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MACROECONOMIA

Anotações do curso do professor Rodrigo Teixeira

AULA INTRODUTÓRIA

Ocorre debate no século XIX sobre a possibilidade de uma “pletora geral”,


ou seja, havia inundação de mercadorias. Debate lançado por Malthus. Malthus
chegou a fazer uma impopular defesa dos gastos de consumo de luxo e de
manutenção de empregados domésticos (considerados improdutivos) da
aristocracia proprietária de terras, classe que era alvo frequente das críticas de
David Ricardo.

David Ricardo: críticas aos proprietários e à taxação da importação de


grãos.

Malthus acreditava que deveria haver consumo das rendas dos


proprietários de terras; Ricardo queria que poupassem e investissem.

Simonde de Sismondi entendia que a escassez de demanda se devia à perda


de empregos, pela substituição das máquinas.

Ricardo e ricardianos: defendiam a Lei de Say, Jean Baptiste de Say.


Entendiam que a produção de bens e serviços levam à geração de renda, que serão
usados na compra das mercadorias produzidas (demanda).

Em outras palavras, para Say, a oferta geraria sua própria demanda.

Ricardo e seus seguidores achavam que os argumentos de Malthus e


Sismondi não se sustentavam, e que o desemprego gerado em algumas áreas pela
mecanização abria espaço para a produção de novos bens e serviços, que
cresceriam usando a mão de obra liberada pela mecanização, gerando renda e
demanda pela sua própria produção.

A CRISE DE 1929

Ideia de escassez de demanda foi retomada nessa crise.

Crise leva a desemprego dos fatores de produção e desemprego de mão de


obra, por anos seguidos.

Teoria neoclássica, liberal, não explicava a crise.

Teorias (neoclássicas) de equilíbrio parcial de Alfred Marshall e Teoria do


Equilíbrio Geral (Leon Walras).

Divisão entre “micro” e “macro” surge depois do livro de Keynes.

A teoria neoclássica: Arthir Pigou defendia proposta baseada na teoria do


equilíbrio. Colocava como causa do desemprego a resistência dos salários
nominais à sua redução, devido à legislação de salário-mínimo ou poder dos
sindicatos de trabalhadores.

Se os salários fossem flexíveis e determinados pelo mercado, o mercado de


trabalho voltaria ao equilíbrio com a redução dos salários, resolvendo o problema
do desemprego, já que as empresas voltariam a contratar.

RESPOSTA DE KEYNES: retoma o debate entre Malthus e Ricardo,


tomando a parte de Malthus, desenvolvendo argumentação consistente para a
possibilidade de ocorrer escassez de demanda efetiva.

Em sua obra, “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, em 1936,


Keynes desenvolve crítica ao que chamou de Teoria Clássica.

Inclui entre os clássicos: Smith, Ricardo, Say, os teóricos da revolução


marginalista, e os teóricos neoclássicos como Marshall e Pigou.
Assim, a crise de 1929 vai ser explicada como um episódio de escassez de
demanda efetiva: Keynes desenvolve uma teoria para explicar a possibilidade de
haver desequilíbrios entre demanda e oferta nas economias capitalistas, quando
consideradas as decisões de produção, investimento e consumo agregadas.

Keynes: economias não tendem naturalmente ao equilíbrio, há elementos


que podem gerar instabilidade.

Decisões empresariais são tomadas a partir de incerteza.

Diante da incerteza com relação ao futuro, os empresários deixam de


investir, assim demitem trabalhadores, que ao ficar sem renda deixam de
consumir, agravando a situação das vendas das empresas.

Sistema financeiro age de maneira pró-cíclica, contraindo o crédito e


reforçando a retração da atividade econômica.

A única forma de superar a crise seria como uma injeção de demanda por
um ente externo ao mercado: o Estado, por meio dos seus gastos, geraria demanda
diretamente para reativar a economia.

Keynes então critica severamente a proposta de redução de salários de


Pigou, pois isso pioraria ainda mais a escassez de demanda, que era a causa da
crise.

Exemplo de geração de demanda: destruição do café.

Para construir sua explicação do problema da demanda efetiva, Keynes


saiu do plano micro, dos mercados individuais e suas interrelações (equilíbrio
parcial, que supunha que o conjunto da economia estaria automaticamente em
equilíbrio de cada mercado individualmente (equilíbrio geral walrasiano).

Ele cria então os conceitos agregados como Consumo, Investimento,


Poupança, Produto Nacional, Emprego, que vão ser a base da Macroeconomia e
Contabilidade Nacional.
Macroeconomia vai ser debatida no século XX.

Ideias de Keynes vão exercer domínio tanto na academia como na política


econômica dos países até a década de 70.

Teoria muito difundida depois da Segunda Guerra Mundial, vai embasar


economicamente o Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) nas economias
capitalistas mais desenvolvidas, fundamentando uma “terceira via” entre o
capitalismo liberal e o socialismo soviético.

Keynes: leva ao “capitalismo administrado”. Teoria keynesiana vai


influenciar a intervenção do Estado na economia, por meio da política
macroeconômica.

Abre espaço para a ideia de que o Estado pode incentivar ou mesmo


conduzir o processo de crescimento e desenvolvimento econômico, bem como
manter a economia do pleno emprego.

Keynes teve ainda ativa participação nos debates da criação da arquitetura


do sistema financeiro internacional construído após a II Guerra Mundial no Acordo
de Bretton Woods (1944), que vai reger a economia mundial até o início da década
de 70.

O MODELO IS-LM

John Hicks publica em 1937 um artigo intitulado “Mr. Keynes and the
classics”, onde cria o modelo IS-LM.

Interpreta as ideias de Keynes, formalizar as ideias de Keynes num modelo


matemático.

Construído como um modelo de equilíbrio geral, o modelo IS-LM também


ficou conhecido como síntese neoclássica.
Joan Robinson, keynesiana, chama o modelo de “keynesianismo bastardo”,
pois teria distorcido a teoria para caber num modelo de equilíbrio geral.

A simplicidade do modelo e sua operacionalidade acabou consagrando-o


na teoria macroeconômica.

Modelo IS-LM-BP foi desenvolvido por Robert Mundell e Marcus


Fleming, extensão do modelo IS-LM, acrescentando as relações externas com a
curva BP (balanço de pagamentos), que simboliza o equilíbrio do balanço de
pagamentos, introduzindo a balança comercial e os fluxos de capital, bem como a
taxa de câmbio.

Modelo tem como implicação muito importante a chamada “trindade


impossível”, uma economia pode escolher apenas dois de três elementos: câmbio
fixo, liberdade aos fluxos de capital e autonomia da política monetária.

Curva de Phillips, de William Phillips. Modelo que se acopla ao modelo


IS-LM. Curva de Phillips permite ver efeitos da expansão da demanda agregada na
taxa de inflação.

Haveria então um “trade off” permanente entre inflação e desemprego.

Década de 70: debates a respeito da curva de Phillips. Período de grande


instabilidade na economia mundial.

Em 1971, Nixon rompeu a conversibilidade entre dólar e ouro, acabando


com o pilar do Sistema de Bretton Woods.

Curva ruiu nos anos 70: crescimento do desemprego e da inflação no


período.

Surgem, assim, duas teorias, no interior da chamada de Escola de Chicago,


que vão questionar a teoria keynesiana/intervencionismo estatal. Surgem os
monetaristas e os novos clássicos.
- Monetarismo

Friedman fez uma crítica à Curva de Phillips, acrescentando a ela um


mecanismo de formação de expectativas de inflação.

Criou também o conceito de taxa natural de desemprego: taxa que não


acelera a inflação.

Para Friedman, o “trade off” entre inflação e desemprego existiria apenas


no curto prazo.

Friedman faz críticas à eficácia da política fiscal em combater recessões,


defendendo que a política monetária seria mas eficaz.

Ficou conhecido pela sua teoria do consumo, crítica à função consumo


keynesiana (base do conceito de multiplicador keynesiano do gasto), que ganhou o
nome de “teoria da renda permanente”.

- Novos Clássicos

Robert Lucas (Nobel de 1995) desenvolveu os resultados da aplicação da


teoria das expectativas racionais nos modelos econômicos.

Lucas critica os modelos keynesianos. Curva de Phillips, para os novos


clássicos, seria vertical mesmo no curto prazo, não existindo “trade off” entre
inflação e desemprego.
AULA 1A

Conceitos Básicos: Consumo, Investimento,

- Surgimento da Macroeconomia

Surge com Keynes, intitulada “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da


Moeda”.

É a partir da Teoria Geral de Keynes que ganham contornos definitivos os


conceitos fundamentais das contais nacionais, bem como a existência de
identidades no nível macro e a relação entre os diferentes agregados.

Keynes sai do mundo da teoria neoclássica, que tratava o plano macro


como mera extensão do plano micro (teorias do equilíbrio parcial e geral) e
constrói sua teoria com base em conceitos agregados.

- Fluxos agregados: o fluxo circular da renda.

Modelo que mostra como ocorrem os fluxos agregados numa economia de


mercado.

Supõe a existência de dois tipos de atores econômicos e dois mercados.

Atores: famílias, empresas.

Mercados: bens e serviços finais; fatores de produção.

O fluxo circular da renda:

- famílias transferem fatores de produção às empresas;

- empresas combinam esses fatores e obtêm bens e serviços;


- empresas vendem às famílias esses bens e serviços;

- usam a renda dos seus fatores de produção para comprar bens e serviços.

Diagrama mostra que PRODUTO = RENDA = DISPÊNDIO.

Valor da produção das empresas deve ser igual ao valor das despesas das
famílias para adquirir esta produção.

Produto = dispêndio.

Valor do dispêndio das famílias deve ser igual à renda que as famílias
auferem da propriedade dos seus fatores de produção.

DISPÊNDIO = RENDA.

- Dispêndio ou demanda agregada


O dispêndio total (gastos) ou demanda agregada da economia é dividida
em quatro componentes.

- Consumo das Famílias + Consumo do Governo + Investimento (das


famílias, das empresas e do governo). Demanda Interna.

- Exportações Líquidas = Exportações de bens e serviços – Importações de


Bens e Serviços. Demanda Externa.

Consumo das famílias: pode ser de bens duráveis e os semi-duráveis/não-


duráveis.

Consumo do Governo: são as despesas correntes do governo, categoria que


EXCLUI as despesas com investimentos. Exclui pagamentos de juros e
amortização da dívida pública, são chamadas despesas financeiras.

Exemplos: gastos com educação, saúde, sistema judiciário, segurança,


diplomacia, incluindo os salários pagos aos servidores nestas áreas.

Investimento: inclui a formação bruta de capital fixo, isto é, as despesas


com máquinas e equipamentos, construções, obras de infraestrutura.

Investimento pode ser de empresas, do governo ou das famílias.

Exportações Líquidas:

Exportações de Bens e Serviços – X – são as vendas de bens e serviços


fornecidos por residentes a não-residentes.
Importações de bens e serviços: compras de bens e serviços fornecidos por
não residentes aos residentes.

Exportações Líquidas: X – M.

IDENTIDADE ENTRE PRODUTO E DESPESA

Uma das maneiras de medir o produto de uma economia é pelo dispêndio


total em consumo das famílias, investimento, consumo do governo e exportações
líquidas.

Y = C+ I + G + EL.

Y = produto da economia.

Dispêndio total também pode ser chamado de demanda agregada.

Identidade anterior tbm pode ser vista como o equilíbrio entre oferta
agregada (Y) e demanda agregada (C+I+G+EL).

MAS, com ressalvas: oferta e demanda agregadas estão sempre em


equilíbrio?

Resposta: não!

Nada garante que tudo o que foi produzido encontrará demanda. Pode
haver excesso de oferta (hipótese de Keynes). Nesse caso, empresas acumulam
estoques, e estes são lançados como INVESTIMENTO, garantido a identidade
contábil.
A “garantia” do equilíbrio entre Oferta Agregada e Demanda Agregada é
meramente contábil, pois claro que se as empresas estiverem acumulando elevados
estoques, o investimento estará inchando mas devido ao investimento não
planejado (estoques), o que significa que a economia não vai bem (crise, recessão).

I = FBCF + Variação de Estoques.

Esta é uma mera convenção na metodologia das contas nacionais, que


garante o equilíbrio CONTÁBIL entre OA e DA. Na prática, a acumulação de
estoques indica que a economia não vai bem, está em crise, recessão.

POUPANÇA NACIONAL

É a parcela da renda que não foi consumida.

Parcela = S.

Então, a poupança agregada ou poupança nacional pode ser descrita como


a diferença entre o produto (Y) e o consumo total das famílias (C) e governo (G).

S=Y–C–G

S = Poupança nacional.

S = Poupança privada + poupança do governo.

S=Y–C–G

S=Y–T–C+T–G

S = Poupança Privada + Poupança do Governo

(T = arrecadação do governo).
- Resultado Fiscal do Governo e Poupança.

Se T > G, o governo tem superávit – aumenta poupança.

Se G > T, o governo tem déficit > diminui S (poupança)..

- Identidade Poupança = Investimento

Isso ocorre em economia fechada, sem transações com o resto do mundo.

Y = C+ I + G.

Y–C–G=I

S = I.

(Não há EL porque estamos supondo economia fechada).

Decisões de poupar e investir são independentes?

Para responder a esta pergunta, precisamos investigar o papel do sistema


financeiro e a influência da taxa de juros, tema da próxima aula.
AULA 1B

Medindo o Custo de Vida

- PIB real x PIB nominal

PIB nominal é a produção de bens e serviços avaliada a preços correntes.

PIB real é a produção de bens e serviços avaliada a preços constantes do


ano-base.

Deflator do PIB: PIB NOMINAL/PIB REAL.

ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR – IPC

Uma medida do custo total dos bens e serviços comprados por um


consumidor típico.

No Brasil, há diversos índices, o mais conhecido e usado na meta de


inflação do Banco Central é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Este índice é calculado todos os meses pelo IBGE.

É usado para mensurar o aumento do custo de vida ao consumidor e para


corrigir variáveis econômicas dos efeitos da inflação.

Como o IPC é calculado

1. Fixar a cesta: determinar quais preços são mais importantes para o


consumidor típico.
2. Coletar os preços: coletar os preços de cada um dos bens e serviços da
cesta em cada momento.

3. Calcular o custo da cesta.

4. Escolher um ano-base e calcular o índice.

5. Calcular a taxa de inflação.

TAXA DE INFLAÇÃO NO ANO 2 = (IPC no ano 2 – IPC no ano 1)/IPC


no ano 1 x 100.

- Problemas nos cálculos do IPC

Primeiro problema é que os consumidores substituem os bens que se


tornaram relativamente mais caros. Ao desconsiderar essa possibilidade, o índice
superestima o aumento do custo de vida de um ano para o outro.

Introdução de novos bens: quando um novo bem é introduzido, os


consumidores têm maior variedade de produtos para escolher, e isso reduz o custo
de manter o nível de bem-estar econômico.

Como o IPC se baseia em uma cesta fixa de bens e serviços, ele não reflete
o aumento do valor da moeda que ocorre com a introdução de novos bens.

- Deflator do PIB X IPC

Deflator reflete os preços dos bens e serviços PRODUZIDOS


INTERNAMENTE.
Já o IPC reflete o preço de todos os bens e serviços comprados pelos
consumidores, inclusive o PIB.

O deflator do PIB tem itens que não são consumidos pelas famílias,
como itens militares, aviões.

Enquanto o deflator compara preços de bens e serviços produzidos


correntemente com o preço dos mesmos bens e serviços no ano-base; já
o IPC compara o preço de uma cesta fixa de bens e serviços com o
preço da mesma cesta no ano-base. O deflator não “cai” no problema
da substituição dos produtos, porque mede todos os bens.

- Corrigindo as variáveis econômicas dos efeitos da inflação

Valores monetários em diferentes épocas: um índice de preços como o IPC


mede o nível de preços e, assim, determina o tamanho da correção de inflação.

Fórmula para transformar valores em dólar do ano T em valores atuais:

Quantia em dólares atuais: Quantia em dólares do ano T X Nível de Preços


Atual/Nível de Preços no Ano T

Indexação: correção automática, por força de lei ou de contrato, de uma


quantia pela inflação.

Taxa de Juros Reais e Nominais


Taxa de Juros Nominal: como normalmente é cotada; a real é a taxa
nominal descontada a inflação.

AULA 2

Poupança, Investimento e Sistema Financeiro

SISTEMA FINANCEIRO: conjunto de instituições que faz a


intermediação entre os poupadores e os tomadores de empréstimo.

Há dois grupos de instituições financeiras: mercados financeiros e


intermediários financeiros.

Mercados financeiros: mercados de ações e mercados de títulos.

Mercados financeiros: instituições a partir das quais os poupadores podem


prover recursos diretamente aos tomadores.

Intermediários financeiros: captam recursos dos poupadores para os


tomadores. Provê recursos indiretamente.

- Mercado de títulos

Títulos são certificados de dívida que especificam as obrigações do


emissor para com seu detentor.

Características de um título:

Prazo: tempo decorrido até o vencimento


Risco: probabilidade do emissor não pagar a dívida total ou parcialmente.

Taxa de Remuneração: rendimentos auferidos pelo detentor do título e


regras de pagamento.

Quanto maior o risco, maior a taxa de remuneração.

- Mercado de Ações

A ação representa parte da propriedade da empresa, e seu detentor tem o


direito de receber parte dos lucros na forma de dividendos.

- Intermediários Financeiros

A) Bancos. Recebem depósitos dos agentes que desejam poupar e fazem


empréstimos aos que precisam de recursos.

Pagam aos depositantes taxas de juros menores que as que cobram dos
tomadores de empréstimos (spread bancário).

B) Fundos Mútuos: instituição que centraliza recursos de poupança por


meio da venda de cotas ao público, usando estas cotas para comprar vários tipos de
ativos como títulos e ações.

Permitem que pessoas que têm poucos recursos consigam uma


diversificação maior de suas carteiras pagando taxas pequenas para poder contar
com gestores profissionais.

- Identidade macroeconômica fundamental:

Y = C + I + G + EL
Em economia fechada:

Y = C+ I + G

I = Y – C- G

S=I

S=Y–C–G

S = Y – T – C + T -G

S = Poupança Privada + Poupança de Governo

Se T>G, governo tem superávit. Se G > T, governo tem déficit.

Como vimos, para uma economia fechada, a poupança deve ser igual ao
investimento.

Mas como este resultado ocorre se as decisões de poupar e investir são


independentes?

- Mercado de fundos emprestáveis

O mercado de fundos emprestáveis é um modelo pelo qual é possível


compreender a interação e coordenação entre poupadores e tomadores.

Aplica o modelo de Marshall.

Fundos emprestáveis são a parcela da renda que os agentes decidiram


poupar e emprestar em vez de usar para consumo.
No mercado de fundos emprestáveis, os poupadores ofertam fundos, e os
tomadores de empréstimo demandam fundos.

