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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIA


CURSO: GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL
DISCIPLINA: INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS II
DOCENTE: Dr. JOÃO RODRIGO COIMBRA NOBRE

LEONARDO NEVES BARBOSA THALY


MATEUS GUILHERME CRUZ SERRÃO
MADSON BARBOSA MARTINS
PEDRO PAULO LOBATO VILHENA FILHO

PAINEL OSB (ORIENTED STRAND BOARD)

CASTANHAL - PA
2022
1

LEONARDO NEVES BARBOSA THALY


MATEUS GUILHERME CRUZ SERRÃO
MADSON BARBOSA MARTINS
PEDRO PAULO LOBATO VILHENA FILHO

PAINEL OSB (ORIENTED STRAND BOARD)

Trabalho apresentado à disciplina de


Industrialização de Produtos Florestais II como
requisito parcial para a obtenção de nota para a 2ª
avaliação, sob a orientação do professor Dr. João
Rodrigo Coimbra Nobre.

CASTANHAL - PA
2022
SUMÁRI
O
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
2. PANORAMA GERAL DO MERCADO DO PAINEL OSB.................................................4
2.1. Global...............................................................................................................................4
2.2. Nacional............................................................................................................................5
2.3. Indústria de painéis de madeira local e em regiões próximas do Pará.............................6
3. PROCESSO PRODUTIVO INDUSTRIAL DO OSB............................................................7
4. TIPOS DE OSB....................................................................................................................13
5. DIFERENÇA ENTRE OSB E COMPENSADO.................................................................13
6. VANTAGENS E DESVANTAGENS..................................................................................14
7. APLICAÇÕES......................................................................................................................14
8. CONCLUSÃO......................................................................................................................15
9. REFERÊNCIAS....................................................................................................................16
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1. INTRODUÇÃO
As origens dos painéis derivados de madeira remontam à antiguidade. Já na era
egípcia, havia evidências de camadas de folheado de grão cruzado como uma técnica de
construção (LOGIN, 2004). No entanto, foi apenas na revolução industrial na década de 1850
que isso se tornou amplamente reconhecido como o produto que conhecemos hoje (LOGIN,
2004).
Os painéis surgiram para atender à necessidade gerada pela escassez e pelo
encarecimento da madeira maciça e para burlar as limitações e defeitos que a madeira
naturalmente possui (FREIRE et al., 2015). A origem dos painéis retrata a necessidade de
inovar a aplicação e o uso da madeira como matéria-prima.
Os painéis de madeira dividem-se em três grandes grupos: compensados,
aglomerados e chapas de fibras comprimidas (FREIRE et al., 2015). Desde o início da
produção de compensados no final do século XIX, inúmeros tipos de chapas de madeira
surgiram até hoje, sempre com o foco em encontrar novos produtos com melhor relação
custo/benefício para aplicações específicas (IWAKIRI, 2005).
O painel de Fibras de Média Densidade (MDF) começou a ser produzido no Brasil
em 1997, a produção do MDF usa como matéria-prima principal a madeira de eucalipto e
pínus e apresenta como característica um processo seco com várias etapas (LOYOLA
EISFELD & BERGER, 2012). O MDF possui consistência que se aproxima à da madeira
maciça (TORQUATO, 2008). A maioria dos seus parâmetros físicos de resistência são
superiores aos do painel de madeira aglomerada, caracterizando-se também por possuir boa
estabilidade dimensional e grande capacidade de usinagem (REMADE, 2007).
No Brasil, a produção do painel de tiras de madeira orientadas (OSB) é recente, data
de 2002 (LOYOLA EISFELD & BERGER, 2012). A resistência do OSB é alta, embora não
tanto quanto a da madeira sólida original, mas tão elevada quanto a dos compensados
estruturais, aos quais substituem perfeitamente, esse painel tem a elasticidade da madeira
convencional, mas é mais resistente mecanicamente - o seu custo é mais baixo, devido ao
emprego de madeira de pequena dimensão, proveniente de florestas geridas de forma
sustentável (GORSKI et al., 2014).
Durante o processo de produção de placas de OSB, é possível o melhor
aproveitamento das toras de madeira. O OSB utiliza 96% da madeira contra 56% do
compensado, o que permite otimizar o custo do produto, tornando-o ecologicamente mais
eficiente (IWAKIRI et al., 2008). Dentre os usos do OSB, destacam-se pisos, divisórias,
coberturas e obras temporárias, como, por exemplo, tapumes e alojamentos (REMADE,
2007).
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Nesse contexto, devido à importância do painel de tiras de madeira (OSB), o presente


trabalho tem como objetivo realizar uma análise do processo produtivo do painel OSB, como
também demonstrar sua importância no mercado e vantagens do seu uso.

