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MÉTODO CONSTRUTIVO DA ESTRUTURA WOOD FRAME

Amanda Camargo de Oliveira¹

Mozart Mariano Carneiro Neto²

RESUMO

A utilização de sistemas construtivos que aliam resistência, rapidez e, principalmente,


comprometimento com o meio ambiente, vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil. O
sistema construtivo em Wood Frame é muito interessante, pois é um sistema estruturado em
perfis de madeira reflorestada tratada, que permite a utilização em conjunto com diversos
materiais, além de permitir rapidez na montagem e redução dos gastos já na fase de projeto
por ser industrializado. Este trabalhoapresentou as principais características técnicas e
vantagens do sistema construtivo em Wood Frame, abordando as principais etapas do
processo construtivo.O comportamento estrutural do Wood Frame é superior ao da alvenaria
estrutural em conforto térmico e acústico.Podendo concluir os benefícios deste métodoleve e
limpo para a sociedade.

Palavras-chave:Construção Civil; Casas de Madeira; Estruturas Leves.

1.
Graduanda em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo de Araçatuba – SP.
². Mestre em Engenharia Civil e Ambiental, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FEB-
UNESP, 2019).
1
1. INTRODUÇÃO

A utilização da madeira e seus subprodutos na construção civil vêm cada vez mais
ganhando força no Brasil. Isso se deve à crescente conscientização de profissionais da área
como, por exemplo, engenheiros e arquitetos que descobriram o potencial do material e suas
vantagens em relação à convencional utilização de outros materiais comuns estruturais.
(CALIL JUNIOR; LAHR; DIAS, 2003).
Ainda, neste histórico, observa-se que a visão popular quanto às construções em
madeira no Brasil é geralmente negativa. Está cercada e acompanhada por ideais criados a
partir de más técnicas aplicadas. Isto se deve a fatores como: profissionais da construção que
desconsideram as propriedades da madeira por falta de estudo; ausência de projeto com
detalhes e informações apropriadas e necessárias para elementos em madeira; desinformação
sobre a escolha das classespara determinados usos; erros na execução pela falta de
capacitação da mãodeobra; e baixo desenvolvimento tecnológico dos produtos utilizados
(BITTENCOURT; HELLMEISTER,1995).
Segundo o Manual da Construção Industrializada (2015), ométodo Wood frame está
disponível no mercado brasileiro há menos de duas décadas. O surgimento dessa tecnologia
veio a partir do momento em que uma unidade de fabricação, situada em Curitiba, se
estabeleceu e começou a oferecer um preço competitivo no mercado da construção civil. Ele
foi composto por um grupo de 50 empresas em 5 estados brasileiros, com a finalidade de
divulgação e implantação desse método, onde eles defendem que essa nova técnica traz
benefícios para o meio ambiente.As regiões que mais utilizam essa tecnologia no Brasil são os
estados do Paraná e Espírito Santo por terem uma boa oferta de madeira restaurada, sendo que
a primeira casa construída em madeira foi no estado do Rio Grande do Sul.

1.1 WoodFrame

O surgimento da técnica Wood Frame está diretamente relacionado ao


desenvolvimento da industrialização da construção civil que surgiu no sec. XIX, há mais de
150 anos. As pessoas queriam construir suas casas o mais rápido possível, gastando pouco,
mas mantendo uma construção de alta qualidade e resistente às ações da natureza. Porém,
naquela época na construção civil se usava muito pouco o aço devido à dificuldade de se
encontrar e o preço elevado. Por isso, o Wood Frame era o sistema mais utilizado. É

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necessário ressaltar que eles utilizavam a madeira mais leve e resistente possível, para
diminuir os esforços manuais, sem deixar de lado a qualidade e a segurança da construção
(ALLEN e THALLON, 2011).
Esse sistema leve se desenvolveu no oeste norte-americano, por ser um processo de
construção ágil e por utilizarem da coletividade (FERREIRA, 2014).
O sistema Wood frame tem como principal característica transformar a construção
industrializada, mostrando que é possívelfazer construções sem desperdícios pensando no
meio ambiente, com qualidade e principalmente rapidez. Um método totalmente inovadorjá
que utiliza madeira de reflorestamento em sua composiçãoe não de desmatamento, que tem
como matéria-prima o pinus e o eucalipto, por isso seu uso pode ser considerado sustentável,
entretanto, no Brasil, mesmo com todasessas vantagens, ainda émuito pouco utilizado esse
método de construção (CALIL JUNIOR; MOLINA, 2010).
A utilizaçãodesse tipo deconstrução em países desenvolvidos como EstadosUnidos e
Canadá é muito comum, isso se dá devido à lucratividade, à diminuição evidente do tempo
deexecução, à economia de energia e por esse sistema ser altamente industrializado e
ecologicamente correto e pelo fato da madeira ser economicamente competitiva faz com que
sua aceitação seja mais natural e ampla.No Brasil essa técnicaainda é pouco conhecida, há dez
anos vem tentando ganhar seu espaço nas construções civil (PFEIL, 2003; MENDES, 2004;
SACCO&STAMATO, 2008).