A oferta vem de agentes cuja renda supera os gastos e usam o excedente


para emprestar, auferindo uma remuneração (taxa de juros).

Demanda por fundos emprestáveis vem dos agentes cujos gastos são
superiores aos seus rendimentos, e necessitam de fundos para realizar
investimentos.

A taxa de juros é o preço do empréstimo, e representa o quanto os


tomadores pagam aos poupadores pelo uso dos recursos por um certo período.

A taxa de juros relevante é a taxa real de juros, ou seja, descontada a taxa


de inflação.

O mercado de fundos emprestáveis opera como qualquer outro mercado:


equilíbrio entre oferta e demanda de fundos determina o preço, isto é, a taxa real.
- Políticas do governo

Algumas políticas que podem afetar o mercado de fundos emprestáveis:


impostos sobre o rendimento da poupança, impostos sobre investimentos, déficit de
governo.

Exemplo I: Redução dos impostos sobre os rendimentos de juros.

Impostos sobre os rendimentos dos poupadores desincentivam a poupar,


deslocando a oferta para a esquerda.
Redução de impostos sobre os rendimentos dos poupadores levam ao
movimento contrário: expansão da poupança, deslocando a curva de oferta de
fundos para a direita.

Exemplo II: Se mudanças na tributação incentivam os investimentos, a


curva de demanda de fundos se desloca para a direita

Incentivo fiscal ao investimento torna o investimento mais barato.

A demanda por investimentos vai se expandir.


Nesse caso, aumentam as taxas de juros mas também o volume de
investimentos e poupança.

Exemplo 3: Déficit publico. Déficit leva à redução da oferta de fundos


emprestáveis, pois reduz a poupança nacional.

Isso desloca a curva de oferta para a esquerda, levando a juros mais altos e
redução dos investimentos. Essa redução é conhecida como “crowding out”, ou
efeito deslocamento.
Quando o governo aumenta seu déficit, aumenta a taxa de juros e diminui
o investimento (crowding out).

Quando o governo diminui seu déficit, diminui a taxa de juros, e


aumentam os investimentos (crowding in).

Os economistas liberais destacam o efeito do “crowding in” e defendem o


ajuste fiscal e a redução do tamanho do Estado como forma de incentivar o
crescimento econômico.
Aula 3 – Sistema Monetário

Moeda ou dinheiro é qualquer ativo que os agentes econômicos usam


regularmente para comprar bens e serviços de outros agentes.

A moeda tem três funções: unidade de conta, meio de troca, reserva de


valor.

Unidade de conta: utilizada para medir os preços dos bens e serviços e para
registrar dívidas.

Meio de troca: ativo aceito normalmente como pagamento nas compras de


bens e serviços. Elimina a necessidade de “dupla coincidência de interesses numa
troca”, necessária na economia de escambo.

Reserva de Valor: propriedade que um ativo tem de transferir poder de


compra do presente para o futuro, ou seja, preservar seu valor ao longo do tempo.

Com essa propriedade, a moeda permite separar no tempo o ato da venda


(obtenção de dinheiro) e o da compra de outra mercadoria.

TIPOS DE MOEDA

- Moeda mercadoria: quanto o ativo usado como moeda tem valor


intrínseco. Exemplo: ouro, prata, sal, cigarros.

- Moeda fiduciária: é a que não tem valor intrínseco, seu valor é


reconhecido socialmente pela confiança ou pelo curso forçado de Estado.

Exemplos: moedas metálicas, papel-moeda, cheques.


BASE MONETÁRIA: é o papel moeda mais moedas metálicas que foi
emitido pelo banco central e que pode estar em poder do público ou como reservas
dos bancos comerciais.

PAPEL MOEDA EM PODER DO PÚBLICO – PMPP: São as cédulas de


dinheiro e moedas metálicas que estão em posse dos agentes econômicos (pessoas
físicas e empresas). Correspondem à emissão primária de moeda pelo Banco
Central.

RESERVAS BANCÁRIAS: são depósitos dos bancos junto ao Banco


Central.

DEPÓSITOS À VISTA: São os saldos em contas bancárias (conta


corrente) que os agentes (pessoas físicas ou jurídicas) podem sacar em espécie ou
realizar compras e pagamentos utilizando cheques e cartões de débito, e que não
tem rendimento de juros ou correção monetária.

- Liquidez: facilidade, em termos de tempo e custo, com a qual se pode


converter um ativo em qualquer moeda.

Ativos mais líquidos são aqueles que podem ser convertidos mais
facilmente em moeda.

Exemplo: CDBs são muito líquidos, ao passo que imóveis e bens de capital
têm baixa liquidez.

- Agregados Monetários

a) Base Monetária: papel moeda em circulação + reservas bancárias.

b) Meios de Pagamento Restritos:


M1 = Papel Moeda em Poder do Público + Depósitos à Vista.

c) Meios de Pagamento Ampliados

M2 = M1 + depósitos especiais remunerador + depósitos de poupança +


títulos emitidos por instituições depositárias

Exemplo de título: CDB.

M3 = M2 + Quotas de Fundos de Renda Fixa + Operações


Compromissadas Registradas no Selic.

d) Poupança Financeira:

M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez.

- Banco Central (BC)

BCs têm duas principais funções numa economia.

a) Regulação e supervisão do sistema financeiro , zela pela estabilidade do


sistema financeiro, evitam risco de crises financeiras e bancárias.

b) Regular a quantidade de moeda em circulação na economia e a taxa


básica de juros (política monetária), em geral visando o controle da
inflação. Para isso, o BC tem o monopólio da emissão de moeda.

Também são conhecidos por outras funções:

c) Banco dos bancos: recebe o nome de Central pois tem a função de ser o
depositário das reservas do Sitema bancário. Funciona como colchão de
liquidez diante de crises (função de regulador) e também para
administrar liquidez na economia.
d) Emprestador de última instância: função de socorrer instituições
financeiras em dificuldades para evitar ou mitigar efeitos de uma crise
financeira, especialmente aquelas instituições “too big to fail”.

e) Banqueiro do governo: no Brasil e em alguns países, o BC também


exerce a função de banqueiro do governo, sendo o depositário dos
recursos arrecadados pelo governo, por meio da Conta única, que
centraliza os recebimentos e pagamentos do governo.

f) Depositário das Reservas Internacionais e executor da política cambial;


o BC é responsável por realizar gestão das reservas internacionais e
também por executar a política cambial do país, a depender do regime
cambial.

- BC e o CMN

O Banco Central é o agente executor da política monetária no Brasil:


utiliza os instrumentos de que dispõe para cumprir as metas, por exemplo, usando a
taxa de juros Selic para cumprir a meta de inflação.

Porém, quem define as meta sou objetivos, por exemplo a de inflação, é o


Conselho Monetário Nacional.

CMN é órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro e Monetário


Nacional, supervisionando as atividades do BC e da Comissão de Valores
Mobiliários.

- Copom

Órgão que define a taxa básica de juros da economia brasileira.

É composto pelo presidente do BC e os diretores.

Reúne-se a cada 45 dias para decidir taxa de juros.


Decisão que depende se a trajetória da inflação está compatível com a meta
estabelecida pelo CMN.

- Bancos e a oferta de moeda

O BC faz a emissão primária de moeda, a chamada base monetária.

Porém, os bancos comerciais, que recebem depósitos de terceiros e fazer


empréstimos, podem influenciar a oferta monetária (M1).

Esta influência se exerce pelo recebimento de depósito de terceiros, que


por sua vez se convertem parte em reservas bancárias e parte em empréstimos, e
parte desses empréstimos se converte em novos depósitos, elevando o montante
dos meios de pagamento e a oferta monetária.

Esse processo é conhecido como “criação de moeda pelo sistema


bancário”.

Reservas Bancárias – R – São a parte dos depósitos que os bancos


receberam que não se converteram em empréstimos.

Em um sistema bancário de reservas fracionárias, os bancos retêm uma


fração dos depósitos como reservas, e emprestam o restante.

Reservas podem ser compulsórias/obrigatórias, ou voluntárias.

As reservas dos bancos ficam depositadas no Banco Central, na conta


“reservas bancárias”.

Razão de reservas: é a fração dos depósitos à vista (D) que os bancos retêm
como reservas.

r (fração de reserva) = R/D


- Criação de moeda pelos bancos.

Quando um banco faz um empréstimo a partir das suas reservas, a oferta


monetária da economia aumenta (M1).

A oferta de moeda é influenciada pela quantidade de depósitos feitos nos


bancos e pela quantidade que os bancos emprestam.

Os depósitos feitos nos bancos são registrados contabilmente como passivo


(o depositante é credor do banco).

A parcela destes depósitos que o banco empresta é registrada no seu ativo


(crédito contra o tomador de empréstimo), bem como a parcela que é retida como
reservas (crédito contra o banco central).

Quando um banco faz um empréstimo, o valor é geralmente depositado em


outa conta bancária (no mesmo banco ou em outro).

Este depósito gera nova retenção de reservas e possibilita a geração de


novo empréstimo com o restante.

Cada novo empréstimo gera aumento da oferta monetária.

- O multiplicador monetário

Quanto moeda é criada pelos bancos nesta economia?

Emissão: aumento da base monetária – B. É função exclusiva do Banco


Central.

Criação de Moeda: é aumento de moeda escritural (ou moeda bancária)


pelo sistema bancário (aumento de D).
Multiplicador monetário, portanto, é a quantidade de moeda que os
bancos conseguem criar a partir de uma certa base monetária.

Para simplificar, vamos inicialmente supor uma economia em que não há


retenção de moeda pelo público, ou seja, toda a moeda é depositada nos bancos
(PMPP = 0).

Processo continua em inúmeras novas operações.

M = 1/r (Multiplicador bancário é o inverso da razão de reservas).

M = 1/0.1 = 10.

Quanto maior r, menor o valor do multiplicador.

M1 = PMPP + D (oferta de moeda)

B = PMPP + R

M = M1/B = PMPP + D/PMPP =R

M = m + 1/m + r

Onde: m = PMPP/D, que é a razão da moeda em poder público/depósitos.

- Moeda em Espécie (física) é a base monetária, ou seja, as cédulas de


papel e moedas metálicas que são a emissão primária de moeda do BC, que detém
o monopólio sobre esta emissão.

- Moeda Escritural ou Moeda Bancária: são os depósitos bancários, que


representam poder de compra, mas que não existe fisicamente, está apenas
registrada os saldos bancários (daí ser escritural).

Como vimos, a moeda escritural supera em volume a base monetária,


graças ao poder dos bancos de criar moeda.
SISTEMA MONETÁRIO 2 – AULA 4

Como o Banco Central influencia a política monetária?

O Banco Central dispõe de três instrumentos de política monetária.

1) Operações de mercado aberto.


São operações de compra e venda de títulos pelo Banco Central.
BC compra títulos: aumenta a base monetária e a oferta de moeda.
BC vende títulos: reduz a base monetária e a oferta de moeda.
No Brasil, estas operações são realizadas no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia.

2) Alíquota de recolhimento compulsório.


BC determina o nível mínimo que os bancos devem reter de reservas
como proporção dos depósitos (r).
Lembrando que as reservas são formadas pelos compulsórios e
voluntários.
BC reduz alíquota: há mais depósitos disponíveis para empréstimos,
eleva o multiplicador bancário e a oferta de moeda.
BC aumenta a alíquota: reduz o multiplicador bancário e a oferta de
moeda.

3) Operações de redesconto
BC atua como emprestador de última instância do sistema bancário,
fazendo empréstimos de liquidez aos bancos que estão com reservas
abaixo do exigido.
Para isso, o BC compra títulos dos bancos 9que recebem dinheiro)
aplicando uma taxa de deságio por estes títulos, que é a taxa de
redesconto.
BC aumenta a taxa de redesconto: os bancos tomam menos
empréstimos do BC e reduz a oferta de moeda.
BC reduz a taxa de redesconto: bancos tomam mais empréstimos do
BC e aumenta a oferta de moeda.

As operações de redesconto funcionam como se fosse um “cheque


especial” do BC aos bancos.

M1 = M.B
M1 – Oferta de moeda
M – Multiplicador bancário - esta é afetada pelo RECOLHIMENTO
COMPULSÓRIO e OPERAÇÕES DE REDESCONTO
B – Base Monetária – influenciada pelas operações de mercado aberto
do BC

Limites do BC

- Não controla a fração que os agentes desejam reter em mãos. Isso


normalmente é estável, só muda em casos de desconfiança dos bancos.
(m = PMPP/D).
- O BC não controla quanto os bancos vão emprestar como proporção
do total de depósitos (porque os bancos podem manter reservas
voluntárias, por medo da inadimplência.

Oferta de Moeda e Inflação


Teoria quantitativa de moeda.
Equação quantitativa de moeda.

M.V = P.Y
M = Oferta de Moeda
P = Nível de Preços
Y = Produto Real (PIB real)
V = velocidade de circulação da moeda.

V = (P.Y)/M

V é o número de vezes que cada unidade monetária (cada real) circula na


economia, ao longo de um ano, para realizar o montante de trocas equivalente ao
produto nominal.

A equação quantitativa (M.V = P.Y) faz parte do chamado “modelo


clássico”.
Segundo a teoria quantitativa da moeda, a moeda é neutra, isto é a
variação da quantidade de moeda não tem nenhum efeito sobre as variáveis reais
da economia, no caso o produto real (Y).
Outra hipótese desta teoria é que a velocidade de circulação da moeda (V)
é estável (constante).

ASSIM, se na equação M.V = P.Y, temos que o V é constante, os


aumentos na oferta de moeda provocam aumentos na mesma proporção em P.
A inflação ocorre, neste caso, se o crescimento da oferta monetária acima
do crescimento do produto.
Ou seja, se a oferta monetária crescer numa proporção MAIOR que a do
produto, os preços terão de subir também.
A inflação é dada, assim, pela variação da oferta de moeda – crescimento
do produto.
AULA 5 – O Modelo Clássico

O termo foi utilizado por Keynes na Teoria Geral para designar os


economistas que vieram antes dele, como os economistas clássicos, e também os
neoclássicos.
O que há em comum entre eles, segundo Keynes, são as hipóteses de que:

a) Não existe desemprego involuntário


b) A oferta cria a sua própria demanda

Assim, a economia estaria sempre em equilíbrio, tanto no mercado de


trabalho (ausência de desemprego) como entre oferta e demanda agregadas (não há
excesso de produção).
Keynes não inclui entre clássicos: Marx, Malthus.
Keynes parte de Malthus.

- Hipóteses do modelo clássico:

a) Flexibilidade de preços e salários, o que garante o pleno emprego.


b) Neutralidade da Moeda, porque afeta apenas o nível geral de preços, e
não as variáveis reais.
c) A Validade de Lei de Say, segundo a qual a oferta cria sua própria
demanda.

- OFERTA AGREGADA CLÁSSICA


A oferta agregada clássica corresponde ao total de produto que as empresas
e famílias estão dispostas a oferecer em um determinado período, a um
determinado nível de preços.
A oferta agregada é dada por uma função de produção agregada da
economia.
Y = F (T, K, N).
Y = Produto.
K = Estoque de Capital utilizado
N = Quantidade de Trabalho
T = Nível Tecnológico.

A função de produção apresenta retornos constante a escala.

Se dobrar capital ou trabalho, dobra-se a produção.

ZY = F (ZK, ZN).

No curto prazo, apenas N varia (K constante).


Cada fator isoladamente possui rendimentos marginais decrescentes,
quando variamos apenas um deles mantendo o outro constante.
A produtividade marginal de um fator (Pmg) é definida como o
incremento da produção decorrente do aumento de uma unidade do fator tomados
os demais como fixos.
Curto prazo é um período no qual há fatores de produção fixos, no caso
do modelo, K é fixo e N varia.
Assim, no curto prazo, pode-se elevador a produção (Y), elevando o
número de trabalhados (N), mas a produtividade marginal do trabalho é
decrescente.
Demanda por Trabalho

A determinação do nível de produto depende de quantos trabalhadores


serão empregados.
A maximização do lucro pelas empresas implica em que a produtividade
marginal do trabalho PMgN iguale o salário real W/P.
Isto ocorre pois:

Se PMgN > W/P: vale a pena para as empresas contratarem mais


trabalhadores, o que vai levar à queda do PMgN até o nível do salário real.
Se PMgN <W/P: vale a pena para as empresas demitirem trabalhadores, o
que vai levar ao aumento do PMgN até o nível do salário real.
Quanto mais alto o salário real, menor a demanda por trabalho.
- Oferta de Trabalho no Modelo Clássico

A decisão de trabalhar corresponde à escolha de como alocar as horas do


dia entre o trabalho e o lazer.
O trabalho não gera nenhum prazer, apenas a renda necessária para poder
consumir e obter a satisfação decorrente do consumo de mercadorias.
Cada hora adicional de trabalho é o custo de oportunidade do lazer.
A curva de oferta de trabalho reflete a desutilidade marginal do trabalho,
ou seja, mostra o quanto dever ser o salário real para induzir o indivíduo a abrir
mão do lazer dedicando seu tempo ao trabalho.
Para determinar o produto:
Assim, primeiro determinamos a oferta de trabalho de equilíbrio, no
cruzamento da curva de demanda com a curva de oferta.
Depois, aplicamos esse nível de trabalho, N, na curva do produto marginal
decrescente do trabalho.

Economia está no pleno emprego, e o produto não depende do nível de


preços da economia.
Oferta agregada é função de estoque de capital, trabalho, e tecnologia.

DEMANDA AGREGADA CLÁSSICA

Também vem da teoria quantitativa de moeda.

M.V = P.Y
Y = MV/P
Quanto maior a quantidade moeda em circulação, maior a demanda
agregada (Yd).
Se houver aumento na quantidade ofertada de moeda, a curva se desloca
(supõe-se constante a velocidade de circulação da moeda).

O produto real é dado pela oferta (função de produção).


A única variável determinada pela demanda é o nível de preço (P).
Como a posição da curva de demanda é determinada pela oferta de moeda,
concluímos que, no modelo clássico, políticas monetárias expansionistas ampliam
a demanda e, como a oferta é dada pelas condições reais, as únicas variáveis
afetadas pela moeda são as nominais (preços).
A moeda é neutra.

Assim:

- Poupança, Investimento e Taxa de Juros no Modelo Clássico

a) Poupança
Mas e se nem toda a renda for gasta em consumo (poupança) o que
garante que a demanda será igual à oferta e não vai haver produção em
excesso?

Como vimos em aula anterior, basta que a parcela da renda que não foi
consumida (poupança) seja utilizada para comprar bens de capital
(investimento), que é o outro componente da demanda agregada.

Y = C+ I
Y–C=I
S=I
O que garante que a poupança toda vai se converter em investimento,
que não vai haver entesouramento?

