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Escola de Engenharia de Lorena- EEL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

Título: Avaliação das propriedades de transporte


térmico de compósitos de resina epoxídica com carga
condutora de calor pelo método do fio aquecido

Bolsista: Joice Porfirio

Orientador: Dr. Carlos Alberto Baldan


Co-orientador: Dr. Carlos Yujiro Shigue

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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Resina Epóxi 1
1.2 Compósitos 4
1.3 Análise Térmica 5
1.4 Caracterização Reológica 8
1.5 Calor específico 9
1.6 Condutividade Térmica 10
1.7 Método do Fio Quente 12
1.8 Variações do método do fio quente 14
2 MATERIAIS E MÉTODOS 18
2.1 Formulação da Resina 18
2.2 Viscosidade 20
2.3 Análise Térmica em DSC 23
2.4 Montagem do corpo de prova 24
2.5 Aquisição de dados 25
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 30
3.1 Análise Reológica 30
3.2 Análise por DSC 33
3.3 Cálculo da Condutividade Térmica pelo método do ‘fio 37
aquecido’
4 CONCLUSÃO 48
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 49

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1- Introdução:

1.1 - Resina Epóxi

Resina epóxi é um plástico termofixo que endurece quando misturado com


um agente catalisador ou "endurecedor". Termorrígidos são materiais sólidos
resultantes da reticulação de unidades de monômeros multifuncionais (como o
epóxi) [1].
A primeira resina comercial foi o produto da reação de Epicloridrina e Bisfenol
A dando assim a resina mais comum conhecida como Diglicidil Éter de Bisfenol A
(DGEBA).

Fig. 1.1.1 - Resina epóxi antes de ser catalisada

Conforme o valor de n da molécula da Fig.1.1.1 aumenta, a viscosidade da


resina também aumenta, podendo ser líquida se n ≤ 1 e se n > 1 a resina começará
a atingir o ponto de cura.
As resinas epóxi são produtos obtidos por reações de condensação (na
presença de hidróxido de sódio) entre a Epicloridrina (1-cloro-2,3-epóxi-propano) e o
Bisfenol A [2,2-bis (4-hidroxifenil) propano]. A resina epoxídica mais utilizada é o éter
de diglicidil bisfenol A (DGEBA), pois é a resina de menor custo. Como resultado
desta reação é obtido um polímero de cadeia longa constituída de grupos epoxídicos
em suas extremidades, tal como pode ser visto na figura 1.1.2 [2, 3]:

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Figura 1.1.2 – Reação de polimerização de epóxi usando amina como agente
de cura.

A resistência mecânica de compostos adesivos está diretamente relacionada


com o processo de cura. Na indústria, a cura de sistemas epoxídicos é importante a
fim de determinar condições ótimas, incluindo sistema e temperatura de cura, tempo,
e assim por diante, e garantir a quantidade de resina curada ou do material [1].
Os agentes de cura mais utilizados são à base de amina ou anidrido e seu
uso permite o controle da estrutura molecular do sistema. Quando a resina é tratada
com agentes a base de aminas, após a cura o polímero torna-se semiflexível, a
baixa temperatura este tipo de polímero dificulta a propagação de trincas. O
polímero tona mais rígido quando é tratado com endurecedores a base de anidrido
[4].
Devido as suas excelentes propriedades de adesão a diferentes tipos de
substratos, as resinas epóxi são utilizadas nos mais diversos segmentos industriais,
tais como, revestimento interno de embalagens de cerveja, refrigerante, cítricos,
placas de circuito impresso, encapsulamentos de componentes, pisos industriais,
tintas anticorrosivas, pintura em pó.
Características como isolação elétrica e suporte estrutural permitem seu uso
no setor elétrico, principalmente em geradores, motores convencionais e
transformadores, que com formulações especiais, permitem sua utilização em
equipamentos em temperaturas criogênicas.

1.2 - Compósitos

Ligas metálicas, cerâmicas e materiais poliméricos convencionais não


atendem a necessidade de algumas propriedades fundamentais nas tecnologias
modernas, logo é necessária a combinação de materiais a fim de ampliar suas
propriedades.
Um material multifásico que exibe uma proporção significativa das
propriedades de ambas as fases que o constituem, de tal modo que é obtida uma
melhor combinação de propriedades é chamado de compósito [5]. Ligas metálicas,

4
as cerâmicas e os polímeros multifásicos são considerados compósitos. Existe uma
variedade de compósito que ocorre na natureza, por exemplo, madeira.
As fases constituintes do compósito devem ser quimicamente diferentes e
devem estar separadas por uma interface distinta. Muitos materiais compósitos são
compostos por apenas duas fases, a matriz que é continua e envolve a outra fase
chamada de fase dispersa. Os compósitos podem ser classificados como
reforçados com partículas, reforçados com fibras e compósitos estruturais.
Para os compostos reforçados com partículas obtém-se melhor resistência
quando o composto é reforçado com partículas extremamente pequenas na fase
dispersa, as quais inibem o movimento da discordância. As características
mecânicas podem ser aprimoradas pela ação de reforços com partículas grandes.
O potencial para eficiência de reforço é melhor quando o composto é
reforçado com fibras. Através da fase matriz, uma carga aplicada é transmitida e
distribuída entre as fibras, como o reforço é interrompido nas extremidades da fibra,
a eficiência do reforço depende do comprimento da fibra.
Os compósitos estruturais são divididos em laminares, no qual suas
propriedades são isotrópicas e os painéis em sanduíches que combina resistência e
rigidez relativamente altas com baixas densidades [5].

1.3 - Análise térmica

O termo análise térmica abrange um grupo de técnicas, através da qual uma


propriedade física de uma substância e ou de seus produtos de reação é medida em
função da temperatura, enquanto a substância é submetida a uma programação
controlada de temperatura.
Os métodos de análise térmica medem variações de um determinado
parâmetro ocorrido como uma função da temperatura, T (aquecimento ou
resfriamento) ou como função do tempo, t, a uma temperatura constante (modo
isotérmico). As técnicas termoanalíticas fornecem resultados na forma de curvas, as
quais contem informações a respeito do parâmetro medido. Uma das técnicas
termoanalíticas empregada na caracterização de polímeros discutida neste relatório
é a calorimetria exploratória diferencial (DSC) que fornece informações a respeito do

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fluxo de calor no compartimento da amostra em função da variação da temperatura
ou do tempo (a T constante), logo, o parâmetro medido nesta técnica é a variação
de entalpia em função do tempo (dH/dt), sendo utilizado para estudar a cinética de
cura [6]. Essa técnica permite, entre outras coisas, determinar temperatura de fusão,
de decomposição, além de fornecer dados sobre a estabilidade térmica de
compostos. Ela tem como vantagens o uso de quantidade reduzida de amostra,
rapidez e permite a obtenção das informações necessárias para a determinação dos
parâmetros cinéticos de uma reação.
A base do DSC é constituída pelo processo de mudança física ou química de
uma substância à temperatura controlada, sendo medida a variação de entalpia
entre o material em estudo utilizando uma amostra inerte como referência ou
padrão.
A análise é realizada com um programa de aquecimento ou resfriamento, com
velocidade de variação de temperatura programável ou o sistema pode operar no
modo isotérmico, a qualquer temperatura dentro da faixa de operação do
equipamento, durante um tempo determinado [7].
Existem dois tipos de instrumentos, DSC de fluxo de calor e DSC de
compensação de potência, que diferem na configuração. No de fluxo, amostra e
referência são colocadas em cápsulas idênticas, posicionadas sobre um disco
termoelétrico e aquecidas por uma única fonte de calor. O calor é transferido para as
cápsulas por meio do disco, com fluxo de calor diferencial entre ambas as cápsulas
sendo controlado por meio de termopares conectados ao disco, uma vez que ∆T ,
em um dado momento é proporcional à variação de entalpia, à capacidade calorífica
e à resistência térmica total ao fluxo calórico. No DSC de compensação de potência,
amostra e referências são aquecidas ou resfriadas em fornos separados idênticos.
Os termopares detectam a diferença de temperatura entre a amostra e a referência,
quando a amostra sofre alteração de temperatura devido a um evento endotérmico
ou exotérmico, assim, o equipamento, automaticamente, modifica a potência de
entrada de um dos fornos a fim de igualar a temperatura da referência e da amostra
[6, 7].
Os eventos térmicos que geram modificações nas curvas de DSC podem ser
transições de primeira e segunda ordem. As transições de primeira ordem estão
relacionadas com os eventos térmicos (endotérmicos ou exotérmicos) que dão
origem a formação de picos característicos conforme a Fig. 1.3.1 mostra. As

