p : / / w w w. a e c b y t e s . c o m /
buildingthefuture/2008/ProtoBuilding.html>. Acesso em: 3 out.
2008.

- SUCCAR, B. Building Information Modelling Framework: A


research and delivery foundation for industry stakeholders.
Automation in Construction, [S.I.], n. 18, p.357-375, 2009.

- SCHEER, A. et. al. Impactos do uso do sistema cad geométrico


e do uso do sistema cad-bim no processo de projeto em
escritórios de arquitetura In: VII WORKSHOP BRASILEIRO DE
GESTÃO DO PROCESSO DE PROJETOS NA CONSTRUÇÃO DE
EDIFÍCIOS, 7. , 2007, Curitiba. Anais...Curitiba,2007.

Obrigado

rlimaarq@gmail.com
Skype: rlimaarq
Proto-Building: To BIM is to Build

John Tobin
Principal, Einhorn Yaffee Prescott Architecture & Engineering PC

For generations, architects have viewed drawing as the best way to understand and communicate design
intent. Building Information Modeling is generating a new awareness. More than just a new representation
tool, genuine BIM is a building enterprise in its own right.

Introduction

In a famous 1929 painting, The Treachery of Images, Renee Magritte painted a pipe under which he declared “Ceci n’est
pas un pipe” which translates to “This is not a pipe.”

Initially puzzling, he later explained—“Could you stuff my pipe? No, it’s just a representation.” Magritte’s work is a well known
commentary on the limits of representation in capturing important aspects of real-world objects. The painting was a good
facsimile of a pipe, but it lacks crucial aspects of “pipeness.”

Rene Magritte – La Trahison des Images. www.lacma.org


© René Magritte Estate/Artists Rights Society (ARS), New York/ADAGP, Paris

There is an obvious similarity to the world of building design. Buildings are intensely complicated, and so immense, that the
most reliable way to convey design intent has been to rely on drafted views which try to describe their configuration. As a
result, the architect’s work has traditionally become an exercise on paper trying to represent something that has a different,
more physical reality.

As a profession, we have devised standards and workflows in which drafting and specifications, produced with standardized
graphic conventions, serve to reasonably document the 3D building. We understand however, that there are limitations to
this drawing-based method, with its multitude of related 2D viewpoints on numerous disconnected sheets.

To minimize the potential for confusion or conflict, many of us have “General Notes” paragraphs which in effect say, “This is
not a building.” (We actually say, “Do not scale drawings”; “In case of discrepancies, call architect”, etc.) This is because we
understand the limits of representation and know that drawings are just our best conventional tool to represent a building.

Building Information Modeling (BIM), it can be argued, offers an entirely different proposition, one that allows us to move
beyond representation and into a simulated building process.

Though many designers continue to use BIM to produce drawings—and a recent industry survey (Top Criteria for BIM
Solutions: AECbytes Survey Results, Oct. 2007) favored that issue over several others—this is probably a transitional phase
for BIM. We would be better served to look beyond using BIM merely as a more powerful representation tool, and instead to
treat the models we create as proto-buildings.
The Greek Proto—as in prototype—suggests something that is a first version of an entity which will later be replicated. BIM
models clearly fall under that rubric, being the first iteration of a building. The process of creating these proto-buildings we
might call proto-tectonics, but more recently it has been called virtual construction.

After two decades of continual advances in 3D object-oriented technology, architects now have the opportunity to build
information models with the same rigor as one would build a building. If we are sufficiently motivated, we will not model to
merely show others the intended outcome of a different, separate process. Rather we will proto-build—that is, make a first-
building. In doing so, we will gain an unprecedented advantage over any previous architectural era—the opportunity to build
twice.

BIM representation. © EYP Architects

Generations of BIM Activity

To understand how this opportunity will materialize, it would help to look at both the current state and also the likely future
trajectory of BIM. For the purposes of our argument, it helps to think of BIM as having three different generations, which we
will call BIM 1.0, 2.0, and 3.0.

Let’s examine the generations in sequence.

BIM 1.0 - CAD on Steroids: In the BIM 1.0 era, model-based software emerged against a background of a 2D CAD
production workflow, where the major benefit was better-coordinated and faster production of documents. The goal was to
model with objects and to minimize tedious drafting by having one 3D object handle multiple 2D representations when
placed in a project.

Over many years of development, increasingly sophisticated object-based CAD programs emerged that improved drawing
coordination and also added data fields to the objects. These tools now permitted real-time generation of schedules and 3D
representations. In comparison to previous software, these applications were like CAD on steroids; smarter than reams of
2D CAD, reducing drafting chores, and also eliminating tedious counting.

Because the tools were now incorporating data, the term “Building Information Modeling” was soon born. The objective was
to use the data features for schedule generation, which would ultimately end up on paper. Though sometimes troublesome
to work with, the software grew in acceptance largely for these coordination benefits. It’s worth noting that the BIM 1.0
workflow was still tackling traditional representation tasks.

The most significant characteristic of the BIM 1.0 era however, is that it was still in the realm of the A/E alone, so designers
could elect how deeply they wanted to implement the new techniques.
Detailed BIM models. © EYP Architects

BIM 2.0 - The Big Bang in Reverse: The second phase of BIM—the 2.0 era—dawned when the realm of people involved in
building models expanded beyond the A/E professions.

We could call this stage The Big Bang in Reverse because the diverging galaxies of designers and builders—which had
been hurtling away from each other over several centuries—suddenly reversed direction. Two groups that had grown apart
now found themselves drawn quickly back together by the potential of this new technology.

In contrast to BIM 1.0, the BIM 2.0 situation becomes far more complicated for architects, because various groups are
seeing completely different possibilities—and requiring different performance—from the same artifact. What architects
continue to need as a production tool for documentation now also becomes a bill of materials or a logistics tool for
contractors, as well as a facilities management tool for owners. In the BIM 2.0 era, contractors are helping to popularize
terms such as 4D (time) and 5D (money) models, which allow contractors to use them for phasing and quantity takeoff
purposes. Not to be outdone, design sub-consultants start to see BIM models as an engine for energy and environmental
analysis. The expectations of the BIM process thus increase significantly.

BIM 2.0 is producing a divergence of opinion in how BIM models should be built, who will properly build them, and what their
purpose is. Architects are struggling to absorb how to build these models correctly. Though it does not seem unreasonable,
it takes us outside of our comfort zone, and certainly our typical education. BIM 2.0—which is currently ongoing—is a highly
tumultuous era with architects trying to learn the new techniques that BIM models enable.

The Association of General Contractors (AGC) added significant momentum to this reverse Big Bang when they published
their Contractors Guide to BIM in late 2006. Somewhat in response, the AIA accelerated the shift in gravity by developing
an initiative known asIntegrated Project Delivery, which encourages close cooperation between designers, owners and
contractors. Owners groups such as CURT have also acknowledged shared common needs between owners, contractors
and designers with the 3xPT initiative.

Before too long a familiar term, interoperability—meaning how various information gets exchanged from one partner to
another—emerged with new urgency as an industry-wide issue, and designers are now faced with creating models unlike
anything they had previously seen. Clearly the BIM 2.0 model has moved beyond a tool for representation and is being
thought of as an intricate work in its own right.
Detailed BIM models. © EYP Architects

BIM 3.0 - Post-Interoperability: Though interoperability is currently a thorny and seemingly insurmountable problem in BIM
2.0, we need to take a look beyond to a third, future phase for some direction. There are several efforts afoot—such as the
IFC and BuildingSmart initiatives—to promote inter-disciplinary exchange of information and expertise across disciplines.
The BIM 3.0 era—the Post-Interoperability era—imagines what BIM will be like when working together is a seamless
proposition. InBIM 3.0 and beyond, the various parties will construct a model, not as a representation for their intermediate
purposes, but as a full dress rehearsal for construction, working with the model as they would a real building.

The BIM 3.0 sandbox will probably be a net-centric database, one where BIM models, nowproto-buildings, are constructed
and populated collaboratively in a web-hosted 3D environment accessed from anywhere. All participants including
contractors, trades and owner will understand how to collectively contribute through their own discipline-specific modules.
The architect’s initial proto-building will ideally have continued value throughout design, construction and fabrication efforts.
It may alter form and overall content, but it will be a continuum of activity.

BIM 3.0 may appear at first glance to be a rather idealistic scenario. But the intent is not to ignore real present-day
problems, but to look beyond them for a moment so we can make some steps now towards a better BIM process. The
interoperability challenge will be overcome eventually, and architects need to be prepared for our role when it does happen.

Innovations in computing technology will provide a piece of the puzzle necessary for BIM 3.0 to occur—faster WAN speeds,
and more robust software will enable the networked model to become the vessel for all manner of design input. But
attitudes will also be an important ingredient, one that technology alone cannot overcome. One of the hallmarks of success
in BIM 3.0 will be a cross-disciplinary attitude that looks at buildings as a shared enterprise, especially between designer
and contractor. Also important will be a belief that architects can initiate a process that continues throughout construction.

This prompts the question—if the trajectory of BIM materializes as imagined above, what will be the impact on, and the role
of, designers?

Build It As It Will Be

As outlined above, the development from BIM 1.0 to BIM 3.0 is marked by a shift from representation to proto-building. In
the BIM 3.0 era, drawings will not be a critical component of the design-build workflow. What will be important is how well the
model is built to embody and enable the building process. The act of building BIM models therefore will in fact become a
credible building process in its own right. It may be digital, but it will still feel like a process of construction.

Some early BIM adopters are already getting a taste of this. Throughout many years of using BIM tools, there have been
numerous points where, confronted with a documentation issue, the question arises—“How should I model this?” The
inquiry inevitably turns to the question—“First, what is this element in real-life?” Usually the path to success is found from a
deeper understanding of the element being modeled, and then modeling it as such.

This prompts two observations. First, architects are now often forced to ask basic, fundamental questions about something
we thought we already knew quite well—such as creating doors. It is difficult to believe something as mundane as a door
could prompt a deep philosophical discussion, but that is what appears to happen as we try to grasp the construction
implications around a simple BIM component.

Building BIM Doors © EYP Architects

In traditional 2D work, a door is often signified by a panel swing and a frame. Other information gets added in a schedule,
and yet further elaboration is created in a door legend. In a BIM environment, deeper thought is required. This is because
how that single door object will get transferred throughout the downstream processes influences how it gets created in the
first place. (Is it a frame with a panel inside, or a panel with a frame surround?). Take the thinking behind the door and apply
it to all aspects of buildings—windows, ceiling, finishes—and you begin to see a trend.

This leads us to the second observation: if we are deliberately creating individual components in the manner that they would
be built in the real world, then why don’t we do it comprehensively, and model the entire building as it would be built? When
done in this manner, a design model approaches a proto-building, emulating many real life aspects of buildings in
construction. After working with BIM for several years, many architects find themselves modeling in ways that don’t
necessarily make sense if 2D representation is the end-goal. But the goal is no longer 2D representation—instead, knowing
with some certainty how a building works in 3D is invaluable even if it appears many aspects will not make it onto a sheet of
paper,

Though it may take some effort for designers to re-examine how construction objects should best exist in a BIM
environment, this new awareness can only prove to be beneficial in the long run, because it prompts architects to learn even
more about components they are using all the time. In our firm, and in several others I know of, we already strive to build
our models according to accepted industry standards. For example, projects are broken into ‘worksets’ according to the
UniFormat system of Substructure, Core and Shell, Interiors, etc. Furthermore, when we create BIM models, we try to mimic
construction—place foundations, columns, beams, and slabs on beam, then wrap columns, and then have finish walls
separate from enclosure walls. We do this so that we might better understand the process of construction we are initiating.

There is considerably more for architects to understand before we attain full proto-building, but as far as possible we are
moving to shadow construction activity as closely as the current software will allow. What this means then is that a segment
of the architecture profession is moving beyond representation, and embracing a proto-construction mentality, carefully but
inevitably.
Detailed BIM models. © EYP Architects

One Model? Several Models?

The impetus for this article was triggered by a simple exchange of viewpoints. Not too long ago, I attended a joint Architect-
Contractor AGC workshop where contractors were becoming resigned to the view that the architect’s BIM model was a
throwaway, that it was often useless for the purposes of construction and that they would simply build a new model for the
construction phase of a project. This is a dire development in my opinion.

To the extent that it is true, architects are missing a tremendous opportunity to re-align the efforts of the architect and the
contractor. The architect’s model should not become a throwaway. It may be a basic first effort that can be developed later,
a first prototype, but it should not have to be thrown away.

Separate design and construction models would be disastrous for many reasons:

• It is a waste of time to duplicate modeling work.


• We may lose important design intent in the shift from one model to another.
• It would reinforce the notion that the architect’s design work essentially lacks value.
• It supports the idea that design can proceed separate from construction implication.

One of the reasons the Architect’s BIM model is being viewed as a throwaway may be related to current software
shortcomings where BIM applications cannot yet deconstruct an assembly into the trade-by-trade subcontracting tasks that
contractors need. This is not just another software glitch, it precipitates a difference of vision between architect and
contractor and for that reason we need to work with others to overcome this kind of obstacle. An excellent source of
discussion on the limitations of architect models to construction teams can be found in numerous posts at
http://bimx.blogspot.com, especially some excellent early posts on wall composition.

If BIM 3.0 is our ultimate goal, we will want to keep our focus on what will be possible when these obstacles are surmounted.
As long as architects continue to remain the primary contact in the design process, we still have the opportunity to make that
first BIM model. Whether it will become the final BIM model depends on how seriously we take it as a proto-building.

Conclusion

Contractors have understood the value proposition of “virtual construction” for several years, and architects can assist them
in maximizing it. Architect’s models—based on representation—are not yet conveying important aspects that contractors’
BIM models are expecting to find. So why not? Part of the answer is due to limitations of the tools we use. But it is also that
we are not yet embracing the full potential and implications of BIM, and its ability to emulate building. This may be because
we’re not expected to do it, but it may also reveal a hesitation whether we should shift beyond our role as “representers.”

Yet another factor is that we need some input on what to model, and how to model it as we are designing, so contractors
can use it. One of the great hopes for the recent, ongoing (…and ongoing…) National BIM Standard (NBIMS) process is that
it will clearly articulate a course on how BIM models can become “virtual buildings” with value throughout the entire
construction process. Just as the previous National CAD Standard was a set of graphic representations that codified the
construction document phase for 2D CAD work, the NBIMS will hopefully propose a set of standard conventions suitable for
proto-building. In the interim, a growing number of firms, and some large agencies like GSA, have started to lead the way
and are pursuing a variety of ad hoc BIM model standards. Many of these standards give us a peek at how we can begin to
build proto-buildings which can emulate certain construction processes.

This is a great and exciting time to be an architect. Digital proto-building presents us with an opportunity to fashion our
designs into significant, valuable building prototypes that offer better control and feedback over the design outcome, and to
heighten our contribution to the construction and operations process. Our chance for success may be as much an issue of
attitude as it is technology. What can help to propel this endeavor is a vision of BIM as more than just an extension of an
architect’s documentation drawings, but to understand it as a legitimate form of proto-building in its own right. To BIM is to
build.

About the Author

John Tobin is a licensed Architect and a Principal with EYP Architecture & Engineering PC, a firm with offices in Albany, NY,
Boston, MA, Washington, DC, New York City, and Orlando, FL.

Tobin has spent his career on the subject of technology in architecture, most recently with a focus on 3D technologies. A
long-time Revit user, he is currently charged with implementing BIM across all architecture and engineering
disciplines at EYP, including structural and MEP work. Prior to joining EYP, John spent ten years as a faculty
member at Rensselaer School of Architecture in Troy, NY, where he taught design and technology courses. He can
be reached at jtobin@eypae.com.

Note: AECbytes content should not be reproduced on any other website, blog, print publication, or newsletter without permission.

Fonte: http://www.aecbytes.com/buildingthefuture/2008/ProtoBuilding.html
Colaboração e Interoperabilidade no contexto da Modela-
gem da Informação da Construção (BIM)
Collaboration and Interoperability in the context
of Building Information Modeling (BIM)
Érica de Sousa Checcucci
Universidade Federal do Vale do São Francisco, UNIVASF, Brasil
erica.checcucci@univasf.edu.br

Ana Paula Carvalho Pereira (1)


Arivaldo Leão de Amorim (2)
LCAD, Faculdade de Arquitetura, UFBA, Brasil
(1) apereira3@uol.com.br, (2) alamorim@ufba.br

Abstract: Este artigo discute o tema da colaboração e da interoperabilidade no contexto do paradigma BIM, que tem justi-
ficada relevância ao evitar o retrabalho ou reentrada de dados, permitindo a utilização eficiente da informação, e a efetiva
criação do edifício virtual como um protótipo da edificação. Aborda a colaboração enquanto adoção de metodologias e téc-
nicas de trabalho e a interoperabilidade enquanto a busca de padrões para intercâmbio de dados entre aplicativos. Pontua
o IFC (Industry Foundation Classes) e outros padrões coordenados pela buildingSMART International, destacando o papel de
cada um deles na ação projetual colaborativa.

Palabras clave: AEC; BIM; Trabalho Colaborativo; Interoperabilidade; IFC.

1. Introdução trocas. A Figura 1 mostra a BIM nas diversas fases do


A Modelagem da Informação da Construção (BIM) re- ciclo de vida da edificação e ressalta estas mediações, ne-
presenta o estado da arte no uso das tecnologias digitais cessárias para a modelagem acontecer.
aplicadas ao setor da Arquitetura, Engenharia e Cons-
trução (AEC), e pressupõe a criação de um modelo di- A colaboração refere-se à adoção de metodologias de
gital que represente a edificação durante todo o seu ciclo trabalho em equipe multidisciplinar através da análise
de vida, desde a prospecção do negócio, passando pelos organizacional do processo de projetos e construção,
projetos, planejamento da obra, construção, utilização visto como capacidade de comunicar dados do produto
(operação e manutenção) e requalificação ou demolição. (textos, imagens, planilhas, etc) através de profissionais
Scheer e Ayres Filho (2009) explicam a BIM a partir de de diferentes áreas. Define como serão produzidos os
quatro níveis de modelagem: o primeiro, Supermodela- modelos; quem será responsável por modelar cada item
gem, refere-se à identificação e à análise dos processos da edificação; quem irá coordenar o processo de mode-
existentes na produção da edificação e objetiva promover lagem e gerenciar a base de dados BIM (edifício virtual);
a cooperação e troca de informações entre os agentes; o o que e como deverá ser representado; quais informações
segundo, Metamodelagem, trata da produção de padrões deverão ser inseridas em cada fase do ciclo de vida da
para troca destas informações e objetiva promover a in- edificação, dentre outros aspectos, que são tratados na
teroperabilidade dos dados entre aplicativos diferentes; seção 2. A interoperabilidade é discutida na seção 3,
o terceiro, Micromodelagem, é responsável por criar os através do estabelecimento de um padrão neutro para
componentes que farão parte da edificação – os objetos o intercâmbio de dados de forma otimizada, evitando o
que serão instanciados durante a criação do edifício vir- retrabalho e perda da informação. Finalmente, na seção
tual, e o último, Modelagem, é responsável pela criação 4, algumas relações são evidenciadas e considerações são
do modelo único da edificação que agregará todos os feitas a título de conclusão do artigo.
elementos que compõe o edifício, nas diferentes etapas
de seu ciclo de vida. Este artigo trabalha o primeiro e
segundo eixos - a cooperação e interoperabilidade -, sen-
do entendidos como as definições de regras sobre quais
informações serão trocadas e como serão realizadas estas

XV CONGRESO SIGRADI 2011 >1<


Figura 1: Paradigma BIM. Fonte: Autores.

2. Colaboração no contexto BIM cesso da construção, outra questão a ser discutida refere-
A BIM impõe o desenvolvimento de novas formas de se a constução do modelo: qual será o seu nível de detal-
colaborar, produzir e compartilhar o conhecimento. hamento; quem será o responsável por acrescentar cada
Neste contexto, é fundamental a compreensão de que a informação ao modelo e onde elas serão inseridas. Um
tecnologia por si só não tem o poder de resolver todos exemplo prático é a modelagem de uma porta: as suas
os problemas da gestão da informação durante o ciclo dobradiças e a sua maçaneta deverão ser adquiridas e,
de vida da edificação. Assim, faz-se necessário analisar portanto, deverá haver informações sobre estes elemen-
e atualizar os processos envolvidos, revendo a função de tos no modelo. Estas informações (maçaneta e dobra-
cada ator no processo de modelagem. A edificação deve- diças) podem estar embutidas em elementos geométri-
rá ser concebida através da participação multidisciplinar cos ou podem constar apenas no banco de dados, como
integrada, onde todos tenham a compreensão global do informações a serem preenchidas e que farão parte do
modelo, viabilizando a transferência contínua de conhe- objeto porta. Se for este o caso, durante a criação da por-
cimento entre os diversos participantes. ta deverá ser previsto um campo para preenchimento
Gallello (2008) identifica a necessidade de integração de com informações referentes às dobradiças e a maçaneta.
um novo profissional ao processo, chamado de gerente Outro exemplo ilustrativo é a modelagem do revesti-
BIM. Segundo o autor, este profissional trabalhará desde mento externo da edificação, que é executado após os
o início criando a estrutura do projeto e os formatos de elementos de fechamento (alvenaria e estrutura). No en-
troca de arquivos. Será o responsável pela coordenação tanto, no objeto parede, é possível representá-lo como
do modelo, integração das informações e sincronização parte deste objeto. Se assim for feito, este revestimento
das atividades, estabelecendo a estratégia do trabalho terá mesmo prazo de execução da parede, assim como
colaborativo. Deverá entender do fluxo de informações, mesma altura. No entanto, sabemos que o revestimento
do gerenciamento do projeto e das diferentes necessida- pode avançar sobre a estrutura e as paredes de outros
des de cada equipe; conhecendo os aplicativos utilizados, pavimentos, tendo dimensões indepentes destes objetos.
os sistemas relacionados, a infraestrutura em rede, e as Como deverá ser modelado, então, este revestimento?
novas tecnologias. Ele será feito como um elemento separado, podendo ter
Barison e Santos (2011) identificam ainda a participação informações de prazo de construção e tamanho diferente
de outros profissionais relacionados com o contexto da alvenaria ou será uma informação embutida nos objetos?
BIM: o Gerente BIM, o Facilitador BIM, o Analista Os critérios que serão utilizados devem ser discutidos e
BIM e o Modelador BIM. Estes profissionais, segundo todos na equipe devem ter ciência deles, para que a in-
os autores, poderão trabalhar para diversos atores duran- formação modelada pelo arquiteto-projetista possa servir
te o ciclo de vida da edificação: o proprietário, o cons- posteriormente para o empreiteiro simular a construção
trutor, os projetistas, etc; sendo responsáveis por desem- da obra, o administrador realizar manutenções e assim
penhar funções na construção e gestão do modelo BIM. por diante, em um processo contínuo. Desta forma, diver-
Além dos novos profissionais a serem agregados ao pro- sos critérios que serão específicos de uma empresa, ou que

> 2 < XV CONGRESO SIGRADI 2011


poderão ser próprios apenas de uma edificação, deverão ser 3.2 IDM - Information Delivery Manual
acordados pelos profissionais que atuarão na modelagem Santos (2009) define o IDM como uma metodologia
da informação da edificação, ainda no início do trabalho. para identificar e descrever os processos e suas infor-
mações correlatas num projeto de construção. Assim, o
IDM é um catálogo do conjunto de regras de intero-
3. Interoperabilidade perabilidade, correspondendo ao que seria um manual
Não menos importante do que desenvolver uma meto- do usuário, fornecendo especificação detalhada das in-
dologia válida e otimizada de trabalho colaborativo, é a formações que um determinado profissional (arquiteto,
criação de padrões que permitam o intercâmbio dos da- estruturalista, eletricista, etc) precisa inserir no modelo
dos entre diferentes aplicativos, mantendo a semântica em uma determinada fase da sua evolução, de modo a
existente nos objetos e a consistência das informações. realizar atividades como estimativa de custos, extração
Esta importância justifica-se pela necessidade de se tra- de quantitativo e cronograma da obra.
balhar com diferentes aplicativos, visto não ser viável nem No IDM cada processo é descrito individualmente e
desejavel, que uma única solução consiga dar suporte à conta de três partes: (1) o mapeamento do processo, que
todas as questões ao longo do ciclo de vida da edificação. descreve seu objetivo e as fases no projeto quando o pro-
Desta forma, existem programas mais adequados para se cesso será relevante, identificando também seus sub-pro-
trabalhar nas etapas iniciais de projeto (Trelligence Affini- cessos; (2) a descrição individual de cada requerimento
ty, Facility Composer, Vectorworks Fundamentals, Bonzai necessário para a troca de informação e (3) a parte fun-
3D, SketchUp, Rhinoceros, FormZ,...), ferramentas espe- cional, que descreve a transferência da informação com
cíficas para análise energética e de conforto ambiental da suficientes detalhes técnicos para ser implementada em
edificação (ECOTECT, GREEN BUILDING STUDIO, um software. Enquanto no item 2 o objetivo não é rea-
IES Virtual Environment), ferramentas próprias para es- lizar uma descrição técnica, mas de fácil entendimento,
timar o custo da edificação (DProfiler), ferramentas para na parte funcional são descritos os requerimentos para
modelar a edificação nas suas diversas fases (ArchiCAD, a troca de cada entidade, cada atributo, cada grupo de
Bentley Architecture, Vector Works, Revit Architecture), den- propriedades e cada propriedade individualmente, iden-
tre várias outras. tificando cada capacidade específica do IFC, de modo
Grande parte destas ferramentas geram modelos com a suportar a transferência da informação (FALLON,
formatos de arquivo proprietários fechados, mas per- PALMER, 2007).
mitem a exportação destes modelos através de formatos
neutros abertos, que podem ser importados em outros 3.3 IFD - International Framework
aplicativos. O desejado é que este processo de exportação/ for Dictionaries
importação de dados ocorra sem perda de informações. O dicionário de dados - IFD é o mecanismo que permite
que um software BIM se comunique com um banco de da-
3.1 IFC – Industry Foundation Classes dos de produtos. É um dicionário que contém a definição
O IFC, Industry Foundation Classes, é o padrão neutro dos elementos da construção. Nele é criado o catálogo da
estabelecido para troca de dados, fruto de esforços da nomenclatura dos objetos, reunindo diferentes conjuntos
BuildingSMART International, que objetiva permitir a de dados em uma visão comum e integrada do empreen-
representação de toda a edificação em um modelo nu- dimento. O padrão abrange também diferentes idiomas,
mérico, através da especificação de estruturas de dados garantindo a compatibilidade internacional.
chamadas classes. O IFC é um modelo de dados semânti- O dicionário de dados é baseado em conceito desenvolvido
co, formado por constructos que representam os diversos pela norma ISO 12006-3: 2007 (Construção de edifícios:
objetos da edificação, as suas propriedades, comporta- organização de informações sobre obras de construção, Par-
mentos e relacionamentos com outros objetos. te 3: quadro de informações orientado a objetos). Graças ao
A transferência de dados referentes a objetos definidos dicionário, um modelo BIM aberto pode ser associado aos
em formatos proprietários para padrão IFC procede-se dados de muitas fontes, assegurando a interoperabilidade.
através da decomposição dos objetos em componentes Enquanto o padrão IFC descreve objetos, como eles estão co-
básicos: geometria, relações e propriedades. nectados, e como as informações devem ser armazenadas e tro-
cadas, o padrão de IFD descreve exclusivamente o que os obje-
tos são, quais propriedades, unidades e valores podem assumir.

XV CONGRESO SIGRADI 2011 >3<


3.4 MVD - Model View Definition o mapeamento da atividade de cada participante neste
Ainda Santos (2009), explica que o MVD especifica processo BIM, até a solução de trocas de dados entre
como a informação indicada pelo IDM é mapeada para diferentes ferramentas sem perda da informação. Muito
as classes IFC. O MVD detalha a informação que deverá ainda precisa ser feito até a completa eficiência do pa-
ser trocada e define os objetos padrão IFC que são neces- drão IFC na interoperabilidade e no desenvolvimento
sários para a troca ser realizada. Especifica o que é preciso de metodologias de trabalho consolidadas e eficientes.
ser produzido para satisfazer os requisitos de intercâmbio Além de resolver questões sobre a interoperabilidade dos
entre os arquivos gerados por diferentes ferramentas, for- dados, as questões de colaboração também devem ser
necendo os vínculos da aplicação para os conceitos IFC discutidas e acordadas, para a realização da modelagem
- classes, atributos, relacionamentos, conjuntos de pro- da informação da construção eficiente e eficaz.
priedades, definições, quantidade - usados dentro de um
subconjunto do esquema do IFC. Agradecimentos
O MVD define com extidão quais objetos IFC, relacio- Os autores registram seus agradecimentos à Universi-
namentos e formatos de dados serão utilizados na troca dade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF e
de informações. Esta especificação garante a consistência a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia -
dos dados quando uma ferramenta BIM é implementada FAPESB, pelo apoio ao projeto de doutorado em curso;
por diferentes softhouses (FALLON, PALMER, 2007). ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico – CNPq pela bolsa de produtividade em
pesquisa concedida, e à Coordenação de Aperfeiçoamen-
to de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pelo apoio ao
projeto da Rede BIM-Brasil.

