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COMPUTAÇÃO

GRÁFICA

Carlos Alberto
Cenci Junior
Introdução à
computação gráfica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os principais conceitos da computação gráfica.


 Categorizar as subáreas da computação gráfica.
 Analisar as aplicações da computação gráfica.

Introdução
Neste capítulo, você vai aprender, de maneira breve e introdutória, sobre
a computação gráfica. Mais especificamente, abordaremos a identificação
dos principais conceitos, a categorização das subáreas e o apontamento
das principais aplicações.
O tema é intrinsicamente ligado ao campo da computação e da
tecnologia da informação, mas suas aplicações são cada vez mais incor-
poradas no setor da construção civil.

Os principais conceitos da computação gráfica


A computação gráfica pode ser definida como uma área da computação que
trata da comunicação visual por intermédio de ferramentas computacionais,
seja por meio de vídeos, desenhos, maquetes eletrônicas, etc.
“Segundo a International Standards Organization (ISO), a computação
gráfica pode ser definida como o conjunto de métodos e técnicas utilizados
para converter dados digitais para um dispositivo gráfico, via computador”
(PYAMPY, 2018, p. 2). Por meio dela, pode-se criar simulações, apresenta-
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ções e variados tipos de códigos visuais que podem facilitar a transmissão


de informação de maneira mais eficaz do que as maneiras manuais.
Assim como aconteceu com a robótica de Isaac Asimov no século XX,
a computação gráfica se tornou fonte de alimentação da imaginação e
inspiração de muitos, materializando o que antes era considerado apenas
ficção científica. O tema ficção é apropriado a este contexto, pois é intrin-
secamente ligado ao tema contemporâneo dos altos padrões de computação
gráfica. Ao mesmo tempo, ele existe desde o surgimento da civilização,
estando presente desde o teatro grego até os romances atuais – ambos os
temas servem para cumprir seu papel de combinar os fatores imaginação
e realidade. Segundo Candido (2004), a ficção “(1) é uma construção de
objetos autônomos como estrutura e significado; (2) ela é uma forma de
expressão, isto é, manifesta emoções e a visão do mundo dos indivíduos
e dos grupos; (3) ela é uma forma de conhecimento, inclusive como incor-
poração difusa e inconsciente”.
Assim como em um livro de ficção, os acontecimentos podem ser
exagerados, levando o leitor a criar questões e reflexões sem a necessidade
de estar anexado à realidade. Temos, na computação gráfica, a mesma pos-
sibilidade, diferindo apenas na ferramenta usada e na própria linguagem.
Nos dois casos, pode-se afirmar, por exemplo, que cenários hipotéticos
são levados em conta, assim como metáforas e simbolismo. Em ambos, a
linguagem oferece uma situação fictícia que permite refletir uma questão
além, que se projeta para o usuário revelando uma situação hipotética.
A utilização de ferramentas de computação gráfica auxilia no processo
de projetação arquitetônica. Em geral, ocorre o uso concomitante de caneta
digital, tablet e software direcionado ao tema. Esses aparatos oferecem ao
projetista uma oportunidade única de produção de um desenho hipotético
em que alterações e ideações podem ser executadas em um piscar de olhos.

É importante destacar que, na computação gráfica, o que vemos como ima-


gem no monitor é uma série de vetores, determinados por pontos no espaço
cartesiano, equações matemáticas e aplicações de cores. O que o computador
nos mostra é informação de maneira gráfica. Por trás dessa representação
gráfica, o que temos é um arquivo que poderá ser aberto com um simples editor
de textos. Aqui a grande diferença. A manipulação de toda a informação vai
além da pura representação. Aquilo que pode ser representado também pode
ser construído (OURCIOLLI, 2009).
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As subáreas da computação gráfica


A modernização e o barateamento de dispositivos computacionais possibilita-
ram novas aplicações para a computação gráfica, o que naturalmente culminou
na criação de novos campos de trabalho. Chamaremos esses novos campos
de subáreas, sendo que elas podem se dividir em: análise de imagens, síntese
de imagens e processamento de imagens. Muitas são as variações que essas
subáreas podem abranger, mas vamos destacar e explanar as mais relevantes
para a sua formação profissional como arquiteto, engenheiro ou designer de
interiores.

