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ARTIGO

UM RESGATE ÀS TRADIÇÕES
CULTURAIS BRASILEIRAS -
ESTABELECENDO POLÍTICAS
CULTURAIS*
DOI 10.18224/frag.v30i1.7381

CARLOS ALBERTO SCHETTINI PINTO**

Resumo: O presente trabalho teve sua gênese nos estudos preparatórios para a investigação das
inúmeras tradições existentes no Brasil que são originárias das três etnias formadoras da base do
povo brasileiro – Indígena, Europeu e Africano. Como ponto de partida, procurou-se resgatar os
principais adventos culturais, desde os anos 30 até a atualidade. Posteriormente, apresentar um
breve conhecimento sobre as políticas públicas na área cultural. Na continuidade, de maneira
bastante resumida, foram expostas 35 formas de culturas tradicionais existentes no Brasil. A
originalidade do artigo reside no fato da tentativa do resgate às culturas que, por algum motivo,
deixaram de existir no seio popular e onde, algumas, praticamente foram extinguidas do amplo
conhecimento, ficando às margens do culto popular específico regional. Por fim, são apresentadas
algumas conclusões com determinadas linhas de ação que podem ser adotadas na área educacional
de forma a fomentar as tradições culturais junto aos alunos do ensino fundamental.

Palavras-chave: Políticas Públicas Culturais. Tradições Culturais Brasileiras. Imaterialidade


Cultural.

P
odemos afirmar que a primeira forma de tradição cultural existente no país
foi a dos índios, habitantes primários da ‘terrae brasilis’. Com a chegada dos
primeiros colonizadores ibéricos, novas formas culturais foram introduzidas e,
posteriormente, com a inserção do africano e seus costumes começaram as diversificações
culturais, sendo acrescidas dos demais povos imigrantes – principalmente europeus – que,
anos depois, vieram sedimentar a multidiversidade cultural brasileira.

* Recebido em: 20.05.2019. Aprovado em: 05.06.2020.


** Mestre em Engenharia de Produção & Sistemas pelo CEFET-RJ. Mestre em Operações Militares (ênfase
em Logística Militar) Pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército. Pós-graduado em Gestão
Logística pelo Instituto Militar de Engenharia. Master in Business Administration em Logística Empresarial
pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro. Foi o Coordenador-Geral para Políticas
das Tradições Culturais Brasileiras no Ministério da Educação até janeiro de 2020. Atualmente é professor
da FGV, na modalidade on-line, para os cursos de Pós-ADM (Cumprimentos) Gestão Estratégica, Gestão
Estratégica da Tecnologia da Informação e no PGO Logística. E-mail: schettini.buco@gmail.com.

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Não obstante, talvez a primeira forma cultural a ser introduzida em terras brasilei-
ras, sem se considerar a indígena – proveniente das diversas tribos existentes em solo brasileiro
– adveio durante o período jesuítico, lá pelo ano de 1549.

Elitistas, os jesuítas dedicaram-se à formação burguesa dos dirigentes e à formação


catequética da população indígena, em nossas terras, objetivando a subserviência, a
dependência e o paternalismo, características marcantes de nossa cultura ainda hoje
(PROVENZANO, 2009, p. 7).

Durante o período Joanino (1808-1821) ocorreu uma efervescência cultural no


Brasil em virtude da transferência da Corte de Portugal para o Brasil e pelas diversas ações
realizadas por D. João, tais como: a criação da academia de marinha; a primeira biblioteca
formada com os cerca de 60.000 volumes trazidos de Portugal; a academia militar; cursos de
agricultura, serralheiros, oficiais de lima e espingardeiros; laboratório de química no Rio de
Janeiro; Museu Nacional e Jardim Botânico no Rio de Janeiro; Escola Real de Ciências, Artes
e Ofícios, que depois se transformou na Real Academia de Pintura, Escultura e Arquitetura
Civil e, finalmente, para Academia de Artes. Além disso, o Brasil recebia diversos pintores,
estudiosos, desenhistas, naturalistas, dentre outros, com o intuito de melhor retratar a exótica
fauna e flora brasileira.
A etimologia da palavra índio, segundo Melatti, (2007, p. 31), se deu em virtude
de um erro geográfico europeu. Ao chegarem à América, pensaram estar pisando em terras
das Índias e, por isso atribuíram aos primeiros povos que viram, a denominação de índios.
Os indígenas, eram divididos em inúmeros povos, tais como Xavante, Tupi, Gua-
rani, Tupinambá, Txukarramãe, dentre outros. Jecupé (1998, p. 14) comenta que “o índio
é um ser humano que teceu e desenvolveu sua cultura e civilização intimamente ligado à
natureza”. E segue afirmando que existem, atualmente, 206 povos indígenas no Brasil, sendo
que alguns deles nunca se encontraram. Existem quatro troncos culturais básicos, dos quais
se ramificam os dialetos indígenas: tupi, karib, jê e aruak. Desses, o mais conhecido e que
acabou sendo perpetuado por intermédio, principalmente, da língua portuguesa, foi o dialeto
Tupi, influenciando hábitos, línguas, técnicas que estão vivas no cotidiano nacional.

A percepção do início da formação cultural familiar brasileira é descrita a seguir:


Devemos considerar a mulher indígena como a base física da família brasileira e, tam-
bém, um valioso elemento de cultura. Ela nos enriqueceu com seus alimentos, drogas
e remédios caseiros, utensílios de cozinha, higiene diária, rede e óleo para o cabelo
(VIANNA; BARROS, 2005).