6
transições de segunda ordem caracterizam-se pela variação de capacidade
calorífica, porém sem variações de entalpia, como conseqüência desta
característica, esse tipo de transição não gera picos nas curvas [7].

Fig 1.3.1 – Etapas presentes no processo de análise térmica da resina epóxi

Deve-se saber como a resina se comporta com o passar do tempo e com o


aumento da temperatura, já que a polimerização é uma reação exotérmica. O valor
da temperatura de transição vítrea, Tg , das formulações é importante por apresentar

relação com a rigidez e com o grau de cura da resina.


A Tg é a propriedade do material onde podemos obter a temperatura da

passagem do estado vítreo para um estado “maleável”, sem ocorrência de uma


mudança estrutural. A parte amorfa do material (parte onde as cadeias moleculares
estão desordenadas) é a responsável pela caracterização da temperatura de
transição vítrea. Abaixo da Tg , o material não tem energia interna suficiente para

permitir deslocamento de uma cadeia com relação à outra por mudanças


conformacionais. Portanto, quanto mais cristalino for o material, menor será a
representatividade da Transição Vítrea [2, 6].

7
1.4 - Caracterização Reológica

Reologia é a ciência que estuda a deformação e fluxo de matéria; ela analisa


as respostas (deformações ou tensões) de um material provocadas pela aplicação
de uma tensão ou uma deformação externa [7]. O estudo das propriedades
reológicas dos polímeros permite relacionar a constituição do material as
observações físicas durante o seu processamento. Com estas informações é
possível selecionar o polímero mais adequado.
Uma das propriedades reológicas é a viscosidade, que é a medida da
resistência interna ou fricção de uma substância ao fluxo quando submetida a uma
tensão cisalhante, causada pela fricção interna [7].
Esta fricção fica aparente quando uma camada de fluido tenta se mover em
relação à outra camada. A maior quantidade de força por comprimento necessária
para haver este movimento é chamado de torque e acontece sempre que o fluido é
movido fisicamente ou é distribuído, como por exemplo, misturando. Então, fluidos
altamente viscosos exigem uma quantidade maior de força para se moverem que
materiais menos viscosos.
Isaac Newton definiu viscosidade considerando dois planos paralelos do fluido
de igual área “A” que estão separadas por uma distância “dx”, sendo que um dos
planos se movimenta devido a uma força “F”.

Figura 1.4.1 – Modelo representativo usado por Isaac Newton para definir
viscosidade

Newton definiu matematicamente a viscosidade pelas equações 1.4.1 e 1.4.2:

8
F dv
=η (1.4.1)
A dx

τ = ηγ& (1.4.2)
onde: τ = tensão de cisalhamento (N/m2);
γ& = taxa de cisalhamento (1/s);
η = viscosidade (Pa∙s).

A reometria de torque permite estimar a viscosidade de compósitos de forma


indireta através do torque necessário para se manter uma velocidade constante com
os rotores do reômetro, a uma dada temperatura.
A viscosidade dos sistemas epóxi demonstra uma complexa dependência
com a temperatura, a um peso molecular constante, a viscosidade decresce com o
aumento de temperatura e um incremento de temperatura acelera a cura
promovendo um aumento do peso molecular e da viscosidade [9].
Conhecer o valor da viscosidade inicial é importante por estar relacionado
com o tempo de vida útil, saindo da faixa ótima de viscosidade, para um
determinado processo, inicialmente passando pela fase gel e então, após a cura,
obtendo-se a fase sólida.

1.5 - Calor específico

O calor específico é uma quantidade termodinâmica, importante em altas


temperaturas, e está associado ao consumo de energia durante o aquecimento [10].
Quando uma amostra é submetida a uma variação linear de temperatura, a
velocidade com que o calor flui entro da amostra é proporcional ao seu calor
específico, C p ,naquele instante.

Para caracterizar não o corpo, mas a substância que o constitui, define-se o


calor específico como à quantidade de calor que cada grama de uma substância
necessita trocar para variar sua temperatura em 1ºC pela equação 1.5.1.

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Q
c= (1.5.1)
m∆T

onde, Q é a quantidade de energia fornecida na forma de calor a um corpo pelo


correspondente acréscimo de temperatura ( ∆T ) e m é a massa da substância que
constitui o corpo [5].
Quanto menor o calor específico de uma substância, mais facilmente ela pode
sofrer variações em sua temperatura. Esta grandeza física é constante para cada
substância em cada estado físico e define a variação térmica de determinada
substância ao receber determinada quantidade de calor.
A unidade no SI é J/kg.K, uma outra unidade mais usual para calor específico
é cal/g.°C .
Na curva de DSC, a Tg é caracterizada pela mudança de C p (dado em

J/g°C).

1.6 - Condutividade Térmica

A condução térmica é o fenômeno onde a energia é transportada na forma de


calor das regiões de maior temperatura para as regiões de menor temperatura [3]. A
capacidade de transferir calor é conhecida como condutividade térmica, esta
propriedade estabelece os níveis de temperatura de trabalho de um material e pode
ser definida pela expressão 1.6.1.

dT
q = −k . (1.6.1)
dx

dT
onde q é o fluxo de calor pelo tempo e pela área, k é a condutividade térmica e
dx
é o gradiente de temperatura ao longo do meio condutor.
O transporte de calor em materiais sólidos ocorre através das ondas de
vibração do retículo (fônons) e através dos elétrons livres na camada de condução.
A condutividade total se da pela soma dessas duas contribuições.

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Nos materiais poliméricos o transporte de calor é realizado pela vibração e
rotação das moléculas da cadeia. O valor da condutividade térmica em um polímero
é dado em função do grau de cristalinidade. Devido à vibração coordenada mais
efetiva das cadeias moleculares para o estado cristalino, um polímero com uma
estrutura altamente cristalina e ordenada possuirá uma maior condutividade do que
o material amorfo equivalente [5].
A condutividade térmica de polímeros é bem baixa, quando comparada com a
condutividade de materiais metálicos, e de alguns materiais cerâmicos. Do ponto de
vista de processamento, a baixa condutividade térmica é necessária quando
pretende minimizar as perdas de calor, mas cria alguns problemas reais, tais como,
limitação da taxa a qual o polímero pode ser aquecido e plastificado. No
resfriamento, a baixa condutividade pode provocar não uniformidade.
A condutividade térmica de um polímero pode ser aumentada através da
adição de cargas. A estrutura formada com essas partículas faz com que o
espalhamento dos fônons seja menor e conseqüentemente aumenta a condutividade
térmica do material polimérico [11]. As resinas epóxi selecionadas para este trabalho
foram Stycast 1266, Stycast 2850 e Epon 828, juntamente com os respectivos
endurecedores a base de amina. As cargas minerais incorporadas nas resinas foram
nitreto de silício e nitreto de alumínio.
Resinas poliméricas com a adição de nitreto de alumínio a 4,2K possuem uma
condutividade menor do que a própria resina à temperatura ambiente como mostra a
figura 1.6.1, porém a condutividade térmica a 77K é bem superior do que a 300K.

