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WBA1218_V1.

ESTRUTURAS EM CONCRETO
ARMADO E PRÉ-MOLDADO
2

Bianca Lopes de Oliveira

ESTRUTURAS EM CONCRETO
ARMADO E PRÉ-MOLDADO
1ª edição

São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A
2023
3

© 2023 por Platos Soluções Educacionais S.A.

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Renata Peres dos Santos

Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


_____________________________________________________________________________
Oliveira, Bianca Lopes de
Estruturas em concreto armado e pré-moldado/ Bianca
O48e
Lopes de Oliveira. – São Paulo: Platos Soluções
Educacionais S.A., 2023.
32 p.

ISBN 978-65-5356-431-2

1. Análise estrutural. 2. Concreto armado. 3. Concreto


pré-moldado. I. Título. 3. Técnicas de speaking, listening e
writing. I. Título.
CDD 691
_____________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 8/10534
2023
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
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ESTRUTURAS EM CONCRETO
ARMADO E PRÉ-MOLDADO

SUMÁRIO

Apresentação da disciplina ___________________________________ 05

Estruturas de concreto armado: análise estrutural e


dimensionamento ____________________________________________ 06

Cálculo e detalhamento de estruturas


de concreto armado__________________________________________ 18

Industrialização da construção: estruturas


pré-moldadas de concreto____________________________________ 29

Projeto e dimensionamento de estruturas


pré-moldadas de concreto____________________________________ 40
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Apresentação da disciplina

A construção é um setor influente na economia, impulsionando o


desenvolvimento social e a infraestrutura de um país. Por isso, a busca
por sistemas construtivos resistentes e seguros é fundamental. O
sistema de concreto armado está entre os mais utilizados no mundo
por ter características como: resistência, adaptabilidade ao projeto e
fácil execução. Seu uso pode ser também em sistemas pré-moldados,
baseados na industrialização da construção, reduzindo a geração de
resíduos e aumentando a velocidade produtiva da obra.

Por isso, é importante entendermos como esse material, o concreto


armado, pode ser dimensionado de forma a conceber estruturas
seguras, estáveis e funcionais. Como elaborar o projeto e o
dimensionamento de estruturas em concreto armado e pré-moldado?
Que parâmetros devem ser levados em consideração em cada caso e
como podem ser obtidos? Como realizar a análise estrutural e entender
o comportamento dos elementos?

A disciplina “Estruturas em concreto armado e pré-moldado”


apresentará os fundamentos para realizar a modelagem e análise
estrutural de uma estrutura de concreto. Você aprenderá quais as
diferenças principais de dimensionamento entre estruturas de concreto
armado e pré-moldado. Serão apresentados os detalhamentos que
devem ser elaborados, além da análise dos efeitos de segunda ordem
para os sistemas de concreto armado, conforme NBR 6118:2014.
Também serão apresentadas as vantagens na utilização das estruturas
pré-moldadas, considerando a NBR 9062:2017 e os cuidados com as
ligações existentes neste modelo estrutural.
6

Estruturas de concreto armado:


análise estrutural
e dimensionamento
Autoria: Bianca Lopes de Oliveira
Leitura crítica: Carla Maria Montanari Gonçalves

Objetivos
• Compreender as características das estruturas de
concreto armado e sua segurança estrutural.

• Analisar as principais normas técnicas vigentes e sua


aplicação nas metodologias para adoção do concreto
armado como sistema estrutural.

• Estabelecer critérios de dimensionamento de


estruturas em concreto armado.
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1. Sistema estrutural em concreto armado

O concreto armado é um dos sistemas estruturais mais utilizados no


mundo, sendo de fácil execução, ótima qualidade e custo acessível.
Este material permite a adaptação da estrutura a diversos projetos
arquitetônicos com ótima resistência às cargas atuantes e aos
desgastes provenientes de intempéries e características do ambiente.

Como iniciar um projeto de uma estrutura em concreto armado?


Primeiramente, deve-se conhecer as propriedades do concreto e do
aço a serem utilizados. Por exemplo, o aço pode ser classificado em
função de sua resistência ao escoamento em kN/cm². Para barras,
em geral, são utilizados o CA-25 e o CA-50. Para fios é utilizado o CA-
60. Conforme a Norma 7480:2022, classificam-se como barras os
vergalhões com diâmetro nominal 6,3 mm ou superior, produzidos
por laminação a quente. Já os fios são classificados para diâmetro
nominal 10,0 mm ou inferior, produzidos por trefilação ou processo
equivalente. O aço pode apresentar superfície lisa, nervurada ou
entalhada, adotando-se para ele uma massa específica de 7.850 kg/
m³ (PORTO; FERNANDES, 2015).

O concreto é classificado conforme sua resistência à compressão,


que depende do teor de cimento no volume de concreto e da relação
água/cimento da mistura. A junção do concreto e aço constitui o
concreto armado, sendo a aderência entre esses materiais essencial
para a garantia do comportamento monolítico da estrutura. Outras
propriedades devem ser consideradas, entre elas, o coeficiente
de dilatação do aço e do concreto que são praticamente iguais, e
também o fato de o concreto atuar protegendo o aço de oxidação,
aumentando a durabilidade da estrutura. A partir das características
dos materiais, o projeto e dimensionamento de estruturas em
concreto armado é baseado em normas técnicas como a NBR
8

6118:2014, NBR 6120:2019, NBR 6123:1988 e NBR 7191:1982 e NBR


15575:2021.

O objetivo no projeto das estruturas em concreto armado é a


construção de estruturas estáveis e seguras e que mantenham essas
características, além de condições plenas de uso, ao longo de sua
vida útil. Isso envolve a verificação do estado limite último (ELU) e
estado limite de serviço (ELS) da estrutura. Segundo a NBR 6118:2014,
a escolha estrutural do projeto deve considerar as “condições
arquitetônicas, funcionais, construtivas, estruturais e de integração
com demais projetos” (ABNT, 2014, p. 13). A partir da escolha
estrutural, é necessário conceber o arranjo construtivo, estabelecer
as cargas que agem sobre a estrutura e realizar sua análise estrutural,
determinando as tensões e forças internas nos elementos e seus
deslocamentos.

Como a estrutura em concreto armado se comporta? De maneira


simplificada, a estrutura em concreto armado é vista como um
sistema complexo formado por elementos lineares e de superfície.
Os elementos lineares podem ser vigas, pilares, tirantes, arcos e são
designados conforme sua função e dimensões. Os elementos de
superfícies podem ser lajes, placas, cascas e chapas (ABNT, 2014).
Cada elemento estrutural apresenta comportamentos em função das
ações que recebem e os efeitos estruturais provados por elas. Com
o resultado da análise estrutural é realizado o dimensionamento, as
verificações e o detalhamento do projeto.