A poupança, no modelo clássico, vira investimento. Ela é um sacrifício


de consumo, para obter consumo futuro. Isso só ocorre se a pessoa
espera um prêmio pela espera, ou seja, o indivíduo só poupará se puder
consumir mais no futuro do que consumiria no presente.
A poupança depende do prêmio pela espera, ou seja, da taxa de juros
que remunerará a poupança do indivíduo.
S = S (r)
R = taxa real de juros da economia.

b) Investimento
Investimento é dada pela variação do estoque da capital.
No modelo clássico, a decisão do investimento segue a lógica da
maximização de lucro pelas empresas.
O retorno decorrente de uma unidade a mais de capital corresponde ao
valor da “produtividade marginal do capital”, isto é, da quantidade
adicional de produto gerado por uma unidade a mais de capital vezes o
preço do produto.
O custo do investimento é a taxa de juros que se paga para obter o
empréstimo para a aquisição do bem de capital, ou o custo de
oportunidade (taxa de juros) em que o detentor de recursos incorre por
não aplicar sua poupança em títulos e imobilizar seus recursos na
produção.

A produtividade marginal do capital também é decrescente, ou seja,


investimentos adicionais trazem um retorno cada vez menor em termos
de produto.
Para que o investimento se amplie, isto é, para que as empresas
utilizem mais capital, a taxa real de juros deve se reduzir.
A demanda por recursos financeiros é inversamente proporcional à taxa
de juros.
I = I (r).
Sendo I = demanda de bens de capital
R = taxa real de juros.

Na teoria clássica, esse gráfico veio do economista Knutt Wicksell.

- Equilíbrio entre Oferta e Demanda Agregados no Modelo Clássico

Y = DA
DA = C+ I
Y = C +I
S=I
S (r) = I (r)
A taxa de juros tem a função de equilibrar mercado de produtos, ao mesmo
tempo em que determina o crescimento do estoque de capital (K) e a taxa de
crescimento de longo prazo.

LEMBRAR QUE
- Quando governo eleva déficit, retrai a poupança agregada, com elevação
da taxa de juros e redução do investimento privado (efeito ‘crowding out’ ou
deslocamento).
- Portanto, a política fiscal não afeta em nada o produto, apenas muda a
composição do produto, deslocando o setor privado e elevando a participação do
governo.
- Além disso, o déficit fiscal reduz a taxa de crescimento de longo
prazo, uma vez que eleva a taxa de juros e reduz o investimento.

Para o modelo clássico, o déficit do governo reduz o crescimento no longo


prazo.

CONCLUSÕES

- No modelo CLÁSSICO, o nível de produto é determinado pelo lado da


oferta: pela função de produção e pelas decisões das empresas de quanto vão
contratar de trabalhadores e quanto vão investir em bens de capital.
- O aumento da oferta de moeda (política monetária) afeta apenas o nível
de preços e as variáveis nominais, sem ter qualquer impacto sobre as variáveis
reais da economia (hipótese da neutralidade monetária ou dualidade clássica).
- A demanda determina apenas o nível de preços da economia
- A economia sempre se encontra em equilíbrio de pleno emprego.
- A política fiscal por meio da elevação do déficit público não tem
impacto sobre o produto, ao contrário, reduz o investimento e a taxa de
crescimento de longo prazo.

- Existência de desemprego neste modelo decorre das chamadas


imperfeições de mercado, como por exemplo: sindicatos ou governo impondo
salários rígidos.
- Deixando o mercado funcionar livremente, com plena flexibilidade de
preços, a economia sempre estará em equilíbrio.
AULA 7 – Modelo de Solow I

É um modelo desenvolvido pelo economista Robert Solow nas décadas de


50 e 60.
Em 1987, ganhou Prêmio Nobel de Economia.
Modelo de economia clássica.

- Hipóteses do Modelo

a) A oferta de bens fundamenta-se em uma função de produção, em que o


produto U é gerador a partir da combinação de dois fatores, capital - K
e trabalho - L.
Y = F (K, L).

Obs. Modelo de Solow está inspirado na microeconomia.

b) A função de produção apresenta retornos constantes de escala.

zY = F (zL, zL).

c) A PMgK (produtividade marginal do capital) e a PMgL (produtividade


marginal do trabalho) são decrescentes.

- Produtividade Marginal dos Fatores


A produtividade marginal dos fatores pode ser definida como sendo a
variação no produto Y divida pela variação da quantidade de cada fator.

PMgL = ΔY/ ΔL

De forma mais rigorosa, a produtividade de cada fator é a derivada da


função de produção com relação a esse fator.

- A função de produção “per capita”

Y = f (K, L)

Y/L = f (K/L, L/L)

Assim, fazendo k = K/L, y = Y/L, definindo tudo em termos “per capita”.

y = f (k,1) = f (k)

y = f (k).
A função de produção “per capita” se dá em função do capital “per capita”,
e tem o formato recôncavo porque a produtividade marginal do capital é
decrescente.

Remuneração dos fatores de produção

A taxa de lucros dos proprietários do capital (r) e o salário real dos


trabalhadores (w) em condições de equilíbrio serão dadas pelo seu produto
marginal.

r = PMgK
w = PMgL

Isto ocorre pois, por exemplo, tomando o fator trabalho.


Se PMgL > w, os empresários têm incentivo a aumentar o L, o que vai
reduzir o PMgL até igualar o salário w.
Se PMgL < w, os empresários têm incentivo a reduzir o L, o que vai
elevar o PMgL até igualar o salário w.

A CONTRIBUIÇÃO de cada fator para o produto é dada por

PMgK.K + PMgL.L = Y
Vale lembrar que, na condição de equilíbrio, PMgK = k, e PMgL = w.

O produto y é igual à renda total da economia (renda dos trabalhadores


e renda do capital).
Vale lembrar que RENDA = PRODUTO.

A remuneração dos fatores corresponde à sua contribuição para o produto


total.

r.K + w.L = Y

d) [continuação das hipóteses]


A taxa de crescimento do fator trabalho é igual à taxa de crescimento
populacional (n).

L(.)/L = n

e) A poupança é uma fração da renda, igual ao total da renda menos ao


consumo.

S = s.Y
Onde s é a propensão marginal a poupar.
Vale lembrar s = 1 – c, sendo “c” a propensão marginal a consumir.

f) A economia está em pleno emprego, ou seja, não há fatores ociosos.


g) A oferta agregada e a demanda agregada estão em equilíbrio, ou seja:

Y = C+ I, e S = I.

Ou, em termos “per capita”

y=c+i

Onde c é o consumo per capita e i é o investimento per capita.

EQUAÇÃO DE ACUMULAÇÃO DE CAPITAL

A variação do estoque de capital é dada por

K* = s.Y – d.K

Basicamente, estamos dizendo que a variação do estoque de capital é o


investimento total bruto da economia menos a depreciação do capital.

Onde:
d = depreciação do estoque de capital
K* = taxa de variação do estoque de capital ao longo do tempo
Lembrando que s.Y = poupança = investimento BRUTO da economia.
d.K = depreciação da economia

A partir disso, podemos determinar a variação do estoque de capital


“per capita”.

k* = s.y – (n+d).k

k* = variação do estoque de capital “per capita”


s.y = propensão a poupar vezes produto per capita, ou seja,
investimento bruto “per capita”.
(n+d).k = redução do estoque de capital dada a depreciação e os novos
trabalhadores (aumento populacional).
É o valor do investimento mínimo para manter a relação K/L constante.

- SOLUÇÃO DO MODELO

Equilíbrio de estado estacionário, chamado “Steady State”, é aquele em


que o estoque de capital “per capita” para de crescer e o produto “per capita” fica
constante.
No estado estacionário, as variáveis do modelo (L, K, Y) crescem na
mesma proporção, ou seja, na mesma taxa constante ao longo do tempo.

k* = 0
sy – (n+d).k = 0
sy = (n+d).k
No ponto em que (n+d).k = s.y, é o ponto em que k* = 0. Este será o ponto
em que o crescimento da economia se estabiliza.

Agora, observe o gráfico abaixo.


De acordo com esse gráfico, na região em que (n+d).k é maior que o
investimento, o k*<o (investimentos não repõem depreciação e aumento
populacional.
Na região em que (n+d).k é menor que o investimento, k*>0, o que
significa que há capital em excesso.

- E se houver aumento da taxa de poupança?

O gráfico abaixo demonstra que um aumento na taxa de poupança desloca


a curva de investimento e aumento o produto “per capita”.

Com aumento da taxa de poupança, existe aumento do produto “per


capita” no estado estacionário.
Aumento da taxa de poupança leva a um crescimento maior que a taxa de
crescimento de longo prazo, mas temporariamente. No entanto, o novo estado
estacionário da economia apresentará um produto “per capita” maior que antes.
Conclusão do modelo: países com taxa de poupança maior tendem a ter
renda “per capita” mais elevada”.

- O que ocorre se aumentar a taxa de crescimento populacional?

Basicamente, vai aumentar uma diminuição da renda “per capita”, como


no gráfico abaixo.

- RESULTADOS DO MODELO

A) O crescimento do produto, Y, no longo prazo, ocorre a uma taxa


exógena, ou seja, não determinada por variáveis econômicas, que é a
taxa de crescimento populacional.
B) Todas as variáveis do modelo (S, I K, L e Y) no longo prazo crescem à
mesma taxa, o que é conhecido como crescimento balanceado.
C) A renda “per capita”, “y”, no longo prazo, para de crescer, atingindo
um estado estacionário, assim como as demais variáveis “per capita”, já
que todas as variáveis crescem à mesma taxa “n”.
D) Políticas governamentais que aumentem a taxa de poupança da
economia podem elevar a taxa de crescimento temporariamente, e a
economia atingirá um novo estado estacionário. Nesse novo estado
estacionário, com taxa de poupança maior, a renda “per capita” será
maior.
E) Uma queda na taxa de crescimento populacional vai levar a uma menor
taxa de crescimento no longo prazo, mas num nível de renda “per
capita” maior.

CONVERGÊNCIAS

No modelo de Solow, ocorre uma convergência de renda “per capita” entre


os dois países.

a. Absoluta; economias que possuem as mesmas taxas características


convergem para uma mesma renda de equilíbrio. As mais atrasadas
crescem mais rapidamente até encontrar as mais adiantadas no estádio
estacionário e a partir deste momento caminham juntas, ou seja, terão a
mesma renda ‘per capita’ e a mesma taxa de crescimento ‘n’. Isto supõe
mesma função de produção: tecnologia, taxa de poupança, taxa de
depreciação e de crescimento populacional.
b. Condicional; a convergência não ocorre para a mesma renda “per
capita” de equilíbrio, ou seja, cada país converge para o seu ponto de
equilíbrio, pois suas estruturas econômicas são diferentes (diferentes
“s”, “d” e “n”). Por exemplo, países com maior taxa de poupança e
menor taxa de crescimento populacional terão renda “per capita” maior.
O produto “per capita”, no estado estacionário, é diretamente
proporcional à taxa de poupança e inversamente proporcional ao
crescimento populacional e à depreciação.
AULA 7 – Modelo de Solow – parte II

Elevação da taxa de poupança leva a uma maior renda “per capita”.


Porém, o que determina o bem estar não é a renda “per capita”, mas o
consumo “per capita”.
Assim, uma alta taxa de poupança pode levar a um elevado produto “per
capita”, mas ao custo de um baixo nível de consumo “per capita”.
No modelo de Solow, é possível determinar qual seria a taxa de poupança
e de capital “per capita” que traria o máximo consumo.
Regra de Ouro: é a situação em que a economia está no nível de capital
“per capita” que traz o máximo consumo “per capita”.

Relação entre taxa de poupança e consumo “per capita”.

Ineficiência dinâmica: ocorre na situação em que a taxa de poupança e,


logo, o capital “per capita”, são tão elevados que o consumo “per capita” torna-se
muito baixo, não é maximizado.
No slide anterior, temos ineficiência dinâmica com a taxa de poupança s3:
apesar de ser o maior produto “per capita”, o nível de consumo “per capita” é baixo
comparado ao de outras taxas de poupança menores.

Regra de ouro: taxa de poupança que dá o máximo de consumo “per capita”


possível.
S2 é a regra de ouro.
O ponto máximo de consumo se dá no momento em que existe maior
distância entre a curva y e a reta (n+d).k.
Temos portanto, as seguintes conclusões:

a. O consumo “per capita” é maximizado quando a distância entre a curva


de produção e a reta (n+d)k é máxima.
b. A distância será máxima quanto a inclinação da função de produção for
igual à inclinação da curva (n+d).k

O nível de capital da regra de ouro é encontrado quando a inclinação da


função de produção é igual à inclinação da reta da depreciação e do crescimento
populacional (n+d). A inclinação da curva de função de produção é igual ao
produto marginal do capital.
f’(k*) = n+d
Logo:
PMgK = n+d

Assim, se os formuladores de política quiserem encontrar a taxa de


poupança ótima, que traz o maior consumo “per capita” no longo prazo, basta usar
a equação acima.

- O Modelo de Solow com progresso tecnológico

Vamos supor agora que temos a seguinte função de produção:

Y = f(AL, K).

A é um parâmetro que indica o nível tecnológico.


Neste caso, quanto maior A, maior o nível tecnológico.
O progresso tecnológico é aumentativo do trabalho, ou seja, eleva a
produtividade do trabalho.
AL é o trabalho efetivo, isto é, é o estoque de trabalho multiplicado pela
sua produtividade.
Vamos supor que a produtividade, A, cresce a uma taxa constante e igual a
g.
A*/A = g

Agora podemos fazer como anteriormente, definir variáveis em seus


valores “per capita”, mas agora em termos de unidades de trabalho efetivo, ou seja,
AL.

Y = f(K, AL)
Y/AL = f(K/AL, AL/AL).

Y = f(k).

Note que y e k são agora definidos não em termos “per capita”, mas em
termos de unidade de trabalho efetivo.
As demais hipóteses seguem as mesmas do modelo de Solow sem
progresso tecnológico.
A equação da acumulação de capital será parecida com a do modelo sem
progresso tecnológico, mas agora acrescentando a taxa de crescimento “g”, pois
agora o “k” também cai pelo crescimento de A, e não apenas pelo crescimento de
L.

k* = s.y – (n + d + g)k

k* = variação estoque de capital por unidade de trabalho efetivo


sy = investimento bruto por unidade de trabalho efetivo.

Regra de Ouro, agora, é a taxa de poupança que maximiza o consumo por


unidade de trabalho efetivo (c).
A condição será muito parecida com a anterior: a inclinação da função de
produção y = f(k) deverá ser igual à da reta (n + d + g)k.
PMgK = n +d + g

RESULTADOS

A. No equilíbrio de longo prazo (estado estacionário), as variáveis do


modelo (Y, L, K, C, I) estarão crescendo à taxa n + g. Ou seja, elas não
crescem em termos de unidade de unidade de trabalho efetiva, mas
crescem em termos “per capita” L.
B. No estado estacionário, as variáveis “per capita” do modelo, em função
de L, vão crescer a uma taxa igual à do progresso tecnológico, “g”.
C. A inclusão desta variável explica porque mesmo no longo prazo muitos
países tendem a apresentar crescimento da renda “per capita”: este
crescimento seria derivo ao progresso tecnológico.
D. O progresso tecnológico, entretanto, não é explicado pelo modelo, ou
seja, não há uma explicação econômica, endógena, do que determina a
taxa g.
E. O crescimento do produto, Y, no longo prazo, é dado então pela taxa
n+g, composta por duas variáveis exógenas.
Assim, dizemos que o modelo de Solow é um modelo de
crescimento exógeno.

CRÍTICAS AO MODELO DE SOLOW

1. Resíduo de Solow
A parcelo do crescimento não explicada por capital e trabalho, seria
progresso tecnológico.
Chegou-se à conclusão de que 30% do crescimento não era explicado
pelo crescimento dos fatores de produção, sendo atribuídos ao progresso
tecnológico, ou à chamada Produtividade Total dos Fatores.
Assim, o modelo de Solow não explica boa parte do crescimento
econômico.
Para os neoclássicos, o “resíduo de Solow” seria uma medida do ritmo
de progresso tecnológico da economia.
Edward Dennison chama esse resíduo de “medida de nossa ignorância”.

2. Pressuposto de que tecnologia é um bem público.


No modelo neoclássico de crescimento, prevalece a concorrência
perfeita e os retornos de escala são constantes.
Nesse contexto, vale o assim chamado “teorema da exaustão do produto”
segundo o qual o PIB é inteiramente gasto com a remuneração dos
fatores de produção, não sobrando nada para a remuneração do
progresso tecnológico.
A tecnologia é considerada um bem livre, estando disponível para
qualquer empresa e para qualquer país.
A fonte mais importante do crescimento de longo-prazo não é explicada
pelo modelo.

Dois modelos vão buscar suprir estas lacunas: o modelo de Romer e o


modelo de Schumpeter.
AULA 8 – Outro modelos de crescimento

- Harrod-Domar
- Endógenos
- Schumpeter

1. Modelo Harrod-Domar

Foi elaborado antes do modelo de Solow.


Tem inspiração keynesiana.

- Lado da Oferta

Y = Σ.k

Logo,
ΔY = Σ.Δ.k
ΔY = Σ.I

- Lado da Demanda

Y = C+ I
C = c.Y

Y = c.Y + I
Y – c.Y = I
Y.(1-c) = I
Y = I/s
Isto porque c + s = I.

ΔY = ΔI/s
(É contrário ao modelo neoclássico, que diz que a poupança aumento o produto).

Isolando I nas equações

ΔY/ Σ = s.Y
ΔY/Y = Σ.s – d (d = depreciação)

Ou seja, a taxa de crescimento do produto é dada pelo produto médio ou


marginal do capital, pela taxa de poupança e pela taxa de depreciação.

- Diferenças em relação ao Solow:

a. Não inclui explicitamente o insumo trabalho na função de produção, mas


apenas o capital, ao passo que no modelo de Solow, há uma escolha entre os
insumos, não há substituição entre insumos.
b. Devido à questão anterior, não é possível tratar a distribuição da renda no
modelo
c. Supõe produto marginal constante para o capital (e não decrescente, como no
modelo de Solow).

PROBLEMAS DO MODELO HARROD-DOMAR

1º problema: a taxa de crescimento do modelo é aquela que levaria a um


crescimento equilibrado, mas como os determinantes de “s” e de “sigma” são
independentes, não há como garantir que o crescimento da demanda e o da oferta sejam
compatíveis com a manutenção do equilíbrio.
2ª problema: a solução do modelo é um equilíbrio instável, no sentido de que
qualquer afastamento da taxa de efetiva de crescimento com relação à taxa que garante o
equilíbrio, não só não se corrige ao longo do tempo, como é de fato, cumulativo.

Não há mecanismo no modelo que conduza a economia novamente ao equilíbrio,


ao contrário do modelo de Solow, que converge para o estado estacionário.