O terceiro pilar na formação étnica nacional é o povo africano. Este, comprado na


costa africana pelos Portugueses, eram trazidos ao Brasil para realizar o trabalho pesado. Se-
gundo o sítio da Multirio, da Secretaria de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro:

Na Colônia, ainda no século XVI, os portugueses já haviam dado início ao 'tráfico


negreiro', atividade comercial bastante lucrativa. Os traficantes de escravos negros,
interessados em ampliar esse rendoso negócio, firmaram alianças com os chefes tribais
africanos. Estabeleceram com eles um comércio baseado no 'escambo', onde trocavam

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tecidos de seda, joias, metais preciosos, armas, 'tabaco, algodão' e cachaça, por africanos
capturados em guerras com tribos inimigas. (...). Os negros trazidos para o Brasil perten-
ciam, principalmente, a dois grandes grupos étnicos: os sudaneses, originários da Nigéria,
Daomé e Costa do Marfim, e os bantos, capturados no Congo, Angola e Moçambique.
Estes foram desembarcados, em sua maioria, em Pernambuco, Minas Gerais e no Rio
de Janeiro. Os sudaneses ficaram na Bahia. Calcula-se que entre 1550 e 1855 entraram
nos portos brasileiros cerca de quatro milhões de africanos, na sua maioria jovens do
sexo masculino (MULTIRIO, s.d.).

Para Holanda (1995, p. 48), “pode-se dizer que a presença do negro representou
sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais”.

O negro trouxe para a nossa cultura a ternura, a mímica excessiva, a música, a dança,
a comida, o canto de ninar menino pequeno. (...) apesar de tudo que o negro trouxe de
positivo para a cultura brasileira, ele foi tratado sempre como um objeto, uma mercadoria
pelo povo português, pois até o cuidado que lhes era dispensado deve ser entendido como
zelo, pelo capital que representava (VIANNA; BARROS, 2005).

Estes foram os três principais grupos étnicos que formaram a base da sociedade
cultural brasileira por meio de suas tradições e culturas. Desta miscigenação surgiram particu-
laridades e especificidades culturais heterogêneas. Cada um se reveste em uma parte do todo,
que é formação multicultural brasileira.

DESENVOLVIMENTO

A) As Políticas Públicas Culturais – Breve Histórico

O uso da política cultural remonta os anos 30, tendo um grande impulsionamento


durante a Era Vargas, em 1937.

A política cultural implantada valorizava o nacionalismo, a brasilidade, a harmonia entre


as classes sociais, o trabalho e o caráter mestiço do povo brasileiro. (...) Dentre outras,
podem ser citadas: Superintendência de Educação Musical e Artística; Instituto Nacional
de Cinema Educativo (1936); Serviço de Radiodifusão Educativa (1936); Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1937); Serviço Nacional de Teatro (1937);
Instituto Nacional do Livro (1937) e Conselho Nacional de Cultura (1938). Também
não é mera casualidade que este período esteja entre os mais contemplados em termos
de estudos (RUBIM et al., 2007, p. 16-17).

Durante o período dos Governos Militares, diversas ações foram implementadas


visando a manutenção da cultura no país. Rubim (2007, p. 21) cita que foi criado, em 1966,
o Conselho Federal de Cultura. Este, estimulou a criação das Secretarias Estaduais de Cul-
tura com a perspectiva de regionalização das culturas populares. Em 1969, foi criada a Em-
brafilme. Em 1973, são criados o Departamento de Assuntos Culturais e o Plano de Ação
Cultural. Em 1975, é lançado o Plano Nacional de Cultura e, posteriormente, são criadas
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diversas instituições voltadas à cultura, tais como a Fundação Nacional de Artes e o Centro
Nacional de Referência Cultural. Em 1976, o Conselho Nacional de Cinema e a Radiobrás.
Em 1978 é criada a Secretaria de Assuntos Culturais. Em 1979, a Fundação Pró-Memória
e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em 1981 é criada a
Secretaria de Cultura do MEC. Durante este período uma série de ações voltadas à cultura
foram realizadas.

Ganhavam vulto diversas instituições estatais de incremento à cultura, como a Embrafil-


me, o Instituto Nacional do Livro, o Serviço Nacional de Teatro, a Funarte e o Conselho
Federal de Cultura. À sombra de apoios do Estado, floresceu também a iniciativa privada:
criou-se uma indústria cultural, não só televisiva, mas também fonográfica, editorial
(de livros, revistas, jornais, fascículos e outros produtos comercializáveis em bancas de
jornais), de agências de publicidade etc. (RIDENTI, 2001, p. 15).

Em março de 1985 é criado, por José Sarney, o Ministério da Cultura. Também du-
rante seu governo foi criada a Lei Sarney (Lei nº 7505/1086), entendida como a primeira lei
a oferecer incentivos fiscais às atividades artísticas no Brasil. Ainda neste período foram cria-
das, em 1986, a Secretaria de Apoio à produção Cultural; em 1987, a Fundação Nacional de
Artes Cênicas, a Fundação do Cinema Brasileiro, a Fundação Nacional Pró-Leitura – a qual
abarcava a Biblioteca Nacional e o Instituto Nacional do Livro; e, em 1988, a Fundação Pal-
mares. No entendimento de Durand (2001) houve um desgaste com a criação do Ministério
da Cultura, uma vez que não havia “recursos e quadros técnicos que ao menos mantivessem
a qualidade alcançada nas gestões imediatamente anteriores”. Com isso, o autor avalia que tal
fato favoreceu sua extinção, durante o governo Collor.
No governo de Collor surgiu a Lei Rouanet (Lei nº 8313/1992), extinguindo a Lei
Sarney.
Assim que assumiu a Presidência da República, em março de 1990, Fernando Collor de
Mello extinguiu todas as instituições e órgãos culturais. Em dezembro do mesmo ano
criou o Instituto Brasileiro de Arte e Cultura. Dentro da estrutura do IBAC estavam a
Funarte, a Fundação Nacional de Artes Cênicas (Fundacen) e a Fundação do Cinema
Brasileiro (FCB) (SANTOS, 2009).

