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DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS
ESTRUTURAIS: MODELAGEM E
APLICAÇÕES BIM
2

Maurício Thomas

DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS
ESTRUTURAIS: MODELAGEM E APLICAÇÕES BIM
1ª edição

São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A
2022
3

© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.

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Revisor
Débora Bretas Silva

Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


_____________________________________________________________________________
Thomas, Mauricio
T454d Desenvolvimento de projetos estruturais: modelagem
e aplicações BIM / Mauricio Thomas. – São Paulo: Platos
Soluções Educacionais S.A., 2022.
44 p.

ISBN 978-65-5356-222-6

1. Plataforma BIM. 2. Modelagem estrutural. 3.


Engenharia estrutural. I. Título.
CDD 005
_____________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB: 010289/O

2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
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DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS ESTRUTURAIS:


MODELAGEM E APLICAÇÕES BIM

SUMÁRIO

Apresentação da disciplina ___________________________________ 05

Conceituação: BIM Estrutural _________________________________ 06

Modelagem estrutural por meio de plugin ___________________ 18

Importação e Exportação estrutural por meio de IFC__________ 27

Projeto básico e documentação de projeto ___________________ 37


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Apresentação da disciplina

Iniciaremos, a partir de agora, a disciplina de Desenvolvimento de projetos


estruturais: modelagem de aplicações BIM.

Durante a disciplina, veremos sobre a inserção da tecnologia BIM


no mercado da construção civil brasileira. Abordaremos algumas
ferramentas utilizadas na concepção do BIM, bem como em todos os
processos de dimensionamento e projetos estruturais, assim como
a questão da interoperabilidade entre os diversos softwares que se
enquadram nessa metodologia.

Destacaremos as principais dificuldades e obstáculos na concepção do


BIM, assim como os benefícios e funcionalidades apresentados pela
metodologia. Destacaremos também os principais softwares para o
desenvolvimento de uma edificação, além de conhecer os templates que
são utilizados dentro do BIM.

Ainda, introduziremos o conceito de interoperabilidade, abordando os


principais métodos de troca de informações entre os softwares BIM,
destacando a importância do Industry Foundation Classes (IFC) dentro de
um projeto BIM, conhecendo também a organização de toda a estrutura
e banco de dados do IFC.

Por fim, analisaremos os principais ciclos de vida de todo o


empreendimento, destacando também as responsabilidades de todos
os profissionais envolvidos na equipe, além de tratar da importância
da documentação dentro dos projetos das edificações. Além disso,
abordaremos os tipos de projetos existentes, destacando a importância
de um Projeto Básico dentro da tecnologia BIM.

Ótimos estudos!
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Conceituação: BIM Estrutural


Autoria: Maurício Thomas
Leitura crítica: Débora Bretas Silva

Objetivos
• Introduzir os diversos conceitos do BIM, trazendo à
tona o que pode e o que não pode ser considerado
BIM.

• Destacar os principais obstáculos enfrentados na


concepção do BIM.

• Conhecer os principais benefícios e funcionalidades


do BIM.
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1. Introdução

O Building Information Modeling (BIM), ou Modelagem da Informação


na Construção, tem originado importantes modificações tecnológicas
para a área da construção e da indústria. Essa metodologia possui
potencialidade para modificar a cultura dos agentes de toda a cadeia
produtiva do setor, pois seu emprego requer novos métodos de trabalho
e novas posturas de relacionamento entre todos os agentes da equipe,
sejam arquitetos, projetistas, consultores, contratantes e construtores.

O desafio é grande, pois, para a adoção dessa plataforma tecnológica, é


necessário que se promovam condições de viabilidade para reunir um
conjunto de informações multidisciplinares sobre o empreendimento,
que vai desde sua concepção até as fases de uso e também de
manutenção. Isso significa que a integração das informações gerará a
possibilidade de diagnosticar com velocidade todas as necessidades de
compatibilidade dentro do processo construtivo, de maneira a garantir
a assertividade e melhorar as soluções para a obra, buscando sempre o
aumento da produtividade.

Ainda, a inovação pelo BIM acaba otimizando todos os processos da


indústria, abrangendo seus mais variados segmentos. Essa plataforma
tecnológica se aplica a todo o ciclo de vida de um empreendimento e
compreende todas as obras de infraestrutura e também da indústria,
como, por exemplo, projetos de óleo e gás, mineração, industrialização
de alimentos, entre outras.

2. O que é BIM?

Você pode já ter se deparado com inúmeras definições de BIM. Acontece


que todas elas, convergirão para alguns conceitos importantes. De
maneira geral, Building Information Modeling (BIM), seguindo definições
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de Eastman et al. (2014), é um conjunto de políticas, procedimentos


e tecnologias que, quando combinados, criam uma metodologia
que possui o intuito de gerenciar o processo de projeto de toda uma
edificação, além de examinar a performance desta mesma edificação,
gerenciando informações e dados de forma ágil e compacta, utilizando
plataformas digitais, ao longo do seu ciclo de vida.

Podemos dizer também que o BIM é um processo progressivo que


permite a modelagem, o armazenamento, a troca e a consolidação
de informações sobre um determinado empreendimento. A grande
vantagem é que há a concentração de todas as informações
disponibilizadas em um único local, de modo que possam ser
comparadas, realizando seu intercâmbio e interoperabilidade.

Isso significa que o BIM é uma inovação tecnológica aplicada à


construção civil e sua materialização é dada a partir da concepção de
novos softwares, fornecendo novos recursos de modelagem de dados
do projeto, permitindo que os processos que antes eram baseados
apenas em documentos, gerem modelos de alta eficácia.

Vale também destacar, que o BIM não deve ser considerada uma
metodologia tão nova. O que de fato é novo, é o acesso da indústria
da construção civil a essa ferramenta, que só acabou se tornando
possível por conta da crescente facilidade de aquisição de computadores
pessoais que possuem ampla capacidade de processamento.

Lembre-se de que o BIM é aplicável a todo o ciclo de vida de um


empreendimento. Dessa forma, abrange desde a concepção e a
conceituação de uma ideia, até a construção de uma edificação ou
instalação, passando pelo desenvolvimento do projeto e abrangendo
a construção, além do pós-obra, entregue e ocupada, no início da sua
fase de utilização. No caso da utilização, os modelos BIM poderão ser
aproveitados para a gestão da ocupação e para o gerenciamento da
manutenção do empreendimento.
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Logo, trata-se de um conceito muito abrangente, e este é um dos


motivos que impedem uma apropriada compreensão do que é BIM,
além das novas formas de realizar processos, utilizando esta nova
plataforma de trabalho, que é fundamentada em modelos, e não apenas
em documentos, desenvolvidos pela tecnologia antecessora de Computer
Aided Design (CAD).

3. O que não é BIM?

Frente às mais diversas definições, vale destacar que à medida que


o BIM começa a ganhar mais força e relevância no mercado, surgem
alguns softwares que já circulam no mercado e que são taxados como
soluções BIM, quando não são. Por conta disso, é de suma importância
que se atente para alguns pontos que podem auxiliar no processo de
percepção entre o que realmente é BIM e o que não é BIM.

