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Itajaí (SC)
2022
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SUBSTÂNCIAS
SINTÉTICAS BIOATIVAS
Itajaí (SC)
Agosto de 2022
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E MONITORAMENTO BIOLÓGICO
DE ÓLEOS VEGETAIS COM DIFERENTES GRAUS DE
OZONIZAÇÃO
Agosto/2022
August/2022
Figura 1 - Representação esquemática da estrutura química dos ácidos graxos presentes nos
triglicerídeos de óleos vegetais. ................................................................................................ 16
Figura 2 - Representação esquemática da Reação de ozonização, adaptado de Almeida e
colaborados (2012). .................................................................................................................. 19
Figura 3 - Aspecto dos óleos de girassol antes e após o processo de ozonização em níveis
crescentes. ................................................................................................................................. 38
Figura 4 - Variação da massa (a) e porcentagem de clorofórmio (b) do óleo ozonizado e seu
efeito no valor de peróxido. ...................................................................................................... 42
Figura 5 - Histograma da análise dos resíduos dos dados da otimização. ................................ 44
Figura 6 - Gráfico de superfície resposta com a variação do VP entre as amostras com diferentes
graus de ozonização, em relação às condições estudadas. ....................................................... 46
Figura 7 - Correlação do valor de iodo e valor de acidez do OG e OGO (A1, B1 E C1) (a) e do
OO e OOO (A1, B1 E C1) (b). ................................................................................................. 50
Figura 8 - Espectro de 1H RMN dos óleos vegetais, girassol (A) e oliva (B), em clorofórmio
deuterado. ................................................................................................................................. 56
Figura 9 - Espectro de 1H RMN do óleo de girassol não ozonizado (A) e ozonizado OGO A1
(B), OGO B1 (C) e OGO C1 (D) na faixa de 0 a 6 ppm. ......................................................... 57
Figura 10 - Espectro de 1H RMN do óleo de girassol não ozonizado (A) e ozonizado OGO A1
(B), OGO B1 (C) e OGO C1 (D) na faixa de 9 a 10 ppm. ....................................................... 58
Figura 11 - Espectro de 1H RMN do óleo de oliva não ozonizado (A) e ozonizado OOO A1 (B),
OOO B1 (C) e OOO C1 (D) na faixa de 0 a 6 ppm. ................................................................ 59
Figura 12 - Espectro de 1H RMN do óleo de oliva não ozonizado (A) e ozonizado OOO A1 (B),
OOO B1 (C) e OOO C1 (D) na faixa de 9 a 10 ppm. .............................................................. 60
Figura 13 - Espectro de infravermelho do óleo de girassol e oliva. Amostra diluídas em KBr,
dados coletados entre 400 e 4000 cm-1 por co-adição de 40 varreduras a uma resolução de 4 cm-
1
. ................................................................................................................................................ 62
Figura 14 - Espectro de infravermelho do óleo de girassol ozonizado. Amostra diluídas em KBr,
dados coletados entre 400 e 4000 cm-1 por co-adição de 40 varreduras a uma resolução de 4 cm-
1
. ................................................................................................................................................ 63
Figura 15 - Comportamento térmico do óleo de girassol ozonizado e não ozonizado. ............ 64
Figura 16 - Módulo viscoso (G”) do óleo vegetal de girassol e oliva em função da variação da
tensão de cisalhamento, em 25 °C, frequência de 10 Hz e intervalo de tensão entre 0,01 e 10
Pa. Escala logarítmica em módulo. .......................................................................................... 65
Figura 17 - Módulo viscoso (G”) do óleo de girassol ozonizado e não ozonizado, em função da
variação da tensão de cisalhamento, em 25 °C,, frequência de 10 Hz e intervalo de tensão entre
0,01 e 10 Pa.. Escala logarítmica em módulo. .......................................................................... 66
Figura 18 - Comportamento reológico do óleo de girassol (a) e oliva (b) frente à temperatura.
.................................................................................................................................................. 67
Figura 19 - Comportamento reológico do óleo de girassol ozonizado OGO A1 (a), B1 (b) e C1
(c) frente à temperatura............................................................................................................. 67
Figura 20 - Rampa de viscosidade para do óleo vegetal de girassol e oliva (a) e dos óleos de
girassol ozonizado e não ozonizado (b). ................................................................................... 69
Figura 21 - Correlação do VA e viscosidade dos óleos de girassol ozonizado e não ozonizado
(a) e do óleo de oliva ozonizado e não ozonizado (b). ............................................................. 71
Figura 22 - Correlação do VI e viscosidade dos óleos de girassol ozonizado e não ozonizado (a)
e do óleo de oliva ozonizado e não ozonizado (b). ................................................................... 71
Figura 23 - Efeito do óleo de girassol ozonizado e não ozonizado na viabilidade celular de
macrófagos. A (óleo de girassol), B (OGO A1), C (OGO B1) e D (OGO C1). ....................... 74
Figura 24 - Efeito do óleo de oliva ozonizado e não ozonizado na viabilidade celular de
macrófagos. A (óleo de oliva), B (OOO A1), C (OOO B1) e D (OOO C1). ........................... 74
Figura 25 - Efeito do óleo de girassol ozonizado e não ozonizado na produção de NO em
macrófagos estimulados por LPS. ............................................................................................ 75
Figura 26 - Efeito do óleo de oliva ozonizado e não ozonizado na liberação de NO em
macrófagos estimulados por LPS. ............................................................................................ 76
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 13
2 OBJETIVOS ............................................................................................ 15
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 15
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................... 16
3.1 Óleos Vegetais .............................................................................................................. 16
4 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 27
4.1 Insumos ........................................................................................................................ 27
6 CONCLUSÃO ......................................................................................... 77
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 79
APÊNDICE A - TABELAS ............................................................................ 86
APÊNDICE B - FIGURAS ............................................................................. 95
13
1 INTRODUÇÃO
Desde muito tempo a principal utilização do ozônio tem sido na desinfecção de água
potável e de águas residuais por ser um poderoso oxidante, reconhecido como um dos melhores
agentes bactericidas, antivirais e antifúngicos, destruindo esses microrganismos (ANZOLIN;
SILVEIRA-KAROSS; BERTOL, 2020; BOCCI, 2005; KIM et al., 2009; MENÉNDEZ;
FALCÓN; MAQUEIRA, 2010). Porém, o uso do ozônio se expandiu por apresentar potenciais
aplicações médicas, como na dermatologia, ginecologia, cosmetologia, entre outras (CIRLINI
et al., 2012). Com isso, nos últimos anos tem crescido a utilização do ozônio na forma de óleos
vegetais ozonizados para tratamentos tópicos (MARTÍNEZ-SANCHEZ, 2021), no entanto, não
há regulação oficial acerca dos atributos mínimos de qualidade para os óleos vegetais
ozonizados no Brasil e no exterior.
Destaca-se que a água ozonizada é fácil de manusear e aplicar em locais de difícil acesso
(LEON et al., 2022), mas o ozônio dissolvido degrada rapidamente, implicando no uso imediato
da água após a ozonização. Já o óleo difunde lentamente para o tecido os compostos de oxidação
(SECHI et al., 2001; VALACCHI et al., 2011).
O óleo de girassol contém uma baixa concentração de ácidos graxos saturados, palmítico
(16:0) e esteárico (18:0) e elevada concentração de insaturados, principalmente oleico (18:1) e
linoleico (18:2), sendo o linoleico o majoritário (RODRIGUEZ et al., 2002). O óleo de oliva
apresenta os mesmos ácidos graxos, mas com uma concentração maior do ácido oleico (18:1)
(BADOLATO et al., 1981). A reação do ozônio nos óleos vegetais ocorre nas duplas ligações
dos ácidos graxos conforme mecanismo proposto por Criegee (1975).
Almeida e colaboradores (2016) relatam que é de extrema importância realizar a
caracterização dos compostos produzidos da reação de ozonização, bem como, compreender
como a sua cinética se comporta em função do tempo e condições de processo. Então, pode-se
acompanhar a qualidade e características dos óleos ozonizados através de técnicas
espectroscópicas, como a ressonância magnética nuclear (RMN) e a espectroscopia no
infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), técnicas cromatográficas, como a
cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/MS), além de outras técnicas
analíticas, como valor de peróxido, acidez e iodo (CATALDO, 2013; ZHANG et al., 2021).
Cada uma destas técnicas possibilita acessar diferentes características químicas dos óleos
ozonizados. Isso porque a reação do ozônio nas ligações duplas produz um composto instável
que, posteriormente, forma o 1,2,4-trioxolanos e ozonídeos poliméricos e, então, são formados
os peróxidos e aldeídos (CRIEGEE, 1975; SORIANO; MIGO; MATSUMURA, 2003).
14
Dentre estas técnicas, o valor de peróxido (VP) é preconizado para avaliar o grau de
rancidez dos óleos vegetais relacionado com o surgimento de compostos primários da oxidação,
como os peróxidos e hidroperóxidos (SORIANO; MIGO; MATSUMURA, 2003; YANG et al.,
2014). Assim, esse parâmetro aumenta com o processo de oxidação e pode se tornar instável
com o passar do tempo (TEIXEIRA et al., 2021). Porém, para ser aplicada aos óleos
ozonizados, tal técnica necessita ser padronizada, de modo a propiciar um resultado confiável
para este analito, destacando-se as discrepâncias nos protocolos empregados na literatura, tais
como diferentes alíquotas da amostra, tempos de reação distintos, temperatura e concentração
dos reagentes (CIRLINI et al., 2012; GUNAYDIN et al., 2017; KOGAWA et al., 2015;
VAROL et al., 2017).
A atividade biológica dos óleos ozonizados já é bem estudada, tendo sido demonstrada
sua atividade antimicrobiana, de interesse, principalmente, na área da dermatologia
(MONTEVECCHI et al., 2013; TRAVAGLI et al., 2010). Entre as suas aplicações nesta área,
cita-se seu efeito em queimaduras (CAMPANATI et al., 2013), cicatrização de feridas (KIM et
al., 2009; VALACCHI et al., 2011) e tratamento de micoses (MENÉNDEZ et al., 2002).
Porém, ressalta-se a importância de sua ampla caracterização, relacionando-a seus efeitos
antimicrobianos (GEWEELY, 2006; SECHI et al., 2001; SKALSKA et al., 2009). A literatura
cita que um parâmetro crucial é a concentração dos peróxidos, pois ajuda no entendimento dos
seus efeitos benéficos (CIRLINI et al., 2012; DE ALMEIDA et al., 2016), no entanto, não há
dados robustos sobre a faixa aceitável do VP, a principal técnica analítica empregada, tampouco
uma padronização deste ensaio para óleos ozonizados.