 Síntese de imagens: área da computação gráfica que se debruça sobre


a produção de imagens virtuais. Na maior parte das vezes, a fabrica-
ção dessas imagens se baseia no envio e na delimitação de parâme-
tros matemáticos dos objetos. É aqui que estão situados os principais
softwares da construção civil, como o AutoCAD e o SketchUp. Nesse
campo, as imagens podem ou não ser uma reprodução da realidade,
bidimensionais ou tridimensionais. Para esse caso, o ato de construir
um objeto tridimensional pode ser chamado de modelagem, palavra
utilizada quando, por exemplo, dizemos que vamos fazer a modelagem
de uma maquete virtual.
 Análise de imagens: área da computação gráfica que aborda a leitura e
a análise dos componentes de uma imagem a partir de sua representação
visual. Essa análise, feita de modo computacional, não visual, pode
ser executada para obtenção de dados importantes de uma imagem
bidimensional ou tridimensional. Um bom exemplo da aplicabilidade
prática desse tópico é durante o processo de projeto de um olho robótico
— você precisa programar o computador para ler e reconhecer padrões
de imagem e associá-los a comandos.
 Processamento de imagens: área da computação gráfica que aborda
os mais variados e sofisticados recursos de manipulação e edição de
imagens bidimensionais e tridimensionais. Os ajustes mais comuns
são: brilho, contraste, nitidez, alteração de cor e outros. Para esse caso,
sempre partimos do princípio de que existe uma imagem original e que
esta é trabalhada em um processador de imagens para ser manipulada
de acordo com um objetivo. O Photoshop é um dos softwares mais
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utilizados para esse tipo de tarefa, e podemos encontrar com facilidade


suas diversas aplicações na indústria. Na arquitetura, utilizamos os
processadores de imagens para dar mais realismo a apresentações e
maquetes eletrônicas. Podemos colocar mais sombra, mais luz, pessoas,
névoa, etc., ou seja, elementos que não estavam na versão original.

Assim como uma maquete física, sempre utilizada na arquitetura, a modelagem 3D


nos permite avançar nas etapas de projeto simulando uma construção na tela do
computador. Esse recurso nos dá a possibilidade de realismo e de visualização rápida
de vários ângulos, o que em um viés bidimensional serial impossível.
Vários softwares poderiam ser citados para realizar esse trabalho, mas te apresentare-
mos ao extremamente prático e gratuito SketchUp. Esse software auxilia o profissional
em seu desenvolvimento de projeto em todas as etapas, desde estudos preliminares
e anteprojetos até projetos executivos.

Aplicações da computação gráfica


Foi possível perceber até aqui que a computação gráfica é um tema muito
abrangente. Com isso, podemos citar inúmeros exemplos de aplicações. A
seguir, teremos a apresentação de três aplicações bastante relevantes.

 Interfaces homem-máquina: é qualquer dispositivo digital que realiza a


ponte de comunicação entre homem e máquina, seja para fins educativos,
industriais ou mesmo lúdicos. Bons exemplos são os computadores,
smartphones, tablets, videogames, etc.
 Computer-aided Design (CAD) ou Desenho Assistido por Computador:
são sistemas gráficos de modelagem bidimensional ou tridimensional
que possibilitam a representação virtual em substituição ao desenho
convencional à mão. Quando os softwares CAD se popularizaram na
década de 90, muitos arquitetos e engenheiros migraram para esse sistema
a fim de otimizar e agilizar seu sistema produtivo. Os softwares mais
utilizados por professionais da construção civil são: AutoCAD, FreeCAD,
Rhinoceros 3D e SketchUp.
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 Building Information Model (BIM) ou Modelagem da Informação


da Construção ou Modelo da Informação da Construção: é uma
evolução do sistema CAD, podendo ser descrito como modelos não
apenas constituídos de geometria e texturas para efeito de visualiza-
ção. Podemos imaginá-lo, em suplemento a isso, como um modelo de
construção virtual que simula uma construção real. O BIM permite a
quantificação e o gerenciamento da construção, permitindo entender
seu comportamento antes de o projeto sair do papel. Os softwares mais
utilizados por professionais da construção civil são: Revit, ArchiCAD
e Vectorworks.