Considerando o exposto acima, Eastman et al. (2014) pondera as


seguintes informações:

• Nem tudo que é 3D é BIM, porém, se for BIM, será


necessariamente 3D: significa que as soluções só permitem a
modelagem e visualização gráfica 3D de um edifício. Se forem
utilizados objetos que não incluem informações de sua própria
geometria, não podem ser considerados como soluções BIM.

• Ainda, projetos que se utilizem de múltiplas referências 2D,


emulam modelos tridimensionais: acontece que nesses tipos de
softwares não há permissão para se realizar a extração automática
de quantidades. Ainda, não realizam atualizações automáticas,
nem possibilitam a realização de análises e/ou simulações.

• Soluções 3D que não se baseiam em objetos e parâmetros


inteligentes: no mercado existem soluções capazes de desenvolver
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modelos tridimensionais de edifícios e instalações, porém, acabam


não utilizando objetos inteligentes e paramétricos. Embora esses
modelos sejam muito semelhantes aos gerados pelas soluções
BIM, alterar e modificar esses modelos se torna extremamente
trabalhoso, ou seja, quaisquer modificações ou posicionamento de
objetos em um trabalho em andamento são difíceis, demorados e
não automáticos.

• Correções que não realizam atualizações automáticas: toda


vez que há alguma revisão ou alguma alteração realizada
numa determinada vista, os softwares que não se encaixam
na classificação de BIM não conseguem corrigir de maneira
automática a atualização das demais vistas do mesmo projeto.
Neste caso, há a necessidade por parte do usuário de executar
comandos específicos, e, caso isso não aconteça, seu trabalho
apresentará incoerências e erros.

• Softwares e soluções 3D que não possuem atuação de gestão de


bancos de dados integrados também não podem ser considerados
BIM: nesse tipo de solução BIM, o modelo 3D de um projeto
que se visualiza e manuseia no computador é uma das formas
possíveis de se enxergar todo um conjunto de informações e de
dados que acabam constituindo o empreendimento com suas
instalações. O BIM acaba oferecendo variadas formas de realizar
a visualização desses mesmos dados, disponibilizando listas,
planilhas, tabelas etc. Caso o usuário faça algum tipo de alteração
em alguma planilha, por exemplo, a mesma alteração refletirá,
de maneira automática, em todas as outras partes constituintes
de projeto, alterando todas as formas de visualização. Caso seja
realizada uma alteração da largura ou altura de uma determinada
porta, repetida várias vezes dentro do projeto, essa alteração
irá, automaticamente, ajustar as imagens tridimensionais de
todas as portas, em todos os ambientes onde essa mesma
peça estiver inserida. Isso significa que como há o trabalho de
integração da gestão dos bancos de dados dentro dos softwares
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BIM, há a independência com relação ao formato que se visualiza


uma modificação de determinado item. O sistema atualizará,
de maneira automática, todas as todas as visualizações que
compreendem aspectos da modificação realizada, independente
de imagens 3D, relatórios, tabelas ou planilhas.

4. Principais obstáculos para a adoção do BIM

Nem tudo ocorre como se planeja dentro de uma organização, quando


tratamos de mudanças significativas. Neste contexto, as causas que
impedem a adoção BIM de uma forma mais ampla são diversas. Uma
das principais traz à tona a própria questão da mudança que a migração
BIM significa para as empresas e organizações.

Sendo assim, podemos elencar algumas situações que podem ocorrer,


conforme Manzione (2013):

• O ser humano comumente rejeita o que é desconhecido ou muitas


vezes tratado como incógnita, e o BIM ainda é pouco conhecido.

• A maioria das pessoas possui dificuldades com as mudanças, e


algumas não possuem ambição de mudar.

Vale destacar que toda mudança ou transformação implica na alteração


de um estado, modelo ou situação anterior para um estado, modelo ou
situação futura. Tomar uma decisão de adotar o BIM constitui definir
atingir uma mudança na maneira como as atividades e os processos são,
atualmente, executados.

Para que uma mudança aconteça, de fato, em uma empresa ou


organização, são necessários cinco componentes considerados críticos:

• Visão.
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• Capacitação.

• Incentivos.

• Recursos.

• Desenvolvimento de um plano de ação.

A ausência de um desses elementos conduz à confusão, ansiedade,


resistência, frustração ou até mesmo a falsos inícios.

Também se destaca que é fundamental para a não adoção do BIM a


correta compreensão da tecnologia com seus reais benefícios. Este é
um processo que não é fácil, tampouco intuitivo, pois compreender
corretamente o que é BIM e o que a sua adoção pode significar para a
indústria da construção civil por vezes é um processo intenso e árduo.

Além disso, é importante destacar que existe uma impressão


equivocada, mas muito disseminada. Isso está relacionado ao BIM ser
um substituto do CAD, quando é uma inovação tecnológica muito mais
profunda, pois altera de forma radical todo o processo de projeto, desde
a concepção até o gerenciamento do empreendimento.

5. Benefícios e Funcionalidades BIM

5.1 Visualização em 3D

Entre os mais variados benefícios da metodologia BIM, destaca-se que,


em projetos desenvolvidos em Computer Aided Design (CAD), que é uma
tecnologia fundamentada apenas em documentos, as representações
em plantas, cortes e vistas não permitem a correta visualização e a
perfeita abrangência do que está sendo projetado.
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A pessoa leitora das informações documentadas em desenhos precisa


usar sua imaginação para construir as imagens 3D de uma edificação
ou instalação projetada, combinando, dessa form,a as informações
documentadas e divididas em diferentes desenhos.

A modelagem 3D acaba possibilitando, de acordo com Andrade (2009),


uma visualização mais concreta do que realmente se projeta, ou
ainda, do que está sendo projetado, como ilustrado na Figura 1. Ainda,
independente da complexidade da instalação ou do empreendimento, a
modelagem 3D oferece inúmeras funcionalidades no que diz respeito à
detecção automática de interferências entre os objetos.

Figura 1 – Imagem renderizada em 3D, gerada por software BIM

Fonte: Rutmer Visser/ iStock.com.

Como ressaltado anteriormente, nem sempre as soluções encontradas


de modelagem 3D serão BIM, mas, quando consideradas BIM,
certamente serão 3D. Dessa forma, toda vez que há um projeto em BIM,
haverá soluções que são desenvolvidas dentro da gestão de banco de
dados, fazendo com que a alteração ou revisão que tenha sido realizada
em alguma parte do modelo, seja automaticamente modificada
nas demais formas de visualização, sejam modificações em tabelas,
relatórios ou quantitativos gerados pelos modelos.
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Somente havendo uma correta e inconfundível visualização do que se


projeta, existe alguma garantia de eficácia e/ou entendimento dentro do
processo de alinhamento de todas as partes envolvidas na concepção
do projeto. Em outras expressões, mesmo as pessoas leigas no assunto,
que não possuem conhecimento específico e adequado com relação a
temas voltados para a construção civil, sejam investidores, proprietários,
por exemplo, conseguirão compreender de maneira satisfatória o
projeto apresentado. Isso gera menos desgaste, além de diminuir
consideravelmente os problemas ocorrentes durante a fase de execução
do empreendimento.