Assim, o presente estudo teve como objetivo otimizar o ensaio de VP para o óleo de
girassol com diferentes graus de ozonização a fim de realizar uma discriminação entre essas
amostras com diferentes graus de ozônio e, consequentemente, auxiliar no monitoramento do
processo de ozonização e controle de qualidade. Bem como, definir os critérios de aceitação da
composição química dos óleos de girassol e de oliva ozonizados quanto à sua atividade
antimicrobiana e anti-inflamatória. Ambos os óleos, de girassol e oliva com três distintos graus
de ozonização também foram monitorados por outras técnicas de análise química, como o valor
de iodo (VI) e de acidez (VA), CG/MS, FTIR, RMN, análises físico-químicas, como
comportamento reológico e densidade e ainda sua atividade biológica, antimicrobiana (contra
bactérias e fungos) e anti-inflamatória, ambos in vitro.
15
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
H3C OH
Ácido palmítico (C16:0)
O
H3C OH
H3C OH
H3C OH
Nos óleos vegetais os ácidos graxos estão livres ou combinados, ou seja, são
encontrados na forma de monoacilglicerídeos, diacilglicerídeos e triacilglicerídeos, e
constituem cerca de 90% dos componentes dos óleos e gorduras. Além disso, podem ser
encontrados esteróis, carotenoides, ceras, glicosídeos, isoflavonas e complexos metálicos como
a clorofila (FERRARI et al., 1996; MERTINS et al., 2008). Uma fonte oleaginosa é composta
por cerca de 10 ácidos graxos diferentes ligados à glicerina (DIAZ et al., 2006).
3.2 Ozônio
A descoberta do ozônio começou a partir de 1785, com Martin Van Marum, ao qual
percebeu um odor diferente durante uma descarga elétrica, e em 1801 Cruickshank observou
que o oxigênio produzido pela eletrólise de soluções de ácidos diluídos em certas condições
possuía um odor característico e diferente. Porém, somente em 1840 Schönbein percebeu que
este odor era devido a um gás específico, o qual denominou de ozônio (OLIVEIRA; WOSCH,
2012).
O ozônio (O3) é uma das moléculas oxidantes mais potentes na natureza e é um alótropo
do oxigênio (O2), ou seja, é formado a partir do oxigênio molecular pela ação de descargas
elétricas, sendo produzido continuamente na estratosfera pela radiação ultravioleta (UYSAL,
2014). Sua reatividade química é muito difícil de estudar, pois os produtos obtidos são, em
maioria, instáveis. Sua fórmula foi estabelecida por Jacques-Louis Soret em 1865, o qual
verificou que a densidade do ozônio é 1,5 vezes maior que a do oxigênio (AUDRAN;
MARQUE; SANTELLI, 2018). O ozônio é o terceiro agente oxidante mais forte depois do flúor
e do persulfato, tendo a capacidade de oxidar compostos orgânicos e/ou inorgânicos reagindo
com eles imediatamente. Por apresentar essa característica, o mesmo pode oxidar a membrana
plasmática de todos os microrganismos: bactérias, vírus e fungos e, consequentemente, causa a
destruição dos mesmos (UYSAL, 2014).
O ozônio tem sido usado para a produção de diversas formas de óleos vegetais
ozonizados sendo, então, aplicados na medicina. Isto se deve ao fato que os compostos
produzidos pelo processo de oxidação apresentarem capacidade de danificar a estrutura de
bactérias, vírus e fungos, causando a morte dos mesmos. A literatura relata que o óleo de
girassol ozonizado apresenta bons resultados no tratamento da onicomicose (MENÉNDEZ et
al., 2010), enquanto o óleo de oliva ozonizado demonstrou efeito na cicatrização de feridas
cutâneas agudas em cobaias (KIM et al., 2009).
18
A reação com o ozônio acontece nas insaturações das cadeias carbônicas, ou seja, nas
ligações duplas carbono-carbono dos ácidos graxos insaturados presentes em triglicerídeos de
óleos vegetais, levando principalmente à formação de espécies ozonizadas cíclicas (SEGA et
al., 2010). O mecanismo de ozonólise é denominado como a reação de Criegee (Figura 2), em
que o ozônio reage quimicamente em uma ligação insaturada formando um ozonídeo primário
instável inicial. Em seguida, este se decompõe rapidamente em fragmentos de carbonil podendo
se combinar para gerar compostos de trioxolano cíclicos, em ambientes anidros (CRIEGEE,
1975). Os produtos dessa reação são, geralmente, oxigenados, como ozonídeos, hidroperóxidos,
aldeídos, peróxidos, diperóxidos e poliperóxidos (DIAZ et al., 2006). São esses compostos que
caracterizam os óleos com propriedades antibacterianas, fungicidas e antivirais, e por isso
podem ser aplicados na área cosmética e farmacêutica (BAILEY, 1978; HERNANDEZ et al.,
2009; SADOWSKA et al., 2008; VALACCHI et al., 2011). Almeida e colaborados (2012, p.
5) descrevem as etapas do processo de ozonização conforme demostrado abaixo.
H 3C OH
Ácido oleico
O3
O
O O
O
(1) Malozonida
CH3
HO
O O
+ –
H3C CH O
O OH
OH
O
O
H3C
O
(4) Ozonídeo
O O
O
H3C OH
Nonanal Ácido 9-oxononanoico
Quadro 1 - Parâmetros analíticos empregados no ensaio do valor de peróxido em óleos vegetais ozonizados e não ozonizados.
Massa Ácido Ácido Ácido acético: Iodeto de
Tempo de Água Tiossulfato
de acético: acético: cloreto de potássio Amido Temperatura
Referência Amostra reação destilada de sódio
amostra clorofórmio isooctano metileno 3:2 saturado (mL) (°C)
(min) (mL) (mol/L)
(g) 3:2 (mL) 3:2 (mL) (mL) (mL)
SOCIEDADE AMERICANA
DA QUÍMICA DOS ÓLEOS, óleos vegetais 5 30 - - 0,5 1 30 0,1 2 NI
2003
ADOLFO LUTZ, 2008 óleos vegetais 5 30 - - 0,5 1 30 0,01 0,5 NI
FARMACOPEIA
óleos vegetais 5 30 - - 0,5 1 30 0,01 5 NI
BRASILEIRA, 2019
FARMACOPEIA
óleos vegetais 5 30 - - 0,5 1 30 0,01 5 NI
EUROPEIA, 2019
FARMACOPEIA
óleos vegetais 5 30 - - 0,5 1 30 0,01 5 NI
BRITÂNICA, 2020
Óleo de girassol e oliva
DÍAZ et al., 2006 5 30 - - 0,5 1 30 0,01 5 NI
ozonizado
2, 240, 480,
TELLEZ; LOZANO;
Óleo de girassol ozonizado 0,5 30 - - 0,5 960, 1440 e 30 0,01 5 NI
GÓMEZ, 2006
1800
Óleo de oliva e soja
SADOWSKA et al., 2008 5 30 - - 0,5 1 30 0,1 2 NI
ozonizado
10, 30, 60,
ZANARDI et al., 2008 Óleo de gergelim ozonizado 2 30 - - 3,0 25 0,1 5 60
120 e 180
SEGA et al., 2010 Óleo de gergelim ozonizado 2 30 - - 3,0 60 25 0,1 5 60
VALACCHI et al., 2011 Óleo de gergelim ozonizado 2 30 - - 3,0 60 25 0,1 5 60
30, 120,
CIRLINI et al., 2012 Óleo de girassol ozonizado 0,1 - - 20 1,0 20 0,05 1 25
360 e 960
DÍAZ et al., 2012 Óleo de girassol ozonizado 5 30 - - 0,5 1 30 0,01 5 NI
Óleo de girassol, linhaça e
KOGAWA et al., 2015 2 30 - - 3,0 1800 25 0,1 1 NI
baru ozonizado
MOUREU et al., 2016 Óleo de girassol ozonizado 5 - 50 - 0,5 1 100 0,01 0,5 NI
GÜNAYDIN et al., 2017 Óleo de oliva ozonizado 1 20 - - 0,5 1440 30 0,01 1 25
VAROL et al., 2017 Óleo de oliva ozonizado 5 30 - - 0,5 1 30 0,1 2 NI
LEDEA-LOZANO et al.,
Óleo de girassol ozonizado 0,5 30 - - 0,5 1440 30 0,01 5 NI
2019a
Óleo de dendê, soja, milho,
DÍAZ et al., 2021 0,5 NI - - 0,5 2 30 0,1 5 NI
arroz e girassol ozonizado
Fonte: Autor, 2022.
24
Quadro 2 - Parâmetros analíticos empregados no ensaio de valor de acidez em óleos vegetais ozonizados e não ozonizados.
Massa de Etanol:éter 1:1 Álcool isopropílico:tolueno Fenolftaleína Hidróxido de sódio ou potássio
Referência Amostra
amostra (g) (mL) 1:1 (mL) (mL) (mol/L)
FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2019 óleos vegetais 10 50 - 0,5 0,1
FARMACOPEIA EUROPEIA, 2019 óleos vegetais 10 50 - 0,5 0,1
FARMACOPEIA BRITÂNICA, 2020 óleos vegetais 10 50 - 0,5 0,1
ADOLFO LUTZ, 2008 Óleos vegetais 2 25 - 0,25 0,1
SOCIEDADE AMERICANA DA Óleo vegetal bruto e refinado e
0,1 - 20 - 125 NI 0,1
QUÍMICA DOS ÓLEOS, 2003 produtos derivados
Óleo de oliva e girassol
DÍAZ et al., 2006 10 50 - 0,5 0,1
ozonizado
SADOWSKA et al., 2008 Óleo de oliva e soja ozonizado 2 2 - NI NI
ZANARDI et al., 2008 Óleo de gergelim ozonizado 10 50 - 0,5 0,1
SEGA et al., 2010 Óleo de gergelim ozonizado 10 50 - 0,5 0,1
VALACCHI et al., 2011 Óleo de gergelim ozonizado 10 50 - 0,5 0,1
DÍAZ et al., 2012 Óleo de girassol ozonizado 10 50 - 0,5 0,1
Óleo de girassol, linhaça e baru
KOGAWA et al., 2015 10 50 - 0,5 0,1
ozonizado
MOUREU et al., 2016 Óleo de girassol ozonizado 10 50 - NI 0,1
VAROL et al., 2017 Óleo de oliva ozonizado 0,1 - 10 - 125 NI 0,1
Óleo de dendê, soja, milho, arroz
DÍAZ et al., 2021 0,9 – 1,2 50 - 0,5 0,1
e girassol ozonizado
Fonte: Autor, 2022.
25
Quadro 3 - Parâmetros analíticos empregados no ensaio do valor de iodo em óleos vegetais e ozonizados.
