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TIPOS DE FIBRAS POLIMÉRICAS E A PERMEABILIDADE

DE CONCRETOS REFRATÁRIOS

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R. Salomão , M.D.M. Innocentini , L.R.M. Bittencourt , V.C. Pandolfelli
(1) Universidade Federal de São Carlos DEMa
Via Washington Luiz, km 235 São Carlos – SP
pers@iris.ufscar.br
(2) Magnesita S.A.
Cidade Industrial - 32210-050 Contagem – MG.

RESUMO

Devido à elevada eficiência do empacotamento de partículas e ao reduzido teor de água para


mistura e hidratação empregados em concretos refratários, esses materiais apresentam baixa
permeabilidade. Essa característica faz com que sua secagem seja dificultada, principalmente pelos
riscos de danos estruturais e explosões. Para minimizá- los, fibras poliméricas têm sido adicionadas
às formulações de concreto (em teores volumétricos entre 0,05 % e 0,5 %) no intuito de facilitar a
saída do vapor d’água pressurizado. Neste trabalho, a influência de diversos tipos de fibras
poliméricas na permeabilidade de concretos refratários foi verificada. Os benefícios gerados pela
presença das fibras foram quantificados através do Equacionamento de Forchheimer para fluido
compressíveis, porosimetria de imersão e de uma técnica de permeametria em altas temperaturas
projetada e desenvolvida pelo grupo de pesquisa. Esses resultados foram correlacionados com a
caracterização térmica das fibras (calorimetria exploratória diferencial e termogravimetria) e
mostraram que os diferentes tipos provocaram alterações similares no comportamento fluido-
dinâmico dos concretos, porém em diferentes faixas de temperatura. Para as formulações com fibras
mais suscetíveis ao calor, elas ocorreram em menores temperaturas; para aquelas com fibras mais
resistentes, somente em temperaturas mais elevadas aumentos similares de permeabilidade foram
atingidos.

PALAVRAS- CHAVE: concretos refratários, permeabilidade, fibras poliméricas.

INTRODUÇÃO

Na tentativa de facilitar a secagem de concretos refratários, fibras poliméricas têm sido


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adicionadas às formulações em teores que variam de 0,01 % a 0.5 % em volume . Essa técnica é
utilizada industrialmente há pelo menos três décadas e apresenta importantes benefícios como a
redução dos riscos de explosão e o aumento na velocidade de secagem. Acredita-se que reações
físico-químicas nas fibras promovidas pelo aquecimento (como fusão e degradação das fibras) sejam
responsáveis por modificações no comportamento fluidinâmico do vapor de água no interior dos
(2,3)
concretos que facilitam sua saída e diminuem a pressurização da estrutura . No entanto, esse
mecanismo ainda não foi totalmente compreendido, em parte devido a dificuldades experimentais nas
medidas de permeabilidade e à pouca atenção direcionada à caracterização térmica das fibras.

Este trabalho apresenta como diferencial uma cuidadosa caracterização térmica das fibras por
calorimetria diferencial exploratória e termogravimetria, além de duas técnicas de medida e avaliação
de permeabilidade desenvolvidas pelo Grupo de Engenharia de Microestrutura de Materiais (GEMM /
DEMa / UFSCar): medida de permeabilidade baseada no equacionamento de Forchheimer para
fluidos compressíveis e permeametria de ar quente. A primeira, se vale de um equacionamento mais
adequado (equação de Forchheimer) que aquele normalmente empregado na literatura (equação de
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Darcy) para representar o escoamento de fluidos através da estrutura dos concretos . A outra
técnica permite observar variações de permeabilidade no concreto promovidas pelo aquecimento sem
(5)
necessidade de tratamentos térmicos prévios . Esse fato a torna espec ialmente adequada para
observar variações de permeabilidade causadas por reações térmicas no material polimérico,
permitindo que sejam correlacionadas com os resultados da caracterização das fibras.

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Os vários tipos de fibras utilizados nesse trabalho são produtos comerciais cujas aplicações
não estavam voltadas para indústria de refratários. Apesar disso, sua boa disponibilidade e baixo
custo favorecem sua utilização num novo nicho de mercado. Foram utilizadas fibras de polipropileno
(PP), poli(etileno tereftalato) ou poliéster (PET), aramídicas (PAr ou Nomex ) e de juta. O polipropileno
tem sido utilizado na confecção de não-tecido, carpetes e como reforço estrutural na construção civil.
O PET é provavelmente a fibra sintética têxtil mais produzida no mundo e abrange diversas
aplicações como tecidos, não-tecidos, enchimentos de cobertores, travesseiros e brinquedos. As
fibras aramídicas são fibras de alto desempenho termomecânico e compõem tecidos especiais
(roupas antichama e antiperfuração) e revestimentos isolantes (cabos e gaxetas). A juta é uma fibra
natural cultivada na região norte do Brasil e vem sido empregada na confecção industrial de sacarias
para grãos e carpetes há mais de um século.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi utilizada uma composição de concreto refratário elaborada segundo o modelo de


