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ENXOFRE – Relação Solo

Planta

Dra. Bárbara Hodecker

Treinamento VERDE
JAN 2021
PLANEJAMENTO
ENXOFRE – RELAÇÃO SOLO PLANTA

Leitura Prévia: Capítulo IX: ENXOFRE In: Fertilidade do Solo SBCS (pdf) – Leitura
Básica

Ø Relação Solo-Planta
Ø S Planta – Funções e importância do manejo correto
Ø S Solo – Formas S no solo
Ø Metodologias de Análises de S no solo
Ø Fertilizantes Potássicos
Ø Vantagens x Desvantagens

Leitura Complementar:
• Artigos:
• Sulfur modulates yield and storage proteins in soybean grains
• Elemental sulfur fertilizers and their use on crops and pastures
ENXOFRE

üMacronutriente;
üGrandes áreas com deficiência deste nutriente – especialmente Latossolos
(Oxisols) e Argissolos (Ultisols);
üDeficiência se manifestou quando comecou-se a busca por alta
produtividade;
üUso de adubos concentrados – mascarou durante alguns anos a necessidade
de S;
üFormas orgânicas e inorgânicas no solo.
ENXOFRE
Respostas frequentes e expressivas :
ØEm torno de 20 % em culturas anuais
ØAté 80% em culturas perenes

ü Razões para a mudança:


o Aumento da produtividade (maior demanda e maior exportação de
nutrientes)
o Maiores doses de N e P nas fertilizações (equilíbrios N:P:S)
o Uso de fertilizantes concentrados (Ureia, Super Triplo, MAP, DAP,
fórmulas NPK concentradas), e de defensivos sem S.
o Uso de solos com baixo teor de MOS (< S orgânico)
S - PLANTA
S - PLANTA

METABOLISMO -N

LUZ

N
RESPIRAÇÃO
S METABOLISMO - S METABÓLITOS CRESCIMENTO
ESTRESSES
PRPDUÇÃO
P

CO2
METABOLISMO- C

Hesse H et al. J. Exp. Bot. 2004;55:1283-1292


FUNÇÕES: METABOLISMO DO S

ü Aminoácidos
ü Metabolismo Energético
ü Hormônios Vegetais
ü Síntese de Vitaminas (biotina, vit B1, HSCH2
glutamina) CH2 Ácido lipóico (reduzido) .
HSCH (CH2)4 COOH
ü Proteínas
ü Metabólitos Secundários
ü Sulfolipídeos
ü Resposta à estresses – ligações
dissulfídricas (resistência ao frio)
AMINOÁCIDOS COM S
CH2SH CH2 - S - S - CH2 (CH2) - SCH3
H2NCH H2NCH HCNH2 CHNH2
COOH COOH COOH COOH

Cisteína Cistina Metionina

SULFOLIPÍDEO CH2SO3H
O
H2COOC-R
HCOOC-R'

HO OH O CH2

OH
COENZIMAS COM S
HSCH2
CH2 Ácido lipóico (reduzido) .
HSCH (CH2)4 COOH

COOH
H2NCH Glutatione (reduzido) = .
glutamil cisteinil glicina .
(CH2)2 CH2SH
CONH CH CO NH CH2 COOH

C
HN NH
C
HC CH
H2C CH (CH2)4 COOH Biotina
S
Absorção de S pelas plantas
ü Formas Absorvidas de S

o Estudos com radioisótopos (35S)

o SO42-, forma preferencialmente absorvida – PROCESSO ATIVO/ diferentes


tipos de transportadores

o A absorção de sulfato sofre antagonismo, especialmente pelo Cl-, pelo


excesso de aplicação de adubos como KCl, por ex.

o SO2, absorvido pelas folhas (regiões industriais) - interespecífico

o S orgânico, cisteína e metionina ao sofrerem degradação (pouco expressivo)


• Transporte no xilema
• Baixa redistribuição (entrada no floema é restrita) - comparação com N

Fonte: IPNI
Aquisição, Metabolismo e Assimilação

Sulfato

Sulfito

Sulfeto

Maathuis (2009)
ASSIMILAÇÃO DE SULFATO
Transportado do xilema da raiz até folhas à metabolizado

