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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Curso de Licenciatura em Direito

Disciplina de Economia Política

REAÇÕES SOCIALISTAS

1º Ano de Direito

Discentes: Marlene Solha

Mery Grabiel

Verónica Marcos

Docente: Samuel Simango

Setembro, de 2023
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................3
2. Reacções Socialistas...........................................................................................................4
2.1. Optimismo clássico e pauperismo...............................................................................4
2.2. O Socialismo Utópico..................................................................................................4
2.3. As Revoluções Socialistas do Séc. XIX......................................................................5
2.4. O Socialismo da Fabian Society..................................................................................6
2.5. O Socialismo Imperial e o Socialismo Científico.......................................................6
2.6. O Materialismo Histórico e o Socialismo Marxista....................................................6
2.7. Críticas à construção marxista.....................................................................................8
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................9
4. CONCLUSÃO..................................................................................................................10
1. INTRODUÇÃO
A história da economia e da política tem sido marcada por uma série de reações ideológicas e
movimentos sociais que moldaram o curso da sociedade. Entre essas reações, o socialismo
emerge como uma das correntes mais influentes e debatidas. O socialismo é um conjunto
diversificado de teorias políticas e econômicas que compartilham uma visão comum: a busca
por uma distribuição mais igualitária de riqueza, poder e recursos na sociedade. Este trabalho
se propõe a explorar as reações socialistas ao longo do tempo, analisando sua evolução,
fundamentos teóricos e impacto nas políticas econômicas e sociais.
2. REACÇÕES SOCIALISTAS
2.1. Optimismo clássico e pauperismo
A extrema miséria a que o capitalismo industrial colocou a classe operária foi agitada
frequentemente contra o liberalismo. O acréscimo da miséria, constituiu, no séc. IX o custo
da industrialização, sobretudo em países como a Inglaterra e a França, que dificilmente
teriam atingido os níveis de desenvolvimento económico conquistado se tivessem sido mais
elevados os salários da época.

A classe capitalista, constituída por novos ricos, beneficiários da industrialização, atraíram


para o seu serviço, nas cidades, multidões famintas que a situação de pobreza nos campos
condenara à indigência.

Não obrigados às imposições respeitantes a justos preços e a justos salários (consideradas


anacrónicas), esses comerciantes e industriais ofereceram a essa gente – falha de preparação,
sem capacidade negocial e querendo sobreviver as remunerações mínimas indispensáveis à
conservação da respectiva força de trabalho.

O preço da industrialização terá sido esse. E não faltou quem entendesse que tal preço era
demasiado elevado, daí extraindo conclusões desfavoráveis para o liberalismo.

Algumas dessas conclusões orientaram-se para a reconstituição de uma ordem cristã; outras
para a admissibilidade de restringir o âmbito das leis económicas naturais, abrindo caminho
para um certo intervencionismo estatal.

Foram numerosas as reacções de tipo socialista que decorreram da extrema pobreza do séc.
XIX.

2.2. O Socialismo Utópico


O ideal socialista assente na substituição da propriedade privada pela propriedade colectiva e
de todos os tempos, com diferente relevância e expansão. Deve-se a Thomas Moore (séc.
XVI) a introdução do neologismo utópico, devido à sua obra “ Utopia”, na qual imaginava
uma fabulosa ilha chamada Utopia. Thomas More revela nessa obra, indiscutivelmente, a
nostalgia de um tipo socialista de sociedade.

O séc. XVIII fértil na procura de soluções que tornassem os homens felizes inspirou
pensadores orientados para soluções socialistas de tipo utópico: foi o caso de Godwin na
Inglaterra e dos franceses Morelly, Malby, Guedeville, Brissot e Messlier.
Entre os pensadores mais notáveis do séc. XIX qualificados como socialistas utópicos
encontram-se Saint-Simon e Phroudhon.

2.3. As Revoluções Socialistas do Séc. XIX


A revolução francesa, ateada num momento inicial pela Inglaterra e pela Prússia, a fim de
abater a Casa de França e separar Paris de Viena, não pôs em causa a propriedade privada,
manifestando, ao contrário, o maior respeito pelos direitos de propriedade. Mas o ambiente
revolucionário havia de acabar por atingir também o direito de propriedade.

Os fermentos revolucionários de cariz socialista desenvolveram-se através de todas as


misérias das guerras do império.

