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Perspectivas para o

agronegócio brasileiro
2022
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Analistas Rabobank: Andrés Padilla, Andy Duff, Bruno Fonseca, Gabriel Santos, Guilherme Morya, Marcela Marini, Mauricio Une e
Wagner Yanaguizawa.
Perspectivas para o
agronegócio brasileiro
2022
Sumário
2022

4
Sumário

Macroeconomia |
Bovinos | p.26 Leite | p.44
p.06

Suco de
Insumos | p.10 Frango | p.30
Laranja | p.48

Soja | p.14 Suíno | p.33 Celulose | p.52

Milho | p.18 Café | p.36

Açúcar, Etanol
Algodão | p.22
e Cana | p.40
5
Macroeconomia
Riscos e oportunidades (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

p O questionamento às âncoras fiscais e o tímido avanço em reformas estruturais trazem


dúvidas quanto à sustentabilidade fiscal, elevando o prêmio de risco. A alta da Selic contém
a deterioração das expectativas inflacionárias, mas pesa sobre a retomada da economia.

▪ Fed Funds acomodativas e uma política fiscal americana ainda estimulativa sustentam o
apetite por risco por agora. Mas, o restabelecimento das cadeias globais de produção
permanece como um desafio à percepção de um surto temporário de inflação global.

q Os temas relacionados ao surto de Covid-19 ainda pesam sobre o apetite de risco global
com a aproximação do inverno no hemisfério norte. Na América do Sul, o foco sobre os
impactos da pandemia na economia perde terreno frente o avanço da vacinação.
E o teto?
O avanço da vacinação tem feito com que o investidor enfoque menos nos impactos da pandemia
sobre a economia. As curvas de contágio e óbitos têm apresentado melhora consistente, abrindo
espaço para que as medidas sanitárias de isolamento sejam reduzidas. Se, por um lado, a maior
mobilidade permite a continuidade da recuperação econômica, sobretudo a do setor de serviços, por
outro, porém, também cresce a incerteza fiscal. O Auxílio Emergencial, que termina em outubro de
2021, foi bem-sucedido em seu papel de suavizar os impactos econômicos decorrentes das medidas
restritivas durante a pandemia. Mas, como a economia como um todo começa a perder tração, o foco
em Brasília volta-se para a criação do Auxílio Brasil, um novo programa de transferência social mais
robusto que o Bolsa Família, ainda antes de 2022. O desafio do novo programa esbarra em dois fatores:
i) o Judiciário informou em julho de 2021 que o Executivo precisa pagar R$ 89 bilhões em precatórios
em 2022, ii) o limitado espaço do teto de gastos para acomodar gastos extras. Neste contexto, a
coalizão do governo no Congresso recentemente propôs incluir na PEC 23/2021: 1) o parcelamento do
pagamento dos precatórios e 2) a mudança da janela de indexação das despesas primárias do governo
(teto de gastos), abrindo o espaço para acomodar as diversas demandas. A medida política traz uma
solução no curto prazo, mas, também traz dúvidas quanto à sustentabilidade fiscal no longo prazo. O
teto de gastos tem sido a principal âncora fiscal do país desde sua criação em 2016, dando maior
previsibilidade à trajetória de gastos e da dívida pública, ajudando a diminuir os prêmios de risco
associados aos ativos brasileiros e manter um regime de juros mais baixos. Ainda que a medida não
tenha formalmente eliminado o teto de gastos, os investidores interpretaram que a antecipação (de
2026 para 2021) de uma eventual discussão para rever as regras do teto traz dúvidas quanto à
disposição do Brasil em melhorar suas contas públicas. Paradoxalmente, a não aprovação da PEC
23/2021 traz mais dúvidas que certezas.
A piora na percepção de risco foi imediatamente sentida no câmbio, que já incorpora maiores prêmios,
contribuindo para desancorar expectativas inflacionárias, apesar dos fundamentos sólidos do nosso
balanço de pagamentos. O real brasileiro depreciou-se fortemente e, com alta volatilidade, distanciou-

Macro se ainda mais de seu valor justo e dos principais pares. A elevada incerteza fiscal também atenua
vetores de apreciação, como a tempestiva elevação dos juros domésticos e os ventos externos ainda
favoráveis (liquidez global abundante e elevação dos termos de troca). Para 2022, nós esperamos que
parte dos ventos contrários vai persistir em graus diferentes, enquanto alguns vetores de sustentação
da moeda devem se dissipar: desaceleração dos nossos principais parceiros comerciais e uma potencial
redução dos estímulos monetários no mundo desenvolvido. O efeito líquido deve fazer com que o
dólar seja negociado em torno de 5,51 reais no final de 2021 e de 5,61 no final de 2022.
1 – PIB Anual 2 – Inflação Anual
7.0 12.0 10.7

4.8 10.0 9.3


3.7
Crescimento anual (%)

Variação anual (%)


2.9 8.0
1.8 6.5 6.4 6.3
1.6 1.3 1.3 5.9 5.8 5.9
0.5 0.8 6.0
4.3 4.5 4.3
3.7
4.0 2.9

2.0
-3.2 -2.9
-3.9 0.0

Variação do IPCA

3 – Taxa Selic 4 – Câmbio


25.0 7.00
5.77 5.61
19.75 6.00
20.0
5.00 5.51
3.98 4.00
15.0 14.25

USD/BRL
% ao ano

4.00 3.18
3.00
10.0
10.50
2.00
5.0 7.25 6.50 1.00

0.0 2.00 0.00

Fonte: Bloomberg, Rabobank (2021).


A moeda mais fraca vai exacerbar as pressões de custo em um momento de desancoragem das
expectativas inflacionárias e ganho de tração dos componentes mais inerciais, como serviços, com a
reabertura econômica. Até agora, do lado da oferta, o preço das commodities, os gargalos nas cadeias
de produção e condições climáticas desfavoráveis explicam a maior parte das pressões inflacionárias,
que levarão o IPCA a um provável pico de 10,4% a/a em outubro de 2021. Em relação à demanda, a
robusta recuperação econômica observada até o primeiro semestre de 2021 manteve uma maior
demanda por bens em detrimento da de serviços, sem ainda mostrar um arrefecimento. Para os
próximos meses, uma materialização dos riscos fiscais tende a: i) manter a moeda depreciada, ii) ajudar
as expectativas de inflação a se desviarem das metas do Banco Central e iii) elevar o juro neutro de
longo prazo. Além disto, a inflação de serviços subjacentes, que possui natureza mais persistente e já
alcançou 5,2% a/a em setembro de 2021, poderá ter maior dificuldade de retroceder à meta de 2022
com a implementação do novo programa social. Assim, nossas projeções para o IPCA em 2021 e 2022
são de 9,3% e 4,3%, respectivamente.
Isso implica que a missão do Banco Central de manter as expectativas ancoradas tornou-se ainda mais
difícil. Em nosso cenário, o Copom precisará elevar a Selic até 10,50% no primeiro trimestre de 2022 e
mantê-la neste patamar até pelo menos o final do ano, se quiser garantir a convergência das
expectativas às respectivas metas. Como o ano calendário de 2022 possui cada vez menos peso no
horizonte relevante de política monetária, é provável que a re-ancoragem aconteça apenas em 2023 e
não deve vir livre de custos: a manutenção dos juros em níveis tão restritivos por longo tempo
constrangerá a recuperação da atividade econômica em 2022. Nós projetamos uma desaceleração do
crescimento do PIB de 4,8% em 2021 para 0,8% em 2022. No curto prazo, o bom ritmo da distribuição
de vacinas vai abrir espaço para o setor de serviços ser o motor do crescimento até primeiro trimestre
de 2022. Posteriormente, o quadro para atividade fica mais desafiador. A demanda global deve se
esfriar ainda mais com uma potencial normalização da política monetária e, domesticamente, ainda
teremos a incerteza típica do ciclo eleitoral, que afeta decisões de consumo e investimento.

Ponto de Atenção
• As principais fontes de risco para a moeda brasileira continuam emergindo do campo fiscal e

Macro
dos choques inflacionários. O questionamento das âncoras fiscais e a típica incerteza frente a
um novo ciclo eleitoral manterão vetores de depreciação para o real em 2022.
• No sentido de apreciação da moeda, podemos ter um ciclo de aperto monetário doméstico mais
longo que o projetado. Adiamento de normalização de política monetária global e
restabelecimento das cadeias globais de valor também tendem a apreciar a moeda em 2022.
Insumos
Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

p Menor oferta de fertilizantes devido a problemas na produção chinesa e embargos a


Bielorrússia.

p Preços dos defensivos também podem sofrer impacto da menor produção chinesa.

■ Preços das commodities devem ajudar a manter a relação de troca interessante para o
produtor.
Margem comprometida pelos custos
Nos últimos anos os produtores puderam observar um bom crescimento na sua margem de produção,
especialmente no caso de grãos, que foi em grande parte puxada pela alta observada nos preços das
commodities e pela desvalorização do real frente ao dólar durante este período. Agora, com a
estabilização nas cotações internacionais, o produtor começa a ver sua margem ameaçada pela
elevação nos custos de produção em consequência da menor oferta global de alguns insumos aliado a
um cenário de incertezas e de câmbio desvalorizado frente ao dólar.
Ao final de 2020 com este cenário de boas margens em mente, muitos produtores já aproveitaram e
travaram parte de suas vendas para a safra 2021/22 aproveitando as boas cotações internacionais, mas
mais importante, aproveitaram e travaram parte de seus custos para a safra. O principal fator que levou
o produtor a tomar esta atitude foi a relação de troca bastante atrativa durante o último trimestre de
2020. Um ano atrás, em novembro de 2020, no Mato Grosso eram necessárias 11,2 sacas de soja para a
aquisição de uma tonelada de 02-20-20, o menor valor observado em nossa série histórica. Mas, desde
então, o produtor mato-grossense observa somente a deterioração da relação de troca. Em outubro de
2021, para a aquisição do mesmo adubo foram necessárias 23,6 sacas de soja, um aumento de 110%.
A piora na relação de troca nos fertilizantes, de forma geral, vem ocorrendo desde o início do ano pelas
altas na cotação dos fertilizantes no mercado internacional. Quando olhamos o caso da Ureia, no início
do ano a tonelada do adubo chegava aos portos brasileiros a um custo de USD 309, agora em outubro,
o custo está cerca de 150% maior, sendo cotada a 775 USD/tonelada. No caso do Cloreto de Potássio
(KCl), a alta é ainda mais acentuada, 206%, cotada a 771 USD/tonelada no porto versus 252
USD/tonelada em janeiro deste ano.
Mas o que está por trás desta alta nos preços? Bom, um dos primeiros fatores por trás dessa alta nos
preços foi o aumento na demanda pelos fertilizantes após a subida nos preços das commodities. Soja,
milho, algodão, açúcar, café, todas estas commodities apresentaram valorização nos seus preços, o que
tornou as atividades mais rentáveis e atrativas, fazendo com que seus produtores ficassem mais

Insumos inclinados a investir no campo e por consequência consumir mais fertilizantes.