O dimensionamento das peças estruturais também depende da


classe de agressividade do meio à qual a estrutura está inserida.
Dependendo da classe de agressividade do ambiente, será feita
a escolha da relação água/cimento e classe do concreto a serem
utilizadas, além da definição do cobrimento das peças para garantir a
durabilidade da estrutura e atender aos critérios da NBR 15575:2021–
Norma de Desempenho.
9

2. Análise estrutural

A análise estrutural, conforme a NBR 6118:2014, é feita pela


determinação das ações na estrutura e suas solicitações resultantes,
verificando seus estados-limites últimos e de serviço da estrutura sob a
ação delas (ABNT, 2014). Como determinar as ações? Utilizando normas
técnicas como a NBR 8681 que especifica as ações permanentes (que
ocorrem durante toda a vida da construção), variáveis (cargas acidentais,
como ocasionadas pelo vento, água e temperatura) e excepcionais.
Para auxiliar na quantificação das ações, a NBR 6120:2019 estabelece
valores de cargas atuantes nas edificações para permitir o cálculo dos
esforços solicitantes das peças estruturais, considerando os efeitos mais
desfavoráveis para a estrutura.

As ações (Fd), ponderadas por coeficientes que consideram a


variabilidade, simultaneidade e erros de avaliação, são quantificadas
em função de combinações. As combinações últimas descritas pela NBR
6118 (ABNT, 2014) para estruturas de concreto armado são:

• Combinação última normal por esgotamento da capacidade


resistente para elementos estruturais de concreto armado:

• Combinação última normal por perda de equilíbrio como


corpo rígido:

• Combinação última especial ou de construção:


10

• Combinação excepcional:

Onde Fd é o valor de cálculo das ações para combinação última; Fgk é o


valor das ações permanentes diretas; FƐk representa as ações indiretas
permanentes como a retração FƐgk e variáveis como a temperatura FƐgk;
Fqk representa as ações variáveis diretas das quais Fq1k é escolhida
principal; γg, γq, γƐg, γƐq são os coeficientes de ponderação conforme
Quadro 1; ψoj, ψoƐ os coeficientes de ponderação conforme Quadro 2,
Fsd são as ações estabilizantes; Fnd são as ações não estabilizantes; Gsk é
o valor característico da ação permanente estabilizante; Rd é o esforço
resistente estabilizante; Gnk é a ação permanente instabilizante; Qnk são
as ações variáveis instabilizantes; Q1k é o valor característico da ação
variável instabilizante principal; ψoj e Qjk são as demais ações variáveis
instabilizantes, com valor reduzido e Qs,min é o valor mínimo da ação
variável estabilizante que acompanha a ação variável instabilizante.

Quadro 1 – Coeficientes de ponderação γf= γf1. γf3

Ações

Combinações Recalques de apoio e retra-


de ações Permanentes (g) Variáveis (q)
ção

D F G T D F

Normais 1,4a 1,0 1,4 1,2 1,2 0

Especiais ou
1,3 1,0 1,2 1,0 1,2 0
de construção

Excepcionais 1,2 1,0 1,0 0 0 0

Onde D é desfavorável, G representa as cargas variáveis em geral e T é a temperatura.


a
Para as cargas permanentes de pequena variabilidade, como o peso próprio das
estruturas, especialmente as pré-moldadas, esse coeficiente pode ser reduzido para 1,3.

Fonte: adaptado de NBR 6118, ABNT (2014, p. 65).


11

Quadro 2 – Coeficientes de ponderação γf2

Ações γf2

Ψ0 Ψ 1a Ψ2

Locais em que não há predominância de pesos de


equipamentos que permanecem fixos por longos pe-
0,5 0,4 0,3
ríodos de tempo, nem de elevadas concentrações de
pessoas b.
Cargas
acidentais Locais em que há predominância de pesos de equi-
de edifícios pamentos que permanecem fixos por longos perío-
0,7 0,6 0,4
dos de tempo, nem de elevadas concentrações de
pessoas c.

Biblioteca, arquivos, oficinas e garagens. 0,8 0,7 0,6

Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral. 0,6 0,3 0

Variações uniformes de temperatura em relação à


Temperatura 0,6 0,5 0,3
média anual local.

a
Para os valores de ψ1 relativos às pontes e principalmente para os problemas
de fadiga ver seção 23 da NBR 6118.
b
Edifícios residenciais.
c
Edifícios comerciais, de escritórios, estações e edifícios públicos.

Fonte: adaptado de NBR 6118, ABNT (2014, p. 65).

Para a análise do estado limite de serviço, são utilizadas combinações


de ações quase permanentes (atuantes em grande parte da vida da
estrutura), frequentes (acontecem várias vezes ao longo da vida da
estrutura) e raras. As combinações de serviço descritas pela NBR 6118
(ABNT, 2014) para estruturas de concreto armado são:

• Combinações quase permanentes:


12

• Combinações frequentes:

• Combinações raras:

Onde Fd,ser é o valor de cálculo das ações para a combinação de serviço;


Fq1k é o valor das ações variáveis principais diretas; ψ1, ψ2 os coeficientes
de ponderação conforme Quadro 2.

A partir da definição das ações e solicitações nas estruturas de concreto


armado, devem ser determinados os valores das resistências do material
estrutural a ser utilizado, considerando coeficientes de ponderação das
resistências no ELU, conforme Quadro 3.

Quadro 3 – Coeficientes de ponderação da resistência no ELU

Combinações Concreto γc Aço γs

Normais 1,4 1,15


Especiais ou de construção 1,2 1,15

Excepcionais 1,2 1,0

Fonte: NBR 6118, ABNT (2014, p. 71).

Outro aspecto a ser levado em consideração no projeto de estruturas


de concreto armado são os limites de dimensões, deslocamentos e
abertura de fissuras determinados pela NBR 6118:2014.

A análise estrutural dependerá da elaboração de um modelo estrutural,


ilustrado na Figura 1, contendo os elementos básicos, sendo de fácil
visualização o caminhamento das ações até a fundação da estrutura.
13

Figura 1 – Modelo estrutural

Fonte: Shutterstock.com.

Neste modelo devem ser definidos e representados a geometria de cada


elemento estrutural, as cargas atuantes e os materiais utilizados e suas
propriedades (ABNT, 2014). Como escolher qual modelo utilizar? Aquele
que representar melhor a estrutura real. A utilização de softwares
computacionais tem auxiliado para a avaliação de diferentes modelos
estruturais e melhor escolha. A partir da determinação do modelo e
das ações, a análise estrutural pode ser feita por meio da análise linear,
análise linear com redistribuição, análise plástica, análise não linear e
análise por meio de modelos físicos.

A análise linear considera que os materiais componentes da estrutura


irão se comportar de maneira elástico-linear. Esse comportamento é
válido até certo valor de solicitação para deformações abaixo do limite
elástico do material. Esse é o comportamento definido pelo Estádio I.
Para se analisar os esforços resistentes de uma viga ou pilar, considera-
se que esses elementos terão seu comportamento definidos pelo
Estádio I, Estádio II e Estádio III.