Esta propriedade levou à caracterização do equilíbrio do modelo como


“equilíbrio do fio de navalha”.

2. Modelos de crescimento endógeno

Os modelos de crescimento das décadas de 40 e 50, como os de Harrod-Domar e


Solow, buscavam explicar as diferenças entre os países, tanto em termos de seu
desempenho como o do padrão de vida de sua população. Foi período de estudo do tema
do “subdesenvolvimento”.
Nas décadas seguintes, o debate ficou focado na questão da industrialização e da
elevação da taxa de investimento, que faria elevar o capital per capita e também o produto
per capita, conforme previsto pelo modelo de Solow.
Entretanto, diversos países conseguiram fazer uma transformação estrutural no
sentido de se industrializar e elevar o capital per capita, sem que isso fosse suficiente para
que superassem o subdesenvolvimento (Brasil é um exemplo).
Advento da Terceira Revolução Industrial na segunda metade do século XX
trouxe uma integração cada vez maior da ciência com o processo produtivo, por meio do
avanço tecnológico.
A dinâmica do crescimento econômico passou a estar cada vez mais relacionada
aos novos setores intensivos em tecnologia.
Teoria econômica começa a dar então importância crescente ao papel das
inovações tecnológicas na explicação do crescimento e desenvolvimento econômico e da
explicação das disparidades entre os países.
Convém lembrar que isto é algo que já havia sido notado quando da estimativa
do “Resíduo de Solow”.
Robert Lucas e Paul Romer, nos anos 80, construíram modelos de crescimento
que incorporavam elementos que tornaram a taxa de crescimento endógena, tais como
capital humano, efeitos de pesquisa e desenvolvimento, efeitos de transbordamento, como
as externalidades positivas e retornos crescente de escala.
Vamos ver, nas suas linhas gerais, um dos modelos mais famosos que é o de
Romer (1990).

- Modelo de Romer

Busca tornar endógeno o que nos modelos de crescimento era exógeno: o


progresso tecnológico.
O progresso tecnológico é endogeneizado por meio da criação de um novo setor:
além da produção de bens tangíveis, há o setor produtor de ideias (pesquisa e
desenvolvimento).
Parte da população está empregada no setor de produção de bens, e outra parte na
produção de ideias.
A taxa de crescimento do progresso tecnológico depende da parcela da população
e do capital empregado na produção de ideias.
Uma questão essencial é que as ideias, por terem caráter de bens públicos (não
rivais e não excluíveis), podendo ser então reproduzidas com custo marginal zero.
Assim, a atividade do setor produtor de ideias só fará sentido quando se introduz
no modelo a competição imperfeita, pois apenas via poder de monopólio (patentes,
propriedade intelectual, etc.) tal setor conseguirá obter retorno pelos recursos investidos.
A função de produção agregada apresenta retornos crescentes, o que possibilita
que haja uma remuneração além daquela que deriva da produtividade marginal dos fatores
capital e trabalho, que vai remunerar o setor produtor de ideias.
Ideias, uma vez aplicadas, apresentam retornos crescentes de escala.
Nesse modelo, à diferença dos outros, prevê: a) competição imperfeita (no setor
produtor de ideias); e b) prevê retornos crescentes de escala.
No modelo de Romar, a decisão de quanto se investe na produção de
conhecimento é uma decisão endógena, dependente das decisões de maximização dos
agentes econômicos.
Os demais modelos de crescimento endógeno também seguem a mesma linha:
- destacam o papel do progresso tecnológico no crescimento de longo prazo;
- buscam endogeneizar o progresso tecnológico, de forma que ele seja função
das decisões dos agentes econômicos maximizadores, e portanto determinado
internamente ao modelo.

3. A Teoria do Desenvolvimento de Schumpeter

Livro de Joseph Schumpeter, “Teoria do Desenvolvimento Econômico”, de


1912.

Crítica à teoria neoclássica:

- Noção simplista do “fluxo circular da renda”, em que não ocorre nenhuma


transformação qualitativa no sistema econômico, mas apenas crescimento quantitativo
baseado no aumento do estoque de fatores produtivos.
- Ao passo que a noção de crescimento econômico é apenas quantitativa, o
desenvolvimento econômico envolve mudança qualitativa, transformações estruturais
(inovações).

Alguns conceitos importantes:

a. O empresário inovador. É definido como um subgrupo da classe capitalista


que apresenta como característica principal a busca de se destacar, trazer
novas ideias, no intuito de criar um império, usando para isto seu talento e
criatividade.
b. Inovações. São os avanços no conhecimento aplicados à atividade
econômica. Podem ser cinco tipos: i) inovação de produto; ii) inovação de
processo; iii) abertura de um novo mercado; iv) descoberta de uma nova
fonte de matéria-prima; v) reorganização de uma indústria qualquer, como
criação ou ruptura de um monopólio.
c. Capital e crédito. Capital não é um estoque de fator de produção, “capital
físico”, mas uma reserva monetária que capacita o empresário a ter o poder
de controle sobre os fatores de produção, deslocando-se dos velhos empregos
e canalizando-os para os novos usos que a inovação exige.
É uma soma dos meios de pagamento que está disponível para ser colocado à
disposição dos empresários inovadores. Esses recursos de capital são
conseguidos nos bancos criadores de crédito.

Importante: Schumpeter sai do mundo da neutralidade da moeda, da teoria


clássica.

Dinâmico do desenvolvimento econômico schumpeteriana

As inovações introduzidas rompem com o mecanismo do “fluxo circular da


renda”.
Os ciclos econômicos derivam de ondas de inovação que alternam fases de
depressão econômica e crescimento acelerado.
A baixo do ciclo, ou depressão, decorre do mecanismo da “destruição criadora”,
na qual as velhas empresas vão à falência e ainda não houve tempo de os novos produtos
e processos das empresas inovadores terem seus impactos plenos sobre a atividade.
O crédito também desempenha um papel fundamental no ciclo econômico, no
processo pelo qual os bancos podem retrair o crédito ao terem perdas com as empresas
velhas, e ao ajudar na expansão fornecendo crédito aos empresários inovadores.
Ao contrário dos modelos neoclássicos, para Schumpeter, o fenômeno do
desenvolvimento econômico não é um processo estável e equilibrado, mas se processa
com solavancos e descontinuidades.
Teoria de Schumpeter passou a ser mais valorizada com a Terceira Revolução
Industrial.
Produtividade total dos fatores = “Resíduo de Solow”, parte do crescimento não
explicada pelo crescimento do capital e trabalho.
AULA 9 - A Revolução de Keynes e o modelo keynesiano simples

Bibliografia sugerida: Macroeconomia, de Blanchard; Keynes, “Teoria Geral”;


Vasconcelos e outros, “Economia: Micro e Macro”.
Tópicos da aula:
- A obra de Keynes;
- Modelo keynesiano simples.

1. O debate sobre a possibilidade de escassez de demanda no século XIX

Malthus lançou a ideia, no século XIX, de que seria possível haver uma
escassez de demanda.

Para contornar o problema, Malthus chegou a fazer uma impopular defesa


dos gastos de consumo de luxo e de manutenção de empregados domésticos
(considerados improdutivos) da aristocracia proprietária de terras, classe que era
alvo frequente das críticas de Ricardo.

De acordo com Malthus, eles deveriam consumir toda sua renda recebida
do aluguel das terras, para gerar demanda pela crescente produção da indústria. Se
eles poupassem e investissem mais na produção, como defendia Ricardo, em vez
de gastar, acabariam contribuindo para elevar a oferta.

Outro autor que entrou em embate com os Ricardianos no século XIX foi
Simonde de Sismondi, que apontava como uma das causas de uma possível
escassez de demanda a pauperização dos trabalhadores que estavam perdendo seus
empregos ao serem substituídos por máquinas.

São autores (Sismondi, Malthus), portanto, que precedem Keynes. Mas


não foram convincentes, e o modelo de Ricardo foi a que prevaleceu.
David Ricardo e os seus seguidores, por sua vez, defendia a Lei de Say, do
francês Jean Baptiste Say, segundo a qual a oferta gera sua própria demanda.

Jean Baptiste Say: 1767 -1832.

Lei de Say: produção de bens e serviços (oferta) leva à geração de renda


(salários e lucros) que serão usados na compra das mercadorias produzidas
(demanda).

Assim, a oferta geraria sua própria demanda.

Ricardo e seus seguidores defendiam que os argumentos de Malthus e


Sismondi não se sustentavam: o desempregado gerado em algumas áreas pela
mecanização abria espaço para a produção de novos bens e serviços, que
cresceriam usando a mão-de-obra liberada pela mecanização, gerando renda e
demanda pela sua própria produção.

Por não apresentar argumentos sólidos, diante das crítica de Ricardo, para
sustentar a possibilidade da escassez de demanda, Malthus perdeu o debate.

2. A crise de 1929 e a resposta da escola neoclássica.

O advento da crise de 1929, com elevado desemprego de fatores de


produção (capital e mão-de-obra) e queda da produção por vários anos era algo não
explicado pela teoria econômica dominante, a chamada teoria neoclássica.
A teoria dominante pregava a harmonia e o equilíbrio da economia
capitalista liberal, desde que o Estado não interferisse no funcionamento dos
mercados.
Teoria do equilíbrio parcial, de Alfred Marshall, e Teoria do Equilíbrio
Geral, de Leon Walras, estão dentro do que hoje chamamos Microeconomia.
Arthur Pigou: Professor de Keynes em Cambridge, defendia proposta
baseada na teoria do equilíbrio. Colocava como causa do desemprego a resistência
dos salários nominais à sua redução, devido à legislação de salário mínimo.
Keynes: retoma o debate do século XIX, tomando o partido de Malthus,
mas desenvolve argumentação consistente sobre a possibilidade de ocorrer
escassez de demanda efetiva.
John M. Keynes: 1883 – 1946.
Em sua “Teoria Geral”, publicada em 1936, desenvolve poderosa crítica ao
que chamou de Teoria Clássica.
Crise de 1929 é explicada como episódio de escassez de demanda efetiva.
Keynes defende que as economias capitalistas NÃO tendem naturalmente
ao equilíbrio, mas, ao contrário, têm elementos intrínsecos que podem gerar
instabilidade, dado o ambiente de incerteza no qual são tomadas as decisões de
investimento.
Diante da incerteza com relação ao futuro, os empresários deixam de
investir, assim demitem trabalhadores, que ao ficar sem renda deixam de consumir,
agravando a situação das vendas das empresas.
O sistema financeiro age de maneira pró-cíclica, contraindo o crédito e
reforçando a retração da atividade econômica.
Única forma de superar a crise seria com uma injeção de demanda por um
ente externo ao mercado; o Estado, por meio dos seus gastos, geraria demanda
diretamente para reativar a economia.
Criticou severamente a proposta de redução de salários de Pigou, pois isso
pioraria ainda mais a escassez de demanda, que era a causa da crise.

- Modelo Keynesiano Simples

Existe equilíbrio no mercado de bens quando a produção total do país ou


oferta agregada é igual à demanda agregada.
Chamamos a produção de Y e a demanda de Z.
A demanda agregada Z, numa economia fechada, é dada pela equação
Z =C + I + G

O Consumo é função da renda disponível, ou seja, Yd = Y – T, onde T é a


arrecadação do governo com tributos.
Vamos supor que o investimento e o gasto do governo sejam variáveis
exógenas (não dependem da renda).
Y=Z
Y = C(Y-T) + I + G

Um aumento no produto leva a um aumento da renda e também a um


aumento da renda disponível e, portanto, do consumo.
Porém, o aumento do produto leva a um aumento do consumo menor que o
aumento do produto, pois nem toda renda adicional é consumida.

Função consumo keynesiana:


C = Ca + c.Y

Onde:
Ca = consumo autônomo
c = propensão marginal a consumir, é a inclinação da função consumo
keynesiana.
“c” está entre 0 e 1, vez que c + s = 1.
Aumento de gastos do governo pode levar o produto efetivo mais perto do
seu produto potencial.
Porém, investimento e consumo não têm motivo para serem elevados:
diante da incerteza, são reduzidos.
Além disso, o investimento é demanda no curto prazo, porém no longo
prazo é oferta (eleva o produto potencial), empurrando o problema mais para
frente.
Assim, Keynes defendia a elevação do gasto público como solução para a
escassez de demanda efetiva.
AULA 10 - O modelo IS – LM ou modelo keynesiano generalizado.

Base bibliográfica: livro do Blanchard, livro do Vasconcelos.

Foi criado pelo economista John Hicks num artigo intitulado “Mr. Keynes
and the Classics” de 1937.
Construiu um modelo matemático no qual procurou sintetizar as ideias da
Teoria Geral de Keynes e expor suas diferenças com relação à teoria clássica.
A teoria keynesiana e a clássica são tratadas a partir do mesmo modelo,
mudando apenas as hipóteses.
Modelo é conhecido como “síntese neoclássica”.
Também conhecido como “modelo Hicks-Hansen”.
Também chamado “modelo keynesiano generalizado”.

Consiste em duas equações: o equilíbrio do mercado de bens (IS) e a


curva LM representa o equilíbrio no mercado monetário.
Há duas variáveis endógenas: taxa de juros (i) e produto ou renda (y). O
modelo é representado graficamente no plano taxa de juros(ordenadas) x produto
(abscissas).
A curva IS apresenta inclinação NEGATIVA, vez que Consumo e
Investimento são inversamente relacionados à taxa de juros. Quando cai a taxa de
juros, isso eleva a demanda por bens, sendo necessário um aumento da oferta Y
para manter o equilíbrio do mercado de bens. Cada ponto desta curva representa os
pares de taxa de juros (i) e produto ou renda (Y) que equilibram a oferta e demanda
por bens.
A curva LM tem inclinação ascendente, pois um aumento da taxa de juros
reduz a demanda por moeda, exigindo assim um aumento em Y para elevar a
demanda por moeda e manter o equilíbrio, já que ao longo da curva a oferta de
moeda (M) é constante.
Cada ponto desta curva representa os pares de taxa de juros (i) e produto
ou renda (Y) que equilibram a oferta e demanda de moeda.

IS – investments and savings

- Derivação da curva de IS

No gráfico abaixo, observamos porque a curva IS é negativamente


inclinada: aumento da taxa de juros diminui a demanda, e isso reduz a oferta,
portanto, o produto, para que a economia volte ao equilíbrio.
Deslocamentos da curva IS, para uma dada taxa de juros, ocorrem com
mudanças nos gastos do governo, ou no consumo autônomo, ou no investimento
autônomo.

Curva IS vai para a esquerda em política fiscal contracionista.


Se vai para a direita, é política fiscal expansionista.
Isso pode ocorrer por aumento/redução de impostos, ou por
aumento/redução dos gastos do governo.

Curva LM e o mercado monetário

M = $YL(i)
M = estoque nominal de moeda
L (i) = demanda por moeda
$Y = renda nominal
I = taxa nominal de juros.
A taxa de juros é determinada pela igualdade entre oferta de moeda e
demanda por moeda.

A relação LM: no equilíbrio, a oferta real de moeda é igual à demanda real


por moeda, que dependa da renda real, Y, e da taxa de juros, (i).

M/P = YL(i)

Em relação ao gráfico abaixo, é importante notar que, se há aumento da


renda, para que se mantenha a mesma oferta de moeda M, a taxa de juros precisa
aumentar.
Por outro lado, quais fatores poderem alterar a posição da curva LM?

Uma política monetária expansionista (desloca para a direita e para baixo)


ou uma política monetária contracionista (para cima e para a esquerda). Vejamos o
gráfico abaixo:
Vemos, assim, que a taxa de juros integra o lado real e o lado monetário de
uma economia.

- Política fiscal, nível de atividade e taxa de juros

Contração fiscal ou consolidação fiscal é uma política fiscal que reduz o


déficit público (aumenta T e/ou diminui G).
Expansão fiscal é o aumento do déficit público (diminui T e/ou aumenta
G).
A política fiscal desloca a curva IS, mas não a curva LM.
- Expansão fiscal no modelo IS – LM

Tem dois efeitos importantes: o multiplicador e o “crowding out”.


O efeito multiplicador e o efeito deslocamento, ou “crowding ou”, ocorrem
simultaneamente quando o governo aumento os gastos.
O efeito deslocamento vem da teoria clássica. Nesta teoria, este efeito é
demonstrado a partir do gráfico de fundos emprestáveis, em que o governo, ao
elevar os gastos, reduz a poupança total da economia (oferta de fundos), levando a
aumento da taxa de juros e redução do investimento.
No modelo IS-LM, a taxa de juros sobre pois quando o governo eleva o
gasto, elevando a renda Y, isto provoca um aumento da demanda por moeda no
mercado monetário, o que eleva a taxa de juros, dada a oferta de moeda constante
(ceteris paribus).
Assim governo pressiona a demanda por moeda, e faz a taxa de juros subir.
O efeito multiplicador vem da teoria keynesiana. A partir da função
consumo, sabemos que o consumo depende da renda, via propensão marginal a
consumir

C = Ca + c.Y
Mas o consumo também é um determinante da renda, já que faz parte da
demanda agregada, como exposto anteriormente.
Desta forma, o impacto total da renda de uma elevação do gasto do
governo vai ser maior que o gasto em si, pois o gasto gera renda, que por sua vez
gera mais consumo, que novamente gera mais renda e assim por diante.
Assim, se o governo aumenta seu gasto, isto desloca a curva IS para a
direita no gráfico, no montante dado pelo produto do aumento do gasto pelo
multiplicador.

Equação do Efeito Multiplicador

C = Ca +c.Y
Y=C+I+G

Y = Ca + c.Y + I + G
Y – c.Y = Ca + I + G
Y.(1 – c) = Ca + I + G
Y = (Ca + I + G).1/(1-C)

Então pela regra da devida sabemos que

ΔY = 1/(1-c).(ΔCa + ΔI + ΔG)
Como vemos, o efeito multiplicador expande a renda, mas parte dessa expansão
“se perde” com o efeito “crowding out”, porque o aumento da taxa de juros vai diminuir
os investimentos na economia.
Ainda assim, ao fim, o saldo para o produto é positivo (efeito multiplicador
supera o efeito “crowding out”).

- Política monetária, nível de atividade e taxa de juros

Contração monetária ou aperto monetário é uma diminuição da oferta de moeda.


Desloca LM para cima e para esquerda (política monetária contracionista).

Um aumento da oferta de moeda é chamado de expansão monetária. Desloca LM


para baixo e para a direita (política monetária expansionista).