Com relação ao KCl, o motivo é basicamente geopolítico. A imposição de embargos à Bielorrússia pela
União Europeia e Estados Unidos restringiram as exportações do Cloreto de Potássio de um dos
principais produtores globais do insumo. Já a Ureia, vem sofrendo com os repetidos aumentos de
preço do gás natural, principal matéria-prima para a produção do adubo.
1. Custo operacional em Rondonópolis – MT (R$/ha) 2. Preços de fertilizantes no porto do Brasil – (US$/t)
900
R$ 5,000
R$ 4,500 800
R$ 4,000 700
R$ 3,500 600
R$ 3,000
500
R$ 2,500
R$ 2,000 400
R$ 1,500 300
R$ 1,000 200
R$ 500
100
R$ -
2019/20 2020/21 2021/22 (e) 2019/20 2020/21 2021/22 (e) 0
jan-19 mai-19 set-19 jan-20 mai-20 set-20 jan-21 mai-21 set-21
Soja Safrinha
Outros Fertilizantes Defensívos Sementes Operações Ureia - CFR Brasil MAP - CFR Brasil KCL - CFR Brasil

3. Evolução do preço médio do Glifosato - MT (R$/l) 4. Importação de fertilizantes – Jan até Set (1.000 t)
22
10.000
19.5 9.000
20
8.000
18 17.4 7.000
15.8 15.7 16.1 6.000
16
14.5 14.7 5.000
4.000
14
12.5 3.000
12 2.000
1.000
10
0.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
KCL Ureia MAP
Glifosato - MT 2018 2019 2020 2021

Fonte: Secex, Conab, CRU, Imea, Rabobank 2021


Além disso, o governo chines vem aumentando as inspeções e consequentemente reduzindo a
quantidade exportada de fertilizantes para assegurar a demanda doméstica. Isso está ocorrendo devido
à diminuição da atividade industrial no país em consequência da crise energética enfrentada pela
China. As indústrias de produção de fertilizantes também estão sendo afetadas por essa falta de
energia, assim como a indústria de defensivos.
Falando em defensivos, no caso do glifosato, a China é o principal player quando se fala no herbicida,
sendo o principal produtor do insumo acabado e também do fósforo amarelo, principal matéria-prima.
Neste caso a restrição do consumo de energia elétrica está afetando a produção do glifosato por parte
das indústrias chinesas assim como a produção do fósforo amarelo. A província de Yunnan na China é
responsável por cerca de 40% a 45% da capacidade chinesa de fósforo amarelo e durante o último
trimestre do ano só poderá utilizar 10% da sua capacidade instalada, o que deve restringir bastante a
produção tanto de Glifosato quanto do fósforo amarelo.
Voltando para o Brasil, para a safra de soja que está sendo plantada agora, não devemos sentir os
efeitos deste cenário de menor oferta global, com exceção a casos pontuais, pois o volume de
fertilizante importado até o mês de outubro é cerca de 22% superior ao importado no mesmo período
do ano anterior. O que podemos esperar e já estamos observando, é que todo volume adicional para a
safra será adquirido a um valor muito mais alto do que o adquirido um ano atras, impactando assim,
somente uma parte da margem do produtor.
Pensando na próxima safra, 2022/23, o cenário é bastante desafiador, pois devemos continuar com
cotações de fertilizantes com um bom suporte de preços devido a menor oferta e demanda aquecida
no mercado do hemisfério norte até meados do primeiro semestre de 2022. No mercado doméstico, as
incertezas cambiais aumentam os riscos de maior desvalorização do real. Desta forma, o produtor deve
seguir atento as oportunidades para tentar travar seus custos da melhor maneira possível garantindo
assim uma boa rentabilidade.

Ponto de Atenção
• Volatilidade cambial em ano eleitoral pode trazer alguns riscos adicionais para a formação dos
custos.

Insumos • Preço dos nitrogenados pode ser impactado caso a Rússia mantenha quota para a exportação
por mais do que 6 meses.
Soja
Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

p Importações de soja da China no ciclo 2021/22 devem alcançar pela primeira vez 101
milhões de toneladas, impulsionadas pela reconstrução (estrutural) do rebanho suíno.

p Apesar de 3% de expansão na área no ciclo 2021/22, produção sul-americana ainda


dependerá do desenvolvimento climático em cenário de alta probabilidade de La Niña.

q Recomposição do rebanho suíno, redução do percentual de uso de farelo de soja na


composição da ração na China e safra sul-americana extremamente favorável em termos de
produção são os principais fatores baixistas a serem monitorados.
Exportação recorde em 2022
Os baixos estoques globais esperados para 2021, o crescimento restrito da área destinada à soja nos
EUA associado à incerteza climática elevaram as cotações da oleaginosa em CBOT que chegaram a
ultrapassar USD 16,00/bushel - algo que não ocorria desde 2013. Os elevados preços em USD
pressionaram as margens de esmagamento chinesa que reduziram as importações de soja a partir de
junho/21. Um arrefecimento das compras de soja pelo maior importador reduziu a pressão sobre os
estoques do grão e consequentemente das cotações internacionais da oleaginosa. Uma recuperação
dos estoques globais de soja, bons resultados da safra americana e uma perspectiva de aumento da
área plantada brasileira foram fatores determinantes para significativa mudança estrutural nesse
quadro. Nesse contexto, os preços da oleaginosa em CBOT voltaram a patamares inferiores a USD
13,00/bushel no último trimestre de 2021.
Vale destacar que a área colhida pelos EUA nessa safra 2021/22 teve retomada de 5% no comparativo
com o ciclo anterior para 35 milhões de hectares. Ainda assim, esse patamar é inferior ao observado na
temporada 2017/18 quando esteve acima de 36 milhões de hectares. Apesar da concorrência pela área
plantada de milho, que também apresentava preços máximos históricos e que limitou a área de soja, e
do clima irregular durante o desenvolvimento da safra, os EUA devem atingir a segunda maior safra de
soja. A estimativa da safra americana é de 120,4 milhões de toneladas que, associada a uma redução
das exportações levarão os EUA a uma recomposição dos estoques ao final da safra 2021/22, se
comparado ao ciclo 2020/21.
Dentre os fatores que arrefeceram as cotações da soja no mercado internacional, destacam-se o
crescimento da oferta e o enfraquecimento da demanda chinesa como determinante para essa
retomada nos preços. Um cenário marcado por fracas margens de esmagamento em território chinês,
a Pontos
incerteza de
em Atenção
relação à Peste Suína Africana e a demanda por farelo de soja devido às restrições
ocasionadas pela pandemia do Covid-19 ainda corroboram um leve crescimento em relação à
importação de soja esperada para 2022. A estimativa do Rabobank é que o esmagamento de soja na
China terá 5,4% de crescimento – de 93 milhões de toneladas no ciclo 2020/21 (outubro/21 a
Soja setembro/21) para 98 milhões de toneladas na safra 2021/22.
O governo chinês vem estimulando um menor teor de proteína na ração animal e isso irá limitar o
incremento do esmagamento para a temporada 2021/22. As importações chinesas tendem a alcançar
101 milhões de toneladas pela primeira vez na história, 3 milhões de toneladas acima do volume
esmagado durante a safra 2020/21.
1. Oferta/demanda global de soja 2. Área e produção de soja no Brasil
Produção/Consumo (milhões de ton)

Excedente/déficit (milhões de ton)


500 25 45 160

Produção (milhões de toneladas)


20 40 140

Área(milhões de hectares)
400 15 35 120
10
30
300 5 100
25
0 80
20
200 -5 60
15
-10
10 40
100 -15
-20 5 20
0 -25 0 0

Excedente/ Déficit Produção Consumo Área Produção

3. Importações e volume esmagado de soja da China 4. Perspectiva de preços da soja em Chicago (CBOT)

120 1700
1600
100
1500
milhões de toneladas

CBOT (USc/bushel)
80 1400
1300
60
1200
40 1100
20 1000
900
0
800

Importações Esmagamento
Soja (CBOT) Perspectiva Rabobank

Fonte: USDA, Conab, Bloomberg, Rabobank 2021


Com os preços elevados da soja no mercado internacional e a significativa desvalorização da taxa de
câmbio, os preços seguem em patamares elevados ao produtor para esse próximo ciclo. Nesse cenário,
o Rabobank estima que sejam semeados 40 milhões de hectares na safra 2021/22 e, seguindo a linha
de tendência de produtividade, a produção alcance 142 milhões de toneladas, em ambos os casos
consolidando recordes para o país. Assumindo essa projeção de volume produzido no Brasil, a
perspectiva é que também poderia ser alcançado novo recorde de exportações, que alcançariam 88
milhões de toneladas em 2022.
Apesar de preços atrativos e do clima favorável para o plantio, a comercialização da soja para a
temporada 2021/22 alcançou 40% até o fim de outubro, 20% abaixo do mesmo período do ano
passado e levemente acima da média dos últimos 5 anos. O esmagamento de soja, assim como as
exportações também deve atingir um novo recorde de 47,5 milhões de toneladas, 1 milhão acima do
volume esmagado em 2021. Em meio a esse cenário de aumento da disponibilidade de soja disponível
no Brasil e leve aumento da demanda é esperada uma recomposição dos estoques de soja no mercado
brasileiro ao final da safra 2021/22.
Diante desse cenário-base global com crescimento expressivo da oferta e de uma recomposição
parcial dos estoques globais de soja, a perspectiva do Rabobank é que os preços da soja em Chicago
tenham espaço para se manter, em média, em intervalo entre USD 12,55 e USD 12,70/bushel ao longo
de 2022. Vale ressaltar que o clima deve seguir no radar do mercado, especialmente com a safra sul-
americana em andamento em um quadro de 87% de probabilidade de consolidação de um La Niña
até fevereiro/22, segundo a NOAA (Agência de Meteorologia dos EUA). Esse fenômeno climático,
dependendo de sua intensidade, pode resultar em uma menor disponibilidade de chuvas, o que
impactaria a produtividade da soja principalmente na região Sul do Brasil e também na Argentina,
terceiro maior produtor global de soja. A confirmação de um La Niña, poderia limitar o aumento da
oferta de soja no cenário global durante o ciclo 2021/22.

Ponto de Atenção
• Em caso de confirmação do aumento da mistura mandatória de 13-14% de biodiesel no diesel
em 2022, o esmagamento de soja no Brasil poderá ultrapassar 48 milhões de toneladas.