Referências
- Ayres Filho, C.; Scheer, S. 2009. Sugestões para o des-
envolvimento de uma ferramenta de metacompilação de
classes Java para acesso a modelos ifcXML em alto nível.
In: Encontro de Tecnologia da Informação E Comuni-
cação na Construção CiviL, 4., Rio de Janeiro. Anais...
Rio de Janeiro: ANTAC, 2009.
- SI, BuildingSMART – International home of open-
Quadro 1: Padrões BuildingSMART International. Fonte: Autores. BIM, 2011. Disponível em: <http://buildingsmart- tech.
org/>. Acesso em: 22 ago. 2011.
- Scheer, S., Ayres Filho, C. 2009. Abordando a BIM em
4. Considerações finais níveis de modelagem. In: Workshop Brasileiro de Ges-
A gestão da informação durante o ciclo de vida da cons- tão do Processo de Projeto na Construção De Edifícios,
trução passa por estas duas grandes mediações: colabo- 9. São Carlos. Anais... São Paulo: USP, 2009.
ração e interoperabilidade. - Gallello, D. 2008. The new “Must Have” – The BIM
O IFC é o padrão neutro aberto para troca de dados, manager. AECbytes Viewpoint, 34. Disponível em:
e o IFD define o vocabulário que será utilizado neste <http://www.aecbytes.com/viewpoint/2008/issue_34.
padrão, de forma a unificar as nomenclaturas utilizadas html>. Acesso em: 22 ago. 2011.
nestas trocas. Já o IDM tem o papel de especificar in- - Fallon, K. K.; Palmer, M. E. 2007. NISTIR 7417. Ge-
formações que os arquitetos/engenheiros precisam for- neral Buildings Information Handover Guide: Princi-
necer para a execução da edificação, como: estimativa de ples, Methodology and Case Studies. US Departament
custos, quantitativos e cronograma. O MVD represen- of Commerce. National Institute of Standards and Te-
ta a especificação de requisitos das ferramentas para a chnology: 2007.
implementação de uma interface IFC para satisfazer os - Santos, E. T. 2009. Building Information Modeling
requisitos de intercâmbio. and Interoperability. In: Congreso de la Sociedad Ibero-
O caminho para obter a interoperabilidade está no des- Americana de Gráfica Digital, 13. Anais… São Paulo:
envolvimento elaborado do IFC e todos os aspectos le- Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2009.
vantados anteriormente devem ser considerados, desde

> 4 < XV CONGRESO SIGRADI 2011


IMPACTOS NA COORDENAÇÃO DE PROJETOS ASSISTIDA PELA
MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO1

IMPACTS ON DESIGNING COORDINATION SUPPORTED BY BUILDING


INFORMATION MODELLING

Humberto Farina
Universidade de São Paulo, USP
humberto@inprediais.com.br

Karina Matias Coelho


Universidade de São Paulo, USP
karinamatias@usp.br

Resumo
A Modelagem da Informação da Construção é um processo que gera uma mudança conceitual no fluxo de
informações do empreendimento e no processo de trabalho das equipes e do contratante. Permite melhorar a
comunicação entre os envolvidos no projeto, a qualidade das informações disponíveis para tomada de decisões,
a qualidade dos serviços prestados e reduz tempo e custo. Ao desenvolver os processos de forma colaborativa
com o apoio da tecnologia tem-se como benefícios a detecção de conflitos, melhor tomada de decisões por meio
da visualização, melhor comunicação e prevenção a erros. No entanto, há de se admitir que um processo
inovador precisa ser implantado progressivamente, envolvendo os participantes a ponto de se alcançar o
ambiente propício para se estabelecer o novo patamar de trabalho. A utilização da Coordenação de Projetos
assistida pela modelagem da informação da construção pode ser um passo para uma nova forma de pensar. Por
meio desta forma de trabalho, profissionais habituados a desenvolver projetos utilizando processos tradicionais
aplicados à plataforma 2D podem sentir a necessidade de mudar, tornando-se em equipes mais comprometidas
com a integração e colaboração.
Palavras-chave: Coordenação de Projeto. Modelagem da Informação da Construção. Melhoria contínua.
Coordenação espacial.

Abstract
Building Information Modelling inputs changes to the Designing Process, in the workflow and teamwork. It allows
the improvement in the communication among the designing team, the quality of the available information, better
decision taking and in consequence lower time and cost. The development of collaborative processes with the
information technology support could bring benefits how clash detection, visualization that will improve the taking
decision, the communication and prevent designing failures. However, it is true that an innovative process must
implemented progressively, involving all the collaborators to have the right environment to establish new porch of
quality. The use of Designing Coordination Assisted by BIM can be a step to other way of thinking. Through this
work, collaborators who used to designing with traditional processes, applying the 2D platform, may feel the
needing of change, becoming in a team committed to the integration and collaboration.

Keywords: Designing coordination. BIM. Continuous improvement. Spacial coordination.

1FARINA,H., COELHO, K.M.. Impactos na coordenação de projetos assistida pela modelagem da informação da
construção. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
CONSTRUÇÃO, 7., 2015, Recife. Anais... Porto Alegre: ANTAC, 2015.
1 INTRODUÇÃO
A coordenação de projetos tem papel fundamental na organização do fluxo de informações
para o correto desenvolvimento dos projetos e troca de informações interdisciplinares. Visa
atender as necessidades do empreendedor e das disciplinas de construção. Esse processo
tem características inerentes quanto ao tratamento do fluxo de informações, pois considera
o tratamento de múltiplas entradas, diversidade de requisitos técnicos a serem cumpridos e
diversidade de produtos gerados, em um ambiente de trabalho exclusivamente moldado por
relações interpessoais dos especialistas envolvidos.
Melhado (2001) afirma que o projeto é um processo iterativo e coletivo, exigindo uma
coordenação do conjunto das atividades envolvidas, compreendendo momentos de análise
crítica e de validação das soluções, sem, no entanto, impedir o trabalho especializado de
cada um dos seus participantes.
A relação humana e a forma de condução do trabalho em equipe são aspectos que afetam o
resultado da coordenação de projetos, trazendo a essa atividade um determinado grau de
subjetividade. Nóbrega (2012) demonstra em sua pesquisa que o exercício adequado da
função de coordenador exige persistência, perspicácia e manutenção do foco nos
resultados. Para o autor o perfil do coordenador de projeto deve conter algumas
características essenciais: liderança e empatia.
A liderança é um componente crítico para o sucesso dos projetos, o líder deverá apoiar os
membros da equipe incentivando-os a fazer mais e melhor e fomentar a cooperação,
comunicação e compromisso com o trabalho. A empatia é importante para que o
coordenador seja respeitado pela equipe e para desenvolvimento de um relacionamento de
mutua confiança em busca de interesses comuns.
Outra característica que afeta diretamente o resultado do projeto é o embasamento técnico
e a experiência de quem atua na coordenação. Em alguns casos, a falta de conhecimento
básico dos conceitos dos sistemas que estão sendo projetados e dos métodos construtivos
velam as prioridades e tarefas que deveriam ser consideradas pela coordenação, podendo
prejudicar o fluxo de atividades da equipe. Os coordenadores de projeto precisam ter uma
visão completa e integrada de todo o processo e necessitam de elevado conhecimento
técnico para avaliar e analisar o adequadamente as soluções de projeto de diferentes
especialidades. Finalmente, uma outra habilidade a se considerar como fundamental é a
capacidade de abstração dos modelos que estão sendo concebidos pela equipe e a maneira
como novas propostas e análises estão sendo entendidas, analisadas e absorvidas. A cada
troca de informações ou cada interação, exige-se do projetista e da coordenação, a
capacidade de abstração. Nesse momento, são traduzidas informações representativas ou
simbólicas, para um campo abstrato, de construção virtual que é moldado pela experiência e
conhecimento de cada profissional.
Muitas vezes nesse momento explicações e argumentos são utilizadas por cada profissional
para que haja este equilíbrio e para que as decisões sejam tomadas. Aqui se pode perceber
que este processo é recorrente e também inevitável, por se tratar de uma atividade
plenamente imaginativa, baseada nas capacidades individuais da equipe.
Como resultado pode-se concluir que o processo de coordenação de projetos é uma
atividade complexa, multidisciplinar com atividades intelectuais em dois campos da
comunicação, uma baseada plenamente na exploração da imaginação e outro baseada em
representações gráficas. A comunicação por meio de representações gráficas é a atual
mídia adotada para a elaboração das documentações as quais transmitem as informações
para as próximas etapas do empreendimento. Cabe dizer então que a melhoria do processo
de Coordenação de Projetos pode ser entendida como o ganho de eficiência nos aspectos
citados anteriormente, sendo um deles ligados à mídia de comunicação entre a equipe, a
mesma que obriga cada uma a interagir por meio da construção de modelos mentais.
Neste ponto, a tecnologia da informação pode cobrir essa lacuna, traduzindo os conceitos e
idéias dos especialistas em modelos tridimensionais, facilitando o entendimento do que se
quer expressar como sistema concebido. Nóbrega (2012) destaca a importância dos
instrumentos de tecnologia da informação com um facilitador ao desenvolvimento e ao
compartilhamento das informações do projeto. O guia da Penn State reconhece como um
dos objetivos do BIM a coordenação 3D à identificando como um processo no qual
softwares de checagem de interferências são utilizados no processo de coordenação para
determinar conflitos, comparando modelos 3D de sistemas de construção. Sua meta é
eliminar os grandes conflitos. Os potenciais valores agregados a essas atividades são, entre
outros, a coordenação dos projetos através dos modelos de construção e a visualização da
construção. A Modelagem da Informação da Construção traz essa possibilidade, sendo
nesse momento um catalizador do entendimento dos sistemas do edifício e um facilitador da
Coordenação de Projetos e de sua equipe.
Acredita-se, no entanto, que não é necessário um salto de processos e tecnologias de todos
os projetistas ou disciplinas para que o Coordenador de Projetos possa trabalhar com o BIM.
Ao contrário disso são as atividades de coordenação de projetos que vão trazer o novo
ambiente para o trabalho e o estímulo dos colaboradores a se mobilizarem para um novo
processo. A realização do cenário ideal, de que todos os projetistas produzam seus modelos
BIM e que o coordenador de Projetos gerencie o processo, pode ser conquistado por passos
intermediários, fundamentais para a ambientação, convencimento e aprendizado da equipe.
Jensen e Jóhannesson (2013) afirmam que o mais importante no processo de
implementação do BIM é a condução da transformação em pequenos passos. A parte de
recursos humanos da transformação para o “pensamento em BIM” pode ser uma parte
muito difícil. O resultado da pesquisa de alguns autores vem de encontro a esse raciocino.
Succar (2009) demonstra com o BIM Maturity Index cincos níveis de maturidade que podem
ser alcançados ao longo da implementação do BIM. Para o autor o progresso do nível mais
baixo ao mais alto indica: melhor controle por meio da diminuição de variações entre metas
e resultados reais, uma melhor previsibilidade baixando variabilidade na competência,
desempenho e custos, uma maior eficácia no alcance de metas definidas e estabelecimento
de novas metas mais ambiciosas.
Portanto, em cada organização há de se identificar como iniciar novas práticas com o uso do
BIM e ter rapidamente benefícios do avanço tecnológico. Essa tarefa infelizmente não vem
se mostrado eficiente com o simples “apertar de botões” mas traz consigo a necessidade de
releitura dos processos de condução dos Projetos e por conseqüência novos sistemas de
trabalho até o alcance de experiências satisfatórias.
A proposta deste trabalho passa por elucidar essa hipótese e exemplificar uma das
experiências consideradas de sucesso para o avanço do BIM como um processo que
promove a melhoria da Qualidade dos Projetos.

2 COORDENAÇÃO DE PROJETOS NO PROCESSO BIM


A coordenação de Projetos é um processo complexo, multidisciplinar e que cumpre a função
de gerenciamento do desenvolvimento dos projetos, com atividades administrativas e
técnicas. No que tange as atividades técnicas, é evidente que as mudanças na forma de
trabalho serão naturalmente transformadas a partir do momento em que os projetistas
adotem a modelagem da construção. Será necessário o uso de novas aplicações para a
análise de modelos BIM, buscando verificar a qualidade dos trabalhos de cada disciplina e a
integração ou compatibilidade entre elas.
Pode-se afirmar também que dependendo do objetivo da modelagem e os usos aos quais
os modelos serão submetidos, haverá necessidade de análises quanto à ausência de
informações que serão requeridas em fases posteriores do empreendimento, tais como a
fase de Construção e Manutenção.
A qualidade do modelo BIM deverá ser avaliada tal qual é necessário atualmente avaliar a
qualidade e conteúdo das peças gráficas geradas pelas equipes de projeto A diferença de
análise de projetos 2D e 3D vem a ser um dos principais degraus a serem vencidos na
coordenação de projetos, pois tende a trazer mais esforço ao processo. No método
convencional, o processo de projeto é direcionado no sentido de que as informações
contidas no conjunto de peças gráficas do projeto (plantas, cortes, fachadas, detalhes)
sejam ao longo do tempo evoluídas, compatibilizadas e consolidadas a cada etapa de
projeto. A informação é filtrada, idealizada e transformada em ciclos sucessivos de
interações, em que os modelos individuais são mesclados, interferências detectadas, novas
informações agregadas e novos problemas percebidos. (MANZIONE, 2013). Ao final desse
processo a equipe de construção recebe este mesmo conjunto de informações, em seu
último estagio, aprovado e liberado pelo coordenador de projetos.
Segundo Ferreira, (2007) a representação em 2D deveria ser a síntese resultante do
processo de projeto (documentação) e não a única ferramenta de análise. A representação
2D como processo exclusivo de projeto pode se traduzir em soluções errôneas ou
enganosas e necessita de recorrente recomposição mental do espaço 3D, a cada vez que
se analisa a representação, tomando mais tempo do projetista. O que seria o fim de um
processo é utilizado convencionalmente como meio para a identificação do problema, sua
análise e solução. A mesma autora em sua dissertação identificou um grupo de cinco
problemas recorrentes das representações bidimensionais:
 Ambiguidade: A mesma representação pode ser interpretada de mais de uma forma,
mesmo que adicionada de notas, símbolos ou esquemas, em geral em algum ponto do
contexto do desenho que pode não ser claramente percebido.
 Simbolismo: O objeto é representado por um símbolo cujas dimensões e formas não têm
relação com o objeto real que representa.
 Omissão: Na tentativa de tornar o desenho mais sintético, são omitidas informações
consideradas “óbvias” para o especialista que está projetando. Entretanto, para a análise
de outros envolvidos, a informação em geral é desconhecida e, por não estar
representada, não é levada em consideração
 Simplificação: O projetista simplifica uma determinada representação, alterando o volume
real do objeto ilustrado.
 Fragmentação A fragmentação está relacionada à separação da informação em várias
vistas ortográficas (planta, elevação, corte) e pode ser agravada com a eventual
representação destas vistas em folhas separadas. O esforço cognitivo é aumentado
quando é necessário correlacionar informações representadas em duas vistas diferentes,
favorecendo o erro.
No processo BIM, há de se verificar o conteúdo dos modelos de cada especialidade e
complementarmente a essa atividade devem ser analisadas também as representações
gráficas que serão geradas para a equipe de Construção, concretizando parte do processo
que antes era abstraído pela experiência da equipe.
A representação tridimensional usada durante o processo de desenvolvimento de projeto
pode representar mais completamente a informação espacial, reduzindo abstrações,
especialmente nas etapas de análise, ver Figura 1.
Figura 1 – Representação tridimensional

Fonte: Autores

3 COORDENAÇÃO DE PROJETOS ASSISTIDA PELA MODELAGEM BIM


A Modelagem da Informação da Construção é um processo que gera uma mudança
conceitual no fluxo de informações do empreendimento e no processo de trabalho das
equipes e do contratante. Permite melhorar a comunicação entre os envolvidos no projeto, a
qualidade das informações disponíveis para tomada de decisões, a qualidade dos serviços
prestados e reduz tempo e custo. Ao desenvolver os processos de forma colaborativa com o
apoio da tecnologia temos como benefícios a detecção/prevenção de conflitos, melhor
tomada de decisões através da visualização, melhor comunicação e prevenção à erros.
A utilização do modelo BIM no desenvolvimento de projetos altera não só o fluxo de
informações, mas também as interfaces entre os projetistas e o coordenador de projetos,
apresentando uma modificação na maneira de se encarar o próprio processo. A partir do
BIM, o projeto deixa de ser encarado como um processo linear e paralelo e torna-se
integrado (GOES, 2011). Por outro lado, segundo Kymmel (2008), a visualização virtual
tridimensional possibilitada pelos softwares pode ser considerada também como um
empecilho para os projetistas, uma vez que o modelo aponta visivelmente todas as
incompatibilidades e dificuldades apresentadas pelo projeto, por menores que sejam, sendo
necessárias respostas imediatas. Assim, é necessário que haja determinado nível de
conhecimento de projeto por parte do projetista, apresentando soluções de projeto mais
cedo, o que pode levar um tempo maior para a execução do modelo.
Em sua dissertação Goes (2011) apresenta resultados para comparação entre a
compatibilização de projetos 2D e 3D utilizando-se de ferramentas BIM. Conclui que a
quantidade de interferências detectadas ao utilizar-se o modelo BIM como ferramenta de
compatibilização foi 78,7% maior que as percebidas pelo processo de compatibilização em
duas dimensões. Discriminando-se os problemas pelas fases de projeto, a quantidade de
problemas detectados a partir do modelo virtual foi 50% maior no projeto básico, e no
projeto executivo, 123%.
Dentro deste contexto transformações devem ocorrer nos procedimentos de trabalho, na
forma de comunicação entre disciplinas e na forma de condução do cronograma. Há de se
admitir que a ruptura do processo tradicional para um processo inovador precisa ser gradual
e contínua envolvendo os participantes do processo a ponto de se alcançar o ambiente
propício para se estabelecer o novo patamar de trabalho. A utilização da nova tecnologia
exige uma nova forma de pensar.
O coordenador do projeto, no contexto do BIM exercerá maior quantidade de atividades, que
exigirão novos conhecimento a respeito das possibilidades tecnológicas. Segundo Manzione
(2014) o novo papel do BIM Manager acabará por sobrepor funções do coordenador de
projeto e acredita ser necessária a melhoraria da capacitação do profissional de
coordenação de projeto. Acredita que em uma perspectiva de longo prazo a melhoria da
capacitação seja a solução mais correta, e a agregação de especialistas em determinadas
funções requeridas pelo BIM, possa ser complementada por profissionais subordinados ao
coordenador de projetos.
No caso do BIM a coordenação do processo de projeto e a coordenação do
desenvolvimento do modelo ocorre de maneira simultânea. O BIM e seus processos têm
uma forte base na tecnologia da informação, demandando das profissionais mudanças em
suas práticas de projeto e em sua relação com o objeto em si: o edifício (MANZIONE, 2013)
De acordo com Jensen e Jóhannesson (2013), o mais importante no processo de
implementação parece ser a condução da transformação em pequenos passos. A parte de
recursos humanos da transformação para o “pensamento em BIM” pode ser uma parte
muito difícil. É natural que alguns funcionários sintam que estão sendo ameaçados pelas
mudanças. Isso por si só pode ser visto como uma boa razão para as empresas
implementarem o BIM em pequenos passos. Succar (2009) define em sua classificação de
maturidade de implantação, que há um passo relativamente difícil de se atravessar do nível
a ao nível b, pois este último envolve um cenário de colaboração já alcançado por todos
integrantes das disciplinas envolvidas no Projeto e pressupõe-se um cenário organizado o
suficiente para se tenham procedimentos, contratos e regras de colaboração muito
definidas. É um patamar de definição do processo BIM junto equipe de Projeto. Sendo
assim, existem passos a serem percorridos entre a intenção de se ter BIM nos processos e
se ter um processo definido para cultura da empresa, o que passa por um trabalho de
quebra das resistências e convencimento dos profissionais para que possam enxergar as
vantagens, os riscos e a nova forma de trabalho.
Dentro de uma visão de Gestão da Qualidade, uma ação voltada para a melhoria da Gestão
do Projeto seria a implementação cautelosa do BIM, com a proposta da coordenação do
Projeto ser realizada por meio de suporte de especialistas e coordenação 3D, trazendo a
cultura BIM ao ambiente inovador do trabalho pela melhoria contínua (ciclo PDCA – Plan,
Do, Check and Act). Segundo Shiba apud Farina (2001), a melhoria contínua é a aplicação
de métodos que visam atender às mudanças de mercado, consistindo em técnicas
interativas que procuram atingir cada vez melhores patamares da Qualidade.
A Figura 2 ilustra que o salto de Qualidade deve ser amenizado pelo uso da Coordenação
de Projetos com o ingresso de novas práticas, sendo assistida durante a implementação do
BIM. Esse suporte tende a ser melhor aproveitado quando há o enfoque nos processos e
nas mudanças necessárias para que a equipe evolua em sua cultura e novas práticas,
sendo necessário promover ou rever as seguintes atividades como:
 Difusão da tecnologia e cultura BIM;
 Definição de regras contratuais;
 Definição de regras de modelagem;
 Priorização de atividades e desenvolvimento de cronogramas;
 Desenvolvimento de reuniões colaborativas, por exposição de modelos 3D;
 Documentação e feedback para a equipe.
Figura 2: PDCA: Ciclo de melhoria contínua do Sistema de Gestão da

Qualidade.
Fonte: Autores

Define-se aqui a coordenação de projetos assistida pela modelagem da informação da


construção, sendo um dos graus de evolução do processo BIM, baseando-se na teoria de
Gestão da Qualidade, como uma ação de melhoria contínua do processo de Coordenação
de Projetos.

4 ESTUDO DE CASO
O estudo de caso apresentado traz a experiência profissional dos autores no
desenvolvimento de um Projeto junto à Odebrecht Realizações Imobiliárias no Rio de
Janeiro e sua equipe de Engenharia. O trabalho se propôs a agregar a coordenação
espacial de todos os sistemas prediais pela modelagem BIM de todas as disciplinas em
simultaneidade ao desenvolvimento dos Projetos. Os Projetos estavam iniciando a fase de
Pré-Executivo, sujeitos ainda a grandes adequações devido às exigências dos clientes,
exigências legais e das alternativas tecnológicas que seriam implementadas. Dentre as
disciplinas de maior fragilidade nesta fase pode-se citar as ligadas aos Sistemas Predais,
como Ar Condicionado, Automação, Elétrica e Hidráulica, projetos que ainda estavam
consolidando os conceitos nas peças gráficas. Foram modeladas também as disciplinas de
Arquitetura e Estrutura, sendo a última usando a concepção estrutural mista, com concreto
armado no embasamento em perfis metálicos na torre do empreendimento. O processo de
coordenação espacial com o BIM rapidamente tomou espaço nas discussões
multidisciplinares, trazendo a oportunidade aos novos integrantes da equipe de Engenharia
se familiarizarem rapidamente ao Projeto. A seguir o caso é descrito, apresentando os
pontos positivos e de melhoria do processo implementado.

4.1. Descrição do Empreendimento


Área do Terreno 4.827,82 m2
Área Construída 35.585,63 m2
Área Privativa 14.755,14 m2
Número de quartos 594
Pavimentos 1º pavimento – Foyer, recepção/ 2º pavimento – Convenção,
restaurante e serviços/ 3º pavimento – Pavimento técnico e
serviços/ 4º pavimento – Estacionamento/ 5º pavimento –
Entretenimento/ 6º pavimento – Área Técnica/ 7º ao 31º
pavimento – Quartos/ 32º pavimento – Área Técnica/ 33º
pavimento – Cobertura.
4.2. Desenvolvimento do trabalho
O primeiro passo do trabalho foi o desenvolvimento da modelagem da Arquitetura e
Estrutura, com o objetivo de caracterizar de forma precisa os espaços e refletir com
fidelidade o projeto na fase em que encontrava. A modelagem da Arquitetura e Estrutura já
conseguiu apresentar de forma clara os pontos de incompatibilidade, trazendo ao
coordenador do Projeto a possibilidade de priorizar as decisões. Como exemplo, haviam
pontos onde a Estrutura provocava alterações de fachada e áreas que precisavam ser
melhor detalhadas. Pode-se destacar também os encontros das estruturas metálicas às
alvenarias. O uso do BIM trouxe ao coordenador de projetos a capacidade de exercer maior
liderança sobre a equipe uma vez que a exposição tridimensional destes exemplos citados
tornou possível maior interação entre a equipe, deu ao coordenador de projetos a
possibilidade de visualizar mais facilmente as soluções possíveis, com caráter multidisplinar,
discutir e tomar decisões simultâneas com os projetistas no momento da reunião e cobrar
maior qualidade no detalhamento dos projetos uma vez que as soluções tornavam-se claras
para todos. A melhoria neste processo, com o uso do BIM, trouxe ganho de eficiência para a
equipe e melhoria de qualidade no projeto.

Figura 3: Modelos de Arquitetura e Estrutura

Fonte: Autores

Em seguida, fez-se uma avaliação dos Sistemas Prediais no pavimento tipo. Antes mesmo
do início da modelagem, determinou-se regras de ocupação dos espaços levando em conta
critérios de manutenção e operação dos sistemas. Ali foram discutidas previamente as
soluções dos sistemas e a organização da instalação, após serem estabelecidas as
posições e passagens. A modelagem seguiu com o detalhamento dos sistemas destes
pavimentos previamente ao desenvolvimento dos sistemas prediais, servindo como
orientação conceitual aos projetos.
Dentre os sistemas prediais, os sistemas de Ventilação, Exaustão e Ar Condicionado foram
modelados prioritariamente, o que tornou mais evidente as necessidades de ajustes dos
demais sistemas. Há de se elucidar que muitas decisões tomadas já tinham sido levantadas
antes da modelagem, mas o trabalho auxiliou em torná-las evidentes e seguras. O
coordenador de projeto pode ter certeza que estaria na direção correta sem deixar margem
a questionamentos. Problemas decorrentes do processo 2D tais como a omissão de
informações, a simplificação e o simbolismo, retratados na revisão bibliográfica, deixam de
existir quando existe a exposição de projetos integrados e tridimensionais.
Um exemplo a ser citado foi a utilização luminárias de sobrepor em detrimento das de
embutir nos corredores. Percebeu-se que se fossem utilizadas luminárias de embutir,
certamente seriam enfrentados problemas posteriores quanto a especificação dos produtos
e gerenciamento da modificação. A Figura 5 a seguir apresenta a organização encontrada
para os sistemas nos forros dos pavimentos típicos.

Figura 5: Organização dos Sistemas Prediais no pavimento típico

Fonte: Autores

O trabalho desenvolveu-se por meio de reuniões multidisciplinares e colaborativas,


resultando na antecipação de furações padronizadas das vigas metálicas, liberando-as para
a fabricação antecipada. Esse processo também foi outro ponto de grande importância para
o projeto, pois pode auxiliar na tomada de decisão para que as vigas fossem liberadas para
fabricação dentro dos prazos esperados, auxiliando no cronograma da obra. A Fotos 1 e 2
apresentam o edifício sendo construído com as vigas pré-furadas da fábrica.
Fotos 1 e 2: Vigas metálicas do pavimento tipo pré-furadas

Fonte: Autores

O modelo BIM se desenvolveu de forma a elucidar as decisões, validando ou não os


projetos produzidos. A tecnologia da informação surgiu então como facilitador ao
desenvolvimento e compartilhamento das informações, como é ressaltado na bibliografia. As
novas propostas e analises puderem ser compreendidas pela equipe de maneira uniforme,
sem depender da capacidade de abstração individual de cada um. Como resultado o
coordenador de projeto obteve maior velocidade de decisao da equipe com o conhecimento
das incompatibilidades nivelado no momento das reuniões;
Como elaborado para o pavimento tipo, cada pavimento do edifício foi abordado no mesmo
sistema de trabalho, elucidando como os sistemas prediais deveriam estar dispostos para
que houvesse o mínimo de impactos para as demais disciplinas (Arquitetura e Estrutura) e
que a definição de diretrizes para a organização da instalação dos sistemas prediais,
antevendo a situação de enfrentamento da obra. As situações foram passo a passo
tornando-se mais complexas, pela quantidade de sistemas existentes.
Com a situação muito clara pode-se antever as dificuldades da mão-de-obra e as
necessidades que o projeto de Arquitetura e Estrutura precisariam tratar. Nesse estudo o
envolvimento dos projetistas de sistemas prediais foi fundamental para que se
estabelecessem critérios e padrões no projeto. A Figura 6 a seguir apresenta a densidade
de Sistemas Prediais existentes na área de embasamento. Certamente o planejamento da
execução foi essencial e teria se tornado um transtorno gerencial caso cada disciplina
avançasse sem discussão e compreensão das dificuldades.
Figura 6: Densidade dos sistemas prediais no embasamento do Hotel

Fonte: Autores

Essa situação trouxe mais uma certeza aos coordenadores do processo, a necessidade de
se levar o modelo ao canteiro de obra. O modelo foi elaborado em formato aberto (extensão
IFC), sendo empregado no canteiro de obras para consultas das empresas executoras.

4.3. Organização da modelagem


Mesmo sendo um processo de modelagem por uma única empresa, o que é denotado pela
minimização de falhas processuais devido à praticamente a ausência de troca de
informações de modelos BIM, foram tomados cuidados quanto à organização da produção
dos modelos como:
 Organização de bibliotecas de componentes;
 Controle de versões e modelagem dos Projetos;
 Hierarquização dos sistemas e subsistemas;
 Definição de padrões gráficos para cada subsistema;
 Regras para união de modelos e exportação do IFC;
 Procedimentos para apresentação das partes do modelo segundo as pautas das reuniões
de coordenação.
A modelagem, como já mencionado seguiu uma ordem de produção de acordo com os
interesses da coordenação do Projeto, sendo voltada para este processo. Evitou-se assim
que os modelos pudessem estar em fases diferentes de produção e portanto, economizo
energia e tempo nas reuniões.

