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Volume 1

BIM – Building
Information Modeling
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

ÍNDICE
APRESENTAÇÃO 05
METODOLOGIA APLICADA ÀS COMUNIDADES TÉCNICAS 06
1 DIAGNÓSTICO DA COMUNIDADE TÉCNICA 12
2 PROCESSOS DE IMPLEMENTAÇÃO DO BIM 21
Indicadores BIM
Estratégias de implantação sob a ótica de proprietários
Estratégias de implantação sob a ótica de construtoras e incorporadoras
Estratégias de implantação sob a ótica de projetistas

3 GESTÃO DAS INFORMAÇÕES DO MODELO BIM 37


Gestão da informação do modelo BIM sob a ótica do projetista
Gestão da informação em construtoras e incorporadoras

4 BIBLIOTECAS BIM 42
O que são bibliotecas BIM?
Benchmarking Hilti
Mapeamento sobre bibliotecas BIM

5 BIM E LEAN CONSTRUCTION 45


O que é Lean?
Sinergia entre BIM e Lean

6 CONCEITOS GERAIS SOBRE TROCA DE INFORMAÇÕES 48


E SUA RELAÇÃO COM A ISO 19.650
O que é a ISO 19650?
Requisitos de troca de informação
Hierarquia de requisitos de informação

7 BIM NA GESTÃO DE CUSTOS E NA ORÇAMENTAÇÃO 51


Quais os momentos que realizamos as estimativas e orçamentos?
Desafios e benefícios do BIM para orçamentação

8 PROJETO DE INOVAÇÃO 54
Contextualização
O plano de execução BIM
Metodologia de análise dos BEPS

3
Resultados da análise
Proposição
Principais contribuições do projeto de inovação

CRÉDITOS 70
Co-autores
Equipe CTE enredes

4
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

APRESENTAÇÃO

Impulsionar a inovação, a transformação digital, a industrialização e a sustentabilidade


no setor da construção sempre esteve no cerne da atuação da Rede Construção Digital,
Industrializada e Sustentável (RCDI+S), o maior ecossistema de relacionamento setorial
e de inovação da construção brasileira.

Composta por 110 empresas, com representantes de todos os elos da cadeia produtiva,
a RCDI+S vem aprimorando sua forma de aglutinar visões e gerar conhecimento, amplifi-
cando ainda mais o engajamento e o poder de transformação do trabalho coletivo.

Um dos reflexos desse movimento foi a criação, em 2022, de 10 comunidades técnicas


dedicadas a mergulhar em temas relevantes e sensíveis para as empresas do setor.
Sob a coordenação da equipe do CTE enredes, esses grupos mobilizaram cerca de 800
profissionais, todos eles com perfil multiplicador, interessados em levar novas ideias e
projetos para suas empresas na forma de um plano de inovação prática.

Entre essas comunidades está a que se debruçou sobre o BIM (Building Information
Modeling), um tema que se consolida como o novo paradigma de avanço e digitalização
do setor da construção. Ao longo de oito meses, o grupo percorreu uma trilha consistente
de conceitos e práticas visando acelerar e ampliar o uso da modelagem da informação
da construção em suas empresas.

Imersos em um espírito de colaboração, os participantes compartilharam cases e


experiências, dividiram dores empresariais e absorveram novos conhecimentos em
conversas com profissionais que são referências em suas áreas.

Este e-book é um dos produtos desta jornada, que também tem a ambição de estender
conhecimento à toda a sociedade.

Que as próximas páginas sirvam de referência e inspiração para o uso cada vez mais
consolidado do BIM pelas companhias. Mais do que uma tecnologia, essa nova forma
de trabalhar pode elevar a confiabilidade de projetos, planejamento, controle de obras e
operação dos edifícios, impulsionando a produtividade e a sustentabilidade, diminuindo
custos e riscos envolvidos.

Aproveite e tenha uma ótima leitura!

Roberto de Souza
CEO CTE

5
METODOLOGIA APLICADA ÀS COMUNIDADES
TÉCNICAS

As Comunidades Técnicas são grupos exclu- para promover o crescimento das empresas,
sivos de profissionais de empresas que desenvolver projetos de inovação e gerar
compõem a RCDI+S. Seu objetivo é com- conteúdo para o setor da construção civil.
partilhar conhecimento técnico específico

A METODOLOGIA DE TRABALHO CONSISTIU EM 5 ETAPAS


PRINCIPAIS:

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5

Mapeamento Geração de Incentivo de Incentivo a rea- Divulgação do


do estágio de conteúdos por conexões entre lização de negó- conhecimento
conhecimento meio de palestras as empresas da cios e de projetos adquirido, a fim
das empresas com especialis- comunidade por de inovação com- de impulsionar
da Comunidade tas ou cases de meio de: partilhada entre o movimento de
sobre o tema, empresas líderes, Visitas em os participantes inovação, trans-
identificação das visando o alinha- grupo ou da Comunidade. formação digital,
tecnologias e mento do conhe- encontros de industrialização e
práticas empre- cimento entre os benchmarking, sustentabilidade
sariais aplicadas participantes da presenciais ou no setor, publi-
entre as empre- Comunidade. online; cando os conteú-
sas participantes. dos construídos
Compartilha-
pela Comunidade.
-mento de práti-
cas e inovações;
Apresentação
de soluções por
parte de startups
e fornecedores
de materiais e
tecnologia.

EMPRESAS PARTICIPANTES

6
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

DIRETRIZES DO GRUPO DE TRABALHO

Assumir o papel de Adotar o tripé da Atuar em economia


empresa na tríplice sustentabilidade como um compartilhada, dividindo
hélice da inovação e valor coletivo. o conhecimento.
empreendedorismo.

Coordenados pela equipe do CTE enredes, inovação. Além de conhecimento e experi-


os grupos foram formados por profissionais ência para compartilhar com o grupo, esses
com diferentes backgrounds, indicados pelas profissionais são capazes de levar a inovação
empresas participantes. “As Comunidades para dentro de suas empresas e de implemen-
Técnicas diferem de outros programas que tar as práticas que têm a ver com seu negó-
já realizamos ao reunir multiplicadores da cio”, explica Bob de Souza, CEO do CTE.

7
Comunidade Técnica
Absorve conhecimento dos
especialistas e colegas e
deve compartilhar as
experiências vividas
em sua empresa

Deve compartilhar os
aprendizados com a
empresa

Empresa

Multiplicador

Para cada Comunidade Técnica foi dese- Buscando mais assertividade na escolha dos
nhada uma jornada contemplando oito assuntos e, principalmente, na forma de abor-
encontros virtuais, realizados no decorrer de dá-los, foi realizada uma pesquisa junto aos
oito meses. Para desenhar a trilha a ser per- membros da Comunidade, mais detalhada no
corrida e definir quais temas eram os mais capítulo 1 deste e-book. A ideia foi mapear
pertinentes, as Comunidades contaram com o estágio de conhecimento e das práticas
um time de embaixadores, profissionais com já realizadas pelas empresas sobre cada
visão inovadora e especialistas nos temas assunto proposto, contemplando a etapa 1
em questão. da metodologia da Comunidade Técnica.

Com isso, foi possível privilegiar temas que, na visão das companhias, têm
alta relevância. Também conseguimos ajustar a abordagem, de modo a
estarmos mais alinhados ao nível de conhecimento dos participantes sobre o
assunto e ao estágio de implantação das empresas”.
Mariana Watanabe, consultora de Inovação e Tecnologia no CTE enredes
e, também, facilitadora na Comunidade Técnica.

8
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Combinando o olhar dos embaixadores e a radiografia apresentada pela pesquisa, foi desenhado o
roadmap que conduziu o trabalho da CT.

INÍCIO 1 2 3
Processo de Bibliotecas BIM Gestão das
implantação BIM informações do
modelo BIM

6 5 4
BIM na gestão de Conceitos gerais sobre BIM e lean
custos e na troc de informações e construction
orçamentação sua relação com a ISO
19.650

7
Apresentação do projeto
de inovação e síntese
dos encontros

Os encontros contemplaram várias oportunida- Para as empresas participantes, a iniciativa pro-


des para alinhar conhecimentos e para ampliar curou apoiar a geração de negócios e de rela-
a visão dos participantes. A todo o momento, ções que agreguem competitividade, susten-
buscou-se incentivar a conexão entre as empre- tabilidade e eficiência, visando a perpetuidade
sas, a realização de negócios e o desenvolvi- dos negócios.
mento de projetos de inovação compartilhada. Para os profissionais, o envolvimento com
Tudo isso, com o apoio de ferramentas de as Comunidades Técnicas contribuiu para a
comunicação instantânea e, em alguns casos, construção de autoridades e para o desenvol-
de encontros presenciais e visitas técnicas. vimento de carreiras. Por fim, as Comunidades
As Comunidades Técnicas da RCDI+S foram tinham como anseio agregar benefícios para
formatadas com grandes ambições. A primeira a sociedade, produzindo conteúdo relevante a
delas foi servir de elo para conectar os agentes ser aproveitado por todas as organizações do
da cadeia produtiva aos pilares que direcionam setor.
à construção do futuro: inovação, transforma-
ção digital, industrialização e sustentabilidade.

9
OBJETIVOS DAS COMUNIDADES TÉCNICAS:
OBJETIVOS DAS COMUNIDADES TÉCNICAS:

Promover debates Compartilhar as Desenvolver,


sobre um tema melhores práticas e coletivamente, um
específico. técnicas, assim como projeto de inovação
as experiências setorial com vistas à
profissionais. evolução das empresas
face às dores
apontadas pelo grupo.

Promover a interação Construir conteúdo e


e a integração entre difundir
as empresas conhecimento
participantes. técnico relevante.

ALGUNS NÚMEROS DA CT BIM

+ DE 60
46
PROFISSIONAIS

EMPRESAS
ENVOLVIDOS
9
16
PALESTRANTES
FORMADAS
HORAS DE DEBATES
E CONVERSAS

10
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

EMBAIXADORES DA COMUNIDADE TÉCNICA BIM


Os embaixadores das Comunidades Técnicas promovido seja de alta relevância técnica e
são os especialistas escolhidos pela Equipe o grupo seja reconhecido como referência do
de Apoio do CTE Enredes para orientar e assunto.
liderar a CT, de modo com que o conteúdo

Regina Ruschel — Pesquisadora e professora


colaboradora na FECFAU-UNICAMP junto ao
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura,
Tecnologia e Cidade. É doutora em engenharia
elétrica na área de automação pela Unicamp,
mestre em ciência em engenharia civil pela
University of Arkansas (EUA) e engenheira civil
pela Escola de Engenharia de Piracicaba.

Embaixadores Ricardo Bianca — Arquiteto e


urbanista pela Universidade de São
da CT Paulo, mestre em Projeto de
Arquitetura e doutorando em Projeto,
Espaço e Cultura pela mesma
Universidade. É senior technical sales
specialist na Autodesk.

Joyce Delatorre – Arquiteta e Engenheira civil pela


Universidade de São Paulo, mestre em Engenharia
Civil e BIM pela Escola Politécnica da USP, e
Project Management Professional pelo PMI.
Co-autora nos Guias BIM AsBEA. É Sr. Technical
Sales Specialist na Autodesk.

Priscila Castro — Arquiteta e urbanista formada pela Universidade Mackenzie


com MBA em marketing pela ESPM e BIM Manager Internacional pela Zigurat.
É gerente BIM na Sinco Engenharia, com mais de 25 anos de experiência com
a implementação da metodologia em empresas de projeto e construção civil.

11
1 - DIAGNÓSTICO DA COMUNIDADE TÉCNICA

O diagnóstico realizado no primeiro encontro com relação com relação ao BIM. Para tanto,
da Comunidade Técnica teve como objetivo foram analisadas as seguintes subtemáticas:
principal analisar a relevância dos temas e
o nível de conhecimento dos participantes

Geração e manutenção do modelo de informação

Visualização do projeto, obra, entorno, edifício e infraestrutura

Simulação de desempenho (estrutural, ambiental e energética)

Estimativa de Custos e Orçamentação

Lean Construction

Industrialização da Construção (projeto, fabricação e montagem)

Planejamento e controle da obra

Segurança Ocupacional

Gestão e Manutenção

12
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

A pesquisa contou com a participação de 56 empresas, sendo:


A PESQUISA CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DE 56 EMPRESAS, SENDO:

2
Empresas de consultoria

7 23
Incorporadoras
Projetistas
e construtoras

4%

12,5%
3
Fundos de
investimento, 5% 41%
administradoras
e contratantes

25%

14
Fabricantes 12,5%

7
Empresas fornecedoras
de serviços ou tecnologia

13
O diagnóstico foi dividido em cinco seções:

O DIAGNÓSTICO FOI DIVIDIDO EM CINCO SEÇÕES:

Seções Tipo de questão

Perguntas de múltipla escolha


Contextualização para a
compreensão da importância da
participação da empresa na
Comunidade Técnica BIM e os
dois principais motivos da
implantação da temática na
empresa

Escala de 1 a 5
Levantamento da relevância,
implantação e conhecimento das
sub temáticas atreladas às
Comunidade Técnica BIM

Perguntas de múltipla escolha


Análise da dificuldade em
promover ações de
implementação BIM

Perguntas de múltipla escolha

Levantamento das ações


realizadas pelas empresas para
implementação de BIM

Levantamento de práticas, Questão dissertativa


produtos e soluções inovadoras
promovidas pela empresa que
contribuam para o
desenvolvimento de
implementação BIM

Questão dissertativa
Identificação das dores
empresariais que podem gerar
oportunidades de inovação em
implementação do BIM

14
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

PRINCIPAIS RESULTADOS

Conforme o gráfico abaixo, observa-se que absorção de conteúdo (82%) e comparti-


os participantes buscam na Comunidade lhamento de boas práticas e benchmarking
Técnica, prioritariamente, implementação entre empresas (75,4%).
de inovação na empresa (82%), geração e

Gráfico 1: Como a Comunidade Técnica de BIM pode contribuir para as


estratégias da sua empresa?