Soja • Em caso de melhora significativa das margens de esmagamento na China em 2022, isso
impulsionará as exportações de soja brasileira em 2022- que podem alcançar um volume acima
de 90 milhões de toneladas.
Milho
Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

p Recomposição dos estoques de passagem dos EUA no ciclo 2021/22 e demanda


internacional aquecida, com destaque para importações da China (26 milhões de
toneladas), tendem a dar suporte às cotações em Chicago com perspectivas de preços
médios entre USD 5,35 e USD 5,50/bushel em Chicago ao longo de 2021.

q No Brasil, a redução expressiva das exportações em 2020/21 e um cenário de estoques


mais confortáveis e uma retomada do aumento da safra verão de 2021/22 tendem a
pressionar levemente os elevados níveis de preços locais. A expansão da segunda safra de
milho em 2021/22 e a perspectiva de uma safra recorde poderão pressionar os preços a
partir do início da colheita do milho segunda safra.
Safra recorde pressionará preços
O ano de 2021 foi marcado pelo recorde de preços nominais (em reais) do milho no mercado
brasileiro, com o indicador Esalq/BM&F superando a barreira de R$ 100,00/saca no segundo semestre.
O clima adverso durante a safra 2021 e a redução significativa da oferta do milho segunda safra foram
determinantes para que às cotações atingissem esse patamar. Além do suporte enfrentado pelos
fundamentos de oferta e demanda no mercado brasileiro, os preços de milho ainda foram suportados
pelas elevadas cotações em CBOT e também pela desvalorização cambial.
No mercado internacional, após ultrapassarem os USD 7,0/bushel e atingirem os maiores patamares
em 8 anos, os preços do milho em Chicago (CBOT) recuaram a patamares que oscilaram entre USD
5/bushel e USD 6/bushel. A safra americana de milho deverá atingir 382,6 milhões de toneladas,
alcançando a segunda maior safra dos últimos anos. Já a demanda de milho pela indústria de etanol
americana deverá apresentar retração em relação à safra passada. É esperado um consumo de milho
para produção de etanol abaixo das últimas três safras. As exportações devem seguir a mesma
tendência, é esperado que as exportações do cereal em 2021/22 alcancem volumes menores que em
2020/21, no comparativo com o ciclo anterior (de 70 milhões de toneladas para 63,5 milhões de
toneladas). Mesmo considerando uma redução das exportações americanas de milho, os EUA devem
exportar o segundo maior volume do grão. Apesar do aumento da safra, é esperado que a demanda
americana de milho apresente retração durante o ciclo 2021/22.
A redução das exportações de milho americana, ocorrerá em meio a um menor volume de milho
importado pela China. É esperado que a China importe 26 milhões de toneladas de milho, um volume
ainda muito expressivo quando comparado a média dos últimos 10 anos, porém uma retração de 3,5
milhões de toneladas se comparada ao ciclo 2020/21. A China ainda enfrenta déficit em seus estoques
dePontos
milho e, com isso a substituição por outros grãos (trigo, arroz e cevada) ainda persistirá ao longo de
de Atenção
2022 o que limitará o volume importado do grão neste período.
Com isso, as perspectivas dos estoques americanos para 2021/22 são que apresentem uma

Milho recomposição em relação à safra 2020/21. A combinação de um aumento da oferta e de uma retração
da demanda será determinante para que os estoques de milho alcancem níveis mais elevados, porém
ainda 11 milhões abaixo da média dos últimos 5 anos. Esse cenário tende a perdurar ao longo de todo
ano de 2022, com isso o Rabobank estima que os preços do milho em Chicago tenham espaço para se
manter, em média, em intervalo entre USD 5,35 e USD 5,50/bushel durante 2022.
1. Produção de milho no Brasil 2. Consumo interno e exportações brasileiras de milho

140 50

Exportação (milhões de toneladas)


Produção (milhões de toneladas)
120
100
80
60 25

40
20
0
0

Milho Verão Milho 2ª Safra Exportações

3. Estoques e importações de milho da China 4. Perspectiva de preços do milho em Chicago (CBOT)


35,000 300 800

Estoques (milhões de toneladas)


Importações (milhões de toneladas)

30,000 250 700

CBOT (USc/bushel)
25,000 600
200
20,000 500
150
15,000 400
100 300
10,000
5,000 50 200

- - 100
0

Importações Estoques
Milho (CBOT) Perspectiva Rabobank

Fonte: Bloomberg, Conab, USDA, Rabobank 2021


No Brasil, a forte alta no mercado internacional alinhada com a desvalorização cambial e a restrição da
oferta de milho resultou em cenário de preços favoráveis ao produtor para a safra 2021/22. Em meio a
um contexto de preços elevados e margens atrativas, a perspectiva é que o Brasil semeie 20,8 milhões
de hectares de milho na safra 2021/22, um aumento de 5% em relação ao ciclo anterior. Assumindo a
linha de tendência de produtividade, a estimativa é que a produção alcance 116 milhões de toneladas.
Vale ressaltar que essa expectativa de produção estará condicionada principalmente ao
desenvolvimento da segunda safra.
Apesar dos níveis elevados de preços de milho, as vendas do grão seguem em ritmo positivo, de
acordo com o Imea, a comercialização do milho segunda safra alcançou 33% até outubro de 2021, uma
redução de 22% se comparada ao ciclo anterior. Enquanto, em 2021 o plantio da segunda safra de
milho enfrentou um significativo atraso devido ao atraso do plantio da soja, este ano o plantio de
maneira geral está avançado se comparado a média histórica, reduzindo possíveis riscos relacionados
ao desenvolvimento da segunda safra de milho no Brasil.
Em 2021, a queda significativa da safra de milho limitou as exportações. As compras realizadas pelo
mercado doméstico acima da paridade de exportação limitaram os embarques do grão. Em meio a um
cenário de um salto de produção de 87 milhões de toneladas para 116 milhões de toneladas, é
esperado que o volume exportado alcance 37 milhões de toneladas, 20 milhões de toneladas acima do
volume exportado em 2021.
Mesmo em meio a uma expectativa de preços médios menores de ração, os patamares ainda devem
se manter elevados e as perspectivas apontam para incremento da produção interna de proteínas
animais, guiados pelas exportações e sustentados pelo consumo doméstico principalmente das
proteínas mais baratas. Além disso, a produção de etanol de milho deve apresentar novo crescimento
na ordem de 500 milhões a 600 milhões de litros adicionais no comparativo com 2021. Dessa forma, a
estimativa do Rabobank é que o consumo brasileiro de milho em 2021 fique entre 73 e 74 milhões de
toneladas, ante 72 milhões de toneladas em 2021.
Ponto de Atenção
• O clima durante a colheita de soja será crucial para que a semeadura da segunda safra de milho
aconteça dentro da janela ideal para cada uma das regiões produtoras.

Milho • Um possível atraso na entrega dos insumos poderá reduzir o pacote tecnológico utilizado na
segunda safra de milho em 2022, o que pode reduzir o potencial de produtividade.
Algodão
Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

p O impacto da crise energética global que atingiu grandes produtores da fibra poderá
impactar a retomada do consumo de algodão, assim como os custos relacionados a
produção.

p A alta dos custos relacionados ao frete marítimo e a restrita disponibilidade de contêineres


aumentam a preocupação relacionada as exportações da fibra no cenário global.

q Produção impactada positivamente por área e clima favoráveis durante a safra 2021/22
podem pressionar preços.
Retomada do aumento de área
A competição pela área plantada ocasionada pelas altas cotações de outras commodities agrícolas e a
irregularidade climática reduziram a oferta de algodão em 2021. Para a safra 2021/22 é esperado que
três dos cinco maiores produtores da pluma obtenham uma produção de algodão maior do que a
observada em 2020/21. Os Estados Unidos, Brasil e Paquistão serão responsáveis por parte do aumento
global de algodão, que deverá crescer 9% se comparado ao ciclo 2020/21.
A restrição da oferta durante o ciclo 2020/21 combinada a um aumento do consumo global que teve
um incremento de 17% foram fundamentais para uma redução dos estoques globais da pluma. Para o
ciclo 2021/22 é esperado um menor impacto ocasionado pelo avanço da vacinação da pandemia de
Covid-19. Porém, o cenário de desaceleração econômica poderá limitar esse aumento impactado por
custos mais altos de energia e de produção da indústria têxtil. Em meio a esse cenário é esperado um
leve incremento da demanda para 2022. A demanda global de algodão na safra 2021/22 deverá
crescer 3% no comparativo com o ciclo anterior e atingir 27 milhões de toneladas.
Vale apontar que, além dos fundamentos relacionados a oferta e demanda, as elevações nas cotações
do petróleo em 2021 que elevaram os preços das fibras sintéticas e impactam na competitividade da
fibra natural foram fatores que também ofereceram suporte às cotações do algodão. Os preços
internacionais do algodão em Nova Iorque (ICE) chegaram a ultrapassar a barreira de USD 1,0/lp,
patamares que não eram atingidos desde 2011.
Nos Estados Unidos, a competição com culturas como soja e milho, que tem apresentado preços
atrativos ao produtor americano, limitou a expansão da área. Porém, o clima favorável e o aumento da
área plantada levarão a safra americana a alcançar uma produção de 4,0 milhões de toneladas, um
aumento de 25% se comparado ao ciclo passado.
Pontos de Atenção
As exportações da fibra americana devem ser suportadas pela demanda chinesa. Apesar da redução de
5% esperada para as exportações de algodão nos EUA, os estoques de passagem permanecerão em
níveis baixos - o que continuará a dar suporte às cotações da fibra em 2022. O Rabobank estima que as

Algodão cotações da fibra em Nova Iorque entre USD 0,85/lp e USD 0,95/lp nos próximos 12 meses.
O cenário global enfrentará um aumento de 9% na produção algodão, porém um aumento esperado
no consumo global da fibra deverá manter os estoques globais em 2021/22 abaixo dos níveis do ciclo
anterior. O Rabobank acredita que já nesse ciclo 2021/22, a relação estoque/consumo global deverá
atingir níveis menores em relação ao ciclo 2020/21.
1. Oferta/demanda global de algodão 2. Área e produção (pluma) de algodão no Brasil
Produção/Consumo (milhões de ton)
4.0 1.8

Excedente/déficit (milhões de ton)


30 6

Produção (milhões de toneladas)

Área (milhões de hectares)


25 4 1.5
3.0
20 2 1.2

15 0 2.0 0.9

10 -2 0.6
1.0
5 -4 0.3

0 -6 0.0 0.0

Excedente/ Déficit Produção Consumo Produção (Algodão em pluma) Área

3. Ritmo de comercialização do algodão em pluma em MT 4. Perspectiva de preços do algodão em Nova York (ICE)
100% 110
Comercialização de pluma (% da

80% 100
produção esperada)

ICE-NY (USc/lp)
60% 90

80
40%
70
20%
60
0%
50
Jan

Jan
Mar

Mai

Ago

Dez

Mar

Mai

Ago
Fev

Jun
Jul

Out

Fev

Jun
Jul

Out
Nov
Dez
Abr

Set

Nov

Abr

Set

Intervalo (últimas 5 safras) Média (últimas 5 safras)


Safra 2020/21 Safra 2021/22 Algodão (ICE-NY) Perspectiva Rabobank

Fonte: Bloomberg, USDA, Imea, Conab, Rabobank 2021


No Brasil, as exportações recordes de 2021 impulsionada pela demanda chinesa resultaram em uma
baixa disponibilidade da pluma no mercado local, que ofereceu suporte aos preços e ao cenário de
margens do produtor. Com isso, a perspectiva é que sejam semeados 1,54 milhão de hectares de
algodão na safra 2021/22, uma expansão de 12% no comparativo com o ciclo anterior. O cenário
favorável de margens associado a uma desvalorização cambial irão favorecer a retomada do aumento
da área em 2022.
Assumindo a linha de tendência de produtividade, a produção brasileira atingiria 2,7 milhões de
toneladas de pluma. O clima permitiu o antecipado avanço do plantio da soja o que deverá permitir o
plantio do algodão no período ideal para o cultivo da fibra, logo após a colheita da soja que acontecerá
partir do início de janeiro/21.
Em linhas gerais, especialmente devido ao período de maiores incertezas com relação à demanda por
algodão em função da pandemia da Covid-19, o ritmo da comercialização do algodão da safra 2021/22
se manteve em linha com a média dos dois últimos ciclos. Segundo a BBM (Bolsa Brasileira de
Mercadorias), até o final de outubro/2021, haviam sido registradas a venda de 566 mil toneladas de
pluma referente ao ciclo 2021/22 no Brasil, dos quais 60% via contratos de exportação, 18% voltados
para mercado interno e 12% na modalidade flex (exportação com opção para mercado interno). Para
fins de comparação até esse mesmo período, haviam sido negociadas 500 mil toneladas na safra
2020/21 e 674 mil toneladas na temporada 2019/20.
No mercado local, as cotações do algodão em pluma também acumularam altas atreladas aos elevados
preços do mercado internacional o que vem sustentando a paridade de exportação. As exportações
brasileiras devem permanecer aquecidas durante 2022, cenário que irá fomentar os baixos estoques de
algodão durante o ciclo 2021/22.