Fig.1.6.1 - Condutividade térmica de uma matriz polimérica com nitreto de


alumínio como carga [14].

11
Porem à medida que diminui a temperatura, as moléculas de um polímero
tendem a se aproximar cada vez mais, permitindo um aumento da condutividade de
calor ao invés da diminuição como ocorre com a adição de nitreto de alumínio na
matriz polimérica.
Hoje são conhecidos vários métodos para a determinação e estudo das
propriedades térmicas de materiais. Entre eles estão os chamados métodos
transientes ou não estacionários.
Os métodos transientes de troca de calor são aqueles onde a propriedade
térmica é medida segundo um regime transiente de troca de calor.

1.7 - Método do fio quente

O método do fio quente é um método absoluto, direto e não estacionário,


sendo considerado como uma técnica precisa na determinação da condutividade
térmica de materiais cerâmicos refratários e poliméricos.
Santos e Cintra Filho [10] utilizaram o método do fio quente na determinação
das propriedades térmicas de alguns polímeros. É um método com o qual é possível
determinar simultaneamente a condutividade térmica, o calor específico, e a
difusividade térmica do material. Nesta técnica, as amostras são preparadas em
forma de paralelepípedos retangulares com as dimensões aproximadas de
(230x80x30)mm. Entretanto, por razões tecnológicas, ou econômicas, ou às vezes
por ambas, nem sempre é possível à preparação de amostras com as dimensões
requeridas por essa técnica experimental, sendo então estas medidas substituídas
neste trabalho por placas com dimensões menores ou por cilindros.
O cálculo da condutividade térmica de um material é muito difícil, e requer alta
precisão na determinação de fatores necessários para o cálculo, o método ideal de
medida da condutividade térmica seria aquele capaz de medir essa propriedade
segundo um gradiente de temperatura zero, na técnica do fio quente, o gradiente de
temperatura através da amostra é muito baixo.
Em materiais condutores elétricos, o fio quente e as amostras devem ser
isolados eletricamente para a utilização desta técnica, já em materiais de alta

12
condutividade térmica o tempo de registro do transiente térmico torna-se bastante
pequeno assim é necessário que as dimensões da amostra sejam suficientemente
grandes, o que inviabiliza o processo de medida por este método.
Para uma formulação matemática do método, deve-se assumir o fio quente
como uma fonte de calor ideal, infinitamente longa e fina, que é circundado até o
infinito pelo material cuja condutividade térmica pretende-se determinar. Ao passar
uma corrente elétrica constante no fio, uma quantidade constante de calor é liberada
e propaga-se através do material, por unidade de tempo e por unidade de
comprimento. Essa propagação de calor num meio infinito gera, no material, um
campo transiente de temperaturas [10-12, 13, 15].
A capacidade térmica do fio e a resistência de contato entre ele e a amostra
são fatores que impõem um tempo mínimo e um tempo máximo a serem utilizados
no cálculo da condutividade térmica, pois na prática, a fonte teórica linear é
aproximada por uma resistência elétrica fina, e o sólido infinito é substituído por uma
amostra finita.
A diferença entre as curvas real e teórica (Fig. 1.7.1) em seu trecho inicial é
devida à resistência de contato entre o fio quente e a amostra e à inércia térmica do
material, enquanto a diferença no trecho final é conseqüência do tamanho finito da
amostra. A região intermediária, onde as curvas real e teórica exibem o mesmo
comportamento, define os limites de tempo que devem ser considerados na medida
da condutividade térmica pela técnica do fio quente. Assim, o tempo máximo de
medida decresce com o aumento da condutividade térmica do material a ser
ensaiado [10-12, 13, 15].

Fig 1.7.1 - Curvas temperatura versus tempo

13
A condutividade térmica é calculada a partir da equação 1.7.1 [16].


k= (1.7.1)
4πα

onde k é a condutividade térmica do material (W / mK), q ' = RI 2 é a densidade linear


de potência (W / m), R é a resistência do fio quente (Ω) , I é a corrente elétrica (A), e
α é a inclinação da curva.
A fim de reduzir os efeitos da resistência de contato, deve-se utilizar uma
resistência elétrica fina, que se aproxime o máximo possível da fonte de calor linear
teórica, assegurar o melhor contato possível entre ambas as amostras e o fio
quente, para efeito de cálculo, o trecho inicial da curva deve ser desconsiderado,
eliminando assim os efeitos de contato térmico entre a resistência elétrica e o
material da amostra e para que o tamanho finito da amostra não afete as
temperaturas medidas é necessário limitar o tempo de ensaio; esses cuidados
devem ser tomados ao se trabalhar com o método do fio quente para assegurar
resultados precisos e consistentes [10-12].

1.8 - Variações do método do fio quente

Existem quatro variações do método do fio quente que possuem o mesmo


modelo teórico, mas diferem no procedimento da medida da temperatura [13].

• Arranjo de Haupin: Neste arranjo um termopar é utilizado como fio quente e


sensor de temperatura ao mesmo tempo, tendo uma de suas junções colocadas no
centro da amostra. A outra junção do termopar é colocada numa garrafa térmica
contendo gelo, que é utilizada como fonte de referência de temperatura. O fio é
aquecido por corrente alternada, e um filtro é utilizado para bloquear a corrente
alternada no circuito de medida da temperatura, permitindo, assim, medir a força
eletromotriz gerada pelo termopar com o auxílio de um voltímetro. A Fig. 1.8.1 ilustra
esse arranjo experimental.

14
Fig 1.8.1 - Arranjo experimental de Haupin

• Técnica padrão de fio quente (cruz de medição): Nesta técnica, a variação


da temperatura no fio, que é função da condutividade térmica do material, é medida
em função do tempo. A cruz de medição é formada pelo fio quente e pelo termopar,
que tem uma de suas junções soldada perpendicularmente ao fio. A junção de
referência do termopar é colocada a cerca de 10 mm da extremidade do corpo de
prova.Sobre esse corpo de prova é então colocado o segundo corpo. As superfícies
em contato devem ser bem polidas, para proporcionar o melhor contato térmico
possível. A Fig. 1.8.2 mostra um diagrama esquemático da técnica descrita.

Fig 1.8.2 - Técnica padrão de fio quente

• Técnica de resistência do fio quente: Emprega-se uma ponte de Kelvin


para medir a resistência do fio, e através da variação da resistência devido ao

15
aquecimento é medida a temperatura. A Fig. 1.8.3 mostra um diagrama do arranjo
experimental. As resistências A e a são iguais entre si, o mesmo acontecendo com
as resistências B e b. A razão A: B é igual à razão X: S quando não há passagem de
corrente elétrica pelo galvanômetro, sendo X a resistência desconhecida e S uma
resistência padrão. Os desvios da ponte em relação ao equilíbrio, em função do
tempo, são registrados, obtendo-se, a partir desses resultados, a curva temperatura
em função do tempo, que é utilizada para o cálculo da condutividade térmica do
material.

Fig 1.8.3 - Técnica de resistência de fio quente

• Técnica de dois termopares: Em um dos corpos de prova são feitos três


sulcos paralelos. Pelo sulco central passa o fio quente e pelos outros dois
localizados, respectivamente, à distância r1 e r2 do fio, passa o termopar. A Fig.
1.8.4. ilustra o arranjo experimental descrito. Nessa técnica faz-se passar uma
corrente elétrica constante através do fio, e registra-se a variação da diferença de
temperatura entre os pontos à distância r1 e r2 em função do tempo.

