Você está na página 1de 4

BIM: OPORTUNIDADES, DESAFIOS, NECESSIDADE

A história do BIM iniciou-se em 1974, quando Charles Eastman mencionou


pela primeira vez o conceito de desenho de edificações a partir de modelos
parametrizados. O termo Building Information Modeling, no entanto, foi apenas
oficializado em 1992 em uma publicação dos professores estadunidenses G.A
van Nederveen e F. Tolman. Decorridos 46 anos da primeira discussão, o tema
da implantação da metodologia BIM continua sendo um assunto atual e
inovador.

Seguindo as tendências internacionais e espelhando-se nos exemplos bem-


sucedidos alcançados em países como o Japão, Cingapura, Estados Unidos,
Chile e Holanda; o Brasil iniciou sua jornada discreta no mundo BIM.

Em 2017, o Chefe do Poder Executivo Federal instituiu, através do Decreto


Federal de 05 de junho de 2017, o Comitê Estratégico de Implantação do BIM,
o qual um ano depois logrou êxito em desenvolver um roadmap, formulando a
Estratégia Nacional de Disseminação do BIM no Brasil, contendo um plano
detalhado com objetivos, metas e marcos.

Referido Decreto Federal veio a ser substituído pelo de no 9.377, de 17 de maio


de 2018 e posteriormente pelo de no 9.983, de 22 de agosto de 2019, os quais
instituíram o Comitê Gestor de Implantação do BIM, bem como estabeleceram,
dentre outras diretrizes, a atribuição do Comitê Gestor para atuar no sentido de
que os programas, projetos e as iniciativas dos órgãos e das entidades
públicas que contratam e executam obras públicas sejam coerentes com a
Estratégia BIM BR (conforme art. 5º, inciso III, do Decreto no 9.983/2019).

Embora alvo de críticas acerca da falta de tecnicidade e especificidade, essas


previsões normativas compõem um conjunto de medidas que revelam um
primeiro passo concreto em direção ao objetivo de utilização geral da
metodologia BIM em todas as etapas de elaboração de empreendimentos no
Brasil.
Apesar da implantação da metodologia BIM na Construção Civil brasileira,
tanto no âmbito público como no privado, ainda estar em sua fase inicial, já é
possível detectar uma maior difusão do tema. A informação e o conhecimento
sobre essa ferramenta está gradativamente sendo mais disseminada e
acessível, e empresas do setor privado que acreditaram nas oportunidades
gerados pelo BIM, já desfrutam dos benefícios que a metodologia tem a ofertar
nas diversas etapas de um empreendimento e nas várias disciplinas que
compõem a construção de um empreendimento.

Na fase preliminar à elaboração do projeto, a aplicação da metodologia tem o


potencial de facilitar a parametrização do empreendimento, tornando sua
compreensão facilitada por parte dos stakeholders, além de proporcionar maior
assertividade nas projeções e facilidade de execução e análise de simulações.

Na fase de projeto, etapa em que a utilização do BIM está mais avançada, a


sua adoção melhora a qualidade do desenho, facilita e enriquece o
detalhamento e o acesso à informação, mitiga a ocorrência de interferências
entre subsistemas construtivos, melhora a visualização do empreendimento,
entre diversos outros benefícios já confirmados.

Na fase de orçamentação, o BIM possibilita um levantamento de serviços e


quantitativos mais assertivo, proporcionando uma previsão de gastos menos
imprevisível. Na fase de planejamento e acompanhamento, a implantação
dessa metodologia pode melhorar a eficiência do canteiro de obras, ao
possibilitar a previsão do fluxo de pessoas e materiais; reduzir as
imprevisibilidades; tornar o acompanhamento dos registros de progressão da
obra e comparação com a evolução planejada mais visual, fácil e acessível;
podendo ainda reduzir a equipe de administração local da obra.

Já na fase de uso e operação do empreendimento, a adoção do BIM pode


facilitar o acesso às informações de operação e manutenção, proporcionando
facilidade para um uso mais adequado da instalação, o que melhora seu
desempenho e aumenta sua vida útil.
No entanto, apesar dos inúmeros benefícios citados, algumas dificuldades e
desafios deverão ser superados para que o aproveitamento da implantação do
BIM seja a mais proveitosa possível. Para isso, a transição entre a
metodologia tradicional e a metodologia BIM deverá ser gradual e envolver a
readequação dos processos realizados, a capacitação das pessoas, a
atualização da tecnologia empregada e talvez até da infraestrutura física
disponível.

Dentre os desafios, os gestores e responsáveis pela implantação do conceito


BIM enfrentarão desde a falta de conhecimento e a dificuldade de aceitação da
mudança dentro das equipes, o que requererá um processo de capacitação,
campanhas e reuniões para disseminação da informação; até a perda inicial de
produtividade decorrente da migração para os procedimentos em BIM. Essa
perda de produtividade apesar de inerente ao processo de adaptação e
aprendizagem de um novo sistema, pode ser rapidamente superada à medida
que a técnica for sendo dominada.

Além disso, com a gradual implantação do BIM no Setor Público, através da


atuação do Comitê Gestor de Implantação, problemas como a
interoperabilidade, a utilização de padrões neutros, e a escolha do ambiente
colaborativo serão inevitáveis. Todavia, tais questões poderão facilmente ser
resolvidos com o amadurecimento dos conceitos e formulação de diretrizes
sólidas e claras acordadas entre as partes interessadas do empreendimento.

Dessa forma, comprovadas as oportunidades que a implantação do BIM gera


em um país e apesar das diversas dificuldades apresentadas inerentes a
quebra de paradigmas, é certo afirmar que o BIM é necessário e essencial. Faz
séculos que a Construção Civil enfrenta os mesmos problemas e se utiliza da
mesma metodologia esperando mudanças de panorama, porém só o BIM tem
o potencial de solucionar essas dificuldades. Parafraseando a especialista em
BIM, Stefania Dimitrov, “O BIM é um caminho sem volta”.

A utilização da metodologia BIM, então, não mais deve ser vista como algo
destinado apenas para o futuro da Construção Civil, visto a nítida importância
que já vem sendo revelada nos tempos atuais, mostrando-se ultrapassado
aquele que não se adaptar à nova realidade.

FONTE:

CATELANI, Wilton. DIMITROV, Stefania. Nardelli, Eduardo Sampaio. O futuro


do Bim no Brasil. Webinar. SINAENCO – Sindicato Nacional das Empresas de
Arquitetura e Engenharia consultiva.

Aula online ministrada pelo prof. Thiago Maçal Ricotta, na disciplina de


Introdução a Conceitos e Processos BIM, curso de pós graduação em
Processos BIM: operação e gestão, em 14 a 16 de agosto de 2020. IPOG –
Instituto de Pós-graduação e graduação.

Você também pode gostar