Ponto de Atenção
• A alta dos custos dos insumos poderão impactar negativamente a rentabilidade do algodão da
safra 2021/22 e a disponibilidade do produto também deverá ser monitorada.

Algodão • O clima durante o plantio e desenvolvimento do algodão deverá ser monitorado, de acordo com
o IRI e as elevadas chances de ocorrência de La Niña pode beneficiar a cultura com chuvas acima
da média na região Nordeste do Brasil.
Proteína Animal
Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

p A Peste Suína Africana (PSA) segue ativa na Ásia, Europa e América do Norte e ainda sem
perspectivas de controle nessas regiões no curto prazo.

p Cenário de volatilidade deve continuar impactando o setor produtivo tanto do lado da


oferta como da demanda.

p Custos com ração devem ser menores no próximo ano com as expectativas de incremento
na produção da atual safra de grãos.

q Participação ainda maior da China nas exportações brasileiras de carnes elevam os riscos do
setor pela forte dependência desse mercado.
Demanda interna segue desafiada
A recuperação da economia nacional e global com o avanço da vacinação contra a Covid-19, os riscos
climáticos para produção de grãos e pastagens (La Niña), novas projeções de câmbio mais
desvalorizado, lançamento do novo pacote de ajuda financeira, demanda chinesa e as eleições devem
guiar o mercado brasileiro de carne bovina em 2022, que tende a ser tão volátil quanto este ano. Maior
clareza apenas com relação à demanda externa, principalmente da China, que nos volumes exportados
até outubro representou 45% do total embarcado e espera-se aumentos de demanda até pelo menos
2025. No mesmo período do ano anterior, a participação foi de 42%, mostrando que o Brasil tem se
consolidado como maior fornecedor de carne bovina e conquistando ainda mais espaço. Outro ponto
importante é com relação aos preços da ração que devido às projeções de aumento de produção
devem registrar preços médios inferiores ao comercializado este ano, principalmente na segunda
metade do ano.
Com relação às exportações, no acumulado de janeiro a outubro 2021, a China ainda se mantém como
maior destino, seguidos por Hong Kong e os Estados Unidos. Juntos, esses três mercados representam
63% de todas as vendas externas. O ponto de instabilidade fica por conta da suspensão dos embarques
para a China desde 4 de setembro, após a confirmação de dois casos atípicos de EEB. Os dados de
outubro indicam queda de 49% nos embarques totais com relação ao mês anterior, com a China
reduzindo as compras em 93% no mesmo período. Apesar das expectativas para o retorno em breve
sejam ainda positivas, os impactos nas quedas dos preços do boi gordo têm sido significativos.
Porém, quando olhamos para demanda chinesa no médio prazo, as expectativas são de incremento
nas importações. Isso porque as mudanças nos hábitos de consumo durante o período da pandemia
tem elevado o consumo de carne bovina e projetando um cenário de crescimento limitado da
produção local, a única alternativa é aumentar as compras externas. E nesse sentido o Brasil está bem-
posicionado no mercado chines.
Novas oportunidades também podem surgir com os Estados Unidos, que nos dados até outubro
aumentaram em 86% das compras do Brasil e com as expectativas de Real mais desvalorizado pode
ganhar ainda mais competitividade nesse mercado. Devido à suspensão temporária dos embarques

Boi para a China, projetamos uma redução de 2% em volume, em comparação com o ano anterior. E para
2022, ligeira recuperação de 1% nas vendas externas.
Pelo lado dos custos de produção, os custos com ração, que registraram forte escalada nos preços no
ano passado, atingiram o preço máximo em fevereiro e desde então tem adotado tendência de queda.
Já os preços do bezerro atingiram o pico em abril e a partir desse mês só tem se desvalorizado.
1. Indicador do boi gordo 2. Relação de troca boi gordo x bezerro
350 2.5

300 2.3

Relação de troca
Boi Gordo R$/15kg

2.1
250
1.9
200
1.7

150 1.5

100 1.3

Boi Gordo Relação de troca Média - 5 anos

3. Produção brasileira de carne bovina 4. Exportações brasileiras de carne bovina


10,200 10,100
9,900 2,539 2,488 2,513
9,675 9,723 9,747 9,844
9,550 2,314
9,425
9,307 9,284 2,021
1,798 1,850 1,803
1,659 1,652
Mil toneladas

1,483

Mil toneladas

Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank (2021). 28


O boi gordo, após os aumentos atípicos de preço no 1° trimestre se manteve estável até o início da
suspensão dos embarques para a China, quando começou o ritmo de desvalorização. Conforme as
nossas análises, no comparativo anual, em outubro, os preços do boi gordo e bezerro registraram
valorização de 2% e 20%, respectivamente. Houve melhora nas margens do confinamento, porém o
bloqueio parcial ao mercado chines tem reduzido os estímulos para intensificar a produção, já que boa
parte do gado confinado seria para atender os requisitos de idade mínima (30 meses) do importador
da China.
Com relação aos preços da carne bovina no atacado, a carcaça traseira que registrou aumentos desde o
início do ano, atingiu a maior cotação em junho e depois seguiu estável até o final de setembro,
quando passou a desvalorizar. Com o passar dos meses, a demanda interna teve ligeira melhora em
comparação com o 1° trimestre, devido ao retorno do auxílio emergencial, reabertura econômica com
o avanço da vacinação e melhora da competitividade com as carnes de frango e suína. Porém, no
comparativo anual o consumo doméstico deve encerrar este ano com nova queda de 4% a 5%.
Os dados mais recentes do rebanho bovino em 2020, mostram novo aumento no efetivo de 1,5% com
relação ao ano anterior, o maior rebanho desde 2016. Considerando a projeção de nova queda na
produção de 3,5% este ano, o estoque de animais deve registrar outro aumento. Dessa forma,
podemos ver alguns sinais de melhora na oferta no próximo ano, principalmente no 2° semestre a
depender do comportamento dos preços do boi gordo. Em um cenário menos otimista, estímulos para
liquidação de fêmeas e redução de rebanho para diminuir os custos também podem favorecer este
contexto. Esperamos que a produção de carne bovina recupere 1,0% em volume no próximo ano,
sustentada pelas expectativas de incremento nas importações da China e leve recuperação de 0,5% no
consumo doméstico.

Ponto de Atenção
• A falta de mão de obra em outros países produtores como da Europa e América do Norte deve
criar desafios para toda cadeia de suprimentos e pode ser fator adicional de competitividade

Boi •
(além do câmbio) do Brasil no mercado internacional.
Forte valorização da carne bovina no mercado doméstico em momento de fragilidade
econômica elevam os desafios para recuperação do consumo per capita.
Cenário favorável para produção
O cenário de reabertura e recuperação econômica mundial tem favorecido a demanda por carnes,
principalmente as mais baratas como o frango. Desafios pelo lado da oferta, como os altos custos da
ração, do frete marítimo, energia elétrica e os desafios sanitários com a gripe aviária corroboram para
equilibrar o balanço entre oferta e demanda. A China ainda se mantém como principal destino da
carne de frango brasileira, porém o ritmo ainda crescente da produção local nos últimos quatro anos e
a recuperação da produção de carne suína tem reduzido os níveis de importação do país asiático.
Projetamos para este ano um incremento de 5% na oferta de carne de frango chinesa com relação ao
ano anterior. Vale lembrar que além da PSA, a gripe aviária também se mantém ativa no território
chinês e impactando negativamente na produção de frango em algumas regiões.
A queda significativa dos preços da carne suína na China, atingindo patamares abaixo do
comercializado pré-PSA, somado a política de “tolerância zero” do governo para novos casos de Covid-
19, aplicando o “lockdown” logo após a confirmação, tem reduzido a demanda pela carne de frango
em restaurantes e hotéis. Mesmo com esses desafios, esperamos que a oferta chinesa de carne de
frango aumente outros 2% no comparativo anual.
Em 2021, no acumulado de janeiro a outubro, as exportações brasileiras registraram elevação de 9% em
volume e 24% em faturamento, ou seja, os repasses das altas nos custos de produção tem sido
absorvidas pelo mercado internacional. O principal destaque é a queda de 3% nos embarques para a
China, responsável por 15% das compras, e para a Arábia Saudita que cedeu o lugar de 2° maior
importador para o Japão e reduziu a demanda em 16%, reflexo dos embargos feito em maio onde 11
plantas foram suspensas. Porém, no comparativo anual o saldo ainda é positivo devido aos novos
destinos que tem ganhado espaço nas exportações brasileiras. Emirados Árabes e África do Sul têm
registrado incrementos de 25% e 17% no acumulado até outubro, em volume. Na Europa, Holanda e
Reino Unido também tem aumentado significativamente as importações, e não menos importante, o
México que no acumulado do mesmo período saltou de 14 mil toneladas para 99 mil toneladas
(+622%).

Frango Expectativas se mantêm positivas para grande parte dos destinos em 2022, porém no caso do México
as oportunidades de crescimento nos embarques estão mais limitados para o próximo ano. Isso
porque, os Estados Unidos, com sérios desafios na oferta de mão de obra, têm enviados grandes
remessas de frango para serem desossadas no México, com garantias de preços menores. E pelo lado
da oferta, os altos custos com alimentação podem limitar a produção, porém, as expectativas de
recuperação na produção suína após forte queda no ano passado, deve limitar a capacidade de
importação da carne de frango.
1. Preço da carne de frango – atacado de SP 2. Preço do frango vivo e do milho
6.5 100.0
9
6.0 90.0
8 5.5 80.0
7 5.0 70.0

R$ / saca
4.5 60.0
6

R$ / kg
R$ / kg

4.0 50.0
5 3.5 40.0
4 3.0 30.0
2.5 20.0
3
2.0 10.0
2

Frango vivo - Interior de SP Milho - Oeste PR

3. Produção brasileira de carne de frango 4. Exportações brasileiras de carne de frango

14,366 14,581 4,119 4,180


3,977 3,960
13,612 13690 13,880 3,841 3,889 3,770 3,875
13,146 12,910 13,355 3,508 3,482 3,558
12,645 12,692
12,308