16
Fig 1.8.4 - Técnica de dois termopares

• Técnica de fio quente paralelo: Essa técnica é a empregada neste trabalho,


em um dos corpos de prova são feitas duas ranhuras paralelas: por uma delas
passa o fio quente e pela outra passa um termopar. A Fig. 1.8.5 mostra um diagrama
do arranjo experimental. Aplica-se uma corrente elétrica constante através do fio, e
registra-se o aumento de temperatura no material no ponto Mp a uma distância r do
fio quente, a partir da temperatura inicial de equilíbrio para medir a condutividade
térmica.

Fig 1.8.5 - Técnica de fio quente paralelo

17
Como a resina epóxi possui baixa condutividade térmica, torna-se necessário
adicionar uma carga mineral para melhorar as suas propriedades de transporte
térmico. O objetivo deste trabalho é através da curva de viscosidade, valor de Tg e

das propriedades de transporte térmico de compósitos de matriz polimérica descritos


na literatura, obter e estudar materiais compósitos funcionais com diferentes tipos de
cargas minerais de elevada condutividade térmica e analisar as características de
condução térmica em materiais compósitos. E para estes materiais estabelecer uma
metodologia para avaliação das propriedades térmicas.

18
2 - Materiais e Métodos:

2.1 - Formulação da resina

Neste trabalho foram utilizadas as resinas que possuem nome comercial


Epon 828, Stycast 2850 FT e Stycast 1266 A/B com seus respectivos endurecederos
a base de amina.
Uma das resinas utilizada neste trabalho com nome comercial de Epon 828 é
fabricada pela Shell do Brasil S, possui propriedades adesivas, boa resistência
mecânica e química. É constituída de uma base de resina epoxídica – diglicidil éter
do bisfenol A (DGEBA). Para a formulação correta desta resina com o endurecedor
D230 a proporção é 100: 33 em peso, entretanto neste trabalho utilizou endurecedor
em excesso, a proporção escolhida foi 100 partes da resina para 50 do catalisador.
A resina Stycast 1266 A/B que é utilizada para impregnação possui baixa
viscosidade e boa praticidade ótica por ser incolor. Nas tabelas 2.1.2 (a) e 2.1.2 (b)
apresentam as proporções de resina e catalisador indicadas pelo fabricante
Emerson & Cuming. O tempo necessário para a cura da resina a 100°C é de
aproximadamente 2 horas, como o processo de cura é uma reação exotérmica, para
aplicações que requerem quantidades superiores a 100 gramas da resina, o material
deve ser curado a temperaturas inferiores a 65°C.

Tabela 2.1.2 (a) – Proporção proposta pelo fabricante de cada parte que
compõe a resina
Propriedade Unidade Parte A Parte B
Tipo - Epóxi Amina
Densidade g/cm³ 1,16 1,00
Viscosidade Pa.s 8,5 0,035
cP 8500 35

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Tabela 2.1.2 (b) – Proporção proposta pelo fabricante da mistura A/B
Propriedade Unidade Mistura A/B
Mistura-quantidade da parte B por 100 Por peso 28
partes da parte A Por volume 33
Tempo de trabalho 100g a 25°C (pot-life) minutos 30
Densidade g/cm³ 1,12
Viscosidade Pa.s 0,65
cP 650

Na preparação da resina comercial Stycast 2850 FT foram utilizados os dados


da tabela 2.1.3 fornecidos pelo fabricante Emerson & Cuming. Esta resina é
formulada para aplicações que necessitam de dissipação de calor e resistência ao
choque. Possui boa condutividade térmica, baixo coeficiente de expansão térmica e
excelentes propriedades de isolação elétrica. Para o catalisador 9 a cura da resina à
temperatura ambiente varia de 16 a 24 horas e para temperatura de 45°C este
tempo é reduzido de 4 a 6 horas.

Tabela 2.1.3 – Proporção proposta pelo fabricante mistura (resina/catalisador)


Propriedade Unidade Catalisador 9
Mistura - quantidade de catalisador Por peso 3,5
por 100 partes resina Por volume 8,5
Tempo de trabalho (pot life) minutos 45
Densidade g/cm³ 2,29
Viscosidade Pa.s 58
cP 58000

Na preparação dos compósitos com as cargas inorgânicas, nitreto de silício e


nitreto de alumínio, a proporção estequiométrica utilizada foi de 10% em peso da
carga, para a quantidade adequada das resinas Stycast e catalisador apresentada
nas tabelas 2.1.2 (b) e 2.1.3 e a proporção escolhida para o compósito formado pela

20
resina Epon 828 e o endurecedor D230 foi de 100: 33: 15 para a adição de nitreto de
alumínio e 100: 50: 10 para adição de nitreto de silício à matriz polimérica.

2.2 – Viscosidade

Para a determinação do tempo de trabalho antes mesmo da cura da resina foi


feito um levantamento da curva Viscosidade X Tempo, utilizou-se um Viscosímetro
de Cilindros Concêntricos fabricado pela BROOKFIELD, Reômetro Digital Modelo
LVDV – III+, de número de série RP72308 (figura 2.2.1):

Fig 2.2.1 - Reômetro Digital Modelo


LVDV – III+

Adotou-se um rotor, spindle 4, como mostrado na figura 2.2.2, pois as


amostras selecionadas neste trabalho, à medida que aproxima-se do tempo de
cura, aumentam a viscosidade e este rotor não apresenta problemas operacionais a
altas viscosidades.

21
Figura 2.2.2 – Dimensões
do spindle 4

Colocou-se a amostra no recipiente cilíndrico, cuja quantidade dependeu da


geometria do cilindro rotativo (spindle 4), cuja função é medir propriedades viscosas
de fluidos através da taxa de cisalhamento.
Através do programa Rheocalc 32, o tipo de rotor, sua velocidade, o tempo e
o número de medições foram controlados através de um microcomputador. Antes de
cada análise este programa permite autozerar o reômetro, e, depois de cada análise,
guardar os dados sobre torque produzido e viscosidade medida ao longo do tempo.
O número de medições foi determinado pelo valor da viscosidade e pela
percentagem do torque que deve ficar na faixa de 10 a 90 %. A velocidade inicial foi
calculada através da equação 2.2.1 no qual a % da leitura do torque escolhida é de
50% e esta velocidade é programada pelo programa Rheocalc 32 e a cada medida
de viscosidade o valor da velocidade é reduzida de 0,5.

10 4  %leituradotorque 
η = 0,09373.SMC. .  (2.2.1)
RPM  100 

onde SMC é o spindle LV4 e corresponde ao valor 640, RPM é a velocidade


desejada, η é a viscosidade inicial em cP (mPa.s).
Somente após a determinação das condições iniciais de ensaio, foi feita a
preparação da amostra da seguinte maneira:
1. Foi calculado o volume de amostra que envolveria por completo o rotor,
em média 27 mL;

22
2. A resina, o endurecedor e a carga foram misturados na proporção
estequiométrica apresentada nas tabelas 2.1.2 (a), 2.1.2 (b) e 2.1.3 para
cada tipo de resina ou compósito. Para o cálculo correto da quantidade de
massa de cada componente a partir do volume necessário da amostra é
necessário o conhecimento da densidade de cada componente ou da
mistura (tabela 2.2.1).

