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DIGITAL
Introdução
Os avanços tecnológicos de computação digital viabilizaram a evolução
das representações gráficas. A modelagem digital corresponde a um dos
processos executados por software para criar a representação matemática
de algo, podendo esta representação ser bi ou tridimensional. As áreas de
design de interiores, arquitetura e engenharias são diretamente impactadas
pelas possibilidades da modelagem digital, apresentando diversos pontos
positivos. Nestas áreas, a linguagem gráfica deve pressupor um conjunto
de princípios consistentes para representar os espaços.
Neste capítulo, você conhecerá a modelagem digital e suas possi-
bilidades e verá como a modelagem digital é aplicada em projetos de
design de interiores, arquitetura e engenharias. Estas áreas precisam de
sistemas de representação para transmitir suas ideias para os clientes,
possibilitando que estes tenham uma noção mais realista do projeto.
e cores, entre outros. O que não se pode negar é que a convergência das duas
opções de produção é, de fato, extremamente valorosa para o processo de
criação. Além disso, somente por meio de ferramentas digitais é possível fazer
com que informações sobre a obra, como quantificação de materiais e custos
de projeto, sejam apresentadas em uma única fonte de conteúdo ou arquivo.
Quando falamos em modelagem digital é preciso considerar que qual-
quer objeto tridimensional, por mais simples que pareça ser, é formado por
diversas superfícies ou planos, que podem ser achatados ou curvos. Ou seja,
o objeto com características tridimensionais é composto por linhas e planos
que o definem e, desta forma, é possível representar um objeto por meio da
modelagem digital. As superfícies são compostas por planos com coordenadas
dispostas no espaço, representadas pelos eixos x, y e z. Assim, pode-se dizer
que a geometria é a base de todo e qualquer desenvolvimento de modelagem
digital. A complexidade de modelar um bloco retangular é, por exemplo, bem
menor do que desenhar uma superfície curva irregular. Logo, a complexidade
da representação guarda a complexidade da própria forma. Partindo deste
pressuposto, é preciso ter em mente que projetar um sólido difere pela comple-
xidade de projetar um espaço. Por isso, os croquis são de grande importância,
pois irão orientar o projetista no desenvolvimento digital do ambiente. Durante
a modelagem digital é possível identificar e prever problemas na aplicação
do projeto e, por isso, pode-se dizer que essa etapa se refere à prototipação
daquilo que será construído em escala maior (LEGGITT, 2004).
A modelagem digital compõe uma subárea da computação que está cada vez
mais próxima ao campo da construção civil. Esta técnica explora elementos da
comunicação visual, como ferramentas computacionais associadas aos vídeos,
desenhos e maquetes eletrônicas, entre outras. Assim, simulam-se espaços,
ambientes e objetos. São imagens constituídas por códigos e cálculos em
um software gráfico digital, explorando o que há de mais caro à projetação:
imaginação, criatividade e realidade. A modelagem digital também favorece
o desenvolvimento de projetos criativos, visto que superfícies curvas, por
exemplo, que demandavam muito tempo para ser representadas, tornaram-
-se mais fácil de desenhar, pois com alguns comandos é possível representar
uma forma irregular e curva de modo mais dinâmico e exato. Existem dois
modelos de tecnologias voltadas à modelagem digital: a mais antiga são os
desenhos assistidos por computador, que originaram o CAD; e a tecnologia
buiding information modeling (BIM), que gera modelos da informação da
construção, cujo maior representante é o Revit, software também desenvolvido
pela Autodesk. A título de comparação, pode-se dizer que o CAD guarda
6 Modelagem digital: definição
Possibilidades e aplicações da
modelagem digital
Quando usamos o termo modelagem digital, estamos nos referindo à mode-
lagem 3D, que corresponde à construção de um desenho, modelo, objeto ou
espaço baseado em modelos matemáticos para serem representados. Para isso,
gera-se uma malha tridimensional em um software gráfico digital.
A modelagem digital está amplamente difundida no senso comum, devido
ao grande volume de filmes cinematográficos que tem utilizado esta linguagem
para constituir suas visualidades. Além do cinema, podemos citar o crescente
cenário dos jogos que, com o desenvolvimento de consoles mais potentes, são
capazes de gerar imagens cada vez mais realistas. No entanto, a modelagem
vai além do contexto do entretenimento. Originada no seio do setor industrial,
possui aplicação a diversos propósitos no campo da linguagem gráfica técnica
(YEE, 2017).
Com a modelagem tridimensional podemos representar um objeto ou
ambiente de forma virtual, tanto no que diz respeito ao seu aspecto técnico
quanto aos visuais. Como resultado disso, temos as maquetes eletrônicas, que
correspondem a plantas humanizadas, cortes tridimensionais, apresentação de
um produto, geração de animações de processos, entre outros. A representação
de objetos de forma realista implica na aplicação de materiais, texturas, ima-
gens, iluminação e ambientação, cujo resultado expressivo apresenta imagens
que simulam condições.
