Desenho Técnico

Desenho de Arquitetura - Introdução

BIM

Desenvolvimento do material
Jociane da Silva Araújo
1ª Edição
Copyright © 2022, Afya.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida,
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico,
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia
autorização, por escrito, da Afya.
Sumário
Desenho de Arquitetura - Introdução BIM
Para Início de Conversa… ................................................................................ 3
Objetivos .......................................................................................................... 4
1. O Desenho Feito à Mão Livre (Dobradura, Formatos, Carimbo,
Margem) 4
2. Desenho - Introdução BIM/REVIT ............................................................ 9
3. Isométrico - Instalação (Revit) .................................................................. 15
Referências ......................................................................................................... 18
Para Início de Conversa…
O surgimento da Modelagem da Informação da Construção (ou Building
Information Modeling, em inglês), segundo Lupo (2021), remete ao
desenvolvimento de pesquisas científicas em desenvolvimento desde
os anos 1970. A plataforma BIM é utilizada dentro da Indústria da
Construção Civil compatibilizando as informações durante todo o ciclo
de vida de um edifício e permitindo a incorporação e interoperabilidade
entre as diversas áreas contidas em um projeto (MIZUTANI et al., 2020).
por computador Computer-Aided Manufacturing (CAM), utilizados para o
projeto e fabricação de protótipos. Um exemplo de software adequado a
esses processos é o Fusion 360 (AUTODESK, 2021).
Neste capítulo, conheceremos o funcionamento e objetivos do software
Autodesk Revit. Estudaremos e aplicaremos comandos básicos por meio
de exercícios práticos de fixação, mas é fundamental compreender que o
domínio do software depende da prática contínua. Bons estudos!

Na prática atual, é constante a exigência pela manipulação simultânea

de vários programas computacionais, não sendo incomum profissionais
optarem por trabalhar artisticamente desenhos técnicos produzidos a
partir do sistema CAD no Adobe Photoshop, destinado à manipulação de
imagens digitais, ou no Sketchup, software destinado a gerar imagens
tridimensionais. É possível citar outros softwares destinados à prática
projetual, como ArchiCAD, Rhinoceros, Inventor, 3D Studio Max, Solid
Works, BIMx, Navisworks, entre outros.

Com essas múltiplas possibilidades, é comum ter dúvidas sobre qual o

programa mais adequado para o desenvolvimento de cada projeto; diante
disso, é importante o investimento em formação profissional continuada
e o intercâmbio com colegas de profissão. Outra questão importante é
a possibilidade de incorporação de processos de fabricação assistida