82 % 75,4% 82% 47,5% 39,3% 19,7% 18%

Número de respostas

50 Geração e absorção de conteúdo 24 Desenvolvimento de projetos de


inovação compartilhados
46 Compartilhamento de boas práticas
12 Divulgação da marca da empresa
e entre empresas
50 Implementação de inovação 11 Geração de negócios
na empresa
29 Relacionamento com parceiros
e clientes

15
A qualidade em projeto e produto (75,4%) mostram-se os principais motivos de implan-
e aumento da produtividade global (65,6%) tação da temática pelas empresas.

Gráfico 2: Selecione os dois principais motivos para o desenvolvimento de BIM


para a sua empresa

11,5% 9,8%
29,5% 26,2% 65,6% 75,4%

Número de respostas

18 Demanda dos clientes e do mercado 7 Melhoria do desempenho ao longo


da vida útil do edifício (operação
e manutenção)
16 Diferenciação da marca/projeto
frente a concorrência 46 Qualidade em projeto e produto

40 Aumento de produtividade global 6 Melhoria da sustentabilidade


(construção e uso)

Para a análise da relevância, implantação e O gráfico 4 demonstra que, dentre as subte-


conhecimento das subtemáticas, foi realizada máticas listadas, o nível de implantação é
a média aritmética das respostas de cada sub- baixo, sendo a média de implantação menor
temática, conforme os gráficos 3,4 e 5. que 3. Dentre as estratégias mais implantadas
nas empresas consistem em visualização do
Observa-se, a partir do gráfico 3, que estima-
projeto, obra, entorno, edifício e infraestrutura
tiva de custo e orçamentação, visualização do
e geração e manutenção do modelo de infor-
projeto, obra, entorno, edifício e infraestrutura
mação. Em contrapartida, BIM para segurança
foram os temas com maior relevância para as
ocupacional, gestão e manutenção do modelo
empresas. Estratégias de segurança ocupa-
BIM e simulação de desempenho configuram-
cional e gestão e manutenção do modelo BIM
-se entre as estratégias menos adotadas.
foram as menos relevantes.

16
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

O conhecimento acerca das subtemáticas conhecimento são segurança operacional e


demonstrou média menor que 3.5, conforme gestão e manutenção do modelo.
gráfico 5. As estratégicas de maior conhe-
Observa-se que as estratégias mais implan-
cimento dos inscritos são visualização do
tadas são, em grande parte, também as de
projeto, obra, entorno, edifício e infraestru-
maior conhecimento e relevância para os
tura e geração e manutenção do modelo de
participantes.
informação. As subtemáticas com menor

GRÁFICO 3: QUAL O GRAU DE RELEVÂNCIA DOS USOS DE BIM


NA SUA EMPRESA?
Gráfico 3: Qual o grau de relevância dos usos de BIM na sua empresa?

Estimativa de Custos e
Orçamentação 4,4

Visualização do projeto, obra,


entorno, edifício e infraestrutura 4,3

Geração e manutenção do 4,2


modelo de informação

Planejamento e controle da obra 4,0

Industrialização da Construção 4,0

Lean Construction 3,7

Simulação de desempenho
(estrutural, ambiental e energética) 3,4

Gestão e Manutenção 3,2

Segurança Ocupacional 2,6

1 2 3 4 5

17
GRÁFICO 4: QUAIS DAS ESTRATÉGIAS SUPRACITADAS ESTÃO
Gráfico 4: Quais das
IMPLANTADAS estratégias
NA SUA EMPRESA?supracitadas estão implantadas na sua
empresa?

Visualização do projeto, obra,


entorno, edifício e infraestrutura 2,8

Geração e manutenção do 2,8


modelo de informação

Estimativa de Custos e
Orçamentação 2,2

Planejamento e controle da obra 2,2

Industrialização da Construção 1,9

Lean Construction 1,8

Simulação de desempenho
(estrutural, ambiental e energética) 1,8

Gestão e Manutenção 1,6

Segurança Ocupacional 1,5

1 2 3 4 5

GRÁFICO 5: EM UMA ESCALA DE 1 A 5, QUAL O GRAU DE CONHECIMENTO


Gráfico 5: Em
DA SUA uma escala
EMPRESA SOBREdeAS
1 ESTRATÉGIAS
a 5, qual o grau de conhecimento da sua empresa
SUPRACITADAS?
sobre as estratégias supracitadas?

Visualização do projeto, obra,


entorno, edifício e infraestrutura 3,5

Geração e manutenção do
modelo de informação 3,3

Estimativa de Custos e
Orçamentação 2,9

Planejamento e controle da obra 2,8

Industrialização da Construção 2,7

Simulação de desempenho
(estrutural, ambiental e energética) 2,3

Lean Construction 2,3

Gestão e Manutenção 2,2

Segurança Ocupacional 1,9

1 2 3 4 5

18
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

GRÁFICO 6: AÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO BIM NA EMPRESA


Gráfico 6: Ações para implantação BIM na empresa

Escolha apropriada de
sistemas de entrega 24 40%
Alinhamento entre as finalidades
do projeto e os objetivos de 31 51,7%
implementação do BIM
Gestão de mudanças e riscos
em relação aos projetos 16 26,7%
trazidos para o BIM
Cultura organizacional alinhada 19 31,7%
ao BIM sobre a temática
Planos e objetivos bem
definidos para implementação 28 46,7%
do BIM

Suporte técnico 19 31,7%

Treinamento de mão de obra 23 38,3%


e mudanças de práticas

Infraestrutura tecnológica para


implementação do BIM 26 43,3%
Disponibilidade e interopera-
bilidade de informações de 10 16,7%
engenharia de dados

Ainda não foi implantada 15 25%

Suporte financeiro 26 43,3%

Liderança e gestão para


implementação de BIM 15 25%

19
Diante das ações realizadas pelas empre- A partir do diagnóstico, conforme gráfico 7 a
sas para implantação de BIM, observa-se a cultura empresarial não alinhada ao assunto
ênfase em alinhamento entre as finalidades e a falta de capacitação do corpo técnico
do projeto e os objetivos de implementação para implementação do tema lideram as
do BIM, planos e objetivos bem definidos maiores dificuldades para implementar BIM
para implementação do BIM, infraestrutura de escala urbana.
tecnológica e suporte financeiro. Observa-se
ainda um número expressivo de empresas
que ainda não implantaram BIM (25%)

Falta de capacitação do corpo


técnico para implementação 24 40%
do tema
Gráfico 7: No seu entendimento, qual a maior dificuldade em promover o BIM na
sua empresa?
Desconhecimento sobre a 10 16,7%
temática

Cultura empresarial não 25


alinhada ao assunto 41,7%

Falta de reconhecimento do
cliente e do mercado 18 30%
Baixa oferta de soluções
pela cadeia produtiva da 21 35%
construção

20
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Quando perguntados sobre as dores empre- inovação em BIM, os participantes responde-


sariais que podem gerar oportunidades de ram em maior volume:

A ausência de
padronização de
modelos e
informações

Falta de maturidade
BIM por parte de Bibliotecas BIM
projetistas

Incompatibilidade
entre disciplinas

21
2 - PROCESSOS DE IMPLEMENTAÇÃO DO BIM

TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

Indicadores BIM

Estratégias de implantação sob a ótica de proprietários

Estratégias de implantação sob a ótica de construtoras e incorporadoras

Estratégias de implantação sob a ótica de projetistas

A importância do BIM no movimento de ino- Dessa forma, torna-se relevante compreender


vação no setor da construção civil pode ser os conceitos e terminologias relacionados à
traduzida através dos benefícios atrelados implantação da modelagem da informação
à sua adoção, tal como produtividade, quali- da construção nas empresas.
dade do entregável e melhoria de processos.

IMPLANTAR ≠ IMPLEMENTAR
Muitas vezes utilizadas como sinônimos, implantação e implementação têm significados
distintos. Utiliza-se implementar quando associado ao planejamento da ação e
implantar quando associado à ação de implantação em si, ao pensamento estratégico
desta ação ou mensuração desta ação. Desta forma encontra-se no texto: processo de
implementação do BIM, a implantação do BIM, estratégias de implantação do BIM, níveis
de implantação do BIM.

22
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

A jornada de implantação do BIM pode ser trabalho da pesquisadora Yusuf Arayici, da


dividida em cinco grandes etapas, conforme Northumbria University, no Reino Unido.

JORNADADE
JORNADA DEIMPLEMENTAÇÃO
IMPLANTAÇÃO BIMBIM

ETAPA 1 – Análise da prática atual

◗ Produção de mapa de processos atuais


◗ Análise das ferramentas utilizadas
◗ Revisão de sistemas de TI
◗ Revisão e análise de partes interessadas
◗ Identificação de vantagens competitivas
da implementação do BIM

ETAPA 2 – Identificação de benefícios

◗ Ganhos de eficiência
com a adoção do BIM

ETAPA 4 –
Implantação
do BIM

ETAPA 3 – 
Desenho de novos
processos

ETAPA 5 – 
Revisão do projeto
e disseminação e
integração no
◗ Adoção do o BIM em três plano estratégico
projetos diferentes
◗ Formação do pessoal e
das partes interessadas
◗ Melhoria das ◗ Produção de estratégias
capacidades de toda detalhadas
a empresa
◗ Adaptação dos mapas de
◗ Documentação e processos e incorporação de
integração de processos procedimentos lean
e procedimentos
◗ Identificação de indicadores
◗ Sustentação de novos chave de desempenho
produtos e ofertas de
processamento ◗ Documentação do plano de
implementação do BIM
◗ Avaliação e divulgação do
projeto.
Fonte: Arayici et al. (2010)

23
Conforme o diagnóstico realizado no pri- Ao longo de uma jornada de implementação
meiro encontro da Comunidade Técnica, mui- do BIM, um momento crítico é alinhar as van-
tas das empresas que compõem o grupo já tagens e os ganhos obtidos com os usos do
executam esse processo de implementação modelo e os objetivos do negócio. Pesqui-
do BIM, dando destaque a planos de imple- sadores da Penn State (EUA) destacam 21
mentação e ao alinhamento com os objeti- usos possíveis do modelo organizados por
vos da empresa. fase do projeto.

USOS DO BIM
USOS DO BIM

Planejamento Projeto Construção e Montagem Operação e Manutenção


Fases

Modelagem de Condições Existentes


Estimativas de Custos
Planejamento
Programação
Análises Locais
Revisão de Projeto
Design Autoral
Análise Estrutural
Análise Luminotécnica
Análise Energética
Análise Mecânica
Análise Outras Engenharia
Leed - Sustentabilidade
Usos BIM

Validação de Códigos
Coordenação Espacial 3D
Planejamento de Utilização
Planejamento de Controle 3D
Projeto do Sist. Construção
Fabricação Digital
Modelagem de Registros
Planejamento de Manutenção
Principais usos do BIM
Análise do Sist. de Construção
Usos secundários Gestão de Ativos
Plan. Contra Desastres
Gerenc. Espaços/ Rastreamt.

Fonte: Adaptado de Penn State

Recomenda-se não utilizar expressões reducionistas 5D, 6D, 7D.


Adotar nomenclatura padrão para usos do modelo ou usos BIM.

24
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

A lista de usos do modelo da Penn State deve com construtoras que atuam em áreas não
ser uma referência para as empresas toma- sujeitas a tais limitações.
rem decisões e transformarem suas práticas.
Após esse diagnóstico, parte-se para a defini-
Uma aplicação muito comum do BIM é para ção sobre quais são as ferramentas necessá-
planejamento de obra. Um dos ganhos possí- rias (plataforma de modelagem, ferramenta
veis desse uso é ter um canteiro de obras oti- de planejamento, etc.) e as competências
mizado. Se a construtora tem obras em áreas requeridas para viabilizar a implementação.
urbanas ocupadas, onde há restrições de O passo seguinte é a atualização dos mapas
espaço e de logística, esse uso do BIM trará de processos dos usos do BIM que serão
ganhos importantes. O mesmo não ocorre adotados

Imagem: www.freepik.com

25
INDICADORES BIM
Outro ponto importante ao longo da jornada justificar e orientar todo o esforço realizado
de implementação do BIM é a realização de pela companhia.
mensurações. Elas são necessárias para

Alguns indicadores que podem ser utilizados são:

Horas de homens
Desenvolvimento gastas por projeto
de habilidades e
conhecimento Velocidade de
dos funcionários desenvolvimento

Satisfação e Receita per


retenção de capita
clientes

Investimento em

BIM
Licitações
ganhas TI por unidade de
receita

Custos reduzidos Fluxo de caixa

Melhor arquitetura —
Quantas tomadas de
decisões foram realizadas
Produto melhor — com a modelagem da informação?
Redução de conflitos,
menos erros, menos custos
de seguros profissionais

26
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

MÉTRICAS DE MATURIDADE BIM


Com relação aos KPIs relacionados ao negó- de 2020 publicado pela UK BIM Alliance, dos
cio, pode-se citar dois tipos de métricas de pesquisadores Kassem e Li:
maturidade BIM, de acordo com o relatório

Maturidade BIM: mensuração do estágio de adoção de BIM

Após levantar quais são os critérios que associadas à maturidade BIM, algumas
precisam ser mensurados, os autores do pagas e outras gratuitas.
estudo inglês listaram diversas ferramentas

Dentre os critérios de mensuração, pode-se citar:

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Atividades relacionadas ao estabelecimento da visão
Estratégia organizacional, objetivos de longo prazo e abordagem da gestão
do conhecimento e desenvolvimento de negócios. Estes podem ser
relacionados ao BIM e não relacionados ao BIM.