2. PANORAMA GERAL DO MERCADO DO PAINEL OSB


2.1. Global
Globalmente, o consumo de painéis de madeira está relacionado com a construção
civil, pela construção direta de escritórios e residências, acabamento ou mobiliário. Dentro
dessa classe, são produzidos compensados, painéis de partículas tipo sliver (Medium Density
Particleboard - MDP), painéis de fibra de média densidade (Medium Density Fiberboard -
MDF) e alta densidade (High Density Fiberboard - HDF), painéis isolantes e painéis de
partículas tipo strand (Oriented Strand Board - OSB) (DEL MENEZZI, 2004).
O OSB está no mercado mundial desde o início da década de 80, sendo considerado
como a segunda geração dos painéis waferboard (MENDES, 2010). Segundo a FAO (Food
and Agriculture Organization, 2019) os três países maiores produtores de OSB no mundo são
EUA, Canadá e Alemanha, e os dois primeiros produzem 65% do total consumido no mundo.
Contudo, o maior crescimento na produção deste tipo de painel ocorreu na China, ao produzir
em 2017 mais do que quatro vezes a quantidade observada em 2013.
De modo geral, o setor imobiliário é o principal uso final da indústria de OSB na
América do Norte, respondendo por mais de 50% do consumo de OSB. O mercado global de
OSB é consolidado por natureza, por cinco empresas, representando uma parcela significativa
no mercado global, nos quais são: West Fraser, Louisiana-Pacific Corporation, Kronoplus
Limited, Georgia - Pacific Wood Products LLC e Weyerhaeuser Company (MORDOR
INTELLIGENCE, 2022).
De acordo com Grand View Research (2019), a previsão é que até 2025 o mercado de
painéis OSB global atinja 32,89 bilhões de dólares. Este valor está relacionado à possibilidade
de usar toras com diâmetros de 8 a 10 cm, como matéria-prima, também às propriedades
físicas e mecânicas, como estabilidade dimensional, uniformidade e alta resistência à flexão.
Conforme Vidal e Hora (2014), esse produto já aparece como o terceiro mais relevante
painel de madeira reconstituída (25.109 m³), tendo superado a chapa de fibra, com 20.095 m³.
Por ser um dos produtos mais recentes e suas possibilidades de uso mais amplas do que o
MDP/MDF, inclusive substituindo os compensados é possível que OSB obtenha mais
relevância futuramente, quando a economia das regiões desenvolvidas se recuperar,
especialmente o mercado imobiliário.
Entretanto, mesmo nessa crescente do mercado mundial, espera-se uma taxa de
crescimento de ≈28% até 2025. Esse consumo crescente em diversos setores, principalmente
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construção, móveis e embalagens, está relacionado a melhorias nas propriedades dos painéis,
como resistência, trabalhabilidade e versatilidade (GRAND VIEW RESEARCH, 2015).

