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AULA 4
O objetivo desta aula é estudar mais a fundo os tipos de madeira natural, seus acabamentos e
ferragens empregadas, relacionando com o processo produtivo para esse tipo de madeira. Ao longo
CONTEXTUALIZANDO
A madeira natural mostra vantagens se comparada com outros materiais de baixo impacto
ambiental, pois não apresenta substâncias tóxicas ou poluentes em sua composição e é mais durável
se comparada com os painéis de madeira processada e reconstituída. Dessa forma, permite prolongar
a vida útil de um mobiliário pela durabilidade da matéria-prima e por permitir diversas reciclagens e
reutilizações. Também, quando se encerrar o ciclo de vida de um móvel, a madeira natural pode ainda
ser empregada como fonte de energia limpa, pois, mesmo incinerada, não emite produtos químicos
Esta aula é muito importante para designers de interiores e arquitetos, pois trará os fundamentos
básicos e gerais sobre o uso da madeira maciça certificada e técnicas de projetos, que poderão se
transformar em uma vantagem competitiva e agregar valor em um projeto de móveis para interiores.
TEMA 1 – CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS, ESTÉTICAS E FUNCIONAIS
DA MADEIRA MACIÇA
A madeira natural é um elemento com características únicas e formada por distintas estruturas,
cujo elemento principal é a célula. Os diferentes tipos e formatos de células variam de acordo com
suas funções no interior do vegetal, tais como suporte, condução da seiva, armazenamento de
elementos nutritivos, entre outros. Sendo assim, a madeira apresenta uma microestrutura de grande
complexidade, devido à sua composição química e configuração orgânica, podendo variar em função
do clima, do local de origem, das características e condições do solo e gênero da espécie (Pinheiro,
2014).
Existem alguns problemas comuns relacionados ao uso da madeira natural, como o inchamento e
a retração higroscópica, que são consequências da alteração de umidade, e também a anisotropia, que
se refere ao comportamento diferente nas variadas direções estruturais, seja tangencial, longitudinal
ou radial. A amplitude das alterações dimensionais de uma peça de madeira depende de vários
fatores, tais como: de que parte da árvore foi retirada a peça, teor de umidade, temperatura,
densidade da madeira, entre outros (França, 2019; Oliveira; Silva, 2003).
Devido às variações dimensionais da madeira, seu emprego para diversas finalidades exige
técnicas próprias de utilização e tratamento, pois até dentro da mesma árvore existem diferentes
borracha. Para obtermos madeiras com maior resistência à compressão e à flexão, mais estáveis e
A madeira se destaca como matéria-prima na indústria moveleira e, além das questões técnicas
relacionadas ao seu uso, ela transmite sensação de conforto e é agradável ao tato, o que não se
consegue plenamente nas imitações de suas cores e desenhos, por exemplo, em laminados
A madeira natural, por sua vez, pode ser subdividida em madeira de reflorestamento, quando é
florestas naturais (Figura 1). O primeiro tipo de madeira empregada nos móveis foi a madeira de lei, e
suas principais características são alta resistência, variedade de coloração, facilidade na usinagem e
durabilidade. Ex.: imbuia, cerejeira, mogno, freijó.
Embora seja uma constante no Brasil a exploração madeireira predatória, ou seja, sem
2019).
madeira de reflorestamento se tornou a mais empregada pelas indústrias, pois atende de forma
sustentável à alta demanda de móveis e outros produtos de madeira. O eucalipto e pinus são as
Dentre inúmeras espécies, o Eucalyptus grandis apresenta fácil trabalhabilidade, boa aparência e
espécie com boa aceitação no mercado é o Eucalyptus cloeziana, com características similares às do
ipê e do pau-marfim, apresentando boa durabilidade e elevada estabilidade dimensional, sendo
Com relação ao Pinus, a espécie elliottii apresenta textura fina e densidade baixa, permitindo
assim facilidade no trabalho para aplainar, lixar, furar, tornear, colar e fazer acabamento. Seus
principais usos se dão na construção civil e indústria de mobiliário, seja para móveis retos, seja para
torneados (Pinheiro, 2014).