No gráfico, desenharíamos o seguinte:


No modelo IS-LM o nível de preços é suposto constante, o que
pode ser interpretado com a oferta agregada da economia sendo
totalmente elástica (horizontal).
Assim, a expansão da demanda trazida pelo gasto público, vista
anteriormente, será totalmente atendida por expansão da demanda
trazida pelo gasto público, vista anteriormente, será totalmente atendida
por expansão da oferta (produto Y).
Numa crise ou recessão, espera-se que haja muita capacidade
ociosa de fatores produtivos (trabalho, recursos naturais e capital), de
forma que a oferta poderia ser muito elástica e responder rapidamente ao
aumento da demanda agregada, utilizando os fatores ociosos sem
pressões de custos e favorecendo a eficácia do aumento do gasto do
governo em estimular a economia.
AULA 11 – Continuação do Modelo IS – LM.

Principais inovações de Keynes na Teoria Geral

1. Economia pode entrar em um equilíbrio abaixo do pleno emprego.

Logo, expansão da demanda via políticas fiscais e monetárias geram


impacto no produto (não apenas no nível de preços). Demanda gera a oferta
(inversão da Lei de Say).

No modelo IS-LM, isso aparece com a hipótese de preços constantes


(oferta agregada horizontal).

2. Mercado de Bens
Função consumo e multiplicador keynesiano: a renda é determinada
pelo consumo e vice-versa, havendo um mecanismo de
retroalimentação: elevação do componente autônomo da demanda,
como o gasto do governo, leva a um aumento mais do que proporcional
no produto.
No modelo IS – LM esse efeito aparece no deslocamento da curva IS
diante de um aumento de G.

3. Mercado Monetário e Financeiro.


A demanda por moeda tem 3 componentes: transacional (teoria
clássica), precaucional (pagamentos inesperados) e especulativo
(reserva de valor).

Modelo de Keynes para demanda por moeda como reserva de valor.

- dois ativos: moeda e títulos

- retorno da moeda é nulo e retorno dos títulos é a taxa de juros do


título, determinada na sua emissão

- havendo variação das taxas de juros de mercado, o preço dos títulos


se altera.

Quanto mais alta a taxa de juros, menor o preço dos títulos (mais
vantajoso fica comprá-los!)

PARÊNTESIS 1 -Relação entre taxa de juros esperada e preço do


título

Preço do título: valor de face/1 + taxa de juros de mercado

- Expectativa de redução da taxa de juros: eleva demanda por títulos e


reduz demanda por moeda.

- Expectativa de aumenta da taxa de juros: reduz a demanda por


títulos (hoje) e aumenta a demanda por moeda.

- A taxa de juros na teoria clássica é uma variável real, determinada


pelo encontro entre oferta e demanda de fundos emprestáveis. Ela é o
prêmio pela abstinência, ou seja, por deixar de consumir no presente
para poder consumir mais no futuro.

- Em Keynes, a taxa de juros é monetária, o prêmio por abdicar da


LIQUIDEZ, ou seja, a recompensa pelo não entesouramento.

- Parêntesis 2 – Teoria dos Ativos de Keynes


Para Keynes, qualquer ativo tem uma “taxa própria de juros”, que é o
retorno do ativo, dado por a + q – c + l, onde:

“q” são os rendimentos dos ativos

“c” são os custos de carregamentos (desgastes)

“l” é o prêmio de liquidez.

“a” são os ganhos e perdas de capital, a valorização ou depreciação


esperada em termos de moeda corrente.

Moeda: não tem rendimento, nem custo de carregamento, nem ganhou


ou perda de capital. Seu retorno é igual a l.

Um título terá como retorno a + q.

Ativos reais (bens de capital, por exemplo) não têm liquidez (l= 0) e
têm retorno dado por a + q – c.

- No modelo IS – LM, a demanda especulativa por moeda é


introduzida na curva LM com inclinação ascendente porque a demanda
moeda é negativamente relacionada à taxa de juros.

- Keynes destaca, nos momentos de crise, em que prevalece a


incerteza com relação ao futuro, o caso da armadilha da liquidez, que
no modelo IS – LM é representado por uma demanda por moeda
infinitamente elástica à taxa de juros (LM horizontal).

- Nesta situação, a taxa de juros está num patamar baixo e os agentes


esperam que ela só possa subir, e então retêm moeda para esperar pela
subida, quando os títulos ficarão mais baratos (desvalorização dos
títulos).
- Torna-se inválida a análise de mercado de fundos emprestáveis
neoclássica, que supõe que toda poupança se converte em
investimento: a poupança será entesourada na forma de moeda
(preferência pela liquidez) e não se converterá em demanda.

CASOS ESPECIAIS DO MODELO IS – LM

No caso da armadilha da liquidez, quando a curva LM é totalmente elástica


à taxa de juros, a política fiscal tem a máxima eficácia, porque o aumento da
demanda não produz efeito “crowding out” (lado esquerdo).

Lado direito: versão monetarista. A política fiscal não tem nenhuma


eficácia, pois o efeito “crowding out” anula todo o efeito multiplicador. Para essa
versão, só a política monetária será eficaz para expandir o produto.
Modelo keynesiano: curva S é inelástica à taxa de juros, porque a demanda
não responde à alteração nos juros.

- Derivação da curva da demanda agregada


No gráfico abaixo, demonstramos que uma queda nos preços reduz a oferta
real de moeda, que é dada por M/P. Se os preços aumentam, “cai” o estoque real de
moeda.

ARMADILHA DA LIQUIDEZ E POLÍTICAS MONETÁRIAS NÃO-


CONVENCIONAIS

Keynes não definiu uma taxa de juros em que ocorreria a armadilha da


liquidez. Poderia ser alguma taxa muito baixa mas não
necessariamente zero.

Recentemente, tem se debatido sobre “zero lower bound” (limite


inferior zero). A taxa de juros nominal não pode ser menor que zero,
pois os agentes não teriam motivo para comprar títulos, pois isso
significa que os agentes pagam um preço pelo título hoje maior do que
seu valor de face que receberão no vencimento, na moeda corrente (ou
seja, melhor ficar com moeda que o rendimento é zero e tem prêmio de
liquidez).

Quando a taxa de juros nominal atinge o valor zero, novas injeções de


moeda não vão ter efeito sobre a atividade econômica (política
monetária perde eficácia).

OBS: há exceções recentes como Suíça, Suécia e Japão, que apresentaram


taxas de juros nominais ligeiramente negativas. Em geral, porque os títulos são
comprados por estrangeiro que esperam valorização cambial, então o retorno final
do título será positivo.

A política monetária convencional é o manejo da taxa de juros visando


manter a inflação na meta e o desemprego em sua taxa natural.

Equação de Taylor: BC sobre a taxa quando a inflação projetada está


acima da meta, e reduz quando está abaixo.

Entretanto, o Federal Reserve, em 2008, como resposta ao agravamento da


crise financeira, e com o esgotamento da PMC, começou a fazer uso de políticas
monetárias não-convencionais.

Não-convencionais:

a. Política de crédito: BC pode fornecer crédito diretamente aos agentes


econômicos, incluindo instituição não-bancárias.
b. Afrouxamento quantitativo: expansão do balanço dos bancos centrais
por meio da compra de ativos, incluindo títulos privados (por isso
não-convencional), para com isto reduzir os elevados “spreads” dos
momentos de turbulência e normalizar a liquidez, impedindo a deflação
abrupta de ativos, bem como reduzir a taxa de juros de longo prazo,
para estimular a atividade econômica.
c. Mudança na composição do ativo da autoridade monetária: em 2011, o
Fed lança a “operação Twist”, que consistia na venda de títulos de curto
prazo e compra simultânea de títulos de longo prazo. Esta operação não
muda o tamanho total do balanço, mas provoca achatamento da curva
de juros, reduzindo as taxas de juros de longo prazo, para estimular os
investimentos privados.
d. Sinalização de juros futuros (permanecerão baixos) e inflação futura
(positiva, evitando deflação e aumento da taxa de juros). Isto foi feito
por meio do anúncio antecipado (programado) de grandes volumes de
compras mensais de ativos por parte do Fed.
e. Na PEC 10/2020, em debate a permissão ao BCB para comprar títulos
privados (debêntures, CDBs, carteiras de créditos de bancos), o que
permitiria fazer um QE.

Desafio para a teoria econômica: contrariando a teoria quantitativa da


moeda, a expansão sem precedentes da base monetária pelo Fed não gerou inflação
(ao menos até 2021).
AULA 12 – MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS

Introdução à Economia, de Mankiw: Capítulo 31.

Economia aberta: interação pode se dar pelo mercado de bens e serviços


(balança comercial), pelas transferências de rendas (balança de rendas) e via
transações financeiras (conta capital e financeira).

Estas transações são registradas no Balanço de Pagamentos (BP).

- Fluxo de Bens

Exportações Líquidas: diferença entre o valor das exportações de um país e


o valor das importações (também chamada de balança comercial).

Grau de abertura: (Valor das Exp + Valor das Imp)/PIB

Fatores que podem influenciar as exportações líquidas: preferências dos


consumidores por bens produzidos interna e externamente, os preços dos bens
internamente e no exterior; a taxa de câmbio; o custo do transporte dos bens; as
políticas do governo com relação ao comercio internacional.

- Fluxo de recursos financeiros

Fluxo líquido de capitais externos ou investimento externo líquido: a


compra de ativos estrangeiros por residentes internos menos a compra de ativos
internos por estrangeiros.

Pode ser positivo ou negativo.

Quando é positivo, diz-se que o capital está saindo do país.


Quando é negativo, diz-se que o capital está entrando no país.

Fatores que influenciam o investimento externo líquido: as taxas de juros


reais pagas sobre ativos estrangeiros, as taxas de juros reais pagas sobre ativos
internos, riscos econômicos e políticos, políticas governamentais que afetam a
propriedade de ativos internos por estrangeiros.

- Igualdade de EL e IEL

IEL = EL

Essa equação é uma identidade contábil.

Quando um estrangeiro compra um bem do seu país, as exportações


líquidas aumentam. O valor é recebido em ativos ou moeda estrangeira, portanto,
seu país adquire ativos estrangeiros, aumentando o investimento externo líquido.

Quando um cidadão do seu país compra bens estrangeiros, aumentam as


importações, e as exportações líquidas diminuem. O comprador paga com sua
moeda local ou ativos, portanto, o outro país ganha ativos estrangeiros, reduzindo o
investimento externo líquido do seu país.

- Poupança e Investimento

O produto interno bruto da economia, Y, divide-se em: C, I, G e EL.

Poupança nacional: renda da nação que resta após terem sido pagos o
consumo corrente e as compras do governo.

S=Y–C–G
Y – C – G = I + EL

S = I + EL

S = I +IEL

Ou seja, a poupança nacional é igual ao investimento interno mais o


investimento externo líquido.

Preços das transações internacionais: taxa de câmbio real e


nominal

A taxa à qual uma pessoa pode trocar a moeda de um país pela de


outro.

Apreciação: um aumento do valor de uma moeda medido pela


quantidade de moeda estrangeira que ela pode comprar.

Depreciação: uma redução do valor de uma moeda medida pela


quantidade de moeda estrangeira que ela pode comprar.
Depreciação/apreciação – taxa flexível

Desvalorização/valorização: quando a taxa de câmbio é fixa e foi


ajustada.

Taxa de câmbio real: taxa pela qual uma pessoa pode negociar os bens
de um país pelos bens de outro país.

“e” = (E x P*)/P

“e” = taxa de câmbio real

P = índice de preços nacional

P* =índice de preços estrangeiro;

E = taxa de câmbio nominal (moeda estrangeira por unidade de moeda


local).

PARIDADE DO PODER DE COMPRA

- Teoria das taxas de câmbio segundo a qual uma unidade de qualquer


moeda dada deveria ser capaz de comprar a mesma quantidade de bens
em todos os países.

Baseia-se em um princípio chamado “lei do preço único”, que afirma


que um bem deve ser vendido pelo mesmo preço em todas as
localidades.

Arbitragem é o processo de tirar vantagem das diferenças de preço de


um mesmo produto em diferentes mercados.
Arbitragem: se o preço de um bem é maior que em outra, os agentes
vão comprar na economia que o preço é mais baixo e vendar naquela
com preço mais alto. Assim, a demanda sobe na economia com preço
baixo, fazendo o preço subir, e a oferta aumenta na economia com
preços mais alto, fazendo este preço cair. A arbitragem só vai cessar
quando cessarem as possibilidades de ganhou, ou seja, quando os
preços forem iguais nas duas economias.

Arbitragem torna a lei de preço único válida.

- Implicações da PPC

Se o poder de compra do dólar é sempre o mesmo, nos EUA ou no


exterior, então a taxa de câmbio real não pode mudar, vai ser sempre igual a UM.

A taxa de câmbio nominal entre as moedas dos dois países deve refletir os
diferentes níveis de preços desses dois países.

Quando o banco central emite grandes quantidades de moeda, a moeda


perde valor, não só internamente, como em termos da quantidade de outras moedas
que pode comprar.

I) Lei do Preço único:

E.P* = P

Portanto

“e” = (E.P*)/P

“e” = 1.
II) E = P/P*

E = P*/P

ΔE/E = ΔP/P – ΔP*/P*

Assim, temos algumas conclusões:

a) No longo prazo, a taxa nominal de câmbio se ajusta até que a taxa real
de câmbio seja 1.
b) Países com inflação mais alta tendem a ter depreciação de suas moedas,
proporcionalmente à diferença entre a inflação interna e a externa.

Limitações:

- A teoria da paridade do poder de compra não é uma teoria perfeita da


determinação da taxa de câmbio e nem sempre se mantem na prática.

- Muitos bens não se comercializam facilmente. Mesmo bens


comercializáveis são substitutos perfeitos, quando produzidos por países diferentes.
DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO NO CURTO PRAZO.

No curto prazo, a taxa nominal de câmbio é determinada pelo mercado de


oferta e demanda de moeda estrangeira.

Fluxos comerciais e de renda tendem a ser mais estáveis, de maneira que,


no curto prazo, a taxa nominal de câmbio acaba tendo mais influência dos fluxos
de capitais de curto prazo, os chamados investimentos de carteira.

Estes fluxos podem ter seu comportamento descrito pela equação de


paridade de juros.

- Determinação da taxa de câmbio no curto prazo

Paridade de juros descoberta

I (doméstica) = I (tx. Internacional)

Paridade de juros descoberta

‘i’ = i* + Ê+ PR

Onde:

Ê = expectativa de depreciação cambial (risco cambial)

PR = prêmio de risco (risco de default ou calote)


Se o i > i* + Ê + PR, ocorre entrada de capitais, e portanto: apreciação
cambial.

Se o i < i* + Ê + PR, ocorre saída de capitais, e portanto: depreciação


cambial.

REGIMES CAMBIAIS

Relação entre as diferentes moedas nacionais.

Ou ainda:
Bandas: há zonas alvos, um nível mínimo e máximo.

Fixo em relação a uma cesta: com relação a uma cesta de moedas de


países.

Crawling peg: promove mini-desvalorização para compensar a inflação, na


medida da diferença da inflação doméstica para a inflação externa.

Fixo com ajustes: muda a paridade cambial conforme mudanças


conjunturais.

“Currency board” = fixar por lei.

Uniões monetárias: câmbio fixo ENTRE os países da união.

Dolarização: economia adota o dólar.


AULA 13 – Modelo IS – LM – BP

Indicação bibliográfica: Manual do Candidato da FUNAG.

É uma versão do modelo IS – LM com economia aberta.

Também conhecido como “modelo Mundell-Fleming” pelos trabalhados


de Robert Mundell e Marcus Fleming na década de 60.

Permite analisar a eficácia das políticas fiscal, monetária e cambial como o


impacto de choques externos na economia doméstica.

- Abertura da economia no modelo IS – LM

A abertura introduz no modelo os fluxos de bens e serviços (balança


comercial e serviços) e os fluxos de capital (balança de capitais).

1. A curva IS é ampliada para os fluxos de bens e serviços

Y – C + I + G + EL.

2. A curva LM passa a se deslocar não apenas pelas operações de


compra e venda de títulos da dívida, mas também pelas compras e vendas de
reservas internacionais pelo BC: compra de dólares eleva a oferta de moeda, venda
de dólares diminui a oferta de moeda.
3. Acrescenta-se ao modelo a curva BP, que representa o equilíbrio do
balanço de pagamentos (saldo do BP = 0), que é a soma do saldo da conta de
transações correntes com o saldo da conta capital e financeira.

- A curva IS na economia aberta


Acréscimo dos fluxos de bens e serviços na curva faz com que ela dependa
agora também da taxa de câmbio (E) e da renda externa (Y*).

EL = X - M
Onde

X = f (Y*, E)
M = f (Y, E).

Aumentos na renda Y* e na taxa de câmbio (depreciação cambial)


deslocam a curva IS para cima e para direita.
Redução na renda externa e na taxa de câmbio E deslocam a curva IS para
baixo e para esquerda.

- A Curva BP

Representa os pares de taxas de juros (i) e renda (Y) que equilibram o


balanço de pagamentos, ou seja, saldo do BP = O
BP = 0 quer dizer que a soma do saldo comercial com o saldo da conta
capital é igual a zero.
Partindo de uma situação de equilíbrio inicial do BP.
Se a renda Y aumenta, isto leva a um aumento nas importações e a um
déficit comercial, e portanto a um déficit no BP.
Assim, para reequilibrar o BP, é necessária que haja entrada de capitais
para financiar o déficit comercial. A entrada de capitais ocorre caso haja aumento
da taxa de juros, segundo a paridade de juros.
Logo, a BP é positivamente inclinada.

- Inclinação da Curva BP

Observações sobre BP:

Estamos considerando RLRE como variável exógena e desconsiderando o


investimento direto estrangeiro e os empréstimos e financiamentos.
Vamos considerar o saldo de transações correntes como sendo
determinado pelo saldo comercial, que inclui a balança comercial e de serviços,
desconsiderando a balança de rendas e transferências unilaterais.
Vamos considerar o saldo da conta capital e financeira como sendo
determinado pelos fluxos de entrada e saída de investimentos de carteira em títulos
de dívida, desconsiderando os demais fluxos de capital (IDE, investimentos de
carteiras em ações, empréstimos, financiamentos e amortizações de dívida).

- Paridade de juros

Será o parâmetro do fluxo de capitais.


Por simplificação, vamos supor a paridade descoberta, mas a que conta é a
paridade coberta, pela diferença de risco entre os países.

Se taxa doméstica é igual à taxa de paridade, não tem fluxo de capitais.


Se é maior que a taxa externa, ocorre entrada de capitais, e por
consequência, apreciação cambial.
Se é menor que a taxa externa, ocorre saída de capitais, e depreciação
cambial.