Desenho Técnico 3
Objetivos
▪ Entender a importância do desenho, tanto feito à mão livre quanto
com instrumentos necessários mais utilizados.
▪ Conceitos básicos sobre BIM aplicado ao software Revit.
▪ Construir um esquema básico de instalações no software Revit.
Desenho Técnico
1. O Desenho Feito à Mão Livre (Dobradura,
Formatos, Carimbo, Margem)
Para o ser humano, o desenho à mão livre é uma das formas mais
antigas de se expressar, sendo uma forma intuitiva para registrar as
ideias e impressões do momento ou objeto. Dentro da arquitetura e da
engenharia, o croqui é a ferramenta de desenho à mão livre utilizada
para expressar rapidamente uma ideia de projeto, e seu significado é
derivado do francês, que significa esboço ou rascunho. Segundo Souza
(2018), o croqui não se prende à utilização de nenhuma técnica de
desenho e não possui o comprometimento com a exatidão e precisão,
como podemos observar no exemplo da Figura 1.
Figura 1: Croqui do arquiteto Sérgio Ekerman. Fonte: Souza (2018).
4
A utilização dos croquis faz parte do processo criativo de desenvolvimento
de um projeto, e, mesmo cada vez mais com a utilização dos softwares
de projetos, muitos podem pensar que o ato de desenhar manualmente
está em desuso, mas, pelo contrário, é uma das formas mais utilizadas
pelos arquitetos em se expressar.
A representação gráfica das questões projetuais auxilia na compreensão
e assimilação das condicionantes e interferências do projeto, podendo o
croqui ser (SOUZA, 2018):
▪ croqui de conceito: expressam ideias iniciais de um projeto, podendo
ter imagens abstratas ou metafóricas;
▪ croqui de estudo: utilizados para o desenvolvimento de detalhamentos
do projeto, como questões estruturais, de iluminação ou conforto;
▪ croquis de observação: são registros de observação de outras
edificações, paisagem ou objeto, formando, assim, o repertório para
futuras soluções projetuais.
Mas, dentro do desenho à mão livre, é necessário respeitar as proporções
do projeto e suas escalas, e a utilização da escala humana, nesse
momento, é crucial para o entendimento do croqui. Podemos observar, na
Figura 2, diferentes sensações com relação ao pé direito dos ambientes
de acordo com a escala humana inserida.
Desenho Técnico
Figura 2: Escala humana, em croqui. Fonte: Souza (2018).
Quando voltamos à utilização do desenho técnico, precisamos utilizar
instrumentos e respeitar as dimensões de forma exata, diferentemente
dos croquis; além disso, é necessário seguir as normas brasileiras para
a padronização de suas representações. Dentro das regras que devem
ser seguidas, temos as dobraduras das folhas, formatos do papel, forma
de apresentação do carimbo e margem das folhas, que não somente
devem ser seguidas para os desenhos elaborados de forma manual, mas
também para os desenhos realizados por softwares, pois a impressão
desses projetos deve seguir as mesmas regras de representação gráfica.
Dentre as inúmeras normas brasileiras que tratam do desenho técnico,
a NBR 6492, que foi criada em 1980 e sofreu uma atualização em
2021, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), trata da
documentação técnica para projetos arquitetônicos e urbanísticos.
Existe, também, a NBR 16752, de 2020, que trata especificamente da
apresentação em folha.
Quanto aos tamanhos das folhas adotados para a elaboração de projeto,
segundo a NBR 16752 e também a NBR 6492, o formato básico da folha
5
A0 da série ISO-A tem medidas de 1189 mm x 841 mm. Na Figura 3, Referente à margem da folha, a mesma norma descreve que,
realizamos as subdivisões para a derivação dos demais formatos. independentemente de sua dimensão, toda margem deve estar à
esquerda, com distância de 20 mm – permitindo, assim, que a folha seja
A0
perfurada e arquivada –, e as demais distâncias com 10 mm de largura,
594 594
gerando o quadro para a área de desenho, conforme visto na Figura 4,
sendo que a linha desse quadro deve ter uma largura de 1 mm.

A2
1 2 3 4
297 297

A1 841 Designação Dimensões mm

210 A4 A0 841 x 1189
A3 420 A1 594 x 841
210 A4 A2 420 x 594
A3 297 x 420
10
1189
A4 210 x 297
LEGENDA:
Figura 3: Formatos de folhas da série ISO-A. Fonte: Adaptada de ABNT (2020). 1 Contorno do formato
Para essas medidas apresentadas, as folhas de desenho podem ser 2 Margem
utilizadas tanto na posição horizontal como na vertical. E, quando 3 Quadro
necessário, esses formatos podem sofrer uma combinação das dimensões 20
4 Espaço para desenho
de lado maior, criando formatos mais alongados, o que chamamos de
folhas estendidas. Figura 4: Margem e Quadro. Fonte: Adaptada de ABNT (2020).