No início dos anos de 1980, as indústrias de móveis lançaram o Pinus no mercado de forma
inadequada, associando a sua imagem a uma madeira de baixa durabilidade e qualidade. Mas, de lá
para cá, o setor madeireiro evoluiu consideravelmente com grandes investimentos, seja em
Brasil possui uma enorme vantagem competitiva sobre outras nações produtoras, pois, devido a suas
variações climáticas, possui um dos maiores reflorestamentos de coníferas do mundo. O Pinus taeda e
o elliottii são exemplos das espécies mais produzidas no país (Leite, 2013).
tábuas, sarrafos, pontaletes, quadrados, entre outros. Para utilização dessas madeiras, são levados em
consideração os formatos que melhor se adequam a cada parte do móvel a ser executado e a
costumam ser retilíneos ou torneados (Figura 2), sendo que os modelos torneados se caracterizam
por mesclar formas retas e orgânicas, e os retilíneos, como o próprio nome diz, são lineares.
A produção de móveis de madeira maciça passa por algumas etapas diferenciadas daquelas
executadas com painéis de madeira processada e reconstituída, mas parte do processo pode ser
semelhante para os dois tipos de móveis, caso o processo de acabamento seja com pintura, conforme
Figura 3.
O beneficiamento da madeira natural não pode ser executado sem considerar o seu
comportamento anisotrópico, pois, em função de sua estrutura celular, as propriedades físicas e
mecânicas da madeira podem variar conforme a direção de crescimento das células, também
conhecido pelo termo grã, que pode ser direita ou regular quando as células estão paralelas ao
crescimento vertical. Porém, quando a grã apresenta inclinações ou desvios em relação ao eixo do
tronco, é chamada de irregular – neste caso, pode ser grã entrecruzada ou ainda grã oblíqua,
o beneficiamento são: secar, cortar, usinar, lixar, fazer acabamento e montar. Para o emprego de
madeira maciça, deve-se considerar que esta precisa passar por uma etapa de secagem, geralmente
Cada espécie de madeira maciça possui um processo próprio de secagem, respeitando suas
características específicas. Esse processo inicia-se ao ar livre e, na sequência, passa por estufas, as
quais podem ser de ar quente, elétrica, solar ou a vapor. Dessa forma, a madeira precisa atingir um
A secagem da madeira maciça, também chamada de madeira serrada, é considerada a etapa que
mais incorpora valor ao produto, pois aumenta a estabilidade dimensional da madeira e facilita o
acabamento de superfície, seja por meio do lixamento, seja pela aplicação de tintas e vernizes. Porém,
pode desvalorizar a madeira se o processo de secagem for mal executado, como no caso do Pinus,
que pode apresentar uma deformação conhecida como mancha química ou marrom (Nennewitz et al.,
As peças de madeira maciça normalmente são adquiridas secas pelas fábricas de móveis, em
bitolas que variam de um fornecedor para outro. Sendo assim, o primeiro passo no processo
produtivo moveleiro é passar as peças de madeira por uma serra para ajustar o dimensionamento,
que podem ser otimizadoras de corte, serras de fita ou circulares. Em seguida, passa por uma
encaixes. Na sequência, inicia-se a fase de pré-acabamento com emprego da lixadeira (Santos, 2015).
Para colunas torneadas como pés de cadeiras e mesas, são empregados gabaritos, e as peças são
usinadas em tornos copiadores. Centros de usinagem computadorizados (CNC) também podem ser
empregados, substituindo várias máquinas, como serras, tupias e furadeiras.