- A curva BP com perfeita mobilidade de capital

Com perfeita mobilidade de capital, a taxa de juros interna deve ser igual à
taxa internacional (paridade de juros) para haver equilíbrio do BP.
No ponto a, como qualquer outro ponto acima da curva BP, significa
entrada de capitais no país (superávit). Neste caso, ocorre superávit de capitais.
No ponto b, como nos pontos abaixo da curva, ocorre significa saída de
capitais (déficit). Nesse caso, ocorre déficit de capitais.
Eis o cenário sem mobilidade de capital:
- Deslocamentos da curva BP

Para uma dada taxa de juros, variações da renda externa (Y*) ou da taxa de
câmbio vão levar a variação do saldo da balança comercial, deslocando a curva BP.
Aumento na renda externa Y* e aumento em E
(desvalorização/depreciação cambial) levam a deslocamento da curva BP para
direita).
Redução na renda externa Y*, redução em E (valorização/apreciação
cambial) deslocam BP para esquerda.
Também ocorreria deslocamento da curva BP caso houvesse variações no
IDE ou dos empréstimos externos, bem como da RLRE, que não colocamos no
modelo, mas poderiam ser adicionadas como variáveis exógenas.

- O Modelo IS-LM-BP em equilíbrio

Supõe-se, a partir de Keynes, que a oferta é constante.


A compreensão do funcionamento do modelo IS-LM-BP depende por sua
vez, de saber: a) o regime de mobilidade de capitais adotado pelo país: perfeita
mobilidade, perfeita imobilidade ou mobilidade imperfeita de capitais; e b) o
regime cambial em vigor, fixo ou flutuante.

TRÊS PASSOS DA ANÁLISE DA POLÍTICA ECONÔMICA

1. Identificar qual das curvas, IS ou LM, se desloca, e para qual lado.


2. No novo ponto de equilíbrio, ver se a taxa de juros está acima ou
abaixo da que equilibra o BP.
3. Analisar qual será a reação do BC.
No câmbio FLEXÍVEL, BC não atua e deixa a moeda apreciar ou
depreciar, com impacto no saldo comercial e nas curvas IS e BP.
No câmbio FIXO, BC compra reservas se há tendência de apreciação
cambial ou vende reservas se há tendência de depreciação cambial,
impacto na oferta de moeda e na curva LM.
RESUMO DO MODELO IS – LB – BP COM PERFEITA
MOBILIDADE DE CAPITAIS

1 – Câmbio Fixo - Política Monetária Ineficaz, Política Fiscal Eficaz.


2 – Câmbio Flexível ou Flutuante – Política Monetária Eficaz, Política
Fiscal Ineficaz (Causa Déficit Fiscal e Comercial, política dos dois déficits).

Esse resumo foi condensado dos seguintes cenários.


- Choques Exógenos: Taxa de Juros Externa, Expectativa de
Desvalorização Cambial ou Risco

Existe diferença fundamental entre políticas e choques: no primeiro caso, é


escolha do governo, no segundo, o governo se defronta com a mudança em uma
variável que ele não controla.

Logo, vamos representar como alterações na taxa de juros externa,


alterações exógenas na expectativa de desvalorização cambial e no risco afetam a
economia doméstica, sob os regimes de câmbio fixo e flexível.

No caso de CÂMBIO FIXO, um aumento da taxa de juros externa, da


expectativa de desvalorização cambial ou do risco, estão todas representadas na
equação
I = I* + E +A
Isso significa que um aumento nesses elementos provoca fuga de capitais,
deslocando a curva BP para cima. O Bacen então vende reservas internacionais,
reduzindo a oferta monetária, e desloca a curva LM. Como efeito, eleva-se a taxa
de juros doméstica, reduzindo a demanda agregada e o produto.

No câmbio FLÉXIVEL, aumenta a taxa de juros de paridade no caso da


fuga d capitais. A fuga desloca a curva BP para cima, e a maior demanda por
demanda estrangeira desvaloriza o câmbio nominal e real. Isso leva a aumento das
exportações líquidas; o aumento da demanda agregada aumenta a renda, elevando
assim a demanda por moeda e a taxa de juros, até que a condição de PDJ volte a
ser respeitada.
Logo, o efeito do aumento do risco-país sobre a pequena economia aberta
com câmbio flexível é uma desvalorização do câmbio, elevando assim as
exportações líquidas, a demanda agregada e o produto.
Observar que a taxa de juros aumenta, pois a demanda por moeda
aumentou, dada a mesma oferta monetária.
AULA 14 – Modelo IS – LM – BP (Parte 2)

Caso 2 – Sem Mobilidade de Capital

Do mesmo modo, haverá três passos.

1. Identificar qual das curvas se desloca com a política e para qual lado.
2. No novo ponto de equilíbrio, verificar se há déficit ou superávit
comercial.
Superávit comercial: tendência de apreciação da moeda doméstica
Déficit comercial: tendência de depreciação da moeda doméstica.

3. Analisar qual será a reação do BC, que depende do regime de câmbio.


Câmbio FLEXÍVEL: BC não atua e deixa e moeda apreciar ou
depreciar. Haverá então impacto no saldo comercial e nas curvas IS e
BP.
Câmbio FIXO: BC compra reservas se há tendência de apreciação
cambial ou vende reservas se há tendência de depreciação cambial.
Haverá impacto na oferta de moeda e na curva LM.

Mobilidade IMPERFEITA de capitais

Mobilidade fraca de capitais: quando a curva BP é mais inclinada que a


curva LM.
Mobilidade forte de capitais: quando a curva BP é menos inclinada que a
curva LM.
AULA 15 – Modelos de Oferta e Demanda Agregadas

Teoria de Keynes: teoria para crises econômicas.

Recessões são crises de demanda.

- Explicações das flutuações econômicas

Pressupostos da economia clássica: a dicotomia clássica (lado real e lado


monetário são independentes) e a neutralidade monetária.

A realidade das flutuações no curto prazo: maioria dos economistas acredita que a
teoria clássica descreve o mundo no longo prazo, e não no curto prazo.

No curto prazo, as variáveis reais e nominais estão fortemente ligadas, e as


variações na oferta de moeda podem afastar temporariamente o PI real de sua
tendência de longo prazo.

Portanto, é preciso um novo modelo econômico: o modelo de demanda agregada e


oferta agregada.

Modelo de demanda e oferta agregadas: explica flutuações de curto prazo na


atividade econômico em torno de sua tendência de longo prazo.

Curva de Demanda Agregada mostra a quantidade de bens e serviços que as


famílias, as empresas, o governo e os clientes estrangeiros desejam comprar a cada
nível de preços.

A Curva de Oferta Agregada mostra a quantidade de bens e serviços que as


empresas decidem produzir e vender a cada nível de preços.
A CURVA DE DEMANDA AGREGADA

Nesse caso, estamos falando do nível geral de preços.

Ao caírem os preços, a riqueza real aumenta, as taxas de juros caem e a taxa de


câmbio se deprecia.

Efeito riqueza, efeito juros, e efeito câmbio.


Efeito riqueza: um menor nível de preços aumenta a riqueza real, o que
incentiva as despesas de consumo

Efeito taxa de juros: um menor nível de preços reduz a taxa de juros que
incentiva os fastos de investimento.

Efeito taxa de câmbio: um nível menor de preços faz a taxa de câmbio real
se deprecie, o que incentiva os gastos em exportações líquidas.

Porque a curva de demanda agregada se desloca?

Alterações de CONSUMO; alterações de INVESTIMENTO; alterações


das COMPRAS DO GOVERNO; alterações das EXPORTAÇÕES LÍQUIDAS.

CURVA DE OFERTA AGREGADA

- Milton Friedman criou o conceito de taxa natural de desemprego, à qual


corresponde o conceito de taxa natural de produção.

A taxa natural de desemprego seria a taxa que mantém a taxa de inflação


estável (constante).

Se o desemprego está acima da taxa natural, a economia está muito


desaquecida e a inflação cai.

Se o desemprego está abaixo da taxa natural (produto acima do produto


natural) a economia está muito aquecida e a inflação sobe.

No longo prazo, o desemprego e o produto tendem às suas taxas


naturais, mas podem desviar dela no curto prazo.
No longo prazo, a curva de oferta agregada é vertical, ao passo que, no
curto prazo, a curva de oferta agregada tem inclinação positiva.

Importante lembrar que, no longo prazo, valem a neutralidade monetária e


a dualidade clássica (lado real vs. lado monetário da economia).

Longo prazo da oferta depende de trabalho, capital, recursos e tecnologia.

No curto prazo, a curva de oferta agregada tem INCLINAÇÃO


POSITIVA.
Três teorias explicam isso.

a) Salários Rígidos. Nível de preços mais baixo eleva o salário real, o que
leva as empresas a empregar menos trabalhadores e produzir uma
quantidade menor de bens e serviços;
b) Preços Rígidos. Um nível de preços mais baixos, inesperado, deixa
algumas empresas com preços acima do desejado, deprimindo suas
vendas, o que as leva a reduzir a produção. Parte do pressuposto de que
existe uma demora pra ajustar os preços.
c) Percepções Equivocadas. Empresário diminui seus preços porque vê a
queda geral dos preços, então diminui sua produção.

Teoria dos salários rígidos acaba sendo mais usada.

Todas essas teorias sugerem que a produção se desvia do nível do longo


prazo quando o nível de preços real se desvia do nível de preços esperado pelas
pessoas.
- Deslocamentos na curva de oferta agregada ocorrem em função de
alteração do TRABALHO; do CAPITAL; dos RECURSOS NATURAIS; da
TECNOLOGIA; do NÍVEL DE PREÇOS ESPERADO.

Eis o equilíbrio, juntando as duas curvas:

No longo prazo, os preços menores fazem reduzir também os salários, o


que faz com que as empresas contratem mais. O “problema” é que não se sabe a
duração desse longo prazo. O desemprego tem efeitos sociais graves; assim,
Keynes propõe que os economistas façam algo para que o retorno às atividades
“normais” da economia seja mais rápido.
No próximo gráfico, veremos como o governo pode acumular o choque de
oferta. Ao deslocar a curva da demanda para cima e para a direita, o governo pode
recolocar a economia num ponto de equilíbrio (o nível de preços, no entanto, será
maior).
ALTERAÇÕES NA OFERTA AGREGADA DE LONGO PRAZO

A taxa natural de produção é a produção de bens e serviços que uma


economia realiza no longo prazo, quando o desemprego está em sua taxa natural.

Qualquer mudança na economia que altere a taxa natural de produção


desloca a curva de oferta agregada de longo prazo, entre elas: alterações do
TRABALHO, decorrentes do CAPITAL, decorrentes dos RECURSOS
NATURAIS, decorrentes de TECNOLOGIA.

- Crescimento e inflação no longo prazo no modelo de demanda agregada


e oferta agregada
Os preços e a oferta crescem ao longo do tempo.

Aumenta a capacidade produtiva da economia (mais capital, trabalhadores


mais produtivos, mais recursos, mais tecnologia).

No entanto, a demanda agregada também se expande, porque o Banco


Central também expande a oferta de moeda, e assim a demanda também se
expande.

DESLOCAMENTOS NA DEMANDA AGREGADA - SÍNTESE

No curto prazo, os deslocamentos na demanda agregada causam flutuações


na produção de bens e serviços da economia e também do nível de preços.

No longo prazo, os deslocamentos na demanda agregada afetam apenas o


nível geral de preços, mas não afetam a produção.
Os formuladores de políticas que influenciam a demanda agregada podem
amenizar potencialmente a severidade das flutuações econômicas.

DESLOCAMENTOS NA OFERTA AGREGADA – SÍNTESE

Os deslocamentos negativos na oferta agregada podem causar estagflação,


recessão e inflação.

Os formuladores de políticas capazes de influenciar a demanda agregada


podem amenizar potencialmente o impacto adverso sobre a produção, mas somente
com o agravamento do problema da inflação.
AULA 16 - POLÍTICA FISCAL E MONETÁRIA E SUAS
INFLUÊNCIAS NA DEMANDA AGREGADA

Rexomendação: capítulo 34 do Mankiw.

A curva de demanda agregada tem inclinação negativa por três motivos: o


efeito riqueza, o efeito taxa de juros, o efeito taxa de câmbio.

Esses efeitos ocorrem simultaneamente, aumentando e diminuindo a


quantidade demandada de bens e serviços.

A demanda por moeda e a inclinação da curva de demanda agregada

Um aumento no nível de preços de P1 para P2 desloca a curva de demanda


por moeda. Esse aumento na demanda por moeda faz a taxa de juros subir de r1
para r2.

Como a taxa de juros é o custo dos empréstimos, o aumento na taxa de


juros reduz a quantidade demandada de bens e serviços de Y1 para Y2.

Essa relação negativa entre o nível de preços e a quantidade demandada é


representada por uma curva de demanda agregada com inclinação negativa, como a
do painel B.
Variações na oferta de moeda.

O BC usa políticas monetárias para deslocar a curva de demanda agregada.

O instrumento de política usado é a oferta de moeda/taxa de juros: até


alguns atrás, os BCs tinham metas para os agregados monetários, mas a dificuldade
em controlar os agregados levou à adoção de metas para as taxas de juros.

Quando o BC aumenta a oferta de moeda, reduz a taxa de juros e isso leva


ao aumento da quantidade demandada de bens e serviços para qualquer nível de
preços dado, deslocando a curva de demanda agregada para a direita.

De maneira inversa, quando o BC CONTRAI a oferta de moeda, aumenta


a taxa de juros e reduz a quantidade demandada de bens e serviços para qualquer
nível de preços dado, deslocando a curva de demanda agregada para a esquerda.

- Metas de taxas de juros do BC

O BC compra e vende títulos do governo em operações de mercado aberto


para aumento ou diminuir a oferta de moeda, alterando a demanda agregada.
A taxa de juros SELIC, que é a taxa média dos títulos da dívida pública
federal negociados no mercado secundário (SELIC -Sistema Especial de
Liquidação e Custódia) é usada como meta.

Uma alteração na política monetária para expandir a demanda agregada


pode ser descrita como um aumento da oferta de moeda ou como uma redução da
taxa de juros (são equivalentes).

Política expansionista: aumento da oferta de moeda ou redução da taxa de


juros.

- O limite inferior a zero

Armadilha de liquidez: se as taxas de juros caíram para próximo de zero, a


política monetária pode não ser mais eficiente, já que as taxas de juros nominais
não poderão mais ser reduzidas.

Demanda agregada, produção e emprego estarão “presos” em níveis


baixos.

Nesta situação, o BC precisa de outras ferramentas para estimular a


atividade econômica: política monetária não-convencional.

Ele pode elevar as expectativas de inflação ao comprometer-se com a


futura expansão monetária.

Flexibilização quantitativa: conduzir as operações expansionistas do


mercado aberto com uma variedade maior de instrumentos financeiros.

- Como a política fiscal influencia a demanda agregada.

É o estabelecimento dos níveis de gastos do governo e dos impostos pelos


formuladores de políticas.
No curto prazo, o principal efeito da política fiscal se dá sobre a demanda
agregada de bens e serviços.

Dois efeitos: multiplicador e deslocamento.

- Efeito multiplicador.

Deslocamentos na demanda agregada que ocorrem quando uma política


fiscal expansionista aumenta a renda e, portanto, as despesas de consumo.

Um aumento de $20 bilhões nas compras do governo pode deslocar a


curva de demanda agregada para a direita em mais de 20 bilhões. Esse efeito
multiplicador surge porque os aumentos na renda agregada estimulam despesas
adicionais por parte dos consumidores.

- Equação do multiplicador keynesiano.


O tamanho do multiplicador depende da propensão marginal a consumir.

A fórmula para calcular o multiplicador: M = 1/(1-c).

Uma maior PMgC significa um multiplicador maior. Com a PMgC maior,


o consumo responde melhor a uma mudança na renda.

Na economia aberta, o multiplicador tende a ser menor, pois parte do


aumento da renda vaza para o exterior na forma de importações de bens e
serviços.

Se chamarmos a propensão a importar de “m”, então a equação do


multiplicador se torna

Multiplicador = 1/(1-c+m)

Efeito multiplicador tem outras aplicações. Uma pequena variação inicial


no consumo, no investimento, nas compras do governo ou nas exportações líquidas
pode acabar tendo um grande efeito sobre a demanda agregada e, portanto, sobre a
produção de bens e serviços da economia.

- O efeito deslocamento

Também chamado “crowding out”.

É queda na demanda agregada que corre quando uma política fiscal


expansionista eleva a taxa de juros e, portanto, reduz as despesas de investimento.
O aumento na taxa de juros “come” parte da expansão agregada que havia
sido gerada pela política fiscal.

Governo também pode fazer política fiscal com alterações nos impostos.

Uma redução de impostos aumenta a renda disponível das famílias.

As famílias respondem a esse aumento gastando parte da renda em bens de


consumo, deslocando a curva de demanda agregada para a direita.

Renda disponível é Y – T (renda menos tributação).

O tamanho desse deslocamento depende dos efeitos multiplicador e


deslocamento.

Outro fator determinante da magnitude do deslocamento da demanda


agregada resultante de uma variação nos impostos é a percepção das famílias
quanto à duração desse corte de impostos.

Redução permanente: maior impacto sobre a demanda agregada.

Redução temporária: menor impacto sobre a demanda agregada.


- O uso da política econômica para estabilizar a economia:
argumentos A FAVOR.

Compreende o uso de instrumentos de política econômica para estabilizar a


demanda agregada e, por decorrência, a produção e o emprego.

Segundo Keynes, a economia está sujeita a ondas de pessimismo e


otimismo entre famílias e empresas, levando a deslocamentos da demanda
agregada e flutuações nos níveis de produção e emprego.

Quando os formuladores de política não fazem nada, essas flutuações


desestabilizam empresas, trabalhadores e consumidores.

Em princípio, o governo pode ajustar suas políticas monetária e fiscal em


resposta a essas ondas de otimismo e pessimismo e, com isso, estabilizar a
economia.

- Argumentos contra a política de estabilização

Alguns economistas argumentar que o governo deveria se abster do uso


das políticas monetária e fiscal para tentar estabilizar a economia.

A política monetária afeta a economia com grande atraso: defasagem entre


a redução da taxa básica de juros e a redução das taxas para os tomadores e, entre
esta e as decisões de consumo e investimento.

A política fiscal também atua com grande atraso: o processo de aprovação


legislativa da elevação de gastos pode elevar meses ou anos.

Por causa desses atrasos, os críticos da política ativa argumentam que elas
podem desestabilizar a economia, em vez de ajudá-la.
Quando as políticas afetarem a demanda agregada, as condições da
economia podem ter mudado.

- Estabilizadores automáticos

São alterações da política fiscal que estimulam a demanda agregada


quando a economia entra em recessão sem que os formuladores de política tenham
de fazer qualquer ação deliberada.

Exemplos: a arrecadação tributária cai quando a economia entra em crise.


As despesas do governo com seguro-desemprego e assistência social tendem a
crescer quando a economia entra em crise.

- Multiplicador do orçamento equilibrado

Caso o governo aumente seus gastos mas financiamento com aumento de


impostos, qual seria o efeito líquido na demanda da economia.

