Você está na página 1de 19

ACÚSTICA

ARQUITETÔNICA

Silvana Laiz Remorin


Materiais para
tratamento acústico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Classificar os tipos de materiais convencionais e os não convencionas.


 Reconhecer as funcionalidades dos materiais isolantes, refletores,
difusores e absorventes para o tratamento acústico.
 Calcular o coeficiente de absorção das superfícies edificadas.

Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer melhor a classificação dos materiais
convencionais e não convencionais, além de estudar sobre cada um e
entender que também foram desenvolvidos materiais específicos para
a acústica. Vai reconhecer a funcionalidade de alguns materiais e as
suas funções e também compreender sobre o cálculo do coeficiente
de absorção, variando para cada superfície. Esses conhecimentos são
importantes para que o projeto dos ambientes seja conveniente para
cada um, utilizando e adaptando o melhor de cada espaço.

Materiais convencionas e não convencionais


Quando uma onda sonora atinge um obstáculo, parte dessa onda é refletida e
outra parte é absorvida pelo obstáculo e, dependendo do caso, a onda se pro-
paga pelo obstáculo e a última parte sofre refração, atravessando o obstáculo,
conforme mencionam Sato e Ramos (2015).
Para obter um conforto acústico, deve-se conhecer a finalidade do local e
adequar os diferentes materiais e formatos de teto e paredes divisórias para
adequar ao resultado. Essa escolha correta permite que o ambiente seja ade-
quado e que os materiais aproveitem ao máximo as ondas ou então minimize
o desconforto acústico.
2 Materiais para tratamento acústico

Para Catai, Penteado e Dalbello (2006), um ambiente só é considerado con-


fortável quando existir um mínimo de esforço fisiológico em relação ao som,
para qualquer tarefa do dia a dia, e variáveis do conforto acústico, que são o
entorno (tráfego), a arquitetura, o clima (ventilação) e os mobiliário do espaço.
Ressaltam ainda que tudo na natureza tem a capacidade de absorção, porém
varia de acordo com cada material, e a localização de cada elemento, dentro do
ambiente, determina se o intuito do espaço é corrigir, reduzir ou eliminar o ruído.

A absorção acústica em uma sala de aula pode impedir que um aluno escute um
professor, isso porque o som não seria bem distribuído no espaço, chegando a todos
os alunos de forma não uniforme (CATAI; PENTEADO; DALBELLO, 2006).

A escolha de um material de forro ou de revestimento deve considerar a


taxa de ocupação do ambiente, da manutenção, da durabilidade, da estabilidade
e da resistência ao fogo. Catai, Penteado e Dalbello (2006) ainda ressaltam
que alguns são os tipos de materiais para o isolamento acústico, os materiais
convencionais e os não convencionais.
Materiais convencionais são materiais de uso comum na construção civil
e têm vantagens, como o isolamento acústico de uso comum, considerado
relativamente bom. Como exemplo, temos os blocos cerâmicos, de concreto,
silíco-calcário, madeira e vidro.
Como materiais não convencionais, os mesmos autores referem que são
materiais feitos especialmente para o isolamento acústico, além de apresen-
tarem vantagens térmicas. São eles a lã de vidro, a lã de rocha, a vermiculita,
a espuma elastomérica e a fibra de coco.
Para esses materiais, existem algumas especificações a serem observadas,
de acordo com Catai, Penteado e Dalbello (2006).
Lã de vidro, que é conhecida também como um isolante térmico, é formado
por sílica e sódio, aglomerada por resina sintética em alto forno. Suas vantagens
são: leveza, fácil manipulação, não propagação de chama, não deterioração, não
proliferação de fungos e bactérias, não deterioração quando exposto à maresia e não
é atacada por roedores. No mercado, podemos encontrar como mantas ensacadas
com polietileno, manta aluminizada, manta revestida com feltro para construção
metálica e manta de fibra cerâmica para tubulação com temperatura elevada.
Materiais para tratamento acústico 3

