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USO DA MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Matheus Xavier de Vasconcelos¹

Marcus Vinicius Marca Medeiros²

RESUMO

Este artigo mostra a qualidade, a eficiência e o importante uso do


madeiramento(madeira) na construção civil. Apresentamos benefícios na qual a
madeira traz, pelos projetos estruturais e acabamentos, a importante aplicação e uso
dela dentro de um processo construtivo, o seu baixo consumo energético e seu potencial
sustentável, por ser um material renovável. Também a evolução do uso da madeira
dentro da construção civil.

Palavras-chave: Renovável, madeira, construção civil, sustentável

¹ Acadêmico do Curso de Engenharia Civil, 6ª fase, Disciplina de Materiais de


Construção Civil II, do Centro Universitário UNIFACVEST.

² Acadêmico do Curso de Engenharia Civil, 6ª fase, Disciplina de Materiais de


Construção Civil II, do Centro Universitário UNIFACVEST.
USE OF WOOD IN CIVIL CONSTRUCTION
Matheus Xavier de Vasconcelos¹

Marcus Vinicius Marca Medeiros²

ABSTRACT

This article shows the quality, efficiency and important use of timber (wood) in civil
construction. We present benefits in which wood brings, through structural projects
and finishes, the important application and use of it within a construction process, its
low energy consumption and its sustainable potential for being a renewable material.
Also the evolution of the use of wood in civil construction.

Keywords: Renewable, wood, civil construction, sustainable

¹ Student of the Civil Engineering Course, 6th phase, Discipline of Civil Construction
Materials II, from the UNIFACVEST University Center.
² Academic of the Civil Engineering Course, 6th phase, Discipline of Civil Construction
Materials II, from the UNIFACVEST University Center.
INTRODUÇÃO

A madeira foi um dos primeiros materiais utilizados pelo homem. Por ser disponível e de fácil
acesso, o homem aprendeu a manipulação primária da madeira e evoluiu às técnicas de
manejo desta até conseguir chegar as atuais tecnologias, que permitem realizar projetos cada
vez mais complexos. Nos primeiros tempos, o homem utilizou a madeira aliando-a a diversos
tipos de materiais, como por exemplo peles de animais e também vegetação. Seu uso inicial foi
para construir abrigos que pudessem servir de proteção das intempéries da natureza e perigos
externos. Além da utilização citada anteriormente, a madeira foi fundamental para o
desenvolvimento humano, pois serviu como fonte de aquecimento, luz, preparo de alimentos
e já com posse das técnicas de manipulação permitiu ao homem criar armas e embarcações
para auxiliar em sua sobrevivência.

Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas em usos temporários, como: fôrmas
para concreto, andaimes e escoramentos. De forma definitiva, é utilizada nas estruturas de
cobertura, nas esquadrias (portas e janelas), nos forros e nos pisos. Para se avaliar
comparativamente esses usos é apresentado na tabela 1 o consumo de madeira
serrada amazônica pela construção civil, no estado de São Paulo, em 2001.

Nessa tabela observa-se que o uso em estruturas de cobertura representa metade da madeira
consumida no estado de São Paulo. Neste uso, são empregadas peças simplesmente serradas,
como vigas, caibros, pranchas e tábuas. Tais produtos são comercializados em lojas
especializadas, conhecidas como depósitos de madeira, e destinam-se principalmente à
construção horizontal, ou seja, casas e pequenas edificações (Sobral et al., 2002). Na mesma
tabela pode ser visto que a madeira usada em andaimes e fôrmas para concreto representa 33%
da madeira consumida no estado de São Paulo. Neste tipo de uso, a construção verticalizada é
a principal demandante, com aproximadamente 485 mil metros cúbicos anuais. Este valor
representa 80% da madeira consumida nesse segmento da construção civil (Sobral et al., 2002).
O quadro completa-se com a madeira utilizada em forros, pisos e esquadrias, partes da obra em
que a madeira sofre forte concorrência de outros materiais, e em casas pré-fabricadas.
MADEIRA COMO MATERIAL