No Estádio I, os materiais têm suas deformações proporcionais às


ações a que estão sujeitos, sendo que o concreto tracionado ainda se
apresenta sem fissurações. No Estádio II, o comportamento do aço e do
14

concreto comprimido é linear, mas o concreto tracionado se apresenta


totalmente fissurado, não tendo funções de resistência. O Estádio III é
referente ao estado de ruptura do concreto comprimido, sendo o estado
limite de ruptura da peça de concreto armado. O ELU pode se enquadrar
em algum dos domínios de deformação, dependendo de qual material
sofrer a ruptura, conforme a Figura 2.

Figura 2 – Domínio de deformação

Fonte: NBR 6118, ABNT (2014, p.122).

A ruptura do aço por deformação excessiva está enquadrada nos


domínios 1 (tração não uniforme) e 2 (flexão simples ou composta,
com alongamento máximo de 10% da armadura). Dependendo do
comportamento do concreto ao sofrer a ruptura, o domínio em que isso
acontecerá poderá ser, conforme a NBR 6118 (ABNT, 2014):

• Domínio 3: quando ocorrer a ruptura do concreto por compressão


e o escoamento do aço, em função da flexão simples ou composta.

• Domínio 4: quando o concreto sofrer ruptura por compressão


e não houver o escoamento do aço nas armaduras que estão
solicitadas à tração, em solicitações de flexão simples ou
composta.
15

• Domínio 4a: neste domínio o concreto sofre rompimento à


compressão e as armaduras comprimidas estão sujeitas à flexão
composta.

• Domínio 5: neste domínio, o elemento não sofre tensões de tração,


mas flexo-compressão.

A partir dessa análise, temos que, para peças sujeitas à flexão simples,
o ELU acontecerá nos domínios 2, 3 e 4. Se for flexo-tração, poderá
ocorrer nos domínios 1, 2, 3 e 4. Se for solicitada por flexo-compressão
pode ser nos domínios 2 a 5 (ARAÚJO, 2010). Assim, o dimensionamento
partirá de três relações: relações de tensão-deformação dos materiais,
de compatibilidade de deformações e de igualdade entre os esforços
resistentes e atuantes.

A análise estrutural depende também da avaliação dos carregamentos


após a deformação da estrutura ou por imperfeições geométricas. Essa
é a análise de segunda ordem. Em peças mais esbeltas, essa análise é
fundamental, e a NBR 6118 estabelece a necessidade de considerar a
não linearidade da estrutura.

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), a metodologia de cálculo dos


efeitos de segunda ordem deve ser baseada nos diagramas tensão-
deformação dos materiais, sendo que a não linearidade pode ter seu
efeito determinado por meio da construção da momento-curvatura das
seções, a partir do conhecimento da armadura e da solicitação normal
atuante, determinando-se a rigidez da seção. A construção desses
gráficos é trabalhosa, por isso são utilizados programas computacionais
para auxiliar na análise. Para o cálculo de segurança de efeitos de
segunda ordem pode ser utilizada a equação:
16

Os efeitos de 2ª ordem podem ser classificados em efeitos globais ou


locais. Os efeitos resultantes do deslocamento horizontal dos nós da
estrutura são os efeitos globais de 2ª ordem, ou seja, quando a estrutura
se desloca por inteira, seu efeito é global. No entanto, quando os
efeitos ficam restritos a uma localidade, como pela não retilineidade em
certa região do elemento estrutural, é chamado de efeito de 2ª ordem
localizado (ABNT, 2014).

Em estruturas em que os nós são considerados fixos, os efeitos globais


de 2ª ordem não têm grande relevância. Por isso, nestes casos são
levados em consideração apenas efeitos localizados de 2ª ordem. No
entanto, para estruturas em que os nós são considerados móveis, a
análise de 2ª ordem é fundamental, pois os efeitos podem resultar em
aumentos superiores a 10% nas solicitações em que a estrutura está
submetida.

Com a análise estrutural realizada, o dimensionamento e detalhamento


dos elementos da estrutura de concreto armado devem ser feitos.
Basicamente, os esforços resistentes da estrutura devem ser iguais ou
superiores aos esforços utilizados no cálculo como atuantes.

Assim, fica clara a necessidade de se levar em consideração os requisitos


e fundamentos estabelecidos pelas normas vigentes para garantir
a segurança, durabilidade e funcionalidade de uma estrutura. Cada
projeto é único, utiliza materiais com propriedades características e uma
modelagem estrutural escolhida “a dedo” e deve ser analisado de forma
coerente promovendo a estabilidade e segurança.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118: Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
17

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6120: Ações para o


cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6123: Forças devidas
ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7191: Execução de
desenhos para obras de concreto simples ou armado. Rio de Janeiro, 1982.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480: Aço destinado
às armaduras para estruturas de concreto armado–Requisitos. Rio de Janeiro, 2022.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575: Edificações
Habitacionais–Desempenho. Rio de Janeiro, 2021.
ARAÚJO, J. M. Curso de Concreto Armado. V. 1, 3. ed. Rio Grande–RS: Dunas, 2010.
PORTO, T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso básico de concreto armado: conforme
NBR 6118/2014. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.

.
18

Cálculo e detalhamento de
estruturas de concreto armado
Autoria: Bianca Lopes de Oliveira
Leitura crítica: Carla Maria Montanari Gonçalves

Objetivos
• Identificar as metodologias de dimensionamento
dos elementos das estruturas de concreto armado.

• Analisar as verificações necessárias para o


dimensionamento correto conforme as normas
vigentes.

• Aprender a detalhar os diversos elementos das


estruturas de concreto armado.
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1. Lajes

As lajes, conforme NBR 6118 (ABNT, 2014), são elementos da estrutura


chamados de laminares, submetidos a cargas, em geral, normais a sua
superfície. Podem ser apoiadas em vigas, nervuradas ou mistas, ou
ainda, apoiadas diretamente em pilares. Como podemos dimensionar
esse elemento?

Primeiramente, é importante determinar as cargas existentes, como


seu peso próprio e sobrecarga de utilização, além de cargas variáveis
ou situações especiais como paredes divisórias sobre as lajes. A partir
disso, as lajes podem ser calculadas a começar da análise do seu apoio.
As lajes calculadas apoiadas em apenas uma direção são aquelas que
a relação entre os vãos efetivos é maior que 2 e, por isso, tem uma
armadura principal calculada com os momentos gerados na direção
paralela ao vão menor e uma armadura de distribuição na outra direção.
As lajes calculadas em duas direções, ou também chamadas de laje em
cruz, têm a relação entre os vãos menores ou iguais a 2, e a armadura é
calculada com base nos momentos gerados nas duas direções.

Que métodos de cálculo são utilizados para o dimensionamento de


lajes? Podem ser utilizados métodos elásticos, como a Teoria das
Placas, que considera a verificação dos estados-limite de serviço. Nesta
metodologia, a rigidez à flexão da placa é:

Onde h é a espessura da placa, E é o módulo de elasticidade do


material e ν é o coeficiente de Poisson. Neste caso, considera-se um
deslocamento elástico z devido a carga aplicada na laje, como mostra
a Figura 1. O cálculo dos momentos fletores solicitantes pode ser
feito utilizando técnicas matemáticas com a finalidade de solucionar a
equação de Lagrange.
20

Figura 1 – Regime elástico–lajes

Fonte: Clímaco (2016, p. 313).