Milhões de toneladas
Mil toneladas

Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank (2021). 31


Projetamos novo aumento nas exportações de 1,5% em volume em 2022.
Após
Com a queda
relação registrada
ao mercado no consumo
doméstico, de de
a carne carnes notem
frango Brasil como
a sido consequência
a proteína animal da
maisrecessão
beneficiada
emeconômica,
termos deoconsumo,
mercado diante
doméstico vem registrando
do cenário sinaiseconômica
de reabertura de recuperação. Dada a do
e recuperação melhora
poder de
previstaDiferente
compra. para a economia em 2019,
do que ocorreu como Rabobank espera
a carne suína, que que a recuperação
encontrou gradual
desafios para do os
transferir
consumodedecustos
aumentos proteína animal no
e o aumento demercado
produção,doméstico,
a carne de já vista tem
frango modestamente
seguido ritmoemde2017 e
valorização
2018, se mantenha em 2019. Vale ressaltar que em um cenário de crescimento
praticamente desde o início do ano, registrando a segunda queda mensal nos preços em outubro econômico
maisaacelerado,
(após o consumo
queda de abril), também
refletindo deve
os bons responder
níveis mais fortemente.
de demanda interna.
Com o avanço
Em relação dos meses
à oferta, a competitividade
de acordo com dados do com IBGE,asa produção
carnes bovina e suína
de carne foi caindo,
de frango porém,
no Brasil
projetamos mais de
cresceu cerca um1% incremento
no primeirono consumo
semestre per capitaem
de 2018, de relação
2,5% este
aoano,
mesmose consolidando
período do mais
ano um
ano como aPorém,
anterior. carne mais
dadoconsumida
o impacto pelo brasileiro.
da greve Cenário que deve
dos caminhoneiros se mantereno
na produção o próximo ano, porém
ajuste realizado
com expectativa de crescimento menor, abaixo de 1%.
pela indústria para adequar a oferta à realidade da demanda, estimamos queda de 2% na
Jáprodução
os custos de de produção,
2018 em principalmente
relação ao ano da de 2017.
ração, assimJácomo
para na2019, o Rabobank
produção suína devem projeta
continuar
crescimento da produção de frango, ao redor de 3%.
impactando as margens do setor, porém com menor intensidade, já que as expectativas de novos
aumentos de áreaainda
Em um cenário plantada
incertoe produtividade devemem
quanto à volatilidade reduzir
2019,oso produtor
preços médios comercializados
independente de aves, com
relação a este ano (ver seção milho). Projeções de desvalorização do
assim como produtores de suínos ou bovinos em sistemas intensivos de produção, deve ficar
Real podem elevar a
competitividade com o mercado externo, mas com a próxima colheita do milho safrinha os preços
atento às oportunidades de compra de milho – que devem ser amplificadas pela maior
devem ser pressionados para baixo. Somado as expectativas de recuperação da economia no próximo
disponibilidade do cereal em 2019 (ver seção de mi
ano, esperamos um novo aumento no volume produzido, de cerca de 1,5% com relação a 2021.
O Em relação
cenário à indústria de
de volatilidade devefrango, a recuperação
se manter em 2022, continuada doque
e as variáveis consumo
podeminterno
impactar– em um de
no ritmo
cenário de do
recuperação oferta
PIB ajustada
devem ter – somada
atenção àmaior,
maiorbemdisponibilidade prevista do
como as condições de clima
grãos nesse
para afinal
produção
e início do
de raçãoano,
próximo animal,
que deve
podem trazer ambiente maisafavorável
umnegativamente
afetar produção para as margens
da próxima safra do
de setor.
grãos. De
No toda
mercado
externo, a manutenção do ritmo de reabertura econômica e câmbio ainda mais favorávele devem
forma, o desempenho das exportações continuará determinante para a disponibilidade a
precificação do frango no mercado local.
manter positivas as demandas pela carne de frango brasileira.

Ponto de Atenção
• A carne de frango deve se manter como destaque entre as proteínas animais, principalmente no
cenário de retomada econômica e recuperação do consumo doméstico.

Frango • Novos destinos podem ganhar espaço nas exportações brasileiras, com as tendências de queda
de importação da China e Arábia Saudita e somado as expectativas de câmbio ainda mais
competitivo no mercado internacional.
Oferta deve seguir em alta
Oferta global de carne suína deve registrar mais um aumento em 2022, seguindo o ritmo de retomada
da produção chinesa. Porém, devido à recuperação da oferta mais rápida que a demanda, os preços
internacionais devem seguir pressionados durante o ano. No caso da China, a melhora na produção
também tem sido a custas de liquidação de rebanho e matrizes (margens de produção estreitas e nova
variante da PSA afetando algumas regiões), o que deve impactar diretamente na velocidade de
recomposição do mesmo. Pelo lado da demanda do país asiático, a política de “tolerância zero” para
novos casos de Covid-19 tem ocasionados novos lockdowns e trazido mais instabilidade para
demanda, principalmente por foodservice.
Este cenário explica a queda nos embarques para a China no 3° trimestre e sinaliza que as compras
devem se manter neste nível até o final do ano. Projetamos uma queda nas importações chinesas em
aproximadamente 10%, em volume, com relação ao ano passado e recuperação do rebanho suíno em
10% no mesmo período. O movimento de abate de matrizes em algumas regiões somado aos altos
custos de produção e queda do faturamento devem impactar no ritmo de recuperação do rebanho em
2022, e com isso, esperamos um novo aumento de 5% no plantel suíno.
Mesmo com a redução nas compras este ano, a carne suína brasileira tem consigo ganhar mais
competitividade e os dados acumulados até outubro mostram uma elevação de 14% nas importações
da China no comparativo anual, se consolidando como 2° maior exportador atrás apenas da Espanha.
Considerando os embarques totais, o aumento é de 13% em volume e 21% em faturamento no
mesmo período. Projeções de Real mais desvalorizado para o próximo ano, podem trazer ainda mais
oportunidades para carne brasileira, mesmo com a expectativa de nova queda na demanda do país
asiático. O Rabobank espera que as exportações registrem novo recorde com aumento de 1% no
comparativo anual.
Já no mercado brasileiro, o equilíbrio entre oferta e demanda por carne suína tem registrado diferenças
nas regiões produtoras, refletindo não apenas nas margens de produção, mas também nos diferentes
cenários de demanda (interna e externa). De maneira geral, os incrementos na oferta tem desafiado a

Suínos demanda, principalmente local, e dificultado os aumentos de preços tanto do suíno vivo como da
carcaça.
Em relação à oferta, de acordo com dados da PTA-IBGE, a região Sul, maior produtora e exportadora,
elevou a produção no 1° semestre de 2021 em 7,8% (volume), não somente devido ao aumento da
demanda interna, mas também pela maior demanda externa, principalmente da China.
1. Preço da carne suína – atacado SP 2. Preço do suíno vivo e do milho

14 9.5 100
13 90
8.5
12
7.5 80
11

R$ / saca (60 kg)


10 70
6.5
R$ / kg

R$ / kg
9 60
5.5
8 50
7 4.5
40
6 3.5 30
5
4 2.5 20
1.5 10

Carne Suína
Suíno Vivo - PR Milho - Oeste do Paraná

3. Produção brasileira de carne suína 4. Exportações brasileiras de carne suína

1,296 1,309
4,352 4,461 1,178
3975 4,125
3,700 3,725 3,763
3,519
3,330 3,335 3,400
832 861
Mil toneladas

Mil toneladas
776
722
661 627
585 556

Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank (2021). 34


Estados como Mato Grosso e São Paulo, 5º e 6º maiores produtores em 2020, registraram ligeiras
quedas de 0,2% e 0,4% no mesmo período. No 1° semestre, a produção nacional foi 8,9% maior, no
acumulado do ano. Projetamos um novo aumento este ano de 5,5% no comparativo anual e para o
próximo ano mais um incremento de 2,5%.
Pelo lado dos custos, os preços da ração que registraram forte escalada no ano passado, atingiram o
preço máximo em fevereiro e desde então tem adotado tendência de queda e, melhorando as
margens da produção. Em outubro, o preço da ração foi apenas 5% maior que o mesmo período do
ano anterior, situação melhor ante os 110% em relação a janeiro. Do lado da receita, a carne suína caiu
18% e o suíno vivo 19% no mesmo período. Diferente do comportamento de valorização dos preços da
carne de frango devido aos repasses de aumentos de custos em um cenário de boa liquidez, os preços
do suíno vivo e a carne suína mantiveram-se praticamente estáveis durante o ano, intercalando meses
de alta e quedas.
O início de 2022 será o primeiro desafio para o setor, com a redução sazonal na demanda para a China
em janeiro, somada ao menor consumo doméstico nesse período, pode trazer um cenário de pressão
nos preços do atacado/varejo com o próprio mercado testando o poder de compra do consumidor.
Vale mencionar que o comportamento da demanda no feriado do Ano novo chines, somado aos
desafios adicionais com a PSA e Covid-19 (com a chegada das estações mais frias) vão direcionar as
exportações brasileiras no início de 2022. A procura por novos destinos deve se intensificar no próximo
ano com a tendência de recomposição do plantel suíno da China e recuperação da oferta global
elevando a competitividade no mercado externo.
A chegada da PSA na República Dominicana e Haiti coloca a América do Sul como única região do
mundo sem casos de contaminação desse vírus. Com isso, elevam-se os riscos sanitários para a
produção de suínos dos Estados Unidos e para produção brasileira que já tem adotado novos
protocolos de segurança para mitigar os riscos tanto nas fronteiras como nas plantas produtoras.

Ponto de Atenção

• Pesquisas para desenvolvimento da vacina contra PSA têm avançado no mundo, porém ainda

Suínos •
sem expectativas para lançamento comercial da vacina no curto prazo.
Mesmo com a expectativa de menor demanda chinesa por carne suína, o fator cambial pode
trazer novas oportunidades para as exportações brasileiras.
Café
Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

p Rabobank estima a safra 2022/23 brasileira em 63,5 milhões de sacas, sendo 42 milhões
para o tipo arábica (queda de 21% para o arábica em relação ao último ciclo de alta).

p Gargalos logísticos devem continuar impactando o fluxo global de café em 2022. O índice
WCI indica aumento de 250% nos fretes conteinerizados, nos últimos 12 meses.

p Demanda global de café continua aquecida. O Rabobank projeta o consumo global 2021/22
em 168,6 milhões de sacas, 2,4% maior em relação à 2020/21.

q Aumento de produção em regiões produtoras relevantes de arábica e robusta, associadas a


uma resolução mais rápida nos problemas logísticos podem pressionar os preços.
Demanda forte, mas a oferta...
Nos últimos meses, o mercado de café atravessa por momentos de alta volatilidade e forte valorização.
Em outubro 2021, os preços de café arábica em Nova Iorque (ICE-NY) alcançaram seu maior patamar
desde 2014, valendo em média USD 2,03/lp, 89% maior em relação a outubro 2020. No mercado local,
o real ainda depreciado colaborou para que as cotações de café atingissem níveis recordes nominais
em outubro, em média R$ 1.222/saca (60 kg) e R$ 799/saca, respectivamente, para o tipo arábica e
conilon.
Preocupações com a oferta brasileira foram um dos fatores para o aumento dos preços. Em julho 2021,
três geadas atingiram regiões produtoras de café arábica no Brasil, uma delas a pior em duas décadas.
Os danos para a próxima safra (2022/23) ainda não são claros, dado que existem incertezas em relação
à reação das árvores frente aos bons volumes de chuva (desde setembro) e a taxa de poda nas áreas
afetadas. Acreditamos em uma redução do potencial produtivo próximo a 4 milhões de sacas para
2022/23. Por outro lado, a geada pouco impactou na colheita 2021/22, estimada em 56,7 milhões de
sacas, sendo 36 milhões do tipo arábica (32% inferior em relação ao ciclo anterior). O ciclo bienal
menor e as baixas precipitações prejudicaram a produtividade. Apesar de afetar a quantidade e
tamanho dos grãos, o clima seco acabou favorecendo a produção de cafés de boa qualidade.
A logística continua impondo gargalos na oferta global de café, especialmente o aumento nos custos
dos fretes marítimos, menor disponibilidade de contêineres e cancelamento de bookings. Desde o
início do ano, os problemas logísticos vêm limitando as exportações, principalmente no Vietnã e Brasil.
Em 2021 (jan–set), o Brasil exportou 29,8 milhões de sacas, 4,1% menor em relação ao mesmo período
em 2020. Apesar dos custos dos fretes conteinerizados indicarem uma redução recentemente (índice
WCI), eles ainda estão 250% maiores em comparação há 12 meses, em USD 9.195/contêiner (04/nov).
Mesmo com a melhora na situação, a expectativa é que os desafios logísticos persistam em 2022.
Enquanto a oferta enfrenta limitações, a demanda de café parece se consolidar. A reabertura do
comércio e a recuperação econômica estão colaborando na aceleração do consumo. Nos últimos 12