SO42- SH
VÁRIAS ENZIMAS

Cisteína

-2 !" -
SO 4 (+6) + 8H ¾¾® HS-2 (-2) + 2H 2O + 2OH-
+

Redução assimilatória – transferência de 8 elétrons

(+5) (-3)
NO3- + 8 elétrons + 8 H+ NH3 + 2 H2O + OH-
ASSIMILAÇÃO DE SULFATO

1) Antes da redução, o sulfato


É ativado (sulfato ativo) formando adenosil
5’-fosfosulfato
(APS) mediante a atividade da ATP 2) Nos plastídeos, a APS é reduzida pela APS-
Sulfato SO42-
sulfurilase (ATPS). redutase (APR) para sulfito (SO32-), que
posteriormente é reduzida a sulfeto (S2-) pela
sulfito redutase
(SiR). Deste modo o S2- é incoporado aos
esqueletos carbônicos (aminoácidos)
da O-acetilserina (OAS) para formar cisteína.
Sulfito SO32-

S2-
Sulfeto
3) O-acetilserina é sintetizado a partir
da serina e acetil coenzima-A pela
serina-acetil-transferase (SAT);
enquanto que síntese de cisteína é
catalizada pela OAS-tioliase (OASTL).
DEFICIÊNCIA DE S

Folhas Novas – SINTOMAS


Baixa redistribuição floemática

Valores semelhante aos de P


Faixa de teor normal de 1 a 3 g kg-1
----------------------------------------------
- inibe crescimento
- redução na produção
- clorose (folhas novas)

Ca – S – Micros
DEFICIÊNCIA DE S

Fonte: Lavres Jr. et al. (2005)


DEFICIÊNCIA DE S
Deficiência de S em algodoeiro

Fonte: IPNI
DEFICIÊNCIA DE S
Enxofre e qualidade do produto agrícola.

- Farinha deficiente em enxofre


Exigência de S pelas culturas
Muito variável:
• Crucíferas (colza,repolho),
70 - 80 kg/ha de S
• Líliaceas (alho, cebola);
• Leguminosas; 40 kg/ha de S

• Cereais e forrageiras; 15 - 30 kg/ha de S

Algumas culturas como:


ü Café
ü Cana Perenes (ex:Café e Eucalipto)
Requerem mais
ü Batatinha S do que P
respondem melhor que
ü Tomate Anuais (ex:soja) ao S aplicado
ü Ervilha
Interação entre nutrientes

ü Equilíbrio entre nutrientes - IMPORTANTE


ü Interação positiva de P x S em alguns trabalhos
ü Tanto no metabolismo vegetal e adubação fosfatada para
adsorção de SO42-
ü Ausência de S à respostas muito baixas à adição de P.
ü N x S : interação positiva
ü K x S : interação positiva
Interação positiva P x S

com P S1 com S
Produção P1

sem P sem S
S0
P0

dose de S dose de P

Exigências a S: crescem conforme aumenta a disponibilidade e absorção de


N e P.
S- Solo
• Formação da Crosta terrestre – S se concentrou-se em rochas ígneas – principalmente pirita (FeS2) de origem
magmática.
• Atividade vulcânica à grandes quantidades foram liberadas para atmosfera primitiva, na forma de gases sobreturo
SO2 e H2S
• Resfriamento da Terra, a temperatura baixou dos 100oC, massivas quantidades de vapor de água condensaram-se
formando os oceanos (3,8 bilhões de anos)
• S2 presente na atmosfera oxidou-se e dissolveu-se rapidamente na água dos mares, formando ácido sulfúrico
• Praticamente todo o S da atm dissolveu-se nos oceanos

• SO2 + ½ O2 + H2O --> H2SO4


• O sulfato dissolvido na água passou a reagir com o cátions disponíveis em grandes quantidades, principalmente Ca e
Mg, formando depósitos de gesso e evaporitos.
• Atualmente, estes sais representam o segundo maior reservatório de S na superfície terrestre.

RESERVATÓRIO QUANTIDADE DE ENXOFRE (Gt)


Atmosfera 0,0028
Oceanos (água) 1.280.000,00
Rochas Sedimentares
Pirita 4.970.000,00
Evaporitos 2.470.000,00
MOS 15,5
TOTAL 8.720.000,00
Schlesinger 1997
S no Solo
üS nos solos é insignificante comparativamente dos grandes reservatórios terrestres

üEntretanto a vida do planeta depende da ciclagem deste no sistema solo-planta

üFormas orgânicas:

•Resíduos orgânicos ’ decomposição de proteínas

•Aminoácidos livres: cisteína, cistina (à2 cisteínas), metionina

•Compostos orgânicos com S ’ Resistentes à mineralização

ü Formas Inorgânicas
CICLO BIOGEOQUÍMICO
S orgânico
Húmus: MOS, em equilíbrio secular (valores relativos)