5.2 A preparação da obra no computador

Outro benefício da metodologia BIM está na preparação da obra. É


comum se referir à construção civil como sendo uma indústria de
protótipos. Todavia, quando se pensa que existe um conhecimento
sobre tudo que abrange uma determinada obra, termina, ou seja, ainda
que se repita aquele mesmo projeto, serão diferentes as condições
de execução, de acesso ao novo endereço, a formação geológica do
subsolo, as condições climáticas durante a execução, a mão de obra, e
tudo mais que poderá empregar outros prestadores de serviços.

Infelizmente, ainda é comum que existam inúmeras mudanças no


transcorrer da obra, em relação ao projeto e à idealização original.
Entretanto, o BIM é capaz de tornar mínimo a incidência e o impacto que
tais mudanças acarretam. Isso porque a modelagem de informações
acaba possibilitando a geração automática de projetos e de relatórios,
e ainda: permite que o grupo de projeto fique mais bem informado,
com o intuito de que as tomadas de decisões sejam adequadas e que se
concebam edificações cada vez melhores.

Assim, sempre que conseguimos tornar mínimo os conflitos e problemas


específicos que enfrentamos na fase de construção, teremos menos
riscos. Esses riscos, ainda que existirem, passarão por uma análise com
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a utilização do BIM, podendo ser contornados de maneira prévia. Isso


refletirá também no cronograma da obra e também no orçamento,
fazendo com que os prazos sejam devidamente cumpridos. Essa
modelagem virtual, realizada antes mesmo de se dar por iniciada a
execução dentro no canteiro de obras, torna-se algo realmente valioso
no ramo da construção civil.

5.3 A extração automática dos quantitativos de projetos

Outro ponto fundamental e de extrema utilidade traz relação com


a extração automática dos serviços quantitativos que compõem os
modelos BIM. Essa funcionalidade é muito aproveitada pelos projetistas
iniciantes, mais utilizadas por aqueles que ainda estão na fase de
conhecimento da plataforma. Essa extração avalia consistência dos
itens, bem como sua precisão e agilidade com relação ao acesso das
informações das quantidades, que divididas e organizadas conforme
as fases do planejamento e da programação de execução dos serviços
nortearão o processo de desenvolvimento do empreendimento.

5.4 Realização de simulações virtuais e identificação de


interferências

Além dos benefícios e utilidades listados até o momento, precisamos


destacar as simulações do comportamento e de desempenho dos
empreendimentos e instalações, ou de suas partes e sistemas que o
compõem. Essas funcionalidades são novas, e os modelos BIM tornaram
possíveis de serem executadas.

Destaca-se que há um enorme investimento nessa área, por parte dos


desenvolvedores de softwares. Citam-se, a seguir, algumas análises e
simulações com a utilização de modelos BIM:

• Análises de estruturas.
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• Simulações do consumo de energia, denominadas de análises


energéticas.

• Estudos de temperatura e termodinâmicos.

• Análises de ventilação natural.

• Níveis de emissão de CO2.

• Estudos luminotécnicos.

• Análises de insolação e sombreamento.

De modo geral, os softwares BIM descobrem de maneira automática


se há alguma interferência de objetos que compõem um modelo. Essa
interferência ou incompatibilidade é chamada de clash detection.

Além disso, também há a classificação dessas interferências: leves,


moderadas ou críticas. O que significam?

Por exemplo, quando há uma tubulação de pequeno diâmetro


interferindo a passagem de outra tubulação de pequeno diâmetro,
teríamos uma interferência considerada leve, pois sua solução, que,
neste caso, seria apenas desviar as tubulações que se cruzam com a
utilização de conexões padronizadas, é considerada simples.

Por outro lado, quando há uma interferência de uma tubulação de


grande diâmetro com qualquer outro componente estrutural, por
exemplo, uma viga ou pilar, a interferência seria considerada crítica, pois
sua solução acarretaria mudanças mais bruscas no projeto.

Referências
ANDRADE, M. L. V. X. de; RUSCHEL, R. C. Interoperabilidade de aplicativos BIM
usados em arquitetura por meio do formato IFC. Gestão e tecnologia de projetos,
v. 4, 2009a.
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EASTMAN, C.; TELCHOLZ, P.; SACKS, R. et al. Manual de Bim: um guia de


modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes,
construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014.
MANZIONE, L. Proposição de uma estrutura conceitual de gestão do processo
de projeto colaborativo com o uso do BIM. São Paulo: Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2013.
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Modelagem estrutural por meio


de plugin
Autoria: Maurício Thomas
Leitura crítica: Débora Bretas Silva

Objetivos
• Introduzir o conceito de Modelo BIM, exemplificando
um modelo compartilhado de informações.

• Destacar os principais softwares para o


desenvolvimento de uma edificação com os
principais participantes do processo.

• Conhecer a importância dos templates dentro do


processo de utilização do BIM.
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1. Introdução

Iniciamos esta unidade destacando que um modelo de informações de


construção, conhecido como modelo BIM, é uma representação digital,
de múltiplas dimensões, e que possui características físicas e funcionais
de um projeto ou edificação.

Dependendo da finalidade de uso, é possível construir diferentes


modelos BIM, e estes diferentes modelos serão desenvolvidos em
fases específicas do ciclo de vida de um projeto, tendo em conta a
consolidação da informação, os resultados do desenvolvimento do
projeto e o processo de identificação de soluções e especificações
construtivas.

Nos casos mais comuns, conforme discutido por Manzione (2013), são
desenvolvidos modelos BIM específicos para cada uma das disciplinas
que compõem um edifício ou instalação. Assim, há um modelo para
arquitetura, outro para estruturas, outro para sistemas elétricos e
hidráulicos, e assim por diante.

Apesar de serem modelos diferentes, o desenvolvimento é realizado


em uma sequência lógica e leva em conta as definições que foram
feitas, ou seja, procura seguir a estratégia de trabalho em equipe, em
que o esforço é fornecido por todos os membros do projeto e pode ser
aproveitado por todos os membros.

Ainda sobre as mais diversas variações, também podem se diversificar


na forma de compartilhar e trocar dados, dependendo da infraestrutura
disponível e da configuração das diferentes equipes que desenvolvem
o trabalho. Uma das boas práticas é estabelecer o que se chama de
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modelo compartilhado, como ilustra a Figura 1, com o intuito de facilitar


a troca de informações.

Figura 1 – Processo tradicional versus modelo compartilhado de


informações

Fonte: CBIC (2016, p. 58).

Referindo-se à Figura 1, a imagem à esquerda ilustra o modelo


tradicional de troca de informações entre as disciplinas comumente
envolvidas no desenvolvimento de projetos baseado em documentos
(CAD). A imagem à direita ilustra o implemento de um modelo de
compartilhamento, usado para trocar informações entre diferentes
disciplinas envolvidas no projeto.