Observe, na Figura 1, uma maquete eletrônica modelada no SketchUp.


Percebe-se um bom grau de realismo na imagem, considerando que esse
software consegue simular texturas, cores e perspectivas muito próximas da
realidade. A figura recebeu também diversos retoques por meio de um pro-
cessador de imagens, como a introdução de vegetação, carro e correções de
iluminação. Em vista disso, podemos perceber como é importante o domínio
desses softwares na vida de um profissional contemporâneo.

Figura 1. Maquete eletrônica modelada no SketchUp.


Fonte: Jin Architecture/Shutterstock.com

Não há o que discutir que, nos dias de hoje, os projetos arquitetônicos


já foram dominados, para fim de representação, pelos softwares de sistema
CAD e BIM. Porém, esses sistemas já esbarram em uma linha-limite dentro
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das necessidades tecnológicas deste século, sendo limitadas pela falta de


interatividade, pela imersividade e por serem modelos praticamente “estáticos”.
Não obstante, em termos de computação gráfica, apesar do massivo uso
dos sistemas CAD e BIM como ferramenta de apoio ao processo de projeto
arquitetônico, estes não são os únicos: “Alguns recursos como modelagem,
visualização tridimensional, animação e realidade virtual também podem
colaborar para identificar a computação gráfica como ferramenta de total
apoio na concepção de projetos arquitetônicos” (PUPO, 2002, p. 19).
O advento da realidade virtual, que pode ser entendida como uma nova
aplicação de computação gráfica, e sua consequente evolução nos aspectos
de imersividade fazem com que alguns arquitetos descubram um novo degrau
de seus meios de representação de projeto. Agora seus desenhos podem ser
explorados pelo ponto de vista de seus clientes, tanto para sua apresentação
final quanto atuando diretamente nas decisões durante o processo de projeto.

Como arquiteto, engenheiro ou designer de interiores, você provavelmente terá al-


guma dificuldade em demonstrar aos seus clientes suas ideias. Será que por meio
da computação gráfica podemos revolucionar a forma de apresentação de nossos
projetos? A resposta é sim. Podemos trabalhar desde os sistemas CAD até os sistemas
BIM mais avançados.
Hoje o mercado exige dos profissionais atualização constante, principalmente quando
falamos de computação gráfica e modeladores tridimensionais. No entanto, não
precisamos nos preocupar, pois essas ferramentas estão cada vez mais acessíveis.
Como podemos ver, temos no SketchUp uma ferramenta ágil, poderosa e gratuita.
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CANDIDO, A. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades/Ouro sobre Azul, 2004.
PUPO, R. T. Panorama do Uso do Computador no Ensino de Projeto Arquitetônico e na
Disciplina de Informática Aplicada à Arquitetura: estudo de caso das escolas de arqui-
tetura brasileiras. 2002. 106 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)
– Faculdade de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2002. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/han-
dle/123456789/84050/188109.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 20 nov. 2018.
PYAMPY, R. História da computação gráfica. Brasília, DF: Fortium, 2018. Disponível em:
<https://pt.calameo.com/read/00151279882e6133d2b63>. Acesso em: 20 nov. 2018.

Leitura recomendada
CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
GIESECKE, F. E. Comunicação gráfica moderna. Porto Alegre: Bookman, 2002.
OLIVEIRA, J. Subáreas da Computação Gráfica. 31 jul. 2013 Disponível em: <http://cgur-
camp.blogspot.com/2013/07/subareas-da-computacao-grafica.html>. Acesso em:
20 nov. 2018.
OURCIOLLI, A. TI aplicada à arquitetura: o antes e o depois. Revista aU, n. 181, abr. 2009.
Disponível em: <http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/181/artigo131091-1.aspx>.
Acesso em: 20 nov. 2018.
RUSCHEL, R. C.; ANDRADE, M. L. V. X.; MORAIS, M. O ensino de BIM no Brasil: onde esta-
mos? Ambiente construído, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 151-165, jun. 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-86212013000200012&ln
g=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 nov. 2018.
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