Massa de Ciclohexano: Tetracloreto Brometo Cloreto de Tempo de Iodeto de Água Tiossulfato
Clorofórmio Amido
Referência Amostra amostra ácido acético de carbono de iodo iodo - reação potássio 10 destilada de sódio
(mL) (mL)
(g) 1:1 (mL) (mL) (mL) Wijs (ml) (min) % (mL) (mL) (mol/L)
FARMACOPEIA
óleos vegetais 0,1 - 1,0 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
BRASILEIRA, 2019
FARMACOPEIA
óleos vegetais 0,1 - 1,0 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
EUROPEIA, 2019
FARMACOPEIA
óleos vegetais 0,1 - 1,0 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
BRITÂNICA, 2020
ADOLFO LUTZ,
óleos vegetais 0,25 - - 10 - 25 30 10 100 0,1 1-2
2008
SOCIEDADE
AMERICANA DA
óleos vegetais 0,1 - 10 - - 15 - 25 30 20 100 0,1 1-2
QUÍMICA DOS
ÓLEOS, 2003
Óleo de oliva e
DÍAZ et al., 2006 0,1 - 1,0 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
girassol ozonizado
ZANARDI et al., Óleo de gergelim
0,1 - 1,0 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
2008 ozonizado
Óleo de gergelim
SEGA et al., 2010 0,1 - 1,0 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
ozonizado
VALACCHI et al., Óleo de gergelim
0,1 - 1,0 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
2011 ozonizado
Óleo de girassol
DÍAZ et al., 2012 0,1 - 1,0 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
ozonizado
Óleo de girassol,
KOGAWA et al.,
linhaça e baru 0,1 - 1,0 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
2015
ozonizado
MOUREU et al., Óleo de girassol
0,1 - 1,0 20 - - - 25 60 - 120 20 150 0,1 NI
2016 ozonizado
Óleo de oliva
VAROL et al., 2017 0,1 - 10 - - 15 - 25 30 20 100 0,1 1-2
ozonizado
Óleo de dendê,
soja, milho, arroz
DÍAZ et al., 2021 0,1 - 0,15 - 15 - 25 - 30 10 100 0,1 5
e girassol
ozonizado
Fonte: Autor, 2022.
26
O ozônio tem sido usado clinicamente por mais de 150 anos, sendo aplicado ao longo
destes anos como método de desinfecção ou opção de tratamento para várias doenças (ELVIS;
EKTA, 2011), incluindo condições inflamatórias crônicas (BOCCI; VALACCHI, 2015). Óleos
vegetais ozonizados são bem conhecidos por seu uso em dermatologia e por sua atividade
antimicrobiana (BOUZID et al., 2021; MONTEVECCHI et al., 2013; TRAVAGLI et al.,
2010), auxiliando na reparação de tecidos de uma forma economicamente viável, de forma não
invasiva e sem os efeitos de estímulo à resistência antimicrobiana pelo uso de antibióticos
(HADDAD et al., 2009; YUCESOY et al., 2017).
Óleos ozonizados mostram resolução em quadros de queimaduras (CAMPANATI et al.,
2013), cicatrização de feridas com óleo de gergelim ozonizado (KIM et al., 2009; VALACCHI
et al., 2011) e tratamento de micoses com óleo de girassol ozonizado (MENÉNDEZ et al.,
2002). A atividade destes produtos pode ser devido à ativação de diferentes vias metabólicas,
bem como, uma diminuição na ação fúngica e bactericida devido ao seu efeito antibacteriano e
antifúngico (GEWEELY, 2006; SECHI et al., 2001; SKALSKA et al., 2009). Kataoka et al.
(2009) mostraram que o óleo de oliva ozonizado também estimulou o desenvolvimento de
respostas inflamatórias (por exemplo, vasodilatação, inchaço).
Cabe salientar que muitos estudos apresentam resultados controversos com relação à
eficácia de produtos ozonizados em tratamentos de ferimentos. É de fundamental importância
conhecer a concentração dos peróxidos no óleo para justificar possíveis efeitos benéficos ou a
sua ausência. Pois, um óleo com baixa concentração de peróxidos pode não produzir reações
oxidativas suficientes para ativar vias bioquímicas orgânicas e desencadear os efeitos
medicinais e, ao contrário, a alta concentração de peróxidos pode ultrapassar a capacidade
metabólica do sistema antioxidante orgânico, limitando a ação benéfica do ozônio
(SANGUANINI, 2019). Essa hipótese baseia-se em uma situação momentânea de estresse
oxidativo, sem efeitos deletérios, mas suficiente para ativar respostas terapêuticas no
organismo, o que é tido como princípio da ozonioterapia (BOCCI, 2005). Portanto, faz-se
necessário conhecer a concentração de peróxidos no óleo ozonizado determinando o intervalo
de concentração ideal para a obtenção dos efeitos benéficos em cada fase da cicatrização da
ferida.
27
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Insumos
Os óleos vegetais de girassol (Bunge, Gaspar) e oliva (Sarfam, São Paulo), bem como,
os óleos ozonizados foram fornecidos pela empresa Philozon, localizada em Camboriú/SC, no
decorrer da demanda dos experimentos. Cabe salientar que o processo de ozonização é realizado
pela própria empresa.
A ozonização ocorre em reatores de aço inox. A reação, exotérmica, se processa por um
período de até 5 dias em um reator de 30 kg de óleo, ozonizado por borbulhamento, com fluxo
de ozônio de 21 g de O3/h, estabelecendo uma dosagem aproximada 80 g de O3/kg de óleo. A
reação é encerrada quando o produto atinge a viscosidade desejada pela empresa. A descrição
e características das amostras estão fornecidas na Tabela 1.
Os reagentes para a realização da pesquisa foram: ácido acético (Neon), clorofórmio
(Neon), iodeto de potássio (Quemis), amido (Dinâmica), tiossulfato de sódio (Dinâmica), éter
etílico (Qhemis), álcool etílico (Dinâmica), fenolftaleína (Vetec), hidróxido de sódio (Anidrol),
tetracloreto de carbono (Dinâmica), solução de Wijs (Audaz Brasil), clorofórmio deuterado
(VWR Chemicals), brometo de potássio (Dinâmica), hexano (Audaz Brazil), ácido sulfúrico
(Neon), diclorometano (CRQ), acetona (Sigma Aldrich).
28
Tabela 1 - Características das amostras de óleos vegetais ozonizados e não ozonizados (Philozon).
Tempo Fluxo de Viscosidade Densidade
Amostras Descrição Lote Fabricação Vencimento
ozonização (h) ozônio (mPa.s)* (g/cm3)
OG Óleo de girassol 949854 x x 73,18 0,924 05/21 05/22
OO Óleo de oliva 36-01-7828 x x 63,45 0,918 01/21 06/22
OGO Óleo de girassol ozonizado 16721 A 144 21 g/h 806,04 0,998 06/21 06/22
OOO Óleo de oliva ozonizado 9121 F 168 21 g/h 870,00 0,961 04/21 04/22
OGO A1** Óleo de girassol ozonizado 22121C 109 21 g/h 331,27 0,984 09/08/21 09/08/22
OGO B1*** Óleo de girassol ozonizado 22121C 190 21 g/h 577,28 0,982 09/08/21 09/08/22
OGO C1**** Óleo de girassol ozonizado 22121C 264 21 g/h 801,20 0,992 09/08/21 09/08/22
OGO A2 Óleo de girassol ozonizado 23121E 120 21 g/h 265,00 0,968 19/08/21 09/08/22
OGO B2 Óleo de girassol ozonizado 23121E 144 21 g/h 487,00 0,986 19/08/21 09/08/22
OGO C2 Óleo de girassol ozonizado 23121E 168 21 g/h 769,00 1,004 19/08/21 09/08/22
OGO B3 Óleo de girassol ozonizado 8022 C 72 21 g/h 518,76 0,988 21/03/22 21/03/23
OGO C3 Óleo de girassol ozonizado 8022 C 96 21 g/h 739,79 0,993 21/03/22 21/03/23
OOO A1 Óleo de oliva ozonizado 35021 E 96 21 g/h 332,28 0,987 16/12/21 16/12/22
OOO B1 Óleo de oliva ozonizado 35021 E 120 21 g/h 615,63 0,994 16/12/21 16/12/22
OOO C1 Óleo de oliva ozonizado 35021 E 144 21 g/h 740,49 0,994 16/12/21 16/12/22
* Realizada pela técnica de copo Ford.
** Grau inferior de ozonização.
*** Grau intermediário de ozonização.
**** Grau superior de ozonização.
29
As amostras foram analisadas quantos às suas características químicas, por meio dos
ensaios de valor de peróxidos (VP), valor de acidez (VA), valor de iodo (VI), além das técnicas
cromatográficas (CG-MS), técnicas espectroscópicas (RMN e FTIR) e técnica calorimétrica
(DSC e TG). Também foram analisadas as características físico-químicas, como viscosidade e
densidade, além da atividade biológica.
(𝑉−𝐵) . 𝑀 . 𝐹𝑐 . 1000
𝑉𝑃 = (1)
𝑚
A análise do VA tanto para os óleos vegetais (girassol e oliva) quanto para os ozonizados
(girassol e oliva) se baseou no Instituto Adolfo Lutz (2008). Foram pesados 2 g para o óleo
vegetal e 1 g para o óleo ozonizado em Erlenmeyer de 125 mL e adicionados 25 mL da solução
de éter etílico:álcool etílico (2:1 v/v) neutra. Ao mesmo foi adicionado algumas gotas do
indicador fenolftaleína 1% e feita a titulação com solução de NaOH 0,01 M SV. O processo de
titulação se encerrou com a passagem de cor do transparente para rosa.
O VA é definido como o número de mg de NaOH necessário para neutralizar um grama
da amostra. Assim, este pode ser calculado pela seguinte equação (2) (ADOLFO LUTZ, 2008):
(𝑉−𝐵) . 𝑀 . 𝐹𝑐 . 40
𝑉𝐴 = (2)
𝑚
se a titulação com a solução tiossulfato de sódio 0,1 M SV até o aparecimento de uma fraca
coloração amarela. Adicionou-se 1 mL de solução de amido 1% e se deu continuidade na
titulação até o completo desaparecimento da cor azul.
Como o VI é a medida do grau de insaturação do óleo, este é expresso em termos do
número de centigramas de iodo absorvido por grama da amostra. Assim, este pode ser calculado
pela seguinte equação (3) (ADOLFO LUTZ, 2008):
(𝐵−𝑉) . 𝑀 . 𝐹𝑐 . 12,69
𝑉𝐼 = (3)
𝑚
Para obter a fração volátil do óleo vegetal e ozonizado, foi necessário realizar a
derivatização das amostras, ou seja, uma reação química a qual modifica os compostos originais
em novos produtos semelhantes, com melhores propriedades cromatográficas e termicamente
estáveis. A derivatização ocorreu com 50 mg de amostra, 0,5 mL de hexano, 1 mL de metanol
e 2 gotas de ácido sulfúrico. Em aquecimento essa solução permaneceu por 30 minutos à 90 °C.