Inúmeras questões necessitam ser analisadas e resolvidas para que


esse modelo de comunicação e compartilhamento de dados realmente
funcione, como problemas de interoperabilidade entre softwares
ou tecnologias diferentes. Dentro do mercado, inúmeras soluções
oferecem formatos de arquivo proprietários, e outras são apresentadas
como soluções openBIM, pois aplicam formatos de arquivos abertos,
fornecendo novas possibilidades aos projetistas.
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Entretanto, essa não é uma questão que possa ser resolvida


facilmente. Por enquanto, o ponto mais importante a destacar é
que, embora os problemas de interoperabilidade e compatibilidade
entre diferentes softwares ainda não sejam muito simples ou fáceis
de resolver, a Figura 1, exposta anteriormente, exemplifica que
é possível a viabilização do processo da troca de informações e
interações.

2. Softwares utilizados na infraestrutura e


tecnologia

Aqui, foram incluídas apenas descrições sucintas sobre os softwares


necessários para a implementação dos processos BIM.

Descrito em Eastman et al. (2014), a especificação da infraestrutura


e da tecnologia que será necessária para a realização dos processos
BIM só poderá ser feita após a identificação dos casos de usos que
serão desenvolvidos, com seus correspondentes entregáveis.

A equipe responsável, conforme indicado na Figura 2, precisa definir


a plataforma tecnológica para implementar os casos de uso BIM
selecionados para os projetos e até mesmo a versão do software
a ser utilizada. Essa definição e a integração na plataforma de
software devem ocorrer o quanto antes, para possibilitar todos os
testes de interoperabilidade. Em situações específicas, pode haver a
necessidade de se buscar alternativas para exportação ou importação
de arquivos por meio de testes de aplicativos, que servem para esse
tipo de trabalho com diferentes softwares.
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Figura 2 – Desenvolvimento de uma edificação com os principais


participantes do processo

Fonte: CBIC (2016, p. 55).

Pela ordem na ilustração, Eastman et al. (2014) abordam o seguinte:

1. Desenvolvimento do modelo autoral BIM de arquitetura:

Considerando as necessidades do incorporador, o arquiteto faz o


modelo arquitetônico por meio do uso de um software. Nessa fase,
podemos exemplificar: o Autodesk Revit Architecture, o Graphisoft
Archicad, o VectorWorks da Nemetschek e o AECOsim da Bentley.

2. Disponibilização para análise e verificação do modelo


arquitetônico.

Após o desenvolvimento do modelo arquitetônico BIM, o arquiteto pode


disponibilizá-lo para que o seu cliente avalie o trabalho desenvolvido,
solicitando sua aprovação.

3. Visualização do modelo arquitetônico:


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Considerando as ferramentas BIM, o arquiteto pode gerar análises, a


fim de verificar se foram cumpridos todos os requisitos e premissas
encomendados pelo cliente. Se estiver faltando algum requisito, o
incorporador pode acessar o arquiteto para ajustes.

Atentando especificamente para a questão dos softwares, não é necessário


que o incorporador adquira modelos autorais de arquitetura, mas apenas
softwares verificadores de modelos, como, por exemplo, o Autodesk
Navisworks ou o Solibri, entre outros. Alguns são, inclusive, gratuitos.

4. Disponibilização do modelo arquitetônico para o engenheiro


estrutural:

Considerando o modelo feito e aprovado, passamos à fase seguinte. No


exemplo da Figura 2, a seta, identificada com o número 4, mostra um
engenheiro estrutural, entrando, em cena para gerar um modelo autoral
de estruturas a partir do modelo de arquitetura.

5. Desenvolvimento do modelo autoral BIM de estruturas:

O engenheiro estrutural desenvolve um modelo autoral BIM de


estruturas, usando um software BIM específico. Nessa fase, temos
como exemplos: Revit Structures (Autodesk), Tekla Structures
(Trimble), uma solução específica da Bentley, o SCIA da Nemetschek,
ou o TQS. Deve-se considerar que existem softwares que funcionam
melhor em determinadas necessidades, por exemplo: modelagem
geral das estruturas, ou realização de análises, dimensionamentos e
simulações, podem também ser mais indicados para o detalhamento e a
documentação.

6. Disponibilização do modelo estrutural para análise e


coordenação:

Caminhando com o projeto do modelo estrutural, o engenheiro


responsável disponibiliza para análise dos envolvidos. Assim, podem
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identificar interferências e conflitos, análises e soluções. Algumas


soluções BIM fazem verificações automaticamente também.

7. Visualização do modelo estrutural pelo incorporador:

O incorporador, nessa etapa, realiza verificações e a coordenação


espacial 3D via softwares de BIM.

8. Visualização do modelo estrutural pelo arquiteto:

Na análise e solução de interferências, a arquiteta deve fazer a


coordenação dos projetos, o que pode ser realizado também por uma
pessoa contratada especificamente para isso.

O modelo autoral é editado apenas pelo engenheiro estrutural, que


deve adquirir e utilizar as soluções para o desenvolvimento de modelos
autorais BIM. Os outros envolvidos devem listar os ajustes e enviar ao
engenheiro responsável.

Além das informações mínimas, que serão passadas de um participante


a outro (ou a outros), questões específicas relacionadas à exportação
de arquivos gerados por um software específico, que precisarão ser
importados em outros softwares, precisarão ser analisadas e resolvidas
pela equipe de projeto. Isso é o que se chama de interoperabilidade.

3. Definições e importância dos templates

Template, em inglês, tem o significado de padrão, ou molde, ou modelo,


ou algo como um exemplo positivo que, caso fosse seguido, conduziria a
um resultado também positivo.

Andrade e Ruschel (2009), destacam que a maioria dos softwares


oferece recursos para que sejam gerados templates (modelos básicos,
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ou padrões), que podem facilitar bastante alguns fluxos de trabalhos


específicos.

Com a criação de um template”, é possível, por exemplo, realizar o pré-


ajuste das seguintes configurações:

• Unidades de medida (sistema de medida, quantidade de casas


decimais etc.).

• Definição das famílias de objetos que serão disponibilizadas para


uso no modelo específico.

• Tipos de hachuras e preenchimentos.

• Escolha dos estilos e espessuras das linhas.

• Criação de ‘carimbos que serão utilizados nas pranchas de


documentação dos projetos.

• Configurações dos níveis de uma edificação.

• Tipos de paredes, portas, janelas, pisos, pilares, vigas, telhados,


terrenos etc.

• Configurações de etiquetas (tags) para nomenclatura de


ambientes, com nome, área e perímetro, por exemplo.

• Configuração de textos e cotas (tipo e tamanho de fonte, tamanho


e formato de setas etc.).

• Configurações de materiais (para associação aos objetos BIM


inseridos no modelo).

As tabelas de quantidades de materiais e serviços são extraídas


automaticamente, após configurar exatamente como precisam
apresentar seus layouts.
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As empresas podem criar templates específicos para diferentes


tipologias de edificações modeladas. Por exemplo, poderia desenvolver
um template para modelos autorais de hospitais, outro para edifícios
comerciais, outro para edifícios residenciais etc.

Outra questão importante, nos softwares BIM, é a verificação automática


que permitem, por meio da combinação de templates e pré-definição de
ajustes favoritos (model-checkers, como o Solibri, por exemplo). Isso pode
funcionar para, por exemplo, definição de áreas mínimas, dimensões
padronizadas de shafts ou outras áreas que costumam se repetir nos
projetos, assim conferidas automaticamente por um verificador de
modelos.