Collor, pouco antes do seu Impeachment, recriou o Ministério da Cultura.


Durante o curto período de Itamar Franco, foi criada a Lei do Audiovisual, am-
pliando ainda mais a renúncia fiscal, o que, na concepção de Caetano (2005), foi fundamen-
tal para a retomada do cinema brasileiro.
No governo de FHC cresceu o processo de incentivo à cultura por meio de leis de
incentivo gerando a integração de diversos setores.

O espírito da política cultural no período nutriu-se da função regulamentadora, uma


vez que coube aos gestores do ministério o papel de intermediários e de avalizadores do
processo. (...) O aparente laissez-faire, todavia, alimentou-se, a rigor, da transferência de
recursos, uma vez que a lei de incentivos troca pagamento de impostos – que poderiam
ser aplicados de modo diverso – por investimento cultural. Se os produtores culturais
são beneficiários inequívocos da política implementada, igualmente o são os organismos

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privados quando podem se utilizar do marketing cultural, com os efeitos previsíveis de
valorização da imagem das empresas envolvidas (ARRUDA, 2003, p. 188).

No período do governo Lula, com a posse do cantor Gilberto Gil como Ministro
da Cultura, o Ministério buscou trabalhar algumas áreas a partir da criação da Secretaria de
Identidade e Diversidade Cultural e a Secretaria do Audiovisual.

Alguns projetos assumidos por secretarias e organismos do Ministério (da Cultura) mere-
cem destaque, pois buscam consolidar institucionalmente a área de cultura com base em
políticas de Estado, porque não restritas a um governo determinado. A constituição de
um Sistema Nacional de Cultura, que articula os governos federal, estaduais e municipais,
sem dúvida, é um projeto vital nesta perspectiva de institucionalização de mais largo
prazo. O Plano Nacional de Cultura, votado pelo Congresso Nacional, como política de
Estado, também é fundamental para uma institucionalização da cultura, que supere os
limites das instáveis políticas de governo. A criação de Câmaras Setoriais para debater
com criadores as políticas de cultura, também dá maior institucionalização à atuação do
Ministério, pois possibilita a elaboração, interagindo com a sociedade civil, de políticas
públicas, em lugar de meras políticas estatais de cultura (RUBIM et al., 2007, p. 31).

Finalmente, o governo Dilma trazia uma expectativa de continuidade do governo


anterior, o que não ocorreu.

A continuidade tornou-se crucial para a maioria dos programas e projetos em andamento


e, em especial, para aqueles que adquiriram visível centralidade: SNC; PNC; relações
entre políticas de cultura, educação e comunicação; política nacional de financiamento;
Programa Cultura Viva, dentre outros. (...) A dramática convivência de continuidades e
rupturas marcou o primeiro mandato de Dilma no campo cultural (RUBIM, 2015, p. 17).

Além disso,

a desmontagem da política baseada no Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), e da


própria estrutura da Diretoria do Livro, Leitura e Literatura (DLLL) no MinC, e, junto
com isto, todo o consenso político sobre o que se construiu. (...) A entrada da Fundação
Biblioteca Nacional (FBN) neste momento, que assumiu toda a responsabilidade pela
política pública de livro e leitura em 2011, é a marca de uma guinada desestruturante
e indesejável, tanto para a condução da própria missão da Biblioteca Nacional quanto
para os objetivos do PNLL (NETO, 2015, p. 133-134).

No Governo Bolsonaro, iniciado a partir de 1º de janeiro de 2019, tivemos a trans-


formação do Ministério da Cultura em Secretaria Especial da Cultura, sendo absorvida pelo
Ministério da Cidadania. Além disso, no Ministério da Educação, foi criada, no lugar da
SECADI, a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (SEMESP), cuja Diretoria
de Políticas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições Culturais Brasileiras
(DMESP) possui uma Coordenação Geral que cuida, dentre outros assuntos, das Políticas
para as Tradições Culturais Brasileiras. Uma das finalidades deste resgate é a valorização das
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tradições culturais brasileiras e a sua inclusão, visando a efetivação de políticas públicas em
todos os níveis, etapas e modalidades. Para tanto, cuidará de elaborar políticas para o forta-
lecimento das tradições culturais brasileiras; do resgate das tradições que, por algum motivo,
foram extintas e que não fazem mais parte do cotidiano das famílias brasileiras; além de fo-
mentar e divulgar as tradições de cunho regional, para que todo o discente brasileiro possa
melhor conhecer a cultura de seu país.
Após este curto resgate histórico é importante que entendamos a concepção das
políticas públicas.
Para Canclini (2001, p. 65), as políticas culturais resumem-se a um “conjunto de
intervenções realizadas pelo Estado, instituições civis e grupos comunitários organizados a
fim de orientar o desenvolvimento simbólico, satisfazer as necessidades culturais da popula-
ção e obter consenso para um tipo de ordem ou de transformação social”.
Na concepção de Botelho (2001) existem duas vertentes que devem ser observadas
quando da formulação de políticas culturais. Primeiramente, num aspecto sociológico, de-
vemos elaborar a política “com a intenção explícita de construir determinados sentidos e de
alcançar algum tipo de público, através de meios específicos de expressão”. Este pensamento
busca atender às demandas específicas de parcelas da sociedade brasileira, composta por gru-
pos com características próprias, mas que compõem a heterogeneidade nacional. Dentro de
um escopo antropológico, a cultura está inserida no pequeno mundo que cada comunidade
existe. Então, cada grupo possui cultura própria que lhes garante equilíbrio e estabilidade no
convívio social.
Talvez um dos grandes desafios a ser vencido pelos elaboradores de políticas públicas,
é a diversidade cultural existente e as desigualdades desta pluralidade de culturas, seja por sua
região geográfica, seja pelas suas crenças ou por qualquer outra forma de manifestação social.
Todos os grupos necessitam a visibilidade de serem conhecidos e, também de conhecer as outras
formas culturais brasileiras. Esta pluralidade é o que há de mais rico na cultura brasileira.