Já os métodos rígido-plásticos verificam a deformação da laje no


momento de ruptura, ou seja, no seu estado-limite último. Neste caso,
é realizado o equilíbrio da laje no momento imediatamente antes do
esmagamento do concreto e do escoamento do aço (CLÍMACO, 2016).
Qual devo escolher? Depende do seu projeto! Por isso, é importante
analisar qual opção é mais viável no seu caso, afinal, a norma permite os
dois tipos de cálculo.

Lajes apoiadas em uma direção, quando solicitadas por cargas


uniformemente distribuídas, geram deformação em apenas uma direção
(exceto quando bordo livre). No entanto, quando ocorrem cargas não
uniformes ou concentradas, as lajes devem ser armadas em duas
direções para resistir aos momentos transversais e suas deformações
(Figura 2). Em caso de situações de cargas concentradas muito altas,
segundo Leonhardt e Mönnig (2008), deve ser feita uma análise com
relação à ruptura por punção.

O cálculo dos momentos de lajes armadas em duas direções é mais


complexo e, por isso, são utilizadas tabelas que classificam a laje em
função do seu tipo de apoio. No Brasil, conforme Clímaco (2016),
o método misto de Marcus é possivelmente o mais utilizado. Se as
lajes forem contínuas em cruz, o cálculo é feito como lajes isoladas
decompostas virtualmente, considerando suas bordas de continuidade
como engastadas entre si. Para entender os efeitos da carga neste
tipo de laje, observe a Figura 3. Quando solicitada por uma carga
21

concentrada, por exemplo, a laje apoiada em duas direções fica sujeita


a momentos negativos na direção diagonal e momentos positivos na
direção perpendicular, pois a laje se apoia predominantemente nas
regiões centrais dos bordos de apoio e seus cantos extremos tendem a
levantar (LEONHARDT; MÖNNIG, 2008).

Figura 2 – Efeitos da carga – Laje apoiada em uma direção


Sob carga uniforme (b) sob carga concentrada

Fonte: Leonhardt e Mönnig (2008, p. 77).

Figura 3 – Efeitos da carga – Laje apoiada em duas direções

Fonte: Leonhardt e Mönnig (2008, p. 78).


22

Definidas as cargas, como proceder o cálculo da armadura? As


armaduras serão calculadas em cada direção como sendo uma viga de
largura de 1,0 m. Com a definição da espessura da laje e da solicitação
de cálculo, a armadura será em função do momento fletor de cálculo, da
resistência dos materiais e da altura útil da laje.

Alguns detalhes extras que devem ser considerados no


dimensionamento de uma laje é se atentar se esta tem a armadura
mínima necessária para controlar a fissuração e melhorar seu
desempenho à flexão. Também o posicionamento das armaduras
deve considerar a bitola máxima e o espaçamento necessário para que
não haja interferência na execução da concretagem, conforme NBR
6118:2014. Por isso, o detalhamento e desenho das armaduras das lajes
deve-se cuidar para que não ocorra confusão e erros no detalhamento
de cada armadura, positiva e negativa, contendo as informações básicas
de número de barras, bitola, espaçamento e comprimento, como mostra
a Figura 4.

Figura 4 – Exemplo de detalhamento de armadura de laje

Fonte: Clímaco (2016, p. 324).


23

Depois de dimensionada a laje, é importante avaliar seu comportamento


em relação a sua deformação ou flecha. Como determinar a flecha que
ocorrerá na laje? Para isso, deve-se descobrir em qual estádio ela está
trabalhando, por meio da comparação entre seu momento de serviço e
seu momento de fissuração (PORTO; FERNANDES, 2015). Se o momento
de serviço for menor que o momento de fissuração, o elemento está no
Estádio I. A norma NBR 6118:2014 permite utilizar o cálculo de flechas no
Estádio I. Para lajes armadas em duas direções é importante considerar
a rigidez da placa.

2. Vigas

As vigas, segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), são elementos lineares


que suportam a flexão, podendo ser esta solicitação pura (Momento),
simples (Momento e cortante) e composta (Momento e força normal).
Este elemento é dimensionado analisando-se o estado-limite último da
peça, considerando seus estádios de comportamento e verificando sua
deformação para ter os estados-limites de serviços adequados. Esse
dimensionamento se baseia na avaliação da deformação aço x concreto
(Figura 5) e no equilíbrio de forças na seção.
24

Figura 5 – Diagramas tensão x deformação do aço e concreto

Fonte: Clímaco (2016, p. 134).

No dimensionamento de vigas, segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014),


deve ser analisada a questão da garantia da ductilidade dos elementos,
evitando assim situações de ruptura frágil. Como? Pela consideração da
profundidade relativa da linha neutra no estado-limite último.

3. Pilares

Os pilares, segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), são elementos lineares


que estão posicionados verticalmente na estrutura, com forças
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preponderantes de compressão. Este elemento não pode ter dimensões


menores do que 19 cm ou com área da seção inferior a 360 cm², exceto
em casos especiais com dimensões de 14 e 19 cm que podem ser
utilizados, se os esforços forem majorados em 25%.

Os pilares podem ser solicitados por compressão, mas também por


flexo-compressão e flexão composta oblíqua. Atualmente, não se calcula
mais o pilar apenas para uma solicitação de compressão centrada, haja
vista que nas edificações podem ocorrer uma série de imprecisões
geométricas que promovem excentricidades e, consequentemente,
promovem a necessidade da avaliação do elemento quanto à flexão
composta. Assim, a norma NBR 6118:2014 tornou obrigatório o cálculo
do pilar à flexão composta e aos efeitos de segunda ordem em peças
esbeltas.

Para iniciar a análise dos pilares de concreto, é essencial a avaliação


do ELU. Após o cálculo dos esforços solicitantes do pilar como a força
normal resultante das reações de vigas no pilar e do momento fletor,
uma das avaliações realizadas é quanto ao seu índice de esbeltez (λ). Ele
não pode ser maior que 200, sendo que os pilares são classificados em
função desse índice. Nos pilares curtos (λ ≤ 35), os efeitos de segunda
ordem podem ser desprezados, mas em pilares medianamente esbeltos
(35 < λ ≤ 90), pilares esbeltos (90 < λ ≤ 140) e pilares muito esbeltos
(140 < λ ≤ 200) eles devem ser considerados. Na verdade, para pilares
esbeltos e muito esbeltos, a necessidade de uma análise não linear
da segunda ordem e a exigência da norma na majoração dos esforços
tendem a minimizar o uso desse tipo de pilar em projetos.