4.4. Documentação
A documentação de análise da coordenação foi realizadas de duas formas distintas, uma
por meio de relatórios descritivos e imagens extraídas dos modelos e outra por meio de
relatórios do software TeklaBIMsight, pelo qual foi possível mapear todos os locais de
incompatibilidades.
Estes relatórios foram enviados a todos colaboradores, podendo estes fazerem a navegação
do modelo e entenderem os seus sistemas e suas posições a cada pavimento. A Figura 7
apresenta a forma de visualização relatório. Foram utilizados os dois relatórios para cobrir
qualquer dúvida dos Projetistas, sendo o relatório descritivo uma referência aos
coordenadores dos pontos de maior criticidade do Projeto.
Figura 7: Relatório 3D de análise do Projeto

Fonte: Autores

4.5. Colaboração e comportamento da equipe


Cabe ressaltar situações que foram importantes aos resultados do trabalho bem como
trouxeram para o grupo a certeza que o trabalho foi benéfico. Os gestores do processo
visualizaram na ferramenta a possibilidade de dominarem o Projeto de forma eficaz,
reduzindo tempo de compreensão dos projetos e por outro lado focando nos pontos de
maior dúvida e necessidade de tomada de decisão.. A maioria dos projetistas perceberam
logo nas primeiras reuniões que o trabalho poderia auxiliá-los na verificação do Projeto,
tornando uma ferramenta complementar para todos. O olhar da equipe não mais repousava
sobre o plano da mesa para que se entendesse mas no modelo tridimensional para analise
soluções. Como ressalta a bibliografia, a necessidade de tempo para abstração dos projetos
foi diminuído com o uso do BIM, dando espaço para a discussão de soluções de projeto e
maior participação do coordenador de projetos em se tratando de um projeto de alta
complexidade. O trabalho ainda estimulou parte dos projetistas utilizarem o software de
análise nos seus próprios escritórios, podendo rever o modelo após as reuniões.
5 COMENTÁRIOS FINAIS
Entende-se que o trabalho desenvolvido retrata um momento de transição entre um
processo convencional e o novo processo de coordenação de Projetos com o BIM. A
coordenação assistida pela modelagem BIM pode ser um meio bastante eficiente para que
uma equipe de Projeto se estimule a investir em novos métodos de trabalho, bem como os
coordenadores ou empreendedores possam entender como tirar proveito do novo processo.
Confirma-se aqui a afirmações encontradas na bibliografia de que os processo de
transformações devem acontecer em pequenos passos para que novos processo possam
ser amadurecidos e incorporados paulatinamente enquanto tornam-se experiências sejam
consolidados para dar seqüência a passos mais avançados. Essa afirmação torna-se valida
tanto para o coordenadores de projeto quanto para os projetistas. Com a introdução do BIM
as características de liderança exigidas do coordenador se tornarão mais importantes devido
a maior velocidade de identificação e solução dos problemas de projeto em tempo real,
durante as reuniões. Também será maior a sua responsabilidade na exigência de projetos
em termos qualidade com a introdução de novas práticas de trabalho. A capacitação técnica
e de conhecimento de processo deste profissional será ainda mais exigida.
Quanto aos projetistas, forçá-los a ingressarem em BIM por meio de cláusulas contratuais
pode não ser a forma mais eficiente para a melhoria contínua do processo atual, pois ela
proporcionará uma situação de falta de uniformidade no estágio de implantação de cada
disciplina. A existência de muito disparate pode trazer ao processo um elevado grau de
perturbações, tornando as dificuldades geradas pela falta de experiência da equipe,
preponderantes às discussões técnicas que são necessárias ao desenvolvimento do
Projeto. Por fim são apresentados os aspetos que mais se destacaram da experiência,
sendo:
 A visão sistêmica proporcionada para toda a equipe, obtendo-se o convencimento rápido
e objetivo das necessidades do Projeto;
 A possibilidade de se efetuar uma análise técnica abrangente, como especialista de
Sistemas Prediais;
 O estimulo dos projetistas ao entenderem o contexto de sua especialidade no todo e a
possibilidade de aproveitamento do trabalho para melhoria do Projeto bem como para a
capacitação de sua equipe;
 A segurança na tomada de decisão dos coordenadores, que ao compartilharem da visão
do trabalho percebem o grau do risco a se assumir para suas decisões.
 O estímulo de levar o modelo ao canteiro de obra para que servisse de material de
consulta para as empresas executoras.

REFERÊNCIAS
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prediais.2001. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2001.
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FERREIRA, R. C. O uso do CAD 3D na compatibilização espacial em projetos de produção de


vedações verticais em edificações. São Paulo. 2007. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2007. 159p.

GOES, R.B. Compatibilização de Projetos com o Uso da Ferramenta BIM. São Paulo, 2011.
Dissertação (Mestrado). Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado São Paulo, 2011. 145p.
JENSE, P.A.; JÓHANNESSON, E.I. Building information modelling in Denmark and Iceland.
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MANZIONE, L.. Porque o Bim Manager não é necessário. Disponível em
<http://www.coordenar.com.br/porque-o-bim-manager-nao-e-necessario>. Acesso em 02 mai. 2015

MANZIONE, L. Proposição de Uma Estrutura Conceitual da Gestão do Processo de Projeto


Colaborativo com o uso do BIM. São Paulo, 2013. Tese (Doutorado) Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2013. 325p.

MELHADO, S.B. Coordenação, cooperação e integração para um novo modelo voltado a qualidade
do processo na construção de edifícios. 2001. Tese (Livre-docência) – Escola Politécnica da
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SHIBA, S.; GRAHAM, A.; WALDEN, D. TQM: quatro revoluções na gestão da qualidade. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1997.

SUCCAR, B. Building Information modelling framework: A research and delivery foundation for
industry stakeholders. Automation In Construction. V.18 p. 357-375.2009
REFLEXÃO SOBRE A IMPLANTAÇÃO DO BIM EM TRÊS
ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA EM PORTO ALEGRE, DE 2010 A
2015 1

REFLECTION ON THE IMPLEMENTATION OF BIM IN THREE


ARCHITECTURE OFFICES IN PORTO ALEGRE/BRAZIL, FROM 2010 TO
2015

Betina Conte Cornetet


Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UniRitter
betinacc@gmail.com

Wilson Florio
Universidade Presbiteriana Mackenzie
wflorio@uol.com.br

Resumo
A experiência com a implantação da tecnologia BIM (Building Modeling Information) por três escritórios de
arquitetura de Porto Alegre foi investigada, em uma dissertação de mestrado, sob a ótica dos conceitos e
fundamentações advindos de estudos antecedentes. o processo foi analisado durante um ano, na elaboração do
projeto de um edifício, através de entrevistas presenciais com a equipe e analise do material produzido, visando
compreender as transformações ocorridas com a introdução da plataforma BIM na prática projetual. Concluiu-se
que o custo da implantação, a escassez de profissionais com conhecimentos específicos, a rigidez dos softwares
utilizados, a falta de interoperabilidade dos sistemas, o desconhecimento sobre o processo de projeto e sobre
iniciativas semelhantes, a ausência de experiência com a colaboração e a resistência em experimentar novos
processos, são as principais dificuldades encontradas. Os benefícios obtidos pelos três escritórios e a forma
como barreiras foram enfrentadas em iniciativas que apresentaram melhores resultados podem ser referências
para implantações futuras. Desta forma, a pesquisa discute sobre a atual aplicabilidade do sistema em cada fase
do projeto, os benefícios obtidos e os obstáculos enfrentados, revelando as dificuldades de implantar um
processo de projeto realmente colaborativo nesta fase de transição entre o CAD e o BIM.
Palavras-chave: BIM. Processo de projeto. Implantação. TIC. Benefícios.

Abstract
The experience with the implementation of the BIM (Building Modeling Information) technology by three
architecture offices in Porto Alegre was researched in a master’s degree dissertation, considering concepts and
fundaments from first researches. The process were analysed for a year, in a building project development,
through team interviews and analysis of the material produced, trying to understand the transformations that
happened after the introduction of the BIM platform on the design making. The conclusion was that the cost of
the implementation, the lack of people with specific knowledge, the sternness of the software used, the lack of
interoperability among the systems, the inexperience about design processes and about similar initiatives, the
lack of experience with collaboration and the resistance to experience news processes are the main barriers
faced. The benefits obtained by these three offices and the way barriers were dealt with in initiatives that had
better results can be references to futures implementations. Therefore, the research approaches the current

1CORNETET, B.; FLORIO, W. Reflexão sobre a implantação do BIM em três escritórios de arquitetura em Porto
Alegre, de 2010 a 2015. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, 7., 2015, Recife. Anais... Porto Alegre: ANTAC, 2015.
applicability of the system in any stage of the project, the benefits obtained and the barriers faced, showing the
difficult to implement a design process effectively collaborative in this stage of the CAD-BIM transition.
Keywords: BIM. Design Process. Implementation. TIC. Benefits.

1 INTRODUÇÃO
Nos últimos cinco anos o BIM passou a ser assunto recorrente em sites e publicações de
arquitetura, engenharia e construção no Brasil. Identifica-se que a tecnologia, embora muito
utilizada na construção civil, é pouco estudada cientificamente por arquitetos. Além disso, o
setor de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) tem se tornado cada vez mais
competitivo, exigindo investimentos em novas tecnologias que tornem o processo de projeto
mais colaborativo, eficaz e controlado, e que resulte num projeto mais assertivo. O objetivo
deste artigo é relatar a investigação sobre a implantação da tecnologia BIM (Building
Modeling Information) em três escritórios de arquitetura de Porto Alegre, a partir da
dissertação de mestrado desenvolvida entre 2013 e 2015, de modo a apontar as principais
dificuldades e benefícios obtidos na atual aplicabilidade da plataforma nesses escritórios.
Como procedimento metodológico estabeleceu-se conceitos e fundamentações advindos de
estudos antecedentes sobre o tema. A base conceitual da pesquisa refere-se à
fundamentação teórica a partir de uma revisão bibliográfica sobre processos de projeto e as
novas tecnologias disponíveis. Dentre as investigações mais recentes sobre a implantação
do BIM em escritórios de arquitetura no Brasil, destacam-se as pesquisas de Barison e
Santos (2013), a de Garbini e Brandão (2013), Oliveira e Pereira (2011), Pereira (2013) e a
de Stehling e Arantes (2014). Estas pesquisas revelaram particularidades nas equipes, na
forma de troca de dados, nos softwares utilizados, no gerenciamento do projeto entre outras
que deram origem à elaboração da metodologia de acompanhamento dos estudos de caso.
O processo de projeto de três escritórios de arquitetura foi analisado com a intenção de
compreender as transformações ocorridas com a introdução da plataforma BIM nas suas
respectivas práticas projetuais. Os estudos de caso são compostos de três empresas de
arquitetura de Porto Alegre que já iniciaram a implantação desta tecnologia. A pesquisa
verificou que nenhuma destas possui parceiros que realizem os projetos complementares
em BIM, por este motivo a pesquisa restringe-se às ações realizadas dentro do escritório de
arquitetura. Procurou-se identificar como o uso do BIM interfere no modo como os projetos
de arquitetura são desenvolvidos nesta transição entre o processo CAD tradicional e o BIM.
Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, foram aplicados protocolos de
entrevistas e realizadas coletas e classificações de materiais produzidos nos escritórios
selecionados. A limitação da presente análise deve-se ao fato do tempo de pesquisa ser
inferior ao tempo de projeto e execução das edificações, o que impediu o acompanhamento
de todo o processo e verificação dos benefícios após a construção. O acompanhamento dos
projetos foi realizado por um ano. Após a coleta de informações individuais, foi feita uma
análise cruzada dos resultados da base empírica e da base teórica.

2 ESTUDOS DE CASO
Os estudos de caso foram realizados através da coleta de dados de ordem qualitativa (com
base nos depoimentos dos arquitetos e dos demais envolvidos no projeto) e a avaliação do
material produzido e compartilhado entre os pelos membros da equipe. O objetivo é
entender como os escritórios locais implantaram as novas tecnologias, em que medida
apropriaram-se das suas funcionalidades e, finalmente, se esta implantação interferiu no
processo de projeto. Foram selecionados três escritórios de Porto Alegre, gerenciados por
arquitetos, que se dedicam a projetos executivos de edificações e que implantaram a
modelagem da informação recentemente. Na presente pesquisa o critério para balizar o
porte do escritório está baseado na análise realizada por Barison e Santos (2013).

Tabela 1 – Escritórios acompanhados como estudo de caso.


Formação Porte do escritório
Escritório Fundação Serviços Critério: Barison; Santos, 2013.
fundadores
1 2005 Arquiteto e urbanista Projetos de arquitetura Médio porte
2 2004 Arquiteto e urbanista Projetos de arquitetura Médio porte
3 1997 Arquiteto e urbanista Projetos de arquitetura Médio porte
Fonte: Betina Conte Cornetet, 2015.

Cada um dos três escritórios disponibilizou um de seus projetos para a pesquisa. A definição
do projeto foi feita pelos escritórios responsáveis, tendo como critério, além da importância
do uso da tecnologia no seu desenvolvimento, a anuência do cliente em ter seu projeto
disponibilizado para a pesquisa. Por questões relativas à ética em pesquisa, não serão
revelados os nomes dos escritórios, dos profissionais e dos empreendimentos. Entretanto,
todos os envolvidos declararam-se cientes da participação na pesquisa e da publicação dos
resultados. A nomenclatura utilizada nos estudos de caso reflete a ordem em que foram
feitos os acompanhamentos.

3 IMPLANTAÇÃO DO BIM NOS ESTUDOS DE CASO DE PORTO ALEGRE


Observando a atuação profissional nos três escritórios, foi possível identificar diferentes
estratégias de implantação. Notou-se claramente que essas ações não foram bem
planejadas, ao contrário, são casuais, sem a devida programação e argumentação de um
plano de trabalho com as novas tecnologias. É importante destacar que há um trabalho (não
realizado) que antecede o uso do BIM: a organização do processo de projeto e da equipe.
Esse é um dos motivos da lenta implantação do BIM nos escritórios de arquitetura.
Verificou-se que, embora as datas de implantação desses escritórios variem de 2010 a
2013, as três empresas ainda estão vivenciando as dificuldades inerentes à fase inicial da
plataforma. Atualmente, os escritórios buscam plataformas que possibilitem aumentar a
produtividade, evitando retrabalho e, principalmente, minimizar erros de projeto ocasionados
por equívocos de desenho que acabam por aumentar o tempo de dedicação da equipe em
fases de representação, e não de criação e investigação de alternativas. No entanto, a
principal motivação revelada pelos três escritórios é a necessidade de preparação adequada
para o competitivo mercado de trabalho, oferecendo um projeto diferenciado pelo nível de
informação contida no projeto, sem que seja necessário aumentar a equipe, o tempo de
projeto ou os custos elevados. Os três escritórios buscam um modo de manter a
competitividade comercial sem sacrificar a qualidade do projeto.
O primeiro contato com a plataforma BIM difere significativamente nos três estudos de caso.
O Escritório 1 parte da observação de escritórios considerados referências pelas
características empresariais e pela qualidade dos projetos. Por outro lado, o Escritório 2
identifica o problema da perda de competitividade e produtividade em função dos processos
manuais de desenho. Na figura do arquiteto-fundador, que assume o papel de BIM
manager, esse escritório passa a investigar profundamente os softwares, a fim de identificar
aquele que melhor atende às necessidades da empresa. Por fim pode-se afirmar que o
Escritório 3 percorre o caminho inverso, pois não foi identificado um problema nos
processos tradicionais de projeto da empresa que tornasse necessária a busca por novas
tecnologias, e sim uma oportunidade de posicionar-se a frente no processo de adoção do
BIM na atuação profissional local.
No Escritório 1, após uma tentativa frustrada de utilização da plataforma em um projeto
residencial, foi definido um grupo de trabalho que investiga e testa a tecnologia nos projetos
em andamento. Esse grupo de trabalho acompanha as informações e novidades publicadas
e vem desenvolvendo um manual BIM interno, no qual são definidas as estratégias, os
padrões de desenhos do escritório e as “boas práticas” de utilização do software pela
equipe. Nesse escritório, a implantação do BIM foi iniciada pela equipe de desenvolvimento
de projeto executivo, e as famílias, templates e padrões estão sendo desenvolvidos
conforme as situações são enfrentadas nos projetos. Não é seguida nenhuma guia de
implantação e nem há uma política de treinamento da equipe. Também não foi elaborado
um projeto piloto com o único objetivo de testar o software ou a tecnologia.
No segundo estudo de caso, a implantação foi gerenciada pelo BIM manager. Esse
profissional acumula conhecimentos sobre técnicas construtivas, tecnologia e,
principalmente, conhece o escopo do escritório. A investigação foi iniciada com o claro
objetivo de buscar a solução para um problema definido: melhorar os processos de desenho
técnico e viabilizar a colaboração entre os arquitetos. Desta forma, ele testou diversos
softwares e optou pelo ArchiCAD. O profissional realizou o redesenho de um projeto
concluído com o objetivo de desenvolver um projeto piloto. Durante esse projeto, ele
identificou as fragilidades e necessidades do sistema, produzindo padrões, templates e um
roteiro de utilização que foi passado à toda equipe em um treinamento. A nova tecnologia
revelou deficiências técnicas de alguns profissionais, fragilidades essas mascaradas pelo
uso do software CAD, razão pela qual esses profissionais foram desligados da equipe.
Nesse caso, não foi incentivada a coexistência de softwares CAD nos projetos novos
realizados exclusivamente em software da plataforma BIM. Busca-se utilizar o ArchiCAD em
todas as fases de projeto, de modo que o mesmo modelo pudesse evoluir ao receber mais
informações. Não foi utilizada uma guia de implantação, mas esta foi elaborada pelo BIM
manager. Atualmente, treinamentos são ministrados por qualquer arquiteto da empresa
quando é incorporado um novo membro à equipe. No caso do Escritório 2, pode-se afirmar
que houve um esforço do BIM manager fundamental para a implantação.

Figura 1 – Reprodução do trecho do estudo elaborado pelo grupo de trabalho que relata a
experiência de importar a planta baixa em AutoCAD e de redesenhá-la tridimensionalmente,
usando recursos do Revit.

Fonte: Material disponibilizado pelo Escritório 3, 2014

A situação do Escritório 3 é particular pois o interesse na plataforma BIM parte de


motivações individuais na investigação da nova tecnologia. Não foi possível identificar
mudanças nas características de atuação de cada membro da equipe. Os processos de
projeto da empresa continuaram os mesmos e a utilização do software BIM coexiste com o
CAD. No entanto, é mantido grupo de trabalho BIM composta de um gerente, um arquiteto e
um estagiário. Esse núcleo constantemente está desenvolvendo algum projeto em Revit e é
responsável por estudos a respeito das experiências (Figura 1). Entretanto, essa prática é
experimental e não é acompanhada por um juízo crítico a fim de verificar benefícios,
dificuldades ou desempenho do processo.
Nesse caso, não foi utilizada guia de implantação, não foi elaborado um projeto piloto e nem
tampouco uma política de treinamento da equipe. Atualmente, o BIM vem sendo empregado
como uma ferramenta de desenho técnico e é utilizado esporadicamente em alguns
projetos, sobretudo na fase de desenvolvimento executivo, em conjunto com o AutoCAD.

4 DEFINIÇÃO DAS FERRAMENTAS (ANALÓGICAS E DIGITAIS)


Com relação ao software BIM selecionado por cada um dos três estudos de caso, vê-se que
o Escritório 1 e o Escritório 3 optam pelo Revit, enquanto o Escritório 2 prefere a utilização
do ArchiCAD. A Tabela 2 revela os programas gráficos utilizados em cada fase do projeto
dos edifícios disponibilizados como estudos de caso desta pesquisa. Embora sejam projetos
específicos, pode-se afirmar que eles revelam informações a respeito do processo de cada
escritório.

Tabela 2 – Ferramentas/softwares utilizados em casa etapa de projeto


Escritórios
Etapas 1 2 3
Lançamento do Croquis, Sketchup e
Concepção

Croquis e Sketchup Croquis e Sketchup


partido AutoCAD
Croquis, Sketchup e Croquis, Sketchup, 3DS
Estudo Preliminar AutoCAD
3DS Max Max e ArchiCAD
Anteprojeto Revit e AutoCAD ArchiCAD Revit e AutoCAD
Projeto Legal Revit e AutoCAD ArchiCAD Revit e AutoCAD
Pré-executivo Revit ArchiCAD Revit e AutoCAD
Desenvolvimen
to/Construção

Compatibilização Revit ArchiCAD AutoCAD (impresso)


Projeto Executivo Revit ArchiCAD Revit e AutoCAD
Detalhamento/
Revit ArchiCAD AutoCAD
Especificações
Orçamento - - AutoCAD e outros
As Built - - Revit e AutoCAD
Fonte: Betina Conte Cornetet, 2015.

Observa-se a predominância de meios de expressão mais livres e experimentais, como os


croquis e o SketchUp na fase de lançamento do partido. Embora existam particularidades
em cada escritório, observou-se que nos três casos há diferenças entre a equipe de criação
e a equipe de desenvolvimento. Geralmente, fazem parte da equipe de criação os arquitetos
fundadores que gerenciam o escritório, atendem o cliente, elaboram a interpretação do
programa de necessidades, confrontando essas diretrizes com a análise dos condicionantes
físicos e legais do terreno segundo as referências de seu próprio repertório. O resultado
formal dessa relação estabelecida é investigado com ferramentas que alimentam mais
facilmente o pensamento divergente. Na fase de estudo preliminar, verifica-se uma
diversidade maior de programas, pois é nessa fase que o projeto é incerto e requer
diferentes modos de investigação sobre o projeto em questão. O uso de desenhos manuais
e rápidos, como o croqui, ou o trabalho em suportes digitais em um modelo tridimensional
simplificado são atividades similares que servem para gerar e avaliar rapidamente ideias
incertas. Conforme observado, o fato de um profissional optar pelas ferramentas analógicas
ou digitais trata-se apenas de uma preferência pelo domínio do croqui ou do software.
O anteprojeto e o projeto legal coexistem nos três escritórios. No Escritório 1, é iniciado o
modelo em Revit, no entanto as pranchas são exportadas em .dwg. Já o Escritório 2 passa a
trabalhar definitivamente no modelo BIM (Figura 2). No caso do Escritório 3, ambas as
tecnologias dialogam, e o processo permanece da forma tradicional, variando a utilização
dos softwares em cada projeto específico. Possivelmente, essa situação deva-se ao fato de
que esse escritório ainda não implantou definitivamente a tecnologia BIM e passa por uma
etapa de experimentações.

Figura 2 – Modelo tridimensional e corte perspectivado do Edifício 2, iniciados na


fase de anteprojeto. Modelo de trabalho elaborado no ArchiCAD.

Fonte: Material disponibilizado pelo Escritório 2, 2014

As etapas seguintes de desenvolvimento, detalhamento e compatibilização dos projetos são


muito semelhantes nos dois primeiros escritórios em relação à utilização do software BIM.
Em nenhum deles é contratado o serviço de orçamento ou as built. No caso do terceiro
escritório, verifica-se ainda que a compatibilização dos projetos é feita manualmente, muitas
vezes com a impressão dos projetos das diferentes disciplinas. A detecção das
interferências é feita por arquitetos experientes que verificam com facilidade os problemas
através desse método.
Verificou-se, que o Escritório 2 apresentou maior domínio do software por todos os membros
da equipe, vencendo com mais facilidade a curva de aprendizado inicial e trabalhando
efetivamente com a colaboração, ainda que restrita aos arquitetos do escritório. Não é
possível afirmar nesta pesquisa se essa situação deve-se ao fato de o software escolhido
ser tecnicamente mais acessível ou ter seu desenvolvimento voltado aos profissionais de
arquitetura. Seria necessária uma pesquisa específica com uma amostra mais significava de
projetos, acompanhada em ambiente controlado, para verificar esses benefícios específicos.
Em relação à utilização do BIM nas fases de desenvolvimento executivo, nos dois primeiros
estudos de caso, não houve dúvidas de que o saldo entre as dificuldades e os benefícios
alcançados foi positivo. No terceiro estudo de caso, o arquiteto entrevistado relata como
“indiferente” o resultado obtido com a utilização de softwares BIM ou CAD em projetos
desse escritório. Entretanto, nas três empresas foram verificadas barreiras culturais para a
utilização do BIM nas fases iniciais de criação do projeto. Foram também feitas críticas aos
softwares desenvolvidos. Segundo os entrevistados, esses são direcionados ao
desenvolvimento do projeto técnico executivo, pois não apresentam possibilidades de
modelar com menos informação, dificultando o seu uso como meio de expressão
investigativo, como é o caso do pensamento divergente na fase de concepção.

5 BENEFÍCIOS OBTIDOS E DIFICULDADES APRESENTADAS


Embora seja possível identificar claramente três experiências distintas, verifica-se que as
dificuldades relatadas pelos profissionais envolvidos são semelhantes entre si. É necessário
um investimento financeiro inicial alto para a aquisição dos softwares, a substituição de
hardwares e a capacitação profissional da equipe. Nessa etapa ainda é imprescindível uma
grande dedicação de tempo para a compreensão da ferramenta e a elaboração de
personalizações necessárias da tecnologia. Por outro lado, nem esse investimento pode ser
repassado ao cliente e nem é possível interromper ou atrasar projetos em andamento. Cabe
ao escritório de arquitetura arcar com os custos da implantação de uma tecnologia que pode
trazer benefícios a todos os integrantes do projeto.
Outra dificuldade relevante enfrentada em diferentes graus pelos três escritórios é o fator
humano. É necessário preparar a equipe para a implantação da nova tecnologia, e também
é fundamental que todos estejam motivados para superar essa fase de aprendizado e
mudança de processos. Os envolvidos devem sair da sua zona de conforto profissional para
experimentar essa nova lógica projetual, mas com planejamento e focado numa dada área
de atuação profissional em Porto Alegre.
Verifica-se que profissionais mais jovens têm mais facilidade em lidar com a implantação da
tecnologia. É possível que esse fator deva-se ao fato de que profissionais de uma geração
mais recente são familiarizados com tecnologias digitais em geral. Além disso, eles
possuem um repertório de processos e soluções mais restrito, de modo que a mudança dos
métodos projetuais tradicionais representam um movimento menos doloroso. Por fim, os
profissionais mais jovens estão convictos do direcionamento da profissão para a
incorporação das tecnologias da informação e comunicação no ofício do arquiteto. Desta
forma, consideram necessária a aquisição desse conhecimento para a capacitação
profissional.
Outra hipótese diz respeito à fragilidade da formação profissional dos jovens arquitetos. A
restrita formação técnica, aliada à facilidade de acesso à informação, pode criar a ilusão de
que a utilização de uma nova tecnologia supre uma carência de conhecimento. Por outro
lado, tendo os profissionais experientes um repertório maior de soluções e vivência
profissional, é possível que os benefícios apontados com a implantação do BIM não se
revelem tão sedutores para esse grupo. Pode-se concluir, mesmo que de modo preliminar,
que os jovens deveriam se envolver mais com a natureza do próprio processo de projeto, e
adquirir repertório e experiência, enquanto que os mais experientes deveriam reaprender o
ofício, e identificar os benefícios trazidos pelas novas tecnologias digitais.
Os três estudos de caso revelam a escassez de profissionais capacitados para trabalhar
com o modelo da informação da construção, BIM. Essa deficiência faz com que seja
necessário construir uma equipe interna de trabalho. Na realidade, são necessários
treinamentos e investimentos em formação profissional para a composição da equipe de
cada escritório.

Figura 3 – Imagem do anteprojeto estrutural enviado pelo escritório responsável, em


AutoCAD, e imagem do modelo realizado em Revit pelo Escritório 1 para a
compatibilização.

Fonte: Disponibilizada pelo Escritório 1, 2014


Figura 4 – Arquivos bidimensionais e tridimensionais elaborados pelo Escritório 2 no
ArchiCAD para favorecer a visualização da compatibilização entre o projeto arquitetônico e o
estrutural

Fonte: Disponibilizada pelo Escritório 2, 2014

Devido ao estágio inicial de implantação em que se encontram os escritórios analisados, as


vantagens identificadas são principalmente relacionadas ao controle das informações
geométricas na fase de projeto executivo, reduzindo o tempo dedicado às correções. A
compatibilização tridimensional com o projeto estrutural pode ser realizada para facilitar a
visualização de interferências. Para isso, é necessário que o escritório de arquitetura realize
o modelo geométrico da estrutura do edifício através das plantas bidimensionais fornecidas
pelo escritório de engenharia, uma vez que não é possível aproveitar o modelo geométrico
gerado pelos softwares de projeto estrutural por incompatibilidade de tipo e de extensão de
arquivo (Figuras 3 e 4). Essa situação se repetiu nos dois primeiros escritórios analisados.
Em artigo publicado recentemente, Marcele Garbini e Douglas Brandão (2013, p. 127)
analisam a implantação do BIM em escritórios de arquitetura de Cuiabá, São Paulo e
Goiânia e afirmam que: “As vantagens de sua utilização são visíveis em projetos que foram
desenvolvidos com esta tecnologia, considerando o aumento na rapidez do desenvolvimento
e na qualidade, dentre outros benefícios”. No entanto, tal afirmação deve ser questionada.
Como se pode aumentar a rapidez e diminuir o tempo de projeto se o BIM justamente
oportuniza a interação entre diferentes disciplinas, gera um banco de dados, compatibiliza
os projetos, antecipa a identificação de possíveis problemas na execução da obra? O que foi
observado nos estudos de caso dos três escritórios de arquitetura de Porto Alegre revela
outra realidade. É possível assim afirmar, através do dados observados, que o BIM não
acelera o processo projetual dos escritórios, mas promove a redução de erros de
compatibilização, de representação dos elementos construtivos e de informações, o que
torna potencialmente o processo mais eficaz e controlado, evitando que esses equívocos
sejam revelados na fase da construção.

6 DISCUSSÃO E APLICABILIDADE ATUAL DO SISTEMA


Os estudos de caso revelam que a dificuldade para a implantação desta tecnologia na fase
de concepção é maior. Embora haja um esforço por parte dos escritórios locais em iniciar
mais precocemente o uso da tecnologia BIM, verifica-se que essa é predominantemente
utilizada na fase de desenvolvimento (Figura 5). É justamente no desenvolvimento de
desenhos técnicos-operativos, destinados à construção, que os recursos digitais
proporcionam maiores benefícios atualmente aos escritórios.
Figura 5 – Projetos executivos elaborados pelo Escritório 2, em ArchiCAD, combinando
desenhos bidimensionais e tridimensionais de nível executivo.

Fonte: Disponibilizada pelo Escritório 2, 2014

Em nenhum dos estudos de caso é utilizada a divisão de etapas diferente das tradicionais, o
que certamente dificulta uma ampla utilização da plataforma BIM, uma vez que o produto de
cada etapa deve ser aquele tradicionalmente estabelecido: estudo preliminar, anteprojeto e
projeto executivo. Por esse motivo, independente da ferramenta utilizada, os arquivos são
entregues ao cliente e trocados entre os projetistas complementares em formato .dwg. Esta
prática configura a subutilização da plataforma, visto que a colaboração e o modelo são
utilizados apenas como recursos internos de trabalho.
Com relação ao trabalho colaborativo, foram identificadas tentativas, sendo a iniciativa de
maior sucesso a realizada pelo Escritório 2, onde os arquitetos trabalham no mesmo
arquivo, através de ferramentas de team work do prórpio software. No entanto, percebe-se a
dificuldade de colaboração devido ao fato de os escritórios de engenharia não utilizarem
softwares que apresentem interoperabilidade com as plataformas de arquitetura, gerando a
necessidade de modelagem destes projetos pela equipe de arquitetura. Somente com a
interoperabilidade dos softwares será possível a integração entre diferentes profissionais e
disciplinas, sendo viável evoluir no estágio de implantação da tecnologia para obter
benefícios ainda maiores. Quando isso ocorrer, certamente os investimentos em
treinamento para aprendizado do trabalho colaborativo sejam ainda mais complexos.
Na análise dos estudos de caso, revelou-se fundamental a figura do BIM manager. Esse
profissional deve coordenar o desenvolvimento dos projetos, a equipe técnica, capacitar os
envolvidos e gerenciar o desenho (estabelecendo os níveis de detalhamento e a qualidade
do modelo). Contudo, deve ter também conhecimento técnico de construção e,
possivelmente, de instalações. É fundamental que ele tenha total domínio do software
adotado pelo escritório. O mercado atual não conta com profissionais habilitados para
gerenciar a implantação da nova tecnologia em escritórios locais. É possível perceber que a
maioria dos escritórios está em busca de profissionais com maior conhecimento técnico e de
execução, priorizando novas contratações de profissionais com conhecimento de BIM.
Em síntese, atualmente, os três estudos de caso presentes neste trabalho utilizam apenas o
modelo único com informações geométricas e, em alguns casos, a colaboração entre
profissionais de arquitetura na elaboração dos projetos. Na fase de elaboração de partido e
estudo preliminar, o BIM não é usado, mas nas fases de projeto executivo a sua utilização é
intensa, porém unicamente para uso interno dos escritórios de arquitetura. Este resultado é
bastante semelhante ao referencial bibliográfico analisado previamente, conforme revela a
Tabela 3. Embora o mercado da construção civil já esteja sinalizando nos últimos anos para
a adoção do BIM, pois é perceptível sua eficiência e benefícios, haverá cada vez mais a
pressão do contratante e a consicência da necessidade da utilização da tecnologia.
Tabela 3 – Quadro comparativo entre estudos de caso nacionais e escritórios de Porto
Alegre em relação à aplicabilidade do BIM por etapas de projeto.