distribuição de partículas de Andreasen, com coeficiente q igual a 0,21. As matérias primas utilizadas
compuseram uma mistura de matriz fina (24% em peso, com dp < 100 µm) e agregados (74 % em
peso dpmax = 4,5 mm), contendo 98 % em peso de alumina e 2 % em peso de cimento a base de
aluminato de cálcio CA14, Alcoa- EUA. Um teor de 4,12 % em peso (15 % em volume) de água
destilada foi adicionado à formulação para mistura e hidratação do cimento. Todas as matérias
primas utilizadas foram fornecidas pela Alcoa Brasil e EUA.

Foram adicionados à composição, quatro tipos diferentes de fibras poliméricas, com


comprimentos de 6 mm e num teor volumétrico de 0,18 %. As principais características dessas fibras
estão resumidas na Tabela I.

Tabela I: Principais características das fibras utilizadas.


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Fibra Diâmetro (µm) Densidade (g/cm ) Fusão (ºC)* Degradação (ºC)*
Polipropileno (PP)a 15 0,9081 165 258 – 364
Poliéster (PET)b 15 1,4570 245 317- 448
Aramídicas (PAr)c 20 1,380 - 395 – 518
Juta d 30-50 1,4749 - 217 – 408
( aFitesa, Brasil; bRhodia-Ster, Brasil; c DuPont AFS, EUA; dTêxtil Castanhal, Brasil.
*Atmosfera oxidante com 26 % em volume de O2, 5ºC/min)

As formulações contendo diferentes tipos de fibras foram processadas em misturador planetário


e em seguida moldadas verticalmente na forma de discos com 7,5 cm de diâmetro por 2,6 cm de
espessura, e na forma de cilindros com 4 cm de diâmetro por 4 cm de altura. A cura foi realizada
numa temperatura de 50ºC, em câmara climática (Vötsch 2020) em ambiente com umidade relativa
igual a 100 % por 24 horas. Em seguida, as amostras permaneceram por mais 24 horas a 50ºC, com
umidade relativa do ambiente a 5 % para remoção de umidade residual.

A permeabilidade de amostras verdes e queima das (900ºC) foi medida através do ajuste
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polinomial de pares de dados de pressão imposta e vazão resultante à equação de Forchheimer ,
expressa para fluidos compressíveis como,

Pi2 − P02 µ ρ 2
= vs + v Equação 1
2P0L k1 k2 s

onde Pi e PO são, respectivamente, a pressão do ar na entrada da amostra e saída da amostra; vs é a


velocidade do fluido; L é a espessura da amostra; µ é a viscosidade do fluido e ρ a densidade do
fluido na temperatura do ensaio (25ºC). As constantes k1 e k2 representam a permeabilidade
Darcyana e não- Darcyana do material, respectivamente.

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As porosidades aparente e total de amostras verdes e queimadas foram obtidas através do
método de imersão (ASTM C20-87). O fluido de imersão utilizado foi querosene (densidade a 25ºC
3
igual a 0,78g/cm ).

Amostras verdes e queimadas tiveram seus comportamentos fluidodinâmicos avaliados através


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da técnica de permeametria de ar quente entre 20ºC e 700ºC, numa taxa de aquecimento igual a
5ºC/min. Nessa técnica, um fluxo de ar gerado por um gradiente de pressão é forçado a atravessa um
meio poroso. Diferentes fenômenos podem perturbar a trajetória do fluido durante o aquecimento.
Sob o elevado gradientes de pressão imposto, o fluxo de ar torna-se sensível a rearranjos físicos no
(5)
meio poroso, evidenciando variações de permeabilidade .

Os diferentes tipos de fibras foram caracterizados por meio das técnicas de calorimetria
diferencial exploratória (Netzsch DSC 204) entre 20ºC e 600ºC e por termogravimetria (Netzsch TG
209), entre 20ºC e 800ºC, ambas numa taxa de aquecimento de 5ºC/min, em atmosferas oxidante (ar
sintético).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de medida de permeabilidade em baixa temperatura (PBT) para concretos


contendo diferentes tipos de fibras poliméricas (amostras verdes e outras queimadas a 900ºC por 6
horas) são representados na Figura 1.

150 10000
Verde
900ºC
1000
k1 (10-17m2 )

100
k2 (10-15 m)

100

50
10

0 1
Sem fibra PP PET PAr Juta Sem fibra PP PET PAr Juta
Figura 1: Medidas de permeabilidade.