Lã de rocha é composta por fibras de basalto aglomerado com resina


sintética. Suas características são: isolamento acústico e térmico, pH neutro,
antiparasita, não corrosivo, não é nocivo à saúde quando manipulado de
forma adequada com luvas e vestuário adequado, não é poluente e tem um
ótimo custo-benefício. Esse material pode ser aplicado em forros, divisórias,
dutos de ar-condicionado e tubulação com baixa, média e alta temperatura,
variando de 50 a 759°C. No mercado brasileiro, podemos encontrar em forma
de painéis e mantas, revestidas ou não, com plástico autoextinguível e mantas
com tela metálica para proporcionar maior resistência mecânica ao material.
Vermiculita é um mineral da família das micas, constituído pela superpo-
sição de finas lamínulas e que, ao se submetida a altas temperaturas (cerca de
1000°C), se expande até 20 vezes o seu volume original, deixando um espaço
vazio em seu interior. É um material de baixa densidade, baixa condutibilidade,
incomburente, insolúvel em água, não tóxico, não abrasivo, inodoro, não
se decompõe, não apodrece e não se deteriora. Dentro da construção civil,
pode ser aplicado no preenchimento de piso, isolamento termoacústico em
divisórias, forros, lajes e paredes, corta-fogo, câmaras à prova de fogo e som,
rebocos isolantes, entre outros. No mercado, se encontra em forma de placas,
de blocos ou de concreto leve expandido. É recomendado para contrapiso,
reboco acústico ou enchimento, com boa qualidade.
Espuma elastomérica é uma espuma de poliuretano poliéster, autoex-
tinguível, que tem como propriedades a sua proteção contra mofos, fungos e
bactérias e, quando tratada, é retardante de chama. Essa espuma é indicada
para uso em escritórios, auditórios, salas de treinamento e salas de som e
podemos encontrá-la no mercado em forma de placas com várias espessuras
e dimensões.
Fibra de coco, quando misturada com aglomerado de cortiça expandido,
tem uma ótima capacidade de absorção de ondas de baixa frequência, que
poucos materiais conseguem atingir. A fibra de coco é resistente e durável e
tem uma matéria-prima natural e renovável, além de ser indicada como um
material térmico e acústico.
Uma das técnicas muito utilizadas e que vem se difundindo no Brasil é o
uso do drywall ou o gesso cartonado. São placas fixadas em uma leve estrutura
metálica e as vantagens são a elevada produtividade, a pequena espessura e
o pouco peso, que permite precisão, além de permitir embutir as instalações
elétricas. As desvantagens são a baixa resistência mecânica a cargas superiores
a 35 kg e a baixa resistência a umidade. Quando utilizado como parede dupla,
com montante de 48 ou 70 mm com um material acústico entre elas, a lã de
vidro é muito utilizada nesse caso.
4 Materiais para tratamento acústico

Funcionalidades dos materiais isolantes,


refletores, difusores e absorventes para o
tratamento acústico
Em um escritório, o uso de aletas no teto ou um teto pré-moldado com saliências
impedem que as ondas sonoras realizem inúmeras reflexões e difrações,
permitindo um espaço tranquilo, com produtividade e concentração.
A Figura 1 nos mostra um ambiente com o teto reflexivo em que o som
se propaga por toda a sala, causando um desconforto durante a atividade de
trabalho.

Figura 1. Som que se propaga por toda a sala.


Fonte: Sato e Ramos (2015, p. 116).

Em comparação, a Figura 2 mostra que as saliências no teto ajudam a


restringir a propagação do som, além do uso de materiais absorventes. Um
ambiente assim contribui com a produtividade, garantindo melhor saúde.

Placas de Aletas de reflexão para prevenir a propagação


absorção de ruídos do som para outras células de trabalho

Figura 2. Ambiente com pouca propagação do som.


Fonte: Sato e Ramos (2015, p. 117).
Materiais para tratamento acústico 5

Os materiais do acabamento interno afetam significativamente os níveis


de ruído, a qualidade de audição e os níveis de privacidade acústica dentro de
um espaço. Em ambientes com muito ruído, superfícies que sejam absorventes
podem reduzir a intensidade do ruído a níveis toleráveis. Em salas de estudos,
de reunião ou para concertos, superfícies com absorção e reflexão devem ser
colocadas de forma a proporcionar boas condições de audibilidade. Se em uma
construção as divisórias não estiverem completamente vedadas, sua condição
de estanqueidade é comprometida. Salas que exigem privacidade acústica, as
divisórias são uma boa solução (ALLEN; IANO, 2014).
Nakamura (2006) ressalta, ainda, que é a partir da combinação de diver-
sos materiais em forros, pisos, paredes e divisórias que é possível obter um
resultado satisfatório, reduzindo sons indesejados. Ressalta ainda que tudo na
natureza tem propriedade acústica, logo, todo material tem alguma capacidade
de absorver, refletir e transmitir ruídos.

