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MATERIAIS E

TENDÊNCIAS

Agatha Muller
de Carvalho
Madeiras e laminados
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar as características das madeiras e dos laminados.


„„ Justificar a utilização desses materiais nos projetos.
„„ Reconhecer estilos e tendências.

Introdução
Neste capitulo, você vai aprender sobre madeiras e laminados, revesti-
mentos que têm em sua composição a madeira, um material natural e
que está presente em várias etapas e processos da construção civil, da
arquitetura e do design de interiores. Você vai conhecer as características
desses revestimentos e aprender como identificar tais características. Além
disso, vai ver como utilizar madeira e laminados nos projetos arquitetônicos
e de design de interiores e conhecer os estilos e tendências das madeiras
e laminados na arquitetura e no mercado dos revestimentos.

Madeiras
As madeiras são produtos oriundos das árvores, seres vivos vegetais que têm
características genéticas e sofrem influências ambientais (GALINA et al., 2013).
Sua relação com a humanidade vem dos princípios da nossa civilização. Por
sua abundância e disponibilidade, utilizamos madeira, inicialmente, para fazer
fogo e também na confecção de instrumentos. Quando saímos das cavernas,
utilizamos madeira também nas estruturas de nossas moradias. Com o passar
do tempo, aperfeiçoamos nossas ferramentas e técnicas de manipulação da
madeira e, atualmente, ela pode estar presente tanto nas estruturas, como nos
acabamentos de uma construção.
2 Madeiras e laminados

A madeira é um material natural, ou seja, sua transformação ocorre por


beneficiamentos artesanais ou semi-industriais, não sendo envolvidos processos
de industrialização. Seu aspecto natural faz com que exista uma variação muito
grande não só entre espécies, mas também dentro da mesma espécie no que
diz respeito às composições química e estrutural e às propriedades físicas e
mecânicas das madeiras.
O Brasil é um grande produtor e exportador de madeira, e grande parte
da matéria-prima usada no mercado dos revestimentos vem da Floresta Ama-
zônica. Apesar das extrações ilegais de madeira que ocorrem nas florestas
e matas, os fabricantes de revestimentos de madeira estão comprometidos a
adquirir matéria-prima oriunda de áreas com manejo florestal (ANDRADE,
2015), ou seja, materiais com selos de procedência.
Por ser um revestimento natural, a madeira pode ser considerada uma fonte
ecológica de matéria-prima. Ela é um produto biodegradável e reciclável e
de fonte natural. Além disso, conforme é demonstrado no quadro abaixo, seu
beneficiamento gera baixo consumo energético.

Quadro 1. Consumo energético da produção industrial de alguns produtos

Produto Consumo energético Kwh/kg

Areia, brita, pedra 0,01

Madeira 0,10

Concreto 0,20

Gesso 1,00

Cimento 1,20

Vidro 6,00

Plástico 10,00

Aço 10,00

Alumínio 56,00

Fonte: Adaptado de Andrade (2015).


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Além das vantagens ecológicas, em termos de desempenho técnico a


madeira também apresenta algumas características elencadas a seguir.

„„ Propriedade isolante: a composição e densidade da madeira faz com


que ela seja um bom isolante térmico e acústico.
„„ Durabilidade: a madeira é considerada um material sólido e duro e,
sendo utilizada em condições adequadas, garante boa vida útil.
„„ Trabalhabilidade: apesar da dureza, a composição física das fibras da
madeira garante boa trabalhabilidade do material, que pode adquirir
variadas formas.
„„ Aplicabilidade e manutenção: a madeira não necessita de preparação
de argamassas e cimentos para o seu assentamento. Sua colocação
envolve colas ou pregos. Com isso, a troca de peças danificadas ocorre
com substituição por novas peças (CHING, 2017).
„„ Qualidade estética: a aparência natural da madeira é admirada e seu
uso remete a sensações de conforto e calor.

