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CONTEXTUALIZAÇÃO
A área da construção civil experimenta uma fase de transição na maneira de pensar
e conceber o projeto da obra. Por muito tempo, a representação gráfica
bidimensional (2D) manteve-se como linguagem padrão de registro e de
transmissão de informações. Porém, hoje, esta linguagem não é suficiente para as
necessidades dessa indústria.
Por isso, em vários países a modelagem 3D, aliada às tecnologias digitais, vem
sendo utilizada para a elaboração de projetos de arquitetura e de engenharia, com
modelos inteligentes que englobam todas as fases da edificação, do projeto à
manutenção. No Brasil, conforme Decreto nº 9.377/2018 que institui a Estratégia
Nacional de Disseminação do Building Information Modeling, essa metodologia
será exigida a partir de 2021 para os projetos e construções brasileiras.
A Metodologia BIM permite registrar, organizar, sistematizar, tratar e compartilhar
informações dos empreendimentos, de maneira eficiente e fidedigna. Traz as
premissas de transparência nos processos, o que implica compartilhamento e
rastreabilidade da informação em tempo real, e promove a evolução nos processos
de projeto, construção e operação, além da redução de erros, tempo e custo. Mas,
para isso, a metodologia precisa ser iniciada com diagnóstico e planejamento
customizados; estar incorporada ao plano estratégico da empresa, em sua política,
uma vez que a decisão de adoção do BIM sinaliza uma mudança de cultura
organizacional. Não é uma ação isolada do departamento de projeto de arquitetura,
nem uma substituição de software de desenho, e não se resolve com a contratação
de uma consultoria externa.
Por isso, o profissional que apresentar fluência nas linguagens do BIM será
valorizado pelo grande potencial de participar, ou até liderar a implantação dessa
metodologia nas empresas.
Os estudos que você realizará agora lhe ajudarão, como profissional, a se inserir no
universo BIM!
HISTÓRICO
Sabemos que a humanidade constrói há muito tempo, e algumas construções muito
antigas resistem até hoje, como as pirâmides no Egito, os aquedutos romanos,
estradas e edifícios que são fontes de pesquisa e de inspiração para a evolução dos
processos da área da Construção Civil.
Acompanhe, na linha do tempo abaixo, esta evolução até o uso do BIM. Clique nos
círculos para acessar o conteúdo
2018 – SENAI-SP
O SENAI-SP participa de uma missão organizada pelo Ministério do
Desenvolvimento entre Brasil e Reino Unido para troca de experiências e de
tecnologia.
Lançamento da REDE BIM SENAI-SP, propondo organizar a cadeia industrial da
construção civil, visando promover e facilitar a adoção da metodologia BIM para
aumentar a competitividade da indústria brasileira, desenvolvendo soluções e
serviços técnicos, tecnológicos e educacionais.
Podemos ter vários tipos de parâmetros. Clique nas abas para conhecer mais sobre
eles:
Parâmetros Dimensionais
Definem a dimensão do objeto. Por exemplo, altura, comprimento, área e volume.
Suas unidades de medida devem ser configuradas antes de iniciar o projeto.
Dependem das condições solicitadas pelo elemento (porta/janela) e pelo hospedeiro
(parede).
Os elementos possuem parâmetros dimensionais diferentes, por isso, para cada tipo
de família há uma tabela específica. Existem condições diferentes até entre as
próprias famílias, porque suas geometrias e posições de instalação na parede são
diferentes.
Parâmetros de Materiais
Além da estética, apresentam propriedades fundamentais para representação gráfica
e para as análises de engenharia.
Em uma porta, por exemplo, temos os materiais da folha da porta e dos batentes.
Podemos modificar os materiais utilizando uma lista básica, nativa do software, ou
de uma lista criada pelo usuário, assim como as propriedades físicas de materiais
existentes no sistema e seu isolamento térmico.
Parâmetros de Instalações Hidráulicas
Os parâmetros de diâmetro interno e externo de um tubo, ângulos de encaixe,
penetração do tubo na conexão, perda de carga, tipo de utilização, água fria, quente,
pluvial e esgoto são requisitos importantes para o projeto.
Os sistemas incorporam parâmetros que, normalmente, são estabelecidos em
normas técnicas.
Parâmetros de Instalações Elétricas e Mecânicas
Parâmetros para eletrodutos, fios, calhas, luminárias, quadros de distribuição de
energia, sistemas de ar condicionado, escadas rolantes e elevadores.
Os parâmetros mais comuns são bitola e tipo de fio, diâmetro de eletrodutos, tipos
de circuito, rede de entrada de energia, tipos de luminárias e pontos de consumo.
Com esses dados é possível analisar e dimensionar uma instalação elétrica.
Parâmetros de Estrutura
São requisitos para vigas, pilares, lajes e fundações. São considerados os materiais
estruturais como concreto, aço, madeira entre outros. Alguns requisitos importantes
são resistência à compressão, à tração e ao cobrimento do aço.
Por exemplo, para estruturas de madeira e aço há parâmetros importantes como:
resistência à compressão, tração, flexão, torção, coeficientes de dilatação,
deformação e resistência ao cisalhamento em decorrência da instalação de
parafusos, propriedades para soldagem e ângulos de encaixe das peças.
USOS DO BIM
Existem vários usos para o BIM nas quatro fases do
empreendimento: planejamento, projeto, construção e operação.
A Universidade do Estado da Pensilvânia (EUA) listou vinte e cinco tipos de usos,
dividindo-os em usos primários e usos secundários. Veja abaixo no quadro
Usos primários: são aqueles fundamentais para a
execução do empreendimento.