1.2 Breve contexto histórico e a durabilidade do sistema

Segundo Lim (2011), certos edifícios mais antigos construídos em madeira e ainda em
uso chegam a ter mais de 1.300 anos. O templo Horyu-ji, em Kobe, no
Japão que foi construído no século VIII, o HopperstadStaveChurchque foi construído por
volta de 1130 a.C. na Noruega e já no Brasil, é encontrado em regiões de colonização alemã,
especialmente encontradas no estado de Santa Catarina, construídas com o método conhecido
por enxaimel(COINASKI&SIQUEIRA, 2016), como mostra as figuras 1 a 3.

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Figura 1-Templo Horyu-ji em Kobe no Japão Figura 2-HopperstandStaveChurch

Fonte: Madeira estrutural, 2009.Fonte: Robertharding, 2014.

Figura 3-Casa construída pelo método enxaimel

Fonte: Archtrends, 2018.

1.3 Impacto social positivo do wood frame e seus entraves técnicos

Segundo aAssociação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias-ABRAINC, (2018)e a


Fundação João Pinheiro (2014), o nosso país encara um déficit habitacional de 7,75 milhões
de moradias, sendo necessários métodos construtivos mais rápidos, sustentáveis e baratos.
Diferente do Brasil, os países mais desenvolvidos economicamente usufruem do método
Wood Frame amplamente, por todos os benefícios.
No Brasil, esse assunto ainda é recente, e não existe uma norma específica para
aplicação e instalação do Wood Frame, porém a ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) já possui uma norma que pode ser utilizada como base para critérios gerais de
dimensionamento estrutural, a ABNT NBR 7190:1997 – Projeto de Estruturas de Madeira.

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A dificuldade de se visualizar a madeira como algo cativante na construção de
residências nas cidades brasileiras não deixa de ser novo. A indústria de reflorestamento
nacional é uma das mais competitivas no mundo. Além disso, ainda hádisponibilidade e
grande crescimento nas áreas para reflorestamento praticamente do Oiapoque ao Chuí
(TECHNE, 2008; FERREIRA, 2014; CALIL JUNIOR; MOLINA,2010).

1.4 Disposições normativas

Ferreira (2014) destaca que a ABNT NBR 7190:1997 especifica dimensões mínimas
para seremusadas nos componentes estruturais, considerandotoda a segurança de estruturas
isostáticas de treliças. Mas, isso não se aplica às estruturas de Wood Frame. Por haver
elementos que exercem a mesma função, existe uma redundância, em outras palavras, há uma
redistribuição dos esforços pelos elementos se caso um desses elementos venha a falhar, que
acaba permitindo o uso de seções menores e melhorando o consumo da madeira. As lajes de
concreto podem ser uma comparação breve desse comportamento, porque se uma barra desta
armação vier a falhar, os esforços serão redistribuídos para as demais no seu entorno. As
paredes em Wood Frame apresentam essa mesma característica no seu comportamento.
Portanto, o dimensionamento pode ser feito baseado em critérios e normas de outros países,
como por exemplo, a norma americana WFCM 2001 e também pelas normas Europeias DIN
1052 (1998) e EUROCODE 5 Parte 2 (1997) sendo o Eurocode 5 o mais aproximado da
norma brasileira, o que permite uma utilização complementar destas.
O método originou-se da utilização de estruturas com caibros e
barrotes de madeira, geralmenteinterligados\conectados através de espigões, cunhas e
entalhes.Todo o espaço que ficava entre cada elemento de madeira que era encaixado entre si
em posições verticais, horizontais ou até mesmo inclinado, era preenchido por argamassa e
tijolos ou pedras. No Brasil, este método ficou conhecido por enxaimel (VEIGA, 2014).
Tendo como base a consolidação do Wood Frame em países reconhecidamente
deprimeiro mundo e extremamente desenvolvidos, e principalmente devido ao atual cenário
da construção civil brasileira, apresenta-se neste trabalho, os benefícios e
eficiênciadessaalternativa. Por fim, objetiva-se romper paradigmas culturais e derrubar
estereótipos ou pelomenos despertar nas pessoas a curiosidade e o interesse em conhecer e
experimentar esse sistema.