As principais imperfeições nas etapas de corte, fresamento e furação da madeira maciça e que
podem afetar consideravelmente no acabamento final de um móvel estão relacionados aos seguintes
pontos: teor de umidade, condições das ferramentas e máquinas de corte, treinamento da mão de
Muitos produtos de madeira maciça são comercializados e entregues aos clientes montados (por
exemplo, alguns tipos de cadeiras). Nesse caso, após a montagem, o móvel pode passar por mais uma
etapa final de lixamento antes de receber seladores, vernizes, tintas, lacas ou outros materiais.
estrutura e assento de cadeiras e estrutura de sofás. Também é muito utilizada em pés e tampos de
A norma NBR 14807 – Peças de madeira serrada – especifica doze classes de peças de madeira
serrada, apresentando nomes e suas respectivas dimensões. Na sequência, segue a Tabela 1 contendo
nome, espessura e largura das peças. O comprimento varia em função da empresa fornecedora, mas
Viga 40 a 80 81 a 160
Ripa 10 a 20 20 a 50
Caibro 40 a 80 50 a 80
Ripão 15 a 20 51 a 70
Sarrafo 21 a 39 20 a 99
Pontalete 70 a 80 70 a 80
Quadradinho 25 25
Dimensões em milímetros
Peças como os quadrados, que devem ter 100x100mm ou mais, podem ser empregadas na
execução de colunas de mesa, por exemplo, e tábuas com espessuras entre 10 a 37mm e largura de
100mm ou mais podem ser empregadas para execução de peças de gavetas ou até tampos
(Conheça..., 2020).
Assim como todos os substratos, a madeira também necessita de preparos especiais antes de se
transformar em um mobiliário. As superfícies devem estar totalmente secas, sem manchas de óleo ou
gordura para, na sequência, ser efetuado rigoroso lixamento. Antes da pintura, qualquer pó resultante
da lixa deve ser removido por completo da superfície, por meio de pano levemente umedecido ou
seco. Sendo assim, é essencial uma cuidadosa e correta preparação da madeira para se alcançar um
bom acabamento.
As lixas empregadas precisam ter granulação apropriada para cada fase do lixamento. Os
poliéster, nitrocelulose e PVC. Para aplicar qualquer um desses materiais, a madeira precisa ter suas
faces de aplicação limpas e livres de riscos ou qualquer defeito, de forma a estar plana e uniforme
(Pizzatto, 2000).
O objetivo do lixamento é reduzir os estragos causados durante o corte da madeira nos mais
variados formatos e, com isso, criar uma condição ideal para receber o acabamento. Esse
procedimento costuma ser dividido em duas etapas de trabalho, onde, na primeira fase, será reduzida
a aspereza mais rudimentar da madeira, com lixas de granulação inferior a 60. A segunda fase, por sua
vez, proporciona um acabamento mais fino na superfície, com lixas de granulação superior a 220,
ideal para aplicação dos materiais de acabamento (Bernardi, 2003; Leite, 2013).
É importante também que o processo de lixamento da madeira seja executado um pouco antes
de aplicar o acabamento, pois, conforme mencionado anteriormente, a madeira é higroscópica e,
dessa maneira, pode absorver a umidade do ar e acabar inchando antes mesmo de receber o
processo de pintura, podendo, assim, resultar em uma superfície irregular e rugosa. Não importa o
rigor com que foi executada a secagem da madeira: se a umidade do ambiente se alterar antes da
pintura ser executada, a peça absorverá umidade e poderá ter seu acabamento prejudicado.
econômicas nas superfícies menos visíveis. O movimento de inchaço e encolhimento das peças variam
em relação ao sentido da grã da madeira e também de uma espécie para outra de árvore. Sendo
assim, o teor de umidade adequado deve ser conservado durante todo o processo, sendo do corte
até a pintura.
móveis. Normalmente, empresas de pequeno porte empregam pistolas com caneca por sucção ou
com tanques de pressão. Indústrias maiores costumam executar pinturas com equipamentos tipo
airless ou também com tanques de pressão com pistola. Empresas de grande porte, que fabricam
móveis seriados com acabamento em pintura, geralmente empregam túneis ou máquinas de pinturas
por cortinas ou rolo. Para a aplicação da tinta, são recomendados ambientes isolados, como salas
pressurizadas ou cabines específicas, pois qualquer poeira ou sujeira que esteja flutuando no ar pode
cair no móvel durante o processo de pintura e prejudicar o acabamento final do produto (Bernardi,
2003).
nobres ou para esconder possíveis defeitos. Por isso, muitos consumidores não conseguem
identificar o tipo de madeira que o móvel foi fabricado.