Café meses, os estoques de café na Europa, EUA e Japão diminuíram, respectivamente, 8,5%, 5,9% e 7,0%.
Desde julho 2021, os estoques certificados de Nova Iorque apresentaram uma rápida queda de quase
350 mil sacas. Embora ainda existam preocupações com a Covid-19 nessas regiões (aumento de casos
ou surgimento de novas variantes), principalmente com a aproximação do inverno no hemisfério
norte, seguimos otimistas para o consumo. O Rabobank projeta a demanda global 2021/22 em 168,6
milhões de sacas, crescimento de 2,4% em relação ao ciclo anterior.
1. Consumo global de café 2. Preços de café
220 1,400
180 162.6 164.6 168.6
1,300
160 200
1,200
Milhões de sacas (60 kg)

140 180 1,100

R$/saca (60 kg)


120 1,000
160

U$c/lp
100 900
80 140 800
60 120 700
40 600
20 100
500
0 80 400

Arábica Robusta ICE NY - Arábica CEPEA - Arábica

3. Produção de café brasileiro 4. Balanço global de café


15.0 50%

Milhões de sacas (60 kg)


10.0 40%
19.0
Milhões de sacas (60 kg)

% Estoque/Uso
16.8 21.5 5.0 30%
20.7
20.7
12.5
0.0 20%

53.0 -5.0 10%


45.9 42.0
36.7 38.8 36.0
-10.0 0%

2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 e 2022/23 p

Arábica Robusta Arabica Robusta Estoque/Uso

Fonte: Bloomberg, Rabobank 2021


Considerando os principais concorrentes do Brasil, após uma safra 2020/21 menor, é esperando um
aumento na produção de café arábica em 2021/22. A safra 2021/22 colombiana é estimada 14,5
milhões de sacas, 4,3% superior em comparação ao ciclo passado. Em Honduras, a atual colheita é
projetada em 6,7 milhões de sacas, 4% acima em relação à 2020/21. A soma das produções do México,
Peru, Guatemala, Nicarágua e Costa Rica é estimada em 15,8 milhões de sacas, 2% superior comparada
à 2020/21. Para o mercado de café robusta, o Rabobank projeta a safra 2021/22 vietnamita em 30,3
milhões de sacas, um crescimento de 5,2% em relação ao ciclo passado. Será importante acompanhar a
colheita nessas regiões. Embora os elevados preços de café estimulem os investimentos na lavoura, o
crescente aumento dos custos (ler capítulo: Insumos) e complicações no recebimento dos insumos
trazem preocupações se esses ganhos de produtividade vão se materializar.
Olhando à frente, a próxima safra 2022/23 brasileira segue com muitas incertezas. Após geadas e um
longo período seco, excelentes volumes de chuvas estão ocorrendo em quase todas as regiões
produtoras de café (exceção à Rondônia) e estão auxiliando na recuperação dos cafezais. No entanto,
as condições iniciais das lavouras estavam longe das ideais e, existem grandes preocupações em
relação ao pegamento e desenvolvimento dos frutos. Neste contexto, o Rabobank estima a safra
2022/23 brasileira em 63,5 milhões de sacas, sendo 42 milhões para o tipo arábica. Isto representaria a
menor produção de café arábica desde 2016, considerando um ciclo de alta produção. Enquanto para
o arábica existe um elevado grau de incerteza, a produção de conilon segue com boas perspectivas de
produção. Se a logística permitir, essa produção abriria espaço para boas exportações em 2022
(especialmente no segundo semestre), hoje projetada entre 38 – 40 milhões de sacas.
Diante deste cenário, o Rabobank projeta um déficit global em 2021/22 de 3,5 milhões de sacas, que
associados as dúvidas no fluxo da oferta global, aquecimento da demanda, consumo dos estoques e
incertezas na safra 2022/23 brasileira devem dar suporte às cotações globais de café. Os preços de café
na ICE-NY devem permanecer voláteis (dado a alta participação dos fundos não-comerciais) e
projetados em média entre USD 1,6-2,1/lp ao longo de 2022.

Ponto
Whatde
toAtenção
watch
• O Rabobank projeta o consumo 2021/22 brasileiro em 21,5 milhões de sacas, 0,5% acima em
relação a 2020/21 (maiores detalhes aqui).

Café •


Torrefadores devem repassar ao consumidor o aumento dos custos de matéria-prima (café
verde). Porém, não acreditamos em um grande impacto no consumo global.
Bons volumes de chuvas são previstos até o final de 2021. A partir de 2022, incertezas pairam
sobre a manutenção das precipitações. Caso as condições continuem favoráveis, a produção
brasileira de café arábica pode atingir até 48 milhões de sacas em 2022/23.
Cana, Açúcar e Etanol
Riscos e oportunidades para o setor (impacto nos preços: p alta n neutro q queda)

p No campo, a expectativa preliminar para 2022/23 é que condições climáticas dentro da


normalidade ajudem os canaviais a recuperar parte da produtividade perdida em 2021/22.
Qualquer sinal de clima adverso no centro-sul deve provocar uma reação no mercado.

▪ O preço internacional de açúcar é devem seguir firmes em 2022, tanto para incentivar um
mix alto de açúcar no Brasil, em mais um ano de escassez de cana, quanto para garantir a
disponibilidade de açúcar indiano no mercado internacional no primeiro semestre do ano.

▪ O Rabobank projeta o preço internacional de petróleo (Brent) em USD 80/barril durante


2022. Em conjunto com o câmbio fraco e oferta limitada de etanol doméstico, é esperado
mais um ano de preços elevados de etanol, se não houver intervenção no mercado.
Em busca da produtividade perdida
A safra 2021/22 não será esquecida tão cedo. Além dos já esperados impactos na produtividade devido
ao longo período seco que começou no início de 2020, o canavial também sofreu com os efeitos das
geadas e incêndios ao longo de 2021. Este conjunto de fatores levou a safra no centro-sul a cair em até
15%, de 605 milhões de toneladas em 2019/20 para 515 - 525 milhões de toneladas projetadas para
2021/22.
Além disso, os custos – do diesel, de fertilizantes, e de tantos outros insumos - subiram
vertiginosamente. Mas, em compensação, os preços, tanto de açúcar e etanol quanto de cana, têm
sido altos, até espetaculares, durante 2021/22.
No caso do açúcar, a quebra de safra no Brasil, maior exportador global, valorizou o preço em Nova
Iorque a 20 USc/lp. No caso do etanol, além do aperto de oferta provocado pela menor produção, a
combinação de um real fraco e preço internacional de petróleo elevado, levou o preço da gasolina no
país a níveis inéditos. Como consequência, os preços de etanol passaram a safra inteira em patamares
nunca vistos antes. O aumento da receita deveria compensar o impacto nas margens das usinas e
fornecedores em 2021/22, da queda de produtividade e da forte apreciação dos custos.
A visão preliminar de 2022 é de um ano em que complicações não devam faltar. No campo, a herança
deixada por 2021 será um canavial afetado por geadas e incêndios, além de ter o seu desenvolvimento
atrasado pela seca. Surgiram vários quebra-cabeças em relação ao plantio – uma parte do plantio
planejado para ocorrer durante a safra não aconteceu devido à seca, enquanto talhões onde danos
expressivos foram causados por geada e/ou incêndio, o recomendado seria reforma-las. Esses fatores
sugerem que a taxa de plantio durante a entressafra deveria ser alta, mas isso exige muitas mudas e,
quanto mais se planta cana de 18 meses, menor a área a ser colhida na próxima safra. Lembrando que
se trata de uma safra onde os preços prometem continuar em patamares altos.

Cana, açúcar Como sempre, existem muitas variáveis a serem ponderadas para chegar em uma previsão preliminar
de moagem para a próxima safra. Por enquanto, o que parece provável é que o começo da safra
2022/23 seja tarde, para maximizar a chance de recuperação e desenvolvimento da cana. Mesmo se

e etanol
houver condições climáticas favoráveis durante a entressafra, com muito foco nos tratos culturais,
parece provável que a recuperação da moagem seja apenas parcial, em até 550 milhões de toneladas.
E, caso o clima na entressafra não voltar para normalidade e continuar abaixo do ideal, a moagem em
2022/23 no centro-sul ficaria igual ou até um pouco menor que a projetada para 2021/22.
1. Oferta/demanda global de açúcar 2. Preço internacional de açúcar

3. Preços domésticos de açúcar e etanol 4. Cenários para a arbitragem açúcar/etanol em 2022

Premissas:
1. Câmbio médio: 5,55 BRL/USD
2. Sistema atual de precificação
da gasolina
3. Estrutura tributária atual

Oferta equilibrada/demanda fraca Oferta apertada/demanda forte

Fonte: Bloomberg, CEPEA, Rabobank (2021). 42


As perspectivas para os preços na safra 2022/23 são positivos. Projetamos o preço internacional de
petróleo firme, ao redor de USD 80/barril (Brent) ao longo de 2022. Isso, em combinação com a
projeção da taxa de câmbio do Rabobank (veja capítulo de Macroeconomia) deveria manter o preço da
gasolina na bomba em níveis elevados (R$6 ou mais por litro base SP), considerando não haver
mudanças significativas na política de preços da Petrobras ou nos impostos sobre combustíveis.
Enquanto isso, o aperto na oferta doméstica de etanol deve continuar. Projetamos a produção de
etanol de cana em 2021/22 e 2022/23 em 23,9 e 24,1 bilhões de litros, respectivamente, com etanol de
milho acrescentando 3,4 e 3,8 bilhões de litros. A combinação de um preço elevado da gasolina com
uma oferta restrita de etanol, leva a uma previsão preliminar do Rabobank de que o preço ESALQ de
hidratado (excluindo imposto) fique em média entre R$3,40 – R$3,80 por litro em 2022/23.
No caso de açúcar, a queda esperada na produção brasileira em 2021 aponta que o mercado precisará
contar com exportações indianas no primeiro semestre de 2022. Dados os sinais de que o governo
indiano não deverá disponibilizar subsídios para as exportações, calcula-se que o preço em Nova
Iorque teria que ficar em torno de 19-20 USc/lp ou mais, para incentivar as exportações.
Olhando para o segundo semestre de 2022, é claro que as perspectivas para a safra 2022/23 no centro-
sul do Brasil terão uma grande influência. Com a premissa de que haverá apenas uma recuperação leve
na moagem e considerando as projeções dos preços dos combustíveis (já mencionados), o preço Nova
Iorque teria que continuar ao redor de 18 USc/lp, ou acima disso, para manter tanto um mix altamente
açucareiro no Brasil (produção de açúcar no centro-sul em 2022/23 de 33,3 milhões de toneladas) e um
fluxo de exportações da Índia.
As perspectivas para os preços prometem sustentar a receita das usinas e dos fornecedores – as
projeções mencionadas anteriormente, implicam um preço Consecana (SP) em torno de R$1,15 por
quilo de ATR. Um aumento da produtividade no campo em 2022/23 ajudaria a suavizar o disparo nos
custos, mas, a manutenção de custos elevados para os insumos é quase uma certeza para a nova safra.