 Isolantes: impedem a passagem de ruído de um ambiente para o outro.


Exemplos: tijolo maciço, pedra lisa, gesso, madeira e vidro com espes-
sura de no mínimo 6 mm.
 Refletores: podem ser isolantes e aumentam a reverberação interna do
som. Exemplos: azulejos, cerâmica, massa corrida e madeira papel de
parede (de uma forma geral, materiais lisos).
 Absorventes: não permitem que o som passe de um ambiente para o
outro, evitando o eco. Exemplos: materiais porosos como lã, fibra de
vidro revestido de manta de poliuretano, forrações com cortiça, carpete
grossos e cortinas pesadas.
 Difusores: refletem o som de forma difusa, sem ressonância. Exemplos:
em geral, são materiais refletores sobre superfícies irregulares (pedras
ou lambris de madeira).

Para Nakamura (2006), quando o material pode dissipar a energia sonora


que incide sobre ele, transformando a energia mecânica vibratória em energia
térmica, é considerado um material absorvente. Forros e paredes com recheio
absorvente, como lã mineral, podem corrigir o tempo de reverberação, que é
agravado em ambientes com grandes áreas, pés-direitos altos ou superfícies
metálicas aparentes. Porém, eliminar a reverberação pode prejudicar e impedir
a compreensão de uma simples conversa. Ao utilizar muitos materiais refletores
(lisos e duros), também podem deixar o som de uma conversa inteligível, isso
porque os sons vão ecoar pelo recinto.
6 Materiais para tratamento acústico

Placas de fibras minerais como lã de rocha e de vidro, quando utilizadas


em paredes sanduíche, com faces em placas metálicas ou de gesso, apresen-
tam um bom resultado acústico. Lembrando que os índices de isolamento
são levados em consideração, primeiro, pelo material utilizado no recheio e,
depois, pela espessura e natureza das placas da parede. O mesmo autor ainda
cita que é preciso considerar as interações dos materiais, isso porque que de
nada adianta o material ser bom, se o isolamento de paredes, janelas e demais
elementos permitir a passagem de ruídos. Souza, Almeida e Bragança (2012)
comentam também que a diminuição da reflexão no teto pode ser feita por
meio de painéis absorventes penduradas ou de placas acústicas.
Os mesmos autores afirmam que os elementos mais prejudiciais para o
isolamento acústico são as aberturas, portas e janelas, pois toda superfície que
apresenta uma abertura reduz a capacidade de isolamento. Pequenas frestas
ou aberturas de fechaduras permitem a passagem de som. Isso nos mostra
que pequenas aberturas provocam redução do isolamento de um elemento
construtivo. Como exemplo, os autores citam que uma abertura de 0,1% da
área de parede leva uma redução de 30 dB do isolamento global da parede.

Coeficiente de absorção das superfícies


edificadas
Buxton (2017) aponta que há definições de parâmetros de desempenho ade-
quado, assim como critérios para níveis de ruído permitido dentro de uma
edificação, e que o projetista é o responsável por essa análise. Esses níveis
exigidos dependem da necessidade do cliente, do uso do prédio e do recinto
que compõe a edificação.
Souza, Almeida e Bragança (2017) acrescentam que, identificadas as fontes
de ruído e propagação, pode-se tomar medidas para garantia da qualidade
acústica, seguindo alguns critérios. Os autores acrescentam que todo material
apresenta uma capacidade de absorção do som e que esta é indicada pelo
coeficiente de absorção e também apresenta variação em função da frequência
do som incidente.
Um material isolante, quando aplicado em uma superfície, promove a
redução do nível sonoro transmitido a outro ambiente, em comparação a um
material absorvente que regule a absorção do som dentro do próprio ambiente.
Isso porque o coeficiente de absorção de um material é a quantidade de energia
absorvida pelo material.
Materiais para tratamento acústico 7

Para que um ambiente seja considerado confortável em relação à acústica,


o coeficiente de absorção, que é a intensidade sonora absorvida e incidente,
deve ser o apresentado pela equação:

Onde:
Ia = valor da intensidade sonora absorvida.
Ii = valor da intensidade sonora incidente.
Sato e Ramos (2015) afirmam que essa relação varia entre os valores 0 e 1,
ou seja 0 < α < 1. Lembrando que materiais porosos e fibrosos possibilitam uma
intensidade de absorção muito boa, isso porque o som, ao incidir um poro ou
entre as fibras, sofre reflexões internas e a energia, em boa parte, é absorvida.
Simões (2011) menciona que uma fonte sonora emite ondas de som, que re-
fletem as diversas superfícies internas do ambiente. A direção dessas reflexões
é indicada de acordo com a geometria do local e a intensidade de cada raio
sonoro refletido é determinada pela capacidade de absorção dos materiais da
construção, denominado coeficiente de absorção alfa (α); ela varia de acordo
com as características físicas como porosidade, rigidez, forma de instalação
e também com a frequência do som (grave, médio ou agudo). O coeficiente
alfa é um valor estabelecido entre 0 e 1:

 Se α = 0,01, significa uma absorção de 1% da energia do raio sonoro


e a devolução de 99% para o ambiente. Um exemplo seria o uso do
concreto liso.
 Se α = 1 mostra que será de 100% a absorção da energia e a devolução
ao ambiente será de 0%. Um exemplo é a janela aberta.

Simões (2011) ainda ressalta que as divulgações dos coeficientes de absorção


para cada uma das frequências são fundamentais para o ajuste do balanço
energético sonoro do ambiente. Veja a seguir o Quadro 1.
8 Materiais para tratamento acústico

Quadro 1. Coeficiente de absorção sonora

Materiais Frequência (Hertz)

125 250 500 1.000 2.000 4.000

Materiais de
construção usuais

Reboco áspero, cal 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07

Reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06

Teto pesado suspenso 0,02 0,03- 0,05


(de gesso)

Estuque 0,03 0,04 0,07

Superfície de concreto 0,02 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07

Revestimento de 0,02 0,05 0,07


pedras sintéticas

Chapa de mármore 0,01 0,01 0,01 0,02

Vidraça de janela 0,04 0,03 0,02

Assoalhos

Tapetes de borracha 0,04 0,04 0,08 0,12 0,03 0,10

Taco colado 0,04 0,04 0,06 0,12 0,10 0,17

Linóleo 0,02 0,03 0,04

Passadeira fina porosa 0,03 0,17 0,40

Tapete de boucle duro 0,03 0,03 0,04 0,10 0,19 0,35

Tapete de 5 mm 0,04 0,04 0,15 0,29 0,52 0,59


de espessura

Tapete de boucle macio 0,08 0,20 0,52

Tapete de veludo 0,02 0,06 0,10 0,24 0,42 0,60

Tapete de 5 mm sobre 0,07 0,21 0,57 0,66 0,81 0,72


base de feltro de 5 mm

Móveis, tecidos
e pessoas

Uma pessoa com cadeira 0,33 0,44 0,40

(Continua)
Materiais para tratamento acústico 9

(Continuação)

Quadro 1. Coeficiente de absorção sonora

Materiais Frequência Hertz

Poltrona estofada vazia 0,28 0,26 0,28 0,26 0,34 0,34


coberta de tecido

Cadeira estofada, chara, 0,13 0,20 0,25


com tecido, vazia

Cadeira idem, com 0,13 0,15 0,07


couro sintético

Cadeira de assento 0,05 0,05 0,05 0,05 0,08 0,05


dobradiço, de
madeira vazia

Tecido de algodão 0,04 0,13 0,32


esticado liso

Idem 50/150 mm na 0,20 0,38 0,45


frente de parede lisa

Feltro de fibra natural 0,09 0,12 0,18 0,30 0,55 0,59


de 5 mm de espessura

Cortina de porta 0,15 0,20 0,40


comum, opaca

Tela cinematográfica 0,10 0,20 0,50

Público em ambientes 0,13 0,31 0,45 0,51 0,51 0,43


muito grandes
(para pessoa)

Portas, janelas
e aberturas

Janela aberta 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Portas de madeira, 0,14 0,06 0,10


fechadas

Palco sem cortina 0,30 0,25 0,40

Recessos com cortinas 0,25 0,30 0,35

Abertura embaixo 0,25 0,80


de balcão

(Continua)
10 Materiais para tratamento acústico

(Continuação)

Quadro 1. Coeficiente de absorção sonora

Materiais Frequência Hertz

Grade de ventilador a 0,30 0,50 0,50


cada 50% de seção livre

Covibradores (chapas
densas e folhas)

Madeira compensada 0,25 0,34 0,18 0,10 0,10 0,05


de 3 mm, a 50 mm de
parede, espaço vazio

Madeira compensada 0,46 0,47 0,23 0,12 0,10 0,08


de 3 mm, a 50 mm
da parede, espaço
vazio, amortecimento
nas bordas

Madeira compensada 0,51 0,65 0,24 0,12 0,10 0,05


de 3 mm, a 50
mm da parede,
espaço preenchido
de lã mineral

Madeira compensada 0,21 0,37 0,24 0,12 0,02 0,08


de 2,5 mm, na frente
de feltro mineral de 50
mm a cada 40 kg/m2

Fonte: Adaptado de Alcântara (2010).