Preparar e manter um nível de competência desejado dentro das


Mobilização e organizações por meio de treinamento, educação e orientação.
gestão de recursos Atribuição de individuos e equipes dentro das organizações para um
humanos propósito específico.

Preparar, desenvolver, instalar e manter sistemas de tecnologia da


Mobilização e informação e comunicação para apoiar a entrega dos objetivos da
gestão de tecnologia organização.

Aquisições e Atividades de aquisição e licitação de projetos e recursos dentro


licitações das organizações.

Entrega de informações sobre ativos construídos, incluindo


Entregas aterrissagens suaves do governo (Soft Landings).

Geração de informações e dados ao longo de um projeto e entrega


Geração e entrega
dessas informações a outros atores dentro de um projeto em nivel
de informações
de organização.

Processos para verificações e revisões de dados e informações


Garantias do projeto e segurança de dados e informações dentro das
organizações.

Processos e gestão Processos em nível organizacional para gerenciamento de projetos


organizacional e indivíduos, não específicos do BIM.

Processos em nível organizacional para gerenciamento de processos


Processo BIM de projetos e individuos envolvidos, especificos para BIM.

Fonte: Adaptado de Kassem e Li (2020)

27
Benefícios BIM: mensuração das vantagens e ganhos obtidos com a
modelagem da informação

Em especial sobre as ferramentas que Investment Tool (Scottish Futures Trust), a


medem os benefícios alcançados pela imple- BIM Value (Natspec/SBEnrc) e a BIM Bene-
mentação, os autores citam a BIM Return on fits (Universidade de Cambridge).

BIM Return on Investment Tool by the Scottish Futures Trust


Os usuários classificam os benefícios em todas as etapas do
projeto, qualitativa ou quantitativamente. Os usuários também
estimam o investimento/custo de implementação do BIM (por
exemplo, para CDE, OIR, treinamento BIM, manutenção de AIM,
sistemas de gerenciamento de instalações). Em seguida, os custos
são deduzidos dos benefícios e o retorno do investimento (ROI) é
calculado.

BIM Value, by NATSPEC and SBEnrc


É uma ferramenta de apoio à decisão projetada para ajudar os 1. economia de
usuários a desenvolver uma estratégia de realização de valor. tempo
2. redução de
custos
BIM Benefits, da Universidade de Cambridge 3. economia de
materiais
Mede os benefícios em sete categorias. Para cada KPI 4. melhoria
de benefício, uma ‘atividade’ é designada, um ‘facilitador’ da saúde e
correspondente é descrito e uma breve descrição do segurança
‘benefício’ é fornecida. Em seguida, os usuários estimam o 5. risco reduzido
impacto de realizar uma determinada atividade em uma escala 6. melhor utilização
Likert (nenhum, baixo, médio, alto) e adicionam uma previsão de ativos
da economia esperada em termos de número de dias 7. melhor qualidade
dos ativos.
Fonte: Adaptado de Kassem e Li (2020)

KPI - Key Performance Indicator ou, em português, Indicadores Chave de Desempenho,


configura-se como uma forma de medir, quantitativamente, se as ações de determinada
organização estão atingindo os objetivos propostos.

BENEFÍCIOS DOS INDICADORES DE DESEMPENHO

Em uma trilha complexa como é a implemen- caminho fica mais assertivo e menos tortuoso
tação do BIM, dispor de um protocolo claro e quando são identificados previamente os bene-
consistente faz toda a diferença entre obter fícios desejados associados ao uso do modelo.
os resultados esperados e a frustração. O

28
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Outra boa prática é compreender as transformações nos processos


demandadas pelo uso do modelo, assim como o monitoramento dos
resultados durante todo o processo de implementação.”
Regina Ruschel, Pesquisadora e professora colaboradora na FECFAU-
UNICAMP junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Tecnologia
e Cidade.

ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO SOB A ÓTICA DOS


PROPRIETÁRIOS

Em apresentações aos multiplicadores da CT, proprietários também estão conectados com


os embaixadores abordaram as estratégias a fase de uso e operação dos edifícios, jus-
de implantação da modelagem da informa- tamente o momento em que são colhidos os
ção da construção por diferentes usuários. principais benefícios do uso do BIM.

Ricardo Bianca, Sr. technical sales specia- Afinal, ao longo de um ciclo de vida de um
list na Autodesk, discorreu sobre a visão empreendimento, os maiores custos estão
dos proprietários e incorporadores, que são relacionados à operação e à manutenção.
quem financia o empreendimento e realizam Os projetos respondem por apenas 5% des-
as primeiras contratações de projetistas e ses custos, enquanto a construção consome
da construtora. Em algumas situações, os cerca de 20%.

Benefícios do BIM para os proprietários

85% 90% 70% 78% 91%

Melhorou sua Produziu melhores Melhorou sua Melhorou sua Melhorou sua
capacidade de documentos de capacidade de capacidade de capacidade de
participar do construção planejar a gerenciar o compreender o
processo de projeto construção escopo do projeto
projeto
Fonte: Adaptado de Dodge Data Analytics

29
Se por um lado não há dúvidas quanto aos sobre como implementar a modelagem da
benefícios proporcionados pelo BIM, por informação da construção de modo a trazer
outro ainda existem muitos questionamentos tais vantagens competitivas de fato.

COMO O PROPRIETÁRIO DEVE IMPLEMENTAR O BIM?


1º Passo: Decisão empresarial de adotar o
BIM e que passa pela definição de objetivos
esperados conectada à resolução de desafios
concretos de negócios. A decisão deve ser
orientada por benefícios concretos que serão
obtidos com o uso do BIM e jamais por um
fetiche pela tecnologia.

2º Passo: Comprometer-se com


a decisão e com o investimento
em tecnologia, em processos e
em pessoas de forma integral.
A mudança geralmente funciona
melhor quando é assistida por
consultores, com base em
experiências prévias de mercado.
Conforme pontuado por Ricardo
Bianca, ninguém implementa o
BIM da noite para o dia, nem em
todo o seu potencial. Cada
agente possui desafios próprios e
está em busca de benefícios
específicos que irão impactar a
definição das estratégias de
implementação BIM.

3º passo: Agir. Para tanto, a empresa deve


estabelecer uma equipe de liderança BIM
(núcleo BIM ou BIM Manager) empoderada e
perene. Um dos erros comuns é desfazer o
núcleo ou a coordenação de BIM assim que o
processo é entendido como finalizado. Mas, na
Fonte: Ricardo Bianca realidade, essa jornada nunca tem fim. O núcleo BIM é
responsável, por exemplo, por documentos que
estão em constante revisão, como o
BIM Mandate e o BIM Execution Plan (BEP).

BIM Mandate
Conforme definição do BIM Dictionary, o BIM Mandate é um conjunto de
requisitos de troca e entrega de informações estipulados por uma autoridade
reconhecida. Esses requisitos de informações incluem o uso obrigatório de
ferramentas e fluxos de trabalho. O BIM Mandate é como chamamos a exigência
de um processo BIM por parte de um contratante público (ou privado). Ele
formaliza e detalha tal exigência.

30
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

MINDSET IMPLANTAÇÃO BIM

01 Reconhecimento de padrões de símbolos arquitetônicos


02 Reconhecimento de elementos arquitetônicos (2D)
03 Transferência de estilo (concepção - 3D)
04 Síntese da imagem para o projeto (concepção)
05 Construção de modelos substitutos
06 Projeto baseado em performance
07 Avaliação de forma e função
08 Criação de novas alternativas
09 Representação automática por grafos
10 Geração de modelos (modelagem)
11 Performance comportamental do edifício
Fonte: Regina Ruschel e Douglas Souza.

31
ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO SOB A ÓTICA DE
CONSTRUTORAS

BIM NO CICLO DE VIDA DE UMA EDIFICAÇÃO

Building Information Modeling

Projeto Detalhado
Projeto Análise
Conceitual

Documentação
Programação

Fabricação

Retrofit
Construção 4D/5D
Operação e Logística de
manutenção construção
Demolição

Priscila Castro, gerente BIM na Sinco Enge- definição importante diz respeito à qual
nharia, expôs a visão do construtor sobre a fase do desenvolvimento vamos trabalhar
modelagem da informação da construção, com a modelagem da informação da constru-
apresentando estratégias para as constru- ção”, disse Castro.
toras serem bem-sucedidas na empreitada
É fundamental, ainda, a definição do BIM Exe-
de implementação de uma plataforma tão
cution Plan (BEP) com diretrizes e critérios
disruptiva.
para implantar a modelagem da informação
Para a incorporação, o alinhamento entre em um projeto específico. O BEP define, por
todas as partes envolvidas é fundamental exemplo, quais serão os usos do modelo,
para evitar frustrações. Como contratante, as responsabilidades durante o desenvolvi-
é preciso deixar claro ao projetista quais mento de projeto, marcos e entregas, como
são e como devem ser os entregáveis. Isso será a coordenação, os softwares a serem
precisa estar alinhado em contrato. “Outra utilizados, entre outros aspectos.

32
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Não existe receita de bolo pronta. Cada empreendimento tem seu desafio”.
Priscila Castro, gerente BIM na Sinco Engenharia.

Em todas as incorporações, o uso do BIM do modelo para apoio do estudo de macro


deve estar atrelado aos principais objetivos fluxo e logística. “O modelo nos permite ver o
do projeto. A partir da definição de obje- todo. Com ele, conseguimos prever as melho-
tivo e estratégias, podemos pensar em pes- res áreas de armazenamento de materiais, os
soas, infraestrutura, máquinas, processos e acessos ao canteiro e o posicionamento ideal
financiamento. de gruas, cremalheiras e demais equipamen-
tos, nos antecipando a eventuais interferên-
A estratégia é um pouco diferente quando se
cias”, comentou Castro.O BIM é como uma
fala de construtoras. Isso porque elas são o
corrida de bastão para a qual é fundamental
elo do meio, ou seja, quem usa o BIM, mas não
a definição de regras para a passagem entre
contrata os projetos. Por isso, muitas vezes,
os agentes, incluindo incorporação, projetis-
a construtora precisa desconstruir o modelo
tas, construção e manutenção/operação.
para reconstruí-lo de acordo com suas neces-
sidades. Esse é o caso, por exemplo, do uso

Envolver pessoas para que elas estejam


engajadas para o trabalho em colaboração
e comprometidas com a qualidade da
informação produzida e repassada;

Há três chaves
para o sucesso de Garantir infraestrutura de TI
um implementação condizente com os objetivos
almejados;
BIM em uma
construtora:

Ter disposição para o processo de mudança


e o entendimento de que a implementação
do BIM envolve uma curva de aprendizado.
Os ganhos de produtividade não são
imediatos.

33
Priscila Castro apresentou o seguinte checklist de implantação do BIM por construtoras:

Planejamento Desenvolvimento Fabricação Logística/ Acabamento As built/


armazenamento manutenção

 Definição  Definição de  Revisão e  Utilização de  Extração de  Documen-


do produto. base do checagem simulações quantitati- tação
 Agentes e projeto única. dos modelos para melhor vos para entregue
suas respon-  Análise dos virtuais ou monitora- compra e para o
sabilidades. modelos reais. mento e controle de cliente.
independentes. gerenciamento. contratos.
 Plano de
execução  Integração
BIM (BEP). dos modelos
 Contratos e 3D diversos.
documentos.  Atualizações
 Coordenação e revisões.
de projetos
entre os
agentes.

ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO SOB A ÓTICA DE PROJETISTAS

As estratégias de implantação do ponto de Brasileira dos Escritórios de Arquitetura)


vista dos projetistas foram abordadas por pode-se citar os seguintes objetivos princi-
Joyce Delatorre, sr. technical sales specialist pais e secundários.
na Autodesk na Autodesk.

De acordo com o “Guia de Boas Práticas


BIM”ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO
publicado pela SOB A ÓTICA DE PROJETISTAS
AsBEA (Associação

Onde a empresa Qual a meta de Qual produto ela Para quais usos a
quer chegar? utilização do BIM pretende entregar? empresa preten-
para a empresa? de usar BIM?

Em quais projetos Qual prazo de Qual diferencial o


a empresa implementação? BIM pode trazer
pretende utilizar o para a empresa?
BIM?

34
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Em uma jornada inicial com o BIM, o escritório precisa, ainda, tratar de duas áreas paralelas:

ORGANIZAÇÃO DO ESCRITÓRIO PROCESSOS

Inclui a infraestrutura tecnológica, os Inclui a análise e a definição de novos


recursos humanos e os processos de fluxos de trabalho, além de toda parte
treinamento. Um ponto crítico, nesse de padronização de documentação,
momento, é a definição de papéis e revisão de bibliotecas, templates e ado-
responsabilidades. Afinal, o BIM muda ção de nova dinâmica de colaboração.
bastante a dinâmica do escritório. Há
funções mais relacionadas à defini-
ção do projeto e outras mais volta-
das à gestão da informação. Por isso,
ao estruturar a equipe, é importante
conhecer as habilidades dos profissio-
nais e conseguir destacar aqueles que
têm potencial para trabalhar com uma
nova função.

Dois desafios nessa jornada são a


mudança cultural e a resistência interna
das pessoas que são obrigadas a lidar
com novas ferramentas e formas de
trabalho.

