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DE CONCRETOS REFRATÁRIOS
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R. Salomão , M.D.M. Innocentini , L.R.M. Bittencourt , V.C. Pandolfelli
(1) Universidade Federal de São Carlos DEMa
Via Washington Luiz, km 235 São Carlos – SP
pers@iris.ufscar.br
(2) Magnesita S.A.
Cidade Industrial - 32210-050 Contagem – MG.
RESUMO
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta como diferencial uma cuidadosa caracterização térmica das fibras por
calorimetria diferencial exploratória e termogravimetria, além de duas técnicas de medida e avaliação
de permeabilidade desenvolvidas pelo Grupo de Engenharia de Microestrutura de Materiais (GEMM /
DEMa / UFSCar): medida de permeabilidade baseada no equacionamento de Forchheimer para
fluidos compressíveis e permeametria de ar quente. A primeira, se vale de um equacionamento mais
adequado (equação de Forchheimer) que aquele normalmente empregado na literatura (equação de
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Darcy) para representar o escoamento de fluidos através da estrutura dos concretos . A outra
técnica permite observar variações de permeabilidade no concreto promovidas pelo aquecimento sem
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necessidade de tratamentos térmicos prévios . Esse fato a torna espec ialmente adequada para
observar variações de permeabilidade causadas por reações térmicas no material polimérico,
permitindo que sejam correlacionadas com os resultados da caracterização das fibras.
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Os vários tipos de fibras utilizados nesse trabalho são produtos comerciais cujas aplicações
não estavam voltadas para indústria de refratários. Apesar disso, sua boa disponibilidade e baixo
custo favorecem sua utilização num novo nicho de mercado. Foram utilizadas fibras de polipropileno
(PP), poli(etileno tereftalato) ou poliéster (PET), aramídicas (PAr ou Nomex ) e de juta. O polipropileno
tem sido utilizado na confecção de não-tecido, carpetes e como reforço estrutural na construção civil.
O PET é provavelmente a fibra sintética têxtil mais produzida no mundo e abrange diversas
aplicações como tecidos, não-tecidos, enchimentos de cobertores, travesseiros e brinquedos. As
fibras aramídicas são fibras de alto desempenho termomecânico e compõem tecidos especiais
(roupas antichama e antiperfuração) e revestimentos isolantes (cabos e gaxetas). A juta é uma fibra
natural cultivada na região norte do Brasil e vem sido empregada na confecção industrial de sacarias
para grãos e carpetes há mais de um século.
MATERIAIS E MÉTODOS
A permeabilidade de amostras verdes e queima das (900ºC) foi medida através do ajuste
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polinomial de pares de dados de pressão imposta e vazão resultante à equação de Forchheimer ,
expressa para fluidos compressíveis como,
Pi2 − P02 µ ρ 2
= vs + v Equação 1
2P0L k1 k2 s
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As porosidades aparente e total de amostras verdes e queimadas foram obtidas através do
método de imersão (ASTM C20-87). O fluido de imersão utilizado foi querosene (densidade a 25ºC
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igual a 0,78g/cm ).
Os diferentes tipos de fibras foram caracterizados por meio das técnicas de calorimetria
diferencial exploratória (Netzsch DSC 204) entre 20ºC e 600ºC e por termogravimetria (Netzsch TG
209), entre 20ºC e 800ºC, ambas numa taxa de aquecimento de 5ºC/min, em atmosferas oxidante (ar
sintético).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
150 10000
Verde
900ºC
1000
k1 (10-17m2 )
100
k2 (10-15 m)
100
50
10
0 1
Sem fibra PP PET PAr Juta Sem fibra PP PET PAr Juta
Figura 1: Medidas de permeabilidade.
As amostras verdes dos concretos com fibras apresentaram valores similares aos da referência
sem fibras, indicando que a presença das fibras pouco contribuiu na geração de novos canais
permeáveis. Após o tratamento térmico, no entanto, observa-se aumentos significativos nos valores
das constantes de permeabilidade para os concretos com fibras (até uma ordem de grandeza em
relação ao valor obtido pela referência sem fibras e até duas ordens de grandeza em relação ao
material verde, para k2). Esse comportamento indica que diferentes tipos de fibras podem produzir
aumentos de permeabilidade similares em concretos refratários.
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24 24
Porosidade aparente (%)
Verde
12 12
6 6
0 0
Sem fibra PP PET PAr Juta Sem fibra PP PET PAr Juta
Figura 2: Medidas de porosidade aparente e total.