Saiba mais
enrolado ou não em um tecido de algodão, formando assim uma bola, que é utilizada para
molhar em algum produto líquido, o qual, por sua vez, será passado em alguma superfície de
Aplicar fundo selador com emprego de pistola, pincel, rolo ou cortina. É importante uma demão
de primer ou selador para madeira antes da pintura, pois assim evita que a madeira absorva
muita tinta;
água pela madeira e melhorar o acabamento das superfícies, deixa aparente os desenhos e a cor
da madeira. Pode ser fosco, semibrilho ou brilhante e já ser pigmentado com tingidor;
Para acabamentos com laca, executar conforme indicação de uso dos fabricantes.
A maior parte dos acabamentos de pintura para móveis disponibilizados no mercado são
indicados apenas para utilização interna e não para áreas externas, como sacadas e jardins. Para essa
finalidade, existem produtos especiais (Bernardi, 2003). Também, existe um processo de tratamento
para madeira denominado autoclave, o qual introduz sob alta pressão produtos químicos no interior
da madeira e, dessa forma, aumenta a resistência desta contra fungos, bactérias e outros agentes
nocivos.
Móveis que são executados com painéis de madeira processada e reconstituída podem adquirir
uma aparência de madeira maciça por meio da aplicação de lâminas de madeira natural em suas
faces, as quais são executadas por meio de um fino corte do boco da madeira maciça, com espessura
a partir de 0,8 mm (Figura 5). Essa é uma maneira de se conseguir um efeito refinado ao móvel, de
forma leve, mais versátil e com menos matéria-prima. Pode ser natural, ou seja, extraída do tronco da
árvore sem apresentar tingimento ou tingida, com alteração da cor. Como tratamento, as lâminas
Outra possibilidade de acabamento para as faces de móveis executados com painéis de madeira
processada e reconstituída são as lâminas de madeiras pré-compostas (Figura 6). Essas lâminas
são produzidas por meio do faqueamento perpendicular de blocos, com centenas de lâminas de
madeira natural coladas. O processo também pode incluir tingimento. Por se tratar de lâminas
adquiridas por meio de um processo industrial, suas cores e texturas apresentam uma grande
pré-compostas normalmente recebem nomes de madeiras de lei, por exemplo: Freijó Linheiro, Marfim
Outro tipo de lâmina natural são as rádicas, que são lâminas normalmente extraídas das raízes de
árvores. Possuem desenhos refinados, únicos e são variedades excêntricas que existem em algumas
árvores. Exigem bom entendimento estético e experiência para utilizar seus delicados desenhos nas
Por meio de lâminas de madeira natural, pré-compostas e rádicas, é possível fazer acabamentos
ainda mais nobres nas superfícies dos móveis, por meio de um trabalho chamado marchetaria. Trata-
se de uma arte ou técnica de encaixar diversas lâminas de madeira de diversos padrões, uma ao lado
Créditos: Timltv/Shutterstock.
Saiba mais
Para saber mais sobre marchetaria, você pode assistir ao vídeo acessando o link a seguir:
não tivéssemos o conhecimento para fixar duas peças de madeira de maneira sólida, os móveis
podem ser montados mais facilmente. Para esse tipo de mobiliário, uma das nomenclaturas
empregadas atualmente é Ready to Assemble (RTA) ou, traduzindo para o português, pronto para
Nesse sentido, mobiliário RTA significa que foi projetado buscando agilidade na montagem, ou
seja, sem o uso de pregos, parafusos ou dispositivos de montagem e, em alguns casos, facilidade na
desmontagem também. Dessa maneira, um móvel RTA pode ser mais econômico e sustentável, pois
Devido a todos esses atributos, o mobiliário RTA vem ganhando espaço nos ambientes de todo o
design diferenciado, agregando valor simbólico e estético aos espaços (Arango; Londoño; Turriago,
2006).
