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1. Introdução
Um compósito é um material obtido através da mistura de dois ou mais materiais com propriedades
distintas, com o objectivo de obter propriedades mecânicas ou físicas diferentes e globalmente
superiores às dos materiais quando isolados.
O constituinte que é contínuo e que está geralmente (mas nem sempre) presente em maior
quantidade denomina-se matriz. Um compósito pode ter matriz polimérica, cerâmica ou metálica. O
outro constituinte designa-se reforço ou fase de reforço, uma vez que promove ou reforça as
propriedades do material da matriz. Na maioria dos casos, o reforço escolhido apresenta maior
dureza, resistência mecânica e rigidez que o material da matriz. Existem numerosos tipos de
materiais compósitos, dependendo da natureza dos constituintes. As propriedades do material final
são determinadas pelas características do reforço, ou seja, pela quantidade introduzida e pela sua
forma e dimensões. Na Figura 1 esquematizam-se os vários tipos de materiais compósitos em função
da geometria do reforço.
M aterial Compósito
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Departamento de Engenharia Mecânica
Área Científica de Mecânica dos Meios Sólidos
Neste trabalho produzem-se materiais compósitos de matriz polimérica (CMP) reforçada com
fibrasa de vidro.
Os polímeros são o material mais utilizado como matriz compósita, devido a dois factores principais:
(i) de modo geral, apresentam baixa resistência mecânica e baixa rigidez, ou seja, o reforço dos
materiais poliméricos é essencial para que possam ser utilizados em aplicações estruturais; (ii) o seu
processamento não envolve aplicação de pressões e temperaturas elevadas, pelo que o processo de
fabrico é pouco dispendioso e envolve equipamento relativamente simples. As principais
desvantagens dos compósitos de matriz polimérica são as baixas temperaturas máximas de trabalho,
elevados coeficientes de expansão térmica (conduzindo a instabilidade dimensional) e sensibilidade
às radiações e à humidade (conduzindo à degradação de propriedades mecânicas). Os polímeros
podem classificar-se em três tipos, de acordo com a sua estrutura molecular: termoendurecíveis,
termoplásticos e elastómeros.
A matriz a utilizar neste trabalho é uma resina termoendurecível (neste caso, um poliéster). Os
polímeros termoendurecíveis caracterizam-se pela existência de ligações cruzadas entre as suas
cadeias macromoleculares (Figura 2). O estabelecimento de ligações entre as cadeias do polímero
resulta do fenómeno de cura e conduz ao endurecimento irreversível do material. A cura pode ser
conseguida por aplicação de calor e pressão ou da adição de catalisadores químicos. Por efeito da
cura, as cadeias do polímero ligam-se fortemente, o que confere elevada rigidez à estrutura e torna
impossível modificar a forma do produto por re-aquecimento. Ou seja, os polímeros
2
termoendurecíveis não podem ser reciclados. Como vantagens , os termoendurecíveis apresentam
elevada estabilidade térmica e dimensional, baixa densidade, elevada rigidez, boas propriedades de
isolamento térmico e eléctrico. Os poliésteres, as resinas fenólicas e as resinas epóxidas são
exemplos de polímeros termoendurecíveis.
(a) (b)
Figura 2. Arranjo das cadeias poliméricas. (a) Com ligações cruzadas. (b) Sem
ligações cruzadas (cadeia linear).
a
Os compósitos de matriz polimérica reforçada com fibras são habitualmente designados na indústria como
plásticos reforçados com fibras (PRF) .
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O elemento de reforço a utilizar é fibra de vidro-E (E significa que o vidro é apropriado para
aplicações eléctricas, caracterizando-se por boas propriedades de isolamento) como fase de reforço
da matriz polimérica. De modo geral, os vidros na forma monolítica apresentam baixa resistência
mecânica e baixa tenacidade à fractura. No entanto, quando na forma de fibras, apresentam
propriedades mecânicas muito superiores, o que os torna eficazes no reforço de materiais baixa
resistência mecânica, como os polímeros. Adicionalmente, as fibras de vidro apresentam as
vantagens de grande estabilidade dimensional, boa resistência à humidade e à corrosão e fabrico
simples e pouco dispendioso2.
2. Procedimento Experimental
2.1. Objectivo
Preparação de provetes de material compósito CMP por enformação manual e sua
caracterização.
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3. Questionário
Após a preparação do compósito responda às seguintes questões:
1. Qual a finalidade da utilização de um agente desmoldante?
2. Qual a função do agente catalisador?
3. Porque se deve evitar manter a mistura (resina + endurecedor) em espera durante muito
tempo antes da aplicação?
4. Porque se deve forçar a resina para o interior das fibras?
5. Após proceder à desmoldagem, descreva o aspecto das peças e da sua superfície (qualidade
do acabamento, existência de poros, etc.).
6. Para que tipo de aplicações o processamento manual de CMP lhe parece apropriado?
7. Indique vantagens e desvantagens do processo manual de fabrico de CMP.
8. Bibliografia
1. MATTHEWS, F. L., RAWLINGS, R. D. – Composite Materials: Engineering and Science.
London: Chapman & Hall, 1994.
2. SMITH, W. F. – Principles of Material Science and Engineering. New York: McGraw-Hill, 1996.
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