Desenho Técnico 6
Além da margem, usualmente utiliza-se um sistema de malha para as
folhas de desenho, facilitando o dobramento das folhas para serem
arquivadas, conforme visto na Figura 5.
Figura 5: Sistema de referência por malha no formato A3. Fonte: Adaptada de ABNT (2020).
Dentro da área de desenho gerada (linha mais espessa da margem da
Figura 5), utilizamos o canto inferior direito para a inclusão da margem,
também chamada de legenda, que é um espaço para incluir informações
Desenho Técnico
complementares ao projeto – como notas, tabelas e textos –, e o espaço
livre para distribuir os elementos gráficos do projeto (plantas, cortes,
fachada, detalhes…), como podemos observar na Figura 6.
Figura 6: Disposição dos espaços na folha de desenho (preferencial).
Fonte: Adaptada de ABNT (2020).
Dentro do espaço destinado à legenda ou carimbo, inserimos diversas
informações essenciais para a identificação do seu projeto, tais como o
nome do proprietário, o autor do projeto, o título do projeto, o número da
folha, a escala adotada, a data de emissão, bem como outras informações
7
que se façam necessárias – isso, claro, vai depender tanto do tipo de tipo de dobra. Conforme
projeto como para quem será apresentado, se apenas para o cliente, foram surgindo as cópias
para a faculdade ou para um órgão público; o importante, nesses casos, heliográficas dessas
é, ao identificar a quem será entregue, buscar as regras do próprio local. plantas (uma espécie
de xerox em tamanho
O carimbo deve ser posicionado na horizontal do canto inferior direito da grande) e os projetos
folha, preservando sua largura de 180 mm de comprimento, facilitando, impressos a partir
assim, o dobramento da folha posteriormente. A altura do carimbo é dos softwares, surgiu
variável conforme cada órgão, como podemos observar na Figura 7. a possibilidade
desse arquivamento
de projetos ser em
formato A4, o que
facilita muito a gestão
de espaço para sua
organização. Mas, para se
arquivar um projeto de uma
folha A0, por exemplo, em um
formato A4, é necessário que essa folha
seja dobrada, e a norma também apresenta a
Figura 7: Exemplo de legenda. Fonte: ABNT (2020).
forma correta de realizar essa dobra, permitindo que o projeto arquivado
Antigamente, quando os projetos eram realizados em folha vegetal e possa ser aberto livremente sem ser necessário retirá-lo da pasta, como
com caneta nanquim, o arquivamento era feito por meio de mapotecas, podemos observar na Figura 8.
grandes armários onde essas plantas eram guardadas sem nenhum

Desenho Técnico 8
 2. Desenho - Introdução BIM/REVIT
O sistema Building Information Modelling (BIM) propõe a otimização
do trabalho colaborativo em arquitetura e urbanismo, permitindo a
edição e reprodução simultânea de um mesmo modelo digital por
diversos profissionais. O software Autodesk Revit tornou-se um dos mais
conhecidos para a criação de modelos BIM no Brasil, embora não seja o
único software a trabalhar com a plataforma BIM (existem mais de 200
softwares que utilizam essa metodologia no mercado).

A tecnologia BIM foi viabilizada graças ao incremento da capacidade de

processamento dos computadores, permitindo uma relação direta entre
o processo de projeto e sua fabricação, chamada de “contínuo digital”
(KOLAREVIC, 2003 apud GOMES, 2016).

A grande diferença da modelagem BIM para a modelagem CAD é que

Figura 8: Dobramento de cópia para os formatos A0, A1, A2 e A3.
Fonte: Adaptada de ABNT (2020).
o BIM adota a modelagem parametrizada para a construção virtual de
objetos edificáveis, peças gráficas (plantas, cortes, fachadas) geradas
automaticamente a partir de um modelo 3D; o usuário não trabalha com
elementos vetorizados do desenho (linhas, pontos e formas geométricas),
mas com objetos virtuais tridimensionais (escadas, portas e janelas).
Dada a parametrização, qualquer alteração de especificações nos
elementos incluídos no projeto desencadeiam a alteração automática
de todos os desenhos e quantitativos ligados a ele, proporcionando