Nos países ocupados pela França contribuiu para a formação de um sentimento popular
desfavorável aos comerciantes, industriais e profissionais liberais, o conhecimento de que
muitos eram afrancesados, colaboradores com os invasores e colhendo benefícios pessoais
dessa colaboração.

A luta de guerrilhas que se travou contra os ocupantes nalguns desses estados, sem
obediência a chefes responsáveis, habituou também ao desrespeito pela propriedade, mesmo
dos nacionais.

Face ao sacrifício de tantos interesses e direitos que a guerra impusera, os atentados ao direito
de propriedade pareceram normais.

Assim há sintomas de socialismo na revolta dos sargentos da Granja de S.to Ildefonso, que
em 1836 levou ao restabelecimento da Constituição Espanhola de 1812.

Também os há no Setembrismo português de 1836 e na revolução de 1848 que destronou


Luís Filipe de Orleans e deu lugar à II República Francesa (revolução proletária, pelo menos
na aparência, dominada pelos socialistas). O malogro da revolução de 1848, provocou uma
forte reacção anti-socialista que dominou todo o período do império.

A expansão dos carbonários italianos, num primeiro momento apoiado pela Casa de Saboia e,
eventualmente pela Inglaterra, deu novos alentos a tentativas de insurreição de tipo socialista.

Finalmente a derrota da França na guerra contra a Prússia, tornou possível uma nova tentativa
dos socialistas assaltarem o poder em 1871 (Comuna de Paris) só dominada através de
combates sangrentos.
À comuna de Paris seguiu-se um novo período avesso ao socialismo revolucionário que se
prolongou por todo o último quarto do século XIX.

2.4. O Socialismo da Fabian Society


Na Inglaterra, não obstante as mensagens de Thomas More, de Godwin, de Owen e a visão
híbrida de Stuart Mill, o pensamento socialista teve expansão lenta e restrita. O socialismo
revolucionário encontrou na Inglaterra débil aceitação.

O particularismo próprio dos ingleses abriu caminho a um movimento de orientação


socialista que visou ser original e corresponder aos condicionalismos próprios da Grã-
Bretanha. Foram esses os propósitos da Fabian Society, constituída em 1884, com o fim de
reconstruir a sociedade de acordo com as mais altas possibilidades morais.

2.5. O Socialismo Imperial e o Socialismo Científico


Nos estados alemães, talvez sobretudo na Prússia, as reacções contra os clássicos por parte
dos nacionalistas e dos históricos terão facilitado a aceitação de algumas ideias socialistas, ou
socializantes, sem quebras das estruturas do poder. A esse fenómeno poderá fazer-se
corresponder, tendo em vista a unificação alemã de 1870, a designação de socialismo
imperial. Mas a esse mesmo socialismo, não obstante o seu indiscutível pragmatismo, não
poderá ser atribuída uma base científica.

2.6. O Materialismo Histórico e o Socialismo Marxista


Segundo o materialismo histórico a evolução é determinada pelas estruturas económicas. As
acções dos homens e os seus próprios pensamentos dependem de condicionalismos
económicos.

A produção material e as condições de troca constituiriam as bases da estruturação social.A


construção marxista assenta em duas teorias fundamentais: a da acumulação capitalista e a da
mais valia.

Da sua teoria do valor K. Marx concluiu que existe uma diferença entre o valor criado pelo
trabalho e o valor consumido pelo trabalho. Esta diferença seria a mais valia capitalista, de
onde resulta o lucro do empresário, obtido através da exploração do trabalhador forçado a um
sobre-trabalho. Na mais valia se encontraria a fonte da constituição de cada vez mais
avultados capitais que determinariam a concentração capitalista.

Mas essa mesma concentração prepararia o movimento evolutivo para a colectivização,


porquanto, na base da concorrência, os êxitos económicos seriam alcançados pelos
capitalistas mais ricos, pelas empresas que dispõem de melhores equipamentos, de mais
abundantes recursos, de mais organização.

Uma parte cada vez maior do capital das empresas seria empregada na aquisição de
máquinas, edifícios e matérias primas (capital constante), enquanto uma parte cada vez
menor do capital seria destinada ao pagamento de salários (capital variável). Em
consequência, substituindo-se os homens por máquinas, grande número de trabalhadores
seriam lançados para o desemprego, passando a constituir exército industrial de reserva, ou
seja, o contingente de desempregados cujo aumento impediria qualquer elevação de salários.

Assim à acumulação de capital corresponderia uma acumulação de pobreza que estaria na


origem das crises económicas, por falta de poder aquisitivo das massas para absorverem os
bens produzidos.