Tabela 2.2.1 – Densidades


Material Densidade (g/cm³)
Epon 828 / D230 1,11
Strycast 2850 FT / catalisador 9 2,29
Stycast 1266 Parte A / Parte B 1,12
Nitreto de silicio 0,423
Nitreto de aluminio 0,646

A densidade das resinas Stycast com seus respectivos endurecedores a base


de amina são valores tabelados. Uma placa de Epon 828 com D230, de dimensões
conhecidas, foi pesada e sua densidade calculada a partir da equação 2.2.2. Para as
cargas, foi pesada uma determinada quantidade das mesmas numa proveta, o
volume foi lido e utilizou a equação 2.2.2 para o cálculo da densidade.

m
ρ= (2.2.2)
V

onde m é a massa pesada e V o volume lido ou medido.

3. A mistura foi feita cuidadosamente para que não provocasse bolhas de ar,
que poderiam afetar a leitura do aparelho;
4. A amostra pronta foi posta no recipiente, e o rotor colocado
cuidadosamente para que não provocasse bolhas de ar;
5. A análise foi então começada.
Depois de a leitura ser feita, a amostra foi removida e descartada
adequadamente, e o recipiente e o rotor foram limpos com um solvente orgânico
(acetona). Para a resina Epon 828 com ou sem carga os ensaios foram realizados a

23
25°C com velocidade constante de aproximadamente 100 rpm, para as resinas
Stycast 2850 ou 1266 com ou sem carga os ensaios foram a 40°C com velocidade
variando de 0,5 rpm em torno de 230 rpm, para a resina Stycast 2850 a velocidade
escolhida foi de 0,5 rpm, de acordo com a equação 2.2.1.

2.3 - Análise térmica em DSC

Neste trabalho utilizou um calorímetro, DSC de fluxo de calor modelo Q10 da


TA-Instruments, que permite variação de temperatura de -150°C a 550°C ou
ambiente a 700°C, com sensibilidade calorimétrica de 1 ,0 µ W. Através deste
equipamento pode-se avaliar o grau de cura da resina epóxi em função do aumento
da temperatura ou em função do tempo a temperatura constante.
A correta preparação da amostra seguiu os valores estequiométricos
apresentados pelas tabelas 2.1.1 (a), 2.1.1 (b) e 2.1.2. Foi adotado em todos os
experimentos taxa de aquecimento de 10 °C/min, cadinho hermético de alumínio e
uma quantidade de amostra medida em miligramas (tabela 2.3.1). A amostra de
referência consistia de um cadinho hermético vazio.
O conjunto, amostra e cadinho, foram submetidos à análise variando a
temperatura de -90°C a 250°C, sob atmosfera de N 2 . Este tipo de análise é

chamada de rampa e permite determinar a temperatura de transição vítrea ( Tg ) e o

tempo de cura. Foram realizadas 3 rampas de aquecimento consecutivas a fim de


garantir que a amostra havia atingido seu ponto de cura. Isto é verificado a partir do
pico de reação da primeira rampa, nas outras curvas, o valor da Tg deve variar em

5°C.
O aparelho de DSC é controlado por um computador e emite como resposta
um gráfico de fluxo de calor da amostra versus tempo decorrido do experimento.

24
Tabela 2.3.1 – Quantidade das amostras submetidas à análise térmica no DSC.
Amostra Massa (mg)

Epon 828 + D230 (100: 50) 14,2

Stycast 2850 + catalisador 9 (100: 3,5) 36,1


Stycast 2850 + nitreto de alumínio (100: 3,5: 10) 6,2
Stycast 1266 15,3
Stycast 1266 + nitreto de silício (100: 28: 10) 7,5
Stycast 1266+ nitreto de alumínio (100: 28: 10) 5,6

2.4 - Montagem do corpo de prova

Foram selecionados 3 resinas e 2 cargas diferentes, com condutividade


térmica variando desde aproximadamente 0,13 até 0,92 W/mK. Os corpos de prova
utilizados foram cilindros da própria resina ou compósitos de matriz polimérica com
diferentes composições de resina epóxi/carga com as dimensões aproximadas de 25
mm de altura e 34mm de largura. O fio quente é uma resistência de Manganin com
resistência de 0,56Ω , e o termopar é do tipo K. A técnica utilizada foi em paralelo, a
distância entre o fio quente e o termopar foi de 10 mm. O fio quente e o termopar
são embutidos em sulcos com a profundidade aproximada do diâmetro desses fios,
os quais em seguida são preenchidos com pasta térmica.

Para a preparação do corpo de prova, após a formulação da quantidade


adequada de resina, em média 27mL, a mesma é despejada em um molde de
formato cilíndrico.

Esperou-se o tempo necessário para a cura completa da resina ou do


compósito, em seguida o corpo de prova é desmoldado e cortado ao meio a fim de
obter dois cilindros de dimensões menores e idênticas.
Em um dos corpos de prova são feitas duas ranhuras paralelas, no qual por
uma delas passa o “fio quente” fixado ao corpo de prova e pela outra passa um
termopar, separados por uma distância r igual a 10 mm. O fio quente é colado no
sulco do centro do corpo de prova e o termopar é fixado ao outro sulco. O outro
cilindro sem os sulcos é colocado sobre o cilindro com o termopar e o ‘fio quente ‘, já

25
fixados, formando um ‘ sanduiche’, utilizou um suporte para melhor contato entre os
corpos de prova.
Para as análises feitas no nitrogênio líquido é necessário isolar os corpos de
prova a fim de evitar que nitrogênio líquido fique entre os corpos de provas e interfira
nas medidas. Passou-se graxa de alto vácuo no interior da borda de um dos corpos
de prova e fixou-se ao outro, para melhor aderência utilizou um suporte. Selou os
corpos de prova com borracha de silicone e esperou 24 horas para a cura.

2.5 – Aquisição de dados

Para o cálculo da condutividade térmica apresentada pela equação 1.7.1, é


necessário o valor da resistência do ‘fio quente’ e da inclinação da curva
temperatura X ln (tempo).
O valor da resistência do arame Manganin, que funciona como o ‘fio quente’,
é obtido através do valor da inclinação da curva Tensão (V) X Corrente (I). Aplicou-
se quatro valores de corrente, 25mA, 50mA, 75mA e 100mA, através de uma fonte
de corrente, no fio e anotou o valor de tensão produzida que era mostrado no
multímetro. Em seguida, plotou o gráfico V (V) X I (mA) e calculou a inclinação da
curva que corresponde ao valor da resistência do fio num determinado tamanho.
Para 31mm do fio Manganin, obteve-se 0,56Ω .
Para o cálculo da inclinação da curva Temperatura X ln (tempo), utilizou-se a
fonte de corrente 228A Voltage/Current para aplicar uma corrente constante ao fio
de Manganin, assim uma quantidade constante de calor, por unidade de tempo e por
unidade de comprimento, foi liberada pelo fio e propagou-se através do material, os
valores aplicados foram de 1A, 1,5A e 2A para as medidas feitas na temperatura
ambiente e 2A, 2,5A e 3A. O termopar foi preso ao canal cinco do multímetro da
serie Integra da marca Keithiley, 2701 Ethernet Multimeter, e a aquisição de dados
(aumento da temperatura com o tempo) é feita através do software ExceLINX
instalado no próprio Excel. O transiente de temperatura que é detectado pelo
termopar é processado em um microcomputador, por meio do multímetro 2701
Multimeter. Não é necessário fazer a compensação da junta fria, pois esta é feita
pelo multímetro.