Desenho Técnico 9
uma agilidade no processo projetual e minimizando a necessidade de
retrabalho (LUPO, 2021).
Modelar uma edificação em BIM seria equivalente a erguer um edifício
virtual antes de sua construção física, sendo esse modelo uma base de
dados alimentada por informações fornecidas pela equipe, funcionando
como um protótipo digital do edifício real, permitindo a colaboração
simultânea de todos os profissionais envolvidos no processo de projeto
e em todas as especialidades de projetos para essa edificação, desde
a modelagem da arquitetura, da estrutura, das instalações hidráulicas,
elétricas, ar-condicionado, dentre outras diversas especialidades.
Observe a Figura 9.
Figura 9: Modelagem de um edifício em BIM. Fonte: Pinheiro (2018).
Desenho Técnico
Essa possibilidade de visualização e compatibilização de projetos
favorece a detecção dos famosos “clash detection” ou “detecção
de interferências”, que é uma ferramenta fundamental para a
compatibilização do projeto, evitando, assim, retrabalho durante
a execução da construção. Segundo Mengaro e Piccinini (2017), a
interação entre os profissionais é determinante para o desenvolvimento
dos processos (mediante a realização de reuniões presenciais ou por
videoconferência, telefonemas, e-mails e mensagens de texto), sendo
importante que, para o sucesso do projeto, os objetivos definidos para
as equipes estejam bem definidos e acordados entre os profissionais
envolvidos no projeto, havendo comprometimento e colaboração mútua.
Os modelos BIM servem para a simulação, complementação ou validação
de cálculos matemáticos, cujos resultados podem contribuir para a
melhoria dos processos de tomada de decisão.
A Autodesk oferece dois tipos de provas para a certificação para o uso
do Revit Architecture: o exame de usuário certificado e o exame de
profissional certificado. Com essa certificação, você poderá ministrar
cursos e comprovar sua capacidade técnica na utilização do software,
mundialmente (algumas empresas já pedem a certificação como
documento para contratação).
10
Uma ferramenta importante dentro do BIM é a correta utilização e
classificação de cada etapa, que chamamos de Level of Detail (LOD) ou
Nível de Desenvolvimento (ND). Segundo Lupo (2021), essa informação
permite que os profissionais avaliem o grau de confiabilidade das
informações associadas aos elementos da modelagem do projeto,
auxiliando nas tomadas de decisão. Essa padronização dos LODs, como
demonstrado no Quadro 1, mostrou-se necessária para garantir maior
eficiência no desenvolvimento dos projetos; o conceito do uso dos LODs
adotado, em 2008, pelo Instituto Americano de Arquitetos (AIA) definiu
cinco níveis de desenvolvimento, sendo adotado até os dias de hoje.
Adequado às fases iniciais do projeto. Os elementos do modelo são peças
LOD 100
gráficas simples, representações geométricas ou símbolos bidimensionais.
Os elementos do modelo são parcialmente definidos e genéricos. Suas
LOD 200
quantidades, tamanho, forma e localização são aproximados.
O modelo é representado com precisão, contendo dimensões exatas com
LOD 300
tamanho, forma e quantidades definidas.
Os elementos são representados de modo preciso, contendo informações
referentes à quantidade, tamanho, forma, localização e interface com
LOD 350
outros sistemas. O modelo apresenta indicações para a compatibilização
de projetos e verificação de interferências.
Desenho Técnico
Descreve, de modo preciso e detalhado, as informações básicas para
LOD 400 a construção dos elementos, que podem ser aferidas diretamente no
modelo.
Representa as funções da vida real dos elementos, incluindo todos os
níveis de desenvolvimento, suas definições e detalhes. Adotado em
LOD 500
projetos relacionados ao patrimônio edificado (H-BIM) ou na realização
de levantamentos As Built.
Quadro 1: LODs. Fonte: Adaptado de Lupo (2021).
Aos estudar e pesquisar mais sobre BIM, você encontrará a terminologia
das dimensões do BIM. Segundo Mizutani et al. (2020), essas
definições utilizadas dentro do desenvolvimento do projeto podem ser
exemplificadas como:
▪ 3D: utilizado para a representação da forma, apresentação do projeto;
▪ 4D: é a coordenação do tempo gasto no projeto, a interação entre as
diferentes etapas e o cronograma da obra;
▪ 5D: apresenta o orçamento necessário para a construção do edifício;
▪ 6D: tem como foco a utilização consciente de consumo de energia,
isolamento térmico e acústico, utilização de luz natural e os materiais
sustentáveis na construção;
▪ 7D: armazena as informações técnicas referentes ao projeto, como
prazos de garantia, especificações, manuais, planos de manutenção e
substituição de peças e equipamentos.
11
Alguns outros pesquisadores, como Souto e Roriz (2021), já trabalham “divergência” existe entre pesquisadores, pois, além das tecnologias
com o conceito de 10 dimensões do BIM, como podemos observar na avançarem de forma quase que exponencial, muitos consideram que
Figura 10. essas dimensões citadas já estão embutidas nas outras.

1D 2D 3D 4D 5D
Conceito Planos Modelo Planificação Pressuposto Apesar das grandes vantagens do uso e implantação do BIM, no Brasil,
sua utilização vem ocorrendo de maneira lenta quando comparada
com outros países do mundo, a exemplo do Reino Unido, China, Japão e
Finlândia.