Após esse período e com a mistura em temperatura ambiente, se adicionou 2 mL de hexano e 2
mL de água, deixando-a overnight e ao abrigo de luz. Para a análise no cromatógrafo foi retirada
alíquota (1 mL) na fase superior, orgânica (Adaptado de Cirlini et al., 2012).
As análises foram realizadas usando um sistema de cromatografia gasosa com detecção
por espectrometria de massas e injeção direta no equipamento da Shimadzu QP2010S
(Shimadzu, Tokio, Japan). Coluna capilar RTX-1 (30 m × 0,25 mm × 0,10 μm de espessura de
filme, Restek) e um detector de ionização de chama. Realizou a injeção, modo splitless, de 1
μL de amostra no cromatógrafo. A corrida foi conduzida sob um programa de temperatura
otimizado da seguinte forma: temperatura inicial da coluna 80 °C mantida por 1 min,
programada para aumentar a uma taxa de 20 °C/min até 180 °C e depois a 10 °C/min até
temperatura final de 260 °C e mantida por 5 min. As temperaturas do injetor e da interface do
detector de massa foram ajustadas em 260 °C e 250 °C, respectivamente. O modo de varredura
33
se procedeu de 30 m/z até 500 m/z. O hélio foi usado como gás de arraste a uma taxa de fluxo
de 0,80 mL/min.
A ressonância magnética nuclear dos sinais de hidrogênio, das amostras de óleo vegetal
e ozonizado, foi realizada no aparato da Bruker Advance DPX-300 (Bruker, Karlsruhe,
Germany) com dissolução em clorofórmio deuterado, tendo o tetrametilsilano (TMS) como
padrão interno. O RMN foi operado a 14,1 T, equipado com uma sonda inversa de ressonância
tripla de 5 mm. Os dados foram coletados em 298 K, usando um comprimento de pulso de 90°,
com tempo de atraso de 120 s. Os espectros de RMN foram processados pelo software
TOPSPIN 1.3 e estes foram transformados por Fourier, corrigido em fase e linha de base sendo
referenciado ao sinal de clorofórmio (7,26 ppm).
O perfil térmico dos materiais foi obtido utilizando calorímetro (Netzch, mod. Jupiter
STA 449 F3) que realiza análise de calorimetria diferencial de varredura (DSC) e
termogravimetria (TGA) simultaneamente. As condições de análise foram: taxa de aquecimento
10 ºC/min, aquecimento desde a temperatura ambiente até 500 ºC, atmosfera menos oxidante
(nitrogênio) com vazão de 50 mL/min, cadinho de alumina e massa de amostra de
aproximadamente 10,0 mg.
34
O estudo reológico dos óleos (vegetal e ozonizado) foi realizado a fim de compreender
melhor o comportamento de sua deformação e escoamento, quando submetido a uma
determinada tensão, frequência e temperatura.
A análise foi realizada no Reômetro TA Instruments (HR 10) na Universidade Federal
do Paraná com o auxílio do Professor Doutor Rilton Alves de Freitas, sendo esses os testes
realizados: amplitude, frequência, temperatura e viscosidade. As amostras estudas nesse
equipamento foram a OG, OO, OGO, OOO, OGO A1, OGO B1 e OGO C1.
As amostras foram condicionadas por três minutos no equipamento, à uma temperatura
de 25 °C. Inicialmente foi analisada a oscilação de amplitude, à 25 °C, frequência de 10 Hz e
no intervalo de tensão entre 0,01 e 10 Pa. Em seguida, foi realizado o teste de oscilação de
frequência, na mesma temperatura, tensão de 0,1 Pa e variando a frequência de 0,01 a 10 Hz.
Posteriormente, para estudo da rampa de oscilação de temperatura a amostra foi condicionada
à 0 °C, submetida a uma rampa de temperatura variando de 0 a 100 °C com uma taxa de 10
°C/min, 0,1 Pa de tensão e 1 Hz de frequência. Ao final da rampa de aquecimento houve a
rampa de resfriamento nas mesmas condições até atingir a temperatura de 0 °C. Devido à
degradação térmica do material estudado por esse teste, a amostra foi adicionada novamente ao
equipamento e realizado o mesmo procedimento de condicionamento para dar sequência ao
próximo teste. Por fim, realizou-se o estudo da viscosidade à 25 °C com uma rampa de
acréscimo da taxa de cisalhamento entre 1 e 100 s-1 e, em seguida, com uma rampa de
decréscimo na taxa de cisalhamento.
4.2.10 Viscosidade
Para as amostras OGO A2, OGO B2, OGO C2, OGO B3, OGO C3, OOO A1, OOO B1
e OOO C3 a viscosidade foi realizada no Viscosímetro HAAKE (VT 550) localizado na
Universidade do Vale do Itajaí, à 25 °C com uma rampa da taxa de cisalhamento entre 1 e 100
s-1 e, em seguida, com uma rampa de decréscimo na taxa de cisalhamento.
4.2.11 Densidade
(𝑃3 −𝑃1 )
𝛿= (4)
(𝑃2 −𝑃1 )
δ: densidade
P1: peso do picnômetro vazio (g)
P2: peso do picnômetro mais água (g)
P3: peso do picnômetro mais amostra (g)
Após o período de incubação, foi realizado a leitura da CIM através da verificação visual
do crescimento microbiano. Para a interpretação dos resultados foi considerada CIM a inibição
total do crescimento microbiano.
Durante os testes foram utilizados controles, como meio de cultura e solvente (Tween
80) utilizado na solubilização das amostras. A leitura dos resultados foi considerada válida
somente quando houve crescimento microbiano nos controles. Os ensaios foram repetidos três
vezes.
A linhagem de células Raw 264.7 (macrófagos murinos) foi cultivada em meio DMEN
High glucose com 10% de soro fetal bovino (SFB) até confluência em incubadora de CO2 a 37
°C.
Para descartar possíveis efeitos citotóxicos do tratamento dos óleos vegetais de girassol
e oliva e dos óleos ozonizados de girassol (OGO A1, B1 e C1) e óleos ozonizados de oliva
(OOO A1, B1 e C1), foi avaliado o efeito dos óleos na viabilidade celular de linhagens celulares
Raw 264.7. As células foram mantidas em estufa a 37 °C com 5% de CO2 até obtenção da
densidade celular necessária e foram plaqueadas (50.000 células/poço) em microplacas de 96
poços e mantidas a 37 °C com 5% de CO2 overnight. Após esse período de adesão das células,
foi adicionado 10 μL dos tratamentos dos óleos de girassol e de oliva e dos óleos ozonizados
de girassol (OGO A1, B1 e C1) e óleos ozonizados de oliva (OOO A1, B1 e C1), nas
concentrações de 1, 10 e 100 µg/mL (previamente diluídos em DMSO e PBS).
Como controle positivo de citotoxicidade foi empregado o DMSO a 10%. A viabilidade
celular foi avaliada pelo ensaio de redução do (3-(4,5-Dimetiltiazol-2-il)-2,5-Difeniltetrazolio
Br) (MTT) (Sigma Inc.). Após 21 horas de incubação a 37 °C com 5 % CO2 com os tratamentos,
foram adicionados 10 μL de MTT (5 mg/mL) em cada poço e a placa foi mantida mais 3 horas
em estufa a 37 °C com 5% CO2. Ao término desse período, o sobrenadante foi removido, e para
a dissolução dos cristais de formazan formados pela redução do MTT foi adicionado 100 μL de
DMSO. A densidade óptica (DO) de cada poço foi determinada em espectrofotômetro de
microplacas em 570 nm, e a absorbância das células não tratadas (basal) foi considerada como
100% de viabilidade celular (DENIZOT; LANG, 1986).
Os macrófagos Raw 264.7 foram plaqueados na densidade de 5x105 células/poço em
placa de 96 poços e mantidos overnight para adesão celular. Após esse período, as células foram
estimulas com LPS (5 µg/mL) e tratadas ou não com os óleos vegetais de girassol e de oliva e
os óleos ozonizados de girassol (OGO A1, B1 e C1) e óleos ozonizados de oliva (OOO A1, B1
37
e C1), nas concentrações de 1, 10 e 100 µg/mL. As células foram mantidas em estufa de CO2
atmosfera úmida, a 37 ºC, 5% CO2 por 24 horas e após esse período foi realizada a dosagem de
NO no sobrenadante do cultivo. O NO foi indiretamente quantificado pela formação de seus
metabólitos nitrato (NO3-) e nitrito (NO-2), utilizando a reação de Griess em todas as
concentrações testadas (GREEN et al., 1982).
Os dados foram analisados por ANOVA (análise de variância) no software
GraphPadPrism 7, sendo utilizado pós-teste de Tukey quando necessário. Os valores foram
expressos em média e erro padrão da média, tendo p<0,05 considerado com estatisticamente
significativo (MOTULSKI, 2022).
38
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após ozonização, os óleos adquirem um aspecto mais viscoso, como mostra a Figura 3.
Este aspecto viscoso se mostra visivelmente mais preponderante à medida em que os óleos
sofrem maior grau de ozonização, ou seja, à medida em que o tempo de exposição ao gás O3
aumenta.
Figura 3 - Aspecto dos óleos de girassol antes e após o processo de ozonização em níveis
crescentes.
Tabela 2 - Valor de peróxido dos óleos ozonizados e não ozonizados entre os tempos de 1 minuto a 24
horas de reação.
Valor de peróxido (meq O2/kg óleo) (média ± desvio padrão)
Amostra
1 min 30 min 16 h 24 h
OG 4 ± 0,07 4 ± 0,35 11 ± 0,09 18 ± 0,20
OO 26 ± 0,52 27 ± 1,07 38 ± 0,75 42 ± 0,56
OGO 727 ± 14,15 2402 ± 71,11 4799 ± 139,79 5920 ± 30,75
OOO 216 ± 19,13 2241 ± 19,69 4315 ± 101,17 5374 ± 80,19
OGO A1 294 ± 3,40 2122 ± 28,09 4534 ± 85,83 5817 ± 86,12
OGO B1 378 ± 8,56 2551 ± 27,84 5223 ± 110,96 6753 ± 110,15
OGO C1 500 ± 9,08 2582 ± 28,19 4586 ± 39,00 5856 ± 43,48
OG: óleo de girassol; OO: óleo de oliva; OGO: óleo de girassol ozonizado; OOO: óleo de oliva ozonizado; A:
grau baixo de ozonização; B: grau médio de ozonização; C: grau alto de ozonização.
GOMEZ, 2006; VAROL et al., 2017) e isso é decorrente da etapa de propagação do processo
de oxidação lipídica, com a formação de peróxidos (SEVANIAN; HOCHSTEIN, 1985).
Para o óleo de girassol ozonizado (OGO), observou-se um valor de VP que variou de
727-5920 meq O2/kg óleo nos tempos de reação com o KI de 1 min a 24 h, enquanto o OOO
variou de 216-5374 meq O2/kg óleo (Tabela 2), demonstrando o grande efeito do tempo de
reação neste ensaio.
