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CONCEITOS GERAIS E FUNDAMENTOS SOBRE MICROECONOMIA


134 minutos

 Aula 1 - Contextualização histórica sobre a economia


 Aula 2 - Fundamentos gerais relacionados à economia

 Aula 3 - Introdução à microeconomia

 Aula 4 - Fundamentos da matemática financeira

 Referências

Aula 1

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA SOBRE A ECONOMIA


A evolução do pensamento econômico ocorreu em paralelo ao desenvolvimento do capitalismo,
tornando-o mais complexo à medida que foi sendo objeto de crítica dos novos economistas que surgiam.
32 minutos

INTRODUÇÃO

A evolução do pensamento econômico ocorreu em paralelo ao desenvolvimento do capitalismo, tornando-o


mais complexo à medida que foi sendo objeto de crítica dos novos economistas que surgiam. A riqueza deste
debate faz parte dessa aula em linhas gerais, na qual serão abordadas as principais ideias e seu respectivo
contexto histórico.

Os paradigmas em destaque passaram a divergir em diversos temas, especialmente no que diz respeito ao
papel do Estado e aos objetivos de longo prazo da política econômica, temas relevantes na atualidade. A partir
de decisões tomadas pelos formuladores econômicos, empresas e consumidores tendem a moldar seus
comportamentos, com impactos agregados que são importantes para o crescimento sustentado a longo
prazo.

Dessa maneira, você será introduzido a conceitos-chave, com impactos positivos em sua rotina profissional,
que invariavelmente está vinculada a temas econômicos, mesmo que de maneira indireta.

HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO

A economia sempre fez parte da história, pois trata de questões que são concernentes à vida humana. Como
produzir aquilo que é necessário à vida? Quanto deve ser produzido? Quem produzirá e como será repartido?

Essas e outras questões dizem respeito às necessidades de produção e reprodução da vida material, portanto,
inerentes à existência humana, da pré-história ao mundo contemporâneo. Mas a economia como disciplina
acadêmica tem uma história mais recente, misturando-se, todavia, com a história do sistema capitalista,
mundialmente dominante ao menos nos últimos três séculos.

O objeto que nos interessa, no entanto, é mais recente e ganha corpo no processo de transição entre os
modos de produção feudal e de mercado, ou seja, a partir do surgimento do capitalismo, na esteira da crise
que levou ao fim do feudalismo europeu, dominante por aproximadamente 10 séculos – do fim do Império
Romano à queda de Constantinopla (SAES; SAES, 2013). Em vez de produzir para subsistência apenas, os seres
humanos passam a produzir para trocar como objetivo principal, transformando o lucro comercial no objetivo
final.
O mercantilismo surgiu como uma primeira aproximação acerca do funcionamento dos mercados, de maneira
mais organizada e estruturada. Em busca de metais preciosos (ouro e prata), sinal de riqueza e distinção entre
os séculos XV e XVII, essas ideias juntaram-se a objetivos de expansão comercial para além do território
europeu. Associados aos Estado Absoluto Monárquico, as companhias comerciais cortaram oceanos com
objetivo de ampliar os mercados, inclusive colonizando os continentes africano, asiático e americano. Em
paralelo aos mercantilistas, na França, país em grande ascensão comercial no século XVIII, autores conhecidos
como fisiocratas deram outras explicações para a origem da riqueza; esta estaria ligada à produção agrícola.

Embora pioneiras, essas ideias ainda não conseguiam criar um sistema teórico com capacidade explicativa
mais profunda. Essa tarefa coube, pela primeira vez, ao filósofo moral e pastor anglicano Adam Smith, tido
como o pai da economia, que como ciência, aliás, nasce como Economia Política. A Riqueza das Nações (1776),
sua principal obra, foi produzida sob intensa influência do iluminismo francês e do liberalismo inglês de John
Locke.

O fundamento geral era a defesa da liberdade individual, principalmente aquela que se refere ao
funcionamento eficiente dos mercados, coordenados por uma “mão invisível” (HUNT, 1981). Smith deu corpo a
uma tradição teórica de economistas políticos, cuja teoria do valor-trabalho os coloca no mesmo grupo dos
clássicos, apesar das diferenças muitas vezes irreconciliáveis. David Ricardo, Thomas Malthus e Karl Marx são
alguns desses, entre outros de menor relevância.

A evolução do pensamento econômico se ampliou ao longo do século XIX, fazendo surgir um outro grupo
relevante cujo objeto central era a crítica à ideia de valor gerado pelo trabalho. A chamada “revolução
marginalista” (HUNT, 1981) substituiu o trabalho pela utilidade na explicação do valor, introduzindo a
matemática mais sofisticada na ciência econômica e lhe retirando o complemento “política”, passando a
chamá-la apenas de economia. Formava-se nesse contexto a escola Neoclássica de pensamento econômico,
dominante até a Grande Depressão dos anos 1930.

Em resposta a essa crise, o economista britânico John Maynard Keynes propôs a maior atuação do Estado na
economia, contribuindo não apenas com o fim da maior crise já registrada, mas com o longo ciclo de
crescimento e prosperidade econômicos que se observaria após a Segunda Guerra Mundial. Cabe destacar
ainda que, a partir de Keynes, em termos metodológicos passou-se a separar a micro da macroeconomia,
dadas as diferenças nas dinâmicas de cada uma.

ESTADO E MERCADO

O século XX foi marcado por conflitos intensos, tanto no campo militar e geopolítico como também no campo
das ideias, principalmente econômicas.

A disputa entre mercados livres ou regulados, capitalismo ou socialismo, esquerda e direita, foram as
principais palavras do vocabulário político.

Em meio aos estragos causados pela Primeira Guerra Mundial, a crise iniciada pela quebra da Bolsa de Nova
York em 1929 varreu o emprego, quebrou empresas e abalou a confiança no sistema de livre mercado.
Defendido desde antes de Adam Smith, e reelaborado com argumentos técnicos no final do século XIX pelo
marginalismo, o laissez-faire (não intervenção do Estado), não conseguiu tirar o mundo da crise. Soma-se a
isso ideias intervencionistas que vinham produzindo efeitos econômicos positivos, embora verdadeiras
catástrofes políticas e sociais. O nazifascismo à extrema direita e o socialismo real na extrema esquerda
remodelaram a forma de organização econômica em seus países, tendo como elemento central a intervenção
do Estado.

A respeito desse tema, todavia, cabe um resumo sintético da história do capitalismo que, inclusive, ajuda a
desfazer mal-entendidos. É importante lembrar que a dicotomia Estado versus mercado é falsa; o Estado
moderno, parlamentar e baseado em leis escritas, é um produto da sociedade de mercado, também
conhecida como sociedade burguesa. Os processos revolucionários dos séculos XVII e XVIII, primeiro na
Inglaterra e depois na França, acabaram com os direitos feudais, eliminaram por meio da violência a nobreza
e seus regimentos, transformando o Estado Absoluto em Estado Parlamentar. Portanto, o Estado como o
conhecemos é produto do capitalismo e, portanto, atua a favor da manutenção do status quo.

