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Noções de Comércio Exterior

3º Aula

Liberalismo econômico,
liberalismo moderno, teorias e
os protagonistas históricos

Estudaremos, nesta aula, duas facetas do liberalismo: a econômica e a moderna. Para começar, é
importante saber que “Liberalismo pode ser definido como um conjunto de princípios e teorias políticas,
que apresenta como ponto principal a defesa da liberdade política e econômica. Nesse sentido, os liberais
são contrários ao forte controle do Estado na economia e na vida das pessoas” (SUA PESQUISA, 2011).
Os princípios básicos do liberalismo são:
• defesa da propriedade privada;
• liberdade econômica (livre mercado);
• mínima participação do Estado nos assuntos
econômicos da nação (governo limitado);
• igualdade perante a lei (estado de direito) (SUA PESQUISA, 2011).
O liberalismo surgiu no contexto do fim do mercantilismo, período em que era necessário estabelecer
novos paradigmas, já que o capitalismo estava se firmando cada vez mais. Assim, o pensamento liberal
teve sua origem no final século XVII, por meio dos “trabalhos sobre política publicados pelo filósofo
inglês John Locke. Prosseguindo, [...] no século XVIII, o liberalismo econômico ganhou força com as ideias
defendidas pelo filósofo e economista escocês Adam Smith. Já na década de 1970 surgiu o neoliberalismo,
que é a aplicação dos princípios liberais em uma realidade econômica pautada pela globalização e por novos
paradigmas do capitalismo” (SUA PESQUISA, 2011; BRASIL ESCOLA, 2011).
Durante o estudo desta aula, lembre-se que cada conteúdo compreendido é um passo para uma base
melhor, o que vai torná-lo(a) um profissional cada vez mais qualificado. Assim, é primordial que eventuais
dúvidas não o(a) impeça de prosseguir em seus estudos. Sugerimos, portanto, que acesse a plataforma
frequentemente, utilizando as ferramentas “Quadro de Aviso” ou “Fórum” para interagir com seus colegas
de curso e com seu professor.
Bons estudos!
Boa aula!

Objetivos de aprendizagem

Ao final desta aula, vocês serão capazes de:

• reconhecer o pensamento e os pressupostos teóricos de Adam Smith, de David Ricardo e de algumas teorias econômicas;
• definir, conceituar e identificar as ideias que antecedem e as principais características do liberalismo econômico e do
liberalismo moderno.
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Seções de estudo algumas restrições do governo sobre a economia são necessárias. Este
conceito de “mão invisível” foi baseado em uma expressão francesa,
“laissez faire”, que significa que o governo deveria deixar o mercado
1 - Introdução às Teorias e os indivíduos livres para lidar com seus próprios assuntos. Deve-se
2 - Liberalismo Econômico e Liberalismo Moderno saber que Smith não foi um economista ingênuo. Ele estava ciente
dos abusos praticados por muitas empresas privadas, e denunciou
1 - Introdução às Teorias as formações de monopólios, que ocorrem quando uma firma é a
única produtora de um certo produto. Adam Smith também criticou
seriamente as conspirações comerciais e cartéis que ocorrem
Na disciplina de “Administração e Economia Rural” você teve a quando um grupo de empresários, produtores de um mesmo bem
oportunidade de estudar diversos conceitos que serão importantes de consumo, estabelece um determinado preço. Estes fenômenos
para o entendimento da história e de algumas teorias que econômicos poderiam obviamente prejudicar os trabalhos da “mão
compreenderemos nesta seção. Procure relembrar os conhecimentos invisível” onde uma economia funciona melhor quando há bastante
que já construiu naquela disciplina (relendo o material didático e suas competição, resultando em produtos melhores sendo fabricados na
anotações) para estabelecer conexões com os que construiremos quantidade apropriada e nos menores preços possíveis” (GEOMUNDO,
juntos agora! 2011).