26
O ExceLINX é um suplemento que permite o próprio Excel controlar o
instrumento através de uma planilha eletrônica, adquirir e tratar os dados em tempo
real sem precisar programar.
Para configurar o software ExceLINX foi necessário seguir os seguintes
passos:
1. Instale ExceLINX – 1A.
2. Comece o Excel.
3. Baixe o menu do ExceLINX da barra de ferramentas.
4. Fixar o endereço GPIB do dispositivo. Cada aparelho necessita de um
único endereço. Um dispositivo é configurado quando o software é
instalado. Se precisar utilizar outro multímetro é necessário outro
endereço, o software precisa comunicar com este novo endereço. Isto
é configurado no menu ExceLINX na barra de ferramentas, selecione
“Configure Instruments”.
a. Selecione a aba “Help” e “Show Wizard”.
b. Clique em “ Next”
c. Selecione “Add a Configuration”. Clique em “Next”.
d. Selecione GPIB, Serial... Clique em “Next”.
e. Selecione o cartão GPIB apropriado (ex. GPIB0). Clique em
“Next”.
f. Selecione o endereço GPIB apropriado (ex. 16). Clique em
“Next”.
g. Selecione o driver. Clique em “Next”.
h. Clique em “Next” e selecione o nome.
i. Clique em “Finish” para completar a configuração.
j. Salve e feche o painel de configuração.

5. Configurando “Scanning DMM Channels”. Neste passo é necessário


configurar os canais para cada multímetro.
a. No menu clique em ExceLINX e selecione “Create”. Então
selecione “Configue Scanning DMM Channels”.
b. Na seção “Instrument” na linha “Device” (linha 12) selecione o
primeiro dispositivo a ser configurado. Neste trabalho o modelo
selecionado é ‘ Model_2701_at_TCPIP_192.168.0.2’. Após ter

27
feito a escolha do dispositivo a ser usado, retornar no menu,
clicar ExceLINX e selecionar “DMM Config” e depois “Detect
Device”, se o computador estiver comunicando com o aparelho
na linha 14 da planilha “Configure Scanning DMM Channels”
aparecerá o número do cartão, neste caso M7700.
c. Na seção “Channel Scan List” (linha 35) em “Enable” selecione a
opção “On”, ao lado selecione a lista de canais desejada em
“List” para as medidas de temperatura o canal no qual o
termopar será conectado é o cinco, portanto será selecionado da
seguinte maneira: 105.
d. Na mesma linha selecione o parâmetro desejado, a função que
o multímetro irá exercer, (“Function:”). A função escolhida para
este trabalho é ‘ Temp’ e ao lado em “Range”, que significa o
tipo de termopar, o selecionado é o tipo K.
e. Repita os passos de a à d para o segundo aparelho se for o
caso.

6. Configurando “Scan DMM Channels”


a. Na barra de ferramentas clique em ExceLINX e selecione
“Create”. Então selecione “Scan DMM Channels”.
b. Na seção “Trigger” na linha 16 (“Readind Count”) selecione a
quantidade de dados desejada.
c. Na mesma seção na linha 20, 21 e 22 escolha a planilha, a
coluna e a linha no quais os dados serão gravados. Se desejar
gravar o tempo, na seção “Data Display” na linha 33
(“Timestamp”) selecione a opção Relative, consequentemente o
tempo será gravado na coluna ao lado da selecionada.
d. Repita os passos de a à d para o segundo aparelho. Exceto a
linha 15.

Neste trabalho utilizou-se apenas um multímetro, 2701 Ethernet Multimeter,


com número de série 192.168.0.2 e o número do cartão 7700.

28
Fig 2.5.1 – Configuração do ExceLINX

7. Na barra de ferramentas clique em ExceLINX, selecione “DMM Scan” e


clique em Start.

Após ter configurado o software, o próprio Excel grava o aumento da


temperatura e o tempo em uma planilha. A partir dos dados de temperatura versus
tempo, escolheu a faixa de dados que permitia ao gráfico um comportamento mais
linear e que se aproximava do real, de acordo com a Fig. 1.7.1, e calculou a
inclinação desta curva. Com o valor da resistência do arame e da inclinação da
curva, utilizou-se a equação 1.7.1 para calcular o valor da condutividade térmica k e
o calor específico c. Esta equação é o ajuste de um modelo matemático analítico
descrito pela equação [6]:

− q&  ρcr 2 
k= Ei −  (2.5.1)
4πT  4kt 

29
na qual q& é potência dissipada por unidade de comprimento do fio, T a temperatura
no termopar, ρ a massa específica do compósito, r a distância do termopar ao fio
aquecido e t o tempo de medição.

e −u
A função exponencial integral Ei (u ) =
∫x
u
du é avaliada por série de potências.

Como foram aplicados valores diferentes de corrente, o valor da


condutividade térmica foi calculado pela média dos três valores encontrados para
cada corrente e determinou-se também o erro experimental (δ ) através da fórmula
2.5.2, assim a condutividade é apresentada por k ± δ .

δ=
((k 1 − k m ) + (k 2 − k m ) + ... + (k n − k m )
2 2 2
) (2.5.2)
n −1

onde k1 , k 2 , k n são os valores calculados da condutividade térmica para as

diferentes correntes aplicadas e k m é o valor médio da condutividade térmica .

30
3- Resultados e Discussão:

3.1 – Análise Reológica

Através do ensaio de viscosidade é possível monitorar o estágio inicial de


cura do polímero, entretanto não é recomendável monitorar a reação do sistema
epóxi até o ponto de vitrificação, devido às dificuldades operacionais.
Observou-se que em comparação com os valores de viscosidade a
temperatura ambiente apresentados nas tabelas 2.1.2 (b) e 2.1.3, com o aumento da
temperatura de cura, mais rápido o estágio de gel foi alcançado, fazendo com que a
viscosidade aumentasse cada vez mais rápida, diminuindo o tempo de cura.
As figuras 3.1.1 a 3.1.5 são referentes as curvas Viscosidade (Pa. S) X
Tempo (min) das resinas e compósitos selecionados para este trabalho.
Pode-se observar que com a adição de carga a viscosidade inicial da resina
Epon 828 diminuiu. A resina Stycast 1266 com ou sem carga apresenta viscosidade
(Tabela 3.1.1) menor do que as outras resinas selecionadas para este trabalho,
entretanto com a adição das cargas inorgânicas, sua viscosidade inicial a 40°C
aumentou, mas ainda foi menor do que a temperatura ambiente, como esperado.

Epon 828 + D230 (100: 50)

2000
Epon 828 + D230 (100: 50)

1800

1600
Viscosidade (Pa. s)

1400

1200

1000

800

600

0 20 40 60 80 100
Tempo (min)

Fig. 3.1.1 – Comportamento da viscosidade com o tempo 25°C

31
Epon 828 + D230 + nitreto de silício (100: 50: 10)

4 100 rpm
110 rpm
Viscosidade (Pa. s)

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Temperatura (°C)

Fig. 3.1.2 – Comportamento da viscosidade com o tempo a 25°C

Stycast 2850 + catalisador 9

220

200
Stycast 2850 + cat. 9
180

160
Viscosidade (Pa. s)

140

120

100

80

60

40

20

0 5 10 15 20 25 30
Tempo (min)

Fig. 3.1.3 – Comportamento da viscosidade com o tempo a 40°C

32
Stycast 1266

14

Stycast 1266
12

10

Viscosidade (Pa. s)
8

0 5 10 15 20 25 30
Tempo (min)

Fig. 3.1.3 – Comportamento da viscosidade com o tempo a 40°C

Stycast 1266 + nitreto de silício (100: 28: 10)

3,0

Stycast 1266 + nitreto de silício (100: 28: 10)


2,5

2,0
Viscosidade (Pa. s)

1,5

1,0

0,5

0,0
0 5 10 15 20 25 30 35
Tempo (min)

Fig. 3.1.4 – Comportamento da viscosidade com o tempo a 40°C

33
Stycast 1266 + nitreto de alumínio (100: 28: 10)

Stycast 1266 + nitreto de aluminio (100: 28 : 10)


20

15

Viscosidade (Pa. s)
10

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)

Fig. 3.1.5 – Comportamento da viscosidade com o tempo a 40°C

Tabela 3.1.1 – Viscosidade inicial de diferentes resinas e compósitos.