A modelagem digital também viabiliza que um projeto seja desenhado
antes da execução, permitindo que se avalie a viabilidade da construção e
que se simule materiais, cores e design. É possível verificar a assertividade
de encaixes, tamanhos, estruturas, entre outros. A vantagem da modelagem
digital consiste em evitar desprendimento financeiro alto para a etapa de
testagem que, anteriormente às possibilidades da computação gráfica, só
podiam ser testadas já na fase de prototipação ou produção. O protótipo gerado
com a modelagem é utilizado em testagens diversas e pode ser produzido
em impressoras 3D. Essas impressoras podem produzir peças de pequena,
média e grande dimensão. Por meio de desenhos técnicos bidimensionais,
pode-se produzir imagens tridimensionais. Esses desenhos compõe as fichas
técnicas do projeto e são fundamentais nos processos de produção. Por meio
da modelagem 3D é possível chegar a resultados bem precisos e realistas.
A modelagem digital é aplicada a áreas como design, engenharia e produção
de produtos, arquitetura e engenharia civil, elétrica, mecânica, cinema, jogos e
ilustrações. Existem diversos softwares orientados para a modelagem digital.
8 Modelagem digital: definição
CAD
Em analogia, podemos dizer que o CAD veio a complementar as pranchetas
utilizadas no desenvolvimento de projetos em arquitetura e engenharia. Os
primeiros sistemas permitiam o desenvolvimento de desenhos técnicos a
partir de primitivas, em estruturas aramadas, o que impactou profundamente a
produtividade na etapa projetual. Por volta de 1980, surgem os sistemas CAD
parametrizáveis, nos quais era possível alterar os valores de dimensão dos
objetos preservando as relações que este possui com os demais elementos. A
construção por meio de geometrias em três dimensões com CAD tinha como
objetivo a prototipação sem a necessidade de altos investimentos na produção
(GIESECKE et al., 2002).
O CAD é um dos softwares mais utilizados entre os disponíveis no mercado
e viabiliza que arquitetos e engenheiros desenvolvam desenhos técnicos repre-
sentados por linhas, formas e textos. Esses softwares podem ser considerados
uma resposta dada ao homem moderno diante da necessidade de representar
e documentar geometrias complexas (PAIXÃO, 2013).
A implementação de softwares CAD fez com que muitos arquitetos e enge-
nheiros passassem a explorar essas ferramentas, considerando a dinamização
que agregam ao projeto.
Passando por diversas atualizações, o CAD está entre as ferramentas
mais eficientes para aplicação em projetos. Por meio das imagens geradas,
pode-se representar, refletir, manipular e revisar os desenhos de forma rápida
e dinâmica.
O CAD permite, por exemplo, a modelagem de uma cidade inteira. Existem
também programas que viabilizam a manipulação de espaços tridimensionais.
Com os pacotes de renderização, a criação de representações realistas de
materiais e acabamentos é representada. Os softwares de modelagem digital
são equipados com ferramentas diversas que propiciam a exploração de ideias
Modelagem digital: definição 9
A realidade aumentada não é o mesmo que realidade virtual. Esta simula de forma
digital um ambiente ou objeto, permitindo que o usuário interaja com ele. Já a realidade
aumentada propicia uma interação entre o produto digital projetado, tendo o mundo
real como background. Em outras palavras, a realidade virtual passa a ser simulada
de forma digital. A realidade aumentada é menos imersiva que a realidade virtual.
No CAD, a realidade aumentada permite que o usuário visualize os modelos a partir
de diversos pontos de vista. A realidade virtual permitirá que o usuário interaja com
o ambiente: o usuário pode, por exemplo, caminhar no interior de uma construção.
BIM
A tecnologia BIM possui maior complexidade que o CAD, mas é baseada em
seus recursos. Utiliza um banco de dados com informações do projeto, ou seja,
possibilita que as informações sejam integradas. O BIM é a grande promessa
em termo de tecnologia voltada para a arquitetura, engenharia e construção.
Com esta tecnologia é possível gerar um modelo digital com a geometria exata,
adicionando dados necessários para a execução da construção. Considerado
superior ao CAD, descreve modelos construídos por meio de geometria e
texturas, que tem como função humanizar os projetos, fazendo com que se
compreenda o funcionamento de uma construção antes da etapa de execução
(CHING, 2017; GIESECKE et al., 2002).
Difere-se do CAD pelo tipo de desenho gerado, por meio de modelagem
orientada por objetos, que assumem as características de acabamentos infor-
madas ao software. Por exemplo, ao desenhar uma parede, inclui-se altura,
largura e comprimento, além de detalhamento sobre o material a ser empre-
gado, as propriedades térmicas e acústicas, precificação do material e de mão
Modelagem digital: definição 11
AUTODESK. Arnold para 3ds Max (MAXtoA). 2019. Disponível em: https://knowledge.
autodesk.com/pt-br/support/3ds-max/learn-explore/caas/CloudHelp/cloudhelp/2020/
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CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
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GIESECKE, F. E. et al. Comunicação gráfica moderna. Porto Alegre: Bookman, 2002.
LEGGITT, J. Desenho de arquitetura: técnicas e atalhos que usam tecnologia. Porto
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OLIVEIRA, A. Desenho computadorizado: técnicas para projetos arquitetônicos. São
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Leitura recomendada
NETTO, C. C. Desenho arquitetônico e design de interiores. São Paulo: Érica, 2014.