Ao falarmos sobre economia mundial, temos por Desse modo, a partir de 1936, entra em cena a teoria
obrigação citar alguns nomes que realmente fizeram a Keynesiana, do economista inglês John Maynard Keynes,
diferença, elaborando ideias e teorias que foram e são aplicadas dividindo a economia em duas, sendo conhecidas como
pelos gestores. Dentre eles se destacam: Microeconomia e Macroeconomia, que até hoje ditam as
a) John Stuart Mill; regras.
b) Jean Batista Say;
c) David Ricardo;
Informação adicional - teoria Keynesiana: “conjunto de idéias que
d) Adam Smith, famoso idealizador da teoria econômica
propunham a intervenção estatal na vida econômica com o objetivo de
conhecida como mão invisível, que por anos foi utilizada por
conduzir a um regime de pleno emprego. As teorias de John Maynard
economistas do mundo.
Keynes tiveram enorme influência na renovação das teorias clássicas e
“Adam Smith foi um importante filósofo e na reformulação da política de livre mercado. Acreditava que a economia
economista escocês do século XVIII. Nasceu na cidade
escocesa de Kirkcaldy, em 5 de junho de 1723, e seguiria o caminho do pleno emprego, sendo o desemprego uma
faleceu em Edimburgo no dia 17 de julho de 1790. [...]
Em plena época do Iluminismo, Adam Smith tornou-
situação temporária que desapareceria graças às forças do mercado.
se um dos principais teóricos do liberalismo O objetivo do keynesianismo era manter o crescimento da demanda
econômico. Sua principal teoria baseava-se na ideia
de que deveria haver total liberdade econômica para em paridade com o aumento da capacidade produtiva da economia,
que a iniciativa privada pudesse se desenvolver, sem
a intervenção do Estado. A livre concorrência entre os
de forma suficiente para garantir o pleno emprego, mas sem excesso,
empresários regularia o mercado, provocando a queda de preços e as inovações pois isto provocaria um aumento da inflação. Na década de 1970 o
tecnológicas necessárias para melhorar a qualidade dos produtos e aumentar
o ritmo de produção. As ideias de Adam Smith tiveram uma grande influência keynesianismo sofreu severas críticas por parte de uma nova doutrina
na burguesia europeia do século XVIII, pois atacavam a política econômica
mercantilista promovida pelos reis absolutistas, além de contestar o regime
econômica: o monetarismo. Em quase todos os países industrializados
de direitos feudais que ainda persistia em muitas regiões rurais da Europa. A o pleno emprego e o nível de vida crescente alcançados nos 25 anos
teoria de Adam Smith foi de fundamental importância para o desenvolvimento
do capitalismo nos séculos XIX e XX” (SUA PESQUISA, 2011). posteriores à II Guerra Mundial foram seguidos pela inflação. Os
keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e
De acordo com Vasconcelos e Garcia (2004), a teoria o controle da inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos
de Adam Smith consiste na permissão para a atuação da livre sindicatos com os empresários por aumentos salariais. Por esta razão,
concorrência, “uma mão invisível” que levaria a sociedade à foram tomadas medidas que evitassem o crescimento dos salários e
perfeição, por meio de uma ação que orientasse a todos os preços, mas a partir da década de 1960 os índices de inflação foram
agentes da economia, trazendo benefícios à sociedade, sem a acelerados de forma alarmante” (ECONOMIA BR.NET, 2011).
interferência do Estado, sendo já um princípio do liberalismo.
Essa teoria da mão invisível foi válida até a crise de 1929, Existem outros importantes teóricos, mas estes (John
com a quebra da bolsa de valores de Nova York, conhecida Stuart Mill, Jean Batista Say, David Ricardo e Adam Smith)
como a grande depressão, pois os anos foram passando e com são considerados os principais.
esse colapso os países continuavam se afundando.