Feita essa necessária explicação, tem-se condições para compreender o papel do keynesianismo em meio à
Depressão econômica e suas ideias intervencionistas. Antes de Keynes lançar sua obra principal, A Teoria
Geral do Juro do Emprego e do Dinheiro (1936), que produziria mais uma revolução no pensamento
econômico, os EUA, por meio do New Deal (amplo programa de investimentos públicos na indústria,
construção e agricultura, entre outros setores), vinha fazendo aquilo que Keynes organizaria depois em
termos teóricos. Franklin D. Roosevelt, eleito com a promessa de retirar o país da recessão, iniciou um amplo
programa de compras públicas e reorganização do sistema financeiro e industrial, além de ter ampliado os
programas quase inexistentes de políticas sociais e emprego para população afetada pela crise. Ou seja, o
Estado tinha um papel decisivo no processo de recuperação econômica e nem por isso era preciso desconfiar
que o projeto norte-americano era anticapitalista ou antiliberal. Ao contrário, foi exatamente para preservar
esses valores que o Estado interveio, pois na Europa, nazifascistas e socialistas apresentavam alternativas com
perspectivas de suplantação do capitalismo liberal. Deve-se apenas lembrar que o nazifascismo, embora
contra as instituições liberais, não é contra o capitalismo; já o socialismo tem como objetivo central a abolição
da propriedade privada e este é um elemento essencial para separá-los do nazifascismo, a despeito da
tentativa de alguns grupos de colocá-los do mesmo lado por compartilharem alguns nomes.

Foi com objetivo de retirar a economia da depressão, mas preservar suas instituições e valores liberais, que
Keynes propôs o papel anticíclico do Estado. Em linhas gerais, o objetivo era entender os motivos do
investimento, ou seja, o que provoca os empresários capitalistas a fazê-lo. No entanto, em casos de
expectativas negativas quanto ao futuro, eles deixariam de investir, aprofundando o desemprego e a crise.

Nesse caso, caberia ao Estado ampliar os investimentos produtivos e fazer o ciclo econômico se reerguer
novamente (KEYNES, 1983). Pode-se dizer que com essas ideias, Keynes e seus seguidores criaram uma escola
de pensamento, revolucionando a teoria econômica.

O PAPEL DO ESTADO NAS CRISES ECONÔMICAS

A partir da compreensão do papel do Estado na economia, um importante agente econômico com capacidade
de atuar no sentido contrário ao ciclo – e isto serve também para períodos de muito aquecimento, o que
poderia levar a pressões inflacionárias caso não houvesse intervenção – pode-se compreender melhor como
funcionam as políticas econômicas em meio às crises.

Um caso observado mundialmente foi o da pandemia de covid-19, em que a atuação do Estado, seja para criar
barreiras na contenção do vírus, seja para sustentação da renda como consequência, foi de extrema
relevância. O apoio financeiro garantido a consumidores e famílias por meio de linhas de crédito ou mesmo
por políticas de transferência de renda permitiram o funcionamento, ainda que parcial, de alguns setores-
chave da economia, evitando uma completa paralisação e aprofundamento da crise social.

No Brasil, por exemplo, o Congresso Nacional pressionou o governo federal para ampliação do valor e alcance
da política chamada de “auxílio emergencial”, pela qual famílias de baixa renda passaram a receber um
benefício de transferência direta de renda no período em que precisaram se isolar em casa. Junto disso
observou-se apoio por meio de crédito à folha de pagamentos das empresas, além de facilitação para
parcelamento de tributos e renegociação de dívidas/contratos com o sistema financeiro. Ou seja, foi
coordenado um programa amplo de sustentação da demanda agregada, evitando com isso um tombo ainda
maior do que a queda de 4,1% do PIB em 2020, de acordo com o IBGE.

As medidas descritas, contudo, trouxeram efeitos colaterais com os quais todos os governos vão ter que lidar
nos próximos anos: os déficits públicos. Para garantir o funcionamento das economias, governos ampliaram
seus déficits e seus endividamentos, piorando a solvência das contas públicas e ampliando a percepção de
risco futuro. Adicionalmente, a desorganização das cadeias produtivas provocada pela pandemia e a pressão
de demanda por alimentos elevou a taxa de inflação na maior parte dos países, obrigando os Bancos Centrais
a elevarem os juros para conter o nível de preços. Em linhas gerais, os reflexos de medidas fiscais e
monetárias mais flexíveis ainda serão sentidos nos próximos anos, e por essa razão é preciso compreender os
limites de atuação do Estado na economia.

Caso o Estado utilize instrumentos econômicos em excesso pode gerar mais prejuízos do que benefícios, e
Keynes não ignorou tal contradição. Por essa razão argumentou em favor da expansão fiscal mais intensa
exatamente em momentos de crise mais aguda, quando as expectativas dos agentes precisam ser guiadas
para evitar colapso maior. A disciplina e a responsabilidade, portanto, são aliadas decisivas para que o Estado
possa continuar atuando.

Pode-se dizer, em última análise, que o paradigma keynesiano, portanto, intervencionista, segue tendo
importante papel na formulação de políticas econômicas. Isso, porém, não invalida argumentos favoráveis à
eficiência produzida pelo livre mercado, desenvolvidos ao longo do processo de consolidação do capitalismo e
formulados com profundidade pela economia clássica de Adam Smith. Pode-se dizer, assim, que os diferentes
paradigmas são complementares.
VÍDEO RESUMO

Neste vídeo você vai compreender o histórico das principais ideias econômicas ainda em disputa atualmente.
As diferentes abordagens, embora divirjam em diversos aspectos, contribuem para uma visão mais ampla e
complexa da realidade, fornecendo os instrumentos mais assertivos para políticas econômicas eficientes.
Serão abordados os três principais paradigmas: clássico, neoclássico e keynesiano. Essas ideias foram
importantes para fundação da teoria econômica, além do surgimento de outros autores que, apoiados nesses
paradigmas, construíram teorias inovadoras e originais.

 Saiba mais
Há alguns livros de história do pensamento econômico que são clássicos, mas em geral a maioria trata da
trajetória apresentada nesta aula e, portanto, são importantes fontes de consulta.

O livro História Econômica Geral (SAES; SAES, 2013) disponível na bibliografia desta aula, apresenta um
histórico aprofundado dos principais eventos históricos que contribuíram para o desenvolvimento da
teoria econômica.