Ponto de Atenção

Cana, açúcar
Novamente, o clima durante a entressafra será fator determinante para o potencial da safra
2022/23 do centro-sul. Por enquanto, o mercado trabalha com expectativa de moagem em uma
faixa entre 530 – 550 milhões de toneladas.
• A contribuição dos preços dos combustíveis à alta da inflação em 2021 provocou uma série de
e etanol propostas para mexer com o sistema de precificação e/ou impostos. As projeções para os preços
internacionais e para o câmbio sugerem estabilização, mas, pouco alívio em 2022. Assim,
intervenções no mercado durante 2022 permanecem como possibilidades.
Leite
Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

p O preço ao produtor deve se manter elevado em 2022 com crescimento limitado da oferta.

q As incertezas econômicas aumentaram para 2022 e o impacto da inflação na perda de


poder de compra deve limitar a recuperação da demanda por alimentos.

p Preços internacionais levemente superiores e taxa de câmbio persistentemente depreciada


podem gerar algumas oportunidades de exportações pontuais.
Inflação e auxílio emergencial
O ano de 2021 foi bastante desafiador para o setor lácteo, com custos altos impactando toda a cadeia
e demanda abaixo do esperado. Após um 2020 de bons resultados com demanda crescente,
impulsionada principalmente pela forte transferência de renda do governo federal como resposta a
pandemia, as margens da indústria foram menores em 2021.
Após um início complicado em 2021 devido à piora expressiva da pandemia nos primeiros meses, o
cenário parecia melhorar significativamente a partir de abril com boas notícias macroeconômicas:
situação fiscal mais confortável (após a expansão do gasto público) e crescimento econômico
surpreendendo positivamente. Porém, as perspectivas positivas foram ficando para trás rapidamente
no segundo semestre em razão da inflação persistente, alta das taxas de juros, aumento do risco fiscal
e deterioração constante das expectativas econômicas para 2021 e 2022.
A piora das expectativas econômicas e principalmente a forte inflação, que deve levar o IPCA acima de
9% em 2021, enfraqueceu a demanda como um todo, mesmo com as boas notícias com relação ao
avanço da vacinação e melhora dos índices da pandemia. A demanda mais fraca significou menor
espaço para reajustes dos preços ao consumidor, justo quando os custos aumentavam
significativamente para a indústria láctea.
Por um lado, o custo da matéria-prima se manteve alto ao longo de 2021 com a oferta crescendo
timidamente, como consequência dos elevados custos de produção no campo. Nos primeiros dez
meses do ano, os preços pagos ao produtor foram em média 30% maiores, em comparação ao mesmo
período em 2020. Outros custos como combustíveis, embalagens e energia também impactaram as
margens da indústria de modo considerável. A diferença de 2020, quando a indústria conseguiu
repassar os preços em várias categorias e manteve as margens em patamares adequados, foi a
acentuada perda do poder de compra do consumidor em 2021, impedindo de realizar reajustes
significativos nos preços e, assim, piorando as margens da cadeia láctea.
As projeções para 2022 apontam para uma economia estagnada, inflação ainda elevada e grandes

Leite incertezas políticas e econômicas em ano eleitoral. O desempenho econômico esperado não deve ser
suficiente para recompor o poder de compra do consumidor e nem para aliviar significativamente o
elevado nível de desemprego (hoje, próximo de 13%). Por um lado, parece provável esperar uma
continuação do programa de transferência de renda em 2022, o que deve ajudar o consumidor de
baixa renda.
1. Preços internacionais (GDT) 2. Preço ao produtor líquido (R$/litro)
7,000 2.6
6,000 2.4
5,000 2.2
USD/tonelada

4,000 2.0
1.8

R$/litro
3,000
1.6
2,000
1.4
1,000
1.2
0 1.0
set-16

set-17

set-18

set-19

set-20

set-21
jan-16

jan-17

jan-18

jan-19

jan-20

jan-21
mai-16

mai-17

mai-18

mai-19

mai-20

mai-21
0.8
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Manteiga Leite em pó desnatado
Leite em pó integral Cheddar 2017 2018 2019 2020 2021

3. Rentabiliade estimada do produtor (R$/vaca/dia) 4. Balança comercial brasileira de lácteos


45 10,000
5,000
40
0
35

Mil toneladas
-5,000
R$/vaca/dia

30 -10,000
-15,000
25
-20,000
20
-25,000

set-18

jan-19

set-19

set-20

jan-21

set-21
jan-20
mar-19
mai-19

mar-20
mai-20

mar-21
mai-21
nov-18

jul-19

nov-19

jul-20

nov-20

jul-21
15
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2017 2018 2019 2020 2021 Exportações Importações Balança comercial

Fonte: Rabobank, GDT, Cepea, Milkpoint mercado, Secex 2021


Porém, a classe média continuará sofrendo os impactos da piora da economia e da perda de poder de
compra. Assim, parece provável esperar mais um ano desafiador para a demanda por alimentos em
geral. Para os lácteos, as categorias de maior valor agregado como iogurte, sobremesas lácteas e
queijos importados devem sofrer mais do que o leite fluido, leite em pó e queijo muçarela, que serão
provavelmente priorizadas pelo consumidor no cenário desafiador esperado para 2022. Vale a pena
sinalizar que um programa de transferência de renda mais robusto poderia trazer um impacto positivo
sobre o consumo, principalmente no primeiro semestre do ano.
Com relação à oferta de leite no campo, as estimativas são para preços levemente menores para os
custos dos grãos, considerando maior oferta nas safras brasileiras (ver capítulos de soja e milho). Porém,
a volatilidade da taxa de câmbio pode frustrar essas expectativas e manter o custo da ração em níveis
elevados ao longo do ano. Apesar de esperar custos levemente menores, a oferta no campo não deve
registrar crescimento muito expressivo, mantendo o ritmo de expansão próximo de 1% ao ano. Mesmo
com preços elevados no campo, o produtor de leite está pouco estimulado com margens menores no
final de 2021 e, deve iniciar 2022 com capacidade limitada para expandir a produção. Assim, o preço ao
produtor deve se manter em patamares elevados em 2022 com pouco crescimento da oferta e
demanda sendo sustentada principalmente por programas de transferência de renda.
O mercado internacional tem surpreendido nas últimas semanas com novas altas de preços, dado que
a oferta em algumas regiões vem desapontando e a demanda tem se mantido firme. Em caso de
manutenção do cenário de preços internacionais elevados e a taxa de câmbio persistentemente
depreciada, devem aparecer oportunidades para aumentar pontualmente as exportações de produtos
lácteos. Portanto, como sempre, as variáveis de preço interno, taxa de câmbio e preço internacional
darão o rumo para os próximos capítulos das importações e exportações.

Ponto
Pontosde
deAtenção
Atenção
•• A definição
Paradas do programa
significativas em de auxílio
2018 podem emergencial será importante
ajudar a manter para avaliar
os preços elevados comocomo
em 2018 o consumo
irá reagir no início
aconteceu em 2017. de 2022.

Leite •

A volatilidade
Várias
das
empresas
suas
em 2018.
morna.
dabrasileiras
taxa de câmbio
capacidades de BHKP.
poderá abrir
tem sinalizado
Novos projetos
janelasem
interesse
de
para exportação
considerar
investimento podem
nos próximos
projetos
ser
12 meses.
de expansão
As margens da indústria devem permanecer pressionadas com leite caro no campo e já
anunciados demanda
Suco de Laranja
Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

▼ Os problemas climáticos ao longo de 2021 impactaram negativamente a produtividade dos


pomares. A produção em 2021/22 é estimada em apenas 265 milhões de caixas.

q A demanda global parece dar sinais de novas quedas em 2021, após uma recuperação
pontual em 2020 devido aos impactos de curto prazo gerados pela pandemia.

p O mercado global está com pouco espaço adicional para novos problemas de oferta.
CitrusBR estima estoques de passagem para o final de 2021/22 em apenas 180 mil
toneladas. O que deve ajudar a sustentar os preços internacionais do FCOJ e NFC.
Demanda menor impacta preços
A safra 2021/22 em São Paulo deve encerrar com volumes próximos de 265 milhões de caixas pelo
segundo ano consecutivo, frustrando assim, as expectativas de início de safra que apontavam para
uma recuperação da oferta no principal parque citrícola do mundo. O período de seca mais intenso
dos últimos 90 anos aconteceu em 2021, ao longo do segundo e terceiro trimestres, impactando
significativamente a produtividade dos pomares para a safra atual. Adicionalmente, múltiplas floradas
irregulares, geadas no inverno (em julho) e o estresse acumulado das árvores (nas duas safras
anteriores), se somaram ao déficit de chuvas, levando a uma segunda safra abaixo de 270 milhões de
caixas. Como consequência da menor oferta de laranja, a produção de FCOJ e NFC em São Paulo deve
fechar abaixo das 900 mil toneladas FCOJ equivalentes em 2021/22. A oferta limitada de matéria-prima,
tem contribuído para manter o preço da laranja em patamares elevados ao longo de 2021 (preço spot
de R$ 30-35/caixa), o que tem em parte compensado as perdas de produtividade para o produtor, mas,
tem impactado negativamente nas margens da indústria.
Na Flórida, o cenário para a citricultura continua muito desafiador, com novas quedas na produção. O
último relatório de safra publicado pelo USDA em outubro de 2021, apresentou uma estimativa de
apenas 47 milhões de caixas para 2021/22, queda de 11% em relação à safra 2020/21. A elevada
incidência de greening, baixo nível de investimentos em novos pomares e custos de produção
elevados estão entre os fatores da contínua queda de produção. Por outro lado, a produção no México
deve apresentar uma recuperação em 2021/22 com menos problemas climáticos e, atingir uma
produção de cerca de 200 mil toneladas (FCOJ equivalente). Já na Europa, espera-se uma safra um
pouco melhor para 2021/22, estimada em 100 mil toneladas de FCOJ equivalente para a União
Europeia.
Em relação à demanda global, os números apontam que a recuperação no consumo vista em 2020,
influenciada pela pandemia, pode ter sido de fato um evento temporário. A maior procura por fontes

Suco de de vitamina C e alimentos saudáveis, somadas ao aumento por consumo de alimentos no lar durante o
período da manhã, certamente contribuíram para o crescimento da demanda por suco de laranja em
2020 e no início de 2021. Porém, após uma alta nas vendas de suco de laranja refrigerado no varejo dos