2.2. Nacional
Nos últimos anos, a produção e o consumo da indústria de painéis de madeira
reconstituída apresentaram o maior crescimento médio anual dentre os produtos florestais do
Brasil (GORSKI et al., 2014). Esse acréscimo foi devido ao incremento do consumo
doméstico e aos investimentos expressivos realizados pelas indústrias do setor na última
década.
Entretanto, o Brasil é muito incipiente na produção de OSB, começou a produzir
painéis somente no final de 2002. Em contrapartida, as fábricas de outros compostos de
madeira já estão bastante consolidadas, como os compensados que iniciaram em 1940,
seguindo em 1966 com as chapas aglomeradas, em 1995 com as chapas de fibra e em 1997
com o MDF (MENDES et al., 2003 apud DEL MENEZZI, 2004).
Desse modo, mesmo com sua introdução no mercado brasileiro, sua participação no
mercado interno continua diminuta no mercado de painéis e o consumo de OSB segue em
patamares bastante reduzidos, ao contrário do enorme crescimento registrado na América do
Norte e Europa, ou seja, o mercado de OSB está em vias de desenvolvimento.
A nível nacional, existe somente um produtor de painel OSB com capacidade de
produção anual de 350.000 m³, o que representa cerca de 8% da produção global total de OSB
no mundo (GRAND VIEW RESEARCH, 2015). Sendo que essa produtora passou por
mudanças administrativas em novembro de 2008, em que a empresa multinacional norte
americana Louisiana Pacific (LP) assume a linha de produção de painéis de OSB, que era
exclusividade, em território nacional, da Masisa (REMADE, 2008).
Quando a fábrica ainda era da Masisa, a ABIPA (Associação Brasileira da Indústria de
Painéis de Madeira) divulgava alguns dados sobre os usos de OSB no país, que indicavam que
a construção civil respondia por 40% das vendas internas, seguida da indústria de móveis
(25%), embalagens (20%), outros (13%) e construção seca (2%) (VIDAL; HORA, 2014).
Com isso, os painéis OSB vêm conquistando espaço no mercado, em diversos setores,
principalmente no de construção de civil, por terem boas propriedades mecânicas aliadas às
características da matéria-prima exigidas no processo de fabricação, tais como custo baixo,
devido ao emprego de madeira de pequena dimensão, proveniente de florestas geridas de
forma sustentável (LOYOLA ESFEILD & BORGES, 2012).
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Porém quando se trata de exportação de painéis OSB, percebe-se um aumento


gradativo, com um pico de exportação em 2016 (Figura 1), além disso o país que mais
importou painéis OSB do Brasil foi a China, como observado na figura 2.

Figura 1: Evolução das exportações de painéis OSB (US$) entre 2008 a 2016 em valores reais.

Fonte: Pertille, 2017.

Figura 2: Comportamento das exportações de OSB para os países selecionados durante os anos de 2008 a 2016.

Fonte: Pertille, 2017.

Em termos gerais, é possível mencionar que durante os anos de 2009 a 2011 houve um
boom de exportações, muito influenciado pelo alto poder de compra da China. De 2012 até
2013, houve uma diminuição nas importações, provavelmente associada a uma maior
demanda interna do país. Outros fatores que influenciam essas variações são a consolidação
dos painéis de madeira no setor florestal em decorrência do grande crescimento da produção
na última década (aumento da base florestal).

2.3. Indústria de painéis de madeira local e em regiões próximas do Pará

Grande porção das indústrias de painéis de madeira reconstituída está localizada nas
regiões Sul e Sudeste do País, nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
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Minas Gerais e São Paulo. Enquanto as unidades fabris de painéis laminados encontram-se
nas regiões Sul e Amazônica, onde executam suas operações utilizando toras do gênero Pinus
spp. e de espécies tropicais (IBÁ, 2017).
As indústrias de painéis aglomerados no Brasil estão instaladas estrategicamente
próximo aos polos moveleiros ou em localidades cuja logística favoreça o escoamento desse
produto. No Estado do Pará, há um polo emergente localizado no município de Paragominas,
onde é feito o transporte desses painéis para as movelarias locais (MATTOS; GONÇALVES;
CHAGAS, 2008).
Apesar das regiões norte e centro-oeste apresentarem grandes áreas de florestas
tropicais nativas, existe uma carência de pesquisas sobre a utilização e viabilidade de madeiras
tropicais para a produção de painéis (TRIANOSKI et. al. 2015). A empresa fabricante painéis
OSB no Brasil é a LP Brasil, localizada no Estado do Paraná em Ponta Grossa, que está
atuando no mercado desde 2008, utilizando somente madeiras de reflorestamento como o
Pinus, e resinas de última geração (MDI), conferindo ao produto final uma alta resistência e
coesão (BRASIL, 2008).