C = Ca + c.(Y-T)

Y=C+I+G

Substituindo:

Y = c.(Y-T) + I + G

Y = 1/(1 – c)*[I + G – cT]


Efeito total somado de um gasto financiado por aumento de tributação:

Assim, o multiplicador, num orçamento equilibrado, é igual a 1, ou seja,


não há multiplicação do gasto.

Variação da Demanda Agregada será igual à variação do gasto.

- Curva de Laffer
A curva de Laffer mostra que aumentos da carga tributária levam a
aumentos de arrecadação até um limite máximo.

A partir deste limite, novos aumentos da carga tributária vão desestimular


o trabalho e a produção, levando à redução da base de incidência do imposto mais
rápida que o aumento da alíquota do imposto.

Crítica ao multiplicador keynesiano: Equivalência Ricardiana ou Barro-


Ricardiana

A argumentação em que se baseia a teoria é a seguinte: o governo pode


financiar seus gastos por meio de impostos cobrados dos atuais contribuintes ou
pela emissão de dívida pública.

No entanto, se for escolhida a segunda opção, mais cedo ou mais tarde


teriam que ser pagar as dívidas, aumento os impostos no futuro. A escolha é entre
pagar impostos hoje ou pagar impostos no futuro.
Os consumidores, que também são contribuintes, antecipando o aumento
futuro dos impostos, vão a reagir ao aumento de gastos do governo aumentando a
sua poupança, adquirindo os títulos da dívida pública emitidos pelo governo.

Famílias vão poupar mais.

Neste caso, para um determinado valor da despesa única, a substituição de


impostos por dívida não teria qualquer efeito na demanda agregada nem na taxa de
juros.

Como a poupança privada aumento no mesmo montante que o déficit do


governo, a taxa de juros mantém-se inalterada.

O déficit não provoca qualquer redução do ritmo de acumulação do


estoque de capital, nem deterioração das contas externas.

A dívida pública não afeta a riqueza do setor privado.

Então, em termos de efeitos na economia, o financiamento da despesa


pública por dívida pública é equivalente ao financiamento por impostos.

Roberto Barro: novos clássicos.

Teoria da renda permanente de Friedman (monetarista)

A reação anterior dos consumidores depende de eles agirem conforme a


“teoria da renda permanente de Milton Friedman, segundo a qual os consumidores
mantêm o consumo constante ao longo do tempo, com base na renda permanente
(renda média ao longo do ciclo de vida): suavização do consumo.

“Medo” da velhice faz o consumidor diminuir o consumo ao longo da


vida.
Assim, os consumidores aumentam a poupança (e não o consumo) quando
a renda aumenta temporariamente.

Friedman criticou a teoria keynesiana do consumo, segundo a qual o


consumo varia proporcionalmente à renda corrente.

Para Friedman, variações apenas temporárias na renda não vão provocar


variações no consumo, mas sim na poupança.

AULA 17 – A Curva de Phillips: o trade off entre desemprego e


inflação

Capítulo 35 do livro do Mankiw.

Os debates da macroeconomia no século XX: a curva de Phillips.

Ao modelo IS-LM foi acoplada a chamada Curva de Phillips, que mostrava


os efeitos da expansão da demanda agregada, provocada pela política
macroeconômica, sobre a taxa de inflação.

Haveria então um “trade off” permanente entre inflação e desemprego: o


governo poderia escolher entre buscar o pleno emprego e aceitar um nível mais
elevado de inflação ou baixar a inflação ao custo de desemprego mais alto.

- Críticas à curva de Phillips

A década de 70 foi um período de instabilidade na economia mundial. Em


1971, Nixon rompeu a conversibilidade entre dólar e ouro, acabando com pilar do
Sistema de Bretton Woods.
A Curva de Phillips ruiu na década de 70, com o crescimento tanto do
desemprego como da inflação no período.

Surgem assim duas teorias, no interior da chamada Escola de Chicago, que


vão questionar a teoria keynesiana e o intervencionismo estatal, dando a
fundamentação teórica do neoliberalismo: os monetaristas e os novos clássicos.

- Origens da curva de Phillips

É a curva que mostra o “tradeoff” entre inflação e desemprego no curto


prazo: quanto maior a taxa de inflação, menor a taxa de desemprego.

Em 1958, A. W. Phillips descobriu que o crescimento nominal dos salários


estava negativamente correlacionado com o desemprego do Reino Unido.

Em 1960, os pesquisadores Paul Samuelson e Roberto Solow encontraram


uma correlação negativa entre inflação e desemprego nos EUA e a chamaram de
Curva de Phillips.

- Demanda agregada, oferta agregada e a curva de Phillips


A curva de Phillips mostra as combinações de inflação e desemprego que
surgem no curto prazo à medida que deslocamentos na curva de demanda agregada
movem a economia ao longo da curva de oferta agregada de curto prazo.

Produção maior implica, no curto prazo, em aumento de preços, mas


também desemprego menor.

- LEI DE OKUN

Propõe relação inversa entre taxa de desemprego e PIB.

A teoria foi desenvolvida por Arthur Okun, em 1962, conselheiro de


Kennedy.

Ela mostra que o hiato do produto é proporcional à diferença entre a taxa


de desemprego e a taxa natural de desemprego (hiato do emprego).

HIATO DO PRODUTO: diferença entre a taxa de produto efetiva e a taxa


natural do produto, ou produto potencial.

Pela lei de Okun, a variação da taxa de desemprego deve ser igual ao


negativo da taxa de crescimento do produto.

Se o produto cresce 4%, a taxa de desemprego cai 4%.


Taxa de sacrifício: curva de Phillips mostra que existe um custo para a
desinflação.

Este custo é dado por quanto deve crescer a taxa de desemprego para cada
percentual de redução da inflação.

A taxa de sacrifício é: variação do desemprego dividida pela queda da


inflação.
- A crítica de Friedman e Phelps à curva de Philips

Friedman fez uma crítica à Curva de Phillips, acrescentando a ela um


mecanismo de formação de expectativas de inflação: expectativas adaptativas.

Criou também o conceito de taxa natural de desemprego: o governo só


poderia manter a taxa de desemprego abaixo da taxa natural caso provocasse uma
inflação cada vez maior (aceleração da inflação).

O “tradeoff” entre inflação e desemprego existiria apenas no curto prazo.

Hipótese da taxa natural: é a afirmação de que o desemprego, no longo


prazo, tende a oscilar ao redor da sua taxa normal, independentemente da sua taxa
de inflação.

A taxa natural de desemprego pode mudar ao longo do tempo, mas devido


a mudanças nas condições de oferta: função de produção e tecnologia.
NO LONGO PRAZO, de acordo com Friedman e Phelps, não há tradeoff
entre inflação e desemprego. O crescimento na oferta de moeda determina a taxa
de inflação.

Em outras palavras, ao contrário do que foi apontado na Curva de Phillips,


no longo prazo a relação entre taxa de desemprego e taxa de inflação é uma linha
reta vertical.

O que há de “natural” na taxa de desemprego? Friedman e Phelps usaram


este adjetivo para descrever a taxa de desemprego em direção à qual a economia
tende a gravitar no longo prazo.

Corresponde à oferta de longo prazo.

Reconciliando teoria e evidência

O tradeoff entre inflação e desemprego só se sustenta no curto prazo e a


curva de Phillips no longo prazo é vertical.
A expectativa é a chave para entender a relação entre curto e longo prazo.

Friedman e Phelps introduziram uma nova variável do tradeoff entre


inflação e desemprego: a inflação esperada.

Ela mede o quanto as pessoas esperam que o nível geral de preços varie.

Expectativas adaptativas

Como as expectativas são formadas?

Há duas hipóteses, uma delas é a das expectativas adaptativas.

Friedman e Phelps supõem que as expectativas são adaptativas: a inflação


esperada é uma função da inflação passada ou dos erros d eprevisão passados.

No curto prazo, há erros de previsão, mas no longo prazo a inflação


esperada converge para a inflação efetiva.

Inflação esperada converge para o índice de inflação efetiva.

A Equação da Curva de Phillips com Expectativas


Se existe uma inflação maior que expectativas, ocorre queda do salário
real, e mais trabalhadores são contratados.

Se existe uma inflação menor que expectativas, salários reais sobrem,


pessoas são demitidas, e o desemprego será maior que o natural.

No curto prazo, o Banco Central pode reduzir a taxa de desemprego para


abaixo da taxa natural de desemprego, tornando a inflação maior do que o
esperado: os agentes no curto prazo cometem erros de avaliação.

No longo prazo, entretanto, os agentes não erram, e as expectativas


correspondem à realidade.

A taxa de desemprego volta para a taxa natural, seja a inflação alta ou


baixa.
- Como a inflação esperada desloca a curva de Philips no curto prazo.

No curto prazo, uma política expansionista moe a economia ao longo da


cura de Philips, que é inclinada. Com isso, aumenta a inflação, mas diminui a taxa
de desemprego.

No entanto, os agentes econômicos se adaptam, e sabem que, para o futuro,


uma mesma taxa de desemprego implicará numa inflação maior.

Assim, a inflação esperada aumenta e a curva de Phillips se desloca para a


direita.

O gráfico abaixo assim o demonstra.

Por que Keynes chama a sua Teoria de “Geral” Porque, segundo ele, a
economia clássica trabalhou com hipótese específica de pleno emprego, que quase
nunca ocorre.
Hipótese da taxa natural é a afirmação de que o desemprego, no longo
prazo, tende a oscilar ao redor da sua taxa normal, ou natural, independentemente
da txa de inflação.

Se o governo tenta manter a taxa de desemprego abaixo da taxa natural, ele


só consegue fazê-lo com uma inflação cada vez mais alta (aceleração da inflação).

Assim, a taxa natural de desemprego também é conhecida como a taxa de


desemprego que não acelera a inflação, ou NAIRU (non-accelerating inflation rate
of unemployment).

- Colapso da Curva de Phillips nos anos 1970.

De 1961 a 1969, curva de Phillips está confirmada.

De 1969 em diante, dados parecem desmentir a curva. Desemprego e


inflação aumentam em conjunto.

Para Phillips e Phelps, no longo prazo, os agentes estavam ajustando as


expectativas.

Assim, a curva foi se deslocando para a direita, com aumento de


desemprego e de inflação.
- Deslocamentos na curva de Phillips: o papel dos choques de oferta.

É outra explicação para mudanças na curva de Phillips. Refuta a


explicação de Friedman e Phelps.

Choque de oferta que afeta diretamente os custos e os preços das empresas,


deslocando a curva de oferta agregada da economia e, portanto, a curva de Phillips.

Um exemplo de choque de oferta é um grande aumento no preço do


petróleo, como ocorreu nos anos 1970, ocasionado pela OPEP.

A curva de Phillips pode se deslocar, portanto, não apenas pelo aumento da


inflação esperada, mas também pelos choques de oferta.

Debate sobre a interpretação de Friedman e Phelps: a curva de Phillips


pode ter se deslocado nos anos 70 e 80 pelos choques de oferta – dois choques do
petróleo em 1974 e 1979.

- O Custo de Reduzir a Inflação

Uma redução na taxa de inflação é chamada desinflação.

Para reduzir a inflação, o BC precisa adotar uma política monetária


contracionista: reduzir a oferta de moeda/aumentar a taxa de juros, para reduzir a
demanda agregada.

No curto prazo, a produção cai e o desemprego aumenta.

No longo prazo, de acordo com Friedman e Phelps, produção e


desemprego voltam para suas taxas naturais.

O custo da desinflação é apenas temporário, e não permanente, como na


versão original da Curva de Phillips.
Desinflação é diferente de deflação, que é uma redução no nível de preços.

Desinflação: preços sobem mais devagar.

Segundo Friedman e Phelps, uma política monetária contracionista para


reduzir a inflação faz a economia se mover ao longo da curva de Phillips, no curto
prazo.

Com o passar do tempo, a inflação esperada cai e a curva de Phillips no


curto prazo se desloca para baixo.

Quando a economia atinge esse ponto, o desemprego volta à sua taxa


natural, mas com um nível de inflação mais baixo.
AULA 18 – A Curva de Phillips 2 - versão com expectativas racionais
e os novos clássicos. O debate macroeconômico contemporâneo.

Bibliografia: Capítulo 35 do Mankiw.

Bernanke: The Great Moderation.

A Crítica de Lucas e as expectativas racionais: os Novos clássicos.

Robert Lucas, Nobel de 1955, desenvolveu os resultados da aplicação da


teoria das expectativas racionais nos modelos econômicos.

A crítica de Lucas, direcionada aos modelos keynesianos (IS-LM e


Phillips0 defendia que, quando os agentes têm expectativas racionais, as relações
que se supõem entre variáveis macroeconômicas na verdade não o são, mudando
com a resposta dos agentes às mudanças das políticas econômicas.

Para os novos clássicos, a Curva de Phillips seria vertical mesmo no curto


orazo, não existindo o “trade off” entre inflação e desemprego.

Teoria das Expectativas Racionais

Foi proposta inicialmente por John Muth em 1961, mas popularizada cerca
de 10 anos depois a partir de um artigo de Robert Lucas.

Segundo a teoria das expectativas racionais, os agentes econômicos, ao


prever o futuro, usam de forma eficiente todas as informações de que dispõem,
inclusive aquelas sobre as políticas governamentais atuais e anunciadas pelo
governo.
Assim, os agentes não cometem erros sistemáticos em suas previsões, o
governo não consegue enganar sistematicamente os agentes produzindo, por
exemplo, uma inflação acima da esperada.

Os defensores iniciais dessa teoria foram Robert Lucas, Thomas Sargent,


Robert Barro. Está é a ESCOLA NOVO-CLÁSSICA.

Expectativas adaptativas: agentes usam informação passada.


BACKWARD LOOKING

Expectativas racionais: agentes utilizam toda infrmação disponível.


FORWARD LOOKING.

A teoria das expectativas racionais indica que a taxa de sacrifício pode ser
muito menor do que o sugerido pelas estimativas anteriores. No caso mais extremo,
poderia ser zero.

Se o BC se compromete com política de inflação baixa, e tem


credibilidade, os agentes econômicos reduziriam suas expectativas de inflação
imediatamente.

A curva de Phillips no curto prazo se deslocaria para baixo e a economia


atingiria inflação baixa rapidamente, sem o custo temporário de alto desemprego e
baixa produção.

Questão da credibilidade: agentes observam a coerência entre os anúncios


do governo e o que ele efetivamente está fazendo no presente: quanto maior a
credibilidade da autoridade monetária, menor o custo da desinflação.

Se as expectativas são racionais, o tradeoff entre inflação e desemprego


não existe nem mesmo no curto prazo: a curva de Phillips é sempre vertical.
Assim, o tempo da desinflação é muito rápida, segundo a teoria das
expectativas racionais.

Para eles, a curva de Phillips é vertical.

O presidente do Fed, Paul Volcker, foi nomeado em 1979. Alterou a


orientação do Fed para focar no combate à inflação.

Entre 1981 e 1984, a política fiscal foi expansionista, portanto, a política


do Fed precisou ser muito restritiva para reduzir a inflação.

A taxa de juros do Fed subiu muito rapidamente, levando à crise da dívida


em diversos países que se endividaram com os juros baixos dos anos 70, entre eles
o Brasil.

A inflação caiu de 10% para 4%, mas com o custo de um alto desemprego.

Ela mostra que os formuladores de políticas não podem confiar que as


pessoas acreditem neles imediatamente quando anunciam uma política de
desinflação.

Desinflação de Volcker:
A ERA GREENSPAN

Em 1986, os preços do petróleo caíram aproximadamente 50%.

Entre 1989 e 1990, o desemprego caiu, a inflação aumentou. FED causou


leve recessão.

Nos anos 1990, desemprego e inflação caíram.

No entanto, em 2001, alguns choques de demanda negativos criaram a


primeira recessão em uma década.

Os formuladores de políticas responderam com políticas monetárias e


fiscais expansionistas.

2001: crise nas bolsas da Ásia.

A era Greenspan e a “Grande Moderação”


Nesse período, variabilidade da inflação foi pequena, e do desemprego
também.

- Curva de Phillips durante a crise de 2008.

Em 2006, houve um “boom” no mercado imobiliário. De 2006 a 2009, os


preços das casas caíram cerca de um terço. O patrimônio das famílias declinou.

Milhões de pessoas entraram em dificuldades financeiras e execução


hipotecária.

Instituições financeiras enfrentaram grandes perdas.

Como resultado, houve um grande declínio da demanda agregada e


aumento do desemprego.
CONCLUSÃO

O pensamento dos economistas sobre a inflação e desemprego evoluiu ao


longo do tempo.

Há sempre um “tradeoff” temporário entre inflação e desemprego.

O “tradeoff” temporário vem não da inflação em si, mas da inflação não


esperada - já que, no curto prazo, os agentes cometem erros em suas estimativas -
o que geralmente significa um aumento inesperado na taxa de inflação.

Não há “tradeoff” permanente entre inflação e desemprego”.

No curto prazo, normalmente se concorda que a moeda é neutra.

DEBATES RECENTES NA TEORIA MACROECONÔMICA


- A Grande Moderação.

Bem Bernanke escreveu em 2004.

Presidiu Fed de 2006 a 2014.

Definiu “A Grande Moderação” como a redução da volatilidade da


inflação e do produto (taxas de crescimento econômico) nos últimos 20 anos –
1984 a 2004.

Redução da volatidade do produto e da inflação decorreu da melhoria da


política econômica após o aprendizado da década de 70 e 80.

NOVO CONSENSO MACROECONÔMICO


Anos 90 até a crise de 2007 e 2008: nova síntese neoclássica ou Novo
Consenso Macroeconômico: junta as contribuições teóricas desde a década de 60,
de monetaristas, novos clássicos, novos keynesianos.

Resultados:

a. Política Monetária: conduzida por um regime de metas para inflação,


com uso da chamada Equação de Taylor. No longo prazo, a moeda é
neutra.
b. Política Fiscal: Não deve ser utilizada para estimular a atividade
econômica, mas visar a redução da dívida pública, o risco soberano e as
taxas de juros.
Pois no curto prazo, o efeito multiplicador é pequeno (equivalência
ricardiana, efeito deslocamento pela elevação de juros) e no longo
prazo a política fiscal não afeta o produto (desemprego na taxa natural).