Que metodologias são utilizadas no dimensionamento de pilares? A


NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece três métodos: método geral, método
do pilar padrão com curvatura aproximada e método do pilar padrão
com rigidez aproximada. O método do pilar padrão com curvatura
aproximada é utilizado para pilares com índice de esbeltez igual ou
inferior a 90. A excentricidade de 2ª ordem pode ser considerada como:
26

Onde le é o comprimento de flambagem, h é a altura da seção


considerada, v é a força normal adimensional, calculada com base na
força normal solicitante de cálculo (Nd), área da seção transversal do
pilar (Ac) e a resistência de cálculo do concreto à compressão, como:

O momento no pilar será:

Onde M1d,A é o momento de primeira ordem MA e α depende da


vinculação dos extremos do pilar, conforme item 15.8.2 da NBR
6118:2014. Após a determinação das solicitações, o dimensionamento
do pilar para flexão composta normal é realizado por meio do equilíbrio
de esforços e da avaliação das deformações dos materiais, com base no
posicionamento do pilar na estrutura.

E que detalhes devemos considerar no nosso projeto dos pilares? É


fundamental deixar bem expresso no projeto o cobrimento adotado
para o pilar, os detalhes de ancoragem entre os elementos, como
os dispositivos mecânicos utilizados ou qual o comprimento para
ancoragem das barras, como ilustrado na Figura 6.

Além disso, a NBR 6118:2014 estabelece outros requisitos como: a


armadura longitudinal não pode utilizar barras com diâmetro inferior
a 10 mm e nem maiores do que 1/8 de sua menor dimensão. E com
o objetivo de evitar insuficiência ou excesso de armadura, reduzindo
a possibilidade de ruptura frágil, a norma também especifica taxas
mínimas e máximas de armadura longitudinal.
27

Como a taxa de armadura máxima deve ser obedecida, inclusive nas


áreas de emendas, é importante que se adote valores menores do
que a taxa máxima nos trechos centrais do pilar, conforme explica
Clímaco (2016). Os valores adotados devem ser em torno da metade
do valor da taxa máxima. Também devem ser tomados cuidados com
o espaçamento entre as barras e sua disposição, afinal, são essenciais
para garantir a resistência correta do elemento e prevenir problemas
de concretagem. E a armadura transversal? Ela deve estar distribuída ao
longo de todo o pilar, com diâmetro mínimo de 5 mm ou ¼ do diâmetro
da barra ou feixe equivalente, e seu espaçamento deve ser igual ou
menor que 200 mm; menor dimensão do pilar ou 12 vezes o diâmetro
do aço CA-50.

Figura 6 – Exemplo de detalhamento de armadura–Pilar

Fonte: Clímaco (2016, p. 244).


28

Como é feita a análise estrutural? Pode ser feita de maneira linear ou


não, em função do comportamento que a estrutura tenha em razão
das ações que a solicitem. Como diz Clímaco (2016), “quando os efeitos
variam na mesma proporção das ações” a resposta da estrutura é
linear, mas se a proporção é diferente das ações, é não linear. Assim,
a não linearidade da estrutura se aproxima mais da realidade, visto a
diferença dos materiais em função de suas deformações ao longo do
tempo relacionadas à temperatura, retração, fissuração, além da não
linearidade geométrica da estrutura, seja em vigas ou pilares.

Devido à complexibilidade exigida atualmente nos projetos, os


programas computacionais têm se mostrado uma ferramenta
necessária para a realização das análises de deformação no ELU,
como TQS, Eberick e SAP 2000. A NBR 6118 (ABNT, 2014) diz que é
importante entender os comportamentos da estrutura tanto de forma
global como de forma local, o que é possível com o uso e evolução dos
sistemas computacionais. Análises desse porte promovem edificações
com menor grau de deslocamento, assimetria e desaprumos, além de
efeitos indesejáveis do vento, retração, entre outros (CLÍMACO, 2016).
Sim, bons projetos dependem de ótimas análises de deformação para o
dimensionamento ideal, mas também de ótimo detalhamento de tudo
que o compõe.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118: Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
CLÍMACO, J. C. T. S. Estruturas de concreto armado: fundamentos de projeto,
dimensionamento e verificação. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. Construções de concreto, vol. 1: princípios básicos do
dimensionamento de estruturas de concreto armado. Rio de Janeiro: Interciência,
2008.
PORTO, T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso básico de concreto armado: conforme
NBR 6118/2014. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.
29

Industrialização da construção:
estruturas pré-moldadas de
concreto
Autoria: Bianca Lopes de Oliveira
Leitura crítica: Carla Maria Montanari Gonçalves

Objetivos
• Fundamentar o concreto pré-moldado e suas
aplicações na construção civil.

• Identificar os elementos pré-moldados de utilização


mais comum e os cuidados em relação à fabricação,
transporte e armazenamento.

• Aprender as particularidades do projeto de concreto


pré-moldado em relação a estruturas moldadas in
loco.
30

1. Produção do concreto pré-moldado

O uso de estruturas de concreto pré-moldado tem crescido, visto


suas vantagens como menor tempo de cronograma executivo, menor
desperdício de recursos e maior qualidade dos elementos. Além
disso, sua aplicação é ampla, desde estruturas para uso industrial/
comercial até no uso em infraestrutura e equipamentos urbanos. No
entanto, o custo envolvido no transporte, montagem dos elementos e
a complexidade envolvida nas ligações entre os componentes para a
formação da estrutura são desvantagens do sistema.

O concreto pré-moldado pode ser de fábrica ou de canteiro e seu


projeto e execução devem seguir os requisitos da NBR 9062: projeto e
execução de estruturas de concreto pré-moldado (ABNT, 2017). O pré-
moldado de canteiro é executado em um local apropriado na obra,
enquanto o de fábrica envolve a execução do elemento e o transporte
do componente da fábrica até a obra. As etapas na execução de pré-
moldados na fábrica estão descritas no Quadro 1. A NBR 9062:2017
diferencia o elemento pré-moldado de pré-fabricado em função do
controle de qualidade do material.

Quadro 1 – Etapas executivas dos pré-moldados de fábrica

Atividades preliminares Execução Atividades posteriores

• Preparação das
formas.
• Preparação dos • Colocação do • Transporte interno.
materiais. concreto. • Acabamentos finais.
• Transporte de materiais. • Cura do concre- • Armazenamento.
to.
• Desmoldagem.

Fonte: El Debs (2017, p. 10).


31

O processo de execução dos elementos pré-moldados em fábrica


possui alto controle. Esse controle inicia na escolha de materiais de
boa qualidade, preparados com a dosagem e mistura adequadas e a
utilização de uma forma de boa qualidade, com estabilidade geométrica,
fácil manejo e que proporcione fácil desmoldagem. O concreto lançado
é devidamente vibrado e adensado e é curado pelo período necessário
conforme a resistência a ser obtida.

Como é um processo industrializado, a rapidez no endurecimento do


concreto é almejada. Para isso recursos como a utilização de aditivos,
de cimento de alta resistência inicial e o aumento da temperatura são
utilizados (El DEBS, 2017). A cura é feita em geral por:

• Aspersão: utilização da água na superfície, mantendo o elemento


úmido.