Arantes, 2013
Pereira, 2011

Bandão, 2013
Pereira, 2013

Santos, 2013

Escritório 1

Escritório 2

Escritório 3
Stehling e
Barison e
Oliveira e

Garbini e
Concepção

Etapas
Viabilidade e
X
definição do partido
Estudo Preliminar X X
Anteprojeto X X
Projeto Legal X X
Pré-executivo X X X X X X X
Desenvolvime

Compatibilização X X X X X X
Construção

Projeto Executivo X X X X X X
nto/

Detalhamento/ X X X X
X X X
Especificações
Orçamento X X X X
As Built
Fonte: Betina Conte Cornetet, 2015.

Os benefícios obtidos não estão relacionados necessariamente ao uso do BIM durante todo
o processo. Faz parte do sucesso da implantação reconhecer quais as reais intenções e
insatisfações do escritório ao sinalizar interesse em uma nova tecnologia, sendo ainda
admissível que as diferentes ferramentas coexistam, de forma que cada uma seja utilizada
nas tarefas para as quais se mostram mais eficientes. Essa situação é recorrente em
escritórios de engenharia.
Por fim, para que se obtenham todos os benefícios apontados na base teórica sobre o BIM,
será necessário ir além da introdução de novos softwares. É necessário um comportamento
colaborativo entre os envolvidos no projeto e na construção dos edifícios, integrando os
responsáveis pelo planejamento, pelo projeto, pela construção e pelo fornecimento de
materiais. Além disso, é fundamental o papel da universidade e das entidades de classe na
produção de informação e na regulação do uso dessa nova tecnologia.

7 CONCLUSÕES
A pesquisa contribui para o debate sobre a implantação da modelagem da informação na
construção por escritórios de arquitetura, revelando a aplicabilidade do sistema em cada
fase do projeto de cada empresa e os benefícios obtidos pelos membros das equipes. Além
disto, revela os obstáculos enfrentados e as dificuldades de implantar um processo de
projeto realmente colaborativo nesta fase de transição entre o CAD e o BIM.
Foram identificadas dificuldades com a implantação da plataforma BIM nos três escritórios
de Porto Alegre de forma que a aplicabilidade da plataforma é ainda muito restrita aos
escritórios de arquitetura e as experiencias ainda têm caráter experimental. Há algumas
frustrações quanto às motivações iniciais a respeito do aumento da agilidade de projeto. É
possível verificar que, muitas vezes, falta o entendimento de que, para se obter aceleração
de produção, é necessário dominar o processo de projeto auxiliado pelas TICs, promover
mudanças culturais em relação às atividades tradicionais, formar equipes especializadas
com espírito colaborativo, atualizar constantemente a equipe em relação às tecnologias
digitais e delegar o gerenciamento das atividades a profissionais com amplos
conhecimentos também de construção.
Entretanto, apesar de todas as dificuldades descritas, é um consenso entre os escritórios
analisados que a plataforma BIM representa um direcionamento de mercado, revelando-se
uma alternativa para a solução dos atuais problemas enfrentados pelos escritórios de
arquitetura. Empresas que sabem identificar as suas necessidades particulares para a
aplicação da nova tecnologia conseguem obter um retorno mais rápido dos benefícios
alcançados. É importante verificar qual a simplificação admitida em cada caso. Nesse
sentido, considera-se fundamental que continuem sendo realizadas pesquisas a respeito da
implantação dessa tecnologia.
Verificou-se que algumas barreiras enfrentadas durante a implantação do BIM são geradas
por impedimentos externos, enquanto outras referem-se ao enfrentamento de dificuldades
relativas aos processos organizacionais internos do escritório. Atualmente, observa-se uma
subutilização da plataforma em função dessas barreiras e da fase, ainda muito inicial, de
utilização do BIM. As demais potencialidades oferecidas pela plataforma referem-se a uma
fase mais adiantada de uso. Caso não ocorram modificações de mercado e formação
profissional para suprir as dificuldades reveladas, o risco é a ferramenta não ser plenamente
utilizada.
A pesquisa revela carências relativas à formação profissional. Nesse sentido, cabe à
universidade contemplar em seu currículo temáticas como a colaboração, a comunicação
entre os parceiros de projeto, a tecnologia da informação na construção civil,
particularmente os recursos de modelagem paramétrica e modelagem da informação.
Como resultado dos acompanhamentos, analisados sob a ótica da base conceitual da
pesquisa, verifica-se que os arquitetos têm pouco conhecimento e muito pouco domínio
sobre todos os atuais recursos tecnológicos disponíveis na contemporaneidade para a
realização de projetos. Falta também o entendimento sobre o trabalho colaborativo com o
uso desses recursos. Durante a realização da pesquisa também ficou evidente a
importância e o papel do BIM manager, o coordenador de projetos BIM, e a exploração do
banco de dados no projeto, aspecto este que deverá ser investigado mais profundamente
em futuras pesquisas.
Por fim, conclui-se que a implantação da tecnologia de modelagem da informação na
construção irá intereferir no processo tradicional de projeto quando o emprego da plataforma
utilizar um processo de projeto de fato colaborativo. Para que isso ocorra, são necessárias
alterações na estrutura organizacional dos escritórios, no teor dos contratos firmados, na
legislação profissional, na interoperabilidade dos softwares e, sobretudo, no modo como os
diferentes profissionais e empresas de construção interagem. Atualmente, após a introdução
da tecnologia digital nos escritórios analisados, observa-se uma fase de investigação e
experimentação na qual a produção dos projetos de arquitetura está sendo adaptada à nova
realidade do mercado sem, no entanto, romper com as práticas tradicionais do ofício.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo apoio e


incentivo à pesquisa.

REFERÊNCIAS

BARISON, M.; SANTOS, E. Atual cenário da implementação de BIM no mercado da


construção civil da cidade de São Paulo e demanda por especialistas. In: SCHEER, S.
et al. Modelagem da informação da construção: uma experiência brasileira em BIM. Curitiba:
Capes, 2013. 554 p.

GARBINI, M. A. L; BRANDÃO, D. Q. Implantação da tecnologia BIM analisada em quatro


escritórios de arquitetura. Cadernos Proarq, v. 21, p. 125-146, dez. 2013.

OLIVEIRA, L.; PEREIRA, A. Mudanças metodológicas decorrentes da implantação recente


de BIM em escritórios de arquitetura. In: CONGRESO DE LA SOCIEDAD
IBEROAMERICANA DE GRÁFICA DIGITAL – SIGRADI, 15, 2011, Santa Fé. Anais… Santa
Fé, Argentina, p. 1-5.

PEREIRA, A. P. A adoção do paradigma BIM em escritórios de arquitetura em Salvador


– BA. Dissertação (Mestrado em Arquitetura). Universidade Federal da Bahia. Salvador,
2013.

STEHLING, M.; ARANTES, E. Análise do processo de implantação de BIM em empresas de


projetos industriais e arquitetônicos em Belo Horizonte. PARC, n. 5, p. 35-44, 2014.
ESTADO DE ADOÇÃO DO BUILDING INFORMATION MODELING
(BIM) EM EMPRESAS DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO DE FORTALEZA/CE 1

STATE OF ADOPTION FOR BUILDING INFORMATION MODELING (BIM) IN


ARCHITECTURE, ENGINEERING AND CONSTRUCTION ENTERPRISES
OF FORTALEZA/CE

João Bosco Pinheiro Dantas Filho


Universidade Federal do Ceará (UFC)
arquibosco@gmail.com
Ana Verônica Gonçalves Borges
Universidade Federal do Ceará (UFC)
ana.gborges@hotmail.com
George Nunes Soares
Universidade Federal do Ceará (UFC)
georgesoaresthe@gmail.com
Domingos Sávio Viana De Souza
Universidade Federal do Ceará (UFC)
saviovshalom@gmail.com
Roberto Silva Guerra
Universidade Federal do Ceará (UFC)
roberto27guerra@hotmail.com
Daniel Ribeiro Cardoso
Universidade Federal do Ceará (UFC)
danielcardoso@ufc.br
José de Paula Barros Neto
Universidade Federal do Ceará (UFC)
barrosneto@gercon.ufc.br

Resumo
Observa-se uma tendência das empresas de projeto em migrar para uma abordagem BIM, mas isso não ocorre
facilmente. O objetivo desse trabalho é apresentar o estado de adoção do BIM em empresas de arquitetura,
engenharia e construção da cidade de Fortaleza e verificar as expectativas dos escritórios quanto aos benefícios
e desafios da atuação profissional associada à plataforma BIM. A estratégia de pesquisa adotada foi o estudo de
caso múltiplo, com caráter exploratório-descritivo. O método de pesquisa utilizado foi o levantamento de dados
qualitativos e quantitativos. 161 empresas de arquitetura, engenharia e construção da cidade de Fortaleza foram

1DANTAS FILHO, J.B.P.; BORGES, A.V.G; SOARES, G.N; SOUZA, D.S.V; GUERRA, R.S.; CARDOSO, D.R.;
BARROS NETO, J.P. Estado de adoção do Building Information Modeling (BIM) em empresas de arquitetura,
engenharia e construção de Fortaleza/CE. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, 7., 2015, Recife. Anais... Porto Alegre: ANTAC, 2015.
convidadas a responder um questionário online das quais obtivemos 41 respostas. Em paralelo, foi realizada
uma pesquisa de campo através de 14 entrevistas semiestruturadas. Os resultados apontam que
aproximadamente 50% das empresas de engenharia, arquitetura e construção implementou ou está
implementando o BIM e as empresas de arquitetura usam o BIM de maneira mais intensa.
Palavras-chave: BIM. Construção. Gerenciamento da Construção.

Abstract
There has been a trend of design companies in migrating to a BIM approach, but that does not happen easily.
The aim of this paper is to present the adoption state of BIM in architectural firms, engineering and construction of
the city of Fortaleza and check the offices’ expectations about the benefits and challenges of professional practice
associated with BIM platform. The method used in the procedures was a survey of qualitative and quantitative
data. 161 architectural, engineering and construction firms of the city of Fortaleza were invited to answer an
online questionnaire, which obtained 41 responses. And in parallel, it was carried out a field survey with the
completion of 14 semi-structured interviews. The results showed that almost half of the companies has
implemented or is implementing BIM and architectural firms are using BIM in a more intense way.
Keywords: BIM. Construction. Construction Management.

1 INTRODUÇÃO
O processo de elaboração dos projetos para construção é caótico e gera um desperdício
elevado de tempo e recursos. A incompatibilidade de informações geradas durante o
processo de projeto pode ser observada na fase de execução dos empreendimentos de
construção. Esse problema é agravado pela natureza complexa da indústria de arquitetura,
engenharia e construção (AEC), figurada pela existência de vários interesses conflitantes e
processos de gestão fragmentados (HORSTMAN; WITTEVEEN, 2013).
A plataforma BIM (Building Information Modeling) é uma ferramenta que contribui para uma
melhoria na elaboração dos projetos de arquitetura, engenharia e construção. Desta forma,
observa-se na atualidade uma tendência das empresas de projeto em migrar da ferramenta
CAD (Computer Aided Design) para uma abordagem BIM, mas isso não ocorre facilmente. É
necessário aplicar técnicas bem-sucedidas de gestão para mudanças no gerenciamento de
projeto e em novos arranjos contratuais. Para isso, Miettinen e Paavola (2014) defendem
que são necessários relatos de experiência na implementação do BIM em diferentes
organizações e contextos, fornecendo conhecimentos sobre problemas e gargalos de
execução.
Deste modo, os objetivos desse trabalho são de apresentar o diagnóstico da implementação
do BIM na indústria da arquitetura, engenharia e construção na cidade de Fortaleza e de
verificar as expectativas dos escritórios, usuários e não usuários do BIM, quanto aos
benefícios e desafios da atuação profissional associada à plataforma. Segundo BARISON e
SANTOS (2011), este tipo de trabalho é importante para apresentar o atual cenário em
termos de demanda por profissionais. LANGAR e PEARCE (2014) justificam a necessidade
de tal estudo, especialmente quando a maioria dos escritórios é pequena (menos de 10
funcionários) e a capacidade de investir pode ser uma restrição diante do investimento
necessário para a adoção do BIM.

2 BUILDING INFORMATION MODELING

2.1 BIM no processo de projeto


Segundo Chien et al. (2014), os riscos da implantação do BIM prejudicam o processo de
projetos relacionados a técnica, gestão e pessoal. Nesse trabalho, fatores de risco de
implantação foram identificados, dos quais destacamos: a falta de pessoal qualificado e
disponível, a falta de normas BIM, a interoperabilidade de dados ineficiente e as dificuldades
no processo de gestão de mudança.
Chaves et al. (2014) estudaram o caso de uma empresa que conseguiu ser bem-sucedida
em implementar BIM sem a utilização de guias e manuais, porém eles consideram que a
ausência de manuais pode ter colaborado no aumento do caminho percorrido. Para
Delatorre et al. (2014), é necessário dedicar tempo e equipe para implantação de BIM, o que
pode impactar também na estrutura organizacional e nas habilidades requeridas dos
profissionais.
De acordo com Chen e Luo (2014), é evidente que o BIM ajuda na transformação dos
processos de projeto e construção, isso porque melhora a qualidade do projeto, elimina
conflitos e reduz o retrabalho. Ao comparar projetos baseados em BIM e projetos baseados
em processo tradicional, observa-se que a compatibilização de projetos no método
tradicional não conseguiu interagir dinamicamente com desenhos de diferentes disciplinas,
espalhados em diferentes arquivos e desenhos técnicos 2D.
No entanto, no projeto baseado em BIM, a informação é acumulada e captada a partir de
uma única fonte de dados, o que possibilita coordenar plenamente a comunicação entre o
projeto e a fase de construção. Segundo Lima et al. (2014), faz-se necessária uma
considerável mudança de paradigma do comprometimento de todos os participantes no
processo de planejamento, desenho e execução.
Para Ding et al. (2014), um modelo BIM permite que todas as partes interessadas possam
recuperar e gerar informações a partir do mesmo modelo, permitindo-lhes trabalhar de forma
coesa, de forma que todos os participantes do projeto possam extrair todas as informações
necessárias para a tomada de decisão.
Enquanto o BIM pode melhorar o processo de projeto, os benefícios financeiros dessa
implementação dependem, como defendido por Grilo (2013), de avanços de
interoperabilidade das disciplinas e de verdadeiras melhorias de desempenho da
arquitetura, engenharia e construção. Mas para que esse quadro se concretize dentro do
ideal de interoperabilidade, é necessário que esse processo se dê de forma integrada na
grande área de AEC, conforme destacado por Godoy do et al. (2014).

2.2 Benefícios do BIM


Os benefícios do BIM abrangem todas as fases do projeto. Segundo Eastman et al. (2011),
alguns usos e benefícios já evoluíram o suficiente para demonstrar retornos significativos.
Entre eles, observam-se três pontos de vista sobre o processo de projeto:
 Antecipa e considera toda a experiência da equipe de projeto;
 Serve como plataforma para realização de simulações e análises (Exemplos: integridade
estrutural, temperatura, ventilação, iluminação, acústica, consumo de energia, etc.);
 Permite a integração entre projeto e construção.

Segundo Marciel et al. (2014), que realizaram uma pesquisa em escritórios de projetos de
cidades do Nordeste do Brasil, a necessidade de maior precisão nas informações
trabalhadas em um empreendimento, como forma de redução de perdas e melhoria da
qualidade, foi o benefício mais esperado.
As possibilidades de aplicação de BIM permitem verificar a norma de segurança contra
incêndio, conforme defendido por Karter et al. (2014), que observaram que todas as
medidas de segurança contra incêndio para uma edificação residencial são passíveis de
serem parametrizadas.
Para muito além das etapas de projeto e construção, o BIM pode ser aplicado ainda para
Avaliação Pós-Ocupação (APO), conforme analisado por Sales et al. (2014), que
observaram uma significativa alteração ao comparar APO convencional com APO suportada
por BIM, sendo que esta última ofereceu um fluxo mais enxuto e direto.

3 METODOLOGIA DE PESQUISA
A metodologia adotada é do tipo qualitativa, com uma coleta de dados quantitativa
incorporada. Para Consoli (2008), a utilização desta abordagem se mostra como um dos
métodos mais eficientes para pesquisas nas áreas de gestão de operações e administração.
A estratégia de pesquisa adotada foi o estudo de caso múltiplo, com caráter exploratório-
descritivo compreendido em um paradigma funcionalista.
A unidade de análise é a implementação do BIM em escritórios de arquitetura, engenharia e
construção. Optou-se pela realização de coleta de dois tipos de dados: qualitativos e
quantitativos. Justifica-se essa opção visando à melhor compreensão da situação do BIM
nas empresas. Assim, o estudo baseou-se em múltiplas fontes de evidências: revisão
bibliográfica, entrevistas semiestruturadas (dados qualitativos) e aplicação de questionário
(dados quantitativos).
A amostra foi aleatória para os respondentes do questionário, que está associado ao
método de coleta de dados quantitativo. Inicialmente foram contactadas empresas
associadas à Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura, Regional Ceará (AsBEA–
CE), cooperados da Cooperativa da Construção Civil do Estado do Ceará (CooperCon), em
seguida, escritórios de projetos complementares parceiros dos previamente contactados
foram convidados. Desta forma, um universo de 161 empresas da indústria da arquitetura,
engenharia e construção da cidade de Fortaleza foi convidado a responder um questionário
online2. Obtiveram-se 41 respostas, tratadas com procedimentos de análise dos dados para
questões padronizadas estruturadas, através da estratégia da técnica estatística do SPSS
(Statistic Package for Social Sciences), utilizando-se as frequências das distribuições.
Em paralelo, foi realizada uma pesquisa de campo para o levantamento de dados
qualitativos através de 14 entrevistas semiestruturadas. Segundo Yin (2001), o estudo de
caso se aplica quando são colocadas questões do tipo “como” e “por quê”; e quando o foco
se dá sobre fenômenos contemporâneos dentro de um contexto da vida real. A seleção das
empresas para esta abordagem qualitativa ocorreu através da seleção orientada pela
informação para maximizar a utilidade das informações qualitativas que seriam fornecidas
aos objetivos da pesquisa. Os entrevistados eram do nível estratégico ou tático nas
empresas, além de estarem envolvidos com a gestão do processo de projeto, quais sejam:
coordenadores de projetos, diretores e gerentes de obra.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Características das empresas


Como disposto no Gráfico 1, a maior parte do feedback obtida do questionário aplicado
sobre o diagnóstico BIM foi oriunda dos escritórios de projeto de arquitetura, contabilizando
um total de 20 respostas, num universo de 25 escritórios associados à Associação Brasileira
de Escritórios de Arquitetura, Regional Ceará, o que representa 80% do total. Esse dado
mostra que a preocupação com a implantação das tecnologias BIM está mais presente em
escritórios de projeto de arquitetura do que nas áreas de construção, ou seja, esses
escritórios estão mais conscientes das vantagens e dos benefícios que o BIM é capaz de
proporcionar.

2 O conteúdo do questionário online se encontra disponível em:


(https://docs.google.com/forms/d/1pDNtYERnKAZLXrsFqDr8JGU8kaIuAUPbzF8XR4xoo94/viewform?c=0&w=1)
Gráfico 1 – Caracterização das empresas

Fonte: Autores, 2014.

Como ilustrado no Gráfico 2, na arquitetura existe ainda o desconhecimento técnico do BIM


ou até mesmo de sua existência, enquanto na construção (execução de obra), todas as
empresas questionadas têm um conhecimento da plataforma.

Gráfico 2 – Compreensão das empresas sobre BIM

Fonte: Autores, 2014.

Um setor fundamental para implementação ideal do BIM, o de projeto de estruturas,


apresentou a taxa mais alta das empresas que não conhecem o BIM, tendo em vista que o
principal objetivo do BIM é tornar possível a integração dos projetos, tais como arquitetura,
instalações e estrutura, fazendo com que todos os projetistas trabalhem de forma integrada
e na fase inicial do projeto.
A visão do uso e da implantação do BIM em escritórios de projeto de arquitetura e
construtoras é diferente. Os escritórios de projeto de arquitetura estão mais preocupados
com uso da tecnologia BIM para a melhoria do processo de projeto, enquanto, nas
construtoras, a preocupação está fortemente relacionada à melhoria no processo gerencial
das obras.
O Gráfico 3 auxilia na visualização, por área de atuação, do nível de compreensão e
experiência. Observa-se que a maioria das empresas respondentes tem uma compreensão
de nível básico (uma compreensão de conceitos e fundamentos com alguma aplicação
prática inicial) ou intermediário (uma compreensão conceitual sólida com alguma aplicação
prática). Com isso, percebe-se quão melhor o BIM se encontra difundido nas empresas. A
compreensão e a experiência em nível expert são pequenas em relação aos outros níveis,
chegando a se igualar aos níveis intermediário e avançado nas áreas de atuação de
Arquitetura (projeto) e Construção (planejamento e controle). Observa-se também que, na
área de Instalações, os respondentes concentram-se apenas em nível avançado.

Gráfico 3 – Compreensão e experiência prática pessoal em BIM

Fonte: Autores, 2014.

Na área de Arquitetura, observa-se a maior variedade de níveis de usuários. Enquanto na


área de Estrutura, observa-se empresas usuárias apenas de nível básico e intermediário.
Considerando que é nestas empresas que inicia o processo de projeto, é possível entender
o porquê de o BIM ainda não estar tão difundido na cidade de Fortaleza. Esse fato foi
corroborado com as entrevistas feitas em duas empresas que trabalham apenas na
execução de estrutura de concreto armado. Ambas se interessam na implantação da
plataforma BIM, apesar do custo com software, novos processos e treinamentos, mas
justificam que não o fizeram porque ainda recebem os projetos executivos em CAD 2D, não
sendo, de certa forma, obrigadas a fazer uma implantação imediata.

4.2 Vantagens e benefícios


O uso do BIM possibilita a melhoria do projeto com diminuição de erros, uma vez que
antecipa as definições destes erros, deste modo, evita problemas em etapas futuras, nas
quais as modificações costumam gerar consequências maiores. A facilidade de visualização
possibilitada pelo uso de inúmeros cortes, elevações e perspectivas também contribui para a
geração de soluções de projetos mais inteligentes. A parametrização dos objetos
possibilitada pela tecnologia BIM permite que as modificações de projeto sejam realizadas
facilmente. Enquanto sem o BIM, alterações simples, como a modificação da distância entre
alvenarias, por exemplo, demandaria a revisão manual de muitos outros desenhos,
documentos, pranchas, cortes, elevações. Aliado a isto, a geração automática de vistas e
cortes indica uma possível redução de trabalho. Com isso, as empresas esperam diminuir o
prazo de entrega a partir da redução da carga horária despendida em cada projeto.
Analisar as vantagens percebidas pelas empresas em relação à adoção do BIM é muito
importante, pois à medida que essas vantagens forem sendo percebidas no setor, mais
empresas adotarão o BIM com o tempo e melhorias no processo de projeto e processo de
desenvolvimento do produto, que serão claramente visualizados, como pode ser visto no
Gráfico 4.
Gráfico 4 – Benefícios esperados

Fonte: Autores, 2014.

O Gráfico 4 demonstra que a facilidade em modificar os projetos, a melhoria na qualidade de


projeto e a possibilidade de visualização 3D estão no topo de ranking dos benefícios
esperados na adoção do BIM, citados pelas empresas respondentes do questionário. Já as
principais vantagens percebidas pelas empresas são a geração automática de quantitativos,
a visualização 3D facilitada, a facilidade em modificar os projetos e a diminuição de erros de
representação, como podem ser observadas no Gráfico 5.

Gráfico 5 – Vantagens percebidas

Fonte: Autores, 2014.

4.3 Obstáculos e desvantagens


O Gráfico 6 mostra que os maiores obstáculos para implantar o BIM, apontados pelas
empresas, são a carência de profissionais especializados em BIM, incompatibilidade com
projetos de parceiros e custo elevado do programa. Outro grande obstáculo é a falta de
tempo para implantação, ou seja, as empresas estão intrigadas com a possível perda de
produtividade durante o tempo necessário para implantação da tecnologia.
Gráfico 6 – Desafios ou obstáculos encontrados

Fonte: Autores, 2014.

Visto que a utilização da Plataforma BIM ainda é recente no Brasil, há uma grande
dificuldade em encontrar profissionais especializados. Para mitigar isso, atualmente algumas
instituições privadas vêm ensinando o BIM aos seus alunos de arquitetura e engenharia na
graduação. Isso possibilita que, num futuro próximo, essa carência seja suprida e o
processo de mudança seja cada vez mais rápido.
A maioria das empresas anseia a implantação do BIM, no entanto, devido ao volume de
trabalho e limitação do tempo, muitas vezes essa realização não é iniciada. De fato, tempo
para treinamentos é necessário para que uma equipe bem estruturada e com alto nível de
compreensão seja obtida e, claro, evitar que a adoção não seja insatisfatória, muito menos
inútil, fato esse foi observado em algumas empresas que, na primeira tentativa de
implantação, não obtiveram sucesso e retrocederam para o método inicial de trabalho.
A incompatibilidade com softwares de parceiros foi uma das desvantagens apontadas. De
fato, como o BIM ainda não está amplamente implementado por todos os projetistas, alguns
deles ainda não adotaram essa tecnologia e continuam usando plataformas tradicionais para
desenvolver seus trabalhos. Observa-se o fato do BIM estar mais implementado nos
escritórios de arquitetura, enquanto está sendo pouco utilizado por outros projetistas
(instaladores e calculistas). Desta forma, o trabalho de compatibilização dos softwares
demanda mais tempo e maiores custos a serem supridos pelas empresas.

4.4 Implementações
A análise dos dados indica que os clientes já percebem as vantagens da abordagem BIM,
no entanto, a quantidade ainda é restrita, o que indica que, na maior parte dos casos, a
decisão pela implantação tem partido das próprias empresas, visando à melhoria de seus
processos. Nos escritórios de arquitetura, todas as empresas entrevistadas alegam que foi
uma política própria da empresa em adotar o BIM e eles têm conseguido transmitir aos seus
clientes a importância do uso em seus projetos, fazendo com que os clientes comecem a
transmitir essa importância às construtoras e aos projetistas de instalações do uso do BIM
nos projetos e na execução.
As empresas usam BIM em apenas ¼ dos projetos desenvolvidos, conforme o Gráfico 7.
Um fator apontado durante as entrevistas foi que a quantidade de licenças de softwares
limitava a capacidade de desenvolvimento de projetos em BIM.
Gráfico 7 – Percentual de utilização do BIM em projetos

Fonte: Autores, 2014.

A maioria das empresas demonstraram que observaram mudanças com a implementação: a


facilidade na compatibilização de projetos e a diminuição de erros de projetos (Gráfico 8).
Entretanto, nas entrevistas, foi observado que, apesar da diminuição de alguns tipos de
erros, a implementação proporcionou o surgimento de novos erros de projeto.

Gráfico 8 – Mudanças observadas na implementação

Fonte: Autores, 2014.

As empresas indicaram que o processo de projeto foi modificado com a implementação do


BIM (Gráfico 9). As entrevistas apontaram que o processo de projeto continua com as
mesmas etapas, mas existe uma nova postura dos projetistas que trazem para etapas
iniciais algumas questões que só seriam discutidas em etapas posteriores. Observação
interessante é que, para empresas não usuárias do BIM, não existe um consenso sobre a
modificação do processo de projeto. Enquanto isso, a grande maioria das empresas
usuárias de BIM concordam que o processo de projeto foi modificado.
Gráfico 9 – Modificação no processo de projeto: perspectiva das empresas

Fonte: Autores, 2014.

4.5 Análise qualitativa


Nas entrevistas, observou-se alto grau de indagação provenientes dos arquitetos. Eles
frisam que ainda existe certa resistência dos engenheiros sobre a adoção do BIM. Isto pode
ser verificado no Gráfico 2, em que se apresenta uma defasagem significativa entre as duas
áreas no que se refere à compreensão dos gestores em relação ao BIM e da sua utilização.
Com os dados coletados, percebe-se que a adesão parte das empresas com funcionários
que entraram recentemente no mercado ou que estão no processo de transição da
academia para o mercado (no caso de estagiários). Pela maior facilidade dessa nova
geração interagir com a tecnologia e pela maior difusão do BIM na academia, esse
fenômeno está ocorrendo. Este fato aponta que Fortaleza se encontra em um estágio inicial
em que a maioria das empresas tem o conhecimento da plataforma, de suas ferramentas e
das vantagens e desvantagens do software.
Nas construtoras entrevistadas, foi possível detectar que algumas delas não possuem uma
equipe especializada em BIM na própria empresa. Assim, optou-se por terceirizar o serviço
de um BIM Manager e tiveram apenas a preocupação em treinar os engenheiros das obras
a utilizarem uma versão do Modelo 3D BIM, somente para leitura, a fim de auxiliar os
processos gerenciais da obra.
Os maiores benefícios relatados são a possibilidade de verificar as interferências e a
produção de quantitativos, algo muito trabalhoso para o paradigma de projeto difundido
atualmente. As empresas veem que o BIM é uma ferramenta importante e futurista. No
entanto, as desvantagens da falta de profissionais capacitados, o custo elevado do software
e o uso de forma pontual por alguns participantes do projeto como um todo dificultam a sua
implementação.
Outro empecilho mencionado pelos entrevistados, com exceção daqueles da área de
arquitetura, é a falta de biblioteca com os itens essenciais, fato esse que, de preferência,
terá que partir dos fornecedores, criando-se, assim, as bibliotecas dos seus produtos e os
disponibilizando. Isso ocorrerá no momento que o uso da plataforma estiver mais
consolidado. No entanto, nessa fase atual, é uma barreira para a implementação.
As empresas não estão pensando no processo de um produto como um todo, e sim, em
resolver, com as ferramentas, algumas dificuldades internas da empresa ou escritório. Com
esse pensamento inicial, enxerga-se como difícil tarefa a estruturação de um IPM
(Integrated Process Model – Modelo de Processo Integrado), no qual as empresas irão
trabalhar de forma integrada. A ferramenta BIM de maior difusão e utilização é o REVIT.