10D
6D 7D 8D 9D CIM (City No Brasil, o uso do BIM é regulamentado pela NBR 15965/2017 e
information model)
Sustentabilidade Manutenção Segurança e saúde Lean Construction -
Construção digital
pelo Decreto Federal nº 9.377/2018 (revogado e substituído pelo
Decreto Federal nº 9.983/2019), que instituiu a Estratégia Nacional
de Disseminação do BIM e busca contribuir para a adaptação do setor
público ao uso da tecnologia (MIZUTANI et al., 2020). Por sua vez, o
Decreto Federal nº 10.306/2020 estabeleceu o uso do BIM na execução
Figura 10: Dimensões do BIM, do 1D ao 10D. Fonte: Adaptada de Souto; Roriz (2021).
direta e indireta de obras e serviços de engenharia realizados por órgãos
Na primeira dimensão, há o acréscimo da concepção do projeto básico; e entidades da administração pública federal.
na segunda dimensão, dos planos e apresentação do projeto em CAD;
Até aqui, vimos muitas informações relacionadas ao BIM, agora,
na oitava dimensão, da segurança dos dados e informação; da nona entraremos especificamente no Revit. O Revit, segundo Cruz (2019), foi
dimensão, com o Lean Construction ou construção enxuta, e da décima criado em 1997 pela empresa Charles River Software; em 2000 foi lançada
dimensão, com a construção industrializada, ou a indústria 4.0. Essa sua primeira versão estável para utilização e, após dois anos, em 2002,

Desenho Técnico 12
 a Autodesk adquiriu os direitos do
software. Além da versão para
arquitetura, conhecida como
Revit Architecture, o programa
possui as versões Revit MEP,
para projetos de instalações,
Revit Structure, para projetos
estruturais, Revit One Box, que
é um aplicativo de comandos
de automatização de processos,
e o Revit LT, que é similar ao Revit
Architecture, porém com limitações
de comandos e um custo mais acessível
da licença.
Com o Revit, ao mesmo tempo em que você constrói o projeto em 2D, é
construído automaticamente em 3D, bem como os cortes e elevações do
projeto. Cada elemento pode ser editado com facilidade. Outra vantagem
é a aceleração e maior precisão obtida durante os processos de
extração de quantitativos; no AutoCad, esse levantamento deve ocorrer
manualmente. O BIM tem se mostrado capaz de reduzir a solicitações
de informações (Requests for Information) durante a construção em até
60% e de diminuir a emissão de pedidos de mudança da engenharia
(Engineering Change Orders) em mais de 90% (ABDI, 2017).
Desenho Técnico
Entre no website da Autodesk (https://www.autodesk.com.br/) e inicie o
download do software em seu computador. É possível baixar a versão
gratuita de avaliação por 30 dias, as versões de estudante (sob envio
da documentação de vínculo com a instituição de ensino), ou realizar a
assinatura do software (mensal ou anual). Algumas dicas, recomendadas
pelo fabricante, são importantes: verificar se seu computador possui
espaço suficiente na unidade de disco rígido, sendo que, no caso da
instalação do Autodesk Revit 2020, são necessários 5GB de espaço de
disco livre; desativar temporariamente softwares de verificação de vírus,
pois, geralmente, eles impedem a instalação do software; usar conexão
com a internet de no mínimo 10 Mbps, e reiniciar o computador depois
da instalação.
Recomendamos a instalação da versão do software em português,
pois o Revit demanda informações específicas sobre os componentes
inseridos no projeto, requerendo elevado grau de expertise em idiomas
estrangeiros; mas também é possível alterar o idioma do Revit mesmo
depois de instalado de forma muito simples: basta, com o software
fechado, clicar no atalho com o botão direito do mouse e ir nas
“Propriedades” e, na aba “Atalho”, deixar na linha “Destino” as siglas PTB
ao final, como podemos ver na Figura 11.
13
 Francês FRA Coreano KOR
Alemão DEU Polonês PLK
Espanhol ESP Chinês simplificado CHS
Português do Brasil PTB Russo RUS

Quadro 2: Códigos de idiomas para Revit. Fonte: Adaptado de Lupo (2021).