Na etapa de projeto, há uma série de usos como base. “Há uma série de usos que estão
que começam a se tornar mais comuns no surgindo e acabam gerando um potencial
mercado, além de aplicações usuais, como para novos negócios pensando em um escri-
a concepção, uso de modelos para ajudar a tório de projeto. Já há projetistas atentos a
comunicação do projeto com partes interes- essas possibilidades, incorporando novos
sadas, compatibilização e revisão. Entre elas, usos para o BIM para oferecer serviços adi-
Delatorre destaca o projeto generativo, o uso cionais que podem ser do interesse de incor-
de realidade aumentada e as simulações de poradores e construtores”, disse Delatorre.
conforto térmico e de energia tendo o modelo

35
Projeto generativo — Combina o projeto paramétrico à inteligência artificial. Ele
fundamenta-se na exploração de alternativas de projeto derivadas de certos
pressupostos definidos pelo projetista, em resposta a um dado objetivo. Na prática, o
arquiteto/designer define parâmetros, enquanto o software realiza as simulações e a
modelagem, permitindo criar múltiplas soluções simultaneamente.

Projetar em BIM demora mais?


Um tema bastante debatido entre os participantes da Comunidade Técnica foi a curva de
aprendizado inerente à implementação da modelagem da informação da construção.
Sair de um modelo 2D para um modelo tridimensional repleto de informações integradas
requer uma mudança de paradigma e novos fluxos de trabalho. Tal transformação não é
algo que se faça de um dia para o outro ou sem esforço.
Se compararmos, há um salto de produtividade entre os níveis originais e os pós-
implementação do BIM. Mas muitos têm a expectativa de uma transição linear entre esses
dois momentos. Como ocorre com toda adoção de nova tecnologia, há um momento de
perda de produtividade natural passageira. Mas com processos de implementação bem
planejados e assistidos, o tempo até se atingir a produtividade almejada é reduzido. Em
algumas tipologias de projeto que se repetem é possível reduzir de 30% a 40% o tempo de
realização dos projetos.
Há de se considerar, também, que a modelagem da informação da construção permite
oferecer mais do que os entregáveis do processo tradicional. Além disso, com a
modelagem, gasta-se mais tempo na etapa de projetos visando obter redução de prazo e
ganhos de eficiência nas etapas subsequentes de construção e operação dos edifícios.

A Autodesk é uma empresa de software de design e de conteúdo


digital fundada nos Estados Unidos, em 1982. A companhia
desenvolve tecnologia que abrange arquitetura, engenharia,
construção, design de produto, manufatura, mídia e entretenimento.

Fundada em 1986, a Sinco atua na incorporação e na construção


de empreendimentos e tem mais de três milhões de metros
quadrados em seu portfólio. Com experiência em obras corporativas,
residenciais, hoteleiras, industriais, shoppings centers e
telecomunicações, destaca-se pela utilização do BIM para aumentar
a produtividade, reduzir perdas, abreviar prazos, melhorar a
assertividade dos orçamentos e a qualidade do produto imobiliário.

36
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

3 - GESTÃO DAS INFORMAÇÕES DO


MODELO BIM
TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:
Gestão da informação do modelo BIM sob a ótica do projetista
Gestão da informação em construtoras e incorporadoras

GESTÃO DA INFORMAÇÃO DO MODELO BIM SOB A


ÓTICADO PROJETISTA

Ao longo de toda a jornada da Comunidade Zanutto, sócio-fundador e responsável pela


Técnica, os temas foram abordados sob a unidade de concepção da Kröner e Zanutto.
ótica de diferentes agentes. Para tratar a Ele explicou que em seu escritório, a gestão
gestão das informações do modelo BIM pela da informação acontece como em um ciclo
visão dos escritórios de projeto, o Grupo con- de PDCA (do inglês Plan, Do, Check, Act ou
tou com apresentação do arquiteto Anderson Adjust) em quatro etapas:

Planejar
Mapeamento de processos, definição de diretrizes de
modelagem e questões de coordenação técnica para evitar
os .

Fazer
Procedimentos de modelagem, documentos de boas
práticas e coordenação do trabalho colaborativo. O BIM
muda drasticamente a forma de trabalhar no escritório. Se
antes tínhamos vários arquitetos, cada um trabalhando em
um arquivo, agora temos vários arquitetos trabalhando em
um único modelo.

Checar
Inclui controles internos e de .

Agir
Fechando o ciclo, existe, ainda, um momento para
comunicar, corrigir, documentar e capacitar a equipe.

37
Para garantir um processo evolutivo do usos do modelo para definir o nível de deta-
modelo, o escritório planeja com rigor as lhe que será atingido em cada etapa e qual
diretrizes de modelagem. Há, inclusive, uma informação será extraída.
planilha de diretrizes de modelagem com
Uma prática importante diz respeito à segre-
uma EAP interna que se conecta com as
gação dos modelos, que estão cada vez maio-
EAPs das construtoras visando maior velo-
res e carregados de informação. Isso garante
cidade na troca de informações. Também
que os modelos rodem com velocidade nas
são realizadas padronizações de parâmetros
máquinas do escritório e seja possível a troca
para a construção de objetos. Com tudo isso,
de informações entre os projetistas. Para
o escritório consegue organizar as infor-
diminuir clashes e retrabalhos, outra prática
mações do modelo de forma rápida, tanto
recomendada com relação à coordenação
para verificação, quanto para extração de
técnica, é determinar as diretrizes de modela-
informações.
gem ainda nas fases preliminares com todos
A coordenação da modelagem geralmente é os projetistas
feita a partir de um plano de execução BIM.
Nesse momento, são definidos escopo e

Para controle interno e verificar a informação, dentro do modelo temos


diversas vistas com filtros específicos para verificação visual, além de
tabelas de auditoria para informações dos objetos organizados conforme
categorias e sistema de classificação. Também fazemos o monitoramento
de erros apontados pelo software que podem ocorrer por elementos
duplicados ou sobrepostos”.
Anderson Zanutto — Sócio-fundador e responsável pela unidade de
concepção da Kröner e Zanutto

ANDERSON ZANUTTO — Sócio-fundador e responsável pela


unidade de concepção da Kröner e Zanutto, escritório que desde
2015 trabalha com softwares de modelagem e processos BIM.
Arquiteto e urbanista, é BIM manager formado pela Zigurat.

Com mais de 20 anos de atuação no mercado brasileiro, a Kröner


& Zanutto Arquitetos executa projetos residenciais, corporativos,
hoteleiros, varejistas e institucionais. Sediado em São Paulo, o
escritório é comandado pelos arquitetos Alexandre Kröner, Karin
Kröner e Anderson Zanutto.

38
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

A sigla EAP refere-se à estrutura analítica de projeto. Trata-se de um recurso


que permite a decomposição analítica de um projeto em partes menores. A EAP
decompõe o projeto de forma hierárquica em atividades e tarefas específicas,
partindo de áreas maiores divididas em subtarefas e pacotes de trabalho
individuais.

GESTÃO DA INFORMAÇÃO EM CONSTRUTORAS E


INCORPORADORAS

BENCHMARKING MPD

A MPD iniciou sua jornada BIM em 2013. outras disciplinas, como paisagismo, decora-
Desde 2019, a construtora e incorporadora ção, piscina e irrigação. Mas, infelizmente, o
utiliza a modelagem para, entre outras apli- mercado ainda não tem tal grau de maturi-
cações, desenvolver planos de ataque. Mais dade. Nem todos os projetistas possuem uma
recentemente, a empresa passou a associar visão da construção virtual ou entendimento
o uso do BIM com o lean construction (cons- sobre a importância de se pensar em defini-
trução enxuta) e a outras tecnologias aces- ções antecipadas”, destacou Lígia Pires.
sórias, como o laser scaning para a produção
Para diminuir falhas de comunicação, um
de as built.
cuidado fundamental é o alinhamento de
Como ocorre em outras construtoras, a ges- entregáveis e prazo. Visando a confiabilidade
tão da informação é um aspecto crítico para e qualidade dos nesse processo, a MPD se
a MPD. Para tratar desse tema, o primeiro apoia em alguns documentos, como o BIM
ponto diz respeito às disciplinas que são Mandate, que determina os padrões de mode-
trabalhadas com BIM. Atualmente a cons- lagem da construtora, e o Plano de Execução
trutora consegue projetos BIM para arquite- BIM (PEB) para cada empreendimento, que
tura, estrutura, vedações e sistemas prediais visa deixar claras as condições antes da con-
(hidráulica, elétrica, iluminação e ar condicio- tratação dos projetistas.
nado). “Gostaríamos de estender o uso para

Entre as informações que temos no nosso PEB há dados do projeto, equipe


de entrega, usos previstos para o modelo, fluxos de trabalho, definições de
níveis, separação do modelo, posicionamento, plataformas tecnológicas e
entregáveis”.
Lígia Pires, especialista BIM na MPD.

39
A MPD verifica a qualidade dos entregáveis por amostragem. A empresa também traba-
durante o uso do modelo através da extração lha com processos de auditoria automati-
de quantitativos e de verificações pontuais zada do modelo.

LÍGIA PIRES — Especialista BIM na MPD, a arquiteta e urbanista


é BIM Manager Internacional. Há nove anos trabalha com a
implementação da metodologia BIM, assim como com coordenação
e compatibilização de projetos.

A MPD Engenharia atua nos mercados de engenharia, construção


civil e no mercado imobiliário desde 1982. Figurando entre as
maiores construtoras do Brasil, segundo o ranking ITC-INTEC, já
construiu mais de três milhões de metros quadrados e cerca de 5,9
mil apartamentos e salas comerciais.

BENCHMARKING MRV

Já a MRV iniciou a sua jornada de implemen- model e code checking”. Diferente de outras
tação BIM em 2015. Desde então, já são 900 companhias que preferiram partir para o
projetos modelados e 15 obras com a mode- Open BIM, a MRV optou por determinar o uso
lagem da informação da construção conec- de ferramentas específicas e capacitar todo
tada à filosofia lean construction. o seu ecossistema para trabalhar de uma
única forma.
Um dos pilares do BIM na MRV é um núcleo
interno que conduz a implementação para o Entre as iniciativas adotadas para garantir a
processo de projetos como um todo, e não qualidade dos entregáveis está a criação de
com foco em um único empreendimento. A um template para cada disciplina de projeto
empresa olha para o processo de modela- com configurações básicas pré-definidas. A
gem, estruturação dos modelos, informações empresa criou, também, um processo para
que precisam ser inseridas, processos de disponibilizar sua biblioteca de objetos aos
análise e de colaboração, automações e os projetistas.

Investimos na modelagem de famílias de produtos/soluções visando garantir


consistência e atender ao nosso padrão de desenvolvimento de projetos”.
André Pinheiro, coordenador de BIM na MRV.

40
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Na MRV, cada disciplina possui um BIM Man- Todos esses cuidados visam adicionar flui-
date que rege a estruturação do modelo e dez aos diversos usos do modelo dentro da
as informações que devem ser inseridas. A MRV. Um deles é para as áreas de orçamento
companhia também desenvolveu um manual e suprimentos. Outro uso do BIM é para o pla-
de boas práticas para direcionar o projetista nejamento 4D, em sinergia com o lean cons-
para o uso da ferramenta, em alinhamento truction, com foco em facilitar a visualização
com os seus processos. do planejamento.
A construtora vem apostando no desen- Há, ainda, o uso da modelagem no canteiro
volvimento de automações com mais de de obras. Para isso, foi criada a estrutura de
50 plugins para modelagem e mais de 130 um modelo federado condizente com o pro-
itens para model e code checking. Outra ini- cesso de modelagem, com visões diferentes
ciativa que vem adquirindo grande propor- para facilitar o acesso no canteiro. Além de
ção na construtora são as auditorias BIM. fatiar o modelo federado para torná-lo mais
Mensalmente todos os projetos concluídos acessível aos dispositivos móveis, o BIM é
são submetidos à verificação com checklist aproveitado para a confecção de pranchas
pré-determinados por disciplina. O objetivo é multidisciplinares que são impressas para
analisar a consistência do modelo para uso fácil visualização por todos no canteiro.
nas fases de orçamento e obra.

Open BIM — O termo refere-se à possibilidade de trabalhar em equipe, mesmo


quando os profissionais envolvidos utilizam softwares de fabricantes e com
extensões de arquivos diferentes. Trata-se de uma iniciativa da organização
sem fins lucrativos buildingSMART e de vários fornecedores para garantir
a interoperabilidade entre os sistemas. O Open BIM é viabilizado por dois
formatos: o IFC (Industry Foundation Class) e o BCF (BIM Collaboration Format).

Maior construtora da América Latina, a MRV Engenharia está


presente em mais de 160 cidades brasileiras. Desde 1979 se dedica
à construção e à incorporação de empreendimentos residenciais,
tendo lançado mais de 550 mil imóveis.

ANDRÉ PINHEIRO — Graduado em engenharia de produção


civil com graduação sanduíche na University of Toronto e formação
técnica em TI. É coordenador de BIM na MRV.

41
4 - BIBLIOTECAS BIM
TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

Gestão da informação do modelo BIM sob a ótica do projetista


Gestão da informação em construtoras e incorporadoras

O que são bibliotecas BIM?


As bibliotecas BIM consistem em um acervo de objetos/componentes 3D
prontos para aplicação nos projetos. Elas são fundamentais para assegurar
parametrização, otimização do tempo de elaboração dos projetos, bem como
para garantir a qualidade do modelo.