As amostras verdes dos concretos com fibras apresentaram valores similares aos da referência
sem fibras, indicando que a presença das fibras pouco contribuiu na geração de novos canais
permeáveis. Após o tratamento térmico, no entanto, observa-se aumentos significativos nos valores
das constantes de permeabilidade para os concretos com fibras (até uma ordem de grandeza em
relação ao valor obtido pela referência sem fibras e até duas ordens de grandeza em relação ao
material verde, para k2). Esse comportamento indica que diferentes tipos de fibras podem produzir
aumentos de permeabilidade similares em concretos refratários.

As medidas de porosidade aparente e total de amostras verdes e após tratamentos térmicos


estão representadas na Figura 2.

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24 24
Porosidade aparente (%)

Verde

Porosidade total (%)


900ºC
18 18

12 12

6 6

0 0
Sem fibra PP PET PAr Juta Sem fibra PP PET PAr Juta
Figura 2: Medidas de porosidade aparente e total.

Esses resultados mostram que o volume de fibras adicionado não contribuiu para alterar os
valores de porosidade total e aparente das amostras verdes, não apresentando grandes variações
entre si (com exceção da juta, onde a porosidade intrínseca da fibra pode ter atuado facilitando o
acesso do fluido aos poros oclusos). Pode-se afirmar que a presença das fibras no concreto verde
não modificou sua porosidade (total e aparente). Após o tratamento térmico, o pequeno volume de
fibras adicionado (0,18% em volume) promoveu um aumento significativo na porosidade aparente
(em até 4% a mais em relação à referência sem fibras após o tratamento), sem alterar a porosidade
total. Isso indica que variações na porosidade aparente após o tratamento térmico e degradação das
fibras, devem ter sido causadas pela abertura de poros não acessíveis ao fluido de imersão no
concreto verde.

As técnicas de medida de permeabilidade em baixa temperatura e porosimetria de imersão


mostraram que os aumentos de permeabilidade gerados pelos diferentes tipos de fibras após a
queima a 900ºC foram equivalentes. No entanto, a utilização de tratamento térmico prévio,
impossibilita determinar a faixa de temperatura exata em que esses aumentos ocorreram. Os
diferentes comportamentos em relação à temperatura exibidos pelos diversos tipos de fibras sugere
que eles possam ocorrem em temperaturas distintas. A permeametria em altas temperaturas
possibilita que essas informações possam ser determinadas sem necessidade de tratamento térmicos
prévios. Nas Figura 3, 4, 5 e 6 os perfis de vazão gerados pelos concretos contendo fibras
poliméricas durante o aquecimento foram comparados com o de outro concreto sem fibras, utilizado
como referência. Foram levantados os aumentos percentuais de vazão, em relação ao nível inicial,
causados pela presença das fibras.

Figura 3: Permeametria de ar quente para amostra contendo fibras de polipropileno.

Os resultados da Figura 3 mostram um súbito aumento do nível de vazão para as amostras


com fibras entre 165ºC e 250ºC, resultado que não foi observado na amostra de referência sem
fibras. Por meio da análise térmica das fibras de PP (Figura 1), pode-se identificar essa faixa de
temperatura como a região de fusão e início da degradação do polímero. O aumento no nível de

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vazão continua até se estabilizar num valor máximo (394,5% maior que a referência sem fibras)
quando a temperatura atinge 450ºC, que corresponde ao fim da reação de degradação das fibras.

Figura 4: Permeametria de ar quente para amostra contendo fibras de PET.

No caso do PET, a estabilização do perfil de vazão ocorreu em temperatura superior ao PP


(350-400ºC). Essa faixa de temperatura corresponde ao início da degradação do polímero nos dados
de DSC e ATG. Por volta de 500ºC, o nível da vazão se estabilizou num valor semelhante ao atingido
pelo PP (342% maior que o atingido pela referência).

A análise térmica das fibras aramídicas indica um desempenho superior em relação à


resistência a temperatura: a reação de decomposição só ocorreu em altas temperaturas e é bastante
exotérmica. O aumento do nível de vazão só ocorreu por volta de 400ºC (início da degradação) e se
estabilizou em 600ºC (fim da degradação), num valor inferior ao obtido por PP e PET. A partir dos
resultados de PBT para as fibras de PAr, seria esperado que o valor de vazão atingido no PAT fosse
equivalente ao das outras fibras e, no entanto, ele se manteve bem abaixo. Isso pode ser explicado
pelo fato do tratamento térmico aplicado nas amostras para PBT ter sido conduzido em temperaturas
superiores e por mais tempo, de modo que todo material polimérico pudesse ser eliminado. No PAT,
é possível que nem todo o material polimérico tenha se decomposto ou que subprodutos sólidos
possam ter sido gerados, fazendo com que o aumento de permeabilidade esperado não tenha sido
atingido.