A madeira acompanha a vida humana desde seus primórdios, seja como fonte de
energia, sustento ou abrigo. Ela foi fundamental no desenvolvimento das civilizações,
com papel importante em todos os segmentos devido sua versatilidade e resistência,
levando o homem a dominar técnicas de manipulação que permitiram sua utilização nos
mais variados setores. A madeira foi o primeiro material utilizado nas estruturas de
abrigos de proteção humana, sendo aliada a materiais que permitissem unir os troncos
para a firmeza da estrutura. Em cada região existiu uma técnica de utilização diferente,
porém sempre com os mesmos objetivos e com similaridade, isso ocorreu devido a
diferença de clima e material existente em cada local.
Segundo Zenid (ZENID, 2009) os principais compostos da madeira existentes no mercado
brasileiro são:

• Madeira Roliça;

• Madeira Serrada:

• Pranchas e pranchões.

• Vigas e vigotas.

• Tábuas, caibros.

• Madeira Beneficiada:

• Assoalho.

• Forro.

• Batente.

• Rodapé.

• Taco.

• Madeira em laminas
• Painéis

• Compensado.

• Chapas de fibra: Chapa Dura.

• Chapas de fibra: MDF – Densidade Média.

• Chapas de partículas: Aglomerado.

• Chapas de partículas: MDP – Densidade média.

• Chapas de partículas: OSB – Painéis de partículas orientadas.

• Madeira Estrutural Composta (Madeira “Engenheirada”);

• Madeira Tratada com preservativos.

TECNOLOGIA E CONSTRUÇÃO

Tecnologia da madeira é a ciência que se ocupa em estudar as propriedades da


madeira com a finalidade de prever o seu comportamento frente às mais diversas
solicitações e indicá-la de forma adequada a um uso ou conjunto de usos. Algumas
destas propriedades são:

Física: umidade, retratibilidade e densidade básica.

Mecânicas: compressão, tração, flexão e cisalhamento.

Química: teor de celulose, hemiceluloses, lignina, extrativos e cinzas.

Elétrica: condutividade, constante dielétrica.


MADEIRA ENGENHEIRADA

A madeira engenheirada é aquela que é processada industrialmente para otimizar o


seu desempenho para uso na Construção Civil. Ou seja, a madeira é “engenheirada”
(passa por engenharia e processos) sendo transformada de matéria-prima com
imperfeições naturais, para um material fabricado de excelente propriedade
construtiva.
A madeira pode passar por uma variedade de processos industriais, resultando em
diferentes tipos de madeira engenheirada. Os mais conhecidos para a Construção Civil
é a CLT (sigla para madeira laminada cruzada, Cross Laminated Timber em inglês) e
a MLC (sigla para madeira lamelada colada, Glue Laminated Timber ou Glulam em
inglês).

Segundo o professor Carlito Calil Junior, da Escola de Engenharia da USP de São Carlos:
“O CLT é um painel estrutural composto de no mínimo três camadas de “tábuas” de
madeira empilhadas de forma perpendicular à camada imediatamente inferior e
coladas, normalmente, nas faces largas. É empregado na fabricação de painéis de
grandes dimensões para a utilização em paredes e lajes.”
Já o MLC ou Glulam é constituída por lâminas de madeira coladas umas às outras e
dispostas com as fibras paralelas ao eixo longitudinal dessa peça, sendo utilizado
principalmente em vigas e colunas.
A diferença entre as duas é que na CLT as fibras da madeira ficam perpendiculares
umas às outras, enquanto na MLC, ficam em paralelo.

Vantagens

Versatilidade
Uma característica que chama atenção dos arquitetos em relação à madeira é a
versatilidade quando comparada com o aço e o concreto. Por apresentar propriedades
que permitem a fácil manipulação do material, alcança-se mais liberdade criativa em
desenhos e formas para os projetos de arquitetura.
Construtibilidade
Outro fato importante a se considerar é que a construção em madeira é seca e possui
1/5 do peso do concreto. Isso facilita no içamento de peças e torna a construção muito
mais ágil e limpa.
Sustentabilidade
O aspecto, no entanto, que distingue a madeira dos demais materiais, é o fato de ela
ser uma matéria-prima renovável e de produção sustentada nas florestas brasileiras
nativas ou plantadas. Além disso, a madeira captura gás carbônico, ao invés de emiti-
lo, como os outros materiais.
É imprescindível que toda extração seja legal, certificada e respeite o ecossistema
local, somente dessa forma podemos dizer que a produção de madeira é sustentável.