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2. DESENVOLVIMENTO

Hoje, em geral, todos os métodos construtivos possuem uma inclinação sobre a busca
pela industrialização dos métodos sustentáveis, eficazes e com diminuição de custos e tempo.
O métodoWood frame não é diferente, pois, vem para vencer paradoxos, elevar a eficiência,
produtividade e qualidade na construção(MAHAPATRA; GUSTAVSSON; HEMSTRÖM,
2012).
O objetivo deste artigo, além de mostrar uma abordagem geral sobre industrialização
na construção civil, sobre o tema abordado, detalhando tecnicamente os processos executivos
ligados ao sistema apresentado, é comparar qualitativamente o desempenho do sistema
construtivo Wood Frame, com o convencional, e avaliar os riscos biológicos aos qual a
madeira será submetida durante sua vida útil, como ataque de fungos e bactérias.

2.1 Método construtivoWood Frame

O sistema Wood frame, é um método muito parecido com o sistema steel frame, pois
possuem as mesmas etapasconstrutivas, mas tem como diferencial a utilização de paredes de
madeiras de reflorestamento, com perfisestruturais no levantamento da casa e placas em OSB
(Painel de tiras de madeira Orientadas) para o fechamento das paredes, conforme exposto por
(SILVA 2010;CALIL JUNIOR; MOLINA,2010).
Neste sistema construtivo, as montagens dos painéis podem serrealizadas em um
pavilhão ou em algumespaço que sejaseparado da obra, aonde as placas chegam já
prontaspara a utilização, desta forma, se consegue reduzir maisdametade do tempo de
construção. A energia total que se consome na construção de uma edificação em madeira é
aproximadamente a metade consumida na construção de uma edificação em aço e chega a
dois terços em relação ao consumo de uma edificação em concreto, além de ser uma obra
limpa, com baixa geração de entulho e resíduos edesperdício quase zero, ainda deixa o
canteiro de obras bem mais organizado, diminuindo a emissão de CO2paraatmosfera, afetando
diretamente na redução do impacto ambiental, proporcionando assim uma diminuição de
tempoe custos (ALLEN e THALLON, 2011).
Sua manutenção é bem simples e de maneira bem facilitada, pois permite a remoção
da chapa das paredes sem grandes dificuldades, além de possuir uma altaresistência e
durabilidade. É importante a cada cinco anos fazer uma avaliação da necessidade de se

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executar alguma intervenção. Cuidados especiais devem ser tomados quanto à manutenção
das instalações de água e esgoto, pois vazamentos constantes podem deteriorar a madeira
(TECHNE, 2008).

2.1.1 Fundação

A fundação é escolhida em função do estudo de cargas do projeto e tipologia do solo


existente. Em alguns países de friomais intenso, a fundação das casas é composta pelo
chamado “basementwall”, que se trata de estruturas subterrâneas, que formam
compartimentos abaixodo nível do solo (com pelo menos 60 cm), servindo para aumentar a
temperatura do ambiente, pois neste nível ocongelamento não afeta o conforto térmico dos
cômodos subterrâneos (CALIL JUNIOR; MOLINA,2010).
No Brasil, a solução mais comum para este sistema construtivo é o mesmo que para o
Steel Frame, o "radier". A sapata corrida também é empregável devido à estrutura nesse
sistema ser bastante leve, com carga distribuída ao longo das paredes.Não há muita exigência
quanto àtécnicade fundação, sendo a mais utilizadaa construção de um radier,como mostra a
figura 4. (TECHNE, 2008).
Figura 4 -Esquema de radier

Fonte: PortalVirtuhab, 2020.

2.1.2 Pisos

No pavimento inferior (térreo) são utilizadas as técnicas comuns e tradicionais da


alvenaria, para ospavimentos superiores, a estrutura do piso é de barrote de madeira com deck
de OSB –OrientedStrandBroad(SACCO&STAMATO, 2008).