Comparando com os valores de VP relatados na literatura para o OGO, medido num
tempo de reação de 1 minuto, o VP foi de 862 meq O2/kg óleo (DIAZ et al., 2006) e 500 meq
O2/kg óleo (MOUREU et al., 2016). Já para o OOO, com o mesmo tempo de reação, foi de 735
meq O2/kg óleo (DIAZ et al., 2006) e de 1053 meq O2/kg óleo (VAROL et al., 2017). Ledea-
Lozano et al. (2019a) obtiveram um VP entre 1200 e 1600 meq O2/kg óleo e Tellez, Lozano e
Gomez (2006) de 3698 meq O2/kg óleo, ambos com 24 horas de reação, para o OG A
discrepância entre os valores pode ser explicada pelas variações nas condições do processo de
ozonização de cada óleo vegetal, bem como na própria metodologia da determinação do VP,
uma vez que a técnica analítica apresenta diferenças na literatura, não havendo uma
padronização desta metodologia para os óleos ozonizados, sendo uma técnica adaptada da
análise de óleos vegetais não ozonizados. Quanto às amostras do OGO com diferentes graus de
ozonização (OGO A1, B1 e C1), no tempo de reação com o KI de 16 horas em diante é possível
perceber que o VP da amostra OGO B1 (grau intermediário de ozonização) ficou maior que a
amostra OGO C1 (grau superior de ozonização) (Tabela 2), mostrando uma incoerência no
resultado e por isso foi necessário estudar tempos menores de reação para verificar e
compreender melhor o ocorrido. Além disso, para a técnica de titulação se torna inviável um
tempo de reação muito alto.
Diante destes resultados optou-se por testar tempos de reação das amostras com o KI
entre 1 minuto e 1 hora (Tabela 3).
41
Tabela 3 - Valor de peróxido dos óleos ozonizados e não ozonizados entre os tempos de 1 min a 1 h.
Valor de peróxido (meq O2/kg óleo) (média ± desvio padrão)
Amostra
1 min 5 min 15 min 30 min 1h
OG 4 ± 0,07 - - 4 ± 0,35 -
OO 26 ± 0,52 - - 27 ± 1,07 -
OGO 727 ± 14,15 - - 2402 ± 71,11 -
OOO 216 ± 19,13 - - 2241 ± 19,69 -
OGO A1 294 ± 3,40 702 ± 43,31 1767 ± 158,04 2122 ± 28,09 2711 ± 64,58
OGO B1 378 ± 8,56 861 ± 58,73 1796 ± 37,38 2551 ± 27,84 3246 ± 58,96
OGO C1 500 ± 9,08 1045 ± 21,43 1962 ± 44,26 2582 ± 28,19 3028 ± 98,07
OGO A2 381 ± 15,24 620 ± 8,95 897 ± 8,18 1407 ± 56,37 1829 ± 85,59
OGO B2 494 ± 4,45 884 ± 54,10 1193 ± 33,24 1824 ± 72,43 2449 ± 121,12
OGO C2 603 ± 69,13 1049 ± 113,67 1427 ± 30,25 2152 ± 84,94 2824 ± 34,48
OOO A1 485 ± 15,57 702 ± 31,91 1323 ± 38,94 1774 ± 25,43 2113 ± 28,81
OOO B1 626 ± 25,43 1086 ± 30,06 1832 ± 62,52 2674 ± 76,48 2948 ± 20,32
OOO C1 624 ± 37,50 1116 ± 80,40 1880 ± 106,08 2249 ± 92,13 2700 ± 96,64
OG: óleo de girassol; OO: óleo de oliva; OGO: óleo de girassol ozonizado; OOO: óleo de oliva ozonizado; A: grau
baixo de ozonização; B: grau médio de ozonização; C: grau alto de ozonização.
Entre 1-5 min, para os três níveis de ozonização de cada óleo (OGO e OOO), pôde-se
verificar que, quanto mais ozonizada está a amostra, maior foi o seu VP. Entretanto, a partir do
tempo de 15 min a diferença no VP das amostras com diferentes graus de ozonização diminuiu
e a partir de 30 min, observou-se uma inversão nos valores do VP entre os dois últimos níveis
de ozonização, sendo que a amostra intermediária (B) apresentou VP superior à amostra com o
maior índice de ozonização (C). Tais resultados evidenciam a necessidade de que, a
metodologia aplicada aos óleos ozonizados precisa de uma otimização, visto que, muitas
variáveis no procedimento do teste podem alterar o resultado da análise.
Antes de realizar o processo de otimização, foi realizada algumas análises preliminares
para selecionar os fatores que influenciam mais na metodologia, uma variável por vez. Foram
analisadas a variação do volume de KI, da massa de óleo e a porcentagem de clorofórmio na
solução de solvente. Para essas análises foi fixada a amostra OGO A1, óleo de girassol com
menor grau de ozonização, apenas para ter uma amostra modelo nos testes e depois poder
analisar com mais precisão.
A variação do volume da solução saturada de KI foi realizada a fim de verificar o efeito
deste agente oxidante na reação de óxido-redução com os peróxidos do óleo. O ensaio foi
realizado num tempo de reação de 30 minutos, apresentando um VP de 2122 ± 28 e de 915 ±
27 meq O2/kg óleo, para 1 e 5 mL, respectivamente, mostrando que o VP foi inversamente
proporcional ao volume de KI.
42
Optou-se por variar a massa de óleo ozonizado para observar seu efeito na reação e,
consequentemente, no VP, sendo este um dos fatores que mais apresenta variação na literatura.
A massa de amostra mostrou uma relação inversamente proporcional ao VP, quando
determinado com 1 mL de KI e 5 min de reação (Figura 4a). Cirlini et al. (2012) utilizam 0,1 g
de óleo ozonizado, Tellez, Lozano e Gomez (2006) e Ledea-Lozano et al. (2019a) utilizam 0,5
g da amostra. Porém, há autores, como Kogawa et al. (2015) e Moureu et al. (2016) que utilizam
massas maiores de 2 e 5 g, respectivamente.
Figura 4 - Variação da massa (a) e porcentagem de clorofórmio (b) do óleo ozonizado e seu efeito
no valor de peróxido.
800 2000
600 1500
a b
variação (Δ) de VP entre as duas amostras (Tabela 1S - Apêndice A). Tal resposta foi
selecionada como forma de compreender melhor o comportamento químico dos óleos
ozonizados em dois graus de ozonização diferentes, ou seja, distinguir por meio do VP o óleo
mais ozonizado com o intermediário.
A Tabela 4 indica o grau de significância, pelo valor de p, em uma análise linear,
quadrática e interativa dos fatores. Cada fator foi identificado com uma letra: A (temperatura),
B (tempo), C (volume de KI), D (massa de óleo) e E (% de clorofórmio). No modelo linear
apenas o fator “massa de óleo” apresentou diferença significativa (p<0,05) e no modelo
quadrático o fator “temperatura”, “tempo” e “volume de KI” apresentaram significância,
indicando curvatura no gráfico de superfície de resposta e dando indícios que a condição ótima
se encontra na região média dos níveis analisados para cada um destes fatores. Já o modelo de
interação dos fatores não apresentou significância. Porém, a interação C*D e D*E mostraram
um valor de p muito próximo a 0,05, indicando a tendência de que estas interações apresentam
relevância dentro da zona experimental avaliada. Destaca-se também que o “lack-of-fit” não foi
significante, indicando que o modelo matemático estabelecido é adequado às respostas e aos
efeitos observados.
44
Figura 6 - Gráfico de superfície resposta com a variação do VP entre as amostras com diferentes graus de ozonização, em relação às condições estudadas.
A (temperatura do meio reacional), B (tempo de reação), C (volume de KI), D (massa da amostra), E (porcentagem de clorofórmio) e “resposta” (delta do VP da amostra com maior grau de
ozonização e intermediária).
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Continuação...
Figura 6 – Gráfico de superfície resposta com a variação do VP entre as amostras com diferentes graus de ozonização, em relação às condições
estudadas.
A (temperatura do meio reacional), B (tempo de reação), C (volume de KI), D (massa da amostra), E (porcentagem de clorofórmio) e “resposta”
(delta do VP da amostra com maior grau de ozonização e intermediária).
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Por meio dos gráficos de superfície de resposta e com o auxílio do MiniTab 17, pôde-
se determinar as melhores condições da metodologia do valor do peróxido. A ferramenta de
otimização de resposta MiniTab, que é baseada na função de desejabilidade de Derringer, foi
aplicada para auxiliar na estimativa das melhores condições experimentais: temperatura do
meio reacional (40 °C), tempo de reação (10 minutos), volume de KI (0,9 mL), massa de
amostra (0,15 g) e porcentagem de clorofórmio (30%), com um valor previsto de delta de 232.
Para verificar se o método é reprodutível, foi realizada a precisão (Tabela 5) analisando
as duas amostras em sextuplicata, em semanas diferentes com a metodologia otimizada, ou seja,
0,15 g de amostra, 20 mL da solução de ácido acético:clorofórmio (70:30 %/%), com adição de
0,9 mL de KI. Meio reacional de 40 ºC e tempo de reação de 10 minutos.
A partir dos dados da precisão pôde-se fazer a discriminação, por meio da variação do
VP entre os dois graus de ozonização (intermediário e mais avançado). A variação (Δ) entre o
OGO B3 e C3 foi de 127, uma variação maior do que a observada na metodologia originalmente
empregada, a qual resultou em VP de 1650 ± 27 e 1761 ± 32 meq O2/kg óleo, para as amostras
OGO B3 e C3, respectivamente, com um delta de 111 meq O2/kg óleo. A metodologia
otimizada foi aplicada também em outras amostras: OGO (A1, B1 e C1), OGO (A2, B2 e C2)
e OOO (A1, B1 e C1) (Tabela 6).
Pela Tabela 6 é possível confirmar que a discriminação entre o grau intermediário (B) e
o mais alto de ozonização (C) não é significativo para essas amostras. Em contrapartida, a
variação entre o menor grau (A) e o intermediário (B) é bem discriminatório. Por isso, seja mais
viável trabalhar nessa faixa de grau de ozonização.
O VA máximo permitido para óleos e gorduras refinados e para óleos prensados a frio
e não refinados, é de 0,6 e de 4,0 mg KOH/g, respectivamente (BRASIL, 2021). A Tabela 7
mostra os resultados do valor de acidez (VA) e iodo (VI) tanto para os óleos vegetais quanto
para os ozonizados.