Uma política cultural que queira cumprir a sua parte tem de saber delimitar claramente
seu universo de atuação, não querendo chamar a si a resolução de problemas que estão sob
a responsabilidade de outros setores de governo. Ou seja, ela participará de um consórcio
de instâncias diversificadas de poder, precisando, portanto, ter estratégias específicas para
a sua atuação diante dos desafios da dimensão antropológica. Junto aos demais setores
da máquina governamental, a área da cultura deve funcionar, principalmente, como
articuladora de programas conjuntos, já que este objetivo tem de ser um compromisso
global de governo (BOTELHO, 2001).

Desta forma, diversos setores governamentais devem estar conectados e inseridos


num programa de auxílio e conhecimento mútuo, de forma que os recursos sejam muito bem
empregados, evitando-se, assim, redundância de ações e perda de eficácia da máquina pública.
Outro fator que deve ser bastante pensado é o uso de parcerias. Diversas entidades
público-privadas possuem ‘know-how’ no campo do incentivo cultural. Buscar estas parcerias
e realizar um correto controle orçamentário é fundamental para que a cultura tenha um al-
cance bastante efetivo.
Uma grande parceira da cultura, a nível mundial, é a Organização das Nações Uni-
das para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Como é bem descrita em seu sítio,
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No setor de Educação, a principal diretriz da UNESCO é auxiliar os países membros a
atingir as metas de Educação para Todos, promovendo o acesso e a qualidade da educação
em todos os níveis e modalidades, incluindo a educação de jovens e adultos. Para isso, a
Organização desenvolve ações direcionadas ao fortalecimento das capacidades nacionais,
além de prover acompanhamento técnico e apoio à implementação de políticas nacionais
de educação, tendo sempre como foco a relevância da educação como valor estratégico
para o desenvolvimento social e econômico dos países (UNESCO, 2019).

Para Rubim,

a nova sociabilidade impõe que as políticas culturais devam ser capazes de articular
dimensões nacionais, locais, regionais e globais. (...) O nacional deve ser pensado como
conformado por seus elementos singulares, mas sempre perpassados por fluxos globais,
regionais e locais, ainda que em dinâmicas variadas a depender das conjunturas histó-
ricas e sociais. A possibilidade de construção de uma interlocução ativa, equilibrada e
criativa entre tais fluxos que desenvolva a cultura surge como um primeiro e imenso
desafio (RUBIM, 2015, p. 109).

A percepção de que a capacitação de docentes nas diversas culturas nacionais fo-


menta profundamente uma transformação nos alunos do ensino fundamental, incutindo-lhes
a importância da preservação da riquíssima e diversificada cultura brasileira vai ao encontro
do que prescreve o Inciso III, §3º, do Art 215 da CF/88 que diz:

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às
fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das mani-
festações culturais.
§ 3º... III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas
dimensões; (BRASIL, 1988).

Não obstante, precisamos acompanhar o desenvolvimento mundial e a disponibi-


lização das tecnologias digitais. A possibilidade do uso das plataformas digitais permite um
expressivo alcance do conhecimento. A geração Z, principal objeto desta política, é altamente
conectada, logo, a política de distribuição deve atender à esta demanda, sob pena de nascer
obsoleta. Sem contar que a ideia da colaboratividade1 é imprescindível para este público que
interage de forma “On Line” e “On Time”.

B) A Imaterialidade das Tradições Culturais

Todas as tradições e culturas nacionais poderiam ser percebidas como patrimônio


imaterial. O IPHAN entende que:

os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da


vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas
de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras
e santuários que abrigam práticas culturais coletivas) (IPHAN, s.d.).

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A UNESCO traz, no corpo de sua Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio
Cultural Imaterial, a seguinte definição:

Entende-se por “patrimônio cultural imaterial” as práticas, representações, expressões,


conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais
que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural
imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comu-
nidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua
história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para
promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana (UNESCO, 2006)1.

Constantes do § 1º e, do V, § 3º, ambos do Art 215 da CF/88 há a afirmação de


que:

§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-


brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 3º... V valorização da diversidade étnica e regional (BRASIL, 1988).

Além disso, não podemos deixar de citar o Art 216 da CF/88 e seus incisos:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e ima-
terial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade,
à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais
se incluem:
I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações cientí-
ficas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e
sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico
e científico (BRASIL, 1988).

Por fim, conforme prescreve os § 1º e 2º do Art 26-A da Lei de Diretrizes e Bases


(Lei 9394/96)

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e


privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da
história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses
dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos
negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e
o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas
social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas
de educação artística e de literatura e história brasileiras (BRASIL, 1996).

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De posse deste pequeno arcabouço supramencionado, não nos resta dúvida de que
as políticas públicas voltadas às tradições culturais devem compreender que estas manifesta-
ções são imateriais e precisam do seu devido cuidado para a manutenção do seu valor peda-
gógico e pátrio.