Por meio também da definição de regras, alguns softwares BIM poderão


verificar, automaticamente, a consistência de rotas de fuga, as condições
de acessibilidade e outras situações.

Referências
ANDRADE, M. L. V. X. de; RUSCHEL, R. Ci. Interoperabilidade de aplicativos BIM
usados em arquitetura por meio do formato IFC. Gestão e tecnologia de projetos,
v. 4, 2009a.
CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Câmara Brasileira da
Indústria da Construção–Implementação BIM–Parte 2: Implementação do BIM
para Construtoras e Incorporadoras/ Câmara Brasileira da Indústria da Construção-
Brasília: CBIC, 2016.
EASTMAN, C.; TELCHOLZ, P.; SACKS, R. et al. Manual de BIM: um guia de
modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes,
construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014.
MANZIONE, L. Proposição de uma estrutura conceitual de gestão do processo
de projeto colaborativo com o uso do BIM. São Paulo: Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2013.
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Importação e Exportação
estrutural por meio de IFC
Autoria: Maurício Thomas
Leitura crítica: Débora Bretas Silva

Objetivos
• Introduzir o conceito de interoperabilidade e
abordar métodos de troca de informações de
softwares BIM.

• Destacar o que é o IFC e qual a sua importância


dentro de um projeto BIM.

• Conhecer a organização da estrutura de dados do


IFC.
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1. Interoperabilidade de softwares

Iniciamos este tópico, destacando o problema de comunicação entre


dois softwares diferentes, desenvolvidos por empresas diferentes,
com formatos nativos diferentes e não necessariamente compatíveis
entre si, embora resolvam problemas semelhantes e realizem um
grande número de funções correspondentes. Dois softwares diferentes,
como ilustrado na Figura 1, podem não ser capazes de entender seus
diferentes formatos de arquivo nativos.

Figura 1 – Demonstração de dois softwares com diferentes


formatos nativos

Fonte: CBIC (2016, p. 75).

Dentro deste contexto, precisamos abordar o termo interoperabilidade,


que, de acordo com CBIC (2016), é a capacidade de dois ou mais
sistemas ou componentes trocarem informações e usarem as
informações trocadas para seu total desempenho. Pode ser entendida
como a capacidade dos usuários finais de executar diversas aplicações,
utilizando diferentes computadores e sistemas operacionais, aplicativos
e softwares, todos interligados por diversos tipos de redes remotas e
redes locais.

A interoperabilidade pode ser definida, de maneira global, como sendo


a capacidade de interpretar informações que são trocadas de maneira
automática, com o intuito de produzir resultados considerados úteis pelos
29

usuários finais que fazem uso dos dois sistemas. Com relação ao BIM,
a interoperabilidade é a capacidade de gerenciar e comunicar produtos
eletrônicos e dados de projetos entre organizações colaboradoras
(empresas) e indivíduos que juntos formam uma equipe para desenvolver
projetos, contratar, construir, manter e gerenciar negócios.

A interoperabilidade refere-se, ainda, à troca de informações entre


diferentes participantes de um projeto no ciclo de vida de uma empresa,
por meio da comunicação direta entre aplicativos de software. Também
pode ser expressa como sendo a capacidade de um sistema ou produto
(software e aplicativos) trabalhar com outros sistemas ou produtos,
sem exigir esforço especial por parte do usuário. A interoperabilidade
torna-se uma qualidade cada vez mais importante para os produtos da
tecnologia da informação à medida que o conceito de rede é computador
se torna uma realidade. Por esse motivo, o termo é amplamente
utilizado em descrições comerciais de produtos (softwares e aplicativos).

Pode-se dizer que a troca de dados, ou modelos entre diferentes


plataformas de softwares, segue sendo um dos maiores desafios nesse
setor, que possui como principal objetivo alcançar a colaboração mais
abrangente e integrada entre as equipes de projeto. Há muito esforço
no sentido de estabelecer padrões, protocolos e melhores práticas em
todo o setor de construção.

Ainda assim, infelizmente, apesar de todos os esforços que têm sido


realizados e dos evidentes progressos realizados, ainda estamos longe
do ponto ideal onde a informação precisa ser inserida apenas uma
vez no sistema para estar imediatamente disponível para todos os
interessados por meio de uma rede de tecnologia da informação, ou,
ainda, para que haja um cenário ideal de troca, gerenciamento e acesso
de dados que seja fluido e contínuo.

Neste sentido, de acordo com Andrade e Ruschel (2009a), existem três


categorias ou grupos de métodos e protocolos de troca de informações
entre softwares BIM, divididos da seguinte maneira:
30

• Formato proprietário.

• Formato público para segmentos específicos, como CIS/2.;

• Formato aberto e público, como, neste caso, o Industry Foundation


Classes (IFC).

A conexão proprietária é o processo de troca de dados especificamente


criado para permitir a comunicação entre dois softwares diferentes.
Os formatos de comunicação proprietários são usados única e
exclusivamente para o qual foram desenvolvidos e, portanto, não
funcionam para a interação com qualquer outro sistema.

A comunicação feita por meio de formatos proprietários, geralmente,


é de alta qualidade, ou seja, não há perdas ou inconsistências, pois,
geralmente, não há exigência de consideração de circunstâncias ou
configurações externas e/ou desconhecidas.

Exemplos de formatos proprietários são: Data eXchange Format (DXF);


3DStudio (3DS), definido pela Autodesk; SAT definido pela Spatial
Technology; e STL, utilizado na estereolitografia.

Já os padrões CIS/2 são os formatos de arquivos criados separadamente


para a troca de dados eletrônicos de informações do projeto estrutural
de estruturas metálicas. É considerado um facilitador na troca de
informações por meio de softwares que são independentes, como
as soluções usadas na análise estrutural, soluções CAD e soluções
específicas de detalhamentos, fazendo com que haja a comunicação
entre esses diferentes softwares.

Após abordar brevemente os dois primeiros métodos de troca de


informações, veremos, no tópico a seguir, de maneira aprofundada, o
funcionamento e a utilização do IFC nos projetos BIM.
31

2. O que é o IFC?

Desenvolvido com um objetivo específico de viabilizar a


interoperabilidade entre diversas soluções de empresas diferentes, o
Industry Foundation Classes (IFC), como comentam Andrade e Ruschel
(2009a), não pode ser considerado um formato nativo de algum
software, como exemplifica a Figura 2. É um formato de arquivo de
dados neutros, importante para descrever, trocar e compartilhar
informações comumente utilizadas no setor da construção e também
no setor de gerenciamento e manutenção de ativos. As especificações
IFC são protegidas por direitos autorais, estão em constante
desenvolvimento e sendo mantidas pela BuildingSMART International,
que é uma organização conhecida como a International Alliance for
Interoperability (IAI).

Figura 2 – Não há comunicação entre dois softwares que possuam


formatos nativos diferentes, mas com a utilização do formato
neutro, como o IFC, essa comunicação pode ser alcançada

Fonte: CBIC (2016, p. 77).