Nos últimos anos, grandes fabricantes de responsabilidade da ABDI (Agência Brasileira


materiais de construção passaram a desen- de Desenvolvimento Industrial).
volver bibliotecas para facilitar o trabalho de A Biblioteca Nacional está inserida na plata-
projetistas e especificadores. No entanto, forma BIM BR, um hub de conhecimento sobre
ainda há muitas oportunidades para avançar a modelagem da informação da construção.
nesse campo. É o governo se colocando na promoção do
BIM, fornecendo elementos fundamentais
Vários marcos evidenciaram o esforço do
para que os modelos sejam desenvolvidos.
setor e do governo para estabelecer uma
política para a modelagem da informação da A Biblioteca Nacional já disponibiliza farto
construção. Um deles foi a criação da comis- conteúdo. Qualquer fornecedor que tenha
são de estudos especiais CE 134 na ABNT interesse em contribuir, pode submeter seu
em 2009, que iniciou a discussão sobre material para publicação.
normatização de BIM no Brasil. Também “Quando se fala em BIM, o foco está muito
foram passos importantes a realização do direcionado aos projetistas e às construto-
primeiro seminário internacional de BIM do ras, mas nem tanto para fabricantes de mate-
Sinduscon-SP, em 2020, e a publicação do riais, que também são uma parte importante
Guia AsBEA, em 2013 e 2015, e dos Guias do ecossistema”, disse Ricardo Bianca, da
BIM da CBIC, em 2016. Autodesk.
Outro passo importante foi a criação do Um ponto de discussão é quem é responsá-
comitê gestor do BIM e da Estratégia BIM vel pela produção das bibliotecas. E mesmo
Brasil visando a difusão da modelagem da dentro da indústria, qual departamento deve
informação da construção no país, com o gerar esse conteúdo? Além disso, os fornece-
Decreto 9.983, de 2019. dores têm um catálogo que se renova cons-
A Estratégia BIM BR apresenta nove obje- tantemente. Como manter isso com a biblio-
tivos. Um deles é desenvolver a plata- teca BIM?
forma e a Biblioteca Nacional BIM, sob

42
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

QUAL A IMPORTÂNCIA DAS BIBLIOTECAS BIM?

É necessário olhar para o conteúdo BIM também como uma ferramenta de relacio-
namento com o cliente e de conversão, complementar aos catálogos físicos. Hoje, é
mais fácil um produto ser especificado quando o fornecedor oferece conteúdo BIM. A
biblioteca, portanto, tornou-se uma ferramenta de vendas.

BENCHMARKING HILTI
O relacionamento com o cliente é um impul- é uma fase de adaptação para muitos players
sionador para o desenvolvimento da biblio- do mercado. O papel como fornecedor é tra-
teca BIM na Hilti do Brasil, comentou a espe- zer esse apoio.
cialista BIM, Giovanna Marquioreto.
A multinacional europeia trabalha com a oti-
A empresa disponibiliza objetos BIM para
mização de projetos nas áreas em que atua,
alguns produtos de seu portfólio, como
por exemplo, suporte para instalações. Mui-
linhas para ancoragens, sistemas de instala-
tas vezes essa fixação não é planejada, mas
ção e suportes, além de linhas corta-fogo. A
definida em obra. Com a otimização de pro-
empresa também trabalha com plug-ins para
jetos, consegue-se reduzir pontos de anco-
fazer a inserção direta do objeto no software
ragem e, consequentemente, diminuir o con-
de modelagem.
sumo de material, o tempo de execução, além
O cliente tem a opção de trabalhar com atri- de facilitar futuras manutenções. O trabalho
butos e editar famílias. Ele também pode inclui a entrega de relatórios de engenharia,
utilizar a equipe de engenharia da Hilti para memoriais de cálculo, plantas de distribuição
atender suas necessidades específicas. Essa e de execução, bem como listas de materiais.

43
GIOVANNA MARQUIORETO — É especialista BIM em
coordenação de projetos de selagem corta-fogo e de suportes
modulares na Hilti. Graduada em Engenharia Civil, é pós-
graduanda em BIM Manager pela PUC-MG.

Presente em mais de 120 países e com mais de 30 mil


colaboradores, a Hilti oferece produtos e serviços para os trabalhos
diários em obras, como softwares, ferramentas e tecnologias.

MAPEAMENTO SOBRE BIBLIOTECAS BIM

A Comunidade Técnica realizou, entre seus membros, uma pesquisa com foco nas
bibliotecas BIM desenvolvidas e/ou utilizadas pelas empresas do grupo. O objetivo foi
entender como essas companhias estão aproveitando esse conteúdo.

O trabalho mostrou que, no grupo, são três os principais usos das bibliotecas de
fornecedores:

. Desenvolvimento
Desenvolvimento dede projetos
projetos

Extração
Extraçãode quantitativos
de quantitativos

Especificação
Especificação dede materiais
materiais

O diagnóstico também contou com questionamentos sobre a demanda para incluir, nos
objetos, informações associadas à Norma de Desempenho (ABNT NBR 15.575). Para
quase metade do grupo (48%) esse é um atributo importante.

A pesquisa mostrou, ainda, que para a maioria do grupo, a quantidade de componentes


de fabricantes disponíveis no mercado não é suficiente.

Outro dado coletado foi a de que o uso das bibliotecas está principalmente relacionado
a duas disciplinas: modelagem de arquitetura e estruturas. A evolução da adoção das
bibliotecas acompanha o processo de evolução do BIM, que ainda é mais aproveitado
na etapa de desenvolvimento de projetos e menos em pré-construção e manutenção.

44
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

5 - BIM E LEAN CONSTRUCTION

TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

O que é Lean?

Sinergia entre BIM e Lean

Centrado na eficiência produtiva e na redu- Com origem na indústria automobilística


ção de desperdícios, o lean é uma metodo- japonesa, essa filosofia começou a ser apli-
logia de gerenciamento que pode elevar a cada na construção civil a partir de 1992,
produtividade, reduzir custos, evitar atrasos quando o professor Lauri Koskela adaptou
e, consequentemente, aumentar o nível de seus princípios para a realidade dos cantei-
satisfação dos clientes. ros de obras.

Aplicável em todas as áreas e processos de uma construtora, o pensamento


enxuto tem como objetivo maximizar o valor do produto para o cliente final,
utilizando o mínimo possível de recursos e o máximo da capacidade das
pessoas”.
Renato Mariz, gerente de projetos no Lean Institute Brasil.

SINERGIA ENTRE BIM E LEAN

SmartLeanBIM

BIM Lean
O BIM é uma plataforma com potencial catali- Ao mesmo tempo, qualquer empresa que
zador para a implementação do lean. A meto- esteja considerando a implementação dos
dologia enxuta permite a metodologia enxuta princípios lean, tem muito a ganhar conside-
permite obter melhoras no desempenho BIM. rando o uso do BIM.

45
As aplicações do Lean + BIM podem aconte- o BIM agrega facilidade de visualização e a
cer em diferentes etapas do desenvolvimento análise de compatibilidade das disciplinas.
de um empreendimento. Já o lean permite incorporar conceitos como
engenharia simultânea e simulação de cená-
Uma delas é na etapa de projetos, em ses-
rios para apoiar o projeto conceitual.
sões de desenho colaborativo. Nesses casos,

INTEGRATED ● Decisões coletivas


PROJECT ● Cultura de trabalho
DELIVERY
LEAN PRODUCT colaborativa (Obeya)
& PROCESS
DEVELOPMENT ● Divisão de lucros
e prejuízos
● Processos integrados e
● Engenharia incentivo à inovações
Simultânea;
● Target Costing;
● Facilidade de visualização
● Prototipagem Virtual;
do projeto;
● 3P (Produção, Facilidade de análise de dados;
Processo e Produto - BIM ●
● Rapidez na geração de cenários;
Construtibilidade)
● Detecção de interferências
● Obeya
● Agilidade na geração de múltiplas
alternativas de planejamento

Outra aplicação ocorre na fase de plane- no detalhe para a execução dos serviços,
jamento e controle. É possível alavancar incluindo aspectos logísticos. Nesse sentido,
ganhos conectando ferramentas como visu- uma gestão BIM-Lean pode promover uma
alização de fluxo contínuo e linha de balanço melhora significativa nesse fluxo de trabalho.
com um projeto mais colaborativo, conec- O modelo BIM pode ajudar a dar mais visi-
tado ao BIM 4D. bilidade e gerar simulações, enquanto que o
lean oferece as ferramentas adequadas para
O combo de BIM com a filosofia lean também
reduzir perdas e maximizar resultados.
pode amplificar os benefícios da modelagem
para estudo e planejamento da logística do Deve-se levar em conta a importância de se
canteiro. Em obras industriais, considera-se considerar o propósito, um princípio valioso
para lean, na hora de utilizar o BIM e outras
que aproximadamente 30% do tempo é gasto
tecnologias. Importante estar entre aspas.
com logística. Ferramentas lean, como a pro-
“É buscar identificar e entender o problema
dução de kits, combinadas ao modelo 3D,
a resolver, utilizar metodologias ágeis e, só
oferecem oportunidades importantes para a
então implantar tecnologias de acordo com
diminuição desse desperdício.
as necessidades e o grau de maturidade da
Muito da ineficiência nos canteiros de obras empresa, de forma a agregar valor, efetiva-
é decorrente da falta de um planejamento mente”, pontuou Renato Mariz.

46
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

RENATO MARIZ — É engenheiro civil, mestre em engenharia


e doutorando no programa de pós-graduação na FEC/Unicamp.
Possui mais de 10 anos de experiência em gerenciamento de
obras e aplicação de conceitos lean. É gerente de projetos no Lean
Institute Brasil.

Fundado em 1998, o Lean Institute Brasil (LIB) faz parte de uma


rede internacional de institutos que compartilham o propósito
de disseminar a filosofia lean em seus respectivos países. O
LIB desenvolve atividades em todo o país para apoiar empresas
interessadas na transformação de seu sistema de gestão, incluindo
consultoria e programas de capacitação.

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47
6 - CONCEITOS GERAIS SOBRE TROCA DE
INFORMAÇÕES E A SUA RELAÇÃO COM
A ISO 19.650

TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

O que é a ISO 19650?

Requisitos de troca de informação

Hierarquia de requisitos de informação

Para auxiliar o processo de gestão da infor- 2018, que trata da organização e da digitali-
mação, tão crítico para o sucesso das apli- zação de informação no BIM.
cações BIM, foi criada a norma ISO 19.650:

O QUE É A ISO 19.650?

A ABNT ISO 19.650 — Organização da informação da construção – Gestão da informa-


ção usando modelagem da informação da construção é composta por seis partes. Duas
delas já foram traduzidas para o português: a Parte 1, que trata de conceitos e princípios,
e a Parte 2, que aborda a fase de entrega de ativos.
O texto apresenta procedimentos e rotinas relacionados aos processos de contratações,
bem como de produção e intercâmbio de informações produzidas por equipes multidis-
ciplinares já contratadas, em processo de trabalho integrado, até chegar às etapas finais
de entregas e possíveis manutenções posteriores.
A ISO 19.650 estabelece as responsabilidades de todos os envolvidos, inclusive do con-
tratante do projeto. Ela também indica que uma versão do plano de execução (BEP)
seja entregue ainda na fase da licitação de projetos para obras públicas, facilitando
o processo para o contratante, bem como para todos os projetistas interessados em
participar da concorrência.

Apesar de sua complexidade, trata-se de responsabilidade de cada agente, permi-


um excelente roteiro para definir e monito- tindo montar um processo de gestão da
rar a implantação do BIM nas organizações. informação.
O texto define de modo claro e completo a

48
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

A ISO 19.650 preza a colaboração e o com- armazenados e gerenciados de determinada


partilhamento de informações entre as par- forma e recomenda a definição do ambiente
tes envolvidas. De caráter generalista, o comum de dados (CDE) como parte principal
texto exige que os dados de projeto sejam da troca de informações no processo BIM.

O ambiente comum de dados consiste em uma fonte única de troca de infor-


mações. Trata-se de um gerenciador de arquivos que tem a capacidade de armaze-
nar e de direcionar a informação para um responsável, bem como pode determi-
nar o encaminhamento e a aprovação dessas versões dentro da plataforma.

A norma estabelece requisitos de informa- e para quem a informação é produzida. A ISO


ção que versam sobre o quê, quando, como 19.650 estabelece quatro tipos de requisitos:

REQUISITOS DE TROCA DE INFORMAÇÃO

OIR De informação da organização (OIR) —


Relacionado ao alto nível estratégico.

PIR De informação do projeto (PIR) —


São aqueles que o projeto precisa atender com relação ao
produto a ser entregue.

AIR De informação do ativo (AIR) —


São relacionados à forma como o projeto vai ser
gerenciado.

EIR
De troca de informações (EIR)
— Compila todas essas informações e esclarece o método
como essas informações serão inseridas ao longo do
projeto para gerar os modelos de projeto e de gestão
do ativo.

49
Os requisitos de troca de informações deta- Uma vez que o contratante estabelece tais
lham os aspectos comerciais, gerenciais e requisitos, ele começa a detalhar outros itens.
técnicos da produção da informação do pro- Por exemplo, qual é o nível de informação
jeto. Eles falam sobre os formatos de informa- requerido para cada um desses requisitos?
ção, métodos de produção e procedimentos. Na sequência, ele também define os mar-
cos de entrega e pontos-chave de decisão.
A ISO 19.650 foi criada para dar ao contra- Antes do contratado ou potencial contratado
tante suporte para que ele defina quais são começar a desenvolver o Plano de Execução
os requisitos e como vai ser o ambiente onde BIM pré-contratual, o contratante define tudo
os contratados vão gerar e entregar a infor- o que ele vai precisar que seja atendido no
mação. A norma cita dois momentos. O pri- contrato. O objetivo é permitir ao contratante
meiro é quando o contratante se estrutura equalizar as propostas. Após isso, esse docu-
para abrir a concorrência ou a licitação. O mento é consolidado com o PEB do projeto
segundo ocorre quando o contratante define em si. A norma, assim, busca esclarecer as
quais são os requisitos da organização, do questões entre as partes para que o processo
ativo e do projeto. flua corretamente.