C) Algumas das Festividades e Atividades Culturais Existentes no Brasil

• De origem Indígena

Os Caboclinhos possuem fortes raízes em Recife-PE mas, como diz Vilella (2016),
esta tradição está presente em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Minas
Gerais.
O Carimbó, de forte presença no Pará e, segundo Fuscaldo (2015), o carimbó tem
por característica expressar em sua música, letras, instrumentos e dança certas características
do modo de vida das populações tradicionais ribeirinhas e rurais da região, assim como a
relação dessas populações com o ambiente que as envolve.
O Ritual Yaokwa que, conforme o IPHAN (s.d.), “é considerado a principal ceri-
mônia do complexo calendário ritual dos Enawene Nawe, povo indígena de língua Aruak,
cujo território tradicional e Terra Indígena estão localizados na região noroeste do estado de
Mato Grosso”.

• De Origem Europeia

Os Bonecos de Olinda que, conforme o sítio dos BONECOS GIGANTES DE


OLINDA (s.d.) “surgiram sob a influência dos mitos pagãos escondidos pelos temores da In-
quisição. Chegam em Pernambuco através da pequena cidade de Belém do São Francisco no
sertão do estado”.
A Cavalhada reveste-se de uma festividade que consiste na dramatização da disputa
entre Cristãos e Mouros, sendo formada por 12 cavaleiros de cada lado, num campo de bata-
lha. Aqueles que representam os Cristãos vestem-se de azul. Os que representam os Mouros,
vestem-se de vermelho.

Um dos mais antigos registros das cavalhadas (argolinhas), no Brasil, remonta às festas
públicas promovidas pelo Conde João Maurício de Nassau, no Recife, em janeiro de
1641, quando da comemoração pela proclamação da restauração de Portugal do jugo
espanhol e pela aclamação de D. João IV (BARBOSA, 2016).

A Ciranda é uma das danças mais tradicionais do Brasil. Para Gaspar (2009), é mui-
to comum no Brasil definir ciranda como uma brincadeira de roda infantil, porém na região
Nordeste e, principalmente em Pernambuco, ela é conhecida como uma dança de rodas de
adultos.
O Círio de Nazaré reveste-se em uma das grandes tradições católicas no Brasil. Suas
origens remontam ao século XVII, quando um caboclo chamado Plácido encontrou uma
imagem de Nossa Senhora de Nazaré junto a um 'igarapé', em meio ao lodo e à lama, em
Belém (BRITANNICA ESCOLA, 2019).
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Em Portugal, a fé na santa já era conhecida nos séculos XV e XVI. Mas a história é bem
anterior. A imagem original da virgem de Nazaré, por exemplo, pertencia ao Mosteiro de
Caulina, na Espanha, e teria saído da cidade de Nazaré, em Israel, no ano de 361, tendo sido
esculpida por São José. Em decorrência de uma batalha, a imagem foi levada para Portugal,
onde por muito tempo, ficou escondida no Pico de São Bartolomeu. Só em 1119, a imagem
foi encontrada. A notícia se espalhou e muita gente começou a venerar a Santa. Desde então,
muitos milagres foram atribuídos a ela. No século XVI, o navegador espanhol Francisco de
Orelana percorreu todo o rio Amazonas, do Peru até o Atlântico. Muito do avanço da devoção
mariana se deve pelo domínio desses aventureiros nas águas da região (GOMES, 2017, p. 22).

O Fandango ou Marujada, segundo Gaspar (2009), é um “auto popular, já tradicional


no início do século XIX e constitui-se numa convergência de cantigas brasileiras e de xácaras
portuguesas (narrativas populares em versos)”.

Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil o fandango é um espetáculo popular que engloba
romance, dança, música, anedotas, ditos, lendas e orações. É uma festa em homenagem
aos marujos, que acontece na época natalina. É também conhecido como marujada,
barca, chegança dos marujos (GASPAR, 2009).

A Folia de Reis ou Reisado é uma tradição cristã portuguesa e espanhola que foi tra-
zida para o Brasil, provavelmente no século XIX. O evento é celebrado durante 12 dias, desde
24 de dezembro até 06 de janeiro com grupos de pessoas formados por músicos e dançarinos
que vão, de porta em porta anunciando a chegada do Menino Jesus. Estes festejos ocorrem
em todo o país. Nesta data, dentro das tradições cristãs, foi quando os três Reis Magos – Bal-
tazar, Belchior e Gaspar – visitaram o menino Jesus. Nesta data, para muitos, é o momento
de desmontar a árvore de Natal e os adornos natalinos.
A Festa do Divino é bastante comum em várias regiões do Brasil. As mais famosas
acontecem em Pirenópolis (GO), Alcântara (MA), Parati (RJ), São Luís do Paraitinga, Mogi
das Cruzes e Tietê (SP).

Trazida para o Brasil pelos portugueses no século XVI, a Festa do Divino, uma das maiores
expressões da devoção popular brasileira, comemora a descida do Espírito Santo sobre
os apóstolos de Cristo e acontece 50 dias após o Domingo de Páscoa, o que corresponde
ao Pentecostes do calendário oficial católico (CNBB, 2017).

A Literatura de Cordel, também conhecido como folheto, é uma espécie de livro


impresso em figuras que é amarrado por cordas ou barbantes, de onde advém sua denomina-
ção: Literatura de cordel. Segundo o IPHAN,

Trata-se de um fenômeno cultural vinculado às narrativas orais (contos e histórias de


origem africana, indígena e europeia), à poesia (cantada e declamada) e à adaptação para
a poesia dos romances em prosa trazidos pelos colonizadores portugueses. Os poetas
brasileiros no século XIX conectaram todas essas influências e difundiram um modo
particular de fazer poesia que se transformou numa das formas de expressão mais im-
portantes do Brasil (IPHAN, 2018).