O número de capitalistas acabaria por ser muito reduzido, porque a concentração ao mesmo
tempo que torna mais ricos os empresários bem sucedidos, transforma os outros (derrotados
pela concorrência) em trabalhadores. Como resultado o número proporcional de
trabalhadores proletarizados cresceria sempre. Quando esse número atingisse proporções
incomportáveis, haveria lugar uma revolução violenta que passaria os meios de produção
para a posse da comunidade. Seguir-se-ia a ditadura do proletariado, orientada no sentido de
criar uma sociedade sem classes. Cada trabalhador passaria a receber o produto integral do
seu trabalho, já que a mais valia capitalista teria sido banida.

Essa ditadura do proletariado corresponderia a uma fase inferior do processo de socialização,


a fase colectivista, durante a qual apenas os bens de produção seriam comuns, permanecendo
privada a apropriação dos bens de consumo .

A fase superior aconteceria com a abolição das classes sociais, através da acção da ditadura
do proletariado, com o desaparecimento do Estado e com o advento do comunismo (porque
sendo o Estado um instrumento de opressão de classes ele se extinguiria com a supressão
destas).

No comunismo, todos os bens (directos e indirectos) seriam comuns. Obtendo-se nessa fase
produções extremamente abundantes, os bens seriam repartidos pelos indivíduos segundo as
suas necessidades.

A obra de Karl Marx assenta nos conceitos de mais-valia e de concentração e é completada


nos seus fundamentos pela tese segundo a qual a transição do capitalismo para o socialismo
seria não só inevitável como violenta. E cumpriria tanto aos políticos como aos economistas,
adoptarem as medidas que acelerassem essa transição, fomentando a luta de classes.

A obra económica de Karl Marx inspirou-se no pensamento clássico (especialmente em


Adam Smith e David Ricardo), mas afastou-se dele num ponto essencial: enquanto os
clássicos viram no capitalismo um estádio definitivo do desenvolvimento das sociedades, K.
Marx sustentou que essas estruturas eram transitórias.

Daí resultaram diferenças no que tange às respectivas políticas económicas: Enquanto os


clássicos preconizam a abstenção dos poderes públicos relativamente às actividades
económicas, Marx pretendeu que se intensificasse a luta de classes (a fim de apressar o
advento do socialismo por via da revolução violenta).

2.7. Críticas à construção marxista


Boa parte das críticas suscitadas pelo marxismo advêm das que foram feitas aos clássicos.
Desde que se rejeite a teoria do valor dos clássicos a ideia de mais valia perde a consistência.

A realidade do mundo capitalista negou que o exército industrial de reserva, constituído pela
massa de desempregados cresça sempre, indefinidamente, ou que quando cresça daí resulte
um bloqueamento dos níveis salariais.

Para além das dificuldades de sustentação das tese marxistas que provêm já da herança dos
clássicos e das outras que resultam de uma evolução dos condicionalismos não previstos no
esquema de Marx algumas dúvidas se colocam quanto ao rigor lógico da sua obra:

- Por um lado é a que respeita à mais valia: se ela é resultado do sobretrabalho do operário,
torna-se difícil explicar a tendência para o crescimento dos capitais fixos pela concentração.
Porquanto, se houver recurso a mais máquinas e mais tecnologia utilizar-se-ão menos
operários, resultando daí, necessariamente a redução da mais-valia.

- por outro lado, por força da limitação do consumo imposta pelo desemprego, haveria de ser
impedido o escoamento da produção. E a concentração capitalista encontraria aí o limite para
a sua progressão.
3. CONCLUSÃO
As reações socialistas têm desempenhado um papel significativo na história da economia
política, influenciando debates e políticas em todo o mundo. Desde os primeiros pensadores
socialistas como Karl Marx e Friedrich Engels até as várias interpretações e adaptações
modernas, o socialismo tem sido uma força motriz para a promoção da justiça social e da
igualdade. Suas contribuições para o desenvolvimento de sistemas de bem-estar social,
sindicatos e políticas redistributivas são inegáveis.

A compreensão destas reações é essencial para qualquer estudo de economia política, pois
oferece pontos valiosos sobre as tensões inerentes à busca por um equilíbrio entre igualdade e
liberdade em uma sociedade. A história e o impacto das reações socialistas servem como um
lembrete constante de que o debate sobre como organizar a economia e a sociedade
permanece vital e em constante evolução.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRAZ, Sabino, Universidade Lusíada – 2005. Sebenta de economia política

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