Como o coeficiente de absorção varia com a frequência, é o motivo pelos


fabricantes indicarem coeficientes de absorção mínima possível. Por isso,
vemos que para o uso de materiais em uma sala, por exemplo, é necessário
conhecer o seu coeficiente de absorção.
Oliveira (2009) aponta que a correção acústica de um ambiente é feita com
a alteração da sua absorção sonora, que é uma propriedade que permite dissipar
a energia incidente, e que a relação entre a quantidade de energia dissipada (ou
absorvida) e a energia incidente designa-se ao coeficiente de absorção sonora.
Souza, Almeida e Bragança (2012) mencionam que para uma parede dupla
oferecer isolamento ela precisa estar isolada entre si. Amarração entre paredes
diminuem a eficiência. Se o material foi inflexível ou rígido, menor é a atenuação
do ruído. O Quadro 2 traz soluções construtivas e isolamentos sonoros.
Materiais para tratamento acústico 11

Quadro 2. Relação entre desempenho acústico e as soluções de montagem

Desempenho Isolamento Soluções de


montagem

Baixo 35 Chapa de gesso


cartonado de cada lado,
espaçadas 12,5 mm
por suporte de metal
(largura total de 75 mm).
Bloco de 75 mm (baixa
densidade 52 kg/m2),
com aplicação de 12
mm de argamassa
em uma face.

40 Chapa de gesso
cartonado em suporte
de metal com 48 mm,
com fibra mineral ou de
lã de rocha na cavidade
(largura total de 75 mm).
Duas chapas de gesso
cartonado de cada lado,
espaçadas 70 mm por
suporte de metal (largura
total de 122 mm).

Médio 45 Tijolo maciço de 112


mm sem argamassa.
Bloco de 100 mm
(densidade média de 140
kg/m2), com aplicação
de argamassa de 12 mm
em ambas as faces.
Duas chapas de gesso
com 12,5 mm, espaçadas
150 mm por suporte
de metal, com fibra
de vidro na cavidade
(largura total 198 mm).

(Continua)
12 Materiais para tratamento acústico

(Continuação)

Quadro 2. Relação entre desempenho acústico e as soluções de montagem

Desempenho Isolamento Soluções de


montagem

Alto 50 Tijolo maciço de 224


mm sem argamassa.
Blocos de 150 mm
(alta densidade),
com argamassa em
ambas as faces.

Especial 55 Duas chapas de gesso


cartonado com 12,5
mm, espaçadas 60 mm
com fibras de vidro
na cavidade (largura
total 178 mm).
Tijolo maciço de 336
mm sem argamassa.

Fonte: Adaptado de Souza, Almeida e Bragança (2012).

Souza, Almeida e Bragança (2012) ainda mencionam que as exigências


acústicas, com os tipos de portas, são necessárias em alguns casos e podem
auxiliar em pequenos detalhes do dia a dia. No Quadro 3, a seguir, vamos
conhecer como as frestas de uma abertura comprometem o isolamento.
Materiais para tratamento acústico 13

Quadro 3. Isolamento em diferentes soluções

Divisória Isolamento sonoro de


diferentes soluções (dB)

Parede sem porta 25 30 35 40 45 50

Qualquer porta com frestas 23 25 27 27 27 27


bem aparentes no contorno

Porta leve com vedante 24 28 30 32 32 32


de frestas de contorno

Porta pesada com vedante 25 29 33 35 37 37


de frestas de contorno

Porta dupla com tratamento 25 30 35 40 44 49


acústico do espaço entre portas

Fonte: Adaptado de Souza, Almeida e Bragança (2012).