3. PROCESSO PRODUTIVO INDUSTRIAL DO OSB


Conforme Iwakiri (2005), o processo produtivo industrial de painéis de OSB (Figura
3) é formado pelas seguintes etapas: conversão e condicionamento das toras; descascamento
das toras; geração das partículas strand; armazenamento das partículas úmidas; secagem das
partículas; classificação das partículas; aplicação do adesivo e de aditivos químicos; formação
do colchão; pré-prensagem e prensagem a quente; e o acabamento dos painéis. Nos quais
serão descritos de forma detalhada, com base no autor citado anteriormente e na linha de
produção da empresa Pioneer OSB (2019), situado na Malásia.
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Figura 3: Processo produtivo industrial do OSB Processo produtivo industrial do OSB.

Fonte: Mendes, 2001.

Inicialmente, as toras são acondicionadas em tanques de água quente, esse


procedimento, visa amolecer a madeira e, consequentemente, reduzir o consumo de energia e
geração de finos no processo de geração de partículas, sendo que o tempo de condicionamento
varia de 3 a 15 horas e a temperatura de 30 a 70°C, dependendo da indústria e do clima. Após
isso, as toras são descascadas, geralmente em descascadores do tipo anel e tambor (Figura 4),
pois a presença de casca torna-se inviável a produção de OSB, e o resíduo obtido nesse
processo é utilizado como energia térmica para o aquecimento da prensa e do tanque de
cozimento.

Figura 4: Descascador de toras do tipo tambor.

Fonte: Direct Industry, 2022.


Depois disso, seguem para o processo de geração de partículas strand, sendo
considerada como uma das etapas mais importantes do processo produtivo, que está
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relacionada com o controle da geometria de partículas, as quais são produzidas com


dimensões em torno de 25mm de largura, 90 a 150mm de comprimento e 0,50 a 0,75mm de
espessura.
Nessa etapa é utilizado a máquina strand, que varia entre o tipo cilindro ou disco, para
garantir a qualidade das partículas é recomendado que ocorra a troca das facas em até 8 horas
de uso do equipamento, dependendo da espécie utilizada e da estação do ano. Como ocorre a
diferenciação nas dimensões das partículas que compõe as camadas externas e internas do
painel, os ajustes são necessários ou até a utilização de diferentes tipos de equipamentos.
Após a formação das partículas, estas são encaminhados para os silos que atuam como
compensadores, nos quais armazenam essas tiras de madeira, de forma a manter o conteúdo de
umidade, permitindo assim uma produção contínua e controle dos secadores. Em função
disso, é necessário separá-los, uma parte para as camadas externas e a outra para as internas.
Além disso, eles transportam as partículas úmidas para os secadores, de forma que o tempo de
retenção sejam iguais para todas as partículas.
As partículas úmidas ao chegar nos secadores podem ter umidades acima de 100%,
com isso, esse material passa pelo processo de secagem até o teor de umidade chegar à 3%,
sendo o ideal para produção de OSB, dependendo do tipo de resina a ser utilizada, com
temperatura de 80°C. Essa parte do processo é de suma importância, principalmente na fase de
prensagem dos painéis, pois teores de umidade elevados, podem gerar alta pressão interna de
vapor, ocasionando em problemas como o estouro e delaminação dos painéis.
São utilizados geralmente três tipos de secadores nas indústrias de OSB, tais como: o
secador de tambor rotativo de três passagens (Figura 5); o secador de tambor rotativo de uma
passagem; e secador do tipo transportadores, sendo o primeiro mais usado.
Os secadores de três passagens podem alcançar temperatura de até 850°C, resultando
em uma alta emissão de compostos orgânicos voláteis, podendo ocasionar incêndios, e
degradação da madeira; já os secadores de uma passagem e do tipo transportadores operam
com temperaturas menores, em consequência disso, possui baixa possibilidade de ocorrência
dos riscos citados anteriormente. Normalmente, as indústrias operam com secadores diferentes
para as partículas da camada externa e interna, possibilitando o uso de partículas com
diferentes teores de umidade.
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Figura 5: O secador de tambor rotativo..

Fonte: Direct Industry, c2022.

Após a secagem, é realizada a classificação das partículas através de peneiras (Figura


6), com o intuito de retirar as partículas finas, antes da aplicação do adesivo. Em que as
partículas maiores são destinadas para próxima etapa, e as mais finas são utilizadas para a
geração de energia térmica.
Figura 6: Peneira vibratória para classificação de partículas.

Fonte: DocPlayer, 2022.