É provável que muitos alunos mais críticos, com sede de conhecimento,
Curiosidade irão se perguntar: e os outros teóricos não são importantes para meu
“Adam Smith explica que a ‘mão invisível’ não funcionaria estudo?
adequadamente se houvessem impedimentos ao livre comércio. Ele Com certeza são!
era, portanto, um forte oponente aos altos impostos e às intervenções Dessa forma, é importante que procure aprofundar seus
do governo, que afirmava resultar em uma economia menos eficiente, conhecimentos sobre os outros pensadores, uma vez que isto pode
e assim fazendo gerar menos riqueza. Contudo, Smith reconhecia que trazer respostas para seu cotidiano profissional. Além disso, em uma
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A referência utilizada pela teoria, além do local com
possível pós-graduação (strictu sensu) como um mestrado e/ou características mais favoráveis à produção, leva em conta a
doutorado, certamente esse conhecimento mais aprofundado será garantia de uma balança comercial equilibrada entre países,
exigido. denotando uma preocupação com a continuidade da relação
Ah, para facilitar sua busca, as referências bibliográficas apresentadas comercial: cada país deve concentrar-se em mercadorias que
nesta e nas demais Aulas, servirão como importante instrumento de apresentem maior vantagem absoluta e menor desvantagem
pesquisa. Pense nisso... comparativa entre si.
Nesta aula vamos focar na ideia central da disciplina, que nos ajudará
a construir uma noção sobre o tema que é o comércio internacional.
Se fossemos citar todos os que fizeram parte de toda a história do Que “o pensamento de Adam Smith foi desenvolvido pelo economista
comércio mundial, levaria aulas e aulas, iniciando com os filósofos da inglês David Ricardo em 1817, que formulou a Teoria das Vantagens
antiguidade como Sócrates, Platão, Aristóteles, dentre outros, com Comparativas, também chamada de Teoria dos Custos Comparativos.
muita teoria. Entretanto, nossa proposta é fazer um apanhado geral As ideias básicas dessa teoria são: o comércio internacional será
para entender como tudo começou, quais foram às teorias, o que elas vantajoso até mesmo nos casos em que uma nação possa produzir
recomendavam e por quais motivos. internamente a custos mais baixos do que a nação parceira, desde
que, em termos relativos, as produtividades de cada uma fossem
relativamente diferentes.
De acordo com Adam Smith apud Maia (2007), a
Assim, a especialização internacional seria mutuamente vantajosa
produção não deveria ser protegida, pois, seria um início para
em todos os casos em que as nações parceiras canalizassem os seus
o livre comércio, assim, cada país iria produzir somente aquilo
recursos para a produção daqueles bens em que sua eficiência fosse
de que realmente dominasse completamente o sistema e, é
relativamente maior.
claro, desde que o clima e solo fossem favoráveis para ser,
[...] Ao conduzir à especialização e a divisão internacional do trabalho,
assim, um fornecedor natural ao mercado interno e externo
seja por desiguais reservas produtivas, por diferenças de solo e de
e, com isso, gerar a:
clima ou por desigualdades estruturais de capital e trabalho, o comércio
a) divisão do trabalho, gerando a especialização no
exterior aumenta a eficiência com que os recursos disponíveis em cada
produto trabalhado e mais qualidade;
pais podem ser empregados. E este aumento de eficiência, possível
b) produção em grande escala, gerando menor custo.
sempre que observarem vantagens comparativas, eleva a produção e a
Partindo desses possíveis tópicos, sendo considerados renda nos países envolvidos nas trocas.
estudos iniciais ao liberalismo (livre comércio), foram O modelo Ricardiano é o mais simples dos modelos que explicam