• Imersão: utilização de tanques de água para imersão dos


elementos.

• Cura térmica: pelo aumento da temperatura do concreto a fim de


acelerar a velocidade das reações químicas entre cimento e água,
seja por vapor atmosférico, circulação de água, resistência elétrica,
entre outros métodos. A cura térmica é o método mais utilizado
na fabricação de pré-moldados de concreto e segue os padrões da
NBR 9062:2017.

• Cura utilizando película impermeabilizante, impedindo a saída da


água pela superfície exposta ao ar.

A desmoldagem também deve ser considerada com cuidado.


Dependendo do tipo de procedimento adotado, como ilustrada na
Figura 1, o elemento deve ter resistência suficiente para suportá-lo.
Segundo a NBR 9062:2017, o elemento de concreto armado deve ter
uma resistência mínima de 15 MPa para ser retirado da forma e 21 MPa
para concreto protendido.
32

Figura 1 – Procedimentos de desmoldagem

Fonte: El Debs (2017, p. 10).

Após desmoldado, o elemento é transportado até o seu local definitivo.


Para isso, são instalados nos elementos dispositivos para o seu
içamento. Podem ser dispositivos internos como orifícios e laços
chumbados (alças de içamento) ou externos como balancins.

2. Projeto dos elementos de concreto


pré-moldado

Quais os princípios a serem considerados na elaboração de um projeto


em concreto pré-moldado? Segundo El Debs (2017), de maneira geral,
o projeto deve ser elaborado de forma a resolver as interações das
33

diversas partes do projeto, minimizando o número de ligações e de


tipos de elementos. É importante que desde o início o projeto já seja
concebido em função da aplicação do sistema estrutural escolhido.
Outra questão é utilizar elementos com a mesma faixa de peso para
aproveitar melhor os equipamentos utilizados na montagem da
estrutura.

El Debs (2017) explica que no detalhamento do projeto de estruturas


pré-moldadas é recomendado especificar alguns pontos adicionais,
como a resistência de desmoldagem do concreto e transporte,
as tolerâncias existentes durante a execução, as posições de
armazenamento e montagem, sistema de içamento e execução das
ligações. Por exemplo, podem ocorrer problemas durante a colocação
de uma viga sobre dois pilares, como ilustra a Figura 2. O espaço
previsto para a viga pode ser pequeno ou grande demais. Por isso,
devem ser considerados limites específicos das dimensões e posições
dos elementos. Esses limites ou tolerâncias podem ser:

• De caráter construtivo, para garantir a montagem correta da


estrutura.

• De aspecto estrutural: para adaptação em caso de variações nas


posições das forças das ligações e elementos.

• Visual: para melhorar o aspecto estético da estrutura.

• Contratual, a fim de se obedecer a uma faixa aceitável de


tolerância.
34

Figura 2 – Problemas na colocação de uma viga sobre dois pilares

Fonte: El Debs (2017, p. 11).

A análise estrutural deve considerar o comportamento da estrutura


após sua execução, com cuidado na avaliação das forças existentes
nas ligações entre os componentes. De forma geral, a análise segue os
mesmos procedimentos das estruturas de concreto moldadas in loco,
exceto pelas ligações existentes. Deve ser verificada a capacidade da
estrutura de transmitir as cargas com segurança, inclusive os efeitos de
segunda ordem, como ilustra a Figura 3.

Figura 3 – Efeitos de segunda ordem

Fonte: El Debs (2017, p. 11).

Como diz El Debs (2017), os efeitos de segunda ordem, originados da


deformação da estrutura, devem ser considerados a partir da não
35

linearidade geométrica e física. Atualmente, existem softwares que


conseguem realizar essa análise de forma precisa, considerando a
alteração da geometria da posição dos elementos após a deformação
e as mudanças relacionadas ao concreto estrutural em função das
solicitações. A diferença entre a análise das estruturas de concreto
moldado in loco para o concreto pré-moldado é a existência de ligações.
A modelagem das ligações deve considerar que podem ocorrer desvios
na posição e geometria dos elementos, causando incertezas no
dimensionamento da estrutura.

Quando se deve analisar os efeitos de segunda ordem? De forma


simples, é possível utilizar dois parâmetros. O primeiro consiste em
verificar a condição:

Onde h é a altura do edifício a partir do topo da fundação, ΣNk é a soma


das cargas verticais que atuam na estrutura, (EI)eq é a rigidez a flexão
equivalente na direção considerada. A NBR 6118:2014 estabelece os
limites para α, sendo n o número de pavimentos, como:

Se α for inferior aos limites, os efeitos globais de segunda ordem podem


ser desconsiderados. Outro parâmetro para a avaliar essa questão e
utilizado pelas NBR 6118:2014 e NBR 9062:2017 é o γz, podendo ser
empregado em estruturas de no mínimo quatro andares, ou menores,
desde que haja regularidade em sua geometria.
36

Onde M1,tot,d é o momento de tombamento em relação à base da


estrutura, ΔMtot,d é a soma dos produtos das forças verticais atuantes na
estrutura pelos descolamentos horizontais de seus respectivos pontos
de aplicação, obtidos da análise de 1ª ordem. Se o valor de γz for inferior
ou igual a 1,1, a estrutura é considerada de nós fixos e não é necessário
considerar os efeitos globais de segunda ordem. Para 1,10 < γz < 1,20,
as solicitações devem ser majoradas por 0,95 γz. Para o intervalo 1,20 ≤
γz < 1,30, o fator de majoração é o valor de γz. Para valores superiores
a 1,30, o cálculo é mais complexo (ABNT, 2017). A partir daí, devem ser
determinados os deslocamentos da estrutura com base em uma não
linearidade física.

El Debs (2017) apresenta também outra forma para se considerar


os efeitos de segunda ordem globais: o método de amplificação de
momentos, como ilustra a Figura 4.

Figura 4 – Amplificação de momentos – efeito global


de segunda ordem

Fonte: El Debs (2017, p. 11).

Basicamente envolve aplicar o produto dos momentos de primeira


ordem por um coeficiente γ:
37

Onde M1d é o momento de primeira ordem devido às ações que


produzem o tombamento da estrutura e β é a relação entre a força de
flambagem (Fref) e o somatório das forças verticais Fvd:

Sendo:

Onde le é o comprimento de flambagem, Kf é a rigidez da fundação e h é


a altura dos pilares.

E as ligações? Nas estruturas de concreto pré-moldado, as ligações são


as partes mais importantes. Elas influenciam diretamente na montagem
e no comportamento final da estrutura. As ligações, segundo El Debs
(2017), podem ser classificadas conforme º Quadro 1.

Quadro 1 – Tipos de ligações

Classificação Tipos

• Articulada.
Quanto ao tipo de vinculação
(em relação à transmissão do • Rígida.
momento fletor).
• Semirrígida.
38

Quanto à utilização de concre- • Seca.


to e argamassa no local. • Úmida.

• Ligação solicitada à compressão.