Muitos projetistas, com a importação de projetos desenhados nos

Figura 11: Alteração do idioma no Revit. Fonte: Elaborada pela autora.
sistemas CAD para o Revit, e a partir desse modelo-base, passam a
modelar dentro do Revit. Não existe um certo ou errado, mas, sim,
a forma que você melhor se adaptada na utilização do software e a
forma mais ágil para a elaboração do seu projeto, pois
também existem muitos projetistas que aboliram
por completo os softwares CAD e realizam o
projeto do zero nos softwares BIM.

Cada país tem uma sigla específica que o rege. No Quadro 2, podemos Mas, caso você queira importar um
observar alguns dos códigos principais. arquivo do Autocad para o Revit, basta
ir na aba “Inserir” → “Importar CAD”,
Idioma Sigla Idioma Sigla como observado na Figura 12. Ao
selecionar essa opção, abrirá uma
Inglês EUA ENU Italiano ITA
janela de Explorer, e você poderá
Inglês Reino Unido ENG Japonês JPN localizar o arquivo desejado e
selecioná-lo.

Desenho Técnico 14

Figura 12: Importar arquivo Cad para Revit. Fonte: Elaborada pela autora.
Outra janela surgirá. Antes de clicar em “OK” para importar o arquivo, é
importante observar alguns parâmetros que precisam ser alinhados:
▪ em “Cores”, você pode tanto deixar no “Preservar” – e virão todas as
cores dos layers feitos no Cad – quanto escolher a opção “Preto e
Branco” – e sua importação virá de uma forma mais neutra;
▪ em “Posicionamento”, deixe sempre em “Auto – Centro” para centro,
pois, assim, seu arquivo virá centralizado na área de trabalho do Revit;
▪ em “Unidades de importação”, sempre coloque a opção em Metros,
para que já venham configuradas corretamente as unidades;
▪ em “Colocar em”, deixe na opção da planta de piso, caso queira que
sua importação seja visualizada.
Desenho Técnico
Só após essas correções clique em “OK”, e seu arquivo será importado
para a área de trabalho do Revit.
Caso tenha qualquer dúvida no uso das terminologias do BIM, uma
ótima fonte de consulta é o dicionário BIM, que pode ser consultado
gratuitamente pelo site BIMDictionary.
3. Isométrico - Instalação (Revit)
Cada item no Revit se define como um elemento. Os elementos
correspondem a itens no mundo real, possuindo características
específicas, como paredes, portas, janelas, pisos, pilares, dentre tantos
outros. Esses elementos do modelo podem ser divididos em Hospedeiros
e Componentes, sendo os hospedeiros itens construídos na obra, ou
seja, que dependem de um elemento já construído para ser inserido
dentro dele. Já os componentes são os objetos produzidos fora e, depois,
instalados na obra. Os objetos de anotação são elementos usados para
fazer anotações no projeto. Por fim, os elementos de vista correspondem
a todas as vistas do desenho acessadas pelo Navegador de Projeto.
15
 No Revit, podemos trabalhar com
as ferramentas de arquitetura e
estrutura, mas também existe
a opção de realizar os projetos
de instalações. Usualmente,
os projetos de instalações
executados tanto manualmente
como no AutoCad trabalham
através da perspectiva isométrica,
em sua representação tridimensional,
o que já é um grande ponto positivo,
pois, no Revit, trabalhamos da mesma
forma.

Os projetos de instalações dentro de uma edificação são parte dos

projetos complementares que envolvem as disciplinas de hidráulica,
esgoto, pluvial, elétrica, Sistema de Proteção contra Descargas
Atmosféricas (SPDA) e Circuito Fechado de TV (CFTV).
Figura 13: Inserir componentes no Revit. Fonte: Elaborada pela autora.

Dentro da Hidraúlica, os projetos são compostos, basicamente, de tubos
e conexões, e podemos, dentro do Revit, realizar a inserção desses tubos
e conexões através dos componentes, no caso do Revit Architecture,
como podemos observar na Figura 13.
Após acionar o comando “Inserir um componente”, abrirá uma nova
janela chamada “Carregar família”, na qual você poderá buscar a pasta
Brazil dentro da biblioteca do Revit, buscando pasta tubulação ou a
pasta hidráulica – essas são duas pastas nas quais você poderá encontrar
muitos componentes já modelados para a inserção em seu projeto
hidráulico.