Novo Consenso Macroeconômico

- A Regra de Taylor é uma regra de política monetária enunciada por John


Taylor em 1993.
- Ela mostra uma regra para a definição da taxa de juros de curto prazo, de
forma a fechar os hiatos de produto (emprego) e da inflação.
- O Banco Central deve ter autonomia para conduzir a taxa de juros de
acordo com esta regra.
DEBATES APÓS A CRISE DE 2008

- A crise de 2007-2008, chamada de “A Grande Recessão”, é considerada


a pior crise desde a de 1929.
- Como vimos, a “Grande Depressão”, que se originou em 1929, motivou a
revolução na teoria econômica com a obra de Keynes e o próprio surgimento da
macroeconomia.
- A crise financeira internacional que se originou em 2007-2008 pôs fim ao
chamado período da grande moderação e, tal como a crise de 1929, trouxe um
intenso debate e revisão a respeito do consenso na teoria macroeconômica das
décadas anteriores.
- Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, escreveu com outros
colegas: Rethinking Macroeconomic Policy.
- Neste artigo, ele trata dos limites do consenso macroeconômico, em não
prever a crise de enormes proporções que estava para acontecer. O texto de
Bernanke, otimista, era de 2004, antes da crise.
- Destaca no artigo os limites da política monetária que ficou focada no
nível de preços de bens e serviços, mas não trata dos preços de ativos financeiros
ou da regulação macro-prudencial, pois a teoria aceitava a hipótese dos mercados
eficientes para os mercados financeiros, tema que passou a ser central nos acordos
da Basileia III.
- Também trata do uso das políticas monetárias não-convencionais –
situação da armadilha de liquidez ou “zero lower bound”.
- Destaca também a volta da importância da política fiscal como
importante ferramenta de combate à recessão.
- Outros textos recentes do FMI debateram a segunda geração de regras
fiscais, que visam a dar flexibilidade ao uso da política fiscal no curto prazo e
estabelecer mecanismos de correção para manter a estabilidade e sustentabilidade
da dívida pública no médio e longo prazos.
AULA 19 – CONTAS NACIONAIS

Carmen Feijó: Contabilidade Social.


Leda Paulani, Márcio Bobik Braga: A Nova Contabilidade Social.

O SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS

O Brasil e diversos países elaboram seus SCN seguindo as diretrizes do


System of National Accounts, SNA, divulgadas pela ONU, o que facilita a
cooperação entre países.
Existe integração entre Contas Nacionais e balanço de pagamentos.
A Tabela de Recursos e Usos mostra os fluxos de oferta e demanda dos
bens e serviços e, também, a geração da renda.
Reúnem as principais grandezas calculadas no Sistema de Contas
Nacionais e permitem identificar, para cada ano:

a. PIB.
b. Geração, distribuição e uso da renda nacional (alocação da renda entre
consumo e poupança).
c. A acumulação de capital.
d. A capacidade ou necessidade de financiamento.
e. As transações correntes com o resto do mundo.

- Fluxos Agregados: o fluxo circular da renda

É um modelo que mostra como ocorrem os fluxos agregados numa


economia de mercado.
Supõe a existência de FAMÍLIAS E EMPRESAS; e MERCADOS DE
BENS E SERVIÇOS FINAIS, MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO.
Dois atores e dois mercados.
Famílias são proprietárias dos fatores e consumidoras.

Identidade entre produto, renda e dispêndio.

O diagrama mostra que o valor da produção das empresas deve ser igual ao
valor das despesas das famílias.
PRODUTO = DISPÊNDIO.
O valor do dispêndio das famílias tem que ser igual à renda que as famílias
auferem.
RENDA = DISPÊNDIO.

O PIB pode ser calculado pela ótica do produto, ótica da renda ou ótica do
dispêndio.
- Dispêndio ou demanda agregada

O dispêndio total, ou gastos, ou demanda agregada da economia, é


dividido em 4 componentes.

DEMANDA INTERNA = Consumo das Famílias, Consumo do Governo,


Investimentos.
DEMANDA EXTERNA = Exportações líquidas = exportação de bens e
serviços – importação de bens e serviços.

A identidade entre produto e despesa: Y = C + I + G + EL.

Esse dispêndio total é chamado de demanda agregada.

- Poupança Nacional.
Poupança, S, é a parcela da renda que não foi consumida.
Então, a poupança agregada ou poupança nacional pode ser descrita como
a diferença entre o produto e consumo das famílias e do governo.

S=Y–C–G

- Identidade entre poupança e investimento

Y–C–G=I
S=I

- A Economia Aberta
Economia aberta é aquela que interage livremente com outras economias
do mundo.
Interação pode ser pelo mercado de bens e serviços (balança comercial),
pelas transferências de rendas (balança de rendas) e via transações financeiras
(conta capital e financeira).
Estas transações são registradas no Balanço de Pagamentos, BP.

- Fluxo de bens e serviços

Exportações: diferença entre valor das exportações e importações.


Também chamada de balança comercial e serviços.

- Fluxo de recursos financeiros.

Fluxo líquido de capitais externos, ou investimento externo líquido: a


compra de ativos estrangeiros por residentes internos menos a compra de ativos
internos por estrangeiros.
Pode ser positivo ou negativo.
Quando é positivo, diz-se que o capital está saindo do país.
Quando é negativo, diz-se que o capital está entrando no país.

- Igualdade das exportações liquidas e investimento externo líquido.


Para uma economia como um todo, o investimento externo líquido, IEL,
deve ser sempre igual à exportação líquida.
IEL = EL.
Todas as transações que afetam um lado da equação também devem afetar
o outro lado pelo mesmo montante. Essa equação é uma identidade contábil.
Quando um estrangeiro compra um bem do seu país, as exportações
líquidas aumentam. O valor é recebido em ativos ou moeda estrangeira, portanto,
seu país adquire ativos estrangeiros, aumentando o investimento externo
- Poupança e Investimento na Economia Aberta

Y = C + I + G + EL
Y- C – G = I + EL
S = I + EL
S = I + IEL

Ou seja, a poupança nacional é igual ao investimento interno mais o


investimento externo líquido.

Se S > I, IEL > 0 (exporta poupança).


Se S < I, IEL < 0 (importa poupança).

No segundo caso, podemos então chamar a poupança externa de S* = -IEL

Assim
S + S* = I
Ou seja, a poupança nacional + poupança externa é igual ao investimento
interno.
- CONTA DE PRODUÇÃO

Conta de produção é aquele que permite calcular o PIB a partir da ótima do


produto.
Inclui: Produção, Consumo Intermediário, Impostos e Subsídios aos
produtos.

O PIB a custo de fatores inclui: Valor da produção – Consumo


Intermediário
O PIB a preço de mercado = PIBcf + impostos sobre produtos – subsídios
sobre produtos
IMPORTANTE: RECURSOS SÃO CRÉDITO, USOS SÃO DÉBITO.

- CONTA DA RENDA: geração da renda


PIB = Salário + Lucros e Rendimentos + Aluguéis, etc.
Neste caso, subtram-se os impostos, e somar impostos.

- CONTA DA RENDA: alocação da renda.


RENDA NACIONAL BRUTA = PIB + RLRE

RLRE = Rendas enviadas ou trazidas do exterior.

- Conta da Distribuição Secundária da Renda: Renda Disponível


Bruta

Tira-se da Renda Nacional Bruta as transferências unilaterais correntes –


pessoas que trabalham no exterior e enviam ao exterior.
É comum, assim, que a renda disponível bruta seja maior que a Renda
Nacional Bruta.
Em equação:
RDB =RNB + TUC

Ainda, S = RDB – C – G
Na teoria, seria PIB menos os gastos das famílias e do governo. Mas nas
contas nacionais, usa-se a renda disponível bruta menos os gastos.
- Conta de Acumulação

A Formação Bruta de Capital Fixo + Variação de Estoque equivale ao


investimento.

Transferências de capital enviadas e recebidas do resto do mundo:


transferência de patentes. Cessão de bens não-tangíveis em geral.
Se as transações correntes são S – I, e forem negativas, mostra que existe
NECESSIDADE LÍQUIDA DE FINANCIAMENTO.
Se positivas, mostra que existe CAPACIDADE LÍQUIDA DE
FINANCIAMENTO.

S - I = TC
S + CC – I = Capacidade ou Necessidade de Financiamento.

- Conta das Transações Correntes


Nesse caso, importações entram como recurso, exportação como uso.

TC = BC + BR + TUC
Balança Comercial, Balança de Serviços, Balança de Rendas,
Transferências Unilaterais.

- UM REPARO IMPORTANTE

Vimos anterior que S – I = EL


Entretanto, como vimos nos slides, nas contas nacionais, a capacidade ou
necessidade de financiamento, que é a poupança externa com sinal trocado, é igual
ao saldo em transações correntes, e não o saldo comercial S – I = TC.
O que explica essa diferença é que a poupança nas duas equações não é a
mesma.
A poupança da primeira equação foi calculada a partir do PIB.
Já a segunda, das contas nacionais, é calculada a partir da Renda
Disponível Bruta.
AULA 20 – Balanço de Pagamentos

O Balanço de Pagamentos é a peça contábil responsável pelo registro, em


moeda internacional, das transações que o país estabelece com o exterior. Vale
aqui o princípio das partidas dobradas que está por trás do SCN.

BP é elaborado pelo Bacen.

Análise dos valores do BP permite avaliar a situação econômica do país


perante o resto do mundo.

FMI dá as diretrizes metodológicas. Bacen elabora o BP.

Desde 2015, Bacen passou a seguir as normas metodológicas do BPM6,


divulgadas em 2008.

Assim, interrompeu, em 2014, a série estatística que começara em 1947.

INTRODUÇÃO

Operação, para ganhar registro no BP, precisa se tratar de transação entre


residentes e não residente.

Esse tipo de transação envolve a presença de outra moeda para sua


efetivação, um meio de pagamento internacional, que hoje é basicamente o dólar
americano.

Residentes: todas as pessoas, físicas e jurídicas, que tenham esse país


como seu principal centro de interesse, ou seja, as pessoas que moram
permanentemente (residência fixa), mesmo aquelas nascidas em outros países, o
governo, e todas as empresas sediadas no país, inclusive as filiais de empresas
estrangeiras.
Por exclusão, tem-se a definição de não residentes.

- GRUPO I – Transações Correntes

Balança Comercia + Balança de Serviços + Rendas Primárias (de capital e


remuneração) + Rendas Secundárias

- GRUPO II – Conta Capital

ANFNP e transferências de capital

- Grupo III – Conta Financeira

Lógica de “ativos”.

- “Grupo” dos Erros e Omissões


PRINCÍPIOS DE REGISTRO DAS OPERAÇÕES DE ACORDO COM O BPM 6

- Princípio das partidas dobradas: implica a exigência de um duplo registro de


entrada para operação a ser registrada.

- As contas que compõem a balança de transações correntes, do grupo I, e a conta


de capital, grupo II, só admitem lançamentos positivos em contas de despesa
(quando implicam saída de recursos em divida do país) e contas de receita (quando
implicada entrada de recursos em divisas no país); o saldo dessas contas em cada
período, que podem ser positivos ou negativos, é efetuado deduzindo-se das
receitas as despesas contraídas.

- As contas que compõem o grupo III são contas de ativos e passivos. As operações
podem ser lançadas com sinais positivos (quando elevam o valor dos ativos ou
passivos) e com sinais negativos (quando reduzem o valor dos ativos ou passivos).
A conta dos ativos de reserva obedece também a este princípio.

- GRUPO I: Balança Comercial

Registra as transações entre o país e o resto do mundo.

Compras – Importações – despesas.

Vendas – Exportações – Receitas.


Na balança comercial, contabilizamos exportações e importações por FOB, “free
on board”, que é apenas o custo da mercadoria.

O outro método, não utilizado aqui, é o “CIF”, “Cost, insurance and freight”, qie
inclui custos de seguros e fretes.

O seguro e o transporte, quando envolvem operações entre residentes e não


residentes, são registrados no grupo seguintes de contas, como importações e
exportações de serviços.

- GRUPO I – Balança de Serviços

Serviços propriamente ditos: viagens, seguros, royalties, etc.

- Rendas primárias (também grupo I)

São constituídas por rendas do trabalho ou do capital enviadas por residentes ao


resto do mundo ou por eles recebidas do resto do mundo. Os recebimentos são
receitas; os envios são despesa.

Rendas do trabalho derivam da existência de empresas de residentes que utilizam


mão de obra de não residentes e, inversamente, também de empresas não residentes
que utilizam mão de obra de residentes.

As rendas do capital derivam de investimentos registrados na conta financeira


(grupo III).

A um empréstimo ou financiamento correspondem juros, a um investimento direto,


lucros ou dividendos, a um investimento em carteira, dividendos ou juros.

- Renda secundária (grupo I).


Antigamente, eram chamadas transferências unilaterais.

Recebimento de recursos: receitas. Envios: despesas.

Exemplos mais característicos de transferências correntes são as remessas de


recursos de pessoas que trabalham em outro país a seus familiares no país de
origem e as remessas e recebimentos por conta de ajuda humanitária.

As transferências unilaterais podem ser importantes para países como o México.

Os quatro grupos de contas iniciais constituem a chamada conta corrente do BP e


seu resultado é o saldo do BP em transações correntes, ou saldo em conta corrente
do BP. Como o próprio nome indica, sendo um saldo, seu sinal pode ser positivo
ou negativo.

Um resultado negativo não é necessariamente um mau sinal. Para um país em


desenvolvimento, ele pode ser, por exemplo, o resultado de um aumento na
importação de máquinas e equipamentos ou tecnologia, que estará ampliando o
estoque de capital dessa economia e a capacidade de, no futuro, produzir mais e de
modo mais eficiente.

Mas também pode ser ruim: sinal de que a taxa de câmbio está induzindo os
residentes a contraírem despesas em moeda estrangeira e os não residentes a não
gastarem com produtos, serviços e fatores com preços cotados em moeda nacional,
ou seja, produzidos dentro do país.

Por muito tempo, essa situação pode acarretar crises derivadas do desequilíbrio do
Balanço de Pagamentos. Seja como for, o déficit em conta corrente só se torna um
problema quando ele e sistemático e sem perspectiva de reversão no curto prazo.

- A CONTA CAPITAL – Grupo III


Não mexe com elementos das operações correntes, mas com estoques de riqueza,
cuja movimentação altera os direitos de propriedade. Recebe o registro de dois
tipos diferentes de operações:

a. Aquisições líquidas de cessões de ativos não financeiros não produzidos.


Exemplo: patente.
Aquisição de ativos reais, não financeiros, oriundos de processos não
produtivos.
Podem ser de três categorias: recursos naturais; contratos, arrendamentos e
licenças; ativos de comercialização.
As aquisições implicam despesas. As cessões geram receitas.

b. Transferências de capital.

São operações correlatas àquelas registradas na balança de renda secundária,


envolvendo, porém, ativos (Estoques de riqueza) e passivo (estoques de
riqueza negativos, isto é, dívidas).

- A Conta Financeira – Grupo III

A conta financeira registra investimentos de qualquer tipo, créditos,


empréstimos e financiamentos entre residentes e não residentes. Eles se
divide em 5 subgrupos.

- Investimentos diretos (no exterior e no país).


- Investimentos em carteira (ativos e passivos).
- Investimentos em derivativos (ativos e passivos).
- Outros investimentos (ativos e passivos).
- Ativos de reserva.

Investimentos diretos: resultantes de empréstimos entre companhias ou de


investimentos propriamente ditos, isto é, aquisição de ativos de capital. Os
IDE investimentos diretos no exterior, constituem uma conta de ativo, que
pode registrar elevações e reduções. Os IDP, investimentos diretos no país,
constituem uma conta de passivo, que também pode registrar elevações e
reduções.

Investimentos em carteira: conhecidos como “investimentos de portfólio”


podem ser resultantes da aplicação em ações e debêntures ou da aplicação
em títulos de renda fixa – privados ou públicos.
Quando residentes compram esses tipos de papéis em economias não
residentes, eles aumentam os ativos. Quando vendem, reduzem ativos.
Quando não residentes compram esses tipos de papéis na economia à qual
se refere o BP, eles aumentam os passivos dessa economia. Quando
vendem, reduzem os passivos.

Investimentos em derivativos: envolve ativos financeiros cujo valor depende


de outros ativos (futuros, opções e “swaps”). Esses outros ativos pode ser
reais, como soja e petróleo, ou financeiros, como ações e moedas. No BP,
são registrados apenas os valores relativos às liquidações das operações (que
podem ser positivos ou negativos, uma vez que os valores envolvidos nas
aplicações não são efetivamente desembolsados. Nas contas de ativos, são
registrados os ganhos e perdas de residentes em mercados não residentes;
nas contas de passivo são registrados os ganhos e perdas de não residentes
nos mercados da economia à qual se refere o BP.

Outros investimentos:
a. empréstimos de curto ou longo prazo, e financiamentos. Empréstimos de
regularização, junto ao FMI, são contabilizados em “outros
investimentos”. Quando essas operações são feitas por residentes junto a
credores não residentes, elas elevam o passivo. Quando são
liquidadas(amortizadas), elas reduzem o passivo. Quando são feitas por
não residentes junto a credores residentes do país ao qual se refere o BP,
elas elevam o ativo. Quando o estrangeiro amortiza, diminui o ativo.

b. crédito comercial e adiantamentos. Operações associadas às operações


de comércio.

c. Moeda e Depósitos.

Operações com contas no exterior.


Se um residente aumenta os depósitos no estrangeiro, aumenta ativos.
Quando reduz, diminui os ativos.
Um não residente com conta no Brasil é contabilizado como passivo.

Ativos de Reserva. Congregam todos os ativos em moeda estrangeira


líquidos e sob o controla da autoridade monetária do país. Eles podem tomar a
forma de a) reservas em moeda estrangeira, incluído títulos de alta liquidez, como
títulos de díida pública dos EUA; b) reservas e direitos especiais de saque junto ao
FMI; ouro; qualquer outro ativo líquido em moeda estrangeira. No BMP5, eram
registradas na conta “haveres das autoridades monetárias”.

Em consequência disso, o saldo total do balanço de pagamentos não


aparece mais explicitamente.
Ele aparece por meio do saldo da conta “ativos de reserva” ao final de cada
período.

Saldo da conta de ativos de reserva positivo significa que o saldo do BP foi


positivo.

CF – CK – TC = O

CF = TC + CK, que é mais ou menos equivalente a IEL = EL (Mankiw).

Erros e Omissões. Quando o resultado da soma não é zero, indica


existência de erros de registro ou omissões.

CF – CK – TC – EO = O

- BALANÇO DE PAGAMENTOS E CONTAS NACIONAIS

Em uma economia aberta, o BP tem relação direta com as contas


nacionais.

RNB = PIB + RLRE (Renda Primária)

RNDB = RNB + TUC (Renda Secundária)

RNDB – C = Sd (poupança bruta doméstica)

Sd + Ck (transferência de capital) – I = indica capacidade ou necessidade


de financiamento.

Sd – I = TC.

A última expressão indica que um excesso de investimento sobre a


poupança implica em um saldo de transações correntes negativo.
Isso explica por que países como Brasil que cresceram a taxas elevadas
durante décadas com absorção interna maior que a produção doméstica, ou seja,
poupança doméstica inferior ao investimento, apresentam persistentes déficits em
conta corrente, que devem ser financiados com poupança externa, ou seja, déficits
na conta financeira.

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