HIERARQUIA DE REQUISITOS DE INFORMAÇÃO

“A ISO se volta muito para um processo lici- Delatorre. Eles apresentaram aos multiplica-
tatório. Por isso, temos discutido na AsBEA dores da CT, jornadas de contrato desenha-
(Associação Brasileira dos Escritórios de das pelo comitê de contratos da AsBEA que
Arquitetura) o que seria uma aplicação devem integrar o próximo Guia de Contratos
dessa norma voltada para o mercado imobili- publicado pela entidade.
ário”, comentaram Anderson Zanutto e Joyce

JORNADA DE CONTRATO
TERMO DE REFERÊNCIA/CARTA CONVITE

OIR EIR PRÉ


AIR PIR PEB PRÉ
PEB

NÃO
Análise e alinhamento
Solicitação de das propostas: Contratação Alinhamento entre as ALTERAÇÕES DE Sequência da
(Projetistas e partes interessadas Gestão do
propostas técnicas ● Custo/ Nivel de
contrato
ESCOPO E/OU OBJETIVOS gestão do
e comerciais maturidade BIM consultores) sobre o desenvolvi- DO BIM? contrato
● Experiencia
mento do projeto
SIM

Análise do impacto Poder Gerar Revisão


CB PEB do PEB e/ou do
PC + FQ das alterações
contrato

Contrato BIM Plano de


Proposta Ficha de execução BIM RIO Requisitos da organização
comercial qualificação
RIA Requisitos de informação DE OPERAÇÃO do Ativo
PIP Requisitos de informação de projeto
RTI Requisitos de troca de informação

50
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

7 - BIM NA GESTÃO DE CUSTOS E NA


ORÇAMENTAÇÃO

TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

Quais os momentos que realizamos as estimativas e orçamentos?

Desafios e benefícios do BIM para orçamentação.

Quando o assunto é BIM, uma das aplicações Trata-se de uma estimativa com bases con-
mais interessantes para as construtoras é no ceituais sólidas, com robusto suporte teórico
apoio à elaboração de orçamentos. e de engenharia.
O orçamento oferece uma fotografia finan-
ceira da obra em um determinado momento.

QUAIS OS MOMENTOS QUE REALIZAMOS AS ESTIMATIVAS E


ORÇAMENTOS?
QUAIS OS MOMENTOS QUE REALIZAMOS AS ESTIMATIVAS E ORÇAMENTOS

Pré-Obra Obra Pós-Obra

Conceitua- Manutenção
ção e Monito-
Concep- Licitação e Comissio- Uso e ramento Descomis-
Verificação Projeto Construção
ção Viabilidade Contratação namento Operação sionamento
Cost Estimation

Viabilidade do Estimativa de Revisão da Orçamento Reorçamento Custo Orçamento de


Empreendimento Custo 01 Estimativa Executivo Obra Realizado Manutenção

Dar assertividade à extração de quantitativos que se encontra o empreendimento. Qual-


é um entre os vários motivos que fazem uma quer mudança na etapa de definição de pro-
construtora adotar a modelagem da informa- jeto implica em um gasto. Mas quando essa
ção da construção. Torna-se importante citar alteração ocorre na obra, o custo de fazê-la é
a lei de evolução dos custos, segundo a qual multiplicado por 5.
o gasto com intervenção depende da fase em

51
Se eu deixo para fazer essa alteração na etapa de operação, como
manutenção preventiva, o custo é 25 vezes maior. A pior situação é quando
a mudança acontece como manutenção corretiva. Nesses casos, o custo da
alteração é 125 vezes maior”.
Priscila Castro, gerente BIM na Sinco Engenharia.

O BIM tem entre suas características adian- e orçamentos antes, durante e após a obra.
tar a tomada de decisão, por ele, como indi- Para a viabilidade do empreendimento, o BIM
cado acima. P ermite que a equipe de projeto é utilizado para subsidiar a compra do ter-
identifique os impactos de custo de suas reno. Ainda no estudo preliminar, o modelo
mudanças durante todas as fases do projeto. contribui na participação de concorrências.
Isso pode ajudar a conter estouros excessi- Já na fase de projeto, ele suporta a elabora-
vos no orçamento devido a modificações. ção do orçamento executivo, importante para
Na Sinco, a modelagem da informação da a contratação de terceiros.
construção apoia a elaboração de estimativas

DESAFIOS

No dia a dia, há muitos desafios a serem modelagem, de assegurar confiabilidade na


superados, entre eles, a necessidade de dis- informação vinda do modelo e de padronizar
ponibilizar tempo para o desenvolvimento da informações.

BENEFÍCIOS DO BIM PARA ORÇAMENTAÇÃO

Permite verificar e visualizar as diversas modificações de


projeto durante o desenvolvimento;

Antecipa a tomada de decisão com base em custos;

Possibilita a revalidação dos quantitativos da curva ABC


para dar mais assertividade na contratação;

Ao permitir identificar os problemas com antecedência,


contribui para a mitigação de risco;

Permite atrelar planejamento e custo.

Fonte:Priscila
Fonte: Priscila Castro
Castro

52
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Com uma cultura forte de inovação e indus- tenha ciência da necessidade de mudar para
trialização, a Tecverde também tem o BIM obter vantagens como maior precisão nos
intrincado em muitos de seus processos. levantamentos, redução de erros de interpre-
Para levantamento de quantitativos, porém, tação e melhor a transferência de informação
a construtora ainda utiliza ferramentas entre os setores da empresa.
tradicionais.
Segundo Felipe Biffi, uma oportunidade em
“Como a empresa recebe muitos projetos de potencial do BIM é a possibilidade de explo-
incorporadores em CAD, migrar para o BIM rar diferentes estratégias de design para atin-
é um processo difícil, embora a companhia gir um padrão de custo a ser perseguido.

“Ainda não temos isso implantado, mas enxergamos como um diferencial


poder usar o BIM para que, em pontos intermediários do design, verificar
se o custo é convergente ao esperado”.
Felipe Biffi, coordenador BIM da Tecverde.

FELIPE BIFFI —Engenheiro civil, especialista em Gestão de


Projetos BIM e em lean, é coordenador BIM na Tecverde.

A Tecverde é pioneira no desenvolvimento de sistemas construtivos


off-site na América Latina, com o maior número de unidades
entregues no continente. Parte de uma joint-venture entre os grupos
Etex e Arauco, desenvolveu um sistema construtivo que conta com
até 85% das etapas alocadas em ambiente fabril e que utiliza painéis
em wood frame como principal matéria-prima.

53
8 - PROJETO DE INOVAÇÃO

PRIMEIROS PASSOS PARA


COMPREENDER O BEP
SEGUNDO A ISO 19.650
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

Contextualização

O plano de execução BIM

Metodologia de análise dos BEPS

Resultados da Análise

Proposição

Principais contribuições do projeto de inovação

CONTEXTUALIZAÇÃO
A Comunidade Técnica (CT) de BIM percor- do grupo a necessidade de maior padroniza-
reu, ao longo de oito meses, uma trilha que ção na modelagem da informação e a valo-
incluiu diversos debates e palestras con- rização do compartilhamento de boas práti-
ceituais sobre a implantação do BIM. Além cas e benchmarking entre empresas. Desta
disso, foi incentivada a realização de um forma, o projeto de inovação da CT de BIM
projeto de inovação compartilhada entre os encaminhou-se pela proposição da estrutu-
participantes, considerando as dores identifi- ração de BEP alinhado à NBR ISO 19650:2
cadas entre as empresas. (ABNT, 2022) considerando as boas práticas
da comunidade e agregando melhoramentos
O projeto de inovação desenvolvido visa,
a partir de guias internacionais. Justifica-se a
assim, perpetuar a jornada da Comunidade
ênfase no Plano de Execução BIM. pois este
Técnica e criar propostas compartilhadas
reflete os Requisitos de Informação na apli-
que solucionem gargalos do setor, buscando
cação do BIM num empreendimento, respon-
a implementação de inovação prática nas
dendo ao desejo de maior padronização na
empresas.
modelagem de informação da comunidade.
No decorrer dos encontros e debates, ficou
claro para os embaixadores e multiplicadores

O PLANO DE EXECUÇÃO BIM

Segundo Messner et al (2019), um Plano de BIM para a equipe seguir ao longo do pro-
Execução BIM (BIM Execution Plan - BEP) jeto, construção ou operação de um ativo
descreve a visão geral de implementação do construído.

O BEP deve ser desenvolvido nas fases iniciais do empreendimento;


continuamente desenvolvido à medida que participantes adicionais são
adicionados ao empreendimento; e monitorado, atualizado e revisado conforme
necessário durante toda a fase de implementação do empreendimento. O plano
deve definir o escopo da implementação do BIM no empreendimento, identificar
o fluxo do processo para as tarefas do BIM, definir as trocas de informações
entre as partes e descrever o projeto necessário e a infraestrutura da empresa
necessária para apoiar a implementação (MESSNER et al., 2019)

55
Ainda segundo Messner et al. (2019) os benefícios trazidos pelo BEP são:

Entendimento e comunicação Compreensão dos papéis e


dos objetivos estratégicos da responsabilidade na execução,
execução do BIM, adaptação às práticas de negócios
dos agentes envolvidos e aos
fluxos de trabalhos associados

BEP
Fornecimento de
uma base para Descrição dos
medição do progresso. recursos e
competências
requeridas

Informação aos
futuros envolvidos
Definição de uma linguagem
de contrato garantindo
cumprimento das obrigações

O guia de Messner et al. (2019) propõe um procedimento para desenvolvimento de BEP em


quatro etapas:

Identificação das Desenho dos Detalhamento da Definição da


metas e usos do BIM; processos envolvidos e troca de informações infraestrutura de
trocas de informações e suporte.
associadas;

56
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

São propostos mapas de processos asso- à ISO 19650:2 dos três principais guias bra-
ciados aos usos do BIM e modelos de plani- sileiros para BEPs (ANDI 2017; SBEA, 2015;
lhas detalhando a troca de informações. As PARANÁ, 2918) e verificaram que eles trazem
planilhas associam os componentes de um contribuições significativas em relação ao
modelo de informação, segundo a estrutura conteúdo do BEP; entretanto, atendem par-
analítica de projeto, com os usos do BIM, res- cialmente as diretrizes da norma. As sim-
ponsáveis pela informação e a especificação plificações adotadas pelos guias e cader-
de Nível de Desenvolvimento segundo o BIM nos no que se refere ao BEP poderão
Forum. dificultar o processo de implementação
dos requisitos apontados pela ISO 19650-
Messner et al. (2019) é uma das referências
2:2018 nesse sentido, caso esses materiais
internacionais principais sobre BEP e passa
sejam utilizados. Isso se dá, pois a norma
a ser complementado pela publicação da ISO
traz uma estrutura robusta e elaborada para
19650:2 (ISO, 2018). Com a publicação da
o gerenciamento da informação, o que certa-
NBR ISO 19650:2 (ABNT, 2022), o objetivo e
mente precisará ser contemplado no BEP do
a estruturação de um BEP ganha status de
empreendimento (PEINADO; PRATES; RUS-
recomendação por norma e tende a ganhar
CHEL, 2021, p. 8).
tração em adoção nacional. Peinado, Prates
e Ruschel (2021) analisaram o alinhamento

O BEP SEGUNDO A NBR IS0 19650:2


Segundo a NBR ISO 19.650:2 (ABNT, 2022), o BEP é um “plano que explana
como os aspectos da gestão da informação da contratada serão conduzidos pela
equipe de entrega”. Sendo que o BEP pré-contratual “tem como foco principal
apresentar a proposta técnica da equipe de entrega para a gestão da informação
do empreendimento e sua competência e capacidade de gerenciar a informação”.

O BEP pré-contratual deve vir acompanhado produção da matriz de responsabilidade e


de um sumário da avaliação de competência do plano mestre de entrega da informação.
e capacidade, plano de mobilização e avalia- Desta forma, o BEP é uma das ferramentas
ção de riscos da entrega de informação em que a equipe de entrega contratada usará
resposta a uma licitação. Este guia aborda para produzir, gerenciar e trocar informações
exclusivamente o BEP. do empreendimento, juntamente com outros
recursos (UK BIM FRAMEWORK, 2021). Per-
O BEP é confirmado na contratação e com-
cebe-se a manutenção dos benefícios do BEP
plementado com documentos da contratada
apontados por Messner et al. (2019).
e subcontratadas. Assim, o BEP é revisitado
e atualizado para garantir que ele apoie a

57
A NBR ISO 19.650:1 define uma equipe de entrega de um empreendimento como a contratada
e suas subcontratadas, sendo que:

Uma equipe de entrega pode ser composta por


diversas equipes de tarefa do consórcio de
contratadas ou
subcontratadas;

O tamanho e a estrutura
de cada equipe de entrega Diversas equipes
são uma resposta à escala de entrega podem
e complexidade das ser contratadas Uma equipe de entrega
atividades de projeto, simultaneamente ou pode ser montada por
construção, operação e/ou sequencialmente para uma subcontratada
gestão de um ativo. realizar atividades ligadas ao invés da contratada.
ao empreendimento;

Entende-se competência como a habilidade numa licitação estabeleça um BEP pré-con-


para desempenhar a função e capacidade tratual da sua equipe de entrega como res-
como recursos disponíveis para desempe- posta à licitação. É recomendado que o BEP
nhar e funcionar. contenha os itens do Quadro 1.