Esses resultados mostram que o volume de fibras adicionado não contribuiu para alterar os
valores de porosidade total e aparente das amostras verdes, não apresentando grandes variações
entre si (com exceção da juta, onde a porosidade intrínseca da fibra pode ter atuado facilitando o
acesso do fluido aos poros oclusos). Pode-se afirmar que a presença das fibras no concreto verde
não modificou sua porosidade (total e aparente). Após o tratamento térmico, o pequeno volume de
fibras adicionado (0,18% em volume) promoveu um aumento significativo na porosidade aparente
(em até 4% a mais em relação à referência sem fibras após o tratamento), sem alterar a porosidade
total. Isso indica que variações na porosidade aparente após o tratamento térmico e degradação das
fibras, devem ter sido causadas pela abertura de poros não acessíveis ao fluido de imersão no
concreto verde.
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vazão continua até se estabilizar num valor máximo (394,5% maior que a referência sem fibras)
quando a temperatura atinge 450ºC, que corresponde ao fim da reação de degradação das fibras.
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O concreto contendo fibras de juta apresentou um perfil de vazão semelhante àquele contendo
PP (mesmas regiões de aumento de vazão, estabilização e mesmos níveis finais de vazão atingidos).
Esse resultado indica que fibras naturais também possuem potencial para atuar como aditivos de
aumento de permeabilidade em concretos refratários.
A comparação entre as atuações dos diferentes tipos de fibras mostra que todos podem ser
utilizados para gerar aumento de permeabilidade e de porosidade aparente. No entanto, quando se
espera uma atuação eficaz como aditivo de secagem, é preciso considerar não somente os
resultados finais de tratamento térmico, mas também em que faixa de temperatura a decomposição
do polímero ocorre e sua posição em relação à saída do vapor d’água. Quanto menor a temperatura
de saída do material orgânico, mais cedo ocorrerá o aumento de permeabilidade e menor será a
pressurização da estrutura durante o aquecimento. Assim, fibras com menores temperaturas de
degradação (PP e Juta) podem proporcionar formulações de concreto com maiores velocidades de
secagem e menores riscos de explosão que aquelas mais resistentes (PET e PAr). Uma combinação
dos dois tipos de fibras poderia resultar num interessante efeito de aumento de permeabilidade e
reforço mecânico da estrutura do concreto, otimizando seu desempenho.
CONCLUSÕES
Vários tipos de fibras poliméricas podem ser utilizados como aditivo para aumento da
permeabilidade em concretos refratários. Diferentes tipos de fibras geraram aumentos de
permeabilidade similares após tratamento térmico quando empregadas em igual teor volumétrico e
processadas sob as mesmas condições de mistura. Fibras com maior resistência à degradação
térmica (PET e PAr) podem não atuar tão bem como aditivo antiexplosão. Os concretos contendo
fibras de PP e Juta apresentaram comportamento equivalente em relação à permeabilidade em alta
temperatura, permeabilidade em temperatura ambiente (antes e após tratamento térmico) e
porosidades total e aparente. As técnicas de medida de permeabilidade em baixa (PBT) e altas
temperaturas (PAT) se mostraram importantes ferramentas de caracterização do comportamento
fluido-dinâmico dos concretos contendo fibras poliméricas.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FAPESP, ALCOA S.A., e MAGNESITA S.A. pelo suporte fornecido a
esse trabalho e aos fornecedores de fibras FITESA, RHODIA- STER, DUPONT AFS e TÊXTIL
CASTANHAL pelas amostras gentilmente cedidas.
REFERÊNCIAS
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1. Havranek, P. H. Am.Ceram.Soc.Bull. 62[2], 234-243 (1983).
2. Klebb, T.R. and Caprio, J.A. Advances in Ceramics, 13, edited by Robert Fisher, Am.Ceram.Soc., 149-161 (1985).
3. Canon, J.M.; Sandler, T.P.; Smith, J.D. and Moore, R.E. UNITECR’ 97, New Orleans, EUA, 583-592 (1997).
4. Innocentini, M.B., Pardo, A.R.F., Pandolfelli, V.C. J.Am.Ceram.Soc., 85[6] 1517-1521 (2002).
5. Innocentini, M.D.M; Ribeiro, C.; Salomão, R.; Bittencourt, L.; Pandolfelli, V.C. J.Am.Ceram.Soc., 85[8] 2110-2112 (2002).
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POLYMERIC FIBERS AND PERMEABILITY OF REFRACTORY CASTABLES
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R. Salomão , M.D.M. Innocentini , L.R.M. Bittencourt , V.C. Pandolfelli
ABSTRACT
In the industries, the difficulties of dewatering process of refractory castables are well known. Equally
recognized are the benefits of polymer addition in this materials formulation to avoid the risk of
spalling. In spite of it, the mechanism behind the work of polymeric fibers is still unknown. The purpose
of this work was to evaluate the performance of different types of polymeric fibers to promote increase
in the castables permeability. The utilized fibers have different physical- chemical properties, as
degradation temperatures, and they are commercial products, with applications beyond the refractory
market. The results of fibers thermal characterization (DSC and TGA) were compared with those
obtained by low temperature permeametry (LTP, 25ºC) and by hot air permeametry (HAP, until 800ºC)
for castable formulation containing 0.36 vol% of four different types of fibers.
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