Entretanto, é importante reforçarmos que, para a execução de móveis com junção por encaixe, é
interessante empregarmos madeiras da mesma espécie, pois, caso contrário, as partes poderão inchar
ou retrair de maneira diferente e a fixação não ficar adequada (Morikawa, 2009). Para executar
encaixes com madeiras diferentes, é aconselhável escolher espécies que combinem as suas variáveis
de árvores mais velhas e da mesma região, pois assim terão uma trabalhabilidade similar e reduzida
(Zamoner, 2021).
Assim, existem inúmeros tipos de encaixes de madeira que podem ser empregados na fabricação
de móveis RTA. Dessa forma, o designer de interiores ou arquiteto que dominar ou tiver um bom
conhecimento sobre esse assunto poderá se destacar no mercado criando soluções diferenciadas
Cada tipo de encaixe possui um nome específico e, muitas vezes, essa nomenclatura diverge de
uma literatura para outra, por isso, na sequência, iremos apresentar os encaixes e os respectivos
encaixes de madeira podem ocorrer também, basta usarmos nossa criatividade para criarmos
Para a fabricação de tábuas e colunas de madeira natural com grandes extensões, as indústrias
utilizam um recurso chamado de Finger Joint, o qual é executado por meio de fresas e tupias de mesa
com posterior colagem por meio de prensas de alta frequência. Finger Joint, conforme a Figura 10, é a
justa união de peças de madeira que se encaixam perfeitamente como num quebra-cabeças, em que
o entrelaçamento se assemelha ao dos dedos de duas mãos, por isso o nome Finger Joint, que,
A justaposição das faces de cada perfil aumenta a superfície de contato para colagem, criando
assim uma ligação extremamente forte. O processo produtivo para execução de uma Finger Joint
exige enorme precisão para que o encaixe fique perfeito, por isso raramente é executado em
4.2 ESPIGA
Uma união de encaixe tipo espiga, em termos simples, compreende uma peça de madeira que
contém uma tira que se encaixa perfeitamente no vão de outra peça de madeira. A tira da peça
chama-se espiga, e a segunda peça onde será introduzida se chama caixa. Para manter uma boa
resistência na união das partes, a largura da espiga não deve ser maior que um terço da largura total
da peça de madeira (Figura 11). Para aumentar a resistência, o encaixe pode ser colado, aparafusado
ou ter um pino de madeira ou cavilha transpassando (Figura 12). Podem ser espigas simples, com
Figura 11 – Desenho esquemático mostrando uma união em espiga simples, sendo duas peças
desencaixadas e encaixadas
Fonte: Software Sketchup.
Figura 12 – Desenho esquemático mostrando uma união em espiga simples com furo e cavilha, sendo
três peças desencaixadas e encaixadas
desencaixadas e encaixadas
Figura 14 – Desenho esquemático mostrando uma união em espiga vazada com dente, sendo três
Para se fazer uma junção em meia-madeira, são executados rebaixos em cada uma das peças
com a metade da espessura, de forma que, unidas as duas partes, apresentem a espessura original
(Figura 15).
Figura 15 – Desenho esquemático mostrando uma união em meia-madeira, sendo duas peças
desencaixadas e encaixadas
4.4 MALHETE
Consiste em recortes nas bordas das peças de madeira,de forma que, unidas, se encaixem
Figura 17 – Foto mostrando uma união por malhete, sendo duas peças encaixadas
Créditos: Rawf8/Shutterstock.
Outro tipo de malhete muito utilizado por sua resistência e beleza é o rabo de andorinha (Figuras
18 e 19), o qual, inclusive, é difícil de ser executado devido aos seus cortes inclinados em forma
trapezoidal. Esse tipo de encaixe é muito empregado na ligação de frentes e traseiras de gavetas com
suas laterais. Depois de colado, o encaixe dispensa qualquer tipo de auxiliares mecânicos. Trata-se de
Figura 18 – Desenho esquemático mostrando malhete rabo de andorinha, sendo duas peças
desencaixadas
Fonte: Acervo de Cristiana Miranda.