O VA para os óleos vegetais foi baixo indicando uma boa qualidade dos mesmos (DOS
SANTOS et al., 2017; VIEIRA et al., 2018) e dentro do preconizado pela legislação brasileira
(BRASIL, 2021). A literatura traz distintos valores de acidez para o óleo vegetal de girassol de
0,5 mg NaOH/g óleo (SADOWSKA et al., 2008), 0,2 mg KOH/g óleo (DIAZ et al., 2021). Já
para o óleo vegetal de oliva de 0,3 mg NaOH/g óleo (SADOWSKA et al., 2008) e 0,7 KOH/g
óleo (VAROL et al., 2017). No entanto, para os óleos ozonizados não há limites estabelecidos
e foi perceptível um aumento do VA em relação aos óleos originais, conforme observado
também por outros autores (DIAZ et al., 2021; SADOWSKA et al., 2008; VAROL et al., 2017).
O VA se mostrou diretamente proporcional ao grau de ozonização (Tabela 7). Isso ocorre
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devido ao processo de decomposição dos óleos através da oxidação com a formação de ácidos
graxos livres de menor cadeia, devido ao rompimento das cadeias de ácidos graxos insaturados
com a progressão do processo de oxidação dos óleos (DOS SANTOS et al., 2017).
Para os óleos vegetais o VI foi superior antes da ozonização, conforme esperado, pois a
técnica determina as insaturações as quais são o alvo da reação do ozônio, reduzindo o VI após
a ozonização e sendo inversamente proporcional ao grau de ozonização. O mesmo foi
identificado por Moureu et al. (2016) em que relata o decaimento do VI com o aumento do
tempo de reação nas diferentes condições de ozonização. O VI para o óleo de girassol (126 g
I2/100 g óleo) foi bem próximo ao de Díaz et al. (2021) com um valor de 118 g I2/100 g óleo,
apresentando um valor de 54 g I2/100 g óleo após o processo de ozonização. Já o VI para o óleo
de oliva foi de 96 g I2/100 g óleo, sendo que, Díaz et al. (2006) reportaram um valor de VI para
o óleo de oliva de 82 g I2/100 g e logo após a ozonização foi de 59 g I2/100 g. Varol et al. (2017)
relatam um valor de VI para o óleo de oliva de 64 g I2/100 g e logo após a ozonização foi de
2,2 g I2/100 g. O óleo de girassol apresenta um VI superior ao de oliva devido à sua composição
de ácidos graxos, ou seja, contém maior concentração de ácido linoleico, tendo em sua estrutura
duas duplas ligações (CHOWDHURY et al., 2007; FONSECA; GUTIERREZ, 1974).
Diante do exposto e tendo em vista que o VA e VI sofrem influências diretas do processo
de ozonização, pode-se relacionar essas variáveis e determinar a correlação entre elas. A Figura
7a correlaciona o VI e VA do óleo vegetal de girassol e ozonizado, apresentado um coeficiente
de determinação de 0,8029. Já a Figura 7b correlaciona o VI e VA do óleo vegetal de oliva e
ozonizado, apresentado um coeficiente de determinação de 0,9383, demonstrando que estes
parâmetros podem ser correlacionados ao grau de ozonização, sendo inversamente
proporcionais.
Figura 7 - Correlação do valor de iodo e valor de acidez do OG e OGO (A1, B1 E C1) (a) e do
OO e OOO (A1, B1 E C1) (b).
150 150
Índice de iodo (g
50 50
0 0
0 2 4 6 0 1 2 3 4
Índice de acidez (mg NaOH/g óleo) Índice de acidez (mg NaOH/g óleo)
b
a
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O ozônio reage com as ligações duplas carbono-carbono dos ácidos graxos presentes
nos óleos vegetais. Tal reação origina produtos como os hidroxiperóxidos, peróxidos de
hidrogênio, ozonídeos de Criegee e aldeídos. Alguns desses aldeídos podem estar relacionados
com a atividade biológica de óleos vegetais ozonizados (CRIEGEE 1975; DÍAZ et al., 2006).
A formação e, consequentemente, o rendimento desses compostos oxigenados está relacionado
com as condições de reação, como a temperatura, as doses de ozônio aplicadas, o reator e,
principalmente, pela composição do óleo vegetal (BAILEY et al., 1978).
A análise por cromatografia gasosa permitiu identificar os ácidos graxos dos óleos
vegetais (girassol e oliva), bem como, o aumento de compostos com grupamento de ácido
carboxílico, alguns aldeídos e outros produtos da reação de oxidação, para os óleos ozonizados.
Para os óleos vegetais, a sua composição de ácidos graxos pode sofrer variação por safra,
genótipo das plantas, fatores climáticos, método de produção e armazenamento (RAMALHO;
SUAREZ, 2013). Na Tabela 8 pode-se verificar os ácidos graxos presentes no óleo vegetal de
girassol e oliva.
Cabe salientar que as tabelas apresentadas no decorrer do trabalho apresentam os
principais compostos de cada amostra. As tabelas com todos os compostos, bem como, os
cromatogramas estão dispostos nos Apêndice A (Tabela S2-S9) e Apêndice B (Figura S1-S8).
Pela Tabela 8, observa-se que ambos os óleos vegetais apresentam os mesmos ácidos
graxos. Porém, a quantidade para cada um deles é diferente. O ácido graxo majoritário para o
óleo de girassol é o ácido linoleico, o mesmo identificado na literatura (CHOWDHURY et al.,
2007; FONSECA; GUTIERREZ, 1974). Já para o óleo de oliva, o majoritário é o ácido oleico
(53,81%) corroborando com os estudos de Badolato et al. (1981) e Fonseca e Gutierrez (1974).
Os resultados para os óleos ozonizados corroboram com a teoria da ozonólise, com a
formação de ácidos graxos e aldeídos. O mesmo efeito observado por Moureu et al. (2016) em
que destaca que os aldeídos formados a partir do ácido oleico são o nonanal e o ácido 9-
oxononanoico que podem ser oxidados em ácidos nonanoico e azelaico, respectivamente.
52
Tabela 9 – Composição do óleo de girassol com diferentes graus de ozonização por análise cromatográfica (CG-MS).
OGO A1 OGO B1 OGO C1
Área (%) Composto Área (%) Composto Área (%) Composto
0,52 Hexanal 0,49 Hexanal 7,73 Hexanal dimetilacetal
6,94 Hexanal dimetilacetal 7,65 Hexanal dimetilacetal 4,08 Ácido hexanoico, éster metílico
4,02 Ácido hexanoico, éster metílico 4,98 Ácido hexanoico, éster metílico 0,28 Ácido butanoico, éster metílico
0,50 Heptanal dimetilacetal 0,31 Ácido butanoico, éster metílico 0,27 Octanal dimetilacetal
0,34 Ácido butanoico, éster metílico 0,24 Octanal dimetilacetal 0,06 Ácido acético, dimetoxi
0,16 Octanal dimetilacetal 0,21 Ácido acético, dimetoxi 0,66 Ácido octanoico, éster metílico
0,68 Ácido octanoico, éster metílico 0,95 Ácido octanoico, éster metílico 9,35 Nonanal dimetilacetal
8,65 Nonanal dimetilacetal 9,57 Nonanal dimetilacetal 5,55 Ácido nonanoico, éster metílico
4,94 Ácido nonanoico, éster metílico 6,70 Ácido nonanoico, éster metílico 2,05 Ácido 3-nonenoico, éster metílico
1,86 Ácido 3-nonenoico, éster metílico 2,68 Ácido 3-nonenoico, éster metílico 7,70 Ácido nonadióico, éster dimetílico
0,94 Ácido 9-oxononanoico, éster metílico 1,19 Ácido 9-oxononanoico, éster metílico 11,40 Ácido palmítico, éster metílico
6,33 Ácido nonadioico, éster dimetílico 8,65 Ácido nonadioico, éster dimetílico 2,80 Ácido esteárico, éster metílico
10,22 Ácido palmítico, éster metílico 10,14 Ácido palmítico, éster metílico 13,31 Ácido oleico, éster metílico
0,32 Ácido undecanodióico, éster dimetílico 2,75 Ácido esteárico, éster metílico 8,18 Ácido linoleico, éster metílico
3,31 Ácido esteárico, éster metílico 10,36 Ácido oleico, éster metílico 0,24 Ácido heptacosanóico, éster metílico
12,64 Ácido oleico, éster metílico 6,35 Ácido linoleico, éster metílico - -
13,98 Ácido linoleico, éster metílico 0,27 Ácido heptacosanóico, éster metílico - -
0,36 Ácido heptacosanoico, éster metílico - - - -
54
Tabela 10 – Composição do óleo de oliva com diferentes graus de ozonização poranálise cromatográfica (CG-MS).
OOO A1 OOO B1 OOO C1
Área (%) Composto Área (%) Composto Área (%) Composto
1,35 Ácido hexanoico, éster metílico 0,51 Hexanal 0,81 Hexanal
0,27 Ácido octanoico, éster metílico 2,03 Hexanal dimetilacetal 3,35 Hexanal dimetilacetal
0,64 Nonanal 1,65 Ácido hexanoico, éster metílico 2,61 Ácido hexanoico, éster metílico
9,42 Ácido nonanoico, éster metílico 0,51 Octanal dimetilacetal 0,38 Ácido pentanoico, éster metílico
1,03 Ácido 9-oxononanoico, éster metílico 2,17 Nonanal 0,95 Octanal dimetilacetal
9,26 Ácido nonadioico, éster dimetílico 15,80 Nonanal dimetilacetal 1,48 Ácido octanoico, éster metílico
12,92 Ácido palmítico, éster metílico 11,44 Ácido nonanoico, éster metílico 3,81 Nonanal
1,05 Ácido esteárico, éster metílico 3,25 Ácido 9-oxononanoico, éster metílico 16,54 Nonanal dimetilacetal
28,45 Ácido oleico, éster metílico 12,01 Ácido nonadioico, éster dimetílico 11,49 Ácido nonanoico, éster metílico
2,77 Ácido linoleico, éster metílico 11,25 Ácido palmítico, éster metílico 3,37 Ácido 9-oxononanoico, éster metílico
0,22 Ácido heptacosanóico, éster metílico 1,80 Ácido esteárico, éster metílico 10,08 Ácido nonadioico, éster dimetílico
- - 16,70 Ácido oleico, éster metílico 10,59 Ácido palmítico, éster metílico
- - - - 1,94 Ácido esteárico, éster metílico
- - - - 13,88 Ácido oleico, éster metílico
55
O triacilglicerol é formado por glicerol e três ácidos graxos, sendo este último, saturado
ou insaturado. Pela técnica de 1H RMN é possível realizar a determinação desses compostos
dos óleos vegetais (ZAILER, 2018). Na Tabela 11, tem-se o descolamento químico dos prótons
detectados pelo 1H RMN do óleo vegetal de girassol e oliva. Deslocamentos similares foram
identificados também por De Almeida et al. (2016), Soriano, Migo e Matsumura (2003) e Zailer
(2018).
Tabela 11 - Atribuição dos sinais de hidrogênio, por ressonância magnética nuclear, dos óleos vegetais.