O fato de ser um produto natural também acarreta algumas considerações


a respeito da madeira que, sendo desconhecidas, podem causar problemas
na utilização do produto. Essas considerações dizem respeito a questões
físicas, podem afetar a aparência e serem uma desvantagem para o emprego
do material. São elas:

„„ Higroscopicidade: é a capacidade que materiais têm de ganhar e per-


der água. Esta característica é o que garante que a árvore transfira
seus nutrientes das raízes para as folhas, mas acaba gerando variações
dimensionais do material (GALINA et al., 2013). Para diminuir as
possibilidades de variação dimensional da madeira, é necessário que
o material passe por um processo de secagem antes do beneficiamento
do produto. Um desses procedimentos é a autoclavagem, que utiliza
câmaras de vácuo e pressão para a extração da seiva da madeira e
adição de produtos conservantes e de tratamento do produto natural.
„„ Anisotropia: a madeira apresenta variação nas suas características
mecânicas conforme o direcionamento de suas fibras e o tipo de seção
feita no material. Existem três principais tipos de seções realizadas
em uma madeira — radial, transversal e tangencial (Figura 1) — e
cada uma delas gera materiais com características mecânicas distintas
(NAVARRO, 2012).
4 Madeiras e laminados

„„ Suscetibilidade a pragas: as madeiras estão suscetíveis ao ataque de


agentes xilófagos, como cupins, e também à proliferação de fungos e
bactérias que podem apodrecer o material. Por isso, a qualidade do pro-
duto envolve também seu tratamento contra pragas (GONZAGA, 2006).
„„ Exploração não racional: apesar das vantagens ecológicas do uso da
madeira, elas só são levadas em conta se, na prática, a exploração da
madeira ocorrer de forma racional. Por isso, no momento de escolher
o fabricante do piso ou do revestimento de madeira, devemos estar
atentos às certificações e ao comprometimento da empresa com as
questões ambientais. Uma forma de amenizar a questão ambiental da
exploração da madeira é o reflorestamento, em especial as fazendas de
pinus, espécie exótica produzida em grande escala e que pode substituir
o uso de madeiras nativas (GONZAGA, 2006).

Seção transversal

Seção tangencial

Seção radial

Figura 1. Principais tipos de seções em madeiras.


Fonte: Adaptada de Navarro (2012).

Por se tratar de um revestimento natural oriundo de uma árvore, as ma-


deiras possuem certa limitação de dimensões, principalmente no sentido
transversal das peças. Por conta disso, os revestimentos de madeira maciça
se apresentam geralmente em peças e placas que são moduladas para cobrir
grandes superfícies. Com o intuito de aumentar as possibilidades de dimen-
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sões dos revestimentos de madeira e amplificar o seu uso, a indústria passou


a desenvolver novos produtos, que levam em sua composição partículas ou
fibras de madeira. Tratam-se dos laminados.

Laminados
Com o advento tecnológico e a industrialização, as madeiras passaram a ser
utilizadas como matéria-prima para a fabricação de produtos conhecidos
como laminados. Esses produtos consistem em painéis fabricados com fibras,
partículas, pedaços ou lâminas de madeira aglutinados com adesivo sintético
e prensados em alta temperatura. Existem diversos tipos de laminados, que se
diferenciam por sua composição e pressão utilizada na prensagem. Acompanhe,
a seguir, alguns tipos mais relevantes de laminados:

„„ MDF: tipo de laminado mais comum, a palavra MDF vem da sigla em


inglês Medium Density Fiberboard, que significa “painel de fibra de
média densidade” (TESIS, 2014). O MDF é composto por camadas de
fibras sobrepostas e prensadas, que são vistas discretamente na lateral
do painel (Figura 2).
„„ HDF: tipo de laminado correlato ao MDF, o HDF, em inglês Hign
Density Fiberboard, ou “painel de fibra de alta densidade”, também
é produzido por camadas de fibras sobrepostas, porém prensadas em
alta densidade, sendo um produto mais resistente e utilizado em pisos
(VIDAL; HORA, 2014).
„„ MDP: também um laminado de média densidade, o MDP (Medium
Density Particleboard, ou “painel de partículas de média densidade”)
difere do MDF, pois os painéis são feitos com camadas de partículas
de madeira, que podem ser vistas na lateral do painel (TESIS, 2014)
(Figura 3).
„„ OSB: da sigla em inglês Oriented Strand Board, ou “painel de tiras
orientadas”, é um painel laminado formado por tiras ou pedaços de
madeira orientados perpendicularmente em múltiplas camadas (VIDAL;
HORA, 2014). Seu aspecto é mais rústico do que os demais, pois tem
aparência rugosa em todas as suas faces (Figura 4).
„„ Compensados: são painéis formados por lâminas de camadas ímpares de
madeiras sobrepostas perpendicularmente (BARROS FILHO, [201-?]).
As múltiplas lâminas podem ser vistas nas laterais do painel (Figura 5).
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Figura 2. Painéis de MDF.