Algumas ferramentas e fontes de dados são relevantes para compreensão da atividade econômica
mundial e do Brasil. Entre elas destacamos:

• Fundo Monetário Internacional (apesar de esse conteúdo estar em língua inglesa, você pode utilizar a
opção de tradução automática do seu navegador, se preferir).

• Banco Central do Brasil.

• IBGE.

• IPEADATA.

Aula 2

FUNDAMENTOS GERAIS RELACIONADOS À ECONOMIA


A economia é um tema central na vida de todos e assunto em todos os meios de comunicação
diariamente.
32 minutos

INTRODUÇÃO

A economia é um tema central na vida de todos e assunto em todos os meios de comunicação diariamente.
Por essa razão, é fundamentalmente importante compreender as principais relações entre os indicadores
mais destacados, entre eles, oferta, demanda, preços, dinheiro etc. Em linhas gerais, a economia está no dia a
dia das pessoas e as decisões que tomamos são baseadas em escolhas que, em geral, envolvem alguma
restrição econômica. Ou seja, viajar ou investir em um imóvel? Ir ao supermercado ou à feira? Fazer mais uma
hora extra ou descansar? Essas e outras perguntas envolvem escolhas econômicas baseadas em limites e
necessidades orçamentárias e, portanto, pautam nosso dia a dia.

FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

As principais questões que orientam as decisões em economia são: Quem produz? Quanto se deve produzir?
Como será produzido? Para quem será produzido? Essas e outras perguntas norteiam os agentes econômicos,
sejam eles firmas, famílias, governos ou mesmo o setor externo. Esses agentes, por meio de decisões
racionais, uma premissa fundamental nas economias de mercado, decidem a melhor e mais eficiente forma
de alocação de seus fatores de produção – terra, trabalho e capital – em busca de um resultado que leve em
consideração a maior capacidade de consumo incorrendo no menor custo possível. Em resumo, os agentes
racionais buscam maximizar seus interesses econômicos diante de restrições impostas pela sua renda, o que
se pode chamar de restrição orçamentária.

Nesse sentido, o tempo todo os agentes precisam decidir, com base no cálculo econômico; os consumidores,
por exemplo, entre se desejam consumir mais de algum bem, o que invariavelmente, incorrerá em reduzir o
consumo de outro bem.

Do ponto de vista da firma, o raciocínio também é válido, pois o empresário deve decidir se produz ou não
mais uma unidade de certo bem ou produto, tendo como referência sua estrutura de custos.

A necessidade de racionalizar sobre cada decisão leva em conta as restrições impostas pela renda, mas
também pela disponibilidade de fatores de produção. Ou seja, diante de necessidades infinitas e crescentes, é
preciso optar pela utilização mais eficiente de recursos escassos e, neste caso, a escassez se torna um dos
principais elementos da análise econômica.

Um conceito-chave que explica a maneira pela qual a sociedade decide como usar seus recursos é a curva de
possibilidade de produção (CPP). Ela expressa a forma como a sociedade decide, no caso da Figura 1, produzir
alimentos ou máquinas. Intuitivamente pode-se observar que para produzir um deve-se renunciar a outro.

Figura 1 | Curva de Possibilidade de Produção (CPP)

Fonte: Vasconcellos e Garcia (2019, p. 7).

A comunicação dos agentes econômicos se dá por meio do fluxo entre firmas e famílias, se supusermos uma
economia fechada e sem governo, apenas para efeitos analíticos simplificados. As famílias ofertam seu fator
de produção (trabalho) e demandam bens e serviços produzidos pelas firmas. Já estas, por sua vez,
demandam fatores de produção (terra e trabalho), ofertando bens e serviços às famílias. O fluxo só está
completo, todavia, quando a moeda cumpre a função de remunerar os fatores de produção: o proprietário da
terra recebe o aluguel, o proprietário do capital recebe o lucro, e o trabalhador recebe o salário.

Figura 2 | Fluxo monetário da economia

Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019, p. 10).

As relações de oferta e demanda por bens e serviços afetam os seus preços, sinalizando aos agentes o que e
quanto deve ser mais produzido ou deve ter sua produção reduzida. A economia de mercado, portanto, é
guiada pelo sinal emitido pelos preços, indicando para os agentes onde estão as necessidades a serem
supridas.

Inicialmente trabalharemos com um modelo mais simples, em que governos e as relações com o setor
externo ainda não fazem parte da análise, mas à medida que a complexidade vai aumentando, novos
elementos vão sendo inseridos.
EQUILÍBRIO DE MERCADO

Os termos oferta e demanda são os mais conhecidos quando se trata de economia. A demanda representa a
quantidade que os consumidores estão dispostos a consumir dado um nível de preços qualquer. Outros
elementos além do preço também impactam as decisões de consumo, como a renda, a moda, o gosto e a
preferência dos consumidores. Fatores exógenos aos consumidores também afetam a demanda, pois se
tratamos de um tipo de alimento, o clima e, portanto, a sazonalidade, são decisivos para a demanda;
adicionam-se questões geográficas, ou seja, a distância entre os bens e seus consumidores.

Para que compreenda o comportamento da demanda isoladamente, utilizaremos um conceito-chave, coeteris


paribus, traduzido como tudo o mais constante. Ou seja, embora diversas variáveis tenham potencial de
afetar a demanda como descrito, é preciso isolá-las para que possamos estudar uma de cada vez. Nesse caso,
dizemos que caso o preço suba ou desça, a demanda subirá ou descerá, com tudo o mais constante.

A lei geral da demanda afirma que há uma relação inversamente proporcional entre preço e quantidade
demanda, ou seja, se os preços subirem, os agentes tenderão a comprar menos, tudo o mais constante; o
contrário também é verdadeiro, pois se os preços se reduzem os agentes demandam mais daquele
determinado bem. Em termos matemáticos pode-se dizer que a função de demanda é representada por: Qd =
f(p) (quantidade demandada em função do preço).

O comportamento da oferta é similar do ponto de vista do raciocínio, mas oposto no que diz respeito ao
comportamento das variáveis. Em primeiro lugar, ao pensar na oferta, é preciso inverter a perspectiva da
demanda. Nesse caso, organizamos a análise sob a perspectiva dos consumidores; no caso da oferta a análise
é elaborada sob a ótica dos empresários, isto é, de quem oferta os bens e serviços. Nesse caso, a firma tem
como objetivo a maximização do lucro e, portanto, quanto maior o preço maior será o desejo de ampliar a
oferta. Além disso, os custos de produção exercem pressão contrária, e caso se elevem a oferta será menor.
Todavia, a lei geral da oferta demonstra uma relação diretamente proporcional entre preço e quantidade
ofertada, em sentido oposto ao caso da demanda. Em termos matemáticos pode-se dizer que a função de
oferta é representada por: Qo = f(p) (quantidade ofertada em função do preço). Cabe ainda destacar que os
custos dos fatores de produção (terra, trabalho e capital), a disponibilidade de tecnologia e o número de
concorrentes, também são fatores que afetam as decisões da firma.