Tipo Estrutura Deslocamento químico (ppm)
Grupo alil –CH = CH– 5,5-5,3
Suporte da glicerina –CH– 5,3-5,2
Suporte da glicerina –CH2– 4,4-4,0
C18:3 –CH = CH– CH2– CH = CH–CH2–CH = CH– 2,80
C18:2 –CH = CH– CH2– CH = CH– 2,75
Triglicerídeo –COO–CH2– 2,4-2,2
Triglicerídeo –CH = CH–CH2– 2,1-1,9
Triglicerídeo –COO–CH2–CH2– 1,7-1,5
Triglicerídeo (–CH2–)n 1,5-1,1
Triglicerídeo –CH3 1,0-0,7
Figura 8 - Espectro de 1H RMN dos óleos vegetais, girassol (A) e oliva (B), em clorofórmio deuterado. 2
9 5
4
7 3
8 6
B
A
57
Figura 9 - Espectro de 1H RMN do óleo de girassol não ozonizado (A) e ozonizado OGO A1 (B), OGO B1
(C) e OGO C1 (D) na faixa de 0 a 6 ppm.
A
58
Figura 10 - Espectro de 1H RMN do óleo de girassol não ozonizado (A) e ozonizado OGO A1 (B), OGO
B1 (C) e OGO C1 (D) na faixa de 9 a 10 ppm.
A
59
Figura 11 - Espectro de 1H RMN do óleo de oliva não ozonizado (A) e ozonizado OOO A1 (B), OOO B1 (C) e
OOO C1 (D) na faixa de 0 a 6 ppm.
A
60
Figura 12 - Espectro de 1H RMN do óleo de oliva não ozonizado (A) e ozonizado OOO A1 (B), OOO B1 (C)
e OOO C1 (D) na faixa de 9 a 10 ppm.
A
61
Vlachos et al. (2006) relatam que espectros de FT-IR de vários tipos de óleos vegetais
podem apresentar diferenças significativas na banda em torno de 3006 cm-1 que é atribuída à
vibração de estiramento C–H da ligação dupla cis (= CH). Isso ocorre devido à composição do
óleo e a proporção do ácido graxo presente em cada óleo. Em amostras de óleo não oxidado tal
banda pode variar de 3009 a 3006 cm-1 e esse efeito pode ser observado pela Figura 13, do
espectrograma de infravermelho do óleo vegetal de girassol e oliva. O óleo de girassol mostra
transmitância máxima em ∼3007 cm-1 em comparação com o óleo de oliva que apresenta uma
transmitância máxima em ∼3005 cm-1. Isso se deve à sua composição, tendo o óleo de girassol
maior proporção de grupos acil linoleico, em contrapartida que o óleo de oliva, maior proporção
de grupos acil oleico (LEDEA-LOZANO et al., 2019a; VLACHOS et al., 2006).
A banda de 2925 e 2854 cm-1 é atribuída à vibração de alongamento simétrico do grupo
alifático CH2. Região com banda de 1746 cm-1 corresponde ao grupo funcional carbonila de
ésteres dos triglicerídeos. A banda de 1700 cm1 refere-se ao ombro de ácidos graxos livres e
em 1654 cm-1 é da vibração de estiramento C = C de cis-olefinas. A banda de 1465 cm-1 é
responsável pelas vibrações de dobramento dos grupos alifáticos CH2 e CH3. Em 1418 cm-1
tem-se as vibrações de dobramento balanço de ligações CH de olefinas cis-dissubstituídas, 1397
cm-1 dobramento em vibrações no plano de grupos CH cis-olefínicos e em 1377 cm-1 vibrações
de flexão de grupos CH2. Por fim, tem-se as bandas em 1238 e 1163 cm-1 correspondente à
vibração de alongamento dos grupos éster C–O e em 723 cm-1 tem-se a sobreposição da
vibração de balanço CH2 e a vibração fora do plano de olefinas cis-dissubstituídas (GOMEZ,
2011; VLACHOS et al., 2006).
62
Nos espectros de FT-IR dos óleos ozonizados (Figura 14) observa-se a diminuição,
conforme o grau de ozonização, das bandas características de estiramento de dupla ligação C =
C (1651 - 1654 cm-1), estiramento C = C–H (3009 - 3006 cm-1) e vibração CH2 (723 cm1). Em
contrapartida, com o aumento do grau de ozonização uma nova banda em 1005 - 1106 cm-1
apareceu, atribuída ao estiramento C–O dos ozonídeos (DE ALMEIDA et al., 2016;
GEORGIEV et al., 2015).
Em 1727 cm-1 é a banda característica de carbonila de aldeído (GEORGIEV et al.,
2015), mas nos espectros não foi possível identificar tal banda, da mesma forma que Kogawa
et al. (2015) relatam que essa mesma banda estava ausente em seus espectros dos óleos
ozonizados.
Outra principal diferença entre os espectros dos óleos vegetais e ozonizados foi uma
banda no intervalo de 3100 a 3700 cm-1 mais especificadamente ~3500 cm-1. Sabe-se que este
sinal é correspondente ao grupo hidroperóxido, pelo estiramento da ligação O–H, grupo
hidroxila (LEDEA-LOZANO et al., 2019a).
63
Taxa de aquecimento 10 ºC/min, aquecimento desde a temperatura ambiente até 500 ºC, atmosfera de
N2, com vazão de 50 mL/min, cadinho de alumina e massa de amostra de 10,0 mg.
A análise térmica referente ao DSC (Figura 15) mostra que os ozonídeos se decompõem
na faixa de 110-180 °C com um pico em torno de 155 °C, em um processo exotérmico. Em
contrapartida, para o óleo vegetal de girassol tal efeito não foi observado. Soriano, Migo e
Matsumura (2005) obtiveram resultados similares para o óleo de girassol ozonizado em que
verificaram um forte pico exotérmico na faixa de 100-190 °C, com o pico máximo em 152 °C.
Kogawa et al. (2015) mostraram que o óleo de girassol ozonizado apresentou picos exotérmicos
atribuídos à degradação oxidativa dos ozonídeos em torno de 150 °C. A literatura comenta que
este pico é devido à decomposição térmica dos 1,2,4-trioxolanos e este mecanismo de
decomposição envolve a clivagem homolítica da ligação O-O, sendo esta, a etapa determinante
da velocidade que leva à formação de aldeídos, ácido carboxílicos e outros produtos menores
(CATALDO, 2013; SORIANO; MIGO; MATSUMURA, 2005).
5,5
5,3
5,0
6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0
Variação de tensão (log)
Com relação ao óleo de girassol ozonizado com diferentes graus de ozonização, embora
também não tenha sido possível medir o módulo elástico, o G” mostrou ser diretamente
proporcional ao grau de ozonização, com 13, 24 e 38 Pa, para as amostras OGO A1, B1 e C1,
respectivamente (Figura 17), em concordância com o aspecto de aumento crescente de
viscosidade observado visualmente para estas amostras.
66
4,5
4,0
5 6 7 8 9 10
Variação de tensão (log)
a
68
Pelo estudo da viscosidade foi possível afirmar que ambos os óleos (vegetal e
ozonizado) apresentam um comportamento de fluido newtoniano. Quando a temperatura é
constante para um fluido newtoniano, a relação entre a tensão de cisalhamento aplicada e a taxa
de cisalhamento são lineares e não haverá mudança na viscosidade quando o cisalhamento é
aplicado; de forma diversa, para um fluido não newtoniano, a relação entre a tensão de
cisalhamento e a taxa de cisalhamento não é linear e a viscosidade mudará quando o
cisalhamento for aplicado e três tipos de fluxos são considerados: espessamento por
cisalhamento (dilatante), afinamento por cisalhamento (pseudo-plástico) e plástico Bingham
(CHHABRA; RICHARDSON, 1999).
Tal classificação é devido a viscosidade ser constante para diferentes taxas de
cisalhamento e não variam com o tempo. Os valores da viscosidade para os óleos vegetais de
girassol e oliva foram de 0,048 e 0,055 Pa.s, respectivamente (Figura 20a). Com relação ao óleo
de girassol ozonizado com diferentes graus de ozonização obteve-se 0,215, 0,385 e 0,620 Pa.s
para as amostras OGO A1, B1 e C1, respectivamente (Figura 20b). Portanto, houve um
significativo aumento da viscosidade com a ozonização dos óleos, sendo diretamente
proporcional ao grau de ozonização.
69
Figura 20 - Rampa de viscosidade para do óleo vegetal de girassol e oliva (a) e dos óleos de girassol ozonizado e não
ozonizado (b).
0,7
0,07
0,06 0,6
Viscosidade (Pa.s)
Viscosidade (Pa.s)
0,05 0,5
0,04 0,4
Óleo de girassol
0,03 0,3
OGO A1
0,02 Óleo de girassol 0,2
OGO B1
0,01 0,1
Óleo de oliva OGO C1
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Taxa de cisalhamento (s-1) Taxa de cisalhamento (s-1)
a b
Figura 21 - Correlação do VA e viscosidade dos óleos de girassol ozonizado e não ozonizado (a) e do óleo de oliva
ozonizado e não ozonizado (b).
5 4,5
4 OOO C1
4 OGO C1 3,5
3 OOO B1
3
2,5
OOO A1
OGO A1 2
2 OGO B1
1,5
1 1
y = 0,0074x - 0,1505 y = 0,0045x + 0,2906
OG R² = 0,9808 0,5 R² = 0,9848
OO
0 0
0 200 400 600 800 0 200 400 600 800 1000
Viscosidade (mPa.s) Viscosidae (mPa.s)
a b
A Figura 22 (a) correlaciona o VI com a viscosidade do óleo vegetal de girassol e
ozonizado, apresentado um coeficiente de determinação de 0,7706. Já a Figura 24 (b)
correlaciona o VI do óleo vegetal de oliva e ozonizado, apresentado um coeficiente de
determinação de 0,8685. Tais coeficientes de determinação não deram tão bons, mas se observar
apenas no intervalo dos óleos ozonizados, percebe-se que estes parâmetros podem ser
correlacionados ao grau de ozonização por apresentarem uma tendência à linearidade.
Figura 22 - Correlação do VI e viscosidade dos óleos de girassol ozonizado e não ozonizado (a) e do óleo de oliva
ozonizado e não ozonizado (b).
140 120
Valor de iodo (g I2/100 g óleo)
a b
72
Foram avaliadas 8 amostras de óleos vegetais ozonizados e não ozonizados (Tabela 13),
contra as bactérias Escherichia coli, representante das bactérias gram-negativas, e
Staphylococcus aureus (além de S. epidermidis e S. hominis para as amostras de OG e OO e
OGO A1, B1 e C1), representante das gram-positivas, além do fungo leveduriforme, Candida
albicans, para avaliação atividade antimicrobiana, através da determinação da concentração
inibitória mínima (CIM), pelo método da diluição em ágar.