O IFC pode ser considerado como parte do esforço de padronização


internacional ISO-STEP e foi desenvolvido usando uma linguagem de
modelagem de dados chamada express, na qual máquinas fazem sua
leitura, apresentando múltiplas implementações, incluindo formatos
de arquivo de texto compacto, além de bancos de dados de objetos, e
extensões SQL e XML.
32

Ainda, é um formato de arquivo 3D orientado a objetos, público e


padronizado, que tem uma aspiração muito ampla e ambiciosa, com
o intuito de cobrir todos os aspectos e fases de projeto, contrato,
fabricação, construção, operação e manutenção em todo o setor
da construção. O formato de arquivo IFC possui certificação da ISO
16739/2013 e é usado para oferecer suporte à interoperabilidade e
colaboração da plataforma BIM.

Portanto, o IFC é fornecido gratuitamente para todos os


desenvolvedores de software que fizeram esforços para ajustar suas
soluções, permitindo que se importe e exporte em formato IFC.
Destaca-se que esse formato tem sido exigido em diversas agências e
em governos de diferentes países mundo afora.

Isso se deve muito pelo fato do IFC fornecer representações


geométricas 3D de todos os constituintes do projeto, armazenar
dados, sejam padrões ou específicos acerca de cada elemento, tais
como materiais de composições de determinados produtos, bem
como as funções de cada elemento pertencente ao projeto.

Dessa maneira, todas as informações relevantes e específicas de


todas as disciplinas, tais como arquitetura, estrutura, instalações
hidráulicas e elétricas, podem ser filtradas de forma fácil e rápida e
identificadas dentro da base de dados do IFC.

O IFC é definido por vários formatos de arquivos, utilizados a fim de


suportar diferentes codificações do mesmo conjunto de dados. São
eles:

• IFC-SPF: é um formato de arquivo de texto, definido pelo padrão


ISO 1303/21 (STEP Files–Standard for the Exchange of Product
33

model data), onde cada linha consiste em um registro único de


objeto, que contém a extensão .ifc.

• IFX-XML: arquivo de formato XML (eXtensive Markup Language)


definido pela norma ISO 1303/28 (arquivo STEP-XML),
com a extensão de arquivo .ifcXML. Este formato é para a
interoperabilidade dos programas que possuam ferramentas
XML e para troca de partes de modelos BIM. No entanto, como
os modelos BIM tendem a produzir arquivos grandes, esse
formato acaba sendo menos usado na prática.

• IFC-ZIP: é um arquivo ZIP compactado no qual está embutido o


arquivo IFC-SPF, com a extensão ifcZIP.

2.1 Arquitetura de dados IFC

O IFC é baseado em uma arquitetura que relaciona suas entidades


e inclui cerca de centenas dessas entidades que possuem uma
organização de maneira hierárquica de seus objetos.

A seguir, temos alguns exemplos de entidades:

• Uma parede, considerada um elemento de uma edificação: pode


ser renomeada como IfcWall.

• Uma peça geométrica: pode ser renomeada como


IfcExtrudedAreaSolid.

• Alguma peça de estrutura básica: pode ser renomeada como


IfcCartsianPoint.

A organização de entidades do IFC, pode ser representada, de


maneira ampla e detalhada, pela Figura 3.
34

Figura 3 – Organização conceitual da arquitetura de dados IFC

Fonte: CBIC (2016, p. 79).

Neste momento, é importante especificarmos cada bloco que compõem


a organização de arquitetura IFC. Dessa forma, vamos à especificação de
cada um deles:

No bloco inferior da Figura 3, estão as entidades básicas, ou entidades


de base, ou ainda o que podemos chamar de recursos reutilizáveis, tais
como geometrias, topologias, materiais, medidas, objetos participantes
e demais propriedades. Essas entidades são combinadas e compostas
com o objetivo de identificar objetos comuns usados na​​ indústria da
construção, tais como paredes, pisos, elementos estruturais em geral.
Ainda, compõem as demais características gerais de um projeto.

Vale ressaltar que as definições de recursos, utilizando os esquemas


de entidades de base não existem de maneira independente. Há a
necessidade de serem referenciados pelas entidades acima, compostas
pelo núcleo, elementos compartilhados e domínios específicos.
35

Como o IFC é um modelo de dados extensível e orientado


especificamente a objetos, as unidades básicas podem ser especificadas,
gerando subtipos e criando um número ilimitado de subentidades. Esses
subtipos definirão novas classes de objetos construtores que herdam
propriedades de seu pai (tipo), mas adicionando outras propriedades,
acabam se distinguindo dos pais, mesmo sendo criados de maneira
muito semelhante.

No bloco de dados centrais ou núcleo, encontramos a camada mais


básica da arquitetura IFC. Qualquer entidade pertencente a esta
camada pode ser referenciada e também especificada por todas as
entidades que compõem a camada superior, composta pelos elementos
compartilhados, assim como pela camada de domínios específicos. Assim,
a referida camada central oferece uma estrutura básica, fundamentando
conceitos comuns para as demais especificações dos modelos.

Logo acima, no bloco de elementos compartilhados, encontra-se aquilo


que chamamos de especificações intermediárias de entidades, ou
seja, as entidades definidas nessa fase podem ser referenciadas e
especificadas pelas entidades da camada acima, composta por dados
de domínios específicos. A camada de elementos compartilhados é
responsável pelo fornecimento de objetos e relacionamentos de forma
mais específica, podendo ser compartilhada por múltiplos domínios.

Por último, no nível mais acima da Figura 3, encontram-se os domínios


específicos, responsáveis pelo agrupamento das extensões que
representam a arquitetura de dados do IFC. Esse nível é responsável
pela definição de entidades específicas necessárias para a consumação
de diferentes usos, que podem abranger partes de elementos
estruturais, instalações de ar condicionado, análises estruturais ou
instalações elétricas ou hidráulicas.

De modo resumido, o IFC proporciona a identificação explícita de


diversas versões de um projeto que esteja em pleno desenvolvimento,
como apresenta a Figura 4. Ainda, acaba permitindo que os mais
36

diversos atores e/ou projetistas trabalhem de maneira digital,


interagindo ao longo do ciclo de projeto, concepção, e até mesmo
manutenção do empreendimento.

Figura 4 – Funcionalidade de cores do IFC: elementos novos,


apagados e modificados

Fonte: CBIC (2016, p. 83).

Referências
ANDRADE, M. L. V. X. de; RUSCHEL, R. Ci. Interoperabilidade de aplicativos BIM
usados em arquitetura por meio do formato IFC. Gestão e tecnologia de projetos,
v. 4, 2009a.
CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Câmara Brasileira da
Indústria da Construção–Implementação BIM–Parte 2: Implementação do BIM
para Construtoras e Incorporadoras/ Câmara Brasileira da Indústria da Construção-
Brasília: CBIC, 2016.
EASTMAN, C.; TELCHOLZ, P.; SACKS, R. et al. Manual de BIM: um guia de
modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes,
construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014.
MANZIONE, L. Proposição de uma estrutura conceitual de gestão do processo
de projeto colaborativo com o uso do BIM. São Paulo: Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2013.
37

Projeto básico e documentação de


projeto
Autoria: Maurício Thomas
Leitura crítica: Débora Bretas Silva

Objetivos
• Abordar os principais ciclos de vida de um
empreendimento, destacando suas etapas e
principais objetivos.