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Os pisos podem variarconforme a preferência, sendo mais comuns os pisos laminados
de madeira e outro material flutuante, sendoaplicada antes desse material uma manta acústica
para diminuir as ondas causadas por impacto (SACCO&STAMATO, 2008).
Além disso, são aplicadas placas cimentícias de 12 mm coladas sobre o contrapiso de
OSB em áreas molhadas, podendo ser coladas com cola PVA - acetato de polivinila tipo D3 e
sendo parafusadas acada 20 cm. As placas cimentíciassão impermeabilizadas com um tipo de
membrana acrílicaimpermeável (resina acrílica com teor de sólidos em torno de 50% mais
cimento) onde suaaplicaçãoé feita por três demãos de pintura (espessura final de 1 mm).Nas
juntas entre as placas cimentícias e nos cantos com as paredes e ralos, é aplicado fibra de
vidro com estruturante. Nas áreas que são frequentementeexpostas à água (boxe de chuveiro,
por exemplo) é recomendadofazer também uma impermeabilizaçãoda placa de drywall(tipo
RU) ou chapa cimentícia, com um selador acrílico anti-fungo e pinturade resina acrílica pura
(SACCO&STAMATO, 2008).Afigura5 mostra os detalhes dos pisos em casas de Wood
frame.

Figura 5 - Detalhe do deck com chapa de OSB

Fonte: Blog Imagine fazer assim, 2020.


2.1.3 Parede

Formada por painéis de madeiras, executados com montantes verticais de madeira com
seção típica de2x4polegadas,fechados com chapas de OSB.As medidas para os espaçamentos
dos montantes são de 40 cm a 60 cm um do outro, para que fiquem em concordância com as
placas de OSB e de drywall. Os painéissão fechados com duas guias de madeirauma superior
e a outra inferior de mesma seção. Comos painéis já fixados sobre a fundação ou sobre a
plataforma, uma segunda guia de madeira épregada sobre a guia superior para reforçar a
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fixação, sobrepondo os encontros de painel, solidarizando-os(FERREIRA, 2014;
SACCO&STAMATO, 2008), conforme as figuras6 e 7.

Figura6- Travamento entre painéis de parede.

Fonte: Sacco&Stamato, 2008.

Figura 7-Estrutura da Parede.

Fonte: Téchne, 2008.

Nas paredes internas devem ser usadas as placas de gesso acartonado, enquanto que
nas paredes externas será aplicada uma membrana hidrófuga, que tem como propósito auxiliar
na proteçãodas paredes contra a umidade externa e permitir a saída do vapor de água do
interior da casa, evitando assim a acumulação de umidade no local (BALEN; PANSERA e
ZANARDO, 2016)
De acordo com Allen e Thallon (2011), todo componente de uma parede em Wood
Frame contribui em parte com a resistência térmica da edificação. As ligações entre os
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elementos estruturais no painel são efetuadas pela utilização de pregos, do tipo ardox
galvanizado ou anelado, dificultando o arrancamento, especialmente em madeiras macias
como as utilizadas nos painéis em Wood frame(coníferas). Sendo que estes elementos
metálicos de fixação devem necessariamente ser galvanizados, para terem longa vida de
serviço. Conforme ilustra as figuras8e 9sobre a composição dos painéis.

Figura 8 - Composição dos painéis de paredes.

Fonte: Espíndola,2017
Figura 9 – Composição dos painéis.

Fonte: Tecverde, 2016.

Referente aos painéis estruturais é distribuído barrotes de madeira que podem variar as
suas seções de 40 mm x 185 mm a até 60 cm x 250 cm. Se surgir vãos com um comprimento
superior de até 8mpoderão ser utilizadasvigas “I” de madeira. Normalmente sãoutilizados os
espaçamentos entre os barrotes de 40 cm podendo possivelmente ser de 30 cm em alguns
casos (depende da carga do piso). Essadistribuição dos barrotes vai combinar com o

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posicionamento dos montantes do painel de parede que dará sustentação e apoio a esse piso.
Sobre o barrote é feito um deck de OSB ou compensado naval (SACCO&STAMATO, 2008;
COINASKI&SIQUEIRA, 2016).
Deve-se incluir mais um montante além dos acumulados já existentes nas laterais, com
a altura da abertura que acabará servindo de apoio para as vergas. Na parteinferiordeverão ser
colocados mais dois pedaços de montantes com um comprimento de 38 mm a menos que a
altura inferior da abertura,de forma que consiga receber mais uma peça de montante
horizontal. Tanto nos vãos inferiores, quanto nos superioresda abertura, serão colocados
montantes de forma que mantenham o espaçamento padrão com um comprimento de 40 cmou
60 cm e sirvam de apoio para as placas, sejam elas de drywall, ou de OSB
(SACCO&STAMATO, 2008; COINASKI&SIQUEIRA, 2016). A Figura 10 mostra os
detalhes da fixação entre os painéis de parede do sistema em wood frame.

