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HISTÓRIA – LICENCIATURA
P.53: O autor inicia o texto vinculando a ideia do material didático como mercadoria,
explicando pela ideia de Marx: “riqueza das sociedades em que domina o modo de
produção capitalista aparece como uma ‘imensa coleção de mercadorias”, Munakata
também trabalha no texto o caráter sistêmico da indústria cultural como o modo de
produção cultural na sociedade capitalista.
p.54: Ainda abordando o conceito de “mercadoria cultural”, Munakata debate uma
questão relevante que é a da “arte leve” e “arte séria”, e ele define que há um critério para
indicar a distinção entre as duas, a autonomia da produção. Munakata defende que na
indústria cultural a autonomia do sujeito que produz é cancelada, pois a produção da obra
como mercadoria é segmentada.
p.55: O autor disserta que a “arte série” mantém a integridade e autonomia da obra e autor
que submete os editores e responsáveis pelo editorial. Munakata também aponta: “O que
os autores “sérios” raramente quiseram saber é que esse procedimento em relação aos
‘originais’ acontece com todos os textos, não apenas com aqueles encomendados.”. E
posteriormente cita o exemplo de Aristóteles na indústria cultural para ilustrar.
p.56: O autor cita uma serie de autores e suas obras que também exemplificam o processo
explicado da indústria cultural, e a questão editorial que adultera a obra em alguns
aspectos. Munakata também explica que a integridade e autonomia do autor e obra
geralmente são adulterados e comprometidos por uma edição pífia. Ademais o autor
comenta: “Do ponto de vista editorial, um bom livro não é apenas aquele que contenha
um bom conteúdo, “sério”, mas o que seja bem feito – bem feito não apenas em relação
à exatidão das informações ou da ortografia, mas também no que respeita à coerência do
estilo e da normalização.”. Acho relevante dar ênfase ao termo normalização, que
editorialmente é um processo muito complexo e central que o autor trabalha no texto.
p.57: O autor continua dando alguns exemplos de atividades editoriais como a
normalização que dá atenção aos pormenores de padronização do texto, e a revisão por
exemplo que visa tirar os erros ortográficos, e defende que mesmo que todas essas funções
possam ser realizadas pela mesma pessoa, como o autor, por exemplo, porém, com o
modo de produção da obra dentro da indústria cultural, não é visado a realização de todas
essas tarefas pelo autor, e sim por diversos outros sujeitos que modificam a essência do
textos com suas edições contínuas, como diz Munakata: “O produto final dessa série de
atividades é o livro: uma mercadoria.”. E citando Stoddard o autor também problematiza:
“os autores não escrevem livros”.
p.58: “Mercado e cultura não se excluem”. O autor inicia pontuando a questão da cultura
e conhecimento serem também um negócio. Posteriormente ele trabalhada com a questão
da expansão universitária no século XII que formou um novo mercado, e ele argumenta
que ali foi o surgimento do que um dia viria a ser uma espécie de livro didático. E então
ele inicia a explicação da relevância do livro didático no mercado livreiro mesmo que
mascarado, de acordo com ele, nas estatísticas.
p.59: O autor passa então a fazer uma análise da dos de mercado dos livros didáticos e
citarei aqui o referente a análise da situação brasileira: “[...]Câmara Brasileira do Livro
para 2009, produziram-se no Brasil 386.367.136 exemplares de livros (incluindo primeira
edição e reedições), dos quais 183.723.605 exemplares (47,55%) correspondiam a 19.721
títulos de obras didáticas da Educação Básica. No mesmo ano, do total de 371 milhões de
exemplares vendidos, os livros didáticos corresponderam a 207 milhões de exemplares
(55,79%); para o faturamento total de quase 3,38 bilhões de reais, o livro didático
contribuiu com mais da metade (1,73 bilhões de reais) (Câmara Brasileira do Livro,
[2010?]).”. Munakata defende então a relação inquestionável de livro e escola, ele explica
que com a consolidação dos Estados Nacionais e a educação sendo um direito do cidadão,
foi disponibilizado mais acesso a educação, ampliando o público leitor.
p.60: Dado esses fatos Munakata afirma que a relação do mercado de livros didáticos e o
sistema de ensino, era de uma ferramenta útil de trabalho e muito presente, porém, o autor
também complementa que a relação do Estado com todo o mercado de livros didáticos é
de complexa e em diferentes modelos políticos há diferentes intervenções estatais nos
materiais didáticos.
p.61: O autor após dar exemplos da intervenção estatal nos livros didáticos conclui que
as editoras, para ter aprovação do Estado e conseguir lucro no mercado produz livros
didáticos que atendam aos parâmetros desejados pela ideologia estatal. E então Munakata
analisa a situação do Brasil: “No Brasil, a relação entre o Estado e o mercado de livros
didáticos é, atualmente, mediada pelo Programa Nacional de Livro Didático (PNLD),
criado em 1985, pelo qual o governo compra os livros solicitados pelos professores para
serem distribuídos a todos os alunos das escolas públicas.”.
p.62: O autor explica a situação do Brasil mediante a escolha dos livros didáticos e dos
parâmetros avaliativos dos livros para que eles possam ser escolhidos. Também é
comentado, que após a avaliação, também é necessário que o livro didático seja escolhido
efetivamente pelo professor, e há inclusive marketing especializado em convencer o
comprador, nesse caso a banca de avaliação e os professores, para a compra, e muitas vez
há irregularidades nesses processos. Munakata ainda critica o modo de escolha do livro,
se posicionando conterá apenas o método de escolhê-lo em pouco tempo utilizando
apenas resenhas escritas no Guia dos Livros Didáticos por avaliadores.
p.63 e 64: O autor faz uma profunda análise de toda a questão abordada e utilizando de
teorias marxistas marca seu ponto de vista argumentando que o livro tratado como
mercadoria, apenas pelo simples fato de ser uma mercadoria, já o impõe aos vícios de
produção de uma sociedade capitalista. O intento econômico de mercado que visa o lucro
minimiza a profundidade da obra, apenas a reduzindo como mercadoria e forma de troca.
Porém, Munakata ainda conclui que: “É possível, no entanto, examinar a produção
capitalista do ponto de vista do valor de uso, aquilo que resulta do trabalho concreto e
efetivo, de práticas as mais diversas, de pessoas reais (e não meros detentores da força de
trabalho abstratamente considerada).”, e explica em relação ao livro didático, e a todos os
sujeito que o constroem ainda que como mercadoria, há ali relações de trabalho de
múltiplos sujeitos, há história social sendo feita, há uma dinâmica social baseada na
economia mercantil sendo visada.