5 CONCLUSÕES
As empresas de arquitetura usam o BIM de maneira mais intensa, tanto em relação à
quantidade, como também habilidade. Dessa forma, elas lideram o processo de mudança,
enquanto as outras empresas seguem de maneira mais cautelosa. Observa-se que existe a
vantagem do BIM em reunir e compartilhar informação entre empresas diferentes para
desenvolver o processo de projeto de construção de forma colaborativa. Observa-se
também que é importante e essencial, para uma bem-sucedida implantação do BIM, que
todas as partes integrantes do processo participem e colaborem em todo processo.
A carência de profissionais e a resistência da equipe em se adequar à nova plataforma é um
fato que pode ser consequência do custo de investimento necessário para licenças de
software e da falta de tempo alegado para treinar devidamente uma equipe. Então, como os
parceiros ainda não utilizam BIM e os clientes não conhecem, os escritórios consideram
uma desvantagem investir em software com um custo tão elevado, considerando os lucros
de uma empresa de pequeno porte.
Entretanto, praticamente metade das empresas de arquitetura implementou ou está
implementando o BIM. Isto demonstra que estas preferem se manter na vanguarda. Assim,
o software BIM mais utilizado é o Revit, devido ao amplo uso do AutoCAD, que é da mesma
plataforma. Entretanto, as empresas usam BIM em apenas 25% dos projetos desenvolvidos,
talvez por terem ainda uma compreensão básica ou intermediária. Contudo, elas enxergam
benefícios, a maioria deles, relacionados à diminuição de erros e à compatibilização de
projetos. Fato importante é que a maioria das empresas notou que o uso de BIM modificou o
seu processo de projeto, este trabalho se limitou à perspectiva das empresas sobre esta
questão, sendo, talvez, interessante investigar em trabalhos futuros como se deu esta
mudança e elucidar os padrões e verificar as evidências desta modificação, contribuindo
para conteúdos de manuais de BIM.

REFERÊNCIAS
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IMPLEMENTAÇÃO DA MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA
CONSTRUÇÃO EM EMPRESA DE ARQUITETURA: UM ESTUDO DE
CASO 1

IMPLEMENTATION OF BUILDING INFORMATION MODELLING IN AN


ARCHITECTURAL FIRM: A CASE STUDY

Karina Matias Coelho


Universidade de São Paulo (USP)
karina.matias@usp.br

Tassia Farssura Lima


Universidade de São Paulo (USP)
tsa29v@hotmail.com

Silvio Melhado
Universidade de São Paulo (USP)
silvio.melhado@usp.br

Resumo
A modelagem da informação surge como uma evolução para o setor da construção civil na busca de integração
dos agentes, potencialmente melhorando o processo de projeto. Inúmeros desafios e dificuldades apresentam-se
na transição para os novos sistemas de informação e as empresas de arquitetura brasileiras, em sua maioria de
pequeno e médio porte, apresentam algumas particularidades que limitam seu desempenho, tais como: recursos
financeiros, humanos e tecnológicos escassos e alta dependência do grau de empreendedorismo e liderança de
seus titulares. Por outro lado, as mudanças de processos internos geram impactos no desenvolvimento dos
projetos e sua produtividade, na adaptação do fluxo tradicional de projeto e no treinamento, ao mesmo tempo em
que exigem maior integração e colaboração, e processos padronizados. Este artigo analisa a implementação da
modelagem da informação da construção e os problemas enfrentados em uma empresa de arquitetura, no
primeiro projeto em que foi implementada. São apresentados os resultados parciais do estudo de caso, que farão
parte da Dissertação de Mestrado da primeira autora, que demonstraram as dificuldades da empresa pela falta
de planejamento estratégico orientado à implementação da modelagem, assim como impactos na gestão da
empresa e necessidade de mudanças no processo de projeto.
Palavras-chave: Modelagem da informação da construção. Empresas de arquitetura. Implementação
tecnológica.

Abstract
Building Information Modelling appears as an innovation to the construction sector in the search for technological
innovation, promoting the integration of construction players and potentially improving the design process. There
are numerous challenges and difficulties in the transition to new information systems and the Brazilian
architectural firms are mostly small and midsize ones what defines their characteristics and limits their
performance, such as financial, human and technological scarce, high dependence on the degree of
entrepreneurship and leadership of their founders. On the other hand, issues related to the changes in the internal
design processes generate numerous impacts on the design tasks and productivity, at the same time requiring

1 COELHO, K.M.; SILVA,, T.F.; MELHADO, S.. Implementação da modelagem da informação da construção em
empresa de arquitetura: um estudo de caso. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, 7., 2015, Recife. Anais... Porto Alegre: ANTAC, 2015
higher integration and collaboration, and standardized processes. This paper aims to analyse the implementation
of Building Information Modelling in an architectural design firm and the problems challenged in a first project
using it. The article shows the partial results of the case study that will integrate the Master Thesis of the first
author, which have shown the firm’s difficulties due to a lack of strategic planning oriented to BIM implementation,
as well as its impacts in the design firm management and the need for changing in the design process itself.
Keywords: Building information modelling. Architectural firms. Technological implementation.

1 INTRODUÇÃO
O setor da construção civil no Brasil há décadas é rotulado como atrasado quando
comparado a outros setores industriais, devido à sua baixa produtividade, em função,
principalmente, de seu baixo nível de industrialização, elevado desperdício de materiais e
reduzida qualificação da mão de obra, o que resulta também na baixa qualidade do seu
produto final. Recentemente, o desenvolvimento das tecnologias de informação e
comunicação (TICs) apareceu como alternativa para criação de novos processos capazes
de incrementar o desempenho das empresas. Considera-se que o uso de TICs tem grande
potencial para implementar melhorias na produtividade e competitividade do setor da
construção (NASCIMENTO E SANTOS, 2001 apud ABAURRE, 2013). No cenário mundial,
observa-se o crescimento do uso da Modelagem da Informação da Construção; diversos
países vêm investindo em políticas nacionais de incentivo à sua implementação e a
mudança tecnológica, em muitos casos, foi iniciada pelo incentivo de políticas públicas,
sendo criados guias e normas que norteiam os novos processos (WONG, 2010).
No Brasil, o uso da Modelagem da Informação da Construção começou a se estabelecer
nas grandes construtoras e incorporadoras no Brasil em 2007, quando algumas empresas
do setor privado se mobilizaram para sua implementação (SOUZA et al, 2013). A partir do
projeto piloto da Gafisa, que em 2011 implementou a tecnologia em cinco empreendimentos
e contou com 65 projetistas envolvidos, outras empresas tais como Tecnisa, JHSF, SINCO e
Odebrecht iniciaram seu processo de implementação (NAKAMURA, 2013). Após essas
primeiras iniciativas, o setor público também passou a demandar projetos utilizando a
tecnologia de modelagem com a adesão da Petrobras, CPTM, Metro, DNIT e Infraero. A
partir disso, outras ações de estímulo surgiram nos últimos dois anos. Destaca-se o papel
da AsBEA (Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura) com o lançamento em 2013
do “Guia AsBEA de Boas Práticas em BIM: Fascículo I”. Também o Sinaenco (Sindicato
Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) iniciou um Ciclo de
Palestras para a conscientização das empresas de projeto e introdução dos conceitos de
modelagem; e, na ABRASIP (Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais),
pode-se destacar o avanço dos projetistas que usam uma plataforma de GETBIM -
Gerenciamento de Especificações e Tecnologias para Objetos BIM, para uniformizar as
informações dos seus trabalhos.
Sob as novas demandas do mercado e o incentivo dos demais agentes da cadeia produtiva
as empresas de projeto passaram a reagir a essas demandas de seus contratantes e a
planejar métodos de implementação da nova tecnologia. As empresas de projeto de
arquitetura, pequenas empresas em sua grande maioria, têm características diferentes
quando comparadas a empresas de maior porte principalmente, em relação à sua gestão. A
empresa deverá viabilizar a inovação como estratégia de negócio e avaliar o retorno do
investimento a curto e longo prazo. O custo elevado na implantação da modelagem é
apontado como uma das principais dificuldades. Estes altos investimentos estão
relacionados a compra de licenças de softwares e de novos equipamentos e ao treinamento
da equipe (SOUZA,2009)
O processo de projeto sofrerá grandes mudanças em todas as etapas de projeto desde a
concepção ao detalhamento final do produto. Há necessidade de análise dos processos
tradicionais e revisão dos seus métodos de trabalho, reorganização de equipes e
estabelecimento de novas lideranças e responsabilidades. É necessário encontrara
maneiras de continuar a produção interna de projeto enquanto simultaneamente se
implementa a nova tecnologia em projetos piloto.
Implementar BIM efetivamente requer significativas mudanças na maneira de trabalhar em
quase todos os níveis dentro do processo do empreendimento; não é suficiente apenas o
aprendizado de novos softwares; deve haver também a reinvenção do fluxo de trabalho,
treinamento da equipe e atribuição de novas responsabilidades (ARAYICY et al, 2011).

2 GESTÃO DAS EMPRESAS DE PROJETO

2.1 Análise do Setor: Empresas de Projeto


Na Construção Civil Brasileira, o setor de projetos caracteriza-se por ser composto de
empresas de micro e pequeno porte. Em 2011, havia 52.657 empresas ativas no setor
(SINAENCO, 2011), sendo que 84,91% das empresas possuíam de zero a quatro vínculos
ativos – ou seja, profissionais contratados. Em geral, são empresas uniprofissionais que
trabalham para clientes privados ou como subcontratadas de empresas maiores em
contratos com o setor público. Este quadro ocorre devido a diversos fatores: inconstância da
demanda por serviços, pois eles estão diretamente ligados à conjuntura econômica e
política; baixo valor de mercado do produto projeto; desagregação da classe de projetistas,
que não se organiza para negociar em bloco (CAMBIAGHI, 2003 apud OLIVEIRA, 2005).
Grilo (2002) afirma que a sobrevivência dos escritórios de projeto demanda a antecipação
das tendências e conversão dos desafios em fontes de vantagens competitivas e
oportunidades de negócio. Aponta quatro aspectos fundamentais para a obtenção de
vantagens competitivas: gerenciais, mercadológicos, organizacionais e tecnológicos. Este
último, ressaltado como um dos principais ativos da empresa e um de cunho estratégico.
Segundo Oliveira (2005), as pequenas empresas desempenham um papel de fundamental
importância no crescimento e maturação da economia; elas, porém, apresentam algumas
características particulares que limitam seu desempenho, tais como: recursos financeiros,
humanos e tecnológicos escassos, alta dependência do grau de empreendedorismo e
liderança de seus titulares; atuação dos seus proprietários tanto na gestão técnica como
administrativa. Considerando-se que a correlação entre o desempenho do processo de
projeto e o ambiente no qual é produzido - a empresa de projeto - é fundamental para
garantir a qualidade dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas, esse autor propõe
um modelo de gestão para pequenas empresas de projeto, adaptado às suas
peculiaridades. São evidenciados algumas oportunidades e alguns obstáculos para essas
pequenas empresas que são motores ou barreiras à implementação de novas tecnologias.
Como barreiras, Oliveira apresenta a dificuldade de acesso às ferramentas de ponta da
tecnologia da informação e técnicas modernas de gestão, bem como a dificuldade de atingir
eficazmente o mercado com pouquíssimos recursos. São apresentados dados sobre os
principais motivos de mortalidade das micro e pequenas empresas: 90% são atribuídos à
não utilização de recursos de informática.
Como oportunidades, o mesmo autor salienta a produção em pequenas séries, que gera
maior potencial de responder às oportunidades rapidamente e atender a mercados
pequenos e especializados. A flexibilidade da pequena empresa, aliada à sua natural
predisposição para inovações, permite que ela seja agente de mudanças, proporcionando o
aparecimento de novos serviços e produtos.
2.2 Empresas de Projeto e Implementação da Modelagem da Informação
A implementação da modelagem da informação da construção nas empresas de projeto
pode permitir maior competitividade dentro de seu setor e garantir sua sobrevivência, já que
o investimento em novas tecnologias da informação permitiria a realização das operações
cotidianas mais rapidamente a um custo mais baixo.
Segundo Farina (2014), na implementação do BIM por uma empresa de projeto podem ser
destacados dois desafios: aqueles decorrentes da mudança tecnológica e aqueles
relacionados à mudança conceitual da forma de produção dos projetos. Os desafios
relacionados à tecnologia são menos complexos, mas são sentidos imediatamente pelas
empresas, por tocarem no aspecto econômico. As mudanças ligadas à forma de trabalho
devem ser observadas com maior cautela, geram reflexões sobre o negócio e permitem
agregar valor aos produtos atuais. Dessa forma, a implementação de novas tecnologias
deve fazer parte do planejamento estratégico elaborado pela empresa, prevendo os custos
apropriados ao investimento e calculando seu retorno a curto, médio e longo prazo.
Esse planejamento deve ser ainda mais acurado considerando que os recursos financeiros,
humanos e tecnológicos são mais escassos no caso de pequenas empresas. Todas as
áreas das empresas sofrerão mudanças e deverão ser avaliadas ou reavaliadas no
momento da implementação da modelagem da informação da construção: estrutura
organizacional, gestão comercial, gestão financeira, recursos humanos, sistemas de
informação, gestão de projetos.

3 IMPLEMENTAÇÃO DA MODELAGEM DA INFORMAÇÃO

3.1 Iniciativas
De acordo com Wong (2010), a modelagem da informação da construção está expandindo
sua implementação em vários países. Os autores apresentam uma revisão do processo de
implementação em seis diferentes países, demonstrando que as iniciativas de
implementação partiram tanto dos setores públicos quanto dos privados, como é o caso de
Hong Kong. No período de 2007 a 2009, a maioria dos países estabeleceu iniciativas de
determinação de diretrizes para implementação da modelagem da informação da construção
que resultaram na produção de guias e manuais. Como demonstra Succar (2009), esses
guias foram desenvolvidos na Austrália, Dinamarca, Finlândia, Holanda, Noruega, Estados
Unidos e Europa, demonstrando amadurecimento no uso da modelagem e sua aplicação.
No Brasil, de acordo com Souza et al (2013), observa-se desde 2007 um início de
movimentação no setor privado para a implementação da modelagem da informação da
construção. De acordo com matéria da Revista Construção Mercado as grandes
construtoras e incorporadoras brasileiras iniciaram uma série de projetos-piloto para avaliar
a aplicabilidade do BIM, na busca de aumento de produtividade, redução de perdas,
diminuição de prazos, melhoria nos orçamentos e melhoria na qualidade do produto
imobiliário. (DELATORRE, 2014). Em 2011, de acordo com a revista AU (REIS, 2011),
quatro empresas de projeto de arquitetura, de diferentes portes, demonstraram alguns
resultados das suas implementações no período de 2004 a 2007. Foram relatadas as
primeiras experiências, dificuldades, ganhos e algumas recomendações. Pode ser
destacado como ação especifica para as empresas de projeto de arquitetura o "Guia AsBEA
de Boas Práticas em BIM". O fascículo 1 foi lançado em 2013 com instruções sobre o uso de
ferramentas digitais nos projetos de arquitetura e toda a cadeia produtiva da construção civil.
Este primeiro fascículo aborda as fases conceituais e iniciais de implementação do BIM e os
demais fascículos ainda estão em desenvolvimento.
Implementar BIM efetivamente requer significativas mudanças na maneira de trabalhar em
quase todos os níveis dentro do processo do empreendimento; não é suficiente apenas o
aprendizado de novos softwares; deve haver também a reinvenção do fluxo de trabalho,
treinamento da equipe e atribuição de novas responsabilidades (ARAYICY et al, 2011). Além
disso a utilização da tecnologia na prática é uma decisão de negócio, pois a rotina de
trabalho de uma empresa vai requerer mudanças de processos (JERNIGAN, 2008).
Arayici (2011) indica quatro estágios para a implementação da mudança tecnológica:
1) Diagnóstico: revisão detalhada e análise das práticas correntes;
2) Plano de Ação: novos processos de negócio e caminhos para adoção da tecnologia;
3) Ação: Implementação da Modelagem da Informação da Construção;
4) Avaliação: Revisão do plano, disseminação e integração ao planejamento estratégico.
Succar (2009) afirma que as empresas que decidem atravessar o abismo da inovação e
investir em aplicações BIM se tornarão empresas inovadoras, como demonstra figura. Esse
autor em seu BIM Maturity Index (BIMMI) define cinco níves de maturidade para a adoção
da nova tecnologia: (a) Inicial/ Ad-hoc, (b) Definido, (c) Gerenciado, (d) Integrado, (e)
Otimizado. Afirma que, em geral, o progresso do nível mais baixo ao mais alto indica: melhor
controle por meio da diminuição de variações entre metas e resultados reais, uma melhor
previsibilidade baixando variabilidade na competência, desempenho e custos, uma maior
eficácia no alcance de metas definidas e estabelecimento de novas metas mais ambiciosas.
De acordo com Jensen e Jóhannesson (2013), o mais importante no processo de
implementação parece ser a condução da transformação em pequenos passos. A parte de
recursos humanos na transformação para o “pensamento em BIM” pode ser muito difícil. É
natural que alguns se sintam ameaçados pelas mudanças. Isso, por si só, pode ser visto
como uma boa razão para as empresas implementarem o BIM em pequenos passos. Os
resultados obtidos por esses autores mostram a importância do envolvimento do gestor do
projeto na implementação, pois a liderança deve estar convicta dos benefícios do BIM, que
deve ser visto como elemento principal do negócio e não apenas como mais um conjunto de
softwares. Se uma empresa quer implementar BIM, isso significa que mudanças
fundamentais são necessárias em todos seus processos. O período de transição dos
processos tradicionais para os processos baseados em BIM é crítico para todas as
empresas e tem que ser executado com atenção aos interesses próprios de cada
organização. É imprescindível difundir o conhecimento para todos os colaboradores, de
modo a torná-los conscientes dos potenciais desses novos processos.

3.2 Desafios, Dificuldades e Barreiras


Em pesquisa apresentada por Eadie (2013), as principais razões para não implementação
da modelagem da informação foram a falta de conhecimento da tecnologia dentro da equipe
de projeto e dentro das organizações. Na sequência, outras razões foram apontadas: falta
de demanda dos clientes, resistência cultural, alto investimento financeiro, falta de
financiamento adicional que suporte a modelagem, resistência no nível operacional,
relutância dos membros da equipe em compartilhar informação, falta de benefícios
imediatos nos projetos. Nessa mesma pesquisa, foi indicado como maior impacto do uso da
modelagem a colaboração entre os agentes, relatada como chave para seu sucesso. Em
segundo lugar foi destacada a afirmação de que a modelagem da informação é mais um
processo do que uma tecnologia. Checcucci e Amorim (2011) afirmam, a partir dos
resultados das análises de dados coletados durante o TIC 2011, que, entre as maiores
dificuldades na adoção do BIM, estão a cultura, a resistência e o medo de mudanças.
Segundo Wong (2011), para atingirem sucesso na implementação, os esforços em direção a
tecnologia, pessoas e processos devem ser equivalentes. Souza (2009) identificou em
pesquisa realizada com 13 empresas de projeto de arquitetura algumas barreiras à
implementação da modelagem da informação. Os principais motivos alegados foram a
resistência à mudança do software pela equipe (25%) e a falta de tempo para a
implementação. De acordo com Gu (2010), os fatores que afetam a adoção do BIM podem
ser divididos em dois grupos principais: as questões técnicas e as questões não técnicas. O
autor relata uma série de fatores identificados na literatura como principais barreiras para a
adoção do BIM: falta de sensibilização e formação; natureza fragmentada do setor de AEC;
relutância da indústria para mudar a prática de trabalho; hesitação para aprender novos
conceitos e tecnologias; falta de clareza sobre papéis, responsabilidades e distribuição de
benefícios. Esse último autor ressalta que uma padronização de processos e protocolos é
necessária para garantir responsabilidades e conduzir as análises de projeto e validações.
Arayici (2011) demonstra que a empresa de arquitetura JMA (Jonh McCall's Architects),
usando ferramentas 2D CAD por duas décadas, enfrentou diversas dificuldades, tais como:
pressões por prazos, duplicações de informações, prazos de entrega longos, falta de
continuidade na cadeia produtiva, produção excessiva, retrabalho, distrações com tarefas
paralelas, falta de confiabilidade dos dados, falta de processo de projeto rigoroso, falta de
eficácia na gestão e comunicação.

4 O PROCESSO DE PROJETO DE ARQUITETURA


Segundo Melhado (1994), o papel do projeto é desenvolver, organizar, registrar e transmitir
as características técnicas e geométricas do produto para serem utilizadas em sua
execução. Ou seja, é uma representação das características do edifício e de seus processos
construtivos que serão interpretados na fase de construção. O Manual de Escopo de
Projetos e Serviços da Arquitetura e Urbanismo (AsBEA, 2003) caracteriza o processo de
projeto de arquitetura, definindo uma sequência de atividades, distribuídas por seis fases,
que estão relacionadas àquelas estabelecidas pela NBR 15.531: a) Fase A – Concepção do
Produto: Levantamento de dados, Programa de Necessidades e Estudo de Viabilidade; b)
Fase B – Definição do Produto: Estudo Preliminar, Anteprojeto, Projeto Legal; c) Fase C –
Identificação das interfaces: Projeto Básico; d) Fase D – Detalhamento dos projetos: Projeto
Executivo; e) Fase E – Pós-entrega do projeto; f) Fase F – Pós-entrega da obra.
O projeto de arquitetura tem características particulares em seu desenvolvimento, com uma
grande ênfase nas suas etapas iniciais, que envolvem viabilidade e concepção. O uso de
softwares 3D é uma prática comum entre os arquitetos nestas etapas de projeto, estando
estes profissionais familiarizados com a visualização dos seus projetos em três dimensões.
O uso da modelagem da informação, porém, pode exigir novos processos na medida em
que existe a necessidade de interoperabilidade entre os softwares de concepção e os
softwares de modelagem que darão continuidade nas etapas de projeto subsequentes. Todo
o processo de projeto poderá sofrer alterações com a aplicação de novas tecnologias da
informação, demandando antecipação de informações ou sobreposição de etapas.
De acordo com Abaurre (2013), a modelagem da informação da construção foi introduzida
com o intuito de implementar um processo de projeto colaborativo e integrado. A
antecipação de atividades e decisões nos processos colaborativos da modelagem da
informação da construção leva à simultaneidade dos projetos com trabalhos de engenharia
de planejamento e de controle de qualidade. Essa característica aumenta a quantidade de
informações geradas nas etapas iniciais, diferenciando-se dos acertos comerciais
tradicionais comumente praticados, em que as maiores parcelas de pagamento são
associadas às etapas finais do projeto, quando ocorre o detalhamento e levantamento de
quantitativos.
A edição 248 da revista AU (REIS, 2011) apresenta o caso de quatro empresas de
arquitetura que adotaram a modelagem da informação. É relatado que uma das mudanças
importantes constatadas foi a alteração no prazo das etapas do projeto. No processo
convencional, a carga de trabalho do arquiteto seria menor nos estudos preliminares e
aumentaria conforme o projeto se aproxima do executivo. No BIM, algumas informações
técnicas precisam ser definidas em etapas anteriores ao usual e tal curva se inverte;
decisões são antecipadas e uma carga maior de trabalho é deslocada para o anteprojeto.
O combustível do projeto são as informações. Os projetistas usam e produzem informações
na forma de ideias, princípios, regras e habilidades, aplicados para gerar uma descrição
abstrata (MANZIONE, 2013). Essa afirmação se torna mais importante no contexto da
modelagem da informação. Os primeiros modelos que serão utilizados e incrementados
durante todo o ciclo de vida da edificação, são iniciados pelas empresas de projeto. Cada
informação adicionada em um modelo BIM poderá ser utilizada do projeto até a fase de
operação do empreendimento (FARINA, 2014). Essas informações serão utilizadas por
diversos agentes da cadeia de diferentes maneiras e com abordagens distintas. As
informações dos objetos serão atribuídas de acordo com o estágio de projeto (SOUZA, 2009
apud KYMMEL, 2005) e de acordo com nível de detalhamento estipulado para o modelo.
Algumas pesquisas demonstram que o uso mais frequente da modelagem acontece nos
estágios finais de projeto e de pré-construção (EADIE,2013). Dessa forma, ainda que
consideradas um elo mais fraco em comparação aos outros agentes da cadeia produtiva da
construção civil, as empresas de projeto têm um importante papel no processo de adesão à
modelagem de informação e o investimento na qualidade da implementação da tecnologia
nessas empresas poderá beneficiar todo o setor, assim como poderá ser um propulsor da
adesão da modelagem por outros agentes da cadeia produtiva.

5 ESTUDO DE CASO

5.1 Metodologia
Para cumprir os objetivos propostos nesta pesquisa foi adotado o método de estudos de
caso. Propôs-se uma pesquisa qualitativa por ser apropriada quando o fenômeno em estudo
é complexo, de natureza social e que não tende à quantificação; e por ser útil para observar,
registrar e analisar interações reais entre pessoas, e entre pessoas e sistemas (MORESI,
2003). O objetivo deste artigo é demonstrar os resultados iniciais da implementação da
modelagem da informação na empresa de arquitetura, objeto do estudo de caso. Serão
analisados os impactos da adoção da modelagem em níveis organizacionais que se referem
à gestão da empresa e no processo de produção abordando tanto as questões tecnológicas
como as de desenvolvimento de projetos de arquitetura.
As informações a respeito da implementação nesta empresa foram obtidas a partir da
experiência profissional da autora neste processo, durante três meses, com permanência na
empresa durante dois dias da semana. Também forma realizadas entrevistas com o
gerente, coordenadora e equipe de arquitetos.

5.2 Caracterização da Empresa


A empresa de projeto de arquitetura analisada é franco-brasileira e tem sua base em São
Paulo, desde 2000, e em Paris, desde 2008. Atua em projetos de arquitetura e de design de
interiores, para diversos segmentos de construção, tais como residências, edifícios
comerciais e residenciais, hotéis e retrofit, no Brasil e na França.
Destaca-se em seu ramo de atuação por variadas publicações e premiações de seus
projetos, incluindo exposições em Bienais. Seu quadro de colaboradores conta com quatro
arquitetos titulares e uma equipe de aproximadamente 50 contratados. A área de gestão é
composta por sete pessoas: um coordenador geral, dois desenvolvedores de negócios, um
gestor financeiro, um gestor de marketing e comunicação, um gestor comercial e uma
secretária. O restante da equipe é composto por arquitetos e estagiários de arquitetura. A
empresa não possui organograma formal e os arquitetos titulares se revezam na
coordenação das equipes de projeto.

5.3 Caracterização do Caso


O investimento previsto é de 1,4 bilhões de reais, para uma área total do empreendimento
de 140.525,00m2, divididos entre atividades de restauro e construção de duas novas
edificações, além da criação de subsolos. Os projetos tiveram início em 2009 e foram
concebidos por uma empresa de arquitetura francesa. Após a concepção, o projeto passou
para uma primeira empresa de arquitetura brasileira, responsável por ele até 2014. Nesse
período foram realizados os trâmites legais, envolvendo as aprovações nos órgãos
competentes. O processo foi demorado, pois a área é tombada pelo Condephaat e
Compresp, órgãos estadual e municipal, respectivamente. A cargo da empresa de
arquitetura, objeto deste estudo de caso, ficaram as duas construções novas: um edifício de
vinte três andares de uso misto - flats, hotel e andares de escritório e oito subsolos com área
construída de 36.321,72m2; e outro, para uso comercial, com seis andares e área
aproximada de 10.000m2. O projeto ainda inclui uma edificação a ser preservada com área
aproximada de 16.300,0m2 e oito andares novos de subsolos com 36.508,63m2.
Os trabalhos iniciaram-se na empresa estudada em janeiro de 2015. Este projeto havia
passado anteriormente por outras empresas de arquitetura, que iniciaram sua concepção e
suas primeiras etapas de anteprojeto. O porte do projeto exigiu a montagem de uma equipe
especialmente dedicada para desenvolvê-lo, localizada em uma sala à parte das demais
equipes. Uma equipe inicial de quatro arquitetos, coordenados por um gerente, iniciou a
revisão geral da etapa de anteprojeto, ainda em plataforma CAD 2D, com o objetivo de
atender às novas demandas do cliente. Até a data de elaboração deste artigo a equipe já
contava com nove arquitetos, uma coordenadora e um gerente de projeto.

5.4 Implementação da Modelagem da Informação


A implementação da modelagem ocorreu a partir da exigência de uso da tecnologia
solicitada pelo cliente e foi essencial para que pudessem ganhar a concorrência frente aos
seus concorrentes. É importante salientar que este é o primeiro projeto da empresa
utilizando a modelagem da informação da construção e não havia experiências anteriores da
empresa em nenhuma de suas equipes. A empresa utilizava CAD 2D, além de outros
softwares 3D tais como SketchUp e 3D Studio Max.
Sendo assim, existia pouco embasamento teórico sobre as dificuldades e as potencialidades
da implementação da modelagem. Em entrevistas com cada membro da equipa, foi
identificado que possuíam diferentes níveis de conhecimento dos softwares de modelagem.
Na equipe inicial composta por quatro arquitetos, dois estavam em fase de conhecimento
básico, um havia participado de um projeto em fase de anteprojeto e um possuía
experiência em vários projetos, da concepção ao executivo. A coordenadora havia passado
por um treinamento inicial, mas nunca havia participado de um projeto que utilizasse
modelagem. O gerente possuía experiência anterior com projetos feitos em softwares de
modelagem diferentes do adotado e reconhecia algumas dificuldades e alguns benefícios,
apoiando durante todo o processo o uso exclusivo do software de modelagem em
detrimento do CAD 2D.
No início do projeto, foi contratada uma consultoria com o objetivo de assegurar que a
modelagem fosse aderente às necessidades do cliente e para potencializar a produção do
projeto, que ainda continuava a ser desenvolvido parcialmente em CAD 2D. Coube à
consultoria o papel de começar a modelagem, estabelecendo alguns padrões de trabalho e
estabelecendo novos processos para a equipe de trabalho. Também foram necessários,
nessa etapa, alguns treinamentos complementares do uso de funcionalidades do software
para o trabalho colaborativo, feitos in loco. A implementação acabou ocorrendo em paralelo
ao processo de produção do projeto, gerando demandas conflituosas em momentos críticos
de entregas parciais do trabalho.