apresentadas as teorias da vantagem absoluta e da vantagem como as diferenças entre os países acarretam as trocas e ganhos no
comparativa. comércio internacional, pois, neste modelo, o trabalho é o único fator
A Teoria da Vantagem Absoluta de Adam Smith, citado de produção e os países diferem apenas na produtividade do trabalho
por Bortoto et al. (2007, p. 77) defende que “a referência é nas diferentes indústrias” (VESTIBULAR 1, 2011).
o local com características mais favoráveis à produção de
determinada mercadoria: cada país deve concentrar-se em Segunda a Teoria da Vantagem Comparativa, os países
produzir somente as mercadorias que apresentar melhores exportarão os bens produzidos com o trabalho interno de
condições de fazê-lo”. modo relativamente eficiente e importarão bens produzidos
pelo trabalho interno de modo relativamente ineficiente, ou
Saiba Mais seja, o padrão de produção de um país é determinado pelas
“O princípio da Teoria das Vantagens Absolutas surgiu das ideias do vantagens comparativas.
economista Adam Smith, em sua obra A riqueza das nações, editada
em 1776”. Ambas as teorias (Teoria da Vantagem Absoluta e Teoria da Vantagem
As ideias básicas desta teoria são: a especialização das produções, Comparativa) são de certa forma um pouco complicadas de se
motivada pela divisão do trabalho na área internacional, e as trocas entender. Às vezes parecem iguais, poucas alterações, mas pequenas
efetuadas no comércio internacional contribuíam para o aumento do palavras mudam o contexto da situação.
bem-estar das populações. Para facilitar sua compreensão e contextualização, vamos continuar,
De acordo com a Teoria das Vantagens Absolutas: “Cada país deve agora, exemplificando as teorias!
concentrar seus esforços no que pode produzir a custo mais baixo e
trocar o excedente dessa produção por produtos que custem menos Com intuito de facilitar o entendimento, vejamos um
em outros países” (VESTIBULAR, 2011). exemplo extraído do livro Comércio exterior - teoria e gestão (2007),
com algumas modificações.
Agora, de acordo com as ideias de David Ricardo, vamos
conhecer a Teoria da Vantagem Comparativa: Segundo a Teoria da Vantagem Absoluta, observe:
David Ricardo: “economista
inglês (4/1772- 11/9/1823),
autor da teoria do trabalho
PAÍS TECIDO (CUSTO) VINHO (CUSTO)
como valor, é um dos
fundadores da ciência
A 90 80
econômica” (ALGO SOBRE,
2011).
B 80 90
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Observe que o país que tiver a melhor condição (física, Também é necessário frisar que em nenhum momento,
climática, ambiental) deve sempre se especializar na produção ambos os teóricos mencionam outros fatores importantes
desse bem. No exemplo em questão, o país A deveria sempre para a produção, como matéria-prima, capital (investimentos),
vender o vinho ao país B, pois o seu custo de produção logística, custos comerciais ou planejamento, apenas avaliam
é menor; e o país B deveria sempre vender o tecido ao país esse comércio, teoricamente, através do custo do trabalho
A. Essa “troca” deveria ser feita constantemente visando a agregado à manufatura (MAIA, 2007, p. 81).
garantir qualidade e menor custo a ambas às sociedades.
Sendo assim, na visão de Adam Smith, cada país deveria se
E aí, entendeu as teorias?
especializar apenas no que tem melhores condições de fazê-lo
Veja que estas precedem a ideia do Liberalismo Econômico. Seriam
e sempre vender a outros países. Assim, todos sempre estariam
os motivos precursores para o livre comércio.
se mantendo financeiramente e o produto seria de excelente
Contudo, caso ainda tenha dúvidas é importante que não prossiga
qualidade e de baixo custo, devido a essa especialização.
antes de pesquisar nos locais recomendados, de perguntar aos seus
Mas, e quando um país tem vantagem sobre outro em
colegas de turma ou ao professor.
todos os possíveis produtos?
Vejamos um exemplo:

PAÍS TECIDO (CUSTO) VINHO (CUSTO) 2 - Liberalismo Econômico e


A 90 80 Liberalismo Moderno
B 100 120

Vejam que no primeiro exemplo apresentado, em ambos Agora que já conhecemos um pouco sobre a história e sobre as
os produtos, o país A tem vantagem de menor custo de teorias, vamos nos aprofundar no liberalismo econômico, tendo como
principal foco o livre comércio, ou seja, a não intervenção do estado
produção em relação ao país B. Nesse momento é que entra
na economia.
a Teoria da Vantagem Comparativa, de David Ricardo, que,
como Adam Smith, também é a favor da produção com menor
custo e qualidade, mas acrescenta a necessidade de que os LIBERALISMO ECONOMICO
países devem manter um superávit comercial ou uma balança Adam Smith, também conhecido como o pai do
comercial positiva. Liberalismo econômico, tinha uma visão mais voltada ao
Já no segundo exemplo, se formos avaliar pela Teoria da contexto social, sem uma análise aprofundada quanto à
Vantagem Absoluta, de Adam Smith, o país A deveria sempre questão econômica, tendo como principal meio de divulgação
vender e o país B sempre comprar, por ter melhores condições de suas ideias o livro de 1776, An Inquiry In to the Nature and
de fazê-lo. Mas, o problema, nesse caso, seria uma balança Causes of the Wealth of Nations (Uma Investigação sobre a
comercial desfavorável a B, pois sempre estaria importando natureza e as causas da riqueza das nações).
e, em determinado momento a fonte dos recursos de B pode
Segundo Bortoto et al (2007, p. 72-73):
acabar.
O liberalismo econômico pode então ser
PAÍS TECIDO (CUSTO) VINHO (CUSTO) compreendido com base na ausência do intervencionismo
A 90 80 estatal na atividade econômica de um país. Isso representa a
B 100 120 aceitação do comércio totalmente livre, sem tabelamento
de preços ou barreiras alfandegárias [...].
No caso da Teoria da Vantagem comparativa, de David
Ricardo, a diferença de custos do tecido de A para B é de Maia (2007, p. 170) completa, citando as principais
90 – 100 = [10] e no vinho é 80 – 120 = [40], ambos os características desse regime:
resultados estão em módulos [ ] para desconsiderarmos o
resultado negativo. Assim, o vinho é mais vantajoso para o • Mercado Livre, em que o estado não intervém de
país A produzir, enquanto B produziria tecido, ou seja, o que nenhuma forma, inclusive tabelando os preços ou criando
apresenta maior vantagem absoluta e menor desvantagem comparativa barreiras alfandegárias;
• Livre concorrência, em que os preços se formam em
entre si, sendo que nunca se esgotariam as riquezas de ambos e
função do próprio mercado; consequentemente, subsistem
a balança sempre ficaria nivelada.
somente as empresas eficientes;
Comparando ambas as teorias, podemos considerar que,
• Iniciativa individual, em que qualquer indivíduo
no caso da Teoria da Vantagem Comparativa seria uma receita
pode exercer a função que quiser o que não ocorre no regime
interessante ao livre comércio, em que todos mantêm sua
corporativista;
balança comercial estável, sem prejuízos à sociedade, sempre
• Desregulamentação, em que o estado deve remover
comprando os produtos a um custo mais baixo. Isso porque
todos os obstáculos legais que cerceiam a atividade econômica;
temos muitos países em desenvolvimento que não possuem
• Divisão internacional da produção, isto é, os países
nenhuma vantagem na produção perante outros e, como
devem produzir somente o que for economicamente mais
ficariam configurados nesse processo de internacionalização?
conveniente e, por meio do comércio internacional, trocarão
Devido a esses fatores, a teoria de Adam Smith foi seus excedentes. Com isso, haverá diminuição dos custos e
complementada pela teoria de David Ricardo. maior bem-estar social.
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Figura 3.1 Liberalismo plano a ser avaliado (MAIA (2007, p. 173).

Infelizmente, ficaria difícil viver em mundo


economicamente livre, sem regras, SERÁ?

Agora se avaliarmos da forma que acontece no Brasil, será


que realmente aqui, que temos um Estado intervencionista
traz melhoria a sociedade? Será que a concorrência entre
as empresas não seria algo mais interessante, podendo ser
considerado como motor propulsor da economia e preço justo.
Pense Reflita!