Material Viscosidade (mPa.s)

Epon 828 + D230 (100:50) 617,87


Epon 828 + D230 + nitreto de silício (100: 50: 10) 599,87
Stycast 1266 170,96
Stycast 1266 + nitreto de silício (100:28: 10) 477,29
Stycast 1266 + nitreto de alumínio (100:28: 10) 247,77
Stycast 2850 34.312,68

3.2 – Análise por DSC

Análise feita por DSC é importante para caracterizar o grau de cura da resina
epóxi em função do aumento da temperatura, sendo útil para comparar diferentes
resinas, diferentes catalisadores ou o efeito da adição de aditivos ou influências do
meio externo.
Comparando-se os valores obtidos para a temperatura de transição vítrea,
Tg , no primeiro, segundo e terceiro aquecimento, observou-se que as resinas

34
atingiram o grau de cura desejado e que nenhuma fração foi curada durante as
duas ultimas rampas de aquecimento, pois o valor da Tg para o segundo e o

terceiro aquecimento não diferiram mais que 5°C . Para a resina Stycast 2850, a
adição de carga aumentou o valor da Tg (Tabela 3.2.1), entretanto para a resina

Stycast 1266 a adição da carga nitreto de alumínio diminuiu o valor da temperatura


de transição vítrea.

Tabela 3.2.1 – Valores da Tg para o segundo e terceiro aquecimento de

diferentes resinas ou compósitos.

Resina / Compósito Segundo Terceiro


aquecimento (°C) aquecimento (°C)
Stycast 2850 101,36 106,56
Stycast 2850 + nitreto de aluminio 103,22 104,85
Stycast 1266 51,70 53,90
Stycast 1266 + nitreto de silício 61,86 62,31
Stycast 1266 + nitreto de alumínio 20,20 18,73

Epon 828 + D230 (100: 50)

-2
Epon 828 + D230 (100: 50)

-4

-6
Fluxo()

-8

-10

-12

20 40 60 80 100 120 140 160 180 200


Temperatura (°C)

Fig 3.2.1 - Rampa de -90°C a 250°C

35
Stycast 2850 + nitreto de alumínio (100: 3,5: 10)

1.0
Segundo aquecimento
Terceiro aquecimento

0.5

0.0
q (W)

-0.5

-1.0

-100 -50 0 50 100 150 200 250 300


Temperatura (°C)

3.2.2 – Segundo e terceiro aquecimento de -90°C a 250°C

Stycast 1266

Segundo aquecimento
1
Terceiro aquecimento
0

-1

-2
q (w)

-3

-4

-5

-6

-100 -50 0 50 100 150 200 250 300


Temperatura (°C)

3.2.3 – Rampa de -90°C a 250°C

Stycast 1266 + nitreto de silício (100: 28: 10)

36
Segundo aquecimento
0.0
Terceiro aquecimento

-0.5

-1.0

q (W)
-1.5

-2.0

-2.5

-3.0
-100 -50 0 50 100 150 200 250
Temperatura (°C)

3.2.4 – Segundo e terceiro aquecimento de -90°C a 250°C

Stycast 1266 + nitreto de alumínio (100: 28: 10)

-1.2
Segundo aquecimento
-1.4 Terceiro aquecimento

-1.6

-1.8

-2.0
q (W)

-2.2

-2.4

-2.6

-2.8

-3.0
-100 -50 0 50 100 150 200 250 300
Temperatura (°C)

3.2.5 – Segundo e terceiro aquecimento de -90°C a 250°C

3.3 – Cálculo da condutividade térmica pelo ‘método do fio


aquecido’

37
Observou-se que à medida que o valor da corrente aplicada ao fio era
aumentado, o valor da condutividade térmica aumentava, mas não
consideravelmente para os valores de corrente selecionados, observou-se também
que com a adição de cargas o valor da condutividade aumentava.
O comportamento do gráfico para os diferentes valores de correntes
aplicadas a temperatura ambiente foi praticamente o mesmo, diferindo no valor da
inclinação da curva que aumentava com o aumento do valor da corrente. A seguir
são apresentados os comportamentos da curva e a linearização da mesma, para
apenas um valor de corrente para cada resina ou compósito.
Os valores encontrados para condutividade térmica dos materiais
selecionados a temperatura ambiente estão apresentados na Tabela 3.3.9. Para os
compósitos não dispunha de valores do transporte térmico obtidos com outras
técnicas na literatura. Empregou-se, portanto, corpo de prova retangular de
dimensões 84,65 x 80,80 x 7,80 mm 3 da resina epóxi, Stycast 2850, como padrão
para validação da metodologia descrita neste trabalho, e a empregou então para
determinação da condutividade térmica dos cilindros das resinas e dos compósitos.
Os resultados encontrados e da literatura [14] para as placas estão na tabela 3.3.1.

50

45
Temperatura (°C)

40

35

30

25

-4 -2 0 2 4
ln tempo

Fig. 3.3.1 – Curva ln t X Temperatura da amostra Stycast 2850.

Tabela 3.3.1 – Valor condutividade térmica da resina Stycast 2850


Amostra Literatura Calculado

38
Stycast 2850 0,78 W/ mK 0,781 ± 0,0026

Nas figuras 3.3.2 a 3.3.8 é apresentado o comportamento da curva ln t X


Temperatura para um dado valor de corrente aplicado ao fio quente fixado aos
cilindros de resina ou compósito.

Epon 828 + D230 (100: 50)

70

60

50
Temperatura (°C)

40

30

20

10
-4 -2 0 2 4
ln tempo

Fig.3.3.2 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à temperatura ambiente


no ‘sanduiche’: 1,5A

Tabela 3.3.2 – Condutividade térmica


Corrente (A) Condutividade térmica
(W/m.K)
1 0,136
1,5 0,137
2 0,139
Média ± Desvio 0,137 ± 0,0015

Epon 828 + D230 + nitreto de silício (100: 50: 10)

39
65

60

55

Temperatura (°C)
50

45

40

35

30

25

-4 -2 0 2 4
ln tempo

Fig.3.3.3 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à temperatura ambiente


no ‘sanduiche’: 1,5A.

Tabela 3.3.2 – Condutividade térmica


Corrente (A) Condutividade térmica
(W/m.K)
1 0,246
1,5 0,248
2 0,252
Média ± Desvio 0,249 ± 0,003

40
• Epon 828 + D230 + nitreto de alumínio (100: 33: 15)

70

60

Temperatura (°C)
50

40

30

20

-4 -2 0 2 4
ln tempo

Fig.3.3.4 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à temperatura ambiente


no ‘sanduiche’: 2A.

Tabela 3.3.4 – Condutividade térmica


Corrente (A) Condutividade térmica
(W/m.K)
1 0,457
1,5 0,458
2 0,458
Média ± Desvio 0,458 ± 0,00058

41
• Stycast 2850 + catalisador 9

70

60

Temperatura (°C) 50

40

30

20

10
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
ln (tempo)

Fig.3.3.5 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à temperatura ambiente


no ‘sanduiche’: 2A.

Tabela 3.3.5 – Condutividade térmica


Corrente (A) Condutividade térmica
(W/m.K)
1 0,7823
1,5 0,7840
2 0,7856
Média ± Desvio 0,7840 ± 0,0016

42
Stycast 2850 + nitreto de alumínio (100: 3,5: 10)

70

65

60
Temperatura (°C)

55

50

45

40

35
-4 -2 0 2 4
ln tempo

Fig.3.3.6 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à temperatura ambiente


no ‘sanduiche’: 2A.