Usos secundários: são atividades de suporte aos usos
primários. Por exemplo, a Avaliação LEED
Sustentabilidade que pode ser usada nas Análises
Energéticas e Luminotécnicas.
Os usos podem fazer parte de uma ou de várias etapas do empreendimento. Por
exemplo, o design autoral é realizado somente na etapa de projeto, enquanto a
estimativa de custos percorre as etapas de planejamento, projeto, construção e
operação, pois é necessário estimar os custos de todas as etapas e atualizar o
relatório financeiro durante todo o processo.
Detalharemos a seguir os usos do BIM em uma Situação de Aprendizagem, com
aplicações práticas de resolução de desafios.
As ferramentas BIM são utilizadas para localizar um local ideal para a implantação
do projeto ou, no caso de não ser possível a mudança de localidade, prever as
consequências da construção no local e as formas viáveis para minimizar os riscos
e manter a segurança e a estabilidade do empreendimento.
A topografia e o georreferenciamento também são fundamentais para projetos
rodoviários. Antigamente, usávamos somente a topografia, mas com a possibilidade
de georreferenciamento, mesclamos os dados de mapas de satélite com o modelo da
estrada.
ESTIMATIVA DE CUSTOS
A estimativa de custos está presente em todas as fases do empreendimento, no
planejamento, no projeto, na construção e na operação.
Fase de planejamento - o modelo básico fornece
informações para estimar custos e analisar a
viabilidade do empreendimento.
Fase de projeto - a estimativa de custos tem como
base os projetos básicos de arquitetura e engenharia.
Com as ferramentas do BIM, podemos simular
mudanças no projeto e verificar o impacto no custo do
empreendimento. A vantagem é que se o projeto for
bem modelado, as mudanças no empreendimento
poderão ser feitas com maior velocidade do que em
um processo convencional utilizando CAD, pois todos
os envolvidos no processo terão acesso às informações
em tempo real. Além disso, como não precisamos
quantificar manualmente em softwares BIM,
terminado o modelo, podemos extrair os quantitativos
e atualizar o orçamento.
Nas mudanças de projeto - podem ser
analisadas por meio das mudanças de orçamento
e o dono do empreendimento pode decidir sobre
opções de acabamento, dimensão dos cômodos
etc.
Na finalização dos projetos executivos - extrair
todos os quantitativos do modelo BIM e enviá-los
para um software de orçamento. No ambiente do
software, é possível gerar o orçamento final,
calcular a quantidade de materiais para cada
serviço e a quantidade de horas de trabalho.
Fase de construção - em caso de imprevistos, os
dados extraídos do modelo facilitam a busca por
soluções mais viáveis, inclusive economicamente.
Na operação do empreendimento - o BIM imprime
assertividade em reformas e adequações, pois seus
dados facilitam a estimativa de custos. O projeto pode
ser passado para um modelador que faz as alterações
da reforma ou adequação e repassa os quantitativos e
desenhos técnicos para orçamento das empresas de
manutenção. Com isso, os orçamentos devem vir com
a mesma base de informações, evitando discrepâncias
de orçamentos (uma empresa orça um valor baixo e
outra empresa orça um valor alto).
PLANO DE UTILIZAÇÃO
A implantação da metodologia BIM se baseia em quatro fundamentos: tecnologia,
pessoas, processos e procedimentos. O sucesso da implantação depende de cada um
deles, por isso, sua relação deve ser harmônica.
Clique nos números em destaque na imagem para saber mais
Assim que inicia o processo de adoção, é importante que a empresa tenha mapeado
os seus processos, com fluxos e indicadores, de forma que as equipes atuem de
maneira alinhada à metodologia BIM.
O plano de trabalho para adoção da metodologia BIM começa com a definição do
fluxo de trabalho, cronograma, funções e responsabilidades dos envolvidos,
especificação dos entregáveis, método de comunicação, sistema de banco de dados,
arquivos e informações, nível de detalhe em cada fase e especificação do uso do
modelo em todo o ciclo de vida da edificação, definição de objetivos e metas.
Veja o exemplo de roadmap com as principais ações a serem desenvolvidas para se
alcançar os objetivos atrelados à adoção do BIM.
IMPLANTAÇÃO DO BIM
O plano de adoção da metodologia BIM implica uma reestruturação nos processos,
e deve apresentar procedimentos, especificações, descrições, fluxogramas entre
outros documentos. A adoção desta nova metodologia precisa ser relevante para a
organização, pois é um trabalho desafiador para todos, uma vez que eles serão os
protagonistas na reestruturação dos processos e da proposição de novas metas e
indicadores como:
Quantidade de horas técnicas/m² de projeto,
considerando-se a variação de tipologias e de porte
entre projetos.
Faturamento mensal/anual por posto de trabalho.
Horas despendidas em atividades de revisão de projeto
após entrega.
Percentual de reaproveitamento de materiais no
canteiro.
Taxa de produtividade.
Eficiência energética.
Taxa de assertividade de decisões de projeto.
Taxa de satisfação do cliente proprietário ou usuário
do empreendimento.
Investimento em capacitação da equipe e a aquisição
de infraestrutura (equipamentos e softwares).
Com equipe treinada e recursos tecnológicos, é possível iniciar um projeto piloto,
avaliar seu desempenho, promover os ajustes necessários, adequando os
procedimentos até a consolidação do uso da metodologia.
Nesta etapa, é fundamental o uso de softwares de criação de projetos, programação
de obra, integração de projeto e modelagem de condições existentes. A equipe
precisa ser capaz de criar e editar modelos 3D, avaliar cronogramas de construção
com modelo, entender os meios e os processos típicos de construção e de sistemas
construtivos e ainda ter a capacidade de traduzir o conhecimento de obra para o
meio virtual e vice-versa.