• Destacar as responsabilidades dos profissionais


envolvidos na equipe, bem como a importância
da documentação dentro das concepções dos
empreendimentos.

• Abranger os tipos de projetos existentes e destacar a


importância do Projeto Básico dentro da plataforma
BIM.
38

1. Documentação BIM e Ciclos de Vida do


Empreendimento

Como explanado até aqui, o BIM possui uma grande abrangência e


talvez essa seja uma das principais questões dificultadoras para sua
compreensão adequada. Por conta disso, recomenda-se, sempre que
possível, a utilização de referências que sejam completas para guiar
no entendimento de qualquer conteúdo que tenha relação com essa
tecnologia.

Indo ao encontro de tudo que tratamos até o momento, chegamos


a um ponto em que devemos concentrar nossos esforços para o
entendimento daquilo que chamamos de resultados geradores de
todo o processo, ou seja, tudo que deve ser entregue, documentado
e registrado para abranger todas as fases do ciclo de vida do
empreendimento.

A Figura 1, exposta abaixo, apresenta as principais fases do ciclo de


vida do empreendimento como um todo. Será a base da explanação
de nosso estudo, que trará a descrição de forma mais detalhada dos
principais documentos BIM a serem entregues para a concepção de um
empreendimento.

Figura 1 – Organização das principais fases do ciclo de vida de um


empreendimento pré-obra, obra, pós-obra)

Fonte: CBIC (2016, p. 30).


39

1.1 Pré-obra

Nesta fase, acontece o pontapé inicial do empreendimento. A verificação


de viabilidade, por exemplo, é a parte em que são desenvolvidos
modelos que contenham informações de caráter específico, que
trazem relação à endereço do empreendimento, análises de questões
ambientais, reais condições do terreno, edificações ou instalações
existentes no local.

Nesta fase, Eastman et al. (2014) destaca que há de se considerar as


estimativas de custo da instalação, principalmente, àquelas das fases
iniciais. Deve-se considerar alternativas de inclusões e/ou modificações
para os sistemas construtivos planejados para a concepção do
empreendimento.

Um exemplo de análise, a ser feita nesta fase, é o consumo de energia


do empreendimento. Deve-se ter um olhar que esteja direcionado
também às mais variadas alternativas de locação da instalação, como os
diferentes tipos de fachadas, por exemplo.

Ainda, a utilização de aplicativos que se encaixem nos modelos BIM


e simulem as mais variadas alternativas de layout de uma instalação,
focando para uma eficiente utilização de espaço, ou seja, fazer com que
a equipe analise todas as áreas que serão projetadas, se baseando em
normas, leis e regras para uma melhor eficácia de sua concepção.

Partindo para o desenvolvimento do projeto, geralmente, o primeiro


passo a ser dado é a geração de modelos 3D que seja devidamente
conectado em um poderoso banco de dados de propriedades, que
contenham métodos específicos de concepção, métodos construtivos,
cronograma de obras e custos.

Neste contexto, inserem-se as simulações que contenham as melhores


soluções estruturais, que possuam análises com precisão do consumo
40

de energia, bem como informações mínimas para a realização de


cálculos e dimensionamentos.

Esta é a etapa reservada para a elaboração de modelos dentro de


um projeto que possa ser compartilhado com todos os envolvidos no
desenvolvimento do empreendimento. O compartilhamento pode
ter dados e critérios de linhas, layout, cores, textura, iluminação etc.
Há a possibilidade do desenvolvimento de maquetes virtuais, com o
intuito de se analisar técnicas construtivas, alternativas de resolução
de problemas, detalhamento de fachadas, entre outras questões que
compõe o projeto como um todo.

1.2 Obra

Para o início da etapa da obra, espera-se que todas as fases


anteriores já tenham sido devidamente realizadas. Nesta fase, entram
algumas informações que trazem relação à mão de obra, locação de
equipamentos, tais como gruas, elevadores, além de um cronograma
para a entrega e estocagem de materiais que serão utilizados no
canteiro de obras.

É realizada a utilização das listas de quantitativos de materiais e


serviços, além da utilização dos modelos em 3D formulados nas etapas
anteriores, por exemplo, dos detalhamentos construtivos de formas
para as estruturas de concreto que são moldadas in loco, ou para
sistemas de cimbramento.

Em resumo, utilizam-se modelos BIM 3D para a produção de layouts de


todas as montagens previstas na instalação e/ou edificação. Com isso,
geram-se documentos em que se detalham elevações e especificações
para uso dentro do canteiro de obras, durante toda a fase de
construção, fazendo com que o planejamento e o controle de todas as
atividades sejam devidamente programados.
41

1.3 Pós-obra

Pressupõem-se que, ao se destacar as etapas de pós-obra, que


abrangem as fases de uso, operação, manutenção e monitoramento,
todas as etapas anteriores já tenham sido devidamente alcançadas.

Assim, esta fase aborda o emprego de modelos 3D BIM que gerem


informações acerca dos processos de manutenção dos sistemas
construtivos da edificação, tais como pisos, paredes, e todos os sistemas
de instalação. Neste caso, havendo um programa de manutenção bem
concebido, tem-se um desempenho satisfatório da edificação, pois há a
redução da quantidade de reparos e também dos custos que advém da
manutenção.

Todos esses modelos 3D BIM permitem que a equipe que


seja responsável por toda a parte de gestão de operação do
empreendimento, consiga gerenciar de maneira apropriada todas
as eventuais mudanças que possam ocorrer, bem como a utilização
das áreas, e eventuais futuras mudanças dentro do ciclo de vida da
edificação.

De maneira geral, a relação existente entre engenheiros e empresas


que atuam no setor de engenharia civil pode variar muito, dependendo
na maioria dos casos, de experiências vivenciadas anteriormente. Isso
porque empresas de engenharia, muitas vezes, relutam em fornecer
informações como listas de quantitativos de serviços a uma empresa de
construção. Isso ocorre porque, não conseguem cobrar adequadamente
por essas informações e, se houver problemas, erros ou imprecisões,
podem colocar a empresa de engenharia em risco e desgastar sua
imagem e reputação corporativa.

Analisando na prática, muitas vezes, as construtoras geram seus


próprios cálculos e extraem seus quantitativos, mesmo sabendo que
os engenheiros também já realizaram esse trabalho e já possuem
42

essa informação, ou seja, essas tarefas serão duplicadas, de maneira


desnecessária.

Muito por conta desse tipo de situação, que os modelos 3D BIM


surgem como opção de redução para duplicação de trabalhos, além
de obter informações muito mais precisas, quando comparado aos
processos anteriores. Sua utilização acaba agregando e tornando a obra
mais eficiente, além de gerar informações que antes eram de difícil
concepção.

2. Responsabilidades e Documentação BIM

Uma consideração necessária dentro do aspecto das responsabilidades,


é que os engenheiros, arquitetos ou responsáveis pela obra, precisam
considerar que o BIM não se trata apenas de mais um software, mas
uma nova forma de trabalho, e pode ser vista como uma nova estratégia
ou uma decisão de um importante negócio, ou seja, recomenda-se
que se inicie com a implementação do BIM apenas para a produção de
documentos de uma nova construção, que seja mais rápida e precisa,
e, só após isso, dar os primeiros passos com relação à transição para
a realização da coordenação das mais variadas disciplinas existentes
em um projeto, detectando interferências ou incompatibilidades, por
exemplo.