País C-org N total P-org S total S-org


USA 110 10 1,4 1,3 1,2
Brasil 84-194 10 1,2 1,6 0,58-1,13

Adição de resíduo orgânico < 1,5 g/kg S ’ Imobilização S


Solos com relações amplas C:S, N:S ’ Imobilização S

“ argila ’ > Corg, >NTotal, > Sreserva, ’ > MO (complexos organo-metálicos)


S inorgânico

üSolos bem drenados: SO4-2


üSolos alagados: H2S – Formas reduzidas

Estados de oxidação do S no solo


Anaerobiose Aerobiose
Estados de
Oxidação S-2 S0 S+2 S+4 S+4 S+6

Composto ou H S S S2O3-2 SO2 SO3-2 SO4-2


2
íon
Os processos dinâmicos do S são similares aos do N
( transformações de S pela ação de diferentes microorganismos)
ADSORÇÃO DO S NO SOLO

ü SO42- à predominantemente adsorvidos por partículas minerais e orgânicas


ü Interação de cargas ou adsorção eletrostática (quando o sulfato interage com as cargas
positivas provenientes da protonação de grupos OH-)

ü Adsorção específicas, quando sulfato forma ligações covalentes com a superfície das argilas
ü SO42- adsorvido eletrostaticamente à prontamente disponível para as plantas
ü SO42- adsorvido de forma específica à menos disponível ou até mesmo indisponível a curto
prazo

Adsorção influenciada por:

o Densidade de grupamentos –OH disponíveis para ionização


o Condições favoráveis de pH ou não para protonação (H+)
o Tipo de argila – alta ou baixa atividade (2:1, 1:1, óxidos de Fe e Al).
o Grau de afinidade dos ânions pelas partículas do solo segue a ordem: citrato > Fluoreto >
fosfato = molibdato > sulfato = acetato > borato > nitrato = cloreto
Adsorção de S

Formação de complexo binuclear entre átomos de Fe e o sulfato


(goethita, hematita, hidróxidos de ferro amorfos)

Adsorção em superfícies positivas à deslocamento grupos OH2


em superfícies neutras à deslocamento de OH-
Formação anelar (Rajan, 1978)
(formas não-lábeis)
Disponibilidade de S no solo

Animais

Plantas SO2

SO4-2 dessorção SO4-2 S


adsorção
mineralização compostos
adsorvido solução orgânicos
imobilização

Lixiviação
T, Umidade, Qualidade do resíduo,
Relação C:S, acidez, estrutura da
comunidade microbiana
Transporte de S no Solo
Transporte de S para raízes de soja em três solos de Minas Gerais (Silva et al., 2002)

Doses Fluxo de Massa Difusão


de S Argiloso Arenoso/T.média Arg. Aren./T.média
mg/dm3 -------------------------------------- mg/vaso --------------------------------------

0 13,8 10,4 10,4 22,1


40 51,9 36,0 - -
80 154,8 92,0 - -
160 409,3 329,2 - -

Silva et al., 2002


Extrator:

Ø Fosfato Monocalcico -Ca(H2PO4)2 . H2O com 50ppm (S inorg. adsorvido)

Ø Ca(H2PO4)2 . H2O com 50 ppm em ácido acético 2N (S org. mineralizável).


Ø Determinação: turbidimetria (sulfato de bário).
Nível Crítico de S no solo varia com a textura
üPara 14 solos de Minas Gerais, o nível crítico de S, pelo extrator
Ca(H2PO4)2 – HOAc, variou com argila (%):
Fontes minerais de S
üSulfato de amônio (NH4)2SO4 -24 % de S

üSulfato de K (K2SO4)-15-17 % de S

üSuperfosfato simples- 12 % de S

üGesso agrícola (CaSO4)- 14-17 % de S

üS elementar- 80-100 % de S
Sulfato de amônio
ü 2NH3 + H2SO4 (NH4)2SO4
ü N: 20 % - forma amoniacal
ü S: 22 – 24 %
ü Adubos amoniacais: são de caráter ácido, em virtude da presença do íon amônio (NH+4)

Nitrificação:
2NH4+ + 3O2 à 2NO2- + 2H2O + 4H+
2NO2- + O2 à 2NO3-

ü Prontamente solúvel
ü Alto índice salino
ü Potencial para acidificar o solo – A cada 100 kg de N são necessários 535 kg de CaCO3

VANTAGENS E DESVANTAGENS
K2SO4 – Sulfato de K
• Aproximadamente 50 % K2O e aproximadamente 17 % S.