A NBR ISO 19.650:2 recomenda que uma


empresa que deseja ser a contratada líder

58
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Quadro 1 - Composição recomendada para BEP pré-contratual

ITEM SUBITEM DESCRIÇÃO


os nomes e os currículos profissionais dos indivíduos propostos
A que exercerão as funções de gerenciamento da informação em
nome da equipe de entrega;
a estratégia de entrega da informação da equipe de entrega,
B contendo:
a abordagem da equipe de entrega para atender aos requisitos
B1 de troca da informação da contratante,
um conjunto de objetivos/metas para a produção colaborativa da
B2 informação,
visão geral da estrutura organizacional e relações comerciais da
B3
equipe de entrega, e
visão geral da composição da equipe de entrega, na forma de
B4
uma ou mais equipes de tarefa;
C a estratégia de federação a ser adotada pela equipe de entrega;
a matriz macro de responsabilidades da equipe de entrega,
contendo a responsabilidade alocada para cada elemento do
D
modelo de informação e os entregáveis-chave associados a cada
elemento;
quaisquer aditivos ou alterações propostas aos métodos e
E procedimentos de produção da informação do projeto que a
equipe de entrega requer para facilitar a efetiva:

E1 captura da informação do ativo existente,

E2 geração, revisão, aprovação e autorização da informação,

E3 segurança e distribuição da informação, e

E4 entrega da informação à contratante;


quaisquer aditivos ou alterações propostas ao padrão de
F informação que a equipe de entrega requer para facilitar a
efetiva:
F1 troca de informações entre equipes de tarefa,
F2 distribuição da informação a partes interessadas externas, e
F3 a entrega da informação à contratante;
uma tabela proposta de softwares (incluindo suas versões),
G hardware e infraestrutura de TI que a equipe de entrega
pretende adotar.

Fonte: NBR ISO 19.650:2 (ABNT, 2022).

59
METODOLOGIA DE ANÁLISE DOS BEPS

Foi realizado um benchmarking dos BEPs 19.650:2 (Quadro 1). A análise permitiu
praticados pelas empresas da CT-BIM. Os realizar uma proposição de reordenação da
BEPs foram avaliados buscando alinha- prática atual complementada com novos
mento com as recomendações da NBR ISO encaminhamentos.

Segue o delineamento aplicado:

BEPs
Coleta dos BEPs praticados na CTBIM;

Codificação e pontuação de cada BEP segundo Quadro 1;


- 0, item e/ou subitem não foi identificado no BEP;
- 1, item ou sub/item apresenta-se de forma insuficiente no BEP;
- 2, item apresenta-se de forma parcial no BEP e
- 3, item apresenta-se de forma completa no BEP.

Tabulação geral da pontuação;

BEP Cálculo da pontuação média de alinhamento à


NBR ISO 19.650:2 (Quadro 1) por BEP.

Cálculo da pontuação média de alinhamento à


NBR ISO 19.650:2 (Quadro 1) geral por item e/ou subitem.

BEP Proposição de BEP na estrutura da NBR ISO 19.650:


2 (Quadro 1) com insumos dos BEPs melhores pontuados
complementado com orientações da UK Framework nos itens
com lacunas identificadas.

60
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

RESULTADOS DA ANÁLISE
O primeiro passo do delineamento resultou por dois pesquisadores e confrontada para
numa amostra de estudo de 8 BEPs. A codi- a obtenção de convergência de compressão
ficação e pontuação do segundo passo do gerando uma codificação e pontuação única.
delineamento foi realizada separadamente

RESULTADOS
Pontuação versus Empresa
PONTUAÇÃO VERSUS EMPRESA

Empresa A 2,0

Empresa B 2,2

Empresa C 1,9

Empresa D 0,9

Empresa E 1,7

Empresa F 1,4

Empresa G 0,3

Empresa H 0,9

0,0 1,0 2,0 3,0

PONTUAÇÃO

Gráfico 9 - Pontuação média de alinhamento aos itens da


NBR ISO 19.650:2 (Quadro 1)

3,0

2,50 2,45

2,0

1,70
1,56 1,56
1,40
1,33
1,25
1,13 1,10
1,00
1,0

0,67
0,56
0,38

0,00
0,0
A B1 B2 B3 B4 C D E1 E2 E3 E4 F1 F2 F3 G

61
PROPOSIÇÃO
A partir dos BEPs analisados e dos pré-re- é parcial, podendo haver outros capítulos
quisitos da NBR ISO 19.650:2, buscou-se, em como por exemplo Introdução e Objetivo
conjunto com os multiplicadores e embaixa- do Empreendimento, entre outros. Ainda
dores da Comunidade Técnica, levantar os lembramos que o BEP pré-contratual deve
requisitos mínimos que devem estar conti- vir acompanhado de um sumário da avalia-
dos na estruturação de Plano de Execução ção de competência e capacidade, plano de
BIM pré-contratual. mobilização e avaliação de riscos da entrega
de informação em resposta a uma licitação,
Sugere-se, nessa proposição, uma estrutura
não abordados neste projeto. Desta forma, a
básica para os capítulos do documento,
presente proposta configura-se apenas como
seguindo a ordenação conforme a NBR ISO
uma estrutura de referência às empresas
19650, considerando que essa padronização
que estão iniciando a elaboração ou reestru-
pode auxiliar na identificação dos itens que
turando seus Planos de Execução BIM, sem
atendem os requisitos da norma e facilitar a
a pretensão de esgotar ou limitar o tema no
análise comparativa entre os PEBs. Em cada
presente conteúdo.
capítulo sugerido, descreve-se o objetivo da
seção conforme a norma e exemplifica-se o Os itens A-G de composição de um BEP de
tipo de conteúdo que deve ser inserido, com pré-contratação (Quadro 1) são abaixo apre-
base no benchmarking dos BEPs analisados sentados como capítulos de um BEP e foram
e os guias do UK BIM Framework Guidance numerados de 1 a 7. Sugere-se a manuten-
(https://www.ukbimframework.org/). Entre- ção dos títulos quando aplicados no BEP de
tanto, destaca-se que a estrutura sugerida um empreendimento.

62
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

CAPÍTULO 1: INFORMAÇÕES DA EQUIPE DE PROJETO

Objetivo: Nomes e currículos profissionais dos indivíduos propostos que exercerão


as funções de gerenciamento da informação em nome da equipe de entrega.

Descrição do item: Recomenda-se apresentar tabela com os seguintes campos,


conforme a imagem abaixo

disciplina

empresa

nome

e-mail

telefone de contato

currículo do profissional

Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados

63
CAPÍTULO 2: ESTRATÉGIA DE ENTREGA DA
INFORMAÇÃO DA EQUIPE DE ENTREGA

Objetivo 2.1: A abordagem da equipe de entrega para atender aos requisitos de troca
da informação da contratante.

Descrição do item: Sugere-se estabelecer o nível necessário de informação, os crité-


rios de aceitação e as datas de entrega dos requisitos de informação da organização
(OIR), requisitos de informação do ativo (AIR), e requisitos de informação do projeto
(PIR) .
Fonte: ISO 19650 Guidance 2: Delivery phase.

Objetivo 2.2: Apresentar o conjunto de objetivos/metas para a produção


colaborativa da informação,

Descrição do item: Sugere-se criar tabela com informações do projeto, tal como nome
do empreendimento, nome do cliente, endereço do empreendimento, tipo de uso, área
do terreno, área construída, número total de unidades e outras informações pertinen-
tes sobre o empreendimento. Recomenda-se listar os objetivos da modelagem para
o empreendimento. A partir disso, pode-se criar uma tabela ou uma listagem de itens
que indique a descrição dos objetivos gerais e específicos do empreendimento. Esses
objetivos podem ser associados aos usos do BIM.
Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados.

Objetivo 2.3: Visão geral da estrutura organizacional e relações comerciais da equipe


de entrega.

Descrição do item: Recomenda-se inserir um organograma, com nome e função dos


componentes da equipe de entrega, onde se explicita graficamente as interfaces entre
a contratante, contratada e equipes de entrega.
Fonte: Seção ABOUT ISO 19.6540 PARTIES AND TEAM da ISO 19650 Guidance 2: Delivery phase (https://www.
ukbimframework.org/wp-content/uploads/2021/02/Guidance-Part-2_Parties-teams-and-processes-for-the-delivery-
phase-of-assets_Edition-6.pdf).

Objetivo 2.4: Visão geral da composição da equipe de entrega, na forma de uma ou


mais equipes de tarefa.

Descrição do item: Sugere-se inserir fluxograma com a equipe de entrega.


Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados.

64
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

CAPÍTULO 3: FEDERAÇÃO

Objetivo: A estratégia de federação a ser adotada pela equipe de entrega.

Descrição do item: Recomenda-se inserir a listagem dos softwares utilizados e a lista


de vínculos que deve estar no arquivo federado. Essa lista pode conter: código do
arquivo, nome, posição do modelo. Outro ponto importante nessa seção é indicar a
padronização dos aspectos do modelo federado, tal como a nomenclatura dos níveis
da régua de nivel.
Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados. Sugere-se também consultar a Prática Recomentada ABNT PR 1015, e
a ISO 19650 Guidance C: Facilitating the CDE (workflow and technical solutions), https://ukbimframeworkguidance.
notion.site/ISO-19650-Guidance-C-Facilitating-the-CDE-workflow-and-technical-solutions-ff3bdbcf1c1349c1a98c58694
3d0a9f1

CAPÍTULO 4: MATRIZ DE RESPONSABILIDADES

Objetivo: A matriz macro de responsabilidades da equipe de entrega, contendo a


responsabilidade alocada para cada elemento do modelo de informação e os entregá-
veis-chave associados a cada elemento.

Descrição do item: Recomenda-se criar uma tabela com o nome dos responsáveis, os
usos do BIM e modelos associados à cada responsável. Dessa forma, essa matriz deve
listar todos os modelos atrelados a usos específicos ou disciplina e estipular uma parte
responsável e a entrega exigida para cada uso. Por exemplo, os guias do UK BIM Fra-
mework indicam que para o uso custo, as entregas associadas a esse modelo seriam a
ordem das estimativas de custo e planos de custo e a parte responsável seria o respon-
sável pelo levantamento de quantidades.
Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados, UK BIM Framework (2021) e ISO 19650 Guidance F: Information
delivery planning.

65
CAPÍTULO 5: MÉTODOS E PROCEDIMENTOS DE PRODUÇÃO
DA INFORMAÇÃO DO PROJETO DA EQUIPE DE ENTREGA

Objetivo 5.1: captura da informação do ativo existente


Descrição do item: Trata-se de especificar como as informações do ativo existente
serão informadas. Recomenda-se estabelecer quais propriedades precisam ser captu-
radas sobre os ativos existentes, os valores permitidos ou unidades de medida.
Fonte: ISO 19650 Guidance 2: Delivery phase

Objetivo 5.2: geração, revisão, aprovação e autorização da informação,


Descrição do item: Recomenda-se inserir informações sobre procedimentos de colabo-
ração e comunicação. Para tal, pode-se incluir tabelas com os seguintes campos: os
métodos de comunicação, frequência da reunião, local da reunião, a gestão dos mode-
los, os procedimentos de transferência, as aprovações, a nomenclatura dos modelos
e dos arquivos, os procedimentos das reuniões e a frequência de atualização dos
modelos. Neste item sugere-se inserir procedimentos de controle de qualidade e audi-
torias. Pode conter tabela com os campos: número de checagens do modelo, nome
responsável, o software utilizado e a frequência e o tipo da verificação do modelo.
Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados

Objetivo 5.3: segurança e distribuição da informação.


Descrição do item: Quanto à distribuição da informação recomenda-se inserir infor-
mações sobre a interoperabilidade de arquivos, diretrizes de segregação de modelos
e descrever qual será o Ambiente Comum de Dados (CDE) a ser adotado. Quanto à
segurança da informação recomenda-se estabelecer na configuração e gestão do CDE
quem pode acessar quais informações e o que se pode fazer com elas. Considerar
questões de direitos autorais, confidencialidade e segurança de dados pessoais. Estas
informações de segurança podem ser inseridas como metadados dos containers de
informação no CDE.
Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados (para distribuição da informação) e ISO 19650 Guidance 1: Concepts
& ISO 19650 Guidance 2: Delivery phase (para segurança da informação).

Objetivo 5.4: entrega da informação à contratante,


Descrição do item: Sugere-se criar o fluxo de processo de projeto conforme a etapa do
projeto (Anteprojeto, estudo preliminar, …). Os métodos e procedimentos de produção
de informações podem estabelecer qual procedimento seguir ao fornecer informações,
como por exemplo se verificações adicionais são necessárias ou se uma solução CDE
adicional deve ser usada
Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados e ISO 19650 Guidance 2: Delivery phase.

66
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

CAPÍTULO 6: PROPOSTAS AO PADRÃO DE INFORMAÇÃO QUE


A EQUIPE DE ENTREGA REQUER PARA FACILITAR A EFETIVA:

Objetivo 6.1: troca de informações entre equipes de tarefa;

Descrição do item: Sugere-se inserir informações como: Definição de LOD (Level of


Development) de sistemas de componentes do modelo, diretrizes sobre objetos e
famílias (nomenclaturas, e informações não geométricas como quantidade, unidade,
preço unitário…), coordenadas, níveis e unidades e detalhamento das entregas de
modelos e elementos por disciplina
Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados

Objetivo 6.2: distribuição da informação a partes interessadas externas

Descrição do item: Similar ao objetivo 5.2 considerando as partes interessadas


externas.
Fonte: ABNT NBR ISO 19.650:2

Objetivo 6.3: a entrega da informação à contratante;

Descrição do item: Sugere-se indicar o repositório de arquivos no qual será realizada a


inserção das informações produzidas no projeto.
Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados

CAPÍTULO 7: SOFTWARES, HARDWARE E


INFRAESTRUTURA DE TI

Objetivo: Tabela proposta de softwares (incluindo suas versões), hardware e infraestru-


tura de TI que a equipe de entrega pretende adotar

Exemplo: Sugere-se criar uma tabela com os campos disciplinas, usos BIM, disciplina,
uso, software e versão, e especificações de infraestrutura requerida de hardware, tal
como especificações técnicas de computador.