• Ligação solicitada por cisalhamento.
Quanto ao esforço solicitante
• Ligação solicitado por momento fletor.
transmitido.
• Ligação solicitada por momento de torção.
• Ligação solicitada por tração.

Quanto ao material de • Ligação dura (solda ou concreto).


amortecimento. • Ligação macia.

Fonte: El Debs (2017, p. 12).

Ao se projetar as ligações dos elementos de concreto pré-moldado, o


objetivo geral é que a estrutura tenha rigidez e estabilidade. Para que
isso aconteça, ela deve ter resistência para as solicitações que sofrerá,
além de transferir adequadamente essas ações aos demais elementos
da estrutura. Podemos entender como essa transferência acontece
observando a Figura 5.

Figura 5 – Transferência de cargas nas ligações

Fonte: El Debs (2017, p. 12).


39

Como mostra a Figura 5, a carga vertical aplicada sobre a viga é


transferida para o pilar, primeiramente do vão da viga para a região do
apoio por meio da flexão e da parte inferior da viga para o dente por
meio da armadura de suspensão. A carga continua sendo transferida do
dente para o aparelho de apoio e, consequentemente, para o elemento
metálico que está embutido no pilar. Deste elemento passa para o
concreto por tensões de contato (EL DEBS, 2017). E essa transferência de
cargas resulta em esforços localizados que devem ser dimensionados.
Assim, as ligações devem ter resistência, rigidez, além de capacidade
de suportar as movimentações volumétricas referentes à retração do
concreto e a temperatura.

As estruturas de concreto pré-moldado possuem características únicas


e ótimas vantagens devido à qualidade e controle de execução dos
elementos, principalmente para pré-fabricados. No entanto, seu projeto
possui detalhes únicos principalmente com relação às ligações. Verificar
as normas vigentes é essencial para fundamentar esse projeto e realizar
todos os processos de forma adequada resultando em uma obra segura
e estável.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118: Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9062: Projeto e
execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, 2017.
ALLEN, E.; IANO, J. Fundamentos da engenharia de edificações. Grupo A,
2013. E-book.
EL DEBS, M. K. Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações. Editora Oficina
de Textos. Epub. 2017.
ROCHA, F. C. S; LIVI, L. O. B.; LEITE, M. G. Manual de montagem das estruturas
pré-moldadas de concreto. 1 ed. São Paulo: ABCIC, 2019.
40

Projeto e dimensionamento de
estruturas pré-moldadas de
concreto
Autoria: Bianca Lopes de Oliveira
Leitura crítica: Carla Maria Montanari Gonçalves

Objetivos
• Aplicar conceitos de dimensionamento de estruturas
de concreto pré-moldadas.

• Identificar os elementos pré-moldados de utilização


mais comum e os cuidados em relação à fabricação,
transporte e armazenamento.

• Aprender as particularidades do projeto de concreto


pré-moldado em relação a estruturas moldadas in
loco.
41

1. Projeto das ligações nas estruturas de


concreto pré-moldadas

Diferentemente das estruturas de concreto moldadas in loco, a análise


das ligações entre os elementos de uma estrutura pré-moldada
é fundamental. Essas ligações podem interferir diretamente no
comportamento da estrutura desde a execução da montagem até a
sua finalização. Por isso, é importante entender os tipos de ligações
existentes e suas funções.

Ao projetar e dimensionar as ligações devem ser avaliadas sua rigidez,


resistência, ductibilidade, variações volumétricas e durabilidade, sendo,
em geral, aplicados os princípios do dimensionamento do concreto
armado (EL DEBS, 2017). É importante padronizar os tipos de ligações
no projeto, pois evita erros em sua execução. Também, como a região
possui alta taxa de armaduras, como ilustra a Figura 1, podendo levar a
problemas na concretagem, é fundamental realizar um detalhamento
adequado. Neste caso, a utilização de softwares como a plataforma BIM
permite a análise tridimensional da ligação e a apresentação dos raios
de dobramento da armadura, evitando o congestionamento delas.

Figura 1 – Concentração de armadura na ligação

Fonte: El Debs (2017, p. 12).


42

Outros itens necessários no detalhamento das ligações do projeto de


estruturas pré-moldadas são apresentados por El Debs (2017) como:

• Utilizar detalhamentos em escala maior para mostrar os raios de


dobramento das armaduras, evitando problemas executivos.

• Não danificar os elementos durante o manuseio (transporte e


montagem), além de, se possível, levar o elemento diretamente
para a armazenagem após seu desmolde.

• Usar simetria no projeto a fim de evitar erros pela inversão de


lados.

• Evitar a solda de várias barras para manter o alinhamento da


armadura.

• Ao utilizar concreto moldado in loco ou graute preparar as


superfícies que receberão o material e considerar as juntas entre
os elementos fissurados.

• No caso de utilização de insertos metálicos, garantir que sejam


posicionados de modo correto e que não ocorram problemas na
concretagem próxima a esses elementos.

Quais os componentes das ligações? As ligações são uma associação


de consolo, aparelho de apoio e dente de concreto, como ilustrado na
Figura 2. Os consolos de concreto têm como objetivo apoiar outras
estruturas em pilares ou paredes. Quando seu balanço é curto, os
conceitos de dimensionamento de viga não se aplicam a ele. Então
como podemos dimensioná-lo? Pode ser utilizado um modelo de treliça
simples, o método da biela e tirante, como indicado na Figura 3.
43

Figura 2 – Componentes de uma ligação

Fonte: El Debs (2017, p. 12).

Figura 3 – Tensões principais em um consolo curto

Fonte: El Debs (2017, p. 12).


44

A análise estrutural realizada nos consolos de concreto retangulares


revela que na parte inferior do bordo não há tensões solicitantes.
Isso mostra que utilizar o chanfro nessa região não interfere na sua
resistência. As tensões de tração na parte superior do consolo são
praticamente horizontais, as quais podem ser resistidas pela utilização
de armadura na face superior. Essa armadura é designada como
armadura do tirante. As tensões de compressão saem do ponto de
aplicação da força até a base do consolo, formando uma biela, sendo
utilizados estribos horizontais para absorção das solicitações. Assim, as
armaduras podem ser posicionadas como mostra a Figura 4.

Figura 4 – Armaduras principais de um consolo de concreto

Fonte: El Debs (2017, p. 12).

O dimensionamento deve levar em consideração que o consolo pode


sofrer ruína por esmagamento do concreto na sua parte inferior,
quando a armadura do tirante se deforma de maneira excessiva. Outras
situações de ruína são quando há uma fissuração diagonal do ponto
de aplicação da força até o canto do consolo na parte inferior ou o
escorregamento do consolo na face do pilar por um corte direto. Para
45

solucionar essa análise, o dimensionamento dos consolos pode ser feito


pela metodologia de biela e tirante ou pelo modelo atrito-cisalhamento.
Segundo a NBR 9062 (ABNT, 2017), o procedimento a ser adotado para
este cálculo dependerá da distância da força até a face do pilar (a) e da
altura útil do consolo (d) (ver Figura 3):

• Para 1,0 < a/d < 2,0 – utilizar cálculo de viga.