A partir da análise da demanda e da oferta e seus comportamentos em sentidos inversos, pode-se questionar:
como o mercado produz eficiência se os interesses são antagônicos? Embora os consumidores estejam
dispostos a consumir mais unidades à medida que os preços descem, e as firmas estejam a ofertar menos,
nesse caso ambos se encontrarão em um ponto em que todos os interesses estejam plenamente atendidos,
como apresentado no Figura 3.

Figura 3 | Equilíbrio de mercado

Fonte: Vasconcellos e Garcia (2019, p. 48).

O ponto E representa a intersecção da curva de demanda (D) com a curva de oferta (O). O eixo horizontal
representa as quantidades de mercadorias, e o eixo vertical seus preços correspondentes. É possível observar
que no ponto B há excesso de oferta a um preço acima do preço de equilíbrio, o que pelas forças de mercado
pressiona a oferta para uma menor produção. Já o ponto A representa uma demanda abaixo do equilíbrio, o
que desestimula a firma a produzir, pois o preço está em um nível abaixo do buscado pela firma. O equilíbrio
E é o ponto ótimo de eficiência do mercado (MONTORO FILHO, 2017).

A ECONOMIA NO DIA A DIA


A economia é um tema presente na rotina de todos, mesmo que de maneira indireta. Oferta, demanda,
preços e custos são palavras comuns no cotidiano, dada a necessidade de se calcular os custos de vida, pagar
as contas e consumir aquilo que é necessário à vida social. Portanto, compreender minimamente algumas
principais relações e dados estatísticos é de grande importância.

Ao ir ao supermercado, os consumidores observam, muitas vezes, oscilações de preços e disponibilidades de


produtos intensas. Esses eventos são mais comuns com os alimentos, especialmente os in natura, ou seja, não
processados como verduras, legumes, frutas e grãos. Sensíveis ao clima, por exemplo, esses produtos
costumam refletir imediatamente suas condições de produção. Frios intensos, chuvas em excesso ou secas
muito prolongadas são fatores que atuam diretamente sobre a capacidade produtiva, e pouco se pode fazer
contra isso.

As condições de produção, portanto, são determinantes sobre os preços finais, ou seja, se a produção de
algum item sofre com problemas climáticos, a produção se reduz e o preço se eleva, tendo em vista que a
demanda por aquele bem não tenha se alterado.

Fatores sazonais, por exemplo, também devem ser considerados. Sazonalidade diz respeito à época típica de
uma determinada atividade ou produção de algum item; o varejo funciona com grande intensidade em datas
festivas, enquanto alguns produtos são vendidos com mais intensidade no final do ano em função das datas
comemorativas. Castanhas e frutas cristalizadas costumam ter seus preços mais elevados em dezembro por
causa do Natal, enquanto vestuário, calçados e perfumaria têm grande demanda no Dia das Mães, no dos Pais
e no dos Namorados.

No campo, esse movimento é percebido de diversas maneiras. No Brasil, os meses secos costumam ser entre
abril e setembro, com impactos sobre algumas culturas e, inclusive sobre a produção de leite. Com o clima
seco, há menos disponibilidade de pasto para o gado, o que reduz sua capacidade de produzir leite e seus
derivados, elevando seus preços, se tudo o mais permanecer constante.

Diversos outros exemplos poderiam ser dados e essa dimensão analítica contribui para compreensão de
indicadores mais complexos, inclusive do ponto de vista macroeconômico. É comum, ao ir ao supermercado,
discordar da ideia propagada nas manchetes de jornais sobre uma suposta queda da inflação. Mas, para
entender se esta está subindo ou descendo, é preciso ter noção da sua cesta de consumo em relação à média
geral de preços. Se os produtos consumidos por sua família são mais afetados por fatores sazonais, como
destacado, é possível que sua percepção da inflação geral seja diferente da de outro indivíduo cuja cesta de
bens foi menos afetada. Nesse caso, a renda de cada um é determinante para definição do padrão de
consumo.

Assim, fica claro que as relações de oferta e demanda são determinantes para compreensão dos eventos
econômicos, e o sistema de preços livres é um importante guia para que se compreendam as necessidades da
sociedade em geral.

VÍDEO RESUMO

No vídeo serão abordados temas relevantes para uma primeira aproximação com a economia. Quem produz?
Como produz? E para quem produz? Essas e outras questões poderão começar a ser respondidas a partir de
conceitos-chave como oferta, demanda, preços, fluxo circular da renda e tantos outros cujo objetivo é dar
uma introdução às ideias indispensáveis para compreensão da economia.

 Saiba mais
Para conhecermos os assuntos econômicos, é indispensável a leitura dos cadernos de economia dos
principais jornais. Entre os especializados, deve-se destacar o Valor Econômico, tradicional no
acompanhamento do tema.

Já o IBGE é uma das principais fontes de dados da economia brasileira. Vale a pena consultá-lo.

Por fim, no sentido de descomplicar o discurso econômico, indicamos o portal Por quê? Economês e
financês em bom português.
Aula 3

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
É comum analisarmos os agentes econômicos e suas interações por meio de uma economia livre, sem
barreiras e com informações disponíveis a todos.
35 minutos

INTRODUÇÃO

É comum analisarmos os agentes econômicos e suas interações por meio de uma economia livre, sem
barreiras e com informações disponíveis a todos.

Os modelos abstratos da microeconomia neoclássica que, aliás, dominam os manuais de economia, ajudam a
atender um aspecto comportamental importante dos agentes, mas não revelam toda realidade do
funcionamento da economia. Nesse sentido, esta aula procura aprofundar como os mercados realmente
funcionam a partir de estruturas diversificadas, nos quais muitas das vezes existem poucas empresas
ofertantes e até uma única firma controla todo o mercado.

Adicionalmente, alguns casos clássicos serão apresentados como evidência de comportamentos


concentradores de mercado, o que acaba por privilegiar ou defender interesses de uns em detrimento da
maioria. As estruturas de oligopólio/monopólio são as principais formas de atuação das grandes empresas no
capitalismo contemporâneo e, por essa razão, são importantes de serem analisadas.

ESTRUTURA DE MERCADO

Os modelos microeconômicos mais utilizados, portanto, o mainstream da teoria econômica, são pautados por
hipóteses consolidadas em torno do comportamento dos agentes em geral. Entre as premissas pode-se
destacar a ideia de racionalidade, em que os agentes estariam o tempo todo sob um trade-off, conceito que,
em economia, se refere a um conflito de escolha, sendo necessário abrir mão de A para que se tenha mais de
B. No caso em questão, o trade-off ocorre entre dois ou mais tipos de bens, a informação disponível para
todos é livre e perfeita, ou seja, os preços são conhecidos por todos e, por fim, é comum a ideia de que as
firmas operam sob livre concorrência. Logo, haveria no mercado uma ampla concorrência promovida por um
número elevado de firmas produzindo em condições homogêneas, com custos e tecnologia muito próximos e
no qual todas seriam price takers, isto é, tomadoras de preço.