Tabela 3.3.6 – Condutividade térmica


Corrente (A) Condutividade térmica
(W/m.K)
1 0,910
1,5 0,912
2 0,917
Média ± Desvio 0,913 ± 0,0037

43
Stycast 1266 + nitreto de silício (100: 28: 10)

40

38

36

Temperatura (°C) 34

32

30

28

26

24

22

20
-4 -2 0 2 4
ln tempo

Fig.3.3.7 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à temperatura ambiente


no ‘sanduiche’: 2A.

Tabela 3.3.7 – Condutividade térmica


Corrente (A) Condutividade térmica (W/m.K)
1 0,304
1,5 0,305
2 0,306
Média ± Desvio 0,305 ± 0,0012

44
Stycast 1266 + nitreto de alumínio (100: 28: 10)

80

70

60
Temperatura (°C)

50

40

30

20
-4 -2 0 2 4
X Axis Title

Fig.3.3.8 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à temperatura ambiente


no ‘sanduiche’: 2A.

Tabela 3.3.8 – Condutividade térmica


Corrente (A) Condutividade térmica (W/m.K)
1 0,316
1,5 0,321
2 0,324
Média ± Desvio 0,320 ± 0,0041

Tabela 3.3.9 – Condutividade térmica calculada a temperatura ambiente.


Resina ou compósito Condutividade térmica (W/m.K)
Epon 828 + D230 0,137 ± 0,0015
Epon 828 + D230+ nitreto de silício 0,249 ± 0,003
Epon 828 + D230+ nitreto de alumínio 0,458 ± 0,00058
Stycast 2850 0,7840 ± 0,0016
Stycast 2850 + nitreto de alumínio 0,913 ± 0,0037
Stycast 1266 + nitreto de silício 0,305 ± 0,0012
Stycast 1266 + nitreto de alumínio 0,320 ± 0,0041

45
Observou-se que o método do fio quente é eficiente na determinação da
condutividade térmica a temperatura ambiente em compósitos de matriz polimérica e
que a incorporação de carga pode resultar no aumento da condutividade térmica.
O tratamento estatístico não pode ser feito a 77K, pois o comportamento das
curvas e o valor da condutividade térmica diferiram bastante, talvez as discrepâncias
possam ser associadas ao grau de cristalinidade ou a história térmica da amostra,
uma vez que esses fatores podem afetar as propriedades térmicas de polímeros ou
a borracha de silicone não estava vedando, assim o nitrogênio líquido entrou em
contato com a resistência de Manganin e com o termopar interferindo nas medidas.
Os valores encontrados de condutividade térmica deram superiores aos
valores a temperatura ambiente (Tabela 3.3.10). As curvas e a condutividade
térmica foram calculados para os corpos de prova que melhor comportamento
obtiveram e estes corpos de prova não estavam isolados com graxa e borracha de
silicone, apenas estavam envolvidos por fita crepe.

Tabela 3.3.10 – Condutividade térmica calculada a 77K.


Resina ou compósito Condutividade térmica (W/m.K)
Epon 828 + D230+ nitreto de silício 5,1
Epon 828 + D230+ nitreto de alumínio 1,3
Stycast 2850 1,7
Stycast 2850 + nitreto de alumínio 4,5
Stycast 1266 + nitreto de silício 1,8
Stycast 1266 + nitreto de alumínio 1,2

46
Epon 828 + D230 + nitreto de silício (100: 50: 10)

-163

Temperatura (°C) -164

-165

-166

-167

-168

-169

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
ln tempo

Fig.3.3.9 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à 77K no ‘sanduiche’: 3A.

Epon 828 + D230 + nitreto de alumínio (100: 33: 15)

-154

-156

-158
Temperatura (°C)

-160

-162

-164

-166

-168

-170

-172
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
ln tempo

Fig.3.3.10 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada 77K no ‘sanduiche’:


2,5A.

47
Stycast 2850 + catalisador 9

-176

-178

-180

-182
Temperatura (°C)

-184

-186

-188

-190

-192

-194
-4 -2 0 2 4
ln tempo

Fig.3.3.11 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à 77K no ‘sanduiche’:


3A.

Stycast 2850 + nitreto de alumínio (100: 3,5: 10)

-170

-175
Temperatura (°C)

-180

-185

-190

-195
-4 -2 0 2 4
ln tempo

Fig.3.3.12 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à 77K no ‘sanduiche’:


3A.

48
Stycast 1266 + nitreto de silício (100: 28: 10)

-154

-156

-158

-160
Temperatura (°C)

-162

-164

-166

-168

-170

-172
-4 -2 0 2 4
ln tempo

Fig.3.3.1 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à 77K no ‘sanduiche’:


2,5A.

Stycast 1266 + nitreto de alumínio (100: 28: 10)

-140

-145

-150
Temperatura (°C)

-155

-160

-165

-170
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3
ln tempo

Fig.3.3.14 - Curva ln t X T. Corrente constante aplicada à 77K no ‘sanduiche’:


3A.

49
4- Conclusão:

Conclui-se que a análise reológica apresentou resultados consistentes, a


única limitação sentida é de necessitar um controle rígido do valor da viscosidade a
fim de evitar problemas operacionais.
Conclui-se também que a avaliação das propriedades de transporte térmico
de compósitos de matriz polimérica com diferentes composições de resina
epóxi/carga através do método do fio aquecido e de calorimetria exploratória
diferencial também apresentou dados consistentes. Pode-se estabelecer uma
metodologia experimental para medição das propriedades de transporte térmico e
obter compósitos com elevada condutividade térmica em relação à resina epóxi sem
carga.
Os resultados aqui apresentados demonstram a viabilidade do emprego da
técnica do fio quente em cilindros para estimativa das propriedades térmicas a partir
dos dados experimentais obtidos a temperatura ambiente.

50
5- Referências bibliográficas

[1] FRANCK, A.; KÜNZE, W.; DALLAS, G. The combined Use of Thermal Analysis
and Rheology in Monitoring and Characterizing Changing Processes in Materials. In:
AMERICAN LABORATORY, 2004, vol. 36, n° 1, p. 18.

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Materials. Second Edition. San Diego: Academic Press, 1977, cap.6, p. 1380.

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1998, p. 406.

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Sons, Inc, New York, traduzido por LTC, Rio de Janeiro, 2002.

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Polymer-Matrix Composites, Composites Part A, Vol. 32, 1749 (2001).

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RHEOLOGY; THEORY AND APPLICATIONS, F. R. Eirich, Ed., Academic Press,
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[10] Santos, W. N. & Cintra Filho, J. S. – Cerâmica, 32, 198, p.151 (1986).

51
[11] Santos, W. N. dos & Gregório Filho, R. – Método de Fio Quente na
Determinação das Propriedades Térmicas de Polímeros, (2002).

[12] Santos, W. N. & Cintra Filho, J. S. O MÉTODO DO FIO QUENTE. Cerâmica,


Brasil, v. 51, n. 320, p. 372-381, 2005

[13] Santos, W. N. – Métodos transientes de troca de calor na determinação das


propriedades térmicas de materiais cerâmicos: II - o método do fio quente.
Cerâmica v.51 n.320 São Paulo oct./dic. 2005.

[14] Slack, G.A., Tanzilli R.A., Pohl R.O., Vandersande J.W., J. Phys. Chem. Solids
48, 7 (1987), 641-647.

[15] Santos, W. N. – O método de fio quente: técnica em paralelo e técnica de


superfície. Cerâmica vol.48 no.306 São Paulo Apr./June 2002.

Aluna: _____________________________________________

Joice Porfirio

Orientador: _________________________________________

Carlos Alberto Baldan

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