5.5 Gestão da Empresa


Para este projeto houve investimento inicial, tanto em treinamento da equipe, quanto para
compra de licenças de software. Também foi necessário comprar computadores para todos
os membros da equipe, pois os computadores existentes não suportavam o novo software.
Todo o investimento foi feito em fases, devido ao seu alto custo. Num primeiro momento
parte da equipe ainda utilizava computadores ultrapassados que dificultavam o
desenvolvimento do trabalho. Houve também necessidade de contar com um servidor
exclusivo. Uma equipe de produção de dez pessoas acessa e sincroniza seu trabalho
simultaneamente em dois arquivos centrais. A quantidade de acessos a documentações e o
trabalho colaborativo com o software de modelagem exigiu esse investimento.
Houve mudanças na estrutura da empresa, sendo necessário a parceira com uma segunda
empresa de projetos que assumiu a gerência do projeto e todo o contato com o cliente. Um
dos sócios acompanha o desenvolvimento do trabalho junto ao gerente. A nova equipe,
montada especialmente para esse projeto e alocada em sala a parte do restante da
produção também demonstra mudança estrutural na empresa, tanta em recursos
tecnológicos como em recursos humanos.
No que se refere aos recursos humanos, tornou-se necessária uma nova forma de seleção e
foi relatada a dificuldade para encontrar profissionais qualificados, tanto em projeto quanto
na nova tecnologia. Identificou-se, após o primeiro mês, a necessidade de contratação de
uma coordenadora de projetos e mais quatro arquitetos e, assim, a equipe inicial de
produção, de quatro pessoas, foi crescendo ao longo do projeto. O nível de conhecimento
da equipe do software de modelagem era bastante heterogêneo com relação a experiência
de utilização da ferramenta, tornando necessárias muitas adaptações e novas divisões de
tarefas, que impactaram diretamente o desenvolvimento do projeto.

5.6 Processo de Projeto


O processo de projeto da empresa seguiu parcialmente o modelo sugerido pelo Manual de
Escopo de Projetos de Arquitetura. A modelagem do projeto iniciou-se na Fase C - Projeto
Básico com a inserção dos arquivos 2D produzidos na fase anterior (Fase B - Definição de
Produto: Anteprojeto). O objetivo era modelar o projeto de modo que ficasse no mesmo nível
de detalhamento desta etapa. Das etapas anteriores a equipe possuía plantas, cortes,
elevações em .dwg e um modelo de estudo preliminar de arquitetura em formato .skp. Este
modelo, junto as demais documentações do projeto, auxiliavam a equipe a compreender o
projeto como um todo. É importante lembrar que a concepção do projeto não foi elaborada
pela empresa, portanto estavam em constante contato com os arquitetos de concepção para
aprovar alterações e fazer novas definições.
A equipe de consultoria teve pouco tempo para criar procedimentos e metodologias de
trabalho antes de se iniciar a modelagem. Lentamente, dois arquitetos da equipe passaram
a produzir pequenas partes do modelo. A maior parte do tempo da equipe inicial (de quatro
arquitetos) ainda se concentrava em atender novas solicitações dos clientes e evoluir o
projeto para que outras equipes de projetos de Engenharia pudessem desenvolver seus
trabalhos. Simultaneamente, eram desenvolvidos a modelagem e a documentação 2D em
softwares diferentes, gerando conflitos nos cronogramas internos e sobreposições. Coube à
equipe de consultoria o desenvolvimento da maior parte da modelagem, ainda que estivesse
defasada do projeto que seguia sendo modificado em .dwg.
A interação com o projeto de estruturas deu-se inicialmente por meio de croquis
desenvolvidos pelo projetista e pelos arquitetos para definição de soluções de projeto. Foi
utilizado também um arquivo .skp, modelado pela empresa anterior de projeto de
arquitetura. A complexidade do projeto de estruturas exigia visualizações em três dimensões
para que as decisões da equipe fossem facilitadas.
O projetista de estrutura também disponibilizou um arquivo .ifc, desatualizado quanto às
últimas decisões de projeto, que foi inserido no modelo de arquitetura para poucas análises.
Essa interação foi importante para a equipe conhecer alguns conceitos básicos da
modelagem da informação. As interações entre as equipes de estrutura e arquitetura ainda
aconteciam em reuniões presenciais e eram baseadas em croquis parciais feitos tanto pelos
projetistas de estruturas como pelos de arquitetura e em impressões de desenhos parciais
do modelo do SkechtUp, com anotações e croquis. Até a finalização deste artigo, a
concepção do projeto de estruturas das três edificações não havia sido finalizada, assim
como não havia ocorrido nenhuma entrega formal de plantas e cortes do projeto.
Os projetos de sistemas prediais (hidráulica, elétrica e ar condicionado) estavam em fase de
estudo preliminar, com definições iniciais de shafts e espaços técnicos. Esses projetistas
não serão responsáveis pela modelagem de seus projetos; para esse trabalho, uma terceira
empresa foi contratada para modelar os sistemas em paralelo ao seu desenvolvimento, ao
mesmo tempo em que será responsável pela coordenação e compatibilização 3D de todos
os projetos. Até a finalização deste artigo, esse trabalho não havia sido iniciado.
O projeto contava também com uma empresa externa responsável pela coordenação geral
das equipes, que realiza toda a comunicação com o cliente. Semanalmente, reuniões gerais
de projeto são realizadas, contando com a participação de todas as equipes de projeto.

6 ANÁLISE CRÍTICA DO CASO ESTUDADO


Com relação à gestão da empresa, como ressalta a bibliografia consultada, ainda que com
dificuldade, a conversão do desafio em oportunidade e a antecipação da tendência
tecnológica trouxe uma vantagem competitiva para a empresa, possibilitando sua
contratação para um projeto de relevância. A bibliografia também aponta que o
planejamento de pequenas empresas deve ser ainda mais acurado, considerando os
escassos recursos financeiros, humanos e tecnológicos e que o investimento em pessoas e
tecnologia deve ser equivalente, para garantir que os objetivos do projeto e da empresa
sejam atingidos. Nesse sentido, algumas dificuldades foram detectadas:
 Os custos apropriados ao investimento para troca de todos os computadores e
compra das licenças de softwares não foram planejados;
 Novo planejamento interno com alocação da equipe em espaço ainda não adaptado
às novas necessidades – além dos computadores, foi necessário novo mobiliário,
novas instalações de infraestrutura e o direcionamento de um dos servidores para
atender demandas especiais da equipe. Todas essas mudanças aconteceram
simultaneamente à produção do projeto, que já encontrava dificuldades e causou
transtorno e replanejamentos diários para a equipe já sobrecarregada;
 Ao longo do desenvolvimento do trabalho, foi identificada a necessidade de novas
contratações para garantir os prazos de entrega e a produtividade esperada. Durante
a primeira fase foram contratados cinco novos arquitetos e uma coordenadora. As
contratações aconteciam ao mesmo tempo em que o trabalho era desenvolvido e
cada novo membro tinha pouco tempo para entender e se adaptar ao processo.
Como consequência, erros e perdas de produção por falta de treinamento.
 A seleção de profissionais não reduziu a grande heterogeneidade de conhecimento
sobre modelagem entre os membros da equipe: alguns tinham pouca experiência e
necessitavam de ajuda constante dos colegas, prejudicando o desenvolvimento do
trabalho. A gerência e a coordenação também tinham dificuldades em delegar
tarefas aos novos membros, por não conhecerem sua capacitação.

Com relação à implementação da modelagem não foram realizadas as etapas de


diagnóstico e plano de ação que seriam necessárias, segundo a bibliografia consultada,
para permitir o alinhamento com os objetivos de negócio e com as práticas correntes na
empresa, para avaliar os riscos envolvidos e delimitar uma abordagem sistemática para a
implementação. Também é sugerida pela bibliografia a condução da transformação em
pequenos passos. A falta dessa abordagem apresentou impactos desde as etapas iniciais
do trabalho, tais como:
 A dificuldade de gestão da equipe, subdividida em modelagem e CAD 2D, resultando
em retrabalho, pressões por prazos e duplicação de informações. Não havia clareza
sobre papéis e responsabilidades criadas a partir da implementação da modelagem;
 Resistência dos membros da equipe em assumir a modelagem, por inseguranças
com relação aos novos processos e a tecnologia. Coube à consultoria a maior parte
da modelagem e por um período de aproximadamente dois meses os arquitetos
atuaram como “assistentes de projeto” da consultoria;
 Inexistência de análise prévia dos processos criados pela introdução da modelagem
e inexistência de padronizações de processos e protocolos;
 Falta de conhecimento dentro da organização, já que se tratava do primeiro projeto
da empresa, com deficiências na gestão e comunicação interna. A diretoria não
estava a par das dificuldades diárias enfrentadas pela equipe, e permanecia
cobrando os resultados do projeto em prazos iguais aos esperados para o CAD 2D.

Quanto ao processo de projeto, ficou claro que é necessário não somente o aprendizado de
novos softwares, mas também novo fluxo de trabalho, treinamento da equipe e atribuição de
novas responsabilidades para garantir bons resultados (ARAYICY et al, 2011):
 Apesar do conhecimento de outros softwares (SketchUp, Rhynoceros) a equipe não
possuía conceitos básicos de interoperabilidade, o que prejudicou a troca de
informações de projeto entre os softwares e gerou análises duplicadas;
 Os processos com interface com outras empresas de projeto eram também
duplicados: caso do projeto de estruturas, que era concebido sem auxílio da
modelagem e com trocas de documentos em papel. Até o momento da finalização
deste artigo, a resistência à mudança de processos ainda não tinha sido superada;
 A antecipação de informações para a modelagem não era esperada pela equipe e a
etapa de anteprojeto exigia mais detalhamento e especificações do que quando
produzida no CAD 2D. Havia dúvidas se estavam reproduzindo o Anteprojeto ou se
já estavam antecipando o Pré-Executivo;
 O trabalho colaborativo, com os membros da equipe acessando um único arquivo e
sincronizando as atualizações, mudou totalmente a maneira de produzir o projeto.
Era necessária uma troca diária de informações, consultas e acordos para o
desenvolvimento do trabalho. A gestão da equipe teria sido mais eficiente se o
gerente do projeto tivesse conhecimento mais aprofundado das facilidades e
dificuldades do software.
 A criação de biblioteca de componentes teve que ser simultânea a produção dos
projetos; não houve tempo de preparo e de analise das necessidades do projeto.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A introdução da modelagem da informação requer investimento de tempo e dinheiro, analise
dos riscos e de retorno do investimento. A utilização de uma nova ferramenta gera impactos
na gestão da empresa e a mudança exige a formulação de uma estratégia de
implementação que ocorre simultaneamente a produção e entrega dos projetos. A
abordagem adotada para a aproximação e utilização da modelagem definirá a qualidade dos
resultados finais e a satisfação dos objetivos esperados. A empresa que implementa a
modelagem sofre fortes impactos em sua gestão e em seu processo de produzir o projeto. O
planejamento estratégico da empresa deve prever custos elevados durante o período inicial
e ser capaz de transformar o investimento em resultados. A necessidade de conhecimento
de gestão na empresa é fundamental para evitar prejuízos e decisões arriscadas. A perda
de produtividade nos estágios iniciais de aprendizado deve ser levada em consideração nos
cronogramas de entregas dos trabalhos. Para isso a escolha de projetos que permitam
maior tempo de produção unidos a um apoio externo, como uma consultoria, podem evitar
desperdício de tempo e garantir que os resultados sejam mais rapidamente atingidos. Deve-
se prever que durante o período de transição o uso do CAD simultâneo ao software de
modelagem será uma realidade. A potencialidade após a fase de transição é a de ganho de
produtividade nos projetos pela facilidade de geração de documentação de projeto. Todas
as informações do projeto, conectadas a um único modelo garante a coerência das
informações apresentadas ao mesmo tempo em que, uma vez que a documentação esteja
montada as revisões de partes de projetos serão simultâneas em plantas, cortes e etc. A
possibilidade de criação de novos produtos. Para a melhoria do uso da modelagem a
escassez de políticas publicas que incentivem e de associações setoriais que promovam o
uso das ferramentas e a necessidade de bibliotecas criadas por fornecedores são fatores
limitantes. A falta de treinamentos adequados que promovam o conhecimento dos
aplicativos em equilíbrio com os conceitos essenciais da modelagem da informação também
limitam a capacidade das empresas na implantação. Quanto maior for o domínio do
conhecimento de software e conceitual mais apta a empresa estará para desenvolve-se
sozinha quando superados os estágios iniciais de implantação.

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O USO DA MODELAGEM BIM 4D NO PROJETO E GESTÃO DE
SISTEMAS DE PRODUÇÃO EM EMPREENDIMENTOS DE
CONSTRUÇÃO

Clarissa Notariano Biotto (1); Carlos Torres Formoso (2); Eduardo Luis Isatto (3);
(1) Núcleo Orientado para a Inovação na Edificação Urbana – NORIE – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Brasil – e-mail: clerwice@gmail.com
(2) Núcleo Orientado para a Inovação na Edificação Urbana – NORIE – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Brasil – e-mail: formoso@ufrgs.br
(3) Núcleo Orientado para a Inovação na Edificação Urbana – NORIE – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Brasil – e-mail: isatto@ufrgs.br

Resumo
Building Information Modeling (BIM) é uma nova abordagem para a gestão da informação em
projeto, construção e gestão da edificação. Baseia-se numa representação digital do edifício, a qual
pode ser utilizada para gerar modelos 4D de alternativas de processos de construção. Este artigo
relata os principais resultados de uma pesquisa que investigou o uso da modelagem 4D para apoiar a
tomada de decisão na gestão de sistemas de produção. Quatro estudos de caso foram realizados em
diferentes empresas de construção na cidade de Porto Alegre, Brasil, envolvidas no desenvolvimento
e construção de projetos de edificações residenciais. As principais conclusões do estudo referem-se
aos benefícios do uso de modelos 4D na gestão do sistema de produção.
Palavras-chave: Modelagem 4D, BIM, Gestão do Sistema de Produção.
Abstract
Building Information Modeling (BIM) is a new approach for managing information in design,
construction, and facilities management. It is based on a digital representation of the building, which
can be used for generating 4D models of alternatives for the construction process. This article reports
the main results of a research project that investigated the use BIM for supporting decision making in
production system management. Four case studies were carried out in different construction
companies from Porto Alegre, Brasil, involved in the development and construction of house building
projects. The main conclusions of the study are concerned with the benefits of the use of 4D
visualization in production system management.
Keywords: 4D Modeling, BIM, Production System Management.

1. INTRODUÇÃO
A complexidade nas decisões de um empreendimento se verifica pelo fato de que os efeitos de
cada decisão dependem de um grande número de outras decisões (PAPAMICHAEL, 1999).
No setor da construção, as decisões são tomadas com pouca informação, resultando em
oportunidades perdidas e em efeitos indesejados (PAPAMICHAEL, 1999).
As decisões na gestão da produção são tomadas em três genéricas ações (KOSKELA;
BALLARD; 2003): (a) Projeto do Sistema de Produção; (b) Operação do sistema de produção
(que pode ser dividida em planejamento, controle e correções); e, (c) melhoria do sistema de
produção. Essas três ações podem ser distinguidas baseadas em suas relações temporais ao ato
produtivo. O projeto do sistema de produção deve existir antes do ato produtivo, a operação
durante, e a melhoria pode ser realizada somente depois do ato produtivo, quando se é capaz
de observar como o sistema de produção se comporta de fato (KOSKELA; BALLARD,
2003).
Portanto, para melhor representar e embasar as decisões na gestão da produção, contemplando
em especial, a fase de projeto e operação dos sistemas de construção, novas ferramentas
podem ser utilizadas para extração de informações e explicitação de decisões.
O uso da tecnologia BIM (Building Information Model) está se disseminando pelo setor da
construção por ser um recurso para compartilhar informação sobre uma edificação,
configurando uma base confiável para apoiar decisões e melhorar os processos no decorrer do
ciclo de vida do projeto, baseado em uma representação digital de características físicas e
funcionais dessa edificação (NBIMS, 2007).
Modelos em que a quarta dimensão de informação é o tempo, chamados de modelos 4D, são a
combinação de modelos 3D com o planejamento da obra (RISCHMOLLER; ALARCON,
2002; RILEY, 2005; KUNZ; FISCHER, 2011) e são utilizados como fonte de planejamento
visual da construção, além de gerarem um novo nível de visualização e entendimento dos
processos por parte dos envolvidos no empreendimento (KYMMEL, 2008).
O uso da modelagem BIM 4D se apresenta como uma nova opção de ferramenta de auxílio a
tomada de decisão na gestão de sistemas construtivos, pois, de acordo com Baccarini (1996),
as características dos empreendimentos complexos demandam ações, métodos, técnicas e
ferramentas apropriados para gerenciá-los com sucesso.
O objetivo deste trabalho foi revelar os benefícios encontrados pelo uso dos modelos BIM 4D
na gestão da produção, em especial às fases de projeto e operação, estudados em 4
empreendimentos residenciais.

2. GESTÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO


Os produtos da construção são produzidos por complexos sistemas produtivos: contemplam
múltiplas organizações, empregam uma grande variedade de tecnologias de produção,
requerem extensivas informações de projeto de engenharia, são alimentados por numerosas
cadeias de suprimento, e, como a maioria dos sistemas de produção, sofrem variabilidade e
incerteza (BALLARD; PICCHI; SACKS, 2010). Essas características se somadas às outras
peculiaridades da construção, como o fato de ser uma produção única, haver produção no
canteiro de obra e ser uma organização temporária, exige outros requisitos ao projeto do
sistema de produção da construção se comparado à indústria de manufatura (KOSKELA;
BALLARD, 2003).
A nova teoria de produção, intitulada de TFV, conceitualiza a produção sob três pontos de
vista: transformação, fluxo e valor (KOSKELA et al., 2007). Segundo os mesmos autores,
nela, a produção é vista como fluxo de materiais e informações por meio de uma rede de
especialistas, e a concepção da produção em termos de gerar valor para o cliente, deixando a
tradicional visão de que a produção é apenas a transformação de insumos.
O Projeto do Sistema de Produção (PSP) é composto pelos processos de análise e discussão
de alternativas de organização do sistema de produção de um empreendimento, bem como a
seleção da alternativa mais adequada à obtenção de um melhor desempenho deste sistema
durante sua execução (SCHRAMM, 2004).
Complexas decisões são tomadas durante a elaboração do PSP, como por exemplo, a
definição do nível de integração vertical, nível da capacidade produtiva, arranjo físico e fluxos
de trabalho, sincronização entre processos de produção, e projeto dos processos de produção
(SCHRAMM, 2004). Essas decisões, tomadas anteriormente à execução do empreendimento,
contribuem na mitigação dos efeitos da variabilidade e da incerteza inerentes aos sistemas de
produção (KOSKELA, 2000; BALLARD et al., 2001; SCHRAMM, 2004), além de
contribuírem na melhoria do desempenho do planejamento e controle da produção (PCP) e do
ciclo de melhoria contínua (kaizen) do empreendimento (SCHRAMM, 2004).
Segundo Laufer e Tucker (1987), o planejamento tem como objetivo responder o que deve ser
feito e como deve ser feito, conseguindo assim tornar a execução e o controle das obras mais
eficazes, principalmente, se executados ambos em conjunto (ISATTO et al., 2000). Através
do planejamento e controle da produção (PCP) pode-se melhorar também a produtividade,
pois se consegue reduzir atrasos, seqüenciar o trabalho da melhor forma possível, combinar
mão-de-obra com o trabalho a ser realizado, coordenar as múltiplas atividades
interdependentes, entre outros (BALLARD, 1994).
As ferramentas utilizadas em cada etapa de decisão do modelo de PSP de Schramm (2004)
foram utilizadas para o desenvolvimento desta pesquisa. Se pretendeu neste trabalho, associar
o uso de uma nova ferramenta, a modelagem BIM 4D, à gestão do sistema de produção dos
empreendimentos da construção.

3. BIM E MODELOS 4D
De acordo com a American General Contractors (AGC, 2011), BIM é o desenvolvimento e
uso de um software computacional para simular a construção e operação de uma edificação. O
modelo resultante, o Building Information Model, é uma representação da edificação rica em
dados, a partir da qual, visões e informações adequadas às necessidades de vários usuários
podem ser extraídos e analisados para gerar novas informações que podem ser utilizadas para
tomar decisões e melhorar o processo de entrega da edificação (AGC, 2011).
Modelos BIM podem representar diversas dimensões (nD) de informação de uma edificação
(LEE et al., 2002). Os modelos nD são uma extensão do modelo de informação da construção,
o qual, incorpora multi-aspectos de informação de projeto requerida em cada estágio do ciclo
de vida de uma edificação (LEE et al., 2002). Os softwares de modelagem nD apresentam
uma série de informações multi-disciplinares baseadas no projeto da edificação e da aplicação
de análises que acessam um modelo nD por meio de dados padronizados e interoperáveis
(LEE et al., 2002). De acordo com Lee et al. (2002), mais dimensões (D) podem ser
adicionadas para integrar informações de tempo, custo, construtibilidade, acessibilidade,
sustentabilidade, acústica, iluminação e requisitos térmicos.
Os modelos 4D são modelos tridimensionais ligados ao tempo (COLLIER; FISCHER, 1995;
LEINONEN et al., 2005), ou tempo de processo (TOMMELEIN, 2005), ou, ao planejamento
de seus elementos (RISCHMOLLER; ALARCON, 2002; RILEY, 2005; KUNZ; FISCHER,
2011). Para Koo e Fisher (1998), CAD 4D é uma técnica de visualização de processos de
construção baseado em geometria: uma animação 4D mostra a construção de um projeto.
A modelagem 4D pode ser feita utilizando modelos CAD e BIM (EASTMAN et al., 2011).
Quando se modela com tecnologia CAD 4D, os modelos 3D que contém apenas associações
de tempo (EASTMAN et al., 2011). O planejamento da construção é conectado ao modelo
3D, permitindo a visualização da sequência construtiva e o cronograma do edifício (GSA,
2007; EASTMAN et al., 2011). Ferramentas CAD 4D permitem ao modelador executar o
planejamento visualmente e comunicar as atividades no contexto de espaço e tempo (GSA,
2007; EASTMAN et al., 2011). As animações 4D se referem aos vídeos ou simulações
virtuais do cronograma (EASTMAN et al., 2011).
Já a modelagem 4D com tecnologia BIM, refere-se a utilizar ferramentas de análise que
incorporam os componentes BIM e informações sobre o método de construção para otimizar o
sequenciamento das atividades. Essas ferramentas incorporam o espaço, a utilização dos
recursos, e informações de produtividade (EASTMAN et al., 2011). Softwares baseados em
BIM suportam a geração de documentos (por exemplo, desenhos, listas, tabelas e
renderizações 3D). Como um recurso compartilhado de conhecimento, o BIM pode reduzir a
necessidade de recoleta e reformatação de informação, o que resulta no aumento da
velocidade e precisão de informação transmitida, automatização de conferências e análises, e
suporte às atividades de operação e manutenção (GSA, 2007; EASTMAN et al., 2011).

4. MÉTODO DE PESQUISA
Este trabalho trata-se de uma pesquisa de aplicação da Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC) na gestão da produção, portanto, segundo March e Smith (1995), a
pesquisa com TIC estuda o artificial, as criações humanas, como as organizações e sistemas
de informações. A ciência do artificial ou design science tem como suas principais atividades
construir e avaliar os produtos (MARCH; SMITH, 1995).
A estratégia de pesquisa adotada neste trabalho foi a pesquisa construtiva (KASANEN;
LUKKA; SIITONEN, 1993; LUKKA, 2003), pois ela é um procedimento de pesquisa para
produzir construções inovadoras, com intenção de resolver problemas encontrados no mundo
real, e assim, contribuir com a teoria da disciplina na qual é aplicada (LUKKA, 2003).
As etapas de desenvolvimento desta pesquisa foram a coleta de dados inicial, a qual
compreendeu a participação da pesquisadora em reuniões com engenheiros de obra e
planejadores das empresas nos estudos. Na etapa de avaliação do planejamento da
produção se utilizou diversas ferramentas do PSP (diagramas de sequência de execução das
atividades, sincronia das equipes, linha de balanço, histogramas de recursos, planilhas de
capacidade dos recursos, modelos 4D, entre outros) para se obter uma nova visualização do
plano de longo prazo dos empreendimentos, e assim, avaliá-los sobre outra perspectiva. Essa
etapa aconteceu nos estudos de 1 a 3. Na etapa de projeto do sistema de produção, que
aconteceu no estudo 4, houve de fato a elaboração do PSP, e também se utilizou a modelagem
4D como nova ferramenta para apoiar a tomada de decisão.
Logo após a coleta de dados, se partiu para a etapa de modelagem 3D, na qual, foram
utilizados softwares BIM e CAD, como AutoCADArchitecture e SketchUP, para obter os
modelos 3D das diversas unidades de análise (unidade-base, torres, empreendimento +
canteiro); Na etapa de modelagem 4D, houve a filtragem de atividades dos arquivos do
MSProject que se referiram aos elementos modelados em 4D, e a ligação desses elementos de
construção BIM e CAD 3D com seu planejamento e a visualização de sua construção.
O uso das ferramentas permitiu visualizar e identificar conflitos entre os recursos de produção
e incoerências nos planejamentos definidos até então. A partir disso, na etapa de alternativas
de planejamento, replanejamento e decisões do sistema produtivo foram elaboradas
alternativas de plano de longo prazo (estudo 1), replanejamento (estudo 2 e 3), e decisões do
sistema de produção, como estratégias de ataques e equipamentos de transporte vertical, entre
outras (estudo 4). Todas essas alternativas foram simuladas nos modelos 4D na etapa de
simulações de cenários, e rapidamente avaliadas.
As etapas estão explicitadas na Figura 1.
Figura 1– Etapas da pesquisa nos estudos empíricos.

Coleta de
dados
(reuniões,
visitas ao
canteiro
de obra)

As atividades dessas etapas compuseram os 4 estudos empíricos realizados nesta pesquisa, e


que foram brevemente descritos a seguir.
Estudo 1: empreendimento em fase de construção prevista para 15 meses, composto por 12
blocos de 5 pavimentos com 4 apartamentos de 2 dormitórios por andar. O foco do estudo foi
experimentar o software (Navisworks) simulando planos de longo prazo na linha de balanço e
no modelo BIM 4D, junto com o projeto de leiaute de canteiro.
Estudo 2: empreendimento em fase de construção prevista para 24 meses; composto por 2
torres de 19 e 20 pavimentos com apartamentos de 3 e 4 dormitórios por andar. O foco do
estudo foi simular o planejamento da produção com o uso de modelos BIM 4D e analisar uma
alternativa de replanejamento da atividade de revestimento externo de fachadas.
Estudo 3: empreendimento em fase de terraplanagem, com duração prevista de 20 meses;
composto por 514 casas geminadas em condomínio fechado. O foco do estudo com modelos
4D foi visualizar a sequência executiva na unidade-base, o plano de ataque do
empreendimento e simular alternativas do mesmo.
Estudo 4: empreendimento em fase de fundação e terraplanagem, com duração de 24 meses
por torre, sendo ele composto por 9 torres de 8 pavimentos com 6 apartamentos de 2
dormitórios por andar. O foco do estudo foi elaborar o PSP junto com os participantes da
empresa e escolher a melhor alternativa de equipamentos e plano de ataque.

5. RESULTADOS
Diversos foram os benefícios aportados ao projeto e gestão dos sistemas de produção pelo uso
dos modelos BIM 4D nos estudos desta pesquisa. O quadro resumo da Figura 2 apresenta os
principais benefícios identificados em cada unidade de análise, baseado inicialmente no
modelo de Schramm (2004).
Figura 2 – Quadro resumo dos estudos e benefícios encontrados nos modelos BIM 4D
Unidade de
Benefícios do uso de modelos BIM 4D
análise
A modelagem 4D mostrou erros de sequenciamento das atividades no estudo 3 (Figura 4)
Permitiu a visualização do fluxo de trabalho e WIP (trabalho em progresso) em dois
pavimentos do estudo 2 (Figura 4). O WIP maior no 4º pavimento se comparado ao 16º
Unidade-base pavimento foi provocado pela inversão do fluxo de trabalho na torre de atividades posteriores
aos revestimentos internos.
O modelo BIM 4D ajudou a visualizar qual seria o equipamento de transporte vertical de
materiais mais adequado à unidade-base. No estudo 4, se verificou um problema de
fornecimento de material pelo equipamento cremalheira na unidade-base que teve seu lote de
produção dividido em dois (
Figura 5).
No estudo 2, o modelo 4D auxiliou na visualização do fluxo de trabalho de uma alternativa
Módulo de
de replanejamento do revestimento externo da fachada das torres (Erro! Fonte de
Repetição da UB
referência não encontrada.), o qual apresentou possíveis riscos à segurança dos operários.
A modelagem 4D favoreceu o estudo de simulações de três cenários de plano de longo prazo
no estudo 1, e a visualização de restrições espaciais de instalações de canteiro e do próprio
plano de ataque (Figura 7).
No estudo 4, a escolha do equipamento de transporte vertical foi beneficiada pelo modelo
BIM 4D, pois foi possível extrair de quantitativos de alvenaria e lajes, a quantidade de palets
e ferragens necessárias para cada pavimento. A partir disso, se obteve o tempo necessário de
carregamento para cada pavimento se utilizassem guindaste, caminhão munk e elevador
cremalheira, e qual seria o desembolso ao longo do empreendimento com aluguel desses
Empreendimento equipamentos.
A localização dos equipamentos de transporte vertical também foi definida através do
modelo 4D, pois a cada diferente estratégia de ataque simulada, era necessário locar os
elevadores cremalheiras em diferentes faces das torres do estudo 4 (
Figura 8).
No estudo 3, o modelo 4D auxiliou na visualização do fluxo de trabalho e do WIP no
empreendimento de acordo com diferentes estratégias de ataque, além de mostrar erros de
planejamento, como atividade de terraplanagem posterior a execução de radiers (Erro!
Fonte de referência não encontrada.).

Figura 3 – modelo BIM 4D da unidade-base do estudo 3. (a) casa modelo A com o sequenciamento correto; (b)
casa modelo A com erro no sequenciamento – paredes executadas sem radier. Em verde, cobertura em execução.

(a) (b)

Figura 4 – comparativo do fluxo de trabalho e WIP entre duas unidades-base do estudo 2.

(a) 4º pav (b) 16º pav

Figura 5- impossibilidade do uso da cremalheira para blocos com dois lotes de produção.