Um número muito pequeno de empresas de um segmento


em conluio com os governantes pode, facilmente, desenvolver
oligopólios do setor, pois, novos concorrentes seriam
Fonte: acervo pessoal
impedidos através de leis ou de dificuldades burocráticas.
Na realidade, o que mais vemos quando o assunto é o
mercado internacional, é uma briga desproporcional entre
nações desenvolvidas com os países em desenvolvimento, nos
quais sempre quem mais tem capital impõe regras e situações, Sempre que um país intervém em demasia na economia, regulando
às vezes até absurdas, barrando o livre comércio. todos os segmentos e criando uma economia planificada, a tendência
em criar barreiras para novos entrantes (novos concorrentes) é muito
ATENÇÃO!!! grande, pois, artificialmente, o Estado irá intervir no mercado ditando
Maia (2007, p. 173) apresenta argumentos prós e contras as regras e existe a grande possibilidade das grandes empresas, muitas
ao Liberalismo. Vejamos os positivos: dessas, irrigadas com dinheiro público (através de contratos) fazer
conchavos com o governo, como por exemplo no famoso “PETROLÃO”
a) Divisão Internacional da Produção: em linhas em que as gigantes do setor da construção civil irrigando os cofres
gerais, caso o país A tenha melhores condições de produzir de partidos e de políticos, independente, de sua ideologia, mas com
um determinado bem, ele se especializaria apenas nisso, e isso garantindo menos concorrência e sempre as mesmas empresas
o país B se especializaria em outro produto. Assim, ambos estavam prestando serviços com preços superfaturados.
trocariam essas mercadorias entre si, de forma que toda a
sociedade sairia ganhando quanto à qualidade e custo. Outra falha grandiosa da falta de concorrência, fato que ocorre no
Brasil e em países comandado por ditadores, como Venezuela, Coreia
b) Melhor utilização dos recursos naturais: que do Norte, Cuba, onde o Estado através das agências reguladoras (ANA
cada país saiba a melhor forma de se especializar em um - ANATEL – ANAC – ANTT, dentre outras) que deveriam defender a
determinado bem, desde que tenha condições propícias sociedade, tem mais trazido prejuízo do que melhorias, por exemplo:
quanto às questões naturais, clima, solo, temperatura, entre
outros. A resolução da ANATEL que queria ou pode conseguir autorizar as
empresas de comunicação em limitar o uso da internet banda larga
Esses dois fatores positivos formam o terceiro fator, o nas residências. Agora vamos ver quantas empresas existem no Brasil
da Economia de Escala, que focaria na redução de custos nesse momento? Apenas 4 (quatro) VIVO – TIM – CLARO e OI;
acentuada e com melhor qualidade. Além disso, já são bem
vistos e praticados, é claro com algumas restrições, pelos Outro exemplo claro, a ANAC autorizou uma portaria que as empresas
países europeus, nos quais teoricamente vive uma sociedade aéreas podem cobrar pelo envio de bagagens despachadas. Quantas
comum, a União Europeia (UE), cujos países, podemos empresas de força expressiva existem no Brasil? Apenas 3 (três) GOL
afirmar, têm certa interdependência e, de certa forma, são – TAM e AZUL.
mais “solidários” entre si.
Exemplos não faltam, quantos profissionais estão impedidos de ter o
Já como pontos negativos, temos:
seu UBER – CABIFY ou semelhantes para prestar o serviço de transporte
Liberdade Escraviza: já pensou em uma sociedade particular porque, novamente, o Estado regula o mercado e para esse
onde não existe um poder regulador? Imagine como é a tipo de transporte apenas TAXI, veja o quanto a sociedade perde em
bagunça. Cada um vai querer algo que beneficie a si mesmo, serviços de qualidade e preço justo.
e na economia não é diferente. Mesmo existindo diversas
ferramentas econômicas, com frequência teríamos problemas Será que um número maior de concorrentes, sem haver dinheiro
com as formações de estruturas oligopólios e/ou monopólios público envolvido, não seria mais positivo a sociedade e ao invés do
ou com os dumpings, que geram o próximo fator negativo.] Estado atuar com tanta precipitação no mercado, através das agências
reguladoras, somente fazerem em circunstancias que, realmente,
Conflito de interesses: tanto as empresas quanto os fosse detectado ações de empresas estrangeiras em frear o mercado
Estados e seus executores colocariam seus interesses em concorrencial e prejudicar as empresas nacionais?
primeiro lugar. A sociedade seria novamente um segundo
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d) Dumping: em linhas gerais, é quando uma empresa
vende um determinado bem aos consumidores de outra região
Atenção, no Brasil, não temos um livre mercado, nosso mercado é um a um preço menor que o custo de produção do concorrente
dos mais regulados e controlados pelo Estado em todo o mundo. daquele local. Em alguns casos, a empresa pode até receber
subsídios do governo para enfraquecer a outra economia.