144 FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 30, n. 1, p. 136-153, 2020.


O Pau de Fita possui sua origem nos países Ibéricos. Consiste em uma dança de
roda, que envolve um mastro enfeitado, de aproximadamente 3 metros com e longas fitas
multicoloridas presas em seu topo. Deve ser feito sempre em número par. Para Amorim
(2013), este folguedo, com o nome conhecido popularmente nos Brasil, faz-se presente em
todos os países colonizados por portugueses e espanhóis, assumindo em cada região ou país
peculiaridades das tradições mítico-religiosas.
As Pastorinhas ou Pastoril reveste-se de uma manifestação folclórica que homenageia
o nascimento do Menino Jesus. Segundo Cascudo (1954, p. 682), “Cantos, louvações, loas,
entoadas diante do presépio da noite de Natal, aguardando-se a missa da meia-noite. Represen-
tavam a visita dos pastores ao estábulo em Belém, ofertas, louvores, pedidos de benção”.
A Procissão do Fogaréu encena a prisão de Jesus Cristo, pelos Romanos, e normal-
mente ocorre na quinta-feira santa. Este ato ocorre em diversas cidades brasileiras, mas é na
Cidade de Goiás – primeira capital Goiana – que este festejo tem a sua maior divulgação,
sendo realizado desde 1745.

• De Origem Africana

O Afoxé que, conforme afirma Fernanda (s.d) “surgiu entre 1894 e 1895. A palavra
afoxé significa ‘a fala que faz’ e é de origem iorubá, um grande grupo étnico da África Oci-
dental”. Podem ser encontrados no Carnaval da Bahia em Salvador e nas cidades de Fortaleza,
Recife, Olinda, Rio de Janeiro, São Paulo e Ribeirão Preto, dentre outras.
O Bumba-meu-boi, cuja terminologia é a mais conhecida, entretanto havendo di-
versas outras denominações para este festejo, de acordo com a região no Brasil.

Bumba-meu-boi, Boi-bumbá, Boi Surubi, Boi Calemba, Boi-de-mamão, Boi Pintadinho,


Boi Maiadinho, Boizinho, Boi Barroso, Boi Canário, Boi Jaraguá, Boi de Canastra, Boi
de Fita, Boi Humaitá, Boi de Reis, Reis de Boi, Boi Araçá, Boi Pitanga, Boi Espaço e
Boi de Jacá são algumas das terminologias que a brincadeira do boi, com suas diferenças
e similitudes, recebe nos mais diferentes estados do Brasil (IPHAN, 2011, p. 17).

A Festa de Iemanjá ocorre em 2 de fevereiro. Segundo o sítio da EBC, Iemanja é

considerada a rainha do mar no Brasil, ela um orixá feminino – divindade africana das
religiões Candomblé e Umbanda. Seu nome tem origem nos termos do idioma africano
Yorubá “Yèyé omo ejá”, que significa “Mãe cujos filhoes são como peixes”. É o orixá das
águas doces e salgados dos Egbá, nação Iorubá (BRASIL, 2016).

O Jongo tem sua origem no período da escravidão, com forte presença no Sudeste
brasileiro, sendo uma manifestação que se expressa por meio de dança de roda ao som de
tambores aos quais se integram elementos de magia. A força e o uso da palavra marcam essa
forma de expressão, que reúne canto, dança coletiva e música, cuja origem remete ao trabalho
escravo nas fazendas de café e cana de açúcar do vale do Rio Paraíba do Sul.
O Lundu (landum, lundum, londu) é dança e canto de origem africana introduzido
no Brasil provavelmente por escravos de Angola e do Congo, que trouxeram para o Brasil a
sua tradicional dança da umbigada.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 30, n. 1, p. 135-153, 2020. 145
No lundu todos os participantes, inclusive os músicos, formam uma roda e acompanham
ativamente, com palmas e cantos, a dança propriamente dita, que é feita por um par de
cada vez. [e completa] [...] A ‘umbigada’ é o gesto coreográfico que consiste no choque
dos ventres, ou umbigos [...]. Em traços gerais, elas consistiam no seguinte: todos os
participantes formam uma roda. Um deles se destaca e vai para o centro, onde dança
individualmente até escolher um participante do sexo oposto para substituí-lo (os dois
podem executar uma coreografia – de par separado – antes que o primeiro se reintegre
ao círculo) (SANDRONI, 2001).

O Maracatu é um ritmo musical, dança e ritual de sincretismo religioso que se


originou em Pernambuco.

A partir de suas batidas, existem dois tipos de Maracatu: O 'Maracatu Nação' (Ba-
que Virado) e ''Maracatu Rural' (Baque Solto). O primeiro, bastante comum na
área metropolitana do 'Recife', é o mais antigo ritmo 'afro-brasileiro'; e o segundo é
característico da cidade de Nazaré da Mata (Zona da Mata Norte de Pernambuco)
(VER ARDI, 2017).