Figura 10 - Fechamento do painel com chapas OSB.

Fonte: APA, 2014.

2.1.4Sistema elétrico e hidráulico

SegundoCalil Junior e Molina (2010) a parte do sistema elétrico e hidráulico pode ser
igual ao realizado em construções mais popularmente conhecida como a alvenaria
convencional. Porém, o que diferencia esse sistema e o torna mais funcional, é que tanto os
fios da rede elétrica quanto os canos do sistema hidráulico podem serembutidos junto aos
montantes, o que irá proporcionar uma maior agilidade e praticidade no reparo dos
mesmosquando houver necessidade, sendo uma característica muito positiva e
assertivaquando comparado ao sistemaconvencional usado no Brasil, seguem exemplos nas
figuras 11 e 12, que mostram conduítes e fiação passada, parede pronta para o fechamento e
11
detalhes das tubulações no teto, onde o fechamento se dará com o forro de gesso,
respectivamente.

Figura 11- Fiação passada.

Fonte: Acervo pessoal Rosane Zanardo, 2016.

Figura 12 - Detalhe das tubulações no teto.

Fonte:Acervo pessoal Rosane Zanardo, 2016.

2.1.5Revestimento

SegundoCalil Junior e Molina (2010), noque se refere ao revestimento, desde que


sejam respeitados os cuidados necessários e exigidos pelo sistema, poderá ser aplicado
qualquer tipo de revestimento, tanto dentro como fora da casa. O revestimento para paredes
externas, por exemplo, podem ser com sidingsde aço, madeira (peças sobrepostas em paralelo
de OSB como uma veneziana fechada) e PVC, desenvolvidos especificamente para este
sistema, mas também é permitida a utilização outros tipos de materiais como as placas
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cimentíciasque dão um acabamento similar ao da alvenaria, pode-se utilizar tijolo aparente e
argamassa armada.
O revestimento tem a função de proteger o sistema contra as intempéries (por
exemplo, contra umidade e ações do Sol), mas, que no geral, o revestimento visa atender
tambémàexigênciadefuncionar como isolante térmico e atender aos requisitos da arquitetura.
Nas áreas molhadas como, por exemplo, cozinha e banheiro são utilizadas placas cimentícias
com selador acrílico anti-fungo e pintura de resina acrílica pura, ou ainda ter o cuidado de
utilizar placas de gesso acartonado revestidas com os respectivos revestimentos cerâmicos.
Além disso, nas paredes devem ser utilizados sistemas que garantam a estanqueidade de todo
o sistema. O fato de a parede ter um vazio interno permite que sejam utilizadas mantas lã de
vidro no interior dos painéis Wood frame para melhorar ainda mais o desempenho térmico e
acústico do sistema.Asfiguras 13 e 14mostram os detalhes dos revestimentos e isolamentos
utilizados nos painéis (CALIL JUNIOR e MOLINA 2010).

Figura 13 - Revestimento e preenchimento dos painéis. (a) Lã de vidro interna; (b) Massa
cimentícia; (c) Revestimento para barreira hidráulica; (d) Isolante térmico.

Fonte: Calil Junior e Molina, 2010.

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Figura 14- Sidings de madeira.

Fonte: GLOBALPLAC, 2016.

2.1.6Contraventamento

O contraventamento da estrutura é feito de forma vertical com a fixação de placas de


OSB nas faces externas da parede e, possivelmente, em alguma parede interna, assim as
paredes em wood frame também tem a funcionalidade de trabalhar como um sistema de
contraventamento(ação diafragma)(TECHNE, 2008). A Figura 15 mostra os detalhes de
contraventamento dos painéis.

Figura15 - Contraventamento e detalhes da edificação.

Fonte: Construção em madeira, USP[s.d.]).