Figura 19 – Foto mostrando gavetas montadas com união por meio de malhete rabo de andorinha
Trata-se de uma faixa de madeira mais fina que se estende por toda a extensão de uma peça e se
encaixa perfeitamente no rasgo de outra peça (Figura 20), um exemplo disso são os assoalhos e forros
de madeira, porém pode ser empregado também em móveis, como em tampos. É uma maneira
prática de se conseguir grandes áreas de madeira.
Figura 20 – Desenho esquemático mostrando uma união em macho e fêmea, sendo quatro peças
4.6 MEIA-ESQUADRIA
Muito utilizado para fazer quadros de madeira, trata-se de um tipo de encaixe muito empregado
e simples, em que as peças são cortadas a 45º. Uma forma de se executar um encaixe em meia-
esquadria de forma sólida é empregar, na união entre as duas peças, uma talisca de madeira que irá
Figura 21 – Desenho esquemático mostrando quadro com união em meia-esquadria, sendo três peças
desencaixadas e encaixadas
Para saber mais sobre os encaixes, você poderá assistir aos vídeos explicativos acessando os
links a seguir:
3. MESA para trabalhar madeira/saco dobrável/mesa de caixa de madeira. Celal Ünal, 17 jul.
2021.
Para situações em que o móvel de madeira natural não será montado por meio de encaixes e
junções, conforme mencionado no tema 4, as ferragens são outra opção para estruturar e assegurar o
bom funcionamento dos móveis. Também nos móveis para madeira maciça, podemos usar as
ferragens com o intuito de criar efeitos estéticos e impressionar visualmente os usuários. Um exemplo
disso são as dobradiças (Lima, 2019). Na sequência, iremos apresentar as ferragens e acessórios mais
5.1 PARAFUSOS
Segundo o Dicionário Online (2021), parafuso é uma “peça cônica ou cilíndrica, estriada em
hélice, que se embute, fazendo-a girar sobre seu eixo longitudinal, seja em outra peça (chamada
porca), atarraxada em sentido contrário, seja num meio resistente, por efeito combinado de rotação e
pressão”. Dessa maneira, o parafuso pode ser empregado para fixação de peças de madeira.
Existem vários modelos de parafusos e, como vantagem, apresentam baixo custo e facilidade na
aplicação, porém não oferecem bom acabamento e nem todos os modelos permitem desmontagem
e posterior montagem do móvel. A seguir, apresentamos alguns modelos de parafusos que podem
Apresenta uma rosca cortante e mais fina que auxilia na aplicação do parafuso. Mesmo assim,
dependendo da dureza da madeira, necessita de um pré-furo para colaborar no início da rosca. Não é
indicado para situações em que o móvel será desmontado e montado mais de uma vez.
Existem inúmeros tipos de parafusos específicos para madeira. O aspecto principal e comum para
todos esses parafusos é a rosca mais larga, desenvolvida para se fixar na madeira com maior firmeza.
Geralmente o próprio parafuso já fura e faz a rosca. Não são indicados para situações em que o móvel
será desmontado e montado mais de uma vez. Os tipos mais conhecidos são parafuso corrediça,
parafuso madeira (Figura 22), parafuso chipboard, parafuso cama, parafuso rosca soberba (CRV, 2018).
Possui uma cabeça com 6 faces, o que justifica o seu nome. Para essa categoria de parafuso,
existem diferentes fixadores, em que se altera o tipo de rosca, que pode ser parcial ou inteira, fina ou
grossa, tipo métrica (Figura 23) ou autoatarraxante.
os móveis de madeira natural também podem ser estruturados com o auxílio de parafusos com
buchas (figura 24) e dispositivos de montagem. Nesse caso, o mobiliário poderá ser montado e
Porca garra é outro tipo de ferragem muito empregado em madeira natural e, como o próprio
nome diz, parece uma porca com garras, as quais fixam a ferragem na madeira e não deixam que esta
gire no momento do aperto do parafuso. Seu emprego é similar ao do parafuso com bucha.