Laranja EUA de 17% (em valor) em 2020 comparado com 2019, os dados mais recentes da consultoria IRI
apontam para queda de 5% nos primeiros dez meses de 2021.
1. Oferta global de suco (FCOJ equivalente) 2. Demanda global de suco (FCOJ equivalente)
milhões de toneladas FCOJ equivalente 2.5 2.5

milhões de toneladas FCOJ equivalente


2.0 2.0 2.0
2.0 2.0 1.8 1.8 1.7
1.7 1.6 1.7 1.7 1.6
1.4 1.5 1.5
1.5 1.5

1.0 1.0

0.5 0.5

0.0 0.0
2015/16 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22e 2015/16 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21e 2021/22e

Brasil EUA Outros U.E. EUA Outros

3. Balanço global oferta e demanda de suco 4. Relação estoque/consumo e preço do suco


2,500 700 30% 3,000
milhares de toneladas FCOJ equivalente

milhares de toneladas FCOJ equivalente

Preços médio Rotterdam (USD/t)


Relação estoque/consumo
500 25% 2,500
2,000
300
20% 2,000
1,500 100
15% 1,500
1,000 -100 25%
10% 18% 1,000
-300 15% 16%
500 5% 12% 10% 500
-500 6%
- -700 0% -

Estoque/consumo Preço médio Rotterdam (USD/t)


Balanço Oferta Demanda

Fonte: Bloomberg, Rabobank, IHSMarkit, CitrusBR, USDA 2021


Assim, parece evidente que boa parte do aumento no consumo foi causado por efeitos pontuais da
pandemia durante 2020 e, no longo prazo, a demanda deve recuar gradualmente na medida em que a
vida retorne à normalidade. Em particular, a dependência constante da categoria por vendas nos
mercados desenvolvidos (tendências demográficas e de consumo) e crescimento limitado nos
mercados emergentes devem continuar sendo os principais vetores de vendas nos próximos anos.
Ainda é cedo para ter uma visão formada em relação à safra 2022/23. Porém, podemos dizer que as
árvores estão em situação de estresse considerável após duas safras com longos períodos de seca e
temperaturas extremas. Seria provável esperar uma terceira safra consecutiva de baixa produção,
considerando a condição dos pomares e as floradas irregulares. O Rabobank espera uma produção
para 2022/23 entre 255 e 285 milhões de caixas. Porém, vale a pena ressaltar que ainda é muito cedo
para projetar a produção no estado com precisão e o cenário pode mudar consideravelmente nos
próximos meses. A chegada das chuvas nos últimos dois meses tem sido favorável para ajudar a
melhorar a condição das árvores.
Apesar da oferta menor no Brasil e na Flórida, o mercado de suco de laranja não tem reagido
positivamente nos últimos meses e os futuros em Nova Iorque tem recuado para USc 120/lp, após
registrar níveis acima de USc 140/lp no terceiro trimestre. O fim do período de seca no Brasil ajudou a
derrubar os futuros em Nova Iorque. Já na Europa, os preços listados continuam em patamar próximos
a USD 1,900/tonelada em Rotterdam. Apesar da oferta menor, o mercado enxerga com preocupação
um novo recuo no consumo em mercados desenvolvidos e avalia que mesmo com estoques menores,
a oferta atual deve ser suficiente para atender a demanda. A queda dos estoques de passagem
esperada para o fim do ano-safra deve ser considerável e qualquer problema adicional na oferta
poderia trazer aumento de preços para o FCOJ. Porém, atualmente, um fator determinante na
formação de preços parece ser a preocupação de novas quedas no consumo. Assim, parece razoável
esperar que os preços listados de FCOJ na Europa continuem entre USD 1.800-1.950 por tonelada em
2021/22 em Rotterdam.

Ponto de Atenção

Suco de
O preço do NFC tem apresentado estabilidade (preços próximos de USD 450/tonelada) com
demanda firme nos principais mercados importadores.
• A CitrusBR estima que os estoques de passagem para a indústria brasileira podem atingir o
menor nível dos últimos 5 anos em maio de 2022, atingindo 180 mil toneladas de FCOJ
Laranja equivalente.
Celulose
Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda)

p As empresas brasileiras têm apresentado fortes resultados com preços internacionais


maiores em 2021 e o real brasileiro depreciado.

q A entrada de nova capacidade em 2022 representa um desafio para o mercado global.

p A retomada industrial da China deve se materializar no primeiro semestre de 2022 com o


fim das restrições, o que poderia ajudar a equilibrar o mercado e sustentar os preços
internacionais de celulose.
China piorando e oferta crescendo
Os preços globais da celulose de fibra curta apresentaram recuperação expressiva a partir do quarto
trimestre de 2020, chegando em meados de 2021, aos maiores níveis em três anos (BHKP em
USD770/tonelada na China). A retomada da atividade econômica global, liderada pela China, somado
aos estoques menores (45 dias equivalentes) e problemas de oferta, criaram as condições adequadas
para uma alta expressiva nos preços internacionais, após um longo período de preços baixos em 2019-
2020.
Porém, os preços da celulose caíram no terceiro e quarto trimestre de 2021 devido à piora nas
condições da economia chinesa, que representa uma fatia crescente na demanda global de celulose.
De acordo com dados da RisiFastmarkets e projeções do Rabobank, a China representava pouco mais
de 30% em 2015, mas, deve atingir 40% do consumo total em 2025, o que significa que as mudanças
no consumo na China terão um impacto crescente nos preços da celulose. Em 2021, o gigante asiático
tem imposto restrições na atividade industrial para limitar a poluição do ar, o que tem impactado
negativamente a produção de papel e, como consequência no consumo de celulose. Assim, os preços
têm reagido negativamente a partir de agosto, voltando para o patamar de USD 570/tonelada na
China no início de novembro, o que representa uma queda de USD 200/tonelada desde as máximas
no primeiro semestre do ano.
Parece provável que boa parte da demanda reprimida na China em 2021 seja transferida para a
primeira metade de 2022, dado que os estoques locais de papel, tissue e alguns materiais de
embalagem deveriam cair, devido à menor produção. Porém, o mercado de celulose começa a
assimilar a chegada da oferta adicional derivada da inauguração de novas fábricas, principalmente na
América do Sul.
A nova onda de expansões de oferta já se iniciou em 2021 com o projeto da Bracell (Royal Golden
Eagle) no Brasil em 2021, que conseguirá atingir um volume de produção máxima de 2,8 milhões de
toneladas de BHKP. Já em 2022 dois projetos relevantes serão concluídos no Uruguai e no Chile. A UPM

Celulose deverá completar a fábrica de Paso de Los Toros no Uruguai, com capacidade para produzir 2,3
milhões de toneladas de BHKP. Enquanto a Arauco, no Chile, deve completar o projeto MAPA, que
deverá gerar um aumento na produção de BHKP em 1 milhão de toneladas. Além desses
investimentos, outros projetos devem entrar em operação a partir de 2023, incluindo a expansão da
CMPC em Guaíba/RS, com aumento de capacidade de 350 mil toneladas e, o projeto da Suzano no
Mato Grosso do Sul, com estimativa de 2,6 milhões de toneladas de BHKP a partir de 2024.
1. Capacidade global por tipo de celulose 2. Exportações brasileiras de celulose
60 56 1800
49 1600
50
Milhões de toneladas

1400

milhares de toneladas
40 36
1200
1000
30
22 24
22 800
20 600
11 11 10 11
7 7 9 7 8
10 400
200

nov-18

nov-19

nov-20
set-18

set-19

set-20

set-21
jan-19

jan-20

jan-21
mar-19
mai-19

mar-20
mai-20

mar-21
mai-21
jul-19

jul-20

jul-21
0
2016 2021e 2026f
BHKP BSKP Dissolving Fluff Outros Exportações de celulose Média 12 meses

3. Vendas mensais de papelão ondulado no Brasil 4. Preços internacionais BHKP


380 1,600
360
1,400
340
milhares de toneladas

1,200

USD/ tonelada
320
300 1,000
280 800
260
600
240
400
220
200 200

fev-19
out-18

abr-19

out-19

fev-21
fev-20
abr-20

out-20

abr-21

out-21
ago-19

ago-20

ago-21
dez-18

dez-19

dez-20
jun-19

jun-20

jun-21
set-18

set-19

jan-20

set-20

set-21
jan-19

jan-21
mar-21
mar-19
mai-19

mar-20
mai-20

mai-21
nov-18

jul-19

nov-19

jul-20

nov-20

jul-21

Vendas papelão ondulado Média 12 meses Europa EUA China

Fonte: Bloomberg, RisiFastmarkets, Rabobank 2021


A entrada dessa nova onda de produção de celulose de fibra curta será gradativa, na medida em que
os novos projetos deverão passar por um período gradual de incremento de produção. Por outro lado,
espera-se que parte da oferta de celulose de fibra curta com menor competitividade seja retirada do
mercado em algumas regiões, principalmente na Ásia e na América do Norte. Porém, o setor já começa
a refletir sobre o aumento da oferta que virá dos novos projetos nos próximos cinco anos, e que
especificamente já deve começar a impactar o equilíbrio entre oferta e demanda a partir de 2022.
Os estoques globais de celulose de fibra curta (BHK) têm aumentado nos últimos meses, e segundo a
Risi Fastmarkets, devem estar próximos de 50 dias equivalentes, o que mostra uma disponibilidade
mais elevada. Assim, o ano de 2022 deve iniciar com um nível de estoques maiores aos percebidos no
início de 2021 (45 dias), o que pode ser um fator negativo para os preços internacionais, somado ao
aumento da oferta de fibra curta.
Para 2022, a grande questão será a retomada da China após o fim das restrições industriais, que estão
relacionadas aos jogos olímpicos de inverno (fevereiro de 2022). Uma retomada da demanda por parte
da China será importante para trazer de volta o equilíbrio ao mercado e, para estabilizar os preços
internacionais. Por outro lado, o consumo se mantém estável na América do Norte e na Europa, com
aumento de demanda para produção de tissue e materiais para embalagem e, demanda decrescente
no mercado de papéis gráficos.
No mercado brasileiro o desempenho favorável do mercado de papelão ondulado em 2021 (aumento
de 9% nas vendas nos primeiros nove meses comparados com 2020) deveria se repetir em 2022. A
demanda por caixas para embalagem de exportações deve continuar em alta, assim como caixas para
o varejo online.

Ponto de Atenção
• A entrada de novas capacidades em 2022 poderá impactar o equilíbrio do mercado.
• A retomada da China no início de 2022, após restrições de produção industrial, será essencial

Celulose •
para sustentar os preços internacionais.
Estoques globais levemente superiores podem dificultar a recuperação dos preços para a
celulose de fibra curta no primeiro semestre de 2022.
Araçatuba (SP) Querência (MT)
(18) 2103-8062 (66) 3529-3300

Balsas (MA) Ribeirão Preto (SP)


(99) 3542-7800 (16) 3211-6731

Barreiras (BA) Rio Verde (GO)


(77) 3612-0110 (64) 3624-0450

Brasília (DF) Rondonópolis (MT)


(61) 3451-5913 (66) 3423-4580

Chapadão do Sul (MS) São Paulo (SP)


(67) 3562-8250 (11) 5503-7000

Cuiabá (MT) Tangará da Serra (MT)

(65) 3911-9900 (65) 3311-9400

Lucas do Rio Verde (MT) Uberlândia (MG)

(65) 3549-8850 (34) 3291-5000

Palmas (TO) Varginha (MG)

(63) 3213-2278 (35) 3219-6727

Patos de Minas (MG) Guarapuava (PR)

(34) 3135-5100 (42) 3621-3441

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