WOOD FRAME

Wood frame é um sistema construtivo com montantes e travessas em madeira (o que


indica a tradução do nome) revestidos por chapas igualmente feitas de madeira.
No Brasil, chegou em 2009, havendo um edifício executado em 2016, no Paraná, com
esse sistema.

Características do wood frame

A parte estrutural (montantes e travessas) do wood frame é composta por madeira


maciça, enquanto que as chapas de revestimento são em OSB (Oriented Strand Board).

O OSB é formado por lascas de madeira reflorestada coladas em diferentes direções.


Estruturalmente, esta reorganização do material permite amenizar os efeitos da
anisotropia original da madeira (comportamento mecânico varia segundo direção do
esforço aplicado). O uso dessas lascas também traz apelo ambiental, por permitir
reaproveitar pedaços de madeira que não seriam úteis em outras construções
convencionais.

Casa em Wood Frame


Componentes do sistema

As edificações em wood frame possuem os seguintes componentes:

• Montantes: pilares horizontais de madeira, com altura equivalente ao pé-


direito de um pavimento. Também é possível usar elementos estruturais
metálicos.
• Travessas: peças estruturais horizontais em madeira, oferecendo suporte às
janelas (na forma de verga e contraverga) e gerando apoios que diminuem os
comprimentos de flambagem dos pilares).
• Barroteamentos: oferecem suporte ao(s) pavimento(s) acima do térreo.
• Chapas de revestimento (vedação vertical): chapas de OSB com espessura de
11,1 mm. Para evitar a ação da água, recebem uma membrana hidrófuga (tanto
permitindo a saída interna de vapor, como evitando a penetração de umidade
externa).
• Chapas para barroteamento (assoalho): chapas de OSB com espessura
superior às da vedação, totalizando 18,3 mm. Oferecem efeito positivo de
contenção lateral nas travessas e barrotes, diminuindo efeitos de torção.
• Fita impermeável de borracha: faz a interface entre fundações e peças de
madeira com contato as mesmas.
• Mãos-francesas: contraventam os montantes de extremidades da edificação.
• Placas cimentícias: são afixadas e unidas adequadamente em cômodos onde
há a possibilidade de molhar, como banheiros, áreas de serviço e cozinhas.
Podem ser assentados azulejos (comuns ou porcelanatos) sobre essas placas.
• Instalações elétricas e hidrossanitárias: podem ser as mesmas utilizadas em
outros sistemas construtivos, atravessando apenas as travessas quando
necessário. Em caso de ser necessário atravessar montantes, o procedimento
só deve ser realizado se previsto em projeto estrutural. Aqui podem ser
considerados os tubos PEX, que suportam água quente e fria.

Vantagens do wood frame

O sistema wood frame se destaca pelas seguintes vantagens:

• Frente aos sistemas construtivos convencionais de madeira, há uma


produtividade bem maior na vedação vertical. As chapas de OSB são maiores
do que ripas maciças com encaixe macho-fêmea. O mesmo vale para
as lajes secas com chapas.
• Sistemas com madeira trazem a vantagem de ser um material renovável e de
impacto ambiental menor do que construções envolvendo estruturas e
revestimentos cimentícios. Torna-se necessário, para dar durabilidade
adequada, fazer os tratamentos necessários à proteção da madeira.
• Construção seca e leve, exigindo equipamentos de menor porte para
transporte e armazenamento das peças.
• Com sistemas de isolamento térmico e acústico adequados, confere
desempenho muito satisfatório ao usuário.
• Sistema industrializado e, diferentemente da construção convencional, a
indústria não fica completamente instalada onde é montado o produto.