O Negro Fugido é uma tradição popular na comunidade de Acupe, no Recôncavo


Baiano. Conforme SESC (2018), moradores (pescadores, comerciantes, marisqueiras etc.)
retratam a perseguição, captura e libertação de negros. A manifestação começou no século
XIX, foi originada por escravizados da origem africana Jeje-Nagô e acontece na região em
todos os domingos de julho.
O Reisado do Congo é assim designado pela sua origem na celebração que coroava
os reis africanos que viviam no Brasil, conhecida no Ceará como Congo. Para Moura (2018),
desse bailado surgiram outras manifestações folclóricas, como o Maracatu, os Cucumbis e as
Congadas. Ligadas às Irmandades de Homens Pretos, era dentro das igrejas que aconteciam
as coroações destes reis, escolhidos anualmente para representar a classe de escravos e negros
forros. O dia 6 de janeiro era comum ser dia de folga, folgança, folguedo.
A Roda de Capoeira, segundo a UNESCO (2017), “é uma manifestação cultu-
ral afro-brasileira – simultaneamente, uma luta e uma dança –, que pode ser interpretada
como uma tradição, um esporte e até mesmo uma arte”. Se divide em duas “modalidades”.
A Angola e a Regional. A primeira traz o estilo original, praticado pelos escravos. Já a se-
gunda possui um estilo mais contemporâneo, utilizado atualmente nas diversas rodas de
capoeira.
O Samba de Roda é uma manifestação que está dividida em dois grupos caracterís-
ticos: o samba chula e samba corrido. No primeiro, os participantes não sambam enquanto
os cantores gritam a chula – uma forma de poesia. A dança só tem início após a declamação,
quando uma pessoa por vez samba de roda no meio da roda ao som dos instrumentos e de
palmas. Já no samba corrido, todos sambam enquanto dois solistas e o coral se alternam no
canto (FUNDAÇÃO TIDE SETÚBAL, s.d)
O Tambor de Crioula é oriundo da África, sendo trazido para o Brasil pelos escra-
vos, entre os séculos XVIII e XIX, firmando-se principalmente no Maranhão. É uma dança
circular, canto e percussão de tambores. É uma dança de divertimento, mas costuma ser tam-
bém uma homenagem a São Benedito, padroeiro dos negros do Maranhão.
146 FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 30, n. 1, p. 136-153, 2020.
• Surgidas no Brasil

O Cacuriá, conforme BRASIL (2015), “é uma dança típica do estado do Maranhão


apresentada durante a Festa do Divino Espírito Santo e faz parte das festividades juninas”.
Segundo Hartmann (2010), o Cacuriá, uma dança de origem maranhense, foi concebido sob
encomenda, de acordo com os descendentes de seus fundadores, por Dona Filoca e Seu Lau-
ro2, em 1975, na cidade de Guimarães, e levado posteriormente para a capital, São Luís.
Os Carreiros é uma tradição bastante regional, concentrada principalmente no Es-
tado de Goiás. Sua história, segundo o IPHAN remonta a

expressão de uma tradição relacionada às antigas práticas cotidianas da vida rural, a


Romaria acontece há cerca de 177 anos. Em devoção ao Divino Pai Eterno, os fiéis saem
de diversas localidades de Goiás e outros estados do Centro-Oeste e Sudeste, seguindo
até a cidade de Trindade (GO), como forma de agradecer as bênçãos recebidas e pagar
promessas (IPHAN, 2017).

O Choro é nascido no Rio de Janeiro, provavelmente nos idos de 1870, os grupos


que tocavam esta modalidade musical eram conhecidos como chorões. Para Diniz (2003, p.
17), as interpretações diferenciadas dos gêneros estrangeiros da época – como a polca, a valsa,
o schottisch, a quadrilha – fizeram nascer um jeito “brasileiro” de tocar. O choro surgiu como
uma maneira de frasear, ou seja, um estilo de executar os gêneros europeus. A influência eu-
ropeia, portanto, era clara, mas não foi a única.
O Coco ou Samba de Coco, segundo Alvin (s.d.), é uma “dança popular nordes-
tina, onde um cantador, "tirador de cocos" ou "coqueiro", tira versos em quadras, sextilhas
ou décimas, respondidas por um coro. Numa roda, cantadores e dançadores giram e batem
palmas, podendo ou não haver dançadores solistas”.

Em “A Literatura dos cocos”, estudo publicado na obra Os cocos, de Mário de Andrade


(1984), que ressaltou a variação das terminologias estabelecidas para as práticas culturais no
Nordeste, principalmente no que se refere às que se conferiram aos cocos. Segundo o autor,
as designações das manifestações culturais populares, sobretudo, nos “cantos orquéstricos”,
por ele definidos como formas culturais que reuniriam música, poesia e dança, como a ci-
randa e o coco, por exemplo, estariam a causar dúvidas e confusões (CALLENDER, 2013).

As Escolas de Samba possuem suas origens no Rio de Janeiro. Segundo Pimentel


(2018), “as escolas de samba são ‘filhas’ dos ranchos carnavalescos, blocos de Carnaval que
surgiram no fim do século 19 no Rio de Janeiro, com influência de folguedos de tradição ne-
gra e do calendário religioso cristão”. Em 1929 foi organizado o primeiro concurso de Samba
e, em 1932, Mario Filho, organizou e patrocinou o primeiro desfile de escolas de Samba na
Praça
A Festa Farroupilha ocorre na região Sul do Brasil, principalmente no Rio Grande
do Sul.

As comemorações da Revolução Farroupilha - o mais longo e um dos mais significati-


vos movimentos de revoltas civis brasileiros, envolvendo em suas lutas os mais diversos

FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 30, n. 1, p. 135-153, 2020. 147


segmentos sociais - relembra a Guerra dos Farrapos contra o Império, de 1835 a 1845
(SEMANA FARROUPILHA, s.d.).

O Frevo, segundo Lima (S.D.), nasceu das marchas, maxixes e dobrados; as ban-
das militares do século passado teriam dado sua contribuição na formação do frevo, bem
como as quadrilhas de origem europeia. Deduz-se que a música apoiou-se desde o início nas
fanfarras constituídas por instrumentos de metal, pela velha tradição bandística do povo
pernambucano.