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Quando se une diagonalmente a barra superior horizontal com a barra horizontal
inferior é feito o contraventamento. Em função estrutural é mais recomendada unir
diagonalmente o canto superior da extremidade da parede à peça horizontal inferior. Essa
peça dever ser encaixada nas bordas externas dos montantes e das peças horizontais e nelas
serem pregadas em cada montante com pelo menos 2 pregos de 2,5 mm de diâmetro por 60
mm de comprimento. As peças de contraventamento devem fazer o mais perto possível de um
ângulo de 45º com as peças estruturais da parede. Para se evitar o colapso por solicitação de
forças horizontais, as paredes externas devem ser contraventadas por conta das forças que são
provocadas por ventos, assim como as paredes internas que suportam a carga do telhado
também precisam, mas nas paredes que são apenas divisórias, o contraventamento é
importante para dar firmeza e durezaà peça.Nãose é necessário o uso do contraventamento
quando o fechamento externo é feito com madeira compensada ou outro tipo de painel
estrutural como as placas de OSB (CONSTRUÇÃO EM MADEIRA, [s.d.]).

2.1.7Telhado

Treliças industrializadas de madeira compõem a estrutura do telhado com conectores


do tipo chapas de dentes estampados. Por conta da variação dos tipos de telha a serem
utilizadas, o espaçamento entre as treliças é variável, entre 60 cm e 120 cm (por ser
industrializada essa estrutura de treliças ela reduz consideravelmente o peso da cobertura,
proporcionando um alívio das cargas nos nós das treliças diminuindo o espaçamento que há
entre elas). Podem ainda ser utilizadas telhas metálicas, de fibrocimento e asfálticas (CALIL
JUNIOR; MOLINA,2010).Conforme mostram as figuras 16 e 17 sobre conectores e telhase a
figura 18 com todos os elementos do sistema.

Figura 16-Cobertura com CDE’s como elemento de união nas ligações.

Fonte:Cadernos de Engenharia de Estruturas, 2007.


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Figura 17 - Estrutura de cobertura com deck de OSB

Fonte: Centerplaster, 2010

Figura 18 - Junção dos elementos do sistema Wood Frame.5

Fonte: Reforma casas de madeira, 2019.

2.2 Vantagens e desvantagens do método

Foram ressaltadas as vantagens do sistemanográficos 1,quesegundo Santos (2012),


além de gerar menor quantidade de resíduos sólidos, é um sistema que utiliza a menor
quantidade de energia em todo período de vida, gerando menor impacto ambiental, menor
alteração climática, e menor poluição do ar. Jáo gráfico 3,mostra os custos comparados aos
outros sistemas construtivos e o gráfico 4 apresentaos meses gastos para a construção de 339

16
residências em relação aos outros tipos de construção e como em todo método construtivo,
ressaltando também suas desvantagens.

Gráfico 1 - Comparativo com relação à energia, alterações climáticas e poluição do ar.

Fonte: Werner e Richter, 2007.

No gráfico2, observa-se a unanimidade da aceitação deste método que existe há mais


de 100 anos na América do Norte.

Gráfico 2 - Percentual de utilização do sistema construtivo por países.

Fonte: Tecverde, 2016.

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Gráfico 3 -Despesas diretas para a construção de uma residência.

Fonte:Ecker e Martins, 2014.

Gráfico 4 - Meses gastos para a construção de 339 residências.

Fonte: Ecker e Martins, 2014.

Segundo Vasques e Pizzo(2014), as desvantagens do sistema são:


 Mão de obra especializada;
 Limite de altura das edificações de no máximo cinco pavimentos;
 Mão de obra especializada em baixa no mercado;
 Baixa oferta de ferramentas específicas;
 Dificuldade do mercado a aceitação da mudança da matéria prima para
madeira.

3. CONCLUSÃO

Como almejado inicialmente, o emprego deste sistema é uma alternativa sustentável e


de muitas vantagens ao meio ambiente e economicamente, além de ser promissor. Não se trata
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apenas de uma construção em madeira, e sim de um método construtivo tecnológico,
sustentável e industrializado. Por mais que não seja, principalmente na realidade cultural
atual, o método mais procurado, pesquisas confirmaram sua qualidade na aplicação por se
proceder de uma matéria-prima renovável.O comportamento estrutural do Wood Frame é
superior ao da alvenaria estrutural em conforto térmico e acústico.Portanto, pode-se concluir a
qualificação deste método para impulsionar a sociedade sobre a conscientização desta solução
leve e limpa.

REFERÊNCIAS

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