• Índice salino menor que o KCl;

• Pode ser obtido pela combinação do KCl com o ácido sulfúrico ou com a
quieserita (MgSO4.H2O).

• Mobilização vertical no perfil do solo

• Custo elevado
VANTAGENS E DESVANTAGENS
Super Fosfato Simples

Ca3(PO4)2 + H2SO4 Ca(H2PO4)2 + CaSO4.2H2O (Super simples)

üP2O5: 18-20 %
üS: 10-12 %
üCa: 18-20 %

üProntamente disponível
üCusto

VANTAGENS E DESVANTAGENS
Gesso agrícola
Ca3(PO4)2+ H2SO4 H3PO4 + CaSO4.2H2O (Ac. fosfórico. + gesso)

ü Subproduto da produção do ácido fosfórico (mas existem jazidas de gipsita


também)
ü14-17% de S
ü17-20 % de Ca
üPode ser usado como fonte de S
ü Aplicações localizadas ou combinado com o calcário (146 x mais solúvel que o
CaCO3)

£ 0,4 cmolc/dm3 Ca+2


Critérios para recomendar o gesso
agrícola (como condicionador de > 0,5 cmolc/dm3 Al+3
perfil)
> 30 % m
Gesso agrícola
üReações no solo
Gesso agrícola
üCondicionador de Subsuperfície

a)

b) Complexação do Al3+ pelo SO42-


Gesso agrícola
üCorreção de solos sódicos

VANTAGENS E DESVANTAGENS
Enxofre Elementar

ü Obtido a partir de minérios sedimentares ou jazidas naturais de origem vulcânica, ou então pela
recuperação do S de gás natural e dos gases das refinarias.
ü Usado como pesticida na agricultura (citros)

80-90 % usado como matéria prima para a fabricação de ácido sulfúrico.


ü Entre 88-99 % de S – Fonte mais concentrada
S0 + CO2 + ½ O2 + 2 H2O [CH2O] + SO42- + 2 H+
Taxa de Oxidação
Acidithiobacillus thiooxidans

- Acidificação do solo: 100 kg de CaCO3 para 32 kg deste elemento


- Acidificar é sempre ruim????? Ex: fator positivo para cana soca vs calagem
- Cigarrinha em cana de açúcar

Cantarella & Montezano 2010


S0 + CO2 + ½ O2 + 2 H2O [CH2O] + SO42- + 2 H+
Taxa de Oxidação
Acidithiobacillus thiooxidans
ü Oxidação influenciada por:
o Tipo de solo
o Textura
o pH
o MOS
o Temperatura
o Umidade
o Tamanho de partículas (pelo menos 150 µm para que sejam oxidadas no primeiro
ano
o Incorporação aumentam a exposição do fertilizante às bacterias oxidantes
o Aplicações regulares de S elementar à aumentam comunidade de Thiobacillus e
consequente maior potencial de oxidação
Cantarella & Montezano 2010
Enxofre Elementar
ü Pontos importantes:

ü Fonte de liberação gradual


ü Granulometria
ü Taxa de dispersão
ü Solo pobre em qualidade biológica
ü Solos alagados e compactados

S em pó:
• Maior eficiência agronômica
• Maior área de contato para atuação microbiana
• Tamanho: <0,1 mm
• Liberação gradual
Enxofre Elementar
S GRANULADO:
• Baixa eficiência agronômica
• Menor área de contato para atuação microbiana
• Disponibilização a muito longo prazo

S PASTILHADO:
• 90 % de S + Argila Expensiva (Bentonita): com umidade a argila expansiva “se abre”e expõe o S elementar
• Entre 1 – 4 mm
• Maior eficiência a partir do 2/3o. ano de uso

VANTAGENS X DESVANTAGENS
Ibãnez et al., 2019
ü Fertilizante potássico com presença de diferentes concentrações de S e B.

ü % de K2O – variável 8-10 % - matéria prima: siltito glauconítico


ü % de S: 2-5 % - matéria prima: enxofre elementar
ü % de B: 0,2 – 0,5 % - matéria prima: ulexita

ü S elementar – acidificação do meio à práticas conservacionistas, calagem em cana


soca entre outros exemplos
ü Lixiviação – reduzida
ü Aplicação única – sem necessidade de parcelamento
ü Fertilizante potássico sem Cl

VANTAGENS E DESVANTAGENS

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