O grande número de concorrentes impede que apenas uma ou poucas empresas consigam influenciar os
preços, e todas estariam subordinadas a um preço de mercado. Em linhas gerais, pode-se dizer que:

As estruturas de mercado são modelos que captam aspectos inerentes de como os


mercados estão organizados. Cada estrutura de mercado destaca alguns aspectos
essenciais da interação de oferta e demanda e se baseia em algumas hipóteses e no realce
de características observadas em mercados existentes, tais como: o tamanho das
empresas, a diferenciação dos produtos, a transparência do mercado, os objetivos dos
empresários e o acesso de novas empresas, entre outras.

— (TROSTER, 2017, p. 211)

Entre os modelos utilizados, a concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística são
os principais e serão demonstrados brevemente nesta aula.

A estrutura denominada concorrência perfeita é uma concepção mais teórica e abstrata, pois os mercados
altamente concorrenciais existentes, na realidade, são apenas aproximações desse modelo, posto que, em
condições normais, sempre parece existir algum grau de imperfeição que distorce o seu funcionamento. Entre
suas hipóteses podemos destacar o grande número de ofertantes e demandantes, produtos homogêneos
substitutos entre si, informação completa e perfeita e ausência de barreiras à entrada, ou seja, há livre
mobilidade entre os setores produtivos (TROSTER, 2017).

Na estrutura monopolista, o setor é a própria firma, pois há apenas um produtor que realiza toda a
produção. Assim, a oferta da firma é a oferta do setor e a demanda da firma é a demanda do setor. É
importante ressaltar que o monopólio “puro” é uma construção teórica, porque as empresas, por maiores que
sejam, concorrem entre si e o monopólio existe, em sua maioria, nos casos de monopólio natural (o
qual ocorre quando é mais barato atender ao consumidor por um único prestador do serviço e não pela
competição entre fornecedores. É o caso de serviços de rede que demandem vultosos investimentos, como
água ou gás canalizado).

O oligopólio, todavia, é uma estrutura de mercado mais comum no capitalismo global (inclusive no Brasil), na
indústria e no transporte aéreo e rodoviário, nos setores químico e siderúrgico e outros. Essa estrutura de
mercado se caracteriza pelo reduzido número de firmas competindo entre si pelos consumidores; destaca-se
ainda que, “no oligopólio, tanto as quantidades ofertadas como os preços são fixados entre as empresas por
meio de conluios ou cartéis” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 96). Neste ponto, é oportuno saber que o
cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor que determina a política de
preços para todas as empresas que a ela pertencem. Elas podem adotar uma política de preços comum,
agindo como monopolistas.

Por fim, deve-se ainda mencionar a concorrência monopolística, caracterizada por uma estrutura de
mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio, mas que não se confunde com o
oligopólio pelas seguintes características: número relativamente grande de empresas e margem de manobra
para fixação de preços não muito ampla (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).

MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO

O mercado de fatores de produção (terra, trabalho e capital) também se configura de maneira específica,
assim como o mercado de bens e serviços. “Como o mercado de fatores depende da demanda de insumos
pelos setores produtores de bens e serviços, ou seja, deriva do mercado do produto, a demanda por esses
fatores é chamada de demanda derivada.” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 98). Uma demanda por plástico,
por exemplo, depende da indústria de brinquedos e, se houver uma queda na demanda, a indústria também
sentirá o impacto negativo.

Seguindo o mesmo raciocínio do mercado de bens e serviços, quando há apenas um vendedor de insumo, ele
é um monopolista, e quando há poucos, é um mercado de fatores oligopolista. A situação se altera e ganha
complexidade quando se observam os demandantes desses insumos. Quando apenas uma firma demanda os
fatores tem-se o que se chama de monopsônio; esse caso é muito comum em situações que grandes
empresas se instalam em uma cidade pequena e demandam praticamente todos os trabalhadores, como o
caso da mineradora Vale em municípios de Minas Gerais ou do Pará.

Já o oligopsônio é análogo, mas se refere a poucas empresas que compram os insumos. Nesse caso, é
comum, por exemplo, o que ocorre no setor de laticínios, no qual poucas indústrias compram de muitos
produtores pecuários. De um lado, a indústria de laticínios se organiza por meio de um oligopsônio, mas na
oferta dos bens se organiza como um oligopólio.

Há ainda o caso chamado de monopólio bilateral, quando um monopsonista na compra do fator de


produção se defronta com um monopolista na venda desse fator. Em resumo,

Como ambas as posições são conflitantes, somente a negociação recíproca permite a


definição do preço. Inicialmente, concordam que a quantidade a ser transacionada será a
que ambos desejam, e que o monopolista não venderá por um preço abaixo de p, por
exemplo, e o monopsonista não pagará nenhum preço acima de p’.

— (TROSTER, 2017, p. 211)

As firmas atuam sob diferentes estruturas de mercado e, na prática, a concorrência perfeita dá lugar à
concentração de empresas, por meio de fusões, aquisições e até estratégias de mercado, como o cartel já
destacado. Diante do objetivo principal da firma – o da maximização dos lucros e redução dos custos –,
ampliar a fatia de mercado é sempre uma das principais metas. Portanto, pode-se dizer que o mundo real
funciona mais distante da concorrência perfeita e mais próximo dos oligopólios, sendo que não são incomuns
os monopólios. No caso do Brasil, por exemplo, a industrialização surge a partir da participação de grandes
empresas oligopolistas que, na década de 1930, concorrem com grandes oligopólios transnacionais.

Os custos de produção, por sua vez, representam o outro dilema enfrentado pelas firmas e, por esta razão, os
separa em custos de curto e longo prazo. No curto prazo, como ao menos um fator de produção é fixo (como
tecnologia e terras produtivas), pois dificilmente se altera em um curto período, o principal custo é
representado pelo trabalho, tido como variável e, por isso, os empresários sempre buscam reduzir o preço do
trabalho e desburocratizar os processos de contratação e demissão. No longo prazo, entretanto, todos os
fatores de produção são variáveis e, portanto, a estrutura de custos se altera de maneira importante.