Desde 1995, a Heritage Foundation e o Wall Street Journal Retomando o assunto, podemos avaliar as intervenções
publicam anualmente um Índice de Liberdade Econômica, do Estado de duas formas:
classificando os países de acordo com sua fidelidade aos
a) com o intuito de amparar a economia contra a
preceitos do livre mercado e do livre comércio, acesse o link
agressão externa do monopólio, estruturas oligopolistas e
a seguir e veja a pífia classificação do Brasil <http://www.
dumpings.
heritage.org/index/ranking>.
b) o que usualmente vem ocorrendo, em uma forma
irracional de protecionismo, que pode prejudicar e muito a
sociedade. Esses tipos de impedimentos, na maioria dos casos,
Será que, realmente, a intervenção do Estado é benéfica a sociedade?
começam a ter caráter de entrave ao comércio internacional,
com a aplicação de barreiras disfarçadas de proteção (iremos
Vamos ao Liberalismo moderno e analisar em quais situações deveria
estudar mais sobre isso na aula 4).
haver ações do Estado no mercado, a partir disso poderá responder os
questionamentos apresentados nessa seção.
Para Refletir
De certa forma é necessário proteger a sociedade. Contudo, a partir
do momento em que começa a frear o desenvolvimento do país, essa
proteção precisa ser repensada, uma vez que quanto mais o Estado
LIBERALISMO MODERNO se utiliza desses artifícios, mais acomodada fica a sociedade. No
E, se de um lado existe o Liberalismo econômico, sem capitalismo isso é prejudicial!
nenhuma intervenção do Estado, também, existe o que
vem sendo chamado liberalismo moderno, que admite a As barreiras têm pontos positivos e negativos. O aspecto
intervenção estatal em algumas situações, por exemplo, “[...] negativo é, por exemplo, quando a sociedade tem que pagar
quando a produção nacional está sendo agredida por empresas R$ 20,00 a R$ 30,00 a mais em um produto devido a uma
do exterior com a finalidade de destruir a produção nacional e tarifa alfandegária.
os empregos [...]” (MAIA, 2007, p. 175-6).
Quais seriam essas formas de agressão? Figura 3.2 Efeitos da tarifa alfandegária
Temos Dumping, Monopólio e estruturas Oligopolistas,
pois caso não exista um sistema de proteção, com certeza essa
sociedade será penalizada.
Para entender melhor, vamos recapitular a definição
conceitual dessas estruturas já estudadas em outras disciplinas:
a) Monopólio: quando uma empresa detém de forma
exclusiva a participação sem concorrência. Como exemplo,
de monopólio legal, pode citar a Petrobras, que de 1953 até
1997 exercia de forma única no mercado nacional a produção;
temos também a Empresas de Correios e Telégrafos (ECT),
conhecida como CORREIOS; e, de forma negativa, ou seja,
quando a empresa não tem autorização do Estado, podemos
citar o exemplo do maior ícone do mundo, a MICROSOFT.
b) Oligopólio (outra modalidade que onera uma
economia além do monopólio): é um conjunto de empresas que Fonte: BLOGSPOT. Homepage. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_
detém o controle de mercado de um determinado segmento, Ngtsw9s3vXg/SgpvmJV9PMI/AAAAAAAAAMA/prMVlNvVdkk/s400/protecionismo.
jpg>. Acesso em: 3 mar.17
como é o caso das grandes montadoras GM, VW, FIAT e
FORD que, no Brasil, ditavam as regras. Com a abertura do Como é possível supor, para as classes mais abastadas,
mercado na década 1990, perderam uma grande fatia e tiveram essa diferença não vai causar impacto, pois, normalmente esse
que começar a investir pesado para se manter. tem condições de viajar ao exterior e adquirir determinados
c) Trustes e cartéis: são exercidos em mercados produtos a um preço muito abaixo do praticado no mercado
oligopolistas. A diferença é que nos trustes as empresas se nacional regulado pelo Estado, mas com certeza, a classe mais
juntam, se fundem e ditam as regras de mercado. Como desfavorecida é um tremendo problema.
exemplo, podemos citar a Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (OPEP). Já os cartéis são acordos entre empresas De que adianta o governo dar diversos tipos de
que não chegam a mudar a sua estrutura, e cada uma tem a sua transferência de renda, entre outros, se as classes mais
quota de participação. desfavorecidas são penalizadas de outra forma.
Noções de Comércio Exterior 22
2 - Liberalismo Econômico e Liberalismo Moderno
Entendeu a diferença entre as possíveis formas que o Estado pode
Vimos que o liberalismo econômico pode então ser
utilizar as barreiras?
compreendido com base na ausência do intervencionismo
Veja que essa análise será fundamental para o entendimento da
estatal na atividade econômica de um país. Isso representa a
próxima aula sobre o tema Protecionismo I (Barreiras necessárias x