5.3 DOBRADIÇAS
Sua principal função é fazer o giro de portas. São vários modelos existentes no mercado, e a
fixação geralmente se dá por meio parafusos. O material mais comumente encontrado é em metal
(Figura 25).
Para móveis de madeira maciça, existem alguns modelos que ficam bem aparentes e são
empregados em móveis rústicos ou em estilo medieval (Figura 26) – nesse caso, a ferragem contribui
para definir o estilo do mobiliário.
Outro modelo muito conhecido e tradicional é a dobradiça piano, que tem esse nome devido ao
seu usual emprego nesse instrumento musical, porém pode ser utilizada em outros mobiliários
também. Caracteriza-se por ser vendida em grandes extensões, podendo ainda ser cortada no
tamanho desejado, de forma a preencher todo o comprimento da peça a ser articulada. Como
vantagem, a dobradiça piano é mais forte devido à sua grande extensão, sendo fácil de alinhar por se
tratar de uma ferragem inteiriça. Para algumas situações, ela pode oferecer um acabamento bem
5.4 CORREDIÇAS
pode ser utilizado em situações em que se perceba que uma corrediça metálica pode descaracterizar
esteticamente um móvel de madeira natural ou por facilidade produtiva. A função básica da corrediça
é auxiliar no deslocamento horizontal e fornecer um deslizamento suave.
Figura 28 – Foto mostrando gaveta com rebaixo lateral para encaixe de guia para deslizamento
Créditos: Tairat/Shutterstock.
Saiba mais
TROCANDO IDEIAS
Nesta aula, falamos sobre madeira natural (de reflorestamento e de lei), complementando um
estudo anterior, em que apresentamos vários tipos de madeira processada e reconstituída. Vamos,
agora, trocar ideias com os colegas (via fórum on-line) sobre as diferenças de cada uma dessas
madeiras, as vantagens e desvantagens de cada tipo e qual é o melhor emprego para cada uma delas.
Exponha também qual foi o tipo de madeira que mais lhe agradou e lhe despertou vontade de
NA PRÁTICA
Pratique o que aprendeu aqui pesquisando em sites, imagens sobre porca-garra, bucha para
madeira e dispositivos de montagem. Na sequência, procure vídeos no Youtube sobre as mesmas
ferragens e observe as diferenças entre cada uma delas, analisando como podem ser empregadas.
Pesquise mais sobre os parafusos apresentados aqui, em sites e/ou lojas e identifique as diferenças
entre os diversos tipos que podem ser empregados em madeira. Arquive os textos e imagens
pesquisados.
FINALIZANDO
Nesta aula, estudamos os tipos de madeira natural, seus acabamentos e relacionamos com o
processo produtivo de mobiliário, por meio de diferentes tipos de encaixes que podem ser
empregados para construção de móveis, além das ferragens. Sendo assim, abordamos uma gama
enorme de assuntos, que poderão contribuir muito com o futuro profissional que irá trabalhar com
REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14807 – Peças de madeira serrada –
BERNARDI, R. Etapas da confecção definem qualidade. Revista da Madeira, n. 71, maio, 2003.
BOOTH, S.; PLUNKETT, D. Mobiliário para o design de interiores. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
2014.
CRV – INDUSTRIAL PARAFUSOS. Tipos de parafusos e suas aplicações. CRV, 23 out. 2018.
Disponível em: < https://bit.ly/3oCGJY1>. Acesso em: 8 dez. 2021.
na Amazônia brasileira. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade de São Paulo, Escola Superior
Paulo, 2008
CONHEÇA os tipos de peças de madeira. Revista da Madeira, 11 dez. 2020. Disponível em:
Madeira maciça: encaixes, uniões e aplicações no design. Unesp, 2020. Disponível em:
<https://docplayer.com.br/190617934-Aula-9-b-madeira-macica-encaixes-unioes-e-aplicacoes-no-
Anais...Curitiba: 2021.