A CIM foi lida como a menor concentração da amostra usada na avaliação que inibiu o
crescimento visível da bactéria ou fungo. Os resultados de atividade antimicrobiana sobre
quatro cepas de bactérias e uma de fungo são apresentadas na Tabela 13, e estão expressas em
percentual de amostra em meio de cultura.
Para os óleos vegetais, apenas em relação à Candida albicans houve uma diferença da
CIM entre o óleo de girassol e oliva, sendo que o primeiro se mostrou mais eficaz. O processo
de ozonização melhorou a capacidade bacteriostática e fungistática para ambos os óleos. Tanto
para o óleo ozonizado de girassol e oliva o grau intermediário (B1) já apresentou a CIM similar
ao grau maior de ozonização (C1) demonstrando, assim, que a atividade antimicrobiana do óleo
ozonizado necessita de um grau mínimo de ozonização, não sendo necessário chegar ao grau
alto de ozonização, cujo VP foi de 2823 ± 33 e 2906 ± 21, respectivamente (Tabela 6).
Sanguanini (2019) relata que é importante conhecer a faixa ideal de concentração de
peróxidos no óleo ozonizado para entender seus efeitos benéficos em relação à atividade
biológica, porém, como discutido anteriormente, devido à variabilidade metodológica e
ausência de uma otimização desta metodologia, na literatura, não é possível comparar o valor
obtido no presente trabalho com o método otimizado, em relação aos valores relatados na
73
literatura para estes óleos ozonizados com similar efeito antimicrobiano. Ainda, deve-se
considerar as diferenças nos protocolos de análise da CIM entre os diferentes trabalhos, levando
em conta que esta análise para uma amostra hidrofóbica como é o caso dos óleos vegetais,
representa um desafio analítico sendo que o resultado final é sensível ao método empregado.
Bouzid e colaboradores (2021) estudaram o óleo de oliva ozonizado e a CIM variou de
0,198 mg/mL a 63,5 mg/mL e CBM (concentração bactericida mínima) de 0,248 a 63,5 mg/mL,
sendo que esses valores indicam que o óleo ozonizado tem efeito bactericida, pois a relação
CBM/CIM foi menor ou igual a 4, frente à Staphylococcus aureus e Escherichia coli.
Diaz et al. (2012), também realizaram seus estudos com a S. aureus e E. coli,
apresentando um valor de CIM de 19 e 28,5 mg/mL, respectivamente e para um VP de 361 meq
O2/kg óleo. Já com o VP mais alto (675 meq O2/kg óleo), a CIM foi de 9,5 e 19 mg/mL para S.
aureus e E. coli, respectivamente. Assim, concluíram que a atividade antimicrobiana aumentou
à medida que os valores do VP aumentaram.
Em relação à Candida albicans, Varol e colaboradores (2017) verificaram que a CIM
do óleo de oliva foi de 50 µg/mL. Já para o óleo de oliva ozonizado foi de 6,25 µg/mL (com
um VP de 1053 meq O2/kg óleo) e de 1,56 µg/mL (com um VP de 1352 meq O2/kg óleo).
O óleo de girassol (OG) foi testado em sua forma bruta (1, 10, 100 µg/mL) e em
diferentes graus de ozonização, OGO A1, B1 e C1, em que cada grau de ozonização teve as
75
mesmas concentrações testadas (1, 10, 100 µg/mL) em macrófagos estimulados por LPS
(Figura 25).
O tratamento com o OG bruto, bem como, a amostra OGO A1, não demonstrou efeito
de redução na produção de NO em nenhuma das concentrações testadas. Porém, o óleo de
girassol OGO B1 reduziu a produção de NO nas concentrações de 10 e 100 µg/mL. Já o óleo
OGO C1 também levou a uma redução dos níveis de NO na concentração de 100 µg/mL. Isso
demonstra que o grau intermediário de ozonização (OGO B1) já apresenta boa atividade anti-
inflamatória frente ao grau superior de ozonização (OGO C1). O NO foi indiretamente
quantificado pela formação de seus metabólitos nitrato (NO3-) e nitrito (NO-2), utilizando a
reação de Griess em todas as concentrações testadas (GREEN et al., 1982).
Ginel et al. (2021) estudaram o óleo de girassol ozonizado e perceberam que sua ação
tópica reduziu significativamente o tamanho de feridas em tartarugas. Ainda relatam que foi
observado microscopicamente um aumento significativo de heterofilos, linfócitos e
fibroblastos. Ademais, com esses achados, os autores sustentam a hipótese de que além do óleo
de girassol ozonizado apresentar efeitos antimicrobianos, este também é útil no tratamento de
feridas cutâneas em quelônios. Estes autores sugerem que o tratamento provoca um aumento
na resposta inflamatória precoce, proliferação de fibroblastos e remodelação das fibras de
colágeno.
testadas do óleo OOO A1, enquanto no OOO B1 e C1 só houve redução nas concentrações de
10 e 100 µg/mL. Kataoka e colaboradores (2009) verificaram que o óleo de oliva ozonizado
estimulou o desenvolvimento de respostas inflamatórias, como vasodilatação, edema e
hiperplasia epidérmica e por isso atua nas fases de cura, desencadeando e modulando a fase
inflamatória, em camundongos.
Da mesma forma observada para o óleo de girassol ozonizado, o óleo de oliva ozonizado
na sua concentração intermediária de ozonização (OOO B1) demonstra atividade anti-
inflamatória em relação ao grau superior de ozonização (OOO C1).
6 CONCLUSÃO
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86
APÊNDICE A - TABELAS
119 42 2 6 45 15 2,5 1 40 86
117 43 2 6 45 15 0,5 1 40 32
132 44 2 6 45 5 1,5 0,15 40 85
133 45 2 6 45 15 1,5 0,15 40 12
131 46 2 6 65 10 1,5 1 50 73
99 47 2 5 45 10 0,5 1,85 40 83
93 48 2 5 25 5 1,5 1 40 129
95 49 2 5 25 15 1,5 1 40 137
107 50 2 5 25 10 2,5 1 40 67
102 51 2 5 45 15 1,5 1 30 165
115 52 0 5 45 10 1,5 1 40 90
110 53 2 5 45 10 1,5 1,85 30 93
111 54 2 5 45 10 1,5 0,15 50 148
106 55 2 5 65 10 0,5 1 40 57
97 56 2 5 45 10 0,5 0,15 40 312
100 57 2 5 45 10 2,5 1,85 40 117
96 58 2 5 65 15 1,5 1 40 67
105 59 2 5 25 10 0,5 1 40 82
98 60 2 5 45 10 2,5 0,15 40 182
104 61 2 5 45 15 1,5 1 50 57
112 62 2 5 45 10 1,5 1,85 50 155
103 63 2 5 45 5 1,5 1 50 147
101 64 2 5 45 5 1,5 1 30 124
94 65 2 5 65 5 1,5 1 40 70
113 66 0 5 45 10 1,5 1 40 47
114 67 0 5 45 10 1,5 1 40 86
109 68 2 5 45 10 1,5 0,15 30 260
108 69 2 5 65 10 2,5 1 40 46
32 70 2 2 45 10 0,5 1 30 141
39 71 2 2 65 10 1,5 1 50 43
42 72 2 2 45 5 1,5 1,85 40 119
34 73 2 2 45 10 0,5 1 50 109
44 74 0 2 45 10 1,5 1 40 191
43 75 2 2 45 15 1,5 1,85 40 108
36 76 2 2 25 10 1,5 1 30 84
40 77 2 2 45 5 1,5 0,15 40 173
27 78 2 2 45 15 2,5 1 40 32
29 79 2 2 65 10 1,5 0,15 40 138
30 80 2 2 25 10 1,5 1,85 40 97
25 81 2 2 45 15 0,5 1 40 70
41 82 2 2 45 15 1,5 0,15 40 124
24 83 2 2 45 5 0,5 1 40 66
35 84 2 2 45 10 2,5 1 50 158
31 85 2 2 65 10 1,5 1,85 40 91
45 86 0 2 45 10 1,5 1 40 130
46 87 0 2 45 10 1,5 1 40 244
26 88 2 2 45 5 2,5 1 40 33
88
37 89 2 2 65 10 1,5 1 30 56
28 90 2 2 25 10 1,5 0,15 40 90
33 91 2 2 45 10 2,5 1 30 134
38 92 2 2 25 10 1,5 1 50 93
6 93 2 1 45 10 2,5 0,15 40 129
11 94 2 1 45 5 1,5 1 50 47
4 95 2 1 65 15 1,5 1 40 146
2 96 2 1 65 5 1,5 1 40 83
21 97 0 1 45 10 1,5 1 40 111
23 98 0 1 45 10 1,5 1 40 184
5 99 2 1 45 10 0,5 0,15 40 311
14 100 2 1 65 10 0,5 1 40 83
13 101 2 1 25 10 0,5 1 40 58
15 102 2 1 25 10 2,5 1 40 66
9 103 2 1 45 5 1,5 1 30 136
1 104 2 1 25 5 1,5 1 40 69
19 105 2 1 45 10 1,5 0,15 50 167
17 106 2 1 45 10 1,5 0,15 30 238
7 107 2 1 45 10 0,5 1,85 40 88
22 108 0 1 45 10 1,5 1 40 214
16 109 2 1 65 10 2,5 1 40 91
20 110 2 1 45 10 1,5 1,85 50 304
10 111 2 1 45 15 1,5 1 30 125
8 112 2 1 45 10 2,5 1,85 40 18
18 113 2 1 45 10 1,5 1,85 30 171
12 114 2 1 45 15 1,5 1 50 48
3 115 2 1 25 15 1,5 1 40 93
87 116 2 4 45 15 1,5 0,15 40 250
76 117 2 4 25 10 1,5 1,85 40 34
85 118 2 4 65 10 1,5 1 50 174
83 119 2 4 65 10 1,5 1 30 74
86 120 2 4 45 5 1,5 0,15 40 44
71 121 2 4 45 15 0,5 1 40 51
77 122 2 4 65 10 1,5 1,85 40 111
84 123 2 4 25 10 1,5 1 50 122
70 124 2 4 45 5 0,5 1 40 74
90 125 0 4 45 10 1,5 1 40 175
79 126 2 4 45 10 2,5 1 30 150
75 127 2 4 65 10 1,5 0,15 40 192
80 128 2 4 45 10 0,5 1 50 160
88 129 2 4 45 5 1,5 1,85 40 148
73 130 2 4 45 15 2,5 1 40 98
91 131 0 4 45 10 1,5 1 40 314
82 132 2 4 25 10 1,5 1 30 153
89 133 2 4 45 15 1,5 1,85 40 117
78 134 2 4 45 10 0,5 1 30 85
81 135 2 4 45 10 2,5 1 50 214
89
APÊNDICE B - FIGURAS