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A REPRESSÃO INDÍGENA NO GOVERNO VARGAS

1. CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO AO INDÍOS –


CNPI

Criado em 22 de novembro de 1939, Getúlio baixa decreto criando o Conselho Nacional


de Proteção aos Índios (CNPI), no âmbito do Ministério da Agricultura, e nomeia o
experiente militar Cândido Rondon, ex-diretor do Serviço de Proteção aos Índios (SPI,
criado em 1910), para presidi-lo. O órgão terá sede no SPI.
As iniciativas do CNPI envolveram principalmente dois temas:
 cultural, com a divulgação da produção da Comissão Rondon através de uma
série de mais de cem publicações do Conselho – sua obra mais relevante – além
de outras atividades (palestras, exibição de filmes);
 cerimônias cívicas, comemorativas (Dia do Índio) ou de homenagens
póstumas.

Ao longo da década de 40, as tentativas de estabelecimento de alianças que permitissem


ao CNPI a obtenção de novas prerrogativas de poder esbarraram nas mudanças políticas
e nos processos de modernização do aparelho de Estado.
2. O SURGIMENTO DA FUNAI

Em meados dos anos 60, acusações de genocídio de índios, corrupção e ineficiência


administrativa cercavam o SPI, então investigado por uma Comissão Parlamentar de
Inquérito. O resultado dessa investigação resultou na punição por demissão ou
suspensão de mais de cem servidores do órgão, incluindo ex diretores.
A grande crise SPI coincidiu com a reformulação do aparato estatal pelos militares após
o golpe de 1964, incluindo a proposta de um novo órgão indigenista gestada no âmbito
do CNPI. No final de 1967, foram extintos o SPI, o CNPI e o então Parque Nacional do
Xingu, e seus acervos transferidos para a Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
3. QUAL A IMPORTANCIA E A FUNÇÃO DA FUNAI?

Criada para continuar o exercício da tutela do Estado sobre os índios, a FUNAI tem os
seus princípios de ação baseados no mesmo paradoxo fundador do SPI: o “respeito à
pessoa do índigena e às instituições e comunidades tribais” associado à “aculturação
espontânea do indígena” e à promoção da “educação de base apropriada do índigena
visando sua progressiva integração na sociedade nacional.
* Na prática, tal como o SPI, o respeito à cultura indígena está subordinado à
necessidade e de integração e o estímulo à mudança (aculturação) como política
prevalece
*CURIOSIDADE* – INDÍGENAS ISOLADOS

A política da FUNAI para os índios mais isolados inicialmente seguiu as diretrizes e as


práticas adotadas pelo SPI e pela Fundação Brasil Central. Como o regime militar
sempre acabava colocando os direitos indígenas em segundo plano, acabou acarretando
em doenças, fome e desespero entre os índigenas, tudo por falta de políticas
desenvolvidas para esta fase.

* Em 1987, foi criado um novo sistema de proteção aos índigenas isolados, no qual
é privilegiada a vigilância do modo de vida tradicional, realizando-se o contato só
como última alternativa, diante das pressões de frentes econômicas de madeireiros,
garimpeiros O sistema foi implantado inicialmente em Rondônia e sobrevive até
hoje.
4. AS TERRAS INDIGENAS

O Parque Indígena do Xingu lutava desde 1961 para garantir posse de um território
comum a vários povos, definindo seus limites territoriais a partir da cultura indígena.
Foi justamente o Parque do Xingu o primeiro alvo do regime militar, com a construção
da rodovia BR-080, entre Xavantina e Cachimbo.
A estrada atingiu os indígenas residentes nesse local, semeando doenças e mortes.

Na época em que isto ocorria, era aprovado no Congresso Nacional o Estatuto do Índio,
normatizando a demarcação de terras para os índios. Mas só a partir de meados dos anos
70 foi iniciada uma política de regularização das terras indígenas. Apesar disso, foi só
com a Constituição Federal de 1988, rompendo com a perspectiva integracionista
estabelecida desde o SPI que as terras indígenas seriam definidas.
5. MISSOES REGILIOSAS DURANTE O GOVERNO
VARGISTA

Na década de 40 era grande o número de missões religiosas espalhadas pelo Brasil, e a


Igreja Católica voltava com a sua doutrinação em massa, já que a partir de 1931 foi
permitido o ensino religioso nas escolas públicas enquanto a Constituição de 1934
permitiu a volta das subvenções às atividades religiosas, para assim, apoiar os interesses
junto ao presidente Vargas.
6. O RESPEITO PELA CULTURA INDIGENA

Mario Juruna

Como represália aos interesses regionais contrariados por suas atitudes de afirmação
política, líderes como Ângelo Kretan (Kaingang) e Marçal de Souza (Guarani) foram
assassinados. Entre as ações vitoriosas, Mário Juruna foi eleito deputado federal pelo
Rio de Janeiro (1982-1986) e outros líderes como Ailton Krenak, Marcos Terena, Davi
Yanomami e Paulinho Paiakan (Kayapó) ganharam repercussão internacional pelo
trabalho político de organização indígena. A ECO-92 permitiu a circulação
internacional das reivindicações indígenas.
Desde então vem-se abrindo mais e mais espaço a disposição dos povos indígenas para
reafirmarem suas identidades e seus devidos valores culturais e sociais.
7. FUNDAÇÃO NACIONAL DOS POVOS ORIGINÁRIOS

No canto esquerdo, Sonia Guajajara, ministra dos Povos Originários.

A mudança em relação a FUNAI consta na Medida Provisória de nº 1.154, que no dia 1


de janeiro de 2023, que o atual presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva,
estabeleceu a organização dos órgãos da Presidencica da Republica e dos ministérios,
onde agora, a FUNAI passa a ser chamada de Fundação Nacional dos Povos
Originários.

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