Fonte: Benchmarking dos BEPs analisados

67
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO DE INOVAÇÃO
A partir do exposto, os trabalhos desenvolvidos na Comunidade Técnica puderam contri-
buir com o setor da construção civil a partir de três entregáveis principais:

Metodologia de análise dos Planos de Execução BIM conforme a NBR ISO


19.650:2;

Análise crítica dos Planos de Execução BIM das empresas que participaram
do trabalho;

BEP
BEP
BEP Proposição de PEB a todas as empresas do setor da construção civil, configu-
rando-se como uma compensação inicial de alinhamento de BEPs à NBR ISO
19650.

Dentre
BEP os benefícios da proposição de PEB desenvolvido na Comunidade Técnica, pode-
-se listar:

Elaboração de documento de referência para todas as empresas do setor,


auxiliando-as na:

Análise crítica de seus PEBs frente a NBR ISO 19.650:2;

Elaboração do PEB, caso a empresa ainda não tenha o documento estruturado;

Busca pela padronização dos conteúdos;

O presente trabalho, assim, expande as discussões teóricas da implantação de BIM, tor-


nando-se uma ferramenta de aplicação prática da inovação no setor da construção civil.

COMO REFERENCIAR ESSE TRABALHO


RCDI+S. REDE CONSTRUÇÃO DIGITAL, BIM: Building Information Modeling, v.01.
INDUSTRIALIZADA E SUSTENTÁVEL et. al. São Paulo: CTE, 2023, 73 p.

68
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO Secretaria de Estado De Infraestrutura e Logís-
INDUSTRIAL. Contratação e elaboração de tica, 2018
projetos BIM na arquitetura e engenharia: PEINADO, H. S. .; PRATES, J. S.; RUSCHEL,
Coletânea Guias BIM ABDI-MDIC. Brasília: R. C. . Alinhamento das diretrizes de Plano
ABDI, 2017. Guia 4. de Execução BIM em guias brasileiros com a
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCRITÓRIOS ISO 19650-2:2018. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO
DE ARQUITETURA. Guia AsBEA Boas Práticas DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMU-
em BIM. Agosto, 2015. NICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, 3., 2021. Anais
[...]. Porto Alegre: ANTAC, 2021. p. 1–9. DOI:
ARAYICI, C.SP. et al. In: COMPUTING IN CIVIL 10.46421/sbtic.v3i00.576. Disponível em:
AND BUILDING ENGINEERING, 2010, Nottin- https://eventos.antac.org.br/index.php/sbtic/
gham. Proceedings […]. Nottingham: ICCCBE, article/view/576. Acesso em: 10 out. 2022.
2010. Disponível em: http://usir.salford.ac.uk/
id/eprint/9551/ PWC - PriceWaterhouseCooper. BIM Level 2
Benefits Measurement Methodology. 2018.
ISO - INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR Disponível em: https://www.cdbb.cam.ac.uk/
STANDARDIZATION. ISO 19650:2018:2. Orga- files/3._pwc_benefits_measurement_methodo-
nization and digitization of information about logy.pdf. Acesso em 9 de junho de 2022.
buildings and civil engineering works, including
building information modeling (BIM) — Infor- RUSCHEL, R. C. .; DOREA, T. A. V.; MELLO, R.
mation management using building informa- B. de; DELATORRE, J. P. M.; RIBEIRO, P. de C. .;
tion modeling — Part 2: Delivery phase of the WATANABE, M. L. M. .; SOUZA, R. de . Ecossis-
assets. Genebra, 2018. Disponível em:https:// tema de inovação e transformação: diagnóstico
www.iso.org/standard/68080.html. Acesso da Comunidade Técnica de BIM do CTE Enre-
em: 10 de out de 2022. des. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLO-
GIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, Anais [...].
KASSEM, M.; LI, J. l. Building Information Porto Alegre: ANTAC, Disponível em: https://
Modeling Evaluating Tools for Maturity and eventos.antac.org.br/index.php/entac/article/
Benefits Measurement. Report for Centre for view/2180. Acesso em: 10 out. 2022.
Digital Built Britain in partnership with the UK
UK BIM FRAMEWORK. Information manage-
BIM Alliance, 2020. Disponível em: https://
ment according to BS EN ISO 19650 Guidance
www.cdbb.cam.ac.uk/news/bim-report-e-
Part 2 – Delivery phase. 9. Edição. Reino
valuating-tools-maturity-and-benefits-measu-
Unido: UK BIM Framework, 2022.
rement
UK BIM FRAMEWORK. Information manage-
MESSNER, J., ANUMBA, C., DUBLER, C.,
ment according to BS EN ISO 19650 – Gui-
GOODMAN, S., KASPRZAK, C., KREIDER, R.,
dance Part C – Facilitating the CDE (workflow
LEICHT, R., SALUJA, C., AND ZIKIC, N. BIM
and technical solutions). 3. Edição. Reino
Project Execution Planning Guide, Version
Unido: UK BIM Framework, 2022.
2.2, 2019. Computer Integrated Construction
Research Program, The Pennsylvania State UK BIM FRAMEWORK. Information manage-
University, University Park, PA, USA, August, ment according to BS EN ISO 19650 – Gui-
Disponível em: https://psu.pb.unizin.org/ dance Part E – Tendering and appointments.
bimprojectexecutionplanningv2x2/. 4. Edição. Reino Unido: UK BIM Framework,
2022
PARANÁ. SECRETARIA DO ESTADO DE INFRA-
ESTRUTURA E LOGÍSTICA. Caderno BIM: UK BIM FRAMEWORK. Information manage-
coletânea de cadernos orientativos: caderno ment according to BS EN ISO 19650 – Gui-
de especificações técnicas para contratação dance Part F – Information delivery planning. 2.
e projetos em BIM –Edificações. Curitiba: Edição. Reino Unido: UK BIM Framework, 2022

69
CRÉDITOS

CO-AUTORES

EMBAIXADORES/ELABORAÇÃO DO PROJETO DE INOVAÇÃO


Joyce Delatorre, Technical Sales Specialist na Autodesk
Lucas de Santana Gonçalves, Doutorando em Arquitetura, Tecnologia e Cidade pela Universi-
dade Estadual de Campinas Universidade Estadual de Campinas
Priscila Castro, Gerente BIM na Sinco Engenharia
Regina Ruschel, pesquisadora e Professora Colaboradora na FECFAU-UNICAMP
Ricardo Bianca, Sr. Technical Sales Specialist na Autodesk

PALESTRANTES
André Pinheiro, Coordenador de BIM na MRV
Anderson Zanutto, Sócio na Kröner & Zanutto Arquitetos
Giovanna Marquioreto, Especialista BIM na Hilti
Ligia Pires, Especialista BIM na MPD
Renato Mariz, Gerente de Projetos no Lean Institute Brasil

MULTIPLICADORES
Alessandro Frederico, Analista de Arquitetura na Leroy Merlin
Aline Zini, Engenheira de P&D na Visia
Ana Luiza Yokoo, Arquiteta de Produtos na MPD
Ana Paula Beckhauser, Analista de Engenharia Plena na BN Engenharia
Andreia Cristina Barros, Coordenador Planejamento Técnico na Tarjab
Arnaldo Lima, Design Management, Sustentabilidade e Bem Estar na Edo Rocha Arquiteturas
Arthur Feitosa Oliveira, Diretor Executivo na Otus Engenharia
Augusto Sergio Marques, Supervisor da Assistência Técnica na OR
Bruno Buzzi, Product Owner na Senior Mega
Carina Mazzini Rodrigues, Arquiteta na MCAA

70
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Carla Barroso, Supervisora de Projetos na Moura Dubeux


Carla Estrella, Diretora de projetos na Kônigsberger Vannucchi
Carlos Nogueira, Gerente de Projetos na Setin
Cirene Paulussi Tofanetto, Gerente Técnica na Viapol.
Derek Albert Collard, Gerente de Planejamento na Sinco Engenharia
Diego Pereira Teixeira, Engenheiro na BN Engenharia
Evelin Gouveia, Gerente de Projetos na JLL
Felipe Biffi, Analista de Engenharia na Tecverde Engenharia SA
Fernando Meneguello, Especialista Técnico Sr. na Portobello
Flavio Graziano, Diretor na Tools Engenharia
Frederica Fernandez, Diretora Desenvolvimento na MCAA Arquitetos
Gabriel Belemer, Coordenador de Projetos Executivos na Toledo Ferrari
Gabriela Ortiz, Arquiteta na MCAA Arquitetos
Gabriela Pierozan, BIM Manager na Engeform
Gilmar José Ceregato Filho, Analista de Pesquisa e Desenvolvimento na Prestes
Gustavo Genuario, Gerente de TI na Leonardi
Hanna Steiner Luxo, Arquiteta na Gaaz Arquitetos Associados
Henrique Fantin, Especialista de Planejamento Estratégico na Dexco
Ítalo Souza Azevedo, Estagiário de Engenharia à Montante na OR
Janaína Maria Da Silva, Especialista de Marketing na Gerdau
Jessica Silva Nunes , Analista de projetos na Visia
Leonardo Chalela Ayub, Arquiteto na MCAA Arquitetos
Leonardo Gasparin, Analista BIM na Vitta Residencial
Luis Henrique Wescinski, Analista na Rogga
Luís Henrique Domingos, Engenheiro de Planejamento na Sinco Engenharia
Marcello Turesso, Engenheiro Eletricista na Projetar Engenharia
Mariana Chagas, Analista de Projetos na Knauf
Mariana Gomes Semedo, Assistente de Projetos na R. Yazbek
Mariana Tavares, Gerente Projeto Executivo na Bait
Marina Galvão, Coordenadora na Even

71
Mario Augusto Mancuso Jorge, BIM Specialist na Tools Engenharia
Mario Antonio Junior, Analista de Estruturas na Urbem
Matheus Fontana Torre, BIM Manager na RM Mais
Mônica Abdala, Engenheira de Orçamentos no CTE
Nádia Ruiz Pedrique, Diretora executiva na MCAA Arquitetos
Natália Soares Scarpim, Analista na Tools Engenharia
Patricia Artoni, Gerente de Projetos Executivos na EZTEC
Patricia Melo, Coordenador de Projetos no CTE
Pedro Francisco Vieira, Coordenador Técnico na Gafisa
Priscila Helena Rosa, Gerente de Projetos na Ekko Group
Rafael Baroni, Associate na Brookfield
Rafael Ribeiro, Projetista na CMC Modular
Raphael Edo, Associado Senior BIM na Königsberger Vannucchi
Raphael Soares Alho, Arquiteto na Construtora Tenda
Sérgio Guimarães De Ávila, Arquiteto na MCAA Arquitetos
Talisa Da Conceição Galeazzi, Coordenadora de Projetos na Viapol
Thiago Komoto Losito, Arquiteto na Gamaro
Tiago Martins Fernandes, Gerente de Engenharia na ULMA
Vinícius Silva Garcia, Analista técnico na Bild
Willian Rafael Da Silva, Projetista BIM na CMC Modular

EQUIPE CTE ENREDES


Gestão das Comunidades Técnicas: Mariana Watanabe e Tainã Dorea

Revisão técnica: Roberto de Souza, Mariana Watanabe e Tainã Dorea

Equipe de apoio: Isabel Alexandrino e Cristina Mantovani

Redação: Juliana Nakamura (MTB 46.219/SP) e Eduardo Campos Lima

Arte: Milton Tortella, Laboratório de Criação

Coordenação: Carolina Crepaldi e Gabriela Barreto de Souza

72
O Centro de Tecnologia de Edificações é uma
empresa de consultoria e gerenciamento especia-
lizada em qualidade, tecnologia, gestão, susten-
tabilidade e inovação para o setor da construção.
Exerce suas atividades desde 1990, desenvolvendo
metodologias e tecnologias para a melhoria da
gestão das empresas, dos empreendimentos e
das obras, estimulando e promovendo a produti-
vidade, a competitividade, a cultura diferenciada e
o crescimento sustentável da cadeia produtiva da
construção.

O Enredes é uma unidade de negócio do Centro


de Tecnologia de Edificações (CTE), criado para
conectar profissionais e empresas, influenciar
mudanças e gerar negócios para a transformação
da indústria da construção. Com foco em inovação,
sustentabilidade e qualidade, oferece ao mercado
um pacote de soluções para criar redes de relacio-
namento, compartilhar conhecimentos e promover
movimentos para a melhoria do desempenho e da
produtividade do setor.

A Rede Construção Digital, Industrializada e


Sustentável (RCDI+S) é o maior ecossistema de
relacionamento setorial e inovação da construção
brasileira. Composta por 110 empresas líderes em
seus segmentos de atuação, a RCDI+S se destaca
por sua amplitude, engajamento e poder de trans-
formação. Integram a Rede incorporadoras e cons-
trutoras de todo o país, escritórios de projetos e
de consultoria, fabricantes de materiais, startups
e fornecedores de tecnologia, além de fundos de
investimento, gestores de ativos, agentes públicos
e financeiros, universidades, e contratantes de pro-
jetos e obras.

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