O vidro pode ser utilizado como um bom isolante acústico em razão das
suas características, sendo uma boa solução acústica para ruídos externos.
Porém, não é apenas o vidro que auxilia na vedação, mas também a qualidade
do caixilho (janelas, portas e sacadas) e as vedações. Para o isolamento em
janelas, o Quadro 4 mostra a montagem do vidro e o isolamento por ele.
Vimos, então, que diferentes materiais em diferentes situações podem
apresentar uma grande variação no isolamento acústico. Isso reforça que
o conhecimento e o estudo dos materiais para cada projeto devem ser bem
elaborados, uma vez que pequenos detalhes podem fazer uma grande diferença
no resultado final do projeto.
14

Quadro 4. Isolamento em vidros

Desempenho Isolamento Montagem do vidro

Baixo 25 Vidro simples de 4 mm com vedação.


28
Vidro simples de 6 mm com vedação.
Materiais para tratamento acústico

Vidraça dupla com vidros de 4 mm, com espaço de ar de 12 mm.

30 Vidraça dupla com vidros de 6 mm, com espaço de ar de 12 mm.

Vidro simples de 10 mm com vedação.

Vidro simples de 12 mm com vedação.


33
Vidraça dupla com vidros de 8 e 16 mm, com espaço de ar de 12 mm.

Médio 35 Laminado simples de 10 mm, com vedação.

Vidraça dupla com vidros de 4 mm e 10 mm, com espaço de ar de 12 mm.

38 Vidraça dupla com vidros de 6 mm e 10 mm, com espaço de ar de 12 mm.

Laminado simples de 12 mm, com vedação.

(Continua)
(Continuação)

Quadro 4. Isolamento em vidros

Desempenho Isolamento Montagem do vidro

Alto 40 Vidraça dupla com vidro de 6 mm e laminado de 6,4 mm, com espaço de ar de 12 mm.

Laminado simples de 19 mm com vedação.

Vidraça dupla com vidro de 10 mm e 6 mm, com espaço de ar de 50 mm.

Especial 43 Vidraça dupla com vidro de 10 e 6 mm, com espaço de ar de 100 mm.

Laminado de 12 mm e vidro de 10 mm, com espaço de ar de 12 mm.

Laminado de 6 e 10 mm, com absorvedor e espaço de ar de 10 mm.

45

Laminado de 17 mm e vidro de 10 mm, com espaço de ar de 12 mm.


Materiais para tratamento acústico
15
16 Materiais para tratamento acústico

ALCANTARA, L. C. G. Avaliação do conforto acústico de residências populares utilizando


análise estatística de energia. 2010. 93 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecâ-
nica) – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://
w2.files.scire.net.br/atrio/ufrj-pem_upl/THESIS/102/pemufrj2010mscluizcarlosgomes-
dealcantara.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2019.
ALLEN, E.; IANO, J. Fundamentos da Engenharia de Edificações: materiais e métodos. 5.
ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
BUXTON, P. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2017.
CATAI, R. E.; PENTEADO, A. P.; DALBELLO, P. F. Materiais, técnicas e processos para isola-
mento acústico. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS,
17., 2006, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: CBECIMat, 2006. Disponível em: <https://
docplayer.com.br/7520968-Materiais-tecnicas-e-processos-para-isolamento-acustico.
html>. Acesso em: 4 jan. 2019.
NAKAMURA, J. Conforto acústico. 2006. Disponível em: <http://techne17.pini.com.br/
engenharia-civil/106/artigo286049-1.aspx>. Acesso em: 4 jan. 2019.
OLIVEIRA, P. D. P. S. Desenvolvimento e caracterização acústica de elementos autopor-
tantes para absorção sonora em espaços tipo open space. 2009. 154 f. Relatório de Pro-
jeto (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia, Universidade do
Porto, Porto, Portugal, 2009. Disponível em: <https://repositorio-aberto.up.pt/bits-
tream/10216/60075/1/000141999.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2019.
SATO, H.; RAMOS, I. M. L. Física para edificações. Porto Alegre: Bookman, 2015.
SIMÕES, F. M. Acústica arquitetônica. Rio de Janeiro: PROCEL Edifica, 2011. Disponível em:
<https://ambeefau.files.wordpress.com/2011/09/acustica.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2019.
SOUZA, L. C. L.; ALMEIDA, M. G.; BRAGANÇA, L. Bê-á-bá da acústica arquitetônica: ouvindo
arquitetura. São Carlos: EdUFSCar, 2012.

Leitura recomendada
KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao
homem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
Conteúdo:

Você também pode gostar