Laje em processo de cura –


não há acesso para os palets ao
2º lote de produção (azul)

Figura 6 - estudos do replanejamento do reboco de fachada no estudo 2. Em verde, atividades em execução.


Figura 7 – visualização 4D do plano de longo prazo em três cenários simulados no estudo 1. Em verde,
atividades em execução.
(a) Cenário realizado (b) Cenário simulado (c) Cenário simulado 2

Figura 8 - Áreas de estoque, localização de elevadores cremalheiras e caminhão guindaste no estudo 4.

Figura 9 - Erro na sequência de execução do empreendimento no estudo 3. Radiers iniciando sem o serviço de
terraplanagem pronto (figura maior) e cobertura em execução anterior às paredes (figura menor).

6. DISCUSSÃO
No que tange os benefícios da definição da sequência executiva da unidade-base e o pré-
dimensionamento da capacidade de recursos, o modelo BIM 4D facilitou a visualização de
erros de sequenciamento dos processos, de conflitos entre equipamentos de transporte,
instalações de segurança e tamanho do lote de produção, além de explicitar o trabalho em
progresso no mesmo.
Na unidade de repetição da unidade-base (torre, ou blocos de casa) existem unidades que não
seguem a sequência de atividades padrão da unidade-base, seja pela diferença de duração dos
ciclos ou pela restrição técnica da atividade, como, por exemplo, atividades de fachada,
colocação de contra-marcos, entre outros. Pelo uso dos modelos BIM 4D, os fluxos que
interceptam as demais atividades podem ser visualizados, e antecipadas possíveis
interferências entre as atividades, ou equipamentos e instalações de canteiro, como foi o caso
do estudo 2, na simulação do replanejamento da atividade de revestimento externo de
fachadas.
Nas decisões do sistema de produção que abordam o empreendimento, a modelagem 4D
conseguiu explicitar a estratégia de ataque do empreendimento, os fluxos dos principais
equipamentos de transporte, e das atividades de fundação, estrutura, alvenaria, cobertura,
entre outras. Assim, foi possível visualizar restrições físicas de canteiro devido aos estoques
mal localizados, má combinação entre equipamentos, sistemas construtivos e instalações de
canteiro.

7. CONCLUSÃO
Este trabalho apresentou os principais benefícios aportados pelo uso dos modelos BIM 4D
durante o processo de elaboração do projeto ou gestão do sistema de produção baseado em
quatro estudos empíricos. Apesar dos empreendimentos dos estudos estarem em fases de obra
distintas, todos obtiveram algum benefício com o uso da modelagem 4D.
Em resumo, se apresentou os benefícios do uso de modelos BIM 4D de acordo com a unidade
de análise do sistema de produção (unidade-base, unidade de repetição da unidade-base e
empreendimento). Os principais benefícios dizem respeito às decisões de (a) arranjo físico e
logística de canteiro, contemplando a definição de equipamentos de acordo com a capacidade
produtiva e com as instalações (inclusive de segurança); (b) a definição da sequência das
atividades na unidade-base e na unidade de repetição da mesma; e (c) a definição da estratégia
de ataque do empreendimento que reflete na conformação dos fluxos de trabalho no canteiro.
O uso da modelagem BIM 3D permitiu à pesquisadora extrair quantitativos de blocos
cerâmicos de alvenarias e quantidade de ferragens das lajes para dimensionar a capacidade de
transporte que os equipamentos de transporte vertical deveriam ter. Apesar de ter sido uma
informação pontual, é sabido que as demais dimensões de informações contidas nos modelos
BIM podem auxiliar em muitas outras decisões acerca do projeto e da gestão dos sistemas
produtivos.
Através dos modelos BIM 4D, a oportunidade de visualização de problemas no canteiro de
obras, antes e durante a execução do empreendimento, permitiu aos envolvidos se embasarem
em mais informações para tomada de decisão. Isso fez com que o projeto e a gestão dos
sistemas de produção cumpram seu papel de proteger a produção contra os efeitos da
variabilidade e incerteza inerentes aos sistemas de produção, além de contribuírem na
melhoria do desempenho do planejamento e controle da produção (PCP).

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IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

INTEROPERABILIDADE ENTRE ARCHICAD E REVIT POR


MEIO DO FORMATO IFC

Max Lira Veras X. de Andrade (1); Regina Coeli Ruschel (2)


(1) Doutorando, PPGEC/ FEC/ UNICAMP, e-mail: maxandrade@uol.com.br
(2) Professora Doutora DAC/ FEC/ UNICAMP, e-mail: Regina@fec.unicamp.br

Resumo
Building Information Modeling (BIM), em seu conceito mais amplo, tem como pressuposto a
interoperabilidade e a colaboração entre os profissionais da indústria da Arquitetura,
Engenharia e Construção (AEC) para a geração do modelo virtual do edifício. Todavia, os
profissionais da AEC exploram pouco o recurso da colaboração no processo de projeto,
quando trabalham com BIM. Além do mais, os aplicativos BIM ainda não possuem robustez
na interoperabilidade, o que dificulta a cooperação entre diferentes profissionais. Buscando
discutir o uso de softwares BIM voltados para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos o
presente trabalho aborda a eficiência de dois aplicativos BIM voltados para arquitetura
(ARCHICAD e REVIT) no recurso da interoperabilidade. O estudo aqui apresentado
consistiu em selecionar um modelo de edificação de multipavimento e modelá-lo em ambos
os aplicativos. Em seguida os modelos foram exportados e posteriormente importados por
cada um dos aplicativos, utilizando-se o formato Industry Foudation Classes (IFC). Os
modelos importados foram então comparados com os originalmente desenvolvidos dentro de
cada aplicativo, buscando-se não conformidades. Também foram utilizados visualizadores de
IFC nas análises. Os resultados mostram que: ocorrem perdas na qualidade dos dados gerados
no formato IFC quando são importados pelo mesmo aplicativo ou por outros; ferramentas
BIM voltadas para a arquitetura apresentam limitações na descrição das propriedades das
partes do edifício (recorre-se a modelo mistos 3D/2D, o que torna as informações extraídas
desarticuladas do modelo de edifício); existem não conformidades de padrão na definição das
propriedades dos componentes apresentados por diferentes softwares BIM, voltados para
arquitetura. Por fim, o presente trabalho identifica falhas encontradas na troca de informações
do edifício por meio do formato IFC, demonstra que a interoperabilidade ainda precisa
melhorias e sugere o uso de sistemas de compartilhamento de dados, como o OPS.
Palavras-chave: Building Information Modeling, projeto arquitetônico, interoperabilidade,
Industry Foudation Classes.

1. INTRODUÇÃO
A idéia que sustenta o uso do sistema BIM na indústria da Arquitetura, Engenharia e
Construção (AEC) está fundamentada no conceito de interoperabilidade e na colaboração
entre os diversos profissionais. Assim, para a evolução do BIM é necessário aprofundar o
desenvolvimento das tecnologias empregadas, com melhorias nos modelos paramétricos e nos
instrumentos de interoperabilidade. Além do mais, é importante mudar as posturas dos
projetistas de arquitetura e outros profissionais da AEC, por meio de atitudes integradoras,
que visem à multidisciplinaridade.
Buscando avaliar o uso de aplicativos BIM no desenvolvimento de projetos de arquitetura o
presente trabalho aborda a eficiência de dois softwares: ArchiCAD (Graphisoft) e Revit
(Autodesk), voltados para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos, no uso de
instrumentos de interoperabilidade.
O objetivo deste trabalho é identificar algumas das principais falhas na troca de informações
IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

do edifício presentes nestes aplicativos, bem como, mostrar diferenças no tratamento de


informações sobre mesmas famílias de objetos usados pelos dois softwares estudados.

2. O BIM NOS PROJETOS DE ARQUITETURA

2.1. Comunicação e colaboração no processo de projeto


Um dos principais problemas no desenvolvimento de sistemas BIM está no entendimento
desses sistemas pelos profissionais da indústria da AEC. O BIM enquanto processo de
trabalho envolve, sobretudo, a comunicação e a colaboração entre diferentes profissionais e
empresas ligadas à AEC. Todavia, o que se observa é que poucas empresas e profissionais que
vêm utilizando as ferramentas BIM buscam a padronização e a colaboração. Neste sentido,
Kiviniemi et al. (2008) defendem a tese de que muitos dos profissionais da AEC utilizam
softwares BIM como ferramentas de CAD melhoradas, sem, contudo, mudarem os seus
processos de trabalho, já consolidados.
Essa tese é comprovada por uma pesquisa realizada nos países nórdicos que mostra que o
principal motivador para o uso do BIM na atividade de projeto arquitetônico é a facilidade de
geração de quantitativos (aproximadamente 23% dos arquitetos geram quantitativos a partir
dos modelos BIM), seguido pela checagem de conflitos (cerca de 21%). A maioria das tarefas
executadas pelos arquitetos nos aplicativos BIM se limita àquelas disponibilizadas
internamente nos softwares utilizados, sendo pouco comum o uso de arquivo visando à
interoperabilidade. Apenas 1/3 dos arquitetos que usam o BIM empregam arquivos no
formato IFC (KIVINIEMI et. al. 2008).
Khemlani (2007) mostra, a partir de dados de uma pesquisa realizada pela AECbytes, que o
mais importante critério na escolha do BIM é a habilidade de produzir documentos finais de
construção, sem precisar de usar outras ferramentas complementares. A pesquisa mostra que
questões relacionadas à integração, ao 4D e ao IFC são consideradas como pouco expressivas.
Para Khemlani (2007), os principais critérios para a escolha de um software BIM são:
capacidade de uma produção completa de documentação do edifício (sem necessitar de usar
outros aplicativos); objetos inteligentes (que possibilitem uma relação associativa e conectiva
com outros objetos); e, disponibilidade da biblioteca de objetos. Khemlani (2007) mostra que
os arquitetos, muitas vezes, limitam as tarefas àquelas que podem ser executadas por um
único aplicativo BIM. Tarefas colaborativas e capacidade de exportar e importar arquivos em
formatos universais não são critérios significativos para a escolha de software BIM.
Estas considerações mostram que o uso de aplicativos BIM ainda aparece como um evento
fragmentado (TOBIN, 2008). Nesta interpretação, (consolidada pelos usuários de aplicativos
BIM para arquitetura) o desenvolvimento do projeto do edifício aparece como uma atividade
fragmentada, estabelecida por produtos independentes produzidos por cada disciplina.
Segundo TOBIN (2008), o quadro atual retrata o estágio inicial do BIM, denominado de BIM
1.0. Este se caracteriza por um franco crescimento e difusão do uso de modelos BIM, ainda
pouco vinculados a um crescimento nos padrões de interoperabilidade entre os aplicativos.
Nestes, as troca de dados ocorrem, muitas vezes, baseadas em elementos puramente
geométricos. Mesmo assim, a habilidade e a confiabilidade na troca de dados entre diferentes
aplicativos têm crescido significativamente, nos anos recentes (KIVINIEMI et. al., 2008).
IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

2.2. Problemas de interoperabilidade


Outra questão que parece limitar o potencial do uso do BIM está na dificuldade em
estabelecer uma correta interoperabilidade das informações do edifício. Para isso é de
fundamental importância a implementação de um padrão de protocolo internacional de trocas
de dados nos softwares e nos processos do projeto. O principal usado hoje é o Industry
Foudation Classes (IFC). Todavia, de acordo com Kiviniemi et. al. (2008) o uso de padrões
IFC atende a requisitos para certas tarefas, deixando, contudo, que muitas outras tarefas não
sejam suportadas por esse formato. Um dos maiores obstáculos para a adoção do IFC é a
perda de robustez na interface disponível nos softwares, tornando isso um grande obstáculo
para um amplo e voluntário uso do IFC como protocolo preferido para troca de dados do
edifício.
Ao mesmo tempo em que existe um desconhecimento por parte dos usuários sobre como,
quando e quais são os propósitos do uso do IFC com os softwares disponíveis (KIVINIEMI
et. al., 2008), parece haver também um grande desinteresse das organizações da indústria da
AEC pelo aperfeiçoamento do IFC. Isso, segundo Kiviniemi et. al. (2008), é em decorrência
de que o conceito de BIM ainda não teve uma plena penetração no mercado e que o reuso de
dados ainda é uma tarefa muito limitada. A maioria das companhias da indústria da AEC não
considera o modelo baseado na integração como algo importante.

3. O ESTUDO DA EFICIÊNCIA DO USO DO IFC EM APLICATIVOS DE


ARQUITETURA
Diante da importância da troca de informações entre diferentes aplicativos BIM o presente
trabalho buscou identificar não conformidades nos fluxos de informações do modelo do
edifício produzido por aplicativos BIM. O objetivo é verificar como dois aplicativos BIM,
usados para projetos de arquitetura (ArchiCAD 11 e Revit 2008), trabalham o recurso da
interoperabilidade.
A escolha desses dois aplicativos se deu por serem os mais utilizados por escritórios de
arquitetura, na atualidade. Esta escolha é sustentada por Kiviniemi et al. (2008) que mostra
dados de uma pesquisa organizada pela Bentley Systems junto a um grupo de profissionais da
AEC, em âmbito internacional. Esta pesquisa mostra o percentual de arquitetos que usam ou
já usaram softwares BIM para o desenvolvimento de projetos de arquitetura. Nele o Revit
aparece com 67%, o ArchiCAD com 31,69% e o terceiro colocado é o Bentley BIM que
aparece com 14,79%.

3.1. Características do modelo


A primeira etapa do estudo consistiu em desenvolver um modelo digital de um edifício de
multipavimentos nos aplicativos ArchiCAD e Revit. Para isso estabeleceu-se um projeto de
baixa complexidade em que fosse possível encontrar os componentes de construção mais
usados, como lajes, paredes, pilares, portas, janelas, paredes cortinas, coberturas, peças
sanitárias e escada. Utilizou-se para este estudo uma casa de dois pavimentos (Figura 1)
desenvolvida por Krygie, Demchak e Dzambazova (2008).
Durante o exercício de construção do modelo, em cada um dos aplicativos, comparou-se o
conjunto das propriedades de alguns componentes estudados (Quadro 1). O que se observou é
que não existe um padrão para classificação das propriedades dos objetos, pois diferentes
aplicativos apresentam grupos de propriedades e unidades de medidas diferentes para mesmos
objetos. O resultado é que o gerenciamento das propriedades dos objetos entre diferentes
aplicativos torna-se uma atividade difícil, resultando em perdas na qualidade da troca de
IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

dados entre diferentes softwares, mesmo utilizando o formato IFC de interoperabilidade.

Figura 1: Modelo geométrico arquitetônico utilizado


Com relação ao nível de detalhamento da geometria no modelo 3D o que se observa é que
alguns objetos como, paredes, por exemplo, compõem-se de modelo misto entre objetos 3D
parametrizados e modelos bidimensionais (Figura 2), não parametrizados. Esses modelos,
embora possibilitem a redução do tamanho do arquivo (maior escalabilidade), inviabilizam
colocar em prática o conceito de protótipo de edifício virtual (TOBIN, 2008), pois o “modelo
virtual” é uma representação parcial do edifício.
ArchiCAD Revit ArchiCAD Revit ArchiCAD Revit
Custo Custo Classe fogo Taxa fogo Operação IFC Parâmetro IFC
Fabricante Fabricante Clas. acústica – Tam. porta dimensões
Nota/comentário Nota/comentário Tx. trans.calor – Dim vão/fec. –
N. de inventário Cód. montagem Localização – Sobredim. vão –
N. de série Modelo Acessórios – Materiais Materiais
– Descrição Acabamento – Moldura porta –
– Des. montagem Envidraçado – Painel Porta –
– URL Fechaduras – Detalhes porta –
– Palavra Chave Ano produção – Represent. 2D –
Tipo de grupo Tipo de marca Peso – Represent. 3D –
Quadro 1 – Comparativo de propriedades do objeto porta no ArchiCAD e Revit
Este tipo de modelo do edifício (utilizado no ArchiCAD e Revit) não inclui informações de
atributos de todas as partes da construção. Muitos dos componentes possuem suas partes
detalhadas apenas em desenhos bidimensionais, não parametrizados e sem apresentar as
propriedades dos objetos vinculadas ao modelo (Figura 2). Esses detalhes bidimensionais,
embora possam ser interoperáveis (garantido pelo projeto XM-4 que adiciona a capacidade de
troca de dados 2D do modelo de edifício virtual) não são parametrizados. Assim, o modelo
perde qualidade, pois os detalhes representados em 2 dimensões não possuem a capacidade de
estarem diretamente vinculadas ao modelo tridimensional.
Corrimão Oval, Número de
Fabricante OR 17
em Marfim aparafusado a
barra chata em T à cabeça do
poste. Corrimão tratado e
envernizado.
0,093

0,032
0,055
80

Guia de 5cm em concreto


para placas de concreto com Poste em barra chata
a especificação do Engenheiro com topo em corte que
de Estruturas segura o corrimão em
topo com ângulo
desigual.

Guarda com arestas de


Ângulos Iguais

Painel frontal em MDF a


pintar, aparafusado à
Guarda de Ângulos
Iguiais.

Guarda Inferior
2 camadas de Gesso Contínua de Abas
Cartonado de 1.25 cm com Iguias.
acabamento nível 4. Tamanho Variável, ver
Tecto Suspenso ao mapa
Passadiço de acordo com as
directrizes do fabricante.

(A)
(B)
Figura 2: Nível de detalhamento de laje/ corrimão: (A) representação em 3D e (B) em 2D
IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

Um exemplo clássico, representado na Figura 3, é o desenho de uma parede. Esta se constitui


no modelo 3D, por um único objeto (não pode ser decompostos em suas partes elementares:
enchimento, osso e revestimento) e assim não pode ser utilizado para simular etapas
diferentes de construção do componente, num modelo 4D. A solução é utilizar recursos
alternativos e demorados, como o proposto por Handler (2006).

(A) (B)
Figura 3: Nível de detalhamento do objeto parede: (A) representação em 2D e (B) representação em 3D

3.2. Processo de exportação/ importação dos modelos


Após a construção do edifício de multipavimento nos aplicativos ArchiCAD e Revit os
modelos foram exportados no formato de arquivo IFC2x (versão 3) e posteriormente
importados para os mesmos aplicativos e entre aplicativos. Cada modelo também foi
importado em programas de visualização IFC. Os modelos exportados foram comparados
com os originalmente desenvolvidos dentro de cada aplicativo buscando-se não
conformidades.
Para quantificar a qualidade dos modelos importados utilizou-se um processo adaptado de
Kiviniemi (2007) que consistiu em verificar a capacidade dos aplicativos de importar os
principais componentes de construção (parede, coluna, laje, cobertura, porta, janela, parede
cortina, corrimão, escada e peças sanitárias).
Na primeira etapa dos testes foram importados os arquivos IFC gerados no ArchiCAD e Revit
para cada um desses aplicativos. Nesta etapa, foram identificados, para cada componente
importado, se permaneceram preservadas a geometria, a disposição (localização do
componente em planta) e as seguintes propriedades: materiais (nome dos materiais), código
(para identificação do componente) e custo (apenas alguns componentes de construção tinham
os custos indicados; paredes, colunas, lajes e coberturas não foram).
Para quantificar o sucesso da importação foi utilizado o seguinte procedimento: verificou-se
em cada componente importado se os mesmos mantinham as características originais e
comparou-se o número de componentes que mantiveram as propriedades originais com o
número total de componentes. Chegou-se assim a um percentual que varia de 0% a 100%, na
última situação o componente mantém as mesmas propriedades do modelo original.
No caso, por exemplo, das paredes, tinha-se um total de 57 unidades. Caso todas as paredes
fossem importadas corretamente o resultado seria 100%. Falhas, mesmo que pequenas, foram
registradas como erros na tradução. Para quantificação da escada e outros componentes
unitários desmembrou-se nas suas “partes” (para a escada as partes são: estrutura, piso/
espelho, balaústre e corrimão) e mediu-se a quantidade de partes preservadas.
Na segunda etapa dos testes os arquivos IFC foram importados por softwares de visualização
geométrica ( IFC Engine Viewer – Visualizador 1; Nemetschek IFC Viewer – Visualizador
2). O objetivo destes testes foi comparar a eficiência dos tradutores de importação de arquivos
IFC usados pelos aplicativos estudados. Para simplificar os testes e uniformizar as análises
foram usadas apenas as propriedades referentes à geometria dos edifícios.
IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS


Após os testes a primeira conclusão é que efetivamente existem perdas na transferência de
dados entre softwares, quando se usa o formato IFC2x (versão 3) de protocolo (Tabela 1).
Para todos os processos de transferência de dados usados ocorrem perdas em informações do
modelo. Constata-se que existem perdas de dados referentes à geometria, à disposição dos
objetos em plantas e às propriedades dos objetos analisados. Para o Revit, por exemplo,
apenas cerca de 30% dos dados referentes às características de materiais permanecem
indicados nos modelos após serem importados dos arquivos no formato IFC.
Tabela 1 – Resultado da certificação de elementos construtivos
NÍVEL DE QUALIDADE DA IMPORTAÇÃO DE ARQUIVOS IFC GERADOS NO ARCHICAD E REVIT
IFC2X3 GERADO NO ARCHICAD
Modelo gerado por arquivo IFC importado Modelo gerado por arquivo IFC importado
pelo ArchiCAD pelo Revit
Material Disposição1 Código Custo Geometria Material Disposição1 Código Custo Geometria
Parede 2 Parede
100% 95% 97% X 95% 100% 100% 100% X 100%
Coluna 100% 100% 100% X 100% Coluna 100% 100% 100% X 100%
Laje 100% 100% 100% X 100% Laje 100% 100% 100% X 100%
Cobertura 100% 100% 100% X 100% Cobertura 100% 100% 100% X 100%
Porta 100% 70% 100% 100% 100% Porta 0% 66% 100%3 100%3 100%
Janela 0% 0% 0% 0% 0% Janela 0% 0% 100%3 100%3 100%
Parede 100% 100% 100% 100% 100% Parede 0% 100% 100%3 100%3 100%
cortina cortina
Corrimão 100% 100% 100% 100% 100% Corrimão 0% 100% 100%3 0% 50%4
Escada 100% 100% 0% 100% 100% Escada 25%5 100% 100%3 100%3 100%
Peças 100% 100% 0% 100% 60% Peças 100% 100% 100%3 100% 100%
sanitárias sanitárias
TOTAL 90% 86% 69%X 85% 52% TOTAL
86% 100% X 95%
IFC2 X3 GERADO NO REVIT
Modelo gerado por arquivo IFC importado Modelo gerado por arquivo IFC importado
pelo Revit pelo ArchiCAD
Material Disposição Código Custo Geometria Material Disposição Código Custo Geometria
Parede 89% 100% 89% X 100% Parede 79% 100% 79% X 100%
Coluna 0% 100% 0% X 100% Coluna 100% 100% 100% X 100%
Laje 100% 100% 100% X 100% Laje 100% 100% 100% X 100%
Cobertura 100% 100% 100% X 100% Cobertura 100% 100% 100% X 100%
Porta 0% 100% 0% 0% 100% Porta 0% 17%1 100% 0% 78%
Janela 0% 54% 0% 0% 77% Janela 0% 38% 0% 0% 50%7
Parede 0% 60%6 0% 0% 60%6 Parede 0% 100% 0% 0% 100%
cortina cortina
Corrimão 0% 100% 0% 0% 100% Corrimão 0% 100% 0% 0% 100%
Escada 0% 100% 0% 0% 100% Escada 0% 75% 0% 0% 75%8
Peças 0% 80% 0% 0% 60% Peças 0% 80% 0% 0% 60%
sanitárias sanitárias
TOTAL 29% 89% 29% X 89% TOTAL
38% 81% 48% X 86%
Obs.: 1 – as situações mais comuns ocorridas foram: o giro da porta desenhada em planta. Ao invés de abrir para dentro
abria para fora, a porta/ janela estava incorretamente desenhada; 2 – 5% das paredes apresentam pequenas falhas, mas
são visíveis em 3D; 3 – códigos aparecem, porém correspondem a outras propriedades do objeto; 4 – as peças principais
(balaustre e peitoril) aparecem, porém os cabos de aço na lateral não apareceram; 5 – materiais da estrutura foram
especificados, porém, os pisos/ espelhos, balaustre e corrimãos não foram especificados; 6 – 40% das paredes cortinas
aparecem elevadas alguns metros sobre a edificação; 7 – para as janelas não construídas em 3D, foram feitas apenas as
aberturas dos vãos; 8 – o corrimão da escada não foi construído em 3D.

A geometria e a disposição dos objetos em geral são os mais importantes indicadores da


espacialidade do objeto. Estes apresentam pequenos erros, cerca de 10%, o que não
inviabiliza o bom entendimento do modelo do edifício. Porém, analisando a qualidade das
propriedades dos materiais e custos verificou-se que existe uma perda de informação de cerca
IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

de 20% no ArchiCAD e 60% no Revit. Essas perdas são significativas e podem inviabilizar o
uso desses arquivos em aplicativos de análises de custos e de eficiência energética.
Na Tabela 2 os arquivos IFC foram importados para softwares de visualização. O que se
observa nesta tabela é que enquanto os arquivos IFC gerados no ArchiCAD apresentam a
visualização da sua geometria completa, alguns objetos do Revit apresentaram problemas na
visualização. De uma maneira geral (com exceção do corrimão e da escada no visualizador 2),
a maioria dos objetos apresenta uma boa visualização quando são importados para os
programas de visualização IFC.
Tabela 2 – Resultado da certificação de elementos construtivos
NÍVEL DE QUALIDADE DE ARQUIVOS IFC IMPORTADOS POR VISUALIZADORES
IFC2X3 GERADO NO ARCHICAD IFC2 X3 GERADO NO REVIT
Geometria Geometria
Visualizador 1 Visualizador 2 Visualizador 1 Visualizador 2
Parede 100% 100% Parede 100% 77%
Coluna 100% 100% Coluna 100% 100%
Laje 100% 100% Laje 100% 100%
Cobertura 100% 100% Cobertura 100% 100%
Porta 100% 100% Porta 100% 100%
Janela 100% 100% Janela 87% 100%
Parede cortina 100% 100% Parede cortina 100% 100%
Corrimão 100% 100% Corrimão 100% 0%
Escada 100% 100% Escada 100% 25%
Peças sanitárias 100% 100% Peças sanitárias 80% 80%
TOTAL 100% 100% TOTAL 89% 78%

Um aspecto interessante de observar é que os erros na importação do modelo geométrico do


edifício, seja pelo ArchiCAD, pelo Revit ou pelos visualizadores, ocorrem de forma
diferenciada em cada aplicativo testado (Figura 4). Assim, um mesmo arquivo IFC que
apresenta erros na construção da janela, quando importado pelo ArchiCAD, no Revit e nos
visualizadores, não apresenta tais erros, mais sim outros erros.

(A) (B) (C)


Figura 4: Erros de importação do modelo geométrico: (A) faltam paredes; (B) falta a banheira e (C) ausência de
janelas (dormitórios, cozinha, banheiro, etc. – só aparecem paredes cortinas e portas)
Essas constatações explicitadas acima levam a conjecturar que os problemas detectados na
leitura da geometria do edifício, pelos aplicativos tradutores de IFC são conjunturais da
estrutura dos importadores. Caso fossem problemas na geração de dados dos arquivos IFC, os
erros permaneceriam comuns, quando importados pelos softwares testados. Todavia, os testes
efetuados ainda são iniciais, limitados, e não são suficientes para identificar a origem do erro
(e nem é essa a intenção deste trabalho).
IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

5. DISCUSSÃO À LUZ DE EXEMPLOS BEM SUCEDIDOS: O CASO DO OPS E


IFC
As análises efetuadas indicam que é necessária a melhoria na robustez dos modelos de
arquivos e tradutores IFC. Todavia, Kiviniemi et. al. (2008), mostram que o principal motivo
pelo qual o IFC ainda não é usado como forma de troca de dados entre os agentes da
construção civil é devido à fragmentação da indústria da AEC, dificultando criar um consenso
sobre o uso do IFC nas trocas de dados.
Para Eastman et. al. (2008) a dificuldade na consolidação de um modelo universal de troca de
dados que seja confiável e eficiente está associado a: questões ligadas à competitividade entre
empresas; perda de compreensão das conseqüências positivas em utilizar um modelo único de
informação do edifício; baixa qualidade da interface IFC; e, desinteresse dos integrantes da
indústria AEC em mudar o processo de trabalho.
Num caminho oposto ao descrito acima, algumas empresas têm desenvolvido sistemas de
compartilhamento de dados gerados nos modelos BIM e que podem ser usados em diversos
aplicativos. A empresa norte-americana ONUMA Inc., por exemplo, produz um sistema de
compartilhamento de modelos BIM denominado ONUMA planning System (OPS), acessível
pela internet (COELHO; NOVAES, 2008). O modelo de servidor OPS pode funcionar como
um repositório central para hospedar todos os diferentes projetos e informações de um edifício
(WONG, 2008). A partir de um sistema central de informações é possível modelar e analisar
projetos utilizando-se para isso diferentes softwares compatíveis com o padrão GBXML/ IFC.
Assim, o modelo OPS é capaz de gerenciar diferentes softwares (Figura 5). Definem-se os
principais requerimentos de projeto no OPS e então se exporta para outros softwares BIM
para serem efetuadas as atividades necessárias ao desenvolvimento do modelo. Nestes casos,
dados e gráficos podem ser exportados do modelo OPS para outros aplicativos usando-se o
formato IFC, permitindo, dessa forma, boa compatibilidade com ferramentas BIM (ONUMA
PLANNING SYSTEM, 2008).