• De Origens Europeia e Africana

A Congada tem origens nas irmandades católicas de escravos e libertos congregados


ao redor dos "santos de pretos", sendo os principais Nossa Senhora do Rosário, São Benedito,
Santa Efigênia, São Elesbão. É uma manifestação religiosa e cultural com forte sincretismo
religioso, misturando as culturas africana e portuguesa. França e Popoff (2011) comentam
que havia a crença de que, no Brasil colonial, a primeira coroação do rei Congo feita por uma
irmandade religiosa ocorreu em Recife no século XVI e Chico Rei, considerado o primeiro
rei Congo a fazer um terno de Congada em Minas Gerais teria sido coroado no ano de 1717.

• De Origens Indígena e Europeia

As Festas Juninas, segundo Silva (2011), têm a sua origem numa diversidade de
culturas. A origem dos festejos juninos no Brasil une jesuítas portugueses, costumes indíge-
nas e caipiras, celebrando santos católicos e pratos com alimentos nativos. Se trata de uma
homenagem a três santos católicos: Santo Antônio em 13 de junho, São João Batista, em 24
de junho e São Pedro, em 29 de junho. Os índios que habitavam o Brasil, antes da chegada
dos portugueses, também faziam importantes rituais durante o mês de junho. Apesar de essa
época marcar o início do inverno por aqui, eles tinham várias celebrações ligadas à agricultu-
ra, com cantos, danças e muita comida. Com a chegada dos jesuítas portugueses, os costumes
indígenas e o caráter religioso dos festejos juninos se fundiram.

CONCLUSÕES

Primeiramente, percebemos que a listagem das festividades supramencionadas, de


forma bastante resumida, demonstram a riqueza cultural existente no Brasil. Obviamente que
este rol não contemplou uma série de outros festejos.
Ressalta-se que estes festejos são oriundos das três etnias que formam o povo brasi-
leiro, deixando claro e evidente as nossas tradicionais raízes.
O resgate, a manutenção e o incentivo para as novas gerações, especialmente os
discentes do ensino fundamental, a conhecer e perpetuar nossas tradições será fundamental
para que elas se mantenham vivas no seio da sociedade. Em que pese algumas possuírem
sua “imaterialidade”, esta, pura e simplesmente, não permite sua perpetuação, uma vez que
depende da ação das pessoas na efetiva conservação das reais tradições culturais brasileiras.
Para tanto, são necessárias a implementação de políticas públicas voltadas às nossas
tradições. Estas políticas devem, primeiramente, incentivar os estabelecimentos de ensino
148 FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 30, n. 1, p. 136-153, 2020.
– público e privado –, por intermédio dos professores, a estimularem seus alunos a apresen-
tarem trabalhos culturais sobre as tradições existentes em suas regiões e/ou de outras regiões,
por meio do teatro, da música, da dança, de textos, desenhos, ou qualquer outra maneira
de exposição. Desta forma, a partir das pesquisas realizadas pelos alunos e tutoreadas pelos
professores, dar-se-ia o início ao resgate e/ou manutenção de nossas tradições e o despertar da
pesquisa no jovem discente.
A disponibilização de materiais paradidáticos, que sirvam de subsídio aos professo-
res, para exporem aos alunos a multidiversidade cultural existente no país, de forma que os
educandos possam conhecer a sua cultura regional e as diversas culturas existentes no Brasil.
Desta forma, de posse destes recursos, será muito mais fácil a transmissão do conhecimento
cultural aos alunos.
Além de se buscar atender à demanda educacional, estes materiais poderiam servir
como fonte de consulta para jovens e adultos que tivessem curiosidade sobre o tema.
Avaliar a viabilidade da formação de professores em Tradições Culturais Brasileira,
a nível de pós-graduação lato e/ou Stricto sensu, permitiria a geração de conhecimento, o in-
centivo à pesquisa científica no tema abordado além da discussão do uso de ações de práticas
pedagógicas na forma de se disponibilizar estas informações junto aos alunos.
Por fim, verificar a exequibilidade da criação de uma disciplina que trate do assunto
Tradições Culturais, de forma que conste do currículo do ensino fundamental. Esta disciplina
poderia ser abordada juntamente com outras numa modulação que tratasse de civismo, fol-
clore, etc. Isto é, disciplinas que moldassem o lado ético, cívico e cultural de nossas crianças.

A RESCUE TO CULTURAL TRADITIONS BRAZILIAN - ESTABLISHING


CULTURAL POLICIES

Abstract: The present work had its genesis in the preparatory studies for the investigation of the
innumerable traditions existing in Brazil that originate from the three ethnic formations of the
base of the Brazilian people - Indigenous, European and African. As a starting point, we tried
to rescue the main cultural adventures, from the 30's to the present time. Subsequently, present a
brief knowledge about public policies in the cultural area. In continuity, in a very brief way, 35
traditional forms of traditional cultures were exposed in Brazil. The originality of the article lies in
the attempt to rescue the cultures that, for some reason, ceased to exist in the popular sphere, and
where, some of them, were practically extinguished from the wide knowledge, remaining on the
margins of the specific regional popular cult. Finally, some conclusions are presented with certain
lines of action that can be adopted in the educational area in order to foster cultural traditions
among elementary school students.

Keywords: Cultural Public Policies. Brazilian Cultural Traditions. Cultural Immateriality.

Notas
1 O Innovation Center for Collaborative Intelligence (ICXCI) define em seu sítio que “a inteligência
colaborativa (IC) é uma interação mais ordenada, produtiva e estimulante entre um grupo de
pessoas mais ou menos numeroso” (ICXCI, 2017).
2 O nome verdadeiro de Dona Filoca era Florinda Conceição Olimpo mas todos a tratavam de Dona Filomena
– ou Dona Filoca. Seu Lauro se chamava Alauriano Campos de Almeida.

FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 30, n. 1, p. 135-153, 2020. 149


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