Figura 5: Permeametria de ar quente para amostra contendo fibras de PAr.

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O concreto contendo fibras de juta apresentou um perfil de vazão semelhante àquele contendo
PP (mesmas regiões de aumento de vazão, estabilização e mesmos níveis finais de vazão atingidos).
Esse resultado indica que fibras naturais também possuem potencial para atuar como aditivos de
aumento de permeabilidade em concretos refratários.

Figura 6: Permeametria de ar quente para amostra contendo fibras de juta.

A comparação entre as atuações dos diferentes tipos de fibras mostra que todos podem ser
utilizados para gerar aumento de permeabilidade e de porosidade aparente. No entanto, quando se
espera uma atuação eficaz como aditivo de secagem, é preciso considerar não somente os
resultados finais de tratamento térmico, mas também em que faixa de temperatura a decomposição
do polímero ocorre e sua posição em relação à saída do vapor d’água. Quanto menor a temperatura
de saída do material orgânico, mais cedo ocorrerá o aumento de permeabilidade e menor será a
pressurização da estrutura durante o aquecimento. Assim, fibras com menores temperaturas de
degradação (PP e Juta) podem proporcionar formulações de concreto com maiores velocidades de
secagem e menores riscos de explosão que aquelas mais resistentes (PET e PAr). Uma combinação
dos dois tipos de fibras poderia resultar num interessante efeito de aumento de permeabilidade e
reforço mecânico da estrutura do concreto, otimizando seu desempenho.

CONCLUSÕES

Vários tipos de fibras poliméricas podem ser utilizados como aditivo para aumento da
permeabilidade em concretos refratários. Diferentes tipos de fibras geraram aumentos de
permeabilidade similares após tratamento térmico quando empregadas em igual teor volumétrico e
processadas sob as mesmas condições de mistura. Fibras com maior resistência à degradação
térmica (PET e PAr) podem não atuar tão bem como aditivo antiexplosão. Os concretos contendo
fibras de PP e Juta apresentaram comportamento equivalente em relação à permeabilidade em alta
temperatura, permeabilidade em temperatura ambiente (antes e após tratamento térmico) e
porosidades total e aparente. As técnicas de medida de permeabilidade em baixa (PBT) e altas
temperaturas (PAT) se mostraram importantes ferramentas de caracterização do comportamento
fluido-dinâmico dos concretos contendo fibras poliméricas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a FAPESP, ALCOA S.A., e MAGNESITA S.A. pelo suporte fornecido a
esse trabalho e aos fornecedores de fibras FITESA, RHODIA- STER, DUPONT AFS e TÊXTIL
CASTANHAL pelas amostras gentilmente cedidas.

REFERÊNCIAS

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1. Havranek, P. H. Am.Ceram.Soc.Bull. 62[2], 234-243 (1983).
2. Klebb, T.R. and Caprio, J.A. Advances in Ceramics, 13, edited by Robert Fisher, Am.Ceram.Soc., 149-161 (1985).
3. Canon, J.M.; Sandler, T.P.; Smith, J.D. and Moore, R.E. UNITECR’ 97, New Orleans, EUA, 583-592 (1997).
4. Innocentini, M.B., Pardo, A.R.F., Pandolfelli, V.C. J.Am.Ceram.Soc., 85[6] 1517-1521 (2002).
5. Innocentini, M.D.M; Ribeiro, C.; Salomão, R.; Bittencourt, L.; Pandolfelli, V.C. J.Am.Ceram.Soc., 85[8] 2110-2112 (2002).

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POLYMERIC FIBERS AND PERMEABILITY OF REFRACTORY CASTABLES

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R. Salomão , M.D.M. Innocentini , L.R.M. Bittencourt , V.C. Pandolfelli

(1) Universidade Federal de São Carlos DEMa (2) Magnesita S.A.


Via Washington Luiz, km 235 Cidade Industrial - 32210-050
São Carlos – SP pers@iris.ufscar.br Contagem – MG.

ABSTRACT

In the industries, the difficulties of dewatering process of refractory castables are well known. Equally
recognized are the benefits of polymer addition in this materials formulation to avoid the risk of
spalling. In spite of it, the mechanism behind the work of polymeric fibers is still unknown. The purpose
of this work was to evaluate the performance of different types of polymeric fibers to promote increase
in the castables permeability. The utilized fibers have different physical- chemical properties, as
degradation temperatures, and they are commercial products, with applications beyond the refractory
market. The results of fibers thermal characterization (DSC and TGA) were compared with those
obtained by low temperature permeametry (LTP, 25ºC) and by hot air permeametry (HAP, until 800ºC)
for castable formulation containing 0.36 vol% of four different types of fibers.

KEY-WORDS: refractory castables, permeability, polymeric fibers.

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