O CUSTO DA ENERGIA

A guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia em 2022 surpreendeu o mundo, seja pela crença que havíamos
superado o conflito bélico para resolução de conflitos, ou pela extensão e virulência da disputa que ameaça
até o uso de armas nucleares. No que nos diz respeito neste espaço, é preciso destacar o impacto que o
conflito exerceu sobre os preços de commodities em geral, principalmente do petróleo, medido pelo barril
Brent ou WTI. Como consequência da invasão russa, o preço do óleo bruto saltou da casa dos US$ 90 no início
de 2022, para mais de US$ 120 em meados de junho de 2022, sendo que em momentos específicos foi até
acima desse valor. Tal comportamento colocou o mundo em alerta, inclusive o Brasil, que desde 2016 executa
uma política de preços de paridade de importação (PPI) para combustíveis e viu os preços da gasolina, do
diesel e do gás natural dispararem.

O problema mais complexo, todavia, foi observado na Europa e, neste caso, é possível compreender o papel
que exercem as estruturas de mercado sobre os preços e, por consequência, sobre o comportamento dos
consumidores. A Rússia, além de segunda maior produtora de petróleo fora da Opep (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo), atrás dos EUA, fornece cerca de 40% do gás natural da Europa, essencial à
indústria da União Europeia, além de decisiva para calefação em uma região de invernos rigorosos.
Adicionalmente, a principal passagem do gás natural para o restante do continente fica exatamente na
Ucrânia, o que reforça a pressão russa por manter sua influência sobre aquele país.

O poder de mercado exercido pelos russos, todavia, torna boa parte dos países mais ricos do mundo reféns
de uma matéria-prima decisiva para a indústria e geração de energia. Países com esse tipo de recurso, em
geral, tendem a privilegiar estruturas oligopolistas ou até as monopolistas, com forte controle exercido pelo
Estado. Quando o assunto é energia, dificilmente haverá livre mercado de empresas privadas, pois todos os
países exercem alguma influência sobre a política energética, vital para sua sobrevivência.

O mesmo comportamento em relação ao petróleo pode ser visto na Opep desde sua formação nos anos 1960.
Reunindo os maiores produtores de petróleo do mundo, a organização exerce pressões altistas ou baixistas
nos preços a partir dos seus interesses internos ou geopolíticos. Comandada em boa medida por países do
Oriente Médio, tornaram-se opositores das políticas externas dos EUA e da União Europeia e utilizam o
combustível a seu favor.

O Brasil, por exemplo, fundou a Petrobras em 1954, e até 1997 detinha monopólio completo sobre extração
de petróleo e refino de combustíveis. Desde então outras empresas puderam entrar e concorrer, mas o
domínio da maior empresa brasileira ainda a coloca como destaque, comandando a maior fatia da produção e
tornando-se peça central em disputas políticas ao longo das décadas. Alguns estudiosos argumentam que o
caminho ideal seria a privatização, mas isso poderia colocar em xeque a soberania energética do país e, por
essa razão, ainda que por meio de maior concorrência, países ricos e desenvolvidos não deixam sob controle
exclusivo do mercado a produção de distribuição de bens tão essenciais.

A título de exemplo, diante do imenso conflito na Europa, a Alemanha decidiu em 2022 estatizar sua maior
importadora de gás natural, a Uniper, que sozinha fornece 40% do abastecimento do país (CNN, 2022).

Por fim, cabe destacar que as diferentes estruturas de mercado produzem efeitos diversos sobre os
consumidores que, por sua vez, passam a atuar de acordo com elas. No caso da livre concorrência, o melhor
dos mundos para os consumidores, as opções são diversas e sempre serão encontrados produtos/serviços de
qualidade a preços atrativos. Na outra ponta, no caso de monopólios, os consumidores ficam sem muitas
opções, sendo obrigados a recorrer ao papel regulatório do Estado para garantir produtos/serviços de
qualidade.
VÍDEO RESUMO

No vídeo serão apresentadas as principais estruturas de mercado no qual operam as firmas, bem como
algumas de suas principais hipóteses de funcionamento. Embora a livre concorrência faça parte dos livros-
texto na área de economia, o mundo real funciona de maneira mais complexa e contraditória, fazendo do
oligopólio o caso mais geral, ainda que alguns casos de monopólios sejam possíveis. Por fim, é possível fazer
uma conexão entre essas estruturas apresentadas na aula e casos reais observados no dia a dia.

 Saiba mais
Para aprofundamento, veja os capítulos 8 e 9 em:

• SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. Porto Alegre: AMGH, 2012.

A exposição gráfica e numérica desse livro contribui para a fixação do conteúdo.

Para compreender as estruturas de mercado na prática é preciso estar atento aos principais fatos
econômicos trazidos pela imprensa especializadas. Entre as diversas possibilidades, Valor Econômico e
CNN Brasil são importantes fontes.

No que diz respeito aos comportamentos oligopolistas, é importante analisar alguns setores em
particular, como:

• Petróleo (essa fonte está originalmente em língua inglesa, mas se preferir utilize a opção de tradução
automática do seu navegador).

• Minério de ferro.

• Setor automobilístico.

Aula 4

FUNDAMENTOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA


A teoria da firma vista nas aulas anteriores explica, do ponto de vista teórico, como funcionam suas
decisões acerca de custos e produção.
33 minutos

INTRODUÇÃO

A teoria da firma vista nas aulas anteriores explica, do ponto de vista teórico, como funcionam suas decisões
acerca de custos e produção. A gestão prática destas empresas, todavia, depende de uma gestão financeira
adequada, em que o fluxo de caixa e as despesas financeiras têm importância decisiva. A antecipação de
recebimento e postergação de despesas contribuem para melhorar o caixa das empresas, ampliando sua
capacidade de investimento. Isso, todavia, depende da utilização eficiente do crédito, portanto, da taxa de
juros. O sistema bancário cumpre tarefa decisiva ao reunir aqueles que precisam de crédito para investir e
consumir e aqueles que possuem recursos sobrando; dessa forma, a taxa de juros expressa também a relação
entre oferta e demanda por crédito.

OS FLUXOS FINANCEIROS DAS EMPRESAS

Nas economias de mercado, sua principal unidade produtiva – as empresas – atuam de modos variados a
depender do seu ramo. A estrutura de custos e o mercado em que operam influenciam seu modo de ação,
como demonstrado anteriormente. Cabe, neste momento, aprofundar alguns conceitos importantes que
afetam diretamente o comportamento das empresas e suas decisões de curto, médio e longo prazos. Entre
estes, destacamos o fluxo de caixa que, segundo Neto (2017, p. 141), “representa uma série de pagamentos
ou de recebimentos que se estima ocorrer em determinado intervalo de tempo.”
É comum que as empresas tenham que lidar com pagamentos ao longo do tempo, como aluguéis, folha de
pagamento, fornecedores, empréstimos etc.; concomitantemente, elas também precisam administrar
recebimentos diversos ao longo do tempo, sendo necessária a gestão correta e eficiente desses recursos, sob
pena de impactar negativamente seus resultados. Em linhas gerais,

Os fluxos de caixa podem ser verificados das mais variadas formas e tipos em termos de
períodos de ocorrência (postecipados, antecipados ou diferidos), de periodicidade
(períodos iguais entre si ou diferentes), de duração (limitados ou indeferidos) e de valores
(constantes ou variáveis).