Fonte: eyal granith/Shutterstock.com.

Figura 3. Painel de MDP.


Fonte: Pavel Hlystov/Shutterstock.com.
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Figura 4. Painéis de OSB.


Fonte: Aleks Maks/Shutterstock.com.

Figura 5. Painéis de compensado.


Fonte: Stock image/Shutterstock.com.
8 Madeiras e laminados

Os laminados são produzidos em painéis retangulares com dimensões


que variam entre 1,2 e 1,8 m de largura e 2,4 e 2,74 m de comprimento. Suas
espessuras variam conforme o tipo e o fabricante. OSBs geralmente variam
de 6 a 30 mm, já compensados, MDFs e MDPs conseguem ter espessuras
mais finas, como 2 e 3 mm.
Além dos aspectos crus, os laminados podem receber acabamentos, como
lâminas de madeira, melaminas ou até mesmo pinturas resinadas como a laca.
Esses acabamentos funcionam como películas, que são adicionadas ao painel
após sua produção.

A melamina (C3H6N6) é uma substância química usada para produzir plásticos. Nos
painéis laminados, ela é utilizada como uma resina, que protege o papel que dá o
acabamento de cor, textura e desenho.

Os laminados têm na sua composição principal a madeira; no entanto, o


processo de industrialização e os aditivos resinados que compõem o produto
fazem com que ele não apresente as mesmas características da sua matéria-
-prima básica. Produtos repelentes a pragas e umidade impregnam mais fa-
cilmente nos laminados, o que não significa que eles estejam inteiramente
imunes a esses problemas (VIDAL; HORA, 2014). Além disso, os laminados,
por serem feitos de partículas ou fibras, conseguem aproveitar ao máximo as
toras de árvores, o que acaba reduzindo custos, além de permitir que alcancem
dimensões maiores. Os processos de industrialização, apesar de aumentarem
o consumo energético do processamento da madeira, garantem maior controle
de qualidade na produção. Por fim, os laminados não sofrem os efeitos da
anisotropia como as madeiras.
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O uso das madeiras e laminados na arquitetura


São múltiplas as indicações de madeiras e laminados como revestimentos em
projetos de interiores. Eles podem ser utilizados como pisos, revestimentos
de paredes e fachadas, mobiliários e até mesmo no teto, como forros. No
entanto, algumas considerações são necessárias para a melhor adequação
desses revestimentos ao projeto.
O principal fator diz respeito à umidade e ao acúmulo de água. Revestimen-
tos amadeirados, seja de madeira maciça ou laminada, não são indicados para
superfícies de áreas molhadas, como box de banheiro e sacadas, sejam em piso,
sejam em parede. Esses revestimentos não resistem ao acúmulo de lâmina de
água. No entanto, laminados são mais resistentes à umidade e podem ser usados
na fabricação dos móveis que compõem os ambientes das áreas molhadas e
molháveis, desde que não tenham contato direto com água e respingos. Nas
áreas molháveis, como cozinhas e lavabos, não é recomendado o uso de pisos
amadeirados, pois existe a possibilidade de ocorrer algum vazamento de água
e danificar o piso. Sendo assim, recomenda-se o uso de madeira e laminados
em áreas que não envolvam o uso de água, como dormitórios e salas.
Cabe ressaltar o uso de madeira em áreas externas, como o caso dos deques
ou pérgolas utilizados em paisagismo. As madeiras utilizadas nessas situações
devem ser aa mais resistentes à água e ainda devem receber acabamentos de
proteção. Além disso, deques não devem ficar em contato direto com o solo
para evitar excesso de umidade, necessitando de uma estrutura que o eleve.
Também é recomendado que as tábuas do deque tenham um afastamento mí-
nimo entre elas, para garantir que a água não acumule e também dar margem
para a dilatação da madeira. Mesmo sendo possível a utilização da madeira em
áreas externas, o material sofre desgaste e a manutenção deve ser periódica,
acarretando custos extras.
Como revestimento de pisos internos, a madeira pode ser produzida na
forma de assoalho, tacos ou parquets. Os tacos e parquets são tipos de pisos
mais antigos e amplamente utilizados nas residências do século XX. Tacos
são caracterizados por peças retangulares com largura e comprimento de 7
por 14 cm ou 10 por 40 cm, com espessura suficiente para permitir que seja
lixado duas ou três vezes, com intuito de renovar o aspecto visual. Os tacos
para a formação do piso podem ser dispostos em padrões, como espinha de
peixe (Figura 6), tijolinho ou dama.
10 Madeiras e laminados

Figura 6. Piso taco em padrão espinha de peixe.