Quando se desenvolve um plano de implementação, Andrade e Ruschel


(2009a) salientam que é importante que se avalie todas as habilidades
e conhecimentos dos membros que compõem a equipe, para conseguir
estabelecer metas claras e objetivas. Espera-se também encorajar
os construtores a expandir os seus serviços, buscando fornecer
detalhamentos de viabilidade, planejamento, custos, coordenação
de modelos, e até ações de marketing que possam impulsionar o
empreendimento que se planeja construir.
43

Dentro deste contexto, é importante frisar que é necessário que toda a


parte de documentação, que orienta a equipe de trabalho no canteiro
de obras, ainda precisará ser gerada e necessita caminhar junto com os
modelos gerados a partir do BIM, tal como ilustra a Figura 2.

Figura 2 – À esquerda, projeto documentado em papel, e à direita,


imagem renderizada de um modelo BIM

Fonte: CBIC (2016, p. 52).

Isso significa que toda a documentação da figura anterior, além das


assinaturas e carimbos dos responsáveis por cada projeto, continua
sendo imprescindível, até mesmo para empresas que já estejam
consolidadas ou que já tenham alcançado um elevado nível na utilização
de modelos 3D.

Dentro deste contexto, deve-se também buscar esclarecer as etapas que


compõem um projeto básico de engenharia, definindo áreas de atuação,
bem como definições e atribuições de todos os profissionais envolvidos
na obra. Dessa forma, temos três tipo de projetos que precisam ser
considerados na concepção das edificações: projeto, projeto básico e
projeto executivo. Vamos esclarecer cada um deles a seguir:
44

• Projeto: é a síntese de todos os elementos conceituais, técnicos


e operacionais dentro dos campos de atuação, atividades e
responsabilidades dos engenheiros, conforme as leis específicas
que regem a profissão e que está disposta na Constituição
Federal de 1988. O termo geral projeto é definido como o conjunto
constituído pelo projeto básico e pelo projeto executivo.

• Projeto básico: inclui elementos técnicos aplicáveis a


​​ obras e
serviços sem limitar o desenvolvimento e impacto contínuo da
ciência, tecnologia, inovação e desenvolvimento social e humano
nas áreas de: topografia; sondagem; projeto arquitetônico; projeto
de fundações; projeto estrutural, projeto de instalação hidráulica,
projeto de instalação elétrica, entre outros.

• Projeto executivo: inclui o conjunto de elementos necessários


e suficientes para a execução completa da obra ou serviço, de
acordo com o disposto na Lei n. 8.666, de 1993, e as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Ainda, com o intuito de se evitar algumas controvérsias com relação à


exata extensão e abrangência do projeto básico, podemos considerar
algumas situações, atribuídas pela Resolução n. 361, de 10 de dezembro
de 1991, que dispõe sobre a conceituação de Projeto Básico em
consultoria de engenharia, arquitetura e agronomia.:

• O Projeto Básico é o conjunto de elementos que define a obra,


o serviço ou o complexo de obras e serviços que compõem o
empreendimento, de tal modo que suas características básicas
e seu desempenho almejado estejam perfeitamente definidos,
possibilitando a estimativa de seu custo e seu prazo de
execução.

Ainda, é considerado como uma fase de abrangência de estudos e


projetos, em que se antecedem estudos preliminares, bem como
anteprojeto e estudos de viabilidade técnica, questões de impacto
45

ambiental, viabilidade econômica, entre outros, e sucedido pelo projeto


executivo e de detalhamento.

Dessa forma, as principais características de um Projeto Básico podem


ser definidas como:

• Criar alternativas viáveis, técnicas e econômicas, que leve em


consideração aspectos ambientais e atenda critérios definidos pelo
proprietário, respeitando a sociedade.

• Fornecimento de uma visão generalizada da obra, com o intuito de


identificar suas partes constituintes de maneira precisa.

• Detalhar e especificar de maneira precisa o desempenho esperado


na construção.

• Prever soluções de caráter técnico, que devem ser ancoradas


por memoriais de cálculos que levem em considerações critérios
de projeto, buscando minimizar sempre que possível eventuais
ajustes ou reformulações na fase de execução da obra.

• Especificar materiais, serviços e equipamentos que serão utilizados


no canteiro de obras.

• Fornecer informações precisas e que sejam suficientes na


concepção do plano de gestão da obra.

• Incorporar métodos construtivos que estejam alinhados ao porte


da obra e que gerem uma boa execução da mesma.

• Assegurar que a implantação da obra esteja dentro dos interesses


regionais, por meio de detalhamento de programas ambientais,
compatível com a dimensão e porte da obra.

• Especificar os custos dos serviços que serão gerados ao longo da


concepção das instalações e/ou edificações.
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Em resumo, por mais que a implementação do BIM possa parecer,


por muitas vezes, complicada, especialmente quando se considera a
implementação de vários casos de uso, começar com a modelagem 3D
pode se tornar uma solução simples e barata, pois os benefícios serão
percebidos instantaneamente e virão da simples visualização do edifício
de uma forma mais ampla, completa e precisa daquilo que se deseja
construir.

Dessa maneira, iniciar com um projeto-piloto e buscar estudá-lo


detalhadamente é o primeiro passo para o início da implementação em
BIM.

Adotar o BIM, segundo Manzione (2013), certamente não será uma


cura para todos os males da engenharia civil, mas pode ser um atalho
importante para a indústria da construção dar um passo importante
em uma adequada concepção de projetos, adotando adequadas
especificações, fazendo um bom planejamento, focando em pesquisas e
simulações feitas por computador, antes mesmo de se iniciar qualquer
atividade dentro do canteiro de obras.

Isso significa que fazer a adoção do BIM é inovar, produzir mais em


menos tempo, ter uma maior precisão em todas as etapas da obra,
conduzindo de maneira sustável toda a concepção do empreendimento.

Referências
ANDRADE, M. L. V. X. de; RUSCHEL, R. Ci. Interoperabilidade de aplicativos BIM
usados em arquitetura por meio do formato IFC. Gestão e tecnologia de projetos,
v. 4, 2009a.
CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Câmara Brasileira da
Indústria da Construção–Implementação BIM–Parte 2: Implementação do BIM
para Construtoras e Incorporadoras/ Câmara Brasileira da Indústria da Construção-
Brasília: CBIC, 2016.
47

CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL.


Resolução n. 361, de 10 de dezembro de 1991. Conceituação de Projeto Básico em
Consultoria de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Brasília, 1991. Disponível em:
http://saturno.crea-rs.org.br/site/pop/camara/portal/ILA/Fiscalizacao/Res361.pdf.
Acesso em: 5 jun.2022.
EASTMAN, C.; TELCHOLZ, P.; SACKS, R. et al. Manual de BIM: um guia de
modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes,
construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014.
MANZIONE, L. Proposição de uma estrutura conceitual de gestão do processo
de projeto colaborativo com o uso do BIM. São Paulo: Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2013.
48

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