— (NETO, 2017, p. 141)

Os termos dos fluxos de caixas são representados por PMT, PV, FV, i e n, e cada um deles representa uma
variável registrada pelo fluxo de caixa (pessoal ou empresarial). Segue o significado desses termos:

• PMT: pagamentos de mesmo valor (recorrentes).

• PV: valor presente.

• FV: valor futuro.

• n: número de períodos.

• i: taxa de juros.

De acordo com Neto (2017), a fórmula do valor presente de um fluxo de caixa uniforme é dada por: PV = PMT
x FPV (i, n). A seguir, o autor apresenta o seguinte exemplo:

Determinado bem é vendido em 7 pagamentos mensais, iguais e consecutivos de $


4.000,00. Para uma taxa de juros de 2,6% a.m., até que preço compensa adquirir o
aparelho à vista?

Solução:

PMT = $ 4.000,00

PV = ?

i = 2,6% a.m.

n=7

PV = PMT x FPV (i, n)

PV = 4.000 x 6,325294 = $25.301,18

— (NETO, 2017, p. 145)

Deve-se destacar, todavia, que o termo FPV se refere ao número de períodos descontada a taxa em cada um
deles, ou seja: 1 – (1+i)^-n / i. No caso do exemplo, o número de períodos é 7, portanto, a expressão se traduz
em: 1 – (1,026)^-7 / 0,026 = 6,325294.

O mesmo raciocínio pode ser aplicado para levar os valores para o futuro e, portanto, calcular o desconto de
pagamentos a taxas de juros pré-fixadas. Nesse caso, a formulação genérica para o valor futuro é dada por: FV
= PMT x FFV (i, n). De acordo com o exemplo de Neto (2017, p. 148):
Calcular o montante acumulado ao final do 7º mês de uma sequência de 7 depósitos
mensais e sucessivos, no valor de $ 800,00 cada, numa conta de poupança que remunera
a uma taxa de juros de 2,1% a.m.

Solução:

O valor futuro pode ser calculado pela soma do montante de cada depósito, isto é:

FV = 800,00 + 800,00 (1,021) + 800,00 (1,021)^2 + 800,00 (1,021)^3 + … + 800,00 (1,021)^6

FV = $ 5.965,41

Aplicando-se a fórmula-padrão de apuração do valor futuro, tem-se, de forma abreviada, o


mesmo resultado:

FV = 800 x (1 + i)^n -1 / i

FV = 800 x (1,021)^7 -1 / 0,021

FV = 800 x 7,456763 = $ 5.965,41

Outra variável importante para compreender o funcionamento dos fluxos financeiros das empresas é a taxa
de juros, instrumento balizador das decisões de alocação de portfólio dos agentes econômicos. A fixação da
taxa de juros da economia está relacionada à demanda por moeda e por crédito, afetando, inclusive, as
decisões dos empresários quanto à realização de novos investimentos produtivos. Além disso, a taxa de juros
básica da economia, no caso do Brasil, a Selic, estabelecida pelo Banco Central, relaciona-se com a meta de
inflação que este deve perseguir anualmente. Assim, o nível de preços guarda uma íntima relação com a taxa
de juros, ou seja,

As taxas de juros nominais constituem um pagamento expresso em percentagem mensal,


trimestral, anual etc., que um tomador de empréstimos faz ao emprestador em troca do
uso de determinada quantia de dinheiro. Se não houver inflação no período, a taxa de
juros nominal será igual à taxa de juros real desse mesmo período de tempo.

— (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 204)

Portanto, o fluxo de caixa das empresas deve levar em consideração a mudança dos seus compromissos ao
longo do tempo, os quais são influenciados por variáveis com potencial de alterá-los. As Figuras 1 e 2
exemplificam a distribuição do fluxo no tempo:

Figura 1 | Exemplo de fluxo de caixa padrão

Fonte: Neto (2017, p. 143).

Figura 2 | Fluxo de caixa detalhado

Fonte: Neto (2017, p. 143).

AS TAXAS DE JUROS

As taxas de juros têm um papel fundamental nas economias de mercado e devem ser consideradas, em
primeiro lugar, a partir da sua relação com o dinheiro e, portanto, com o nível de preços. Como a inflação tem
poder de corroer o valor do dinheiro, as taxas de juros reais medem o retorno sobre os investimentos do
ponto de vista de seu valor real, ou seja, descontadas as oscilações puramente derivadas dos preços. Já a taxa
nominal representa o montante pago em relação ao montante emprestado; não havendo inflação no período,
a taxa nominal será igual a taxa real.

A relação entre a taxa nominal de juros, a taxa real e a inflação é dada pela equação de
Fisher: (1 + i) = (1 + r) (1 + π), em que:

i = taxa de juros nominal;

r = taxa real de juros;

e π = taxa de inflação esperada.

— (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 205)

Em termos algébricos é possível colocar os termos em função da taxa real: (1+ r) = (1+i) / (1+π) ou, ao
simplificar os termos: r = (1+i) / (1+π) – 1.

A taxa de juros real é importante para definição das expectativas dos agentes econômicos com relação ao
futuro, e por esta razão utiliza-se expectativa de inflação, pois, embora seja quase certo que esta ocorrerá no
futuro (pode não ocorrer também), não se sabe qual será seu comportamento e, por isso, os agentes fazem
suas projeções.

Além disso, outros dois conceitos são fundamentais para compreender o papel da taxa de juros e seus efeitos
sobre o fluxo de caixa – isto é, os juros simples e os juros compostos. No primeiro caso, apenas o capital
principal (inicial) rende juros, “os juros de cada período que não são pagos periodicamente não são somados
ao capital para o cálculo dos juros nos períodos subsequentes” (PUCCINI, 2022, p. 13). Já no que diz respeito
ao regime de juros compostos, segundo o autor,

No regime de juros compostos, os juros de cada período que não forem pagos no final do
período são somados ao capital e passam a fazer parte da base de cálculo dos juros para
os períodos subsequentes. Nesse caso, as parcelas de juros que não forem pagas são
automaticamente capitalizadas e passam a render juros nos próximos períodos.

Importante ressaltar que, nesse regime, a capitalização ou não de juros só existe quando
os juros do período não são integralmente pagos, pois havendo o pagamento integral
deles no fim do período correspondente, não existe a possibilidade fática de serem
capitalizados.

