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AECweb > Revista Digital > Materiais e Soluções > Absorção sonora x Isolamento acústico: entenda as diferenças
entenda as diferenças
Enquanto os materiais considerados bons absorvedores sonoros são os leves (pouca
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massa), moles e porosos, os isolantes acústicos são os pesados (muita massa), duros e
lisos, como concreto, aço, vidro e chumbo Conforto Térmico e
Acústico
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Redação AECweb / e-Construmarket
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Absorção sonora e isolamento acústico são dois conceitos distintos e se referem à propriedade
dos materiais de absorver ou de isolar o som. “Quando ondas sonoras incidem sobre determinada
superfície e não são refletidas para o recinto em que foram produzidas, temos a absorção sonora.
Ou seja, a energia, no todo ou em parte, foi absorvida pelo material”, explica o arquiteto doutor em Outras Matérias
acústica Lineu Passeri Júnior, diretor técnico da Passeri Acústica e Arquitetura, complementando:
Porém, quando as ondas sonoras refletem de volta ao ambiente é porque, no todo ou em parte, a Arrojo estrutural marca novo
energia foi isolada pelo material da superfície em questão. empreendimento do Porto
Maravilha
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ABSORÇÃO SONORA
A densidade e a espessura de cada material determinam a sua capacidade de absorção sonora.
“Em relação aos materiais, a absorção sonora equivale à somatória de dois outros fenômenos: a
dissipação sonora e a transmissão sonora”, aponta Passeri.
“A transmissão sonora, por sua vez, se dá pela passagem da onda sonora através do material e
sua chegada ao ambiente – ou ao meio – do outro lado”, esclarece o arquiteto. Portanto, se
colocarmos uma manta de lã de vidro na abertura de uma janela, paradoxalmente, a energia
sonora transmitida – e não a dissipada – continuará a ser a principal componente pela absorção
sonora, pois a trama aberta da lã de vidro não impede que a energia sonora incidente atravesse-a
e escape pela janela aberta. Assim, para que materiais porosos/fibrosos apresentem toda a sua
capacidade de dissipar energia sonora, eles devem ser fixados sobre uma superfície sólida”,
ensina Passeri.
Os materiais considerados bons absorvedores sonoros são, portanto, os leves (pouca massa),
moles e porosos. Já os materiais com características de isolantes acústicos são os pesados (muita
massa), duros e lisos, como concreto, aço, vidro, chumbo, entre outros.
Cada recinto, conforme sua SOLUÇÃO COMPLETA
utilização, requer critérios “O que promove o isolamento acústico e a
bem definidos em relação aos absorção sonora em recintos é, portanto, o
níveis de ruído e ao tempo de conjunto de características dos materiais usados
reverberação, para permitir o nas superfícies, ou seja, nos pisos, nas paredes
conforto acústico e/ou e nas coberturas”, frisa o arquiteto. “A quantidade
eliminar as condições nocivas de material aplicado deve ser calculada de
acordo com o tempo de reverberação esperado
à saúde
para o ambiente – quanto mais material
Lineu Passeri Júnior
absorvente for adicionado ao ambiente, menor
será o seu tempo de reverberação”.
Para assegurar um bom isolamento acústico, é necessário ainda que as paredes do recinto e sua
cobertura sejam construídas com materiais pesados como o concreto, a alvenaria de tijolos
maciços ou de blocos de concreto preenchidos com graute.
“Quanto mais espessas forem as partições, melhor será o isolamento. Para tanto, elas não devem
apresentar vãos, frestas ou fissuras, pois uma parte significativa da energia sonora pode escapar
facilmente por brechas, reduzindo o desempenho de toda a superfície”, explica Passeri. “É por isso
que não há janelas em estúdios, teatros, auditórios ou outros ambientes de audição crítica. E o ar
condicionado é sempre obrigatório”, ele observa, ainda.
Também é necessário contar com portas e janelas com boa capacidade de isolamento. Portas de
madeira maciça ou de aço, com espessura relevante, são boas soluções para o fechamento de
vãos. Uma atenção especial deve ser dada à vedação dos caixilhos em geral.
CÁLCULOS
De acordo com Passeri, a absorção sonora de um ambiente pode ser facilmente calculada pela