Desvantagens do wood frame

Em contraponto às vantagens, surgem os seguintes inconvenientes:

• Chapas de OSB possui superfície rugosa, exigindo maior correção no


acabamento caso seja desejado mais liso. Ou, no local, a troca por outro tipo de
revestimento.
• Não se elimina a necessidade de concreto armado na edificação, seja para
compor contrapiso térreo, ou ainda para sapatas, blocos ou laje mista.
• Uso sofre preconceitos semelhantes a sistemas otimizados como gesso
acartonado, por exemplo, em favor de alvenaria em bloco cerâmico.
• Falta entendimento aos potenciais usuários de edificações em madeira das
vantagens que painéis como OSB ou outras madeiras modificadas oferecem.
Esse preconceito é observado também no setor de movelaria, onde os
aglomerados compõem os móveis e, em condições adequadas, atendem os
requisitos de desempenho. Não podem ser molhados em excesso, mas isso não
pode ocorrer nem com outros tipos de materiais ou revestimentos.
• Quem executar precisa estar ciente de que não pode perfurar, exceto se
previsto em projeto estrutural, os montantes. Se isso ocorrer, há um limite de
1/3 da largura.
• O cliente que desejar partes envernizadas com textura original de madeira
pode não querer o revestimento em OSB, onde ela muda.

Normas técnicas relacionadas

Consultado o catálogo normativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas,


observa-se não haver em vigência norma técnica específica sobre edificações em wood
frame. A ABNT NBR 7190:1997 – Projeto de Estruturas de Madeira, pode ser utilizada
para os critérios gerais de dimensionamento estrutural.

O sistema em wood frame é relativamente novo, mas sua presença já foi considerada
pela ABNT. Entre 2016 e 2017, começaram os trabalhos de uma comissão destinada à
elaboração do que será a norma técnica específica para este sistema construtivo.
PAPEL DA MADEIRA NA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

Com a tendência mundial de se utilizar materiais de baixo consumo energético e que


sejam renováveis, a madeira reapareceu no cenário construtivo, pois desempenha os
requisitos necessários. A madeira é um material renovável, pois através do manejo
florestal consegue manter a área plantada e utilizar matéria prima nas diversas
atividades madeireiras. Além de estocar o CO2 que seria lançado na atmosfera e ter a
menor energia embutida durante sua produção. De acordo com dados da WWF3 a
construção civil é responsável por uma grande parcela do carbono lançado na
atmosfera, chegando aos 47% de emissão total de CO2 no mundo e 60% dos resíduos
sólidos das cidades, e os materiais utilizados em sua maioria e que contribuem para o
aumento dessas emissões não são renováveis (WWF, 2016). Os recursos naturais são
abundantes, porém não são infinitos e com o uso demasiado a tendência é que em
algum momento se tornem escassos e até acabem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização da madeira na construção civil tem se mostrado, ao contrário do que se


imagina, uma opção confiável frente às diversas demandas de uma edificação. Em
relação as novas tecnologias e a necessidade de construções mais sustentáveis a
madeira tem sido fundamental e já tem apresentado um crescimento que deve
continuar nos próximos anos. Diversos fatores tornam a madeira um material
interessante e satisfatório para a elaboração de futuras construções. Destacam-se: a
fácil manipulação, redução de mão de obra e a possibilidade de ter controle dos gastos
ainda na fase de projeto. São questões fundamentais e vantajosas para a construção
com madeira e possibilidades de construções pré-fabricadas como wood frame e
madeira laminada colada, que permitem vencer vãos que antes não eram possíveis. A
madeira ainda é utilizada de forma secundaria na construção, porém sua utilização
tem se mostrado eficiente quando utilizada como material principal na obra, e todos
os benefícios agregados estão alinhados com a necessidade sustentável que hoje é
fundamental para nosso planeta. Com base em todos os argumentos apresentados,
sugere-se um maior incentivo das instituições de ensino para que os novos
profissionais tenham entendimento dos benefícios e recursos da madeira, podendo
com isso entender e empregar o melhor material em cada projeto.
REFERÊNCIAS

LIVRO: MADEIRAS, USO SUSTENTÁVEL NA CONSTRUÇÃO CIVIL


https://www.escolaengenharia.com.br/wood-frame/
MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL Biólogo Geraldo José Zenid Divisão de Produtos Florestais
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. -I PT
USO DA MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL Carlos Roberto Cordeiro Júnior Graduando em
Engenharia Civil, UNISUAM, Rio de Janeiro, Brasil

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