— (PUCCINI, 2022, p. 13)

Os juros compostos de cada período são sempre calculados sobre o saldo devedor no início dos respectivos
períodos, incluindo os juros vencidos e não pagos. Os sistemas de juros simples ou compostos nos ajudam a
entender como podem ser antecipadas as dívidas, ou o que conceitualmente se chamou de amortização, isto
é, um processo de redução/extinção de uma dívida por meio de pagamentos periódicos. Em resumo,

Os sistemas de amortização são desenvolvidos basicamente para operações de


empréstimos e financiamentos de longo prazo, envolvendo desembolsos periódicos do
principal e encargos financeiros. Existem diversas maneiras de se amortizar uma dívida,
devendo as condições de cada operação estarem estabelecidas em contrato firmado entre
o credor (mutuante) e o devedor (mutuário).

— (NETO, 2017, p. 233)

Em síntese, a compreensão dos regimes de juros e amortizações compreendem importantes ferramentas de


gestão financeira/orçamentária das empresas, com impactos decisivos sobre o fluxo de caixa das empresas.

OS JUROS E AS DECISÕES DE INVESTIMENTOS


As taxas de juros têm papel decisivo na alocação de portfólio, como demonstrado anteriormente. Entre estas,
sem dúvida, a taxa Selic, taxa básica de juros definida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco
Central, é um importante guia para os agentes econômicos, principalmente do mercado financeiro. Deve-se
destacar, todavia, que, embora a taxa Selic seja uma referência importante, não é esta a taxa de juros tomada
por consumidores e firmas para realização de suas compras e investimentos.

Cabe ainda mencionar que, a depender do momento econômico, as taxas de juros podem estar em alta ou
em queda. Como exemplo de alta nessas taxas, destacamos o ano de 2022. Segundo matéria publicada no
Portal R7 (TAXA…, 2022, [s. p.]), “a taxa de juros média geral cobrada para os consumidores no Brasil subiu
0,03 ponto percentual em setembro [de 2022] e atingiu o patamar de 6,93% ao mês, o equivalente a 123,46%
ao ano”, de acordo com dados da ANEFAC (Associação Nacional de Executivos de Finanças). No que se refere
às empresas, a média anual saltou de 59,92% a.a. em agosto de 2022 para 60,47% em setembro do mesmo
ano (TAXA…, 2022). Isso significa que, para cada R$ 1.000 investidos pelos empresários, R$ 600,47
representam custos de capital; no caso dos consumidores, a situação é ainda mais difícil, pois o pagamento de
juros em uma compra parcelada representa o valor maior que o do próprio bem, o que contribuiu para o
encarecimento dos preços finais.

Um dos grandes desafios enfrentados pela economia brasileira ao longo de décadas tem sido o custo do
crédito, o que para os especialistas em finanças representa um importante entrave ao crescimento de longo
prazo. Entre as razões que ajudam a explicar o custo do crédito estão a inadimplência elevada, especialmente
em momentos de crise, mas, principalmente, o grau de concentração bancária no país. Segundo matéria do
jornal Folha de São Paulo de agosto de 2022:

Dos R$ 132 bilhões de lucro líquido registrado no sistema bancário em 2021, 78% ficaram
com os cinco maiores bancos do país – Itaú, Bradesco, Santander, Caixa Econômica
Federal e Banco do Brasil. Segundo dados enviados pelo Banco Central a pedido da Folha,
as cinco instituições tiveram, juntas, lucro líquido de R$ 103,5 bilhões no ano passado
[2021].

— (GARCIA, 2022, [s. p.])

Em geral, o spread bancário, ou seja, o diferencial entre o que o sistema bancário paga aos emprestadores
para captar seus recursos e cobra dos seus tomadores (empresas e famílias) é o principal elemento do lucro
do setor. A concentração bancária, sem dúvida, pressiona os spreads para cima, fazendo com que poucos
bancos se beneficiem desta estrutura. Mas é preciso destacar que o endividamento excessivo dos agentes
econômicos que amplia a inadimplência é outro importante fator, pois faz os emprestadores (bancos) serem
mais cautelosos e elevarem suas taxas para minimizar os riscos.

Em linhas gerais, são diversas as razões que explicam o comportamento das taxas de juros, mas o consenso
em torno delas é o papel decisivo que cumprem nas decisões dos investidores que, por sua vez, afetam
consumidores por meio de mais ou menos emprego e renda para consumo.

VÍDEO RESUMO

No vídeo será possível ver resumidas algumas da ideias-chave acerca do fluxo de caixa das empresas, bem
como do papel e das principais definições sobre taxas de juros. Estas, por sua vez, são explicadas por
diferentes conceitos e podem afetar positiva ou negativamente o fluxo de caixa de algumas empresas como
determinar o crescimento agregado da economia a longo prazo.

 Saiba mais
Simule um financiamento na ferramenta desenvolvida pelo Banco Central.

Consulte os dados atualizados de taxas de juros das diferentes modalidade no Brasil no Portal Anefac.

Acesse material complementar desenvolvido pelo SEBRAE sobre como lidar com o fluxo de caixa das
empresas.
REFERÊNCIAS
2 minutos

Aula 1

HUNT, E. K. História do pensamento econômico. Rio de Janeiro: Campus, 1981.

KEYNES, J. M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro. Trad. Mário R. da Cruz. São Paulo: Abril
Cultural, 1983.

OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do Pensamento Econômico. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2019.

SAES, F. A. M.; SAES, A. M. História Econômica Geral. São Paulo: Saraiva, 2013.

Aula 2

GREMAUD, A. P.; PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. D. Manual de economia: equipe de professores da


USP. São Paulo: Saraiva, 2017.

MONTORO FILHO, A. F. Teoria Elementar do Funcionamento do Mercado. In: GREMAUD, A. P.; PINHO, D. B.;
VASCONCELLOS, M. A. S. D. Manual de economia: equipe de professores da USP. São Paulo: Saraiva, 2017.

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VARIAN, H. Microeconomia – Uma Abordagem Moderna. São Paulo: GEN Atlas, 2015. E-book. Disponível em:
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Aula 3

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GREMAUD, A. P.; PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. D. Manual de economia: equipe de professores da


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Aula 4

GARCIA, N. Cinco maiores bancos concentram 78% dos lucros do sistema bancário em 2021. Folha de São
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PUCCINI, A. de L. Matemática financeira. São Paulo: Saraiva, 2022. E-book. ISBN 9786587958064. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786587958064/. Acesso em: 24 out. 2022.

TAXA de juros ao consumidor sobe ao maior nível em quatro anos. R7, Economia, 10 out. 2022. Disponível em:
https://noticias.r7.com/economia/taxa-de-juros-ao-consumidor-sobe-ao-maior-nivel-em-quatro-anos-
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VASCONCELLOS, M. A. S. D.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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