Posteriormente, é realizado o processo de aplicação de adesivos e aditivos químicos.


Bowyer et al. (2007), afirmam que tanto o fenol-formaldeído quanto a resina a base de
isocianato (MDI – di-isocianato de difenilmetano) são aplicados na manufatura do OSB, e
esses autores mencionam ainda que essas resinas formam ligações impermeáveis necessárias
para uso de compósitos estruturais de madeira. Dentre os aditivos químicos aplicados, têm-se
a parafina, sendo adicionada numa quantidade em torno de 0,5 a 1%, com o objetivo de
minimizar a higroscopicidade da madeira, consequentemente, aprimorar a estabilidade
dimensional dos painéis.
O equipamento utilizado nessa etapa é denominado de encoladeira, e tem a função de
movimentar as partículas e aplicar o adesivo, sendo sua entrada de partículas na parte superior
e a saída delas na parte inferior. Sendo que para a aplicação do adesivo na forma líquida, a
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encoladeira é composta internamente de discos atomizadores, fazendo com que ocorra uma
movimentação das partículas e a aplicação do adesivo aconteça de forma homogênea. Já para
a resina em pó, são utilizadas linhas de sopro, e a parafina é aplicada com atomizadores a ar
ou discos rotativos.
Depois disso, seguem o processo de formação do colchão é dada através da disposição
das partículas sobre uma esteira móvel, o qual passa pelo processo de orientação das
partículas, geralmente são 3 camadas, mas isso varia em função da espessura do produto final,
sendo que as camadas internas são posicionadas perpendicularmente as externas (Figura 7),
essa estruturação é importante para a estabilidade dimensional e flexão do painel.

Figura 7: Orientação das partículas nas camadas do painel OSB.

Fonte: Martins, 2021.


Essa etapa consiste na realização de três estações formadoras, sendo cada uma para a
formação dos colchões, na primeira estação formadora coloca as partículas em sentido
paralelo à linha de formação do colchão. Essas são distribuídas através de discos rotativos,
contendo espaços estreitos entre si, assim realizando a orientação destas partículas. A próxima
camada é formada em uma orientação de 90° em relação a camada anterior, e a última camada
é formada acima da camada interna como descrito anteriormente. Além disso, alguns aspectos
influenciam na orientação das partículas, tais como: a abertura entre os discos rotativos, a
altura da queda livre das partículas e a largura das partículas.
Depois da formação do colchão, é realizado a prensagem a quente, esta consiste
basicamente na consolidação do colchão de partículas strand no painel com a densidade e
espessura desejada, a polimerização e cura do adesivo, com o objetivo de unir as partículas e a
estabilização do painel, através do calor, para manter a espessura e densidade já atingida.
Nessa etapa existem vários fatores que são determinantes sobre as propriedades mecânicas dos
painéis, tais como: o tempo de fechamento da prensa, a distribuição da umidade do colchão e
a velocidade de cura da resina.
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Normalmente, nas indústrias de painéis de OSB são utilizadas prensas múltiplas de 12


a 16 aberturas, a temperatura de prensagem é ajustada entre um intervalo de 200°C a 220°C, o
tempo de prensagem varia de acordo com a espessura do painel e o tipo de adesivo utilizado,
geralmente, o tempo é entre 3 a 6 minutos e a máxima pressão aplicada na prensagem, varia
consoante a densidade do painel, o conteúdo de umidade e o tempo de prensa, podendo atingir
até 750 psi, equivalente a 5 MPa. No caso da empresa Pioneer OSB (2019), utiliza máquina de
prensagem contínua de 30 m de comprimento, composta por um cilindro (Figura 8), sob
intenso calor e pressão, esse processo, resulta numa placa de painel contínua, que
posteriormente, vai ser desdobrada nas dimensões definidas na fase de acabamento.

Figura 8: Máquina de prensagem contínua.

Fonte: Pioneer OSB, 2019.