• Para 0,5 ≤ a/d ≤ 1,0 (consolo curto) é utilizado o método de biela e


tirante.

• Para a/d < 0,5 (consolo muito curto) é adotado o método de atrito-
cisalhamento.

Os dentes de concreto, também chamados de dente Gerber, são


solicitados a elevadas tensões de cisalhamento, afinal a altura do
elemento é reduzida no apoio. Esses elementos podem sofrer ruína pela
fissura localizada no canto reentrante ou pela fissura do canto inferior,
como mostra a Figura 5.

Figura 5 – Formas de ruína nos dentes de concreto

Fonte: El Debs (2017, p. 12).

Como esse elemento se comporta? Depende da relação entre a altura


do dente e a altura da viga. Quando a altura da viga é o dobro da
altura do dente, as fissuras saem do canto reentrante a um ângulo de
aproximadamente 45º. Quanto menor essa relação, as fissuras tendem
46

a ficar menos inclinadas e até horizontais. Ao dimensionar os dentes de


concreto, as armaduras podem ser dispostas de duas maneiras, como
mostra a Figura 6. Para a alternativa A, o cálculo da área de armadura
será:

Onde Vd é a força vertical de cálculo solicitante, fyd é a resistência à


tração de cálculo do aço, aref é a distância do ponto de aplicação da
reação vertical até o centro de gravidade da armadura de suspensão,
dd é a altura útil da armadura do tirante e Hd é a altura do dente. Para a
alternativa b, as áreas das armaduras serão:

Onde dviga é a altura da viga.


47

Figura 6 – Alternativas para disposição da armadura


em dentes de concreto

Fonte: El Debs (2017, p. 12).

Por fim, os apoios dos elementos (lajes e vigas) podem ser por contato
direto, utilizando argamassa de assentamento, preenchimento com
graute, uso de chapas metálicas ou almofadas de apoio (EL DEBS, 2017).
Segundo a NBR 9062 (ABNT, 2017), o apoio direto pode ser utilizado
quando as tensões de compressão são inferiores a 0,042 fcd para
concretos de menor resistência que os elementos de contato. Os apoios
com argamassa de assentamento também têm seu uso limitado. Esse
tipo de apoio pode ser utilizado para resolver pequenas imperfeições,
desde que as tensões de contato sejam inferiores a 5 MPa e as tensões
de cisalhamento estejam limitadas a 10% da tensão de contato.

O uso de chapas metálicas é raro devido à dificuldade em manter a


uniformidade do apoio, mas permite a transferência de tensões elevadas
de contato. A utilização de graute no preenchimento do vão entre a viga
48

e o apoio permite a transferência de tensões elevadas de compressão.


No entanto, após o endurecimento do material, as movimentações não
são permitidas nesse tipo de apoio. Quando são utilizados materiais
metálicos nas ligações é importante garantir a proteção ao fogo e à
corrosão desses elementos (ALLEN; IANO, 2013).

O apoio de elemento mais comumente utilizado é a almofada de


apoio, como ilustrada na Figura 7. Ela permite uma uniformidade
na transferência das tensões de contato, além de permitir certos
movimentos. Quando utilizado o Neoprene, ou policloropreno, ela
pode ser de camada simples ou múltiplas, alternada com materiais
mais rígidos. A camada simples pode ser utilizada quando as reações
de apoio são de baixa intensidade. Em casos com reações de apoio
elevadas, como no caso de pontes, podem ser utilizadas multicamadas
intercaladas entre Neoprene e chapas de aço, formando o aparelho de
apoio cintado. Como dimensionar a almofada de apoio?

Figura 7 – Dimensões do elastômero

Fonte: El Debs (2017, p. 12).

Em uma primeira estimativa, as dimensões do apoio (a x b x h) serão em


função do limite de tensão de compressão:
49

Onde Nmáx é o valor característico da máxima força normal de


compressão e σadm é a tensão admissível, que, segundo a NBR
9062:2017, é de 7,0 MPa para um elastômero simples. Neste caso,
adota-se o valor de b, em função da largura da viga e calcula-se o valor
de a. A espessura h será determinada como:

Onde ah,lon é o deslocamento horizontal devido às ações de longa


duração, como temperatura, retração, fluência e protensão. Após o
dimensionamento é importante realizar as verificações quanto às
tensões de compressão e cisalhamento, deformações e descolamento
do elemento.

Alguns problemas que podem surgir na utilização do elastômero são


deformações laterais excessivas, que pode levar a elevadas tensões de
tração no concreto e reduzir a resistência dos elementos apoiados. Para
solucionar esse tipo de problema, podem ser utilizados reforços com
fibras e tecidos, além do uso da almofada cintada (EL DEBS, 2017).

Além das ligações entre pilares e vigas, existem outros tipos de ligações
nas estruturas pré-moldadas com características únicas. Por exemplo, as
ligações entre pilar e fundação. Essa ligação pode ser feita por meio de
cálice, chapa de base e emenda de barras longitudinais. A ligação mais
utilizada no Brasil é a ligação por meio de cálice, como ilustra a Figura 8.
50

Figura 8 – Ligação entre pilar e fundação

Fonte: El Debs (2017, p. 12).

Esse tipo de ligação é feita, basicamente, pelo encaixe do pilar pré-


moldado na peça de fundação, preenchendo-se o vão entre o colarinho
e o pilar com concreto moldado in loco ou graute. É de fácil execução e
ajuste, mas tem um custo elevado.

As estruturas pré-moldadas têm suas características similares ao


concreto moldado in loco, mas possui peculiaridades devido às ligações
e procedimentos de fabricação, moldagem, transporte, armazenamento
e montagem. Assim, para que se evitem erros e acidentes nesse tipo
de estrutura é fundamental a análise criteriosa desses detalhes. Os
processos construtivos devem ser muito bem elaborados, assim como
o dimensionamento pensando nas situações transitórias da edificação
(ROCHA, LIVI e LEITE, 2019).

Outro aspecto é o detalhamento das ligações. Ligações mal detalhadas


podem gerar a ruína de consolos ou dentes de concreto e resultar
no colapso parcial ou total das estruturas. Como bom projetista, leve
em consideração as normas vigentes, como a NBR 6118:2014 e a NBR
9062:2017. Verifique os materiais a serem utilizados e, em caso de
alta complexidade, monte protótipos das ligações e realize os devidos
51

ensaios. Todo cuidado é fundamental para que a edificação tenha a


durabilidade e estabilidade necessárias.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118: Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9062: Projeto e
execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, 2017.
ALLEN, E.; IANO, J. Fundamentos da Engenharia de Edificações. Grupo A,
2013. E-book.
EL DEBS, M. K. Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações. Editora Oficina
de Textos. Epub. 2017.
ROCHA, F. C. S; LIVI, L. O. B.; LEITE, M. G. Manual de montagem das estruturas
pré-moldadas de concreto. 1. ed. São Paulo: ABCIC, 2019.
52

BONS ESTUDOS!

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