Fonte: (ONUMA PLANNING SYSTEM, 2008)


Figura 5: Modelo OPS de interoperabilidade e compartilhamento
IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

Modelos como o OPS, possibilitam uma maior precisão e eficiência no fluxo de informações
entre diferentes profissionais de projeto além de permitir a consolidação de ambientes
eficientes de colaboração (como o Asite). O desenvolvimento de sistemas como o OPS é uma
saída inteligente para problemas de interoperabilidade e uso de formatos IFC, permitindo
colaborar e trocar informações em todo o ciclo de vida do edifício, o que representa o
principal ganho em usar o BIM.
Como exemplo clássico da eficiência do sistema OPS a ONUMA Inc. desenvolve, desde
2007, os BIMStorms (para Wong (2008) poderia ser chamado do “Woodstock” do BIM). O
BIMStorm consiste numa experiência de projeto integrado num espaço virtual, baseado numa
plataforma de colaboração BIM, acessível pela internet (que é oferecida gratuitamente pela
OPS) (ONUMA, 2008). Nesses eventos participam equipes de diferentes países e experiências
profissionais que juntos projetam, em poucas horas, vários edifícios para uma determinada
localidade (em cada evento escolhe-se uma cidade com uma área de intervenção). As equipes
incluem projetistas especializados em projetos e análises de edifícios, e, empregados do
governo com experiência em legislação.
O modelo de servidor OPS funciona, segundo Wong (2008), como um repositório central que
hospeda os projetos e as entradas de dados. Assim, cada equipe multidisciplinar troca
informações da geometria do modelo, das análises de eficiência energética, das análises de
custos e construtibilidade, etc. Em função dessa rica variedade de análises Wong (2008)
mostra que foi possível incorporar aos modelos soluções sustentáveis como tetos verdes e
fachadas com painéis solares. Além do mais, com o sistema OPS foi possível obter
informações de projeto como a existência de zonas sísmicas, o tipo de solo, o código de
edificações, perfil de acessos ao terreno e sistemas de transporte local.
O uso do sistema OPS serve como um repositório central baseado num padrão de informações
global, aberto e interoperável, reduzindo-se às perdas e sobreposições de dados e
possibilitando um ambiente de colaboração internacional e integração em tempo real entre as
diferentes equipes de projeto.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho, por meio de uma análise do uso do IFC para troca de dados de
informações do edifício, detectou falhas no processo de transferência de informações do
modelo do edifício. A partir das análises efetuadas chegou-se às seguintes conclusões:
• Existe uma perda na qualidade geométrica dos modelos quando são importados no
formato IFC, porém essas perdas são limitadas a poucos componentes de construção e não
comprometem o entendimento do modelo gerado;
• O perfil da perda da qualidade da informação geométrica em cada um dos aplicativos que
importou o modelo IFC é diferente, o que leva a conjecturar que os problemas principais
de tradução não estão na geração dos arquivos IFC, mas nos tradutores de importação,
presentes nos aplicativos utilizados para os testes;
• Certas propriedades dos componentes de construção usados nos modelos, como código de
identificação, material, disposição e custos também apresentam perdas quando são
importados pelos aplicativos ArchiCAD e Revit. Estas perdas, em algumas situações, são
significativas e poderiam inviabilizar o uso desses modelos em ferramentas de análises.
Outros aspectos importantes observados durante a construção do modelo de edifício são:
• Não existe um padrão para descrição e classificação das propriedades dos componentes de
construção. Cada aplicativo BIM utiliza um padrão próprio de classificação de
IV TIC Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 17 a 19 de Junho de 2009

propriedades dos objetos, o que dificulta a interoperabilidade dessas propriedades entre


diferentes aplicativos;
• Ferramentas BIM voltadas para a arquitetura e disponíveis no mercado apresentam uma
capacidade limitada para a construção de todas as partes do edifício num modelo 3D, com
informações de atributos associadas a esse modelo. Muitos dos materiais e componentes
são construídos manualmente e visíveis apenas em detalhes bidimensionais. Para esses
casos, alterações efetuadas nos modelos 3D não são ajustadas automaticamente nos
detalhes 2D. Assim, precisam ser alteradas manualmente (EASTMAN et. al. 2008).
• Se por um lado o uso de modelos 3D associados a modelos 2D melhora a escalabilidade
do projeto (reduzindo o tamanho do arquivo e facilitando o seu manuseio); por outro,
reduz também a capacidade de atualizações automáticas no modelo e a eficiência na
simulação das etapas de construção do projeto e na avaliação de custos do modelo.
Por fim, o que se observa das análises é que ao se usar arquivos e tradutores IFC para exportar
ou importar dados do edifício é importante considerar que os mesmos ainda não são robustos
o suficiente para transportar os dados com a qualidade do modelo original. Dessa forma,
perdas de dados ocorrerão durante a migração para outros aplicativos (KRYGIEL et. al.,
2008). Como alternativa o presente trabalho mostrou que o emprego de sistemas de
planejamento de informações do edifício, como o OPS, por exemplo, viabiliza a redução de
inconformidades dos modelos IFC. Além do mais, muda a visão do processo de trabalho de
projeto, tornando a atividade mais integrada, colaborativa, e com fluxo de informações mais
eficientes. Assim, com a difusão de sistemas integrados do edifício é possível aumentar a
interoperabilidade e possibilitar um uso do BIM mais inteligente, aproximando-se de um
modelo desejado de protótipo do edifício, segundo a visão de TOBIN (2008).

REFERÊNCIAS
COELHO, S.; NOVAES, C. Modelagem de Informações para Construção (BIM) e ambientes colaborativos para
gestão de projetos na construção civil. In: WORKSHOP NACIONAL DE GESTAO DO PROCESSO DE
PROJETO NA CONSTRUCAO DE EDIFICIOS, 8., 2008, São Paulo.Anais...São Paulo: EP-USP, 2008. p.1-10.
EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON, K. BIM Handbook: a Guide to Building Information
Modeling for Owners, Managers, Designers, Engineers, and Contractors. New Jersey:John Wiley & Sons,
2008.
HANDLER, L. Modeling Walls for Construction in Revit. BIMx, 10 dez. de 2006. Disponível em: <
http://bimx.blogspot.com/2006/10/modeling-walls-for-construction-in.html>. Acesso em 05 dez., 2008.
KHEMLANI, L. Top criteria for BIM solutions: AECbytes Survey Results. AECbytes, 10 de outubro de 2007.
Disponível em: <http://www.aecbytes.com/feature/2007/BIMSurveyReport.html>. Acesso em: 29 de outubro de
2008.
KIVINIEMI, A. Support for Building Elements in the IFC 2x3 Implementations based on 3rd Certification.
Workshop Results, VTT, Finland, 2007. Disponível em: < www.coinsweb.nl/downloads/IFC
_2x3_Data_Exchange.doc> Acesso em: 27 de novembro de 2008.
KIVINIEMI, A.; TARANDI, V.; KARLSHØJ, J.; BELL, H.; KARUD, O. Review of the Development and
Implementation of IFC Compatible BIM. ERABUILD FUNDING ORGANIZATIONS, 2008.
KRYGIEL, E.; DEMCHAK, G.; DZAMBAZOVA, T. Introducing Revit Architecture 2008: BIM for
beginners. Indianopolis: Sybex, 2007.
ONUMA PLANNING SYSTEM (OPS). ONUMA, 16 fev. 2008. Disponível em :
<http://onuma.com/products/OnumaPlanningSystem.php>. Acesso em 25 out. 2008
TOBIN, J. Proto-Building: To BIM is to Build. AECbytes, 28 mai. 2008. Disponível em:
<http://www.aecbytes.com/buildingthefuture/2008/ProtoBuilding.html.> Acesso em: 3 out. 2008.
WONG, K. The Summer of BIM (Tech Trends Column). Cadalyst, 1 abr. 2008. Disponível em: <HTTP
://aec.cadalyst.com/aec/article/articleDetail.jsp?id=507889&pageID=1&sk=&date=>. Acesso em: 28 nov. 2008.
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PLATAFORMA WEB-BIM PARA GESTÃO DE INSTALAÇÕES DE UM


CAMPUS UNIVERSITÁRIO
Ricardo Resende (1), Luís Coroado (1), António Lopes (1), Rodrigo Sacadura (1), Maria
Helena Teixeira (1), Sara Eloy (1), Miguel Sales Dias (1)

(1) ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa

Resumo
As instalações das instituições de Ensino Superior, que no caso do ISCTE-IUL estão
concentradas num campus no centro de Lisboa, são usadas diariamente por vários milhares de
utentes, acolhem inúmeros eventos e o exercício próprio da instituição e requerem
investimentos constantes de manutenção, renovação e adaptação. Ao contrário de outros ativos
estratégicos a sua gestão é frequentemente suportada por instrumentos informais: folhas de
cálculo, documentação em papel e registos pessoais, tornando-se difícil controlar e planear
operações e custos globais de manutenção por equipamento ou sistema. Por outro lado, os
desenhos técnicos das instalações estão dispersos e não são fiéis à realidade construída, o que
também dificulta as operações de manutenção, modernização e estudo de cenários de melhoria.

Perante este cenário, o ISCTE-IUL montou uma equipa multidisciplinar, tendo-se definido uma
metodologia para o desenvolvimento de uma solução híbrida de gestão de edifícios e apoio ao
utilizador. A primeira etapa consiste na uniformização e verificação no terreno dos desenhos
dos projetos incluindo equipamentos fixos e móveis e redes, numa Base Digital de Desenhos
em 2D CAD. A segunda etapa consiste na migração desta informação para um modelo BIM,
mais completo e fácil de atualizar, principalmente no que diz respeito à extração de métricas.
Simultaneamente com estas duas tarefas é realizada a análise, levantamento e especificação de
requisitos de uma aplicação web que, interligada com o modelo BIM, irá registar intervenções
de manutenção programada e reativa, orçamentos, controlo de stocks de material de reparação
e restantes operações.

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1. Introdução

1.1 Gestão de Instalações


A Gestão de Instalações, ou Facility Management (FM), pode ser definida como o conjunto de
operações que asseguram o bom funcionamento das infraestruturas, nomeadamente edifícios,
nas suas diversas componentes. É por natureza, uma atividade de suporte às funções primárias
da organização e é multidisciplinar, exigindo competências tão díspares como a gestão de
projetos, gestão da qualidade, engenharia, finanças, imobiliário, sustentabilidade, segurança,
negociação, gestão da tecnologia ou a comunicação [1].

O FM tem ainda pouca visibilidade na indústria da construção em parte porque a quantidade de


nova construção até à crise financeira e económica absorveu toda a atenção (sendo possível
percorrer o currículo de um curso de engenharia civil ou arquitetura sem encontrar menção ao
FM), mas também porque consiste numa série de atividades, fragmentadas, que decorrem
continuamente, mas largamente ignoradas, sob o nosso olhar. Curiosamente, das grandes
organizações, são as instituições de ensino que mais rapidamente estão a adotar medidas para
agilizar os processos de gestão, nomeadamente através da aplicação de novas tecnologias [2].

No entanto, considerando todo o ciclo de vida, os custos de operação e manutenção de um


edifício são várias vezes superiores ao de construção. Enquanto um ganho de eficiência na
construção tem efeito nessa atividade, um ganho na gestão, seja a diminuição do consumo
energético, melhorias ambientais, a organização duma área de trabalho ou a renegociação de
um contrato, tem efeito repetido nos anos seguintes.

1.2 Gestão de instalações em instituição de Ensino Superior


As instituições de Ensino Superior têm sofrido alterações estruturantes nos últimos anos. A
organização académica evolui mais rapidamente que há alguns anos, os postos de trabalho são
mais fluidos refletindo a circulação de docentes, alunos e investigadores, coexistem centros de
investigação, entidades independentes e participadas e os espaços são arrendados para eventos.
Os calendários letivos dos inúmeros cursos variam e são frequentemente adaptados e o número
de eventos pontuais é crescente. Diariamente há milhares de utentes internos e externos que
trabalham, frequentam aulas, mas também se alimentam, divertem em espaços de descontração,
estudam individualmente ou em grupo, usam bibliotecas, laboratórios, ginásios, etc. Esta
exigência logística e o crescente rigor financeiro obrigam à quantificação detalhada dos custos,
sendo, portanto, essencial poder imputar o custo de cada entidade, posto de trabalho, evento ou
aula.

As ferramentas básicas para a gestão de instalações variam desde a coleção de folhas de cálculo,
desenhos e manuais de equipamentos em pastas e arquivos em papel ao know-how dos
funcionários sobre as instalações. Existem no mercado ferramentas informáticas que vão desde
a gestão de equipamentos e operações diárias (Computer Aided Facility Management - CAFM)
aos sistemas de gestão total de património incluindo arrendamentos, energia, hospitalidade ou
helpdesk (Integrated Workspace Management System - IWMS) [1], [3]. Estes sistemas agregam
informação atualizada, disponibilizam interfaces uniformes, perfis de utilizador com diferentes
níveis de acesso, conduzem os processos, disponibilizam ferramentas de reporting e ligam-se
aos departamentos financeiros, de compras, ou de património. Tal como acontece com qualquer

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sistema que é integrado intimamente com a instituição, a sua instalação e configuração é


naturalmente complexa e demorada.

1.3 Ferramentas BIM no FM


O BIM está a transformar toda a indústria da construção, desde o projeto e construção à vida
útil dos edifícios, passando pela gestão, operação e manutenção, interligando estas fases de
forma mais eficaz [4]. Para os donos de obra a metodologia BIM, sendo adotada no processo
de projeto e construção, revela-se muito útil para armazenar e trabalhar a informação sobre o
seu edifício [5], pois possibilita o armazenamento, atualização e utilização de informação
georreferenciada sobre os edifícios e outras infraestruturas para gerir operações e manutenção
do edifício. Apesar de haver algumas diferenças entre o nível de desenvolvimento [6] e os usos
[7] dos modelos usados na construção e na gestão dos edifícios, o modelo BIM poderá transitar
da fase de construção ou ser construído especificamente para a gestão do edifício. O interesse
dos gestores de edifícios na metodologia BIM advém do apoio que esta ferramenta pode dar às
operações de gestão de espaços e de equipamentos, análises de performance energética real e
simulação de cenários, obras de intervenção, e renovação e reabilitação e gestão de ciclo de
vida (adaptado de [8]).

2. Metodologia

2.1 A Equipa
Para responder à necessidade de modernização do funcionamento integrado das unidades do
ISCTE envolvidas na gestão do campus, montou-se uma equipa multidisciplinar composta por
técnicos de várias áreas. O grupo Digital Living Spaces (DLS) do Centro de Investigação em
Ciências da Informação, Tecnologias e Arquitetura (ISTAR-IUL) é um centro de investigação
nas áreas de Desenho Assistido por Computador e ferramentas digitais interativas, Realidade
Virtual e Aumentada aplicadas à Arquitetura e Construção ([4]–[7]). Ao Gabinete de
Desenvolvimento de Sistemas de Informação (GDSI) compete conceber e manter os sistemas
de informação bem como garantir a integração dos mesmos promovendo o aumento contínuo
da qualidade do ensino e investigação no ISCTE-IUL. Finalmente, e com papel fulcral, a
Unidade de Edifícios e Recursos (UER) é a unidade que faz a gestão dos edifícios e
infraestruturas do campus e tem procurado implementar sistemas que tornem esta gestão mais
eficiente.

2.2 A gestão do campus do ISCTE-IUL


O campus do ISCTE-IUL concentra-se num só local no centro de Lisboa inserido na Cidade
Universitária, com uma área útil construída superior a 100.000 m2, dividindo-se por três
edifícios com idades entre os 15 e os 40 anos, de dimensão e estilo distintos, sendo a navegação
entre e dentro dos edifícios pouco intuitiva (figura 1).

A comunidade ISCTE-IUL é composta por alunos, docentes, investigadores e funcionários não


docentes, distribuídos por quatro escolas e oito unidades de investigação, reunindo uma
população superior a 10.000 utentes. Para além destes utilizadores, o ISCTE-IUL acolhe
inúmeros eventos periódicos e singulares, nacionais e internacionais, como provas académicas,

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eventos e reuniões de diversa índole, prestando ainda serviços de aluguer de espaços e


organização de eventos, que em 2015 trouxeram ao campus cerca de 65.000 visitantes.

Ao contrário de outros ativos estratégicos como os recursos humanos, a gestão das


infraestruturas no ISCTE-IUL é ainda suportada por folhas de cálculo, documentação em
formato digital e alguns casos especiais em papel, estando os registos organizados em pastas de
rede. Apesar da organização existente, é moroso agregar a informação para obter sumários de
afetação de áreas e outras métricas ou controlar e prever custos de manutenção globais, por
equipamento ou sistema. Por outro lado, os desenhos técnicos das instalações e redes estão
dispersos em diversos formatos e frequentemente não estão de acordo com a realidade, em parte
devido à requalificação e reabilitação dos espaços que o ISCTE-IUL tem realizado, visto que é
obrigado a crescer dentro de fronteiras espaciais rígidas.

Figura 1: Vista do campus do ISCTE enquadrado na malha urbano do centro de Lisboa.

Apesar de estar ao corrente das soluções existentes no mercado para gestão de infraestruturas,
o ISCTE-IUL não as adotou devido à expectativa de difícil adequação aos sistemas em uso e
ainda aos custos de licenças e de atualização.

A equipa interna da UER sentia há vários anos a necessidade de basear a sua atividade em
melhor informação e num sistema de controlo de processos formal e baseado em ferramentas
que refletissem de forma atualizada o estado dos edifícios e sistemas associados. Nasceu assim
este projeto, em ligação com as restantes unidades da instituição como a Qualidade,
Comunicação, Serviços Académicos e de Apoio à Investigação.

2.3 A Base de Digital de Desenhos (BDD)


A primeira iniciativa a arrancar consiste na produção de plantas fiéis e atualizadas do campus
em formato CAD 2D. Estes desenhos são elaborados a partir da compatibilização das telas
finais originais com as múltiplas intervenções, o que implica, inúmeras medições no terreno.
Apesar de os desenhos mais recentes (em geral pós-2000) existirem em formato digital, os
restantes, em particular os de especialidades, estão em papel, sendo necessário a sua
digitalização. Uma das dificuldades encontra-se na incoerência entre a realidade e as versões

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em desenho (digital ou papel), sendo indispensável a contribuição dos funcionários que


acompanham o campus desde a sua origem.

A BDD tem por base uma hierarquia de ficheiros CAD em quatro níveis e por edifício,
permitindo o trabalho simultâneo de diferentes utilizadores em matérias específicas. Para a
introdução de toda a informação de geometria e especialidades de forma codificada e uniforme
adotou-se a Norma EN ISO 13567 [9], facilitando também a filtragem de informação não só
enquanto se utiliza a base CAD, como também na relação com a aplicação web, e na
organização e visualização de desenhos produzidos para distribuição (formato PDF). À medida
que este trabalho foi avançando, os técnicos da UER foram solicitando não só desenhos, mas
também listas de quantidades, áreas, etc. Por outro lado, verificou-se que a representação de
equipamentos como mesas, cadeiras ou sanitários, através de blocos com atributos, era
insuficiente para listar a informação necessária e relacioná-la com outras aplicações. Tornou-
se evidente que se estava a “aumentar” a ferramenta CAD (Autocad 2016) para cumprir o papel
de um BIM, tendo-se então tomado a opção de terminar o levantamento da geometria em 2D
em algumas das especialidades, mas arrancar com o modelo BIM, substituindo-se gradualmente
os processos de trabalho. Não obstante, foi dada formação presencial e na plataforma interna
de e-learning e a BDD 2D é já usada internamente e diminui a necessidade de verificações no
terreno, facilita a comunicação e interação com fornecedores e disponibiliza alguns valores
fiáveis que servem de base às avaliações de desempenho de equipas de manutenção.

2.4 Modelação em BIM


A passagem dos desenhos em base CAD para BIM torna-se necessária não só pela dificuldade
de armazenamento, tratamento e extração de informação, referidas na secção anterior, mas
também pela necessidade de visualização e comunicação através de um modelo tridimensional,
não só para intervenções de manutenção, como também pela potencialidade associada a
ferramentas de navegação e visualização a desenvolver internamente.

O levantamento das necessidades, ou seja, os dados que as diferentes unidades de gestão


necessitam e a forma como querem consumir essa informação iniciou-se no seio da própria
UER, visto que é para esta unidade que as restantes se viram quando necessitam de plantas,
listagens e relatórios. No entanto, um modelo de informação bem estruturado e explorado pode
fornecer informação muito mais rica, pelo que se planeou a construção de um modelo-piloto
que demonstra todo o potencial desta metodologia e assim poderá suscitar maior interesse,
recolher mais opiniões e necessidades.

A plataforma web Fenix (https://fenix.iscte-iul.pt), parcialmente desenvolvida internamente,


alberga toda a informação necessária à gestão académica, incluindo salas de aulas, horários,
exames, registo de presenças automático através de leitores de cartões nas salas, abertura de
portas, eventos, etc. Naturalmente, várias outras aplicações de gestão interagem com o Fenix
pelo que um requisito indispensável do modelo BIM e da aplicação web de manutenção é a
ligação e harmonização da informação entre as diferentes bases de dados pois a informação
sobre os espaços no modelo com a já existente, o que apresenta vários desafios pois os objetivos
das plataformas são distintos e isso reflete-se na organização da informação.

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Após a conclusão da BDD, a metodologia traçada (figura 2) começa pela revisão dos projetos
de arquitetura e restantes especialidades à lógica BIM, e extrusão da geometria elaborada em
2D para 3D, conforme ilustra a figura 3.

Figura 2: Processo de desenvolvimento e fluxos de informação.

Figura 3: Vista dos modelos dos edifícios do campus ISCTE-IUL em diferentes estágios do
processo de modelação. Cada edifício é modelado separadamente sendo referenciado no
modelo global e inserido no modelo da envolvente urbana (não visível nesta figura).

Atualmente verifica-se melhorias na gestão de ativos, através da extração de dados


quantificáveis de espaços, tipologias e afetações, áreas e volumes, bem como dados relativos a
características de paredes, pavimentos ou outros (figuras 4 e 5). Em seguida, inserem-se
equipamentos móveis e fixos, como portas, secretárias e cadeiras, computadores, sanitários,
extintores, seguindo de forma sistemática as especialidades inerentes. Apesar da generalidade
dos equipamentos ainda não ter o detalhe pretendido – sendo utilizado nesta fase um nível de
desenvolvimento 300 (LOD, ver [6], [10]) é já possível criar inventários e obter dados

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necessários para simular e projetar alterações nos espaços, calcular capacidades de ocupação e
alocação de equipamentos, entre outros.

Posteriormente, pretende-se realizar a passagem da generalidade das redes e sistemas das


diversas especialidades, bem como, introduzir a informação estritamente necessária com nível
de informação 500, para facilitar o planeamento e a manutenção programada e corretiva, bem
como fornecer indicadores-chave para auxiliar a tomada eficaz de decisões e prevenir conflitos
de especialidades na realização de intervenções no Campus. A informação gerada e recolhida
durante a utilização do binómio Modelo BIM – Plataforma Web de Manutenção será
constantemente usada para atualizar os planos de manutenção existentes (e.g. [11]).

Os principais usos do modelo BIM, dividido numa hierarquia de ficheiros de acordo com
especialidades e com os diversos edifícios, serão:
 Visualização do campus para a comunicação institucional, sinalética, desenhos 2D,
aplicações de navegação, suporte aos projetos de intervenções no campus, sistemas de
realidade virtual e aumentada, entre outros;
 Sincronização com informação sobre os espaços contida em diversos sistemas tal como
ocupação (funcionários, unidades de ensino e de investigação, espaços de estudo,
restauração, etc.), caraterísticas dos espaços (como tipo de iluminação, capacidade,
conforto, idade, ventilação);
 Compilação, armazenamento e tratamento de informação referente aos equipamentos
mais relevantes, não só no que diz respeito à informação geométrica (características e
localização) mas também características como fabrico, fornecedor, ligação a manuais
de instruções, garantias, datas de manutenção, etc.
 Geração de relatórios escritos e gráficos sobre a informação contida no modelo,
satisfazendo os requisitos regulares de várias unidades, mas também para apoiar a
tomada de decisão e o planeamento estratégico da instituição (figuras 4 e 5).

Simultaneamente ao trabalho de modelação 3D, inserção, verificação e tratamento de dados,


são conjugados os requisitos para a aplicação em desenvolvimento no GDSI, de forma a
compatibilizar e integrar a aplicação com o modelo BIM, adequando e definindo também o
workflow da UER (figura 2).

Uma das dificuldades práticas encontradas no processo de trabalho colaborativo em BIM, foi a
de permitir a vários utilizadores aceder e contribuir para o mesmo modelo e de forma síncrona.
Os testes feitos com pastas de rede, através de servidor interno do ISCTE-IUL, não se
traduziram nos resultados expetáveis, não sendo possível sincronizar ficheiros, locais e centrais,
devido a permissões de escrita definidas ao nível dos servidores, eventualmente devido à
estrutura complexa da rede do ISCTE. A solução atualmente em testes passa pela utilização de
pastas de rede que acedem diretamente à cloud da Microsoft (www.onedrive.com).

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Figura 4: Schedule de salas do piso 0 do Edifício 1 com alguns dos atributos.

Figura 5: Planta de espaços de acordo com as suas afetações: circulação, sala de aula,
gabinete, etc.

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2.5 Aplicação Web


Como referido, a UER do ISCTE-IUL não dispõe de ferramentas integradas para planeamento
e controlo dos seus processos. O elevado volume de trabalho e informação a gerir associados
às atividades descritas anteriormente tornam urgente a adoção de metodologias mais eficientes.

Surge, portanto, a necessidade de fornecer uma aplicação que facilite a missão da UER
permitindo, por um lado, a correta gestão das equipas de intervenção na resposta a anomalias
comunicadas por terceiros (figura 6) ou na realização de tarefas inerentes ao plano preventivo
de manutenção e, por outro lado, que toda a informação associada (equipamentos, inventário)
fique organizada de forma a ser facilmente consultável e pesquisável.

No âmbito desta iniciativa está em curso a especificação funcional de uma aplicação de suporte
à atividade da UER enquanto ferramenta de acompanhamento e monitorização de atividades de
intervenção nos espaços e equipamentos do campus universitário. Pretende-se assim constituir
uma base de informação facilmente acessível e rastreável, que permita realizar diferentes tipos
de análise de dados e constituir indicadores de desempenho relacionados com a atividade da
UER.

A aplicação será desenvolvida segundo uma metodologia Web responsiva para permitir o
acesso e a manipulação da informação através de todo o tipo de dispositivos fixos e móveis. A
construção da aplicação irá culminar no desenvolvimento de um conjunto de funcionalidades
que permita cumprir os seguintes objetivos:
 Constituição de histórico de ações realizadas sobre espaços, equipamentos e sistemas,
incluindo os custos com materiais, mão-de-obra e outros meios associados;
 Avaliação de desempenho dos prestadores de ações interventivas e monitorização do
nível de satisfação dos utentes do campus face às intervenções realizadas;
 Interligação com informação gráfica na BDD de modo a: promover a integração de
novos projetos; realizar o acompanhamento das respetivas obras; constituir inventário
de espaços, sistemas e equipamentos georreferenciados;
 Realização de análises económicas ao ciclo de vida dos equipamentos (relação de custos
de investimento, operação, conservação, abate e oportunidade) e estimativa de custos
de exploração por espaço para imputação de custos em eventos ou atividades letivas
 Integração com sistemas de gestão técnica centralizada para efeitos de monitorização e
minoração de consumos e horas de funcionamento de equipamentos;
 Interligação com o modelo BIM para permitir o acesso fixo e móvel, através de
realidade virtual, a espaços e equipamentos e a contabilização rigorosa da duração das
ações realizadas sobre espaços, equipamentos e sistemas para reduzir o erro das
estimativas de custos com mão-de-obra associadas a essas ações.

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Figura 6: Mockup de página de reporte de anomalias.

3. Trabalho Futuro

A modelação em BIM das instalações do ISCTE-IUL no âmbito da modernização da gestão de


instalações tem já repercussões positivas no funcionamento interno, sendo já possível obter
listagens de áreas e algumas contagens de equipamentos. Estes dados assistem a relação com
os fornecedores e facilitam a aplicação de contabilidade analítica. Como pontos positivos
salienta-se ainda o entusiasmo dos funcionários da UER e docentes/investigadores envolvidos
e o enriquecimento dos produtos de ensino, e a regularização dos processos de trabalho.

Entre as dificuldades deste processo salienta-se a utilização de vários sistemas em simultâneo,


a base de desenhos 2D e o modelo BIM. A base de desenhos está relativamente estabilizada em
algumas especialidades, o modelo BIM está ainda em fase piloto para um dos edifícios. A opção
por desenvolver internamente uma solução integrada BIM-aplicação web de gestão, deve-se
em grande parte à confiança na capacidade interna em termos de utilização de ferramentas de
desenho e BIM e desenvolvimento de aplicações informáticas.

Para além do plano de trabalho exposto atrás, pretende-se expandir o sistema integrado em
diversas direções:
 Integração com sensores existentes nos edifícios, nomeadamente leitores de cartões de
abertura de salas;
 Ligação com sensores ambientais e de consumo de água e eletricidade e com sistemas
de Gestão Técnica de Edifícios;
 Integração com sistema de gestão académica para representação de informação, tal
como histórico de utilização de espaços;
 Disponibilização online de informação à comunidade interna e externa.

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Produção de modelos para navegação virtual pelo Campus com vista à promoção externa do
ISCTE-IUL e inclusão em quiosque digital para apoio aos utilizadores usuais e ocasionais com
informação sobre serviços, sua localização e navegação, horário, contactos, status, filas espera.
Finalmente, pretende-se com este trabalho receber a opinião e os contributos da comunidade
técnica e científica e, de futuro, transmitir o know-how ganho através de comunicações técnicas
e científicas regulares, prestação de serviços e produtos de ensino.

Referências

[1] K. O. Roper and R. P. Payant, The Facility Management Handbook, 4th ed. American
Management Association, 2014.
[2] B. Becerik-Gerber, F. Jazizadeh, N. Li, and G. Calis, “Application Areas and Data
Requirements for BIM-Enabled Facilities Management,” J. Constr. Eng. Manag., no.
March, pp. 431–442, 2012.
[3] E. Teicholz and IFMA Foundation, Technology for facility managers: the impact of
cutting-edge technology on facility management. Hoboken, New Jersey: John Wiley &
Sons, 2013.
[4] McGraw Hill Construction, “The Business Value of BIM for Owners,” 2014.
[5] GSA, “BIM Guide for Facility Management,” 2011.
[6] BIMForum, “Level of Development Specification,” 2015.
[7] R. G. Kreider and J. I. Messner, “The Uses of BIM: Classifying and Selecting BIM Uses
(v 0.9),” 2013.
[8] Brian Haines (FM:Systems), “The Benefits of Lifecycle BIM for Facility Management |
FM Systems,” 2016. [Online]. Available: https://fmsystems.com/blog/the-benefits-of-
lifecycle-bim-for-facility-management/. [Accessed: 02-Sep-2016].
[9] NP ISO 13567 - Documentação técnica de produtos. Organização e designação de
camadas (layers) em CAD. Parte 3: 2011.
[10] Chuck Eastman, Paul Teicholz, Rafael Sacks, and Kathleen Liston, BIM Handbook: a
guide to building information modeling for owners, managers, designers, engineers and
contractors, 2nd ed. John Wiley & Sons, 2011.
[11] Y. Wang, X. Wang, J. Wang, P. Yung, and G. Jun, “Engagement of Facilities
Management in Design Stage through BIM : Framework and a Case Study,” Adv. Civ.
Eng., vol. 2013, no. 189105, 2013.

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