Desenho Técnico 16

Figura 14: Janela “Carregar família”. Fonte: Elaborada pela autora.
A forma mais usual para projeto hidráulico dentro do Revit é utilizando
a aba “Sistemas”, dentro do menu de Ferramentas, representado na
Figura 15. Lá podemos encontrar diversas ferramentas relacionadas às
instalações de um projeto.
Desenho Técnico
Figura 15: Aba “Sistemas”. Fonte: Elaborada pela autora.
Também podemos utilizar o Revit MEP, que é um plugin para a elaboração
dos projetos hidrossanitários e elétricos. A vantagem é que, nele, esses
componentes serão mais facilmente localizados.
Da mesma forma que os comandos de arquitetura, nas instalações
também podemos gerar quantitativos e tabelas de forma automática,
agilizando nosso processo de produção e, claro, fazendo parte da
metodologia BIM.
Neste capítulo, vimos que a modelagem da informação da construção,
ou BIM, é um dos mais promissores desenvolvimentos dentro da
indústria relacionada à arquitetura, engenharia e construção, em
que o modelo virtual do projeto a ser edificado é preciso, completo e
contém, além das questões geométricas e espaciais, as informações e
dados para sua construção e fabricação, bem como o fornecimento
de insumos necessários. Trabalhamos, também, o conceito do BIM
e seu emprego dentro da construção civil, os benefícios quanto à
agilidade e confidencialidade da informação, bem como a facilidade de
17
interoperação, ou seja, a possibilidade de mais de uma pessoa trabalhar
no mesmo projeto simultaneamente.
Entende-se que existem inúmeros recursos e comandos dentro do
software Revit apresentado e que, como citado no início deste capítulo,
são necessários treino e prática constantes para seu aperfeiçoamento.
Então, mãos à obra!
Referências
ABDI. BIM na Quantificação, orçamentação, planejamento e gestão de
serviços da construção. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
Brasília: ABDI, 2017.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
16752:2020. Desenho técnico - requisitos para apresentação em folha
de desenho. Rio de Janeiro, 2020.
AUTODESK. Projete. Construa. Autodesk it. 2021. Disponível em: https://
www.autodesk.com.br/. Acesso em: 25 out. 2021.
CRUZ, T. O que é Revit? Entenda como o programa otimiza o tempo e
cria projetos mais completos. Revista VivaDecoraPRO, 2019. Disponível
em: https://www.vivadecora.com.br/pro/revit/. Acesso em: 8 fev. 2022.
Desenho Técnico
EASTMAN, C. et al. Manual de BIM: um guia de modelagem da informação
da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e
incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014.
GOMES, M. et al. Parametrização para além do processo de projeto:
experimentando aberturas para interação. In: SIGraDi 2016, XX
Congresso de la Sociedad Ibero-Americana de Gráfica Digital. Buenos
Aires, 2016.
LUPO, B. M. Elementos de CAD para Projeto - Apostila Didática. DTCOM.
Florianópolis: 2021.
MENGARO, B. F.; PICCININI, A. C. Aplicação da metodologia BIM
(Building Information Modeling) no processo de projeto, com foco em
compatibilização. 2017. Curso de Engenharia Civil, UNESC, 2017.
MIZUTANI, M. N. P. et al. A transformação no projetar e na tomada de
decisão com o uso do BIM. Brazilian Journal of Development, v. 6, n.7,
2020. Disponível em: https://brazilianjournals.com/index.php/BRJD/
article/view/13655/11435. Acesso em: 8 fev. 2022.
PINHEIRO, A. P. B. Desafios na adoção da Modelagem da Informação da
Construção – BIM. Engenharia e Arquitetura, 2018. Disponível em: https://
www.engenhariaearquitetura.com.br/2018/11/desafios-na-adocao-da-
modelagem-da-informacao-da-construcao-bim. Acesso em: 8 fev. 2022.
18
SOUTO, G. P. G.; RORIZ, P. J. M. A utilização do software Revit e a
compatibilização de projetos desenvolvidos no BIM. Pontifícia
Universidade Católica de Goiás, 2021. Disponível em: https://
repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2036/1/
Trabalho%20de%20Conclus%C3%A3o%20de%20Curso%20II%20-%20
Giovanna%20P.pdf. Acesso em: 8 fev. 2022.

SOUZA, J. P. Desenho técnico arquitetônico. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

Desenho Técnico 19