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HISTÓRIA – LICENCITURA
Ellen Wood analisa a maior defesa ao capitalismo urbano que seria no caso a do
capitalismo sendo algo ligado a natureza humana que seguiria seu curso para esse
caminho inevitavelmente, como uma expansão dos processos de escambo. A autora, no
entanto, assinala que não se trata de a produção ser rural ou urbana que demarca o início
do capitalismo, mas sim as relações de propriedade entre produtores e apropriadores.
Para a autora, o que caracteriza completamente o modo de produção capitalista, é
a expropriação dos produtores, cuja punica forma de obterem acesso aos meios de
produção, para que possam sobreviver, é vendendo sua força de trabalho para receberem
um salário, numa relação de mercado cíclica, onde os capitalistas podem se apropriar da
mais-valia produzida pelos trabalhadores sem precisarem de uma coerção direta, o
sistema de mercado atua por eles (WOOD, 2000).
O capitalismo tem dependência das relações de mercado que se caracterizavam
pela existência dos imperativos de competição, acumulação e maximização do lucro.
Essas engrenagens propulsionam a máquina do mercado capitalista. Mas defendendo o
surgimento do capitalismo no campo e não nas cidades, Wood, utilizando desses
conceitos caracterizantes do capitalismo analisa a situação da Europa.
Wood percebe que na Europa do século XVII o mercado existia, mas suas
condições de competição não se sustentavam, o lucro era tido apenas pelo ato de
“comprar barato para vender caro”, e isso não sustenta a lógica de melhoramento da
produção dentro de um processo competitivo visando a acumulação. No geral os
camponeses tinham acesso aos meios de produção (terras cultiváveis) e não precisavam
oferecer sua força de trabalho como mercadoria e a lógica capitalista não se aplicava
mesmo havendo um pleno comércio entre as grandes cidades emergente no período
inclusive extra continental.
Porém o que caracteriza o nascimento do capitalismo no meio rural é a exceção e
não a regra, o fato dela antes ter analisado o fato da Europa no século XVII e ter
encontrado argumentos que demonstravam que o capitalismo não existia de fato ainda
que houvesse mercado urbano constante, havia uma exceção no meio rural que mercava
a presença de um futuro capitalismo nascente, o caso inglês.
A Inglaterra já contava com fatores que propiciavam a acumulação primitiva de
capital como a unificação de seu reino, a existência de estradas, mas principalmente na
base principal de sua economia emergente ser na área da agricultura. A maior parte das
terras inglesas estava em posse de arrendatários e não de camponeses proprietários e as
relações de produtividade começavam a se ver presentes dado o estado da agricultura e
do estado inglês, a produtividade substituía a coerção direta na forma de espremer mais
renda dos camponeses por parte dos senhores de terras. Um mercado que exigia a
produtividade se consolidava e a própria posse de terras se tornava um mercado. Dessa
forma, não tardou para que os interesses da burguesia se tornassem o da propriedade de
terras para controlarem os meios de produção do lucro, e assim gerando nos futuros
cercamentos, que extinguiam os direitos de uso da terra pelo camponês através dos
costumes que eram utilizados para dar o sustendo as pessoas no período (WOOD,
2000).
Com os cercamentos todos os fatores característicos do capitalismo começaram a
se tornar cada vez mais evidentes e finalmente após tirar tudo do camponês expropriado,
com apoio da legislação para tais fins, a burguesia tomou a força de trabalho do
camponês como mercadoria, a única coisa que a classe trabalhadora tinha a oferecer, e
assim nasce o capitalismo, em meio rural como defendido por Wood.