aceitação do comércio totalmente livre, sem tabelamento de
Entraves ao comércio exterior).
preços ou barreiras alfandegárias.
O protecionismo irracional só é bom para os acionistas e Além disso, verificamos que, se de um lado existe o
executivos das grandes corporações que não precisam investir Liberalismo econômico, sem nenhuma intervenção do Estado,
para tirar essa diferença, pois o estado já assume o problema por outro existe, denominado: liberalismo moderno, que
e o consumidor é penalizado. admite a intervenção estatal em algumas situações como, por
exemplo, nos casos nos quais a produção nacional está sendo
Na aula sobre Protecionismo, vamos complementar a agredida por empresas do exterior com a finalidade de destruir
ideia do liberalismo moderno, apresentando as ferramentas a produção nacional e os empregos, dentre outros.
que o país pode “proteger” a sua economia de forma sadia
(praticando o Liberalismo Moderno) e que com essas mesmas
Caso você tenha ficado com dúvidas sobre a aula 03, acesse as
ferramentas podem sacrificar a sua sociedade, dependendo
ferramentas “Fórum”, “Quadro de Avisos” ou “Chat” e interaja com seus
apenas da dose e racionalidade dos gestores.
colegas de curso e com seu professor. Ah, não se esqueça de se atentar
aos prazos ao enviar as atividades propostas para esta aula, certo!
Com os conhecimentos construídos até aqui, já está apto (a) a
responder aos questionamentos:
•Quais as diferenças entre o liberalismo econômico e o moderno? Vale a pena
•Quem são os responsáveis por cada sistema (liberalismo econômico
e o moderno)?
•Com qual intenção os teóricos elaboraram essa ideia do livre
comércio?
Vale a pena ler
Caso ainda tenha dúvidas, recorra aos seus colegas de curso e ao seu
professor no ambiente virtual!
BORTOTO, Artur César et al. Comércio e exterior: teoria e
gestão. São Paulo: Atlas, 2007.
MAIA, Jayme M. Economia internacional e Comércio Exterior.
Retomando a aula 11. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
SEGRE, German (Org.) et al. Manual prático de comércio
exterior. São Paulo: Atlas, 2009.
SEMLER, Ricardo. Virando a própria mesa - uma história de
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar sucesso empresarial: made in Brazil. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
essa aula, vamos recordar: VASCONCELOS, M. A. S. de; HENRIQUES
GARCIA, M. Fundamentos de economia. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2004.
1- Introdução às Teorias
Na primeira seção, reconhecemos os teóricos, cujas
ideias, até hoje, são aplicadas pelos gestores: John Stuart Mill,
Jean Batista Say, David Ricardo e Adam Smith. Vale a pena acessar
Vimos os pressupostos da Teoria da mão invisível
de Adam Smith, que defendia a ideia de livre comércio e a
teoria Keynesiana que propunha a intervenção estatal na vida ALGO SOBRE. David Ricardo. Disponível em:
econômica com o objetivo de conduzir a um regime de pleno <http://www.algosobre.com.br/biografias/david-
emprego. ricardo. html>.
Além disso, conhecemos a Teoria da Vantagem Absoluta BRASIL ESCOLA. Liberalismo econômico. Disponível
que preconiza que cada país deve concentrar seus esforços no em: <http://www.brasilescola.com/economia/liberalismo-
que pode produzir a custo mais baixo e trocar o excedente economico.htm>.
dessa produção por produtos que custem menos em outros ECONOMIA BR. NET. Teoria keynesiana. Disponível
países, bem como a Teoria da Vantagem Comparativa, em em: <http://www.economiabr.net/teoria_escolas/teoria_
que a especialização internacional seria mutuamente vantajosa keynesiana.html>.
em todos os casos em que as nações parceiras canalizassem ECONOMIA BR. NET. A mão invisível de Adam Smith.
os seus recursos para a produção daqueles bens em que sua Disponível em: <http://www.economiabr.net/colunas/
eficiência fosse relativamente maior. Com isso, passamos ao persona/persona-a_mao_invisivel.html>.
estudo sobre o liberalismo!
23

SUA PESQUISA. Adam Smith. Disponível em:


<http://www.suapesquisa.com/biografias/adam_smith.
htm>.
Teorias econômicas:
Disponível em: <https://conhecimentoeconomico.
wordpress.com/2015/04/21/o-basico-de-teoria-
economica-as-escolas-de-pensamento/>.
Disponível em: <https://jornalismoagroeconomico.
wordpress.com/2010/09/01/teorias-e-escolas-do-
pensamento-economico/>.

Vale a pena assistir

LIBERALISMO

Disponível em: <https://www.youtube.com/


watch?v=2veFrXhqWeA>.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=0WG5TeYx_cU>.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=AT2KYuvLDQI>.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=WnZs9xrDM0k >.

Minhas anotações

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