Fonte: Kutcenko/Shutterstock.com.

Os parquets são característicos das casas vitorianas. Esses pisos são painéis
quadrados de 60 cm de lado e espessura menor do que a do taco, compostos
por desenhos feitos por tacos de madeira selecionada, tendo caráter mais
nobre. Os tacos já vêm colados nas placas quadradas, no entanto, as peças dos
parquets não possuem junta de encaixe entre si. Normalmente, as peças são
produzidas com mais de um tipo de madeira com tons diferentes, por isso são
também conhecidos como mosaico parquet, pela possibilidade de produzir
desenhos a partir da modulação. Veja um exemplo na Figura 7.
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Figura 7. Piso parquet.


Fonte: Olga Hofman/Shutterstock.com.

Já o piso assoalho é formado por barras mais longilíneas, que variam entre
5 e 20 cm de largura e 28 e 60 cm de comprimento. Esse tipo de piso também
é conhecido como tabuão, pois é composto por tábuas de madeira, como no
exemplo que você vê na Figura 8.

Figura 8. Piso assoalho.


Fonte: Sasin Paraksa/Shutterstock.com.
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Além da madeira maciça, também é possível produzir pisos de madeira


laminada. Esses pisos são formados por quatro camadas que compõem sua
estrutura básica: balanço, substrato, lâmina decorativa e overlay. Acompanhe
(EUCAFLOOR, 2014):

„„ balanço: é a camada mais inferior e que garante estabilidade e contato


com o solo, sendo de material maleável, como o papel Kraft;
„„ substrato: camada mais grossa e principal do piso, feita de laminados
de alta pressão como o HDF;
„„ lâmina decorativa: adicionada sobre o HDF, dá o aspecto visual do piso;
„„ overlay: película que fica em contato com o meio externo e protege o
piso da abrasão.

Os acabamentos dos pisos laminados simulam a aparência de uma madeira,


e geralmente são produzidos em tábuas, assim como os assoalhos, com encaixe
macho-fêmea — visualize esses detalhes na Figura 9.

Figura 9. Piso laminado.


Fonte: studiovin/Shutterstock.com.
Madeiras e laminados 13

Pisos de madeira maciça e laminados necessitam de acabamentos nos encontros


com a paredes, pois esse encontro possui frestas que são necessárias para a dilatação
do material. A função de acabamento é cumprida por rodapés, que podem ser do
mesmo material do piso.

As madeiras maciças e laminadas também podem ser usadas como reves-


timentos de paredes e tetos. No caso da madeira maciça, esses revestimentos
podem ser em painéis maciços, painéis ripados ou compostos por modulação
de placas. Buscando marcar ritmo ou modulação, as peças de madeiras podem
ter afastamento entre si.
Já as madeiras laminadas apresentam dimensões mais variadas e, com
isso, são muitas as possibilidades de aplicação. Uma delas é a composição de
painéis para uma sala de televisão em que as fiações elétricas e de fibra ótica
ficam embutidas. Ou, por exemplo, uma cabeceira de cama com a composição
de vários painéis.

A madeira maciça precisa receber algum tipo de acabamento de superfície, como


os vernizes. Além da questão estética, eles ajudam na proteção da superfície, mas
precisam de renovação periódica.

Estilos e tendências das madeiras e laminados


A madeira é um produto muito valorizado no projeto arquitetônico, no entanto,
algumas considerações são necessárias. Por questões ecológicas, é importante
que o produto seja certificado e de reflorestamento. Além disso, na hora de
utilizar a madeira na arquitetura, você deve estar atento ao fato de que existe
uma variedade de tipos de madeira e, por ser um produto natural, alguns tipos
de madeiras são mais resistentes do que outros. A resistência deve ser tanto
a pragas quanto à umidade ou ao sol. Tudo isso faz com que o custo desse
produto seja variado.
14 Madeiras e laminados

O fato de a madeira ser um produto com restrições de uso, principalmente


em ambientes com mais umidade, fez a indústria de outros revestimentos,
como o cerâmico ou o vinílico, desenvolver seus produtos com a aparência
visual da madeira (alguns até com a mesma rugosidade) e com resistência à
umidade. No entanto, a madeira é um material que vai além da aparência. A
qualidade da madeira que produz ambientes sofisticados e aconchegantes é
composta não só pelo aspecto visual, mas também pelo toque e pelo brilho
da superfície do produto, características que remetem ao fato de a madeira
ser um produto natural.
Da mesma forma que muitos outros revestimentos tentam simular a apa-
rência da madeira, o laminado também tem feito o mesmo, simulando outros
revestimentos, como o concreto, o cimento, o tecido, os metais oxidados e até
mesmo a própria madeira. Não podemos deixar de ponderar que revestimentos
com madeira de boa qualidade e que garantem durabilidade do produto e, de
certa forma, um uso consciente e inteligente, são mais onerosos e nem sempre
acessíveis para todas as pessoas. Sendo assim, essa replicação de aparências
em materiais variados são formas de garantir uma variedade de materiais com
um custo mais acessível, ou seja, de democratizar os revestimentos.
No mercado dos revestimentos, o MDF laminado está em alta, pois é um
produto versátil que pode receber muitas possibilidades de acabamentos e
cores. Entre essas possibilidades, o mercado tem apostado em acabamentos
que simulam materiais mais brutos, como o concreto, o cimento queimado
e os metais oxidados. Esses acabamentos são utilizados principalmente em
grandes painéis para revestir paredes.
Além dos grandes painéis, o MDF tem sido produzido em pequenas peças
moduladas também com o intuito de revestir paredes. Essas peças se apresen-
tam de formas e acabamentos variados, adaptando-se a diversos estilos, do
mais sóbrio ao mais despojado. Basta escolher a peça mais adequada para o
estilo do cliente. As peças também possuem a superfície com volumetria 3D
e, com uma iluminação de efeito, podem ter um resultado muito satisfatório.
A vantagem dessas peças é a leveza e a fácil aplicação.
Outra tendência que está em alta e que remete aos materiais brutos é o
estilo industrial com a combinação de ferro e madeira. Um exemplo disso são
os móveis produzidos com estrutura em ferro ou vergalhões e acabamentos
em madeira clara ou compensado naval, um tipo de laminado que recebe
resina mais resistente à água. Nesse caso, o compensado ou a madeira são
caracterizados pela cor clara e destacam o ferro da estrutura, geralmente
pintado de preto.
Madeiras e laminados 15

A madeira está muito conectada com áreas externas, por meio de deques
e pergolados. No entanto, sua vida útil é reduzida com a exposição a intem-
péries. Seguindo a lógica da produção de outros revestimentos com aparência
de madeira, surgiu o que é conhecido como madeira plástica. Indústrias
especializadas estão conseguindo produzir, a partir de resíduos plásticos,
tábuas e ripas semelhantes à madeira, mas com alta resistência a intempéries.
As peças de madeira plástica são usadas principalmente em paisagismos e
em situações em que a madeira sofreria desgaste pela chuva e sol — veja um
exemplo na Figura 10. Apesar de simular o formato das peças de madeira e
ter uma aparência similar, a textura da madeira plástica remete ao produto
de sua fabricação — o plástico —, por isso não é costume utilizá-la em áreas
internas. Além disso, seu custo ainda é maior do que o da madeira convencional.

Figura 10. Deque e mobiliário de madeira plástica em sacada.


16 Madeiras e laminados

Como podemos perceber, a madeira é um produto sempre presente na


arquitetura, sendo maciça ou laminada. Estamos sempre tentando reproduzi-la,
mesmo por meio de outros revestimentos. Fica claro sua importância, asso-
ciada não só à qualidade do produto, mas também pelo que a sua aparência
nos remete. Sentimo-nos confortáveis quando próximos da madeira, pois, de
alguma forma, ela nos remete ao natural, seja através da sua textura, seja do
seu toque ou dos desenhos dos seus veios.

ANDRADE, A. Guia básico para instalação de pisos de madeira. 2. ed. Piracicaba, SP:
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BARROS FILHO, R. Painéis de madeiras reconstituídas. Belo Horizonte, [201-?]. Disponível
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CHING, F. D. K. Técnicas de construção ilustradas. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
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GALINA, I. et al. Instalação de Pisos de Madeira. São Paulo, 2013. Disponível em: https://
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GONZAGA, L. Madeira: uso e conservação. Brasília, DF: IPHAN/MONUMENTA, 2006.
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Disponível em: https://www.ipt.br/pos_graduacao_ipt/solucoes/dissertacoes/431-
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