Após a realização da prensagem, os painéis estão sujeitos às operações de


esquadrejamento nas dimensões desejadas, através de serras circulares em série. Em seguida,
essas passam pelas estações de resfriamento, por meio do resfriador estrelar (Figura 9), para
realizar resfriamento e aclimatação dos painéis à temperatura ambiente, e nesse equipamento,
cada painel é girado 180° à temperatura ambiente. E ainda na etapa de acabamento, os painéis
podem passar por outras técnicas dependendo da especificidade do painel, como lixamento,
selagem de bordas e aplicação de filme fenólico. Depois disso, essas são classificadas e
identificadas com selo de classificação apropriado, e finalmente, os painéis são empilhados e
embalados, para expedição. Além do mais, são realizados testes de qualidade com painéis
produzidos, por determinado período de tempo, como o de densidade, da mistura e do teor de
umidade, para verificar a qualidade do painel OSB produzido.

Figura 9: Estação de resfriamento no formato estrelar .


13

Fonte: Pioneer OSB, 2019.

4. TIPOS DE OSB

A European Standard (Norma Portuguesa) NP-EN 300/2002, estabelece quatro tipos


de OSB com base nas suas propriedades físicas e resistência mecânica. São divididos em:
OSB/1, que são placas para uso gerais e placas para componentes interiores, sendo utilizadas
em ambiente seco; OSB/2, designa as placas para fins estruturais, as quais são utilizadas em
ambiente seco; OSB/3, placas estruturais, tendo o seu uso em ambiente úmido; OSB/4, lacas
para fins estruturais especiais, sendo utilizadas em ambiente úmido (GAGLIARDO;
BASTOS, 2010).
Existem outros tipos que são vendidos no Brasil, segundo Correia (2022), as quatro
classificações são: OSB Tapume, o qual tem a vantagem de ser resistente à chuva e não
entortar, podendo ser utilizado em barracões, tapumes e bandejas de proteção; OSB
Compensado, aplicado em móveis, estrutura de mobiliários e decoração de interiores, devido
ao material não possuir nós e ser uniforme; OSB Home Plus, bastante usado em coberturas,
fechamentos de paredes e lajes que contam com sistema de construção wood frame ou steel
frame, ademais, é resistente à impactos e umidade. OSB Multiuso, valendo destacar a sua
ampla aplicabilidade., podendo ser usado para estrutura de móveis.

5. DIFERENÇA ENTRE OSB E COMPENSADO

O compensado e o OSB são diferentes produtos de madeira industrializada. Mesmo


que ambos sejam parecidos, os materiais são produzidos distintamente, assim, apresentado
funções e características diferentes. O OSB é composto por tiras de madeiras dispostas em
14

mesma direção. Pequenas tiras de madeiras são coladas com resinas e posteriormente
prensadas sob temperaturas elevadas, conferindo rigidez, resistência mecânica e estabilidade
ao painel (HOMETAKA, 2014). Enquanto o compensado é feito com lâminas de madeira com
espessuras de 4 a 20 mm. Em comparação, o compensado pode obter qualidades internas
inferiores, visto que há a possibilidade de existência de vazios e nós, enquanto o OSB tem
qualidade superior, além de ser mais durável, tendo maior estabilidade dimensional, versátil, e
por possuir excelente isolamento térmico e acústico (CELERE, 2022).

6. VANTAGENS E DESVANTAGENS
Segundo Caires (2016), o painel OSB é muito utilizado e recomendado nas
construções, sobretudo a seco, e como objetos de decoração e mobília. Tendo muitas
vantagens de uso, por ser constituído com madeira de reflorestamento, logo, apresenta um
impacto reduzido no meio ambiente; é uniforme e consistente, não deixando espaços vazios
onde o mesmo é aplicado; o processo de produção faz com que este painel possua boa
resistência físico-mecânica, não chegando a ser tão resistente em comparação a madeira
maciça, mas adquirir uma melhor performance, e, assim, tendo longa durabilidade; possui
baixo custo em relação a outros derivados da madeira, enquanto uma chapa de 12 mm de OSB
gira em torno de R$ 111,00 as de MDF e compensado de cerejeira variam a partir de R$
157,00; possui estética atrativa; bom isolamento termoacústico; tem resistência ao fogo,
apresentando um resultado satisfatório às exigências das normas estabelecidas pelo Comitê
Brasileiro de Construção Civil da ABNT; e possui alta versatilidade.
Como desvantagem, o OSB pode pesar até 19% mais do que um painel MDF, como
exemplo, podendo ocasionar dificuldades no manuseio do material no canteiro de obras. Outro
fator é a aderência, tendo o aspecto rugoso adquirido na confecção, porém, este não prejudica
a durabilidade. Apesar disso, essa característica impede uma boa aderência de revestimentos
laminados. Embora o OSB apresente maior resistência à umidade, este painel não pode estar
em contato direto e constante com a água, impedindo o seu uso em alguns locais, por
exemplo, em banheiros e áreas externas (CELERE, 2022).

7. APLICAÇÕES
O OSB é utilizado tanto para a construção civil quanto para área de design de
interiores. É possível aplicá-lo, dentro da construção civil, no fechamento de estruturas de
steel e wood frame, em paredes, telhados, lajes e pisos. Ademais, este painel serve também
para barracões de obras e tapumes. Enquanto na área de design de interiores, o OSB é usado
em itens como mesas, luminárias, bancadas, cadeiras, pallets, aparadores, cômodas e outros
mobiliários para decoração de aspecto rústico e industrial (CELERE, 2022).
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Figura 10: Aplicações do painel OSB de acordo com dimensionamento.

Fonte: LP - Building Products, 2012.

8. CONCLUSÃO
A origem dos painéis retrata a necessidade de inovar na aplicação e utilização da
madeira como matéria-prima e seus resíduos. São o resultado da busca do homem por novas
formas de uso e aproveitamento da madeira, maximizando seu potencial. Em relação aos
painéis OSB produzidos nacionalmente, estes têm destaque para aplicação na construção civil,
com enfoque para uso em sistemas construtivos e industrializados, mas é pouco utilizado e
conhecido, quando comparado a outros países.
Por fim, o painel OSB pode ser obtido de madeiras de troncos finos e curvos, bem
como de espécies de menor valor comercial. Concorre diretamente com o compensado, que
atende aos mesmos tipos de uso, mas sua fabricação requer toras de alta qualidade e, portanto,
é relativamente mais cara.
16

9. REFERÊNCIAS
BOWYER, J. L.; SHMULSKY, R.; HAYGREEN, J. G. Forest products and wood science an
introduction. 5th ed. ed. Ames, Iowa: Ames, Iowa Blackwell, 2007.

BRASIL, L. LOUISIANA PACIFICCORPORATION. Lp Brasil, 2018.Disponível em:


www.lpbrasil.com.br. Acesso em: 12 dez. 2022.

CAIRES, A. J. OSB: Tudo que você precisa saber sobre o material. Hometeka, abr. 2016.
Disponível em: https://www.hometeka.com.br/aprenda/osb-tudo-que-voce-precisa-saber-
sobre-o-material/. Acesso em: 19 dez. 2022.

CELERE. OSB: o que é e como utilizar esse tipo de placa de madeira. Celere, jun. 2022.
Disponível em: https://celere-ce.com.br/construcao-civil/osb-o-que-e-e-como-utilizar-esse-
tipo-de-placa-de-madeira/#:~:text=Desvantagens%20do%20OSB,-
Peso&text=Uma%20placa%20OSB%20pode%20pesar,material%20no%20canteiro%20de%2
0obras.&text=O%20aspecto%20rugoso%20adquirido%20na,boa%20ader%C3%AAncia%20
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CORREIA, T. OSB: tipos e vantagens de usar. Leosocial, 2022. Disponível em:


https://leosocial.org.br/osb-tipos-e-vantagens-de-usar/. Acesso em: 20 dez. 2022.

DEL MENEZZI, C. H. S. Estabilização dimensional por meio do tratamento térmico e seus


efeitos sobre as propriedades de painéis de partículas orientadas (OSB). 2004. 242 p. Tese
(Doutorado em Ciências Florestais) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004.

FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. 2019. Disponível em:


<www.faostat.fao.org>. Acesso em: 10 de dez. de 2022.

FREIRE, A. L. F. et al. Impactos ambientais de painéis de madeira e derivados: uma revisão


de literatura. 2015.

GAGLIARDO, D. P.; BASTOS, E. F. Caracterização física de painel de OSB – Oriented


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http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?num=1497&subject=E%20mais
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GORSKI, L. Painéis de partículas orientadas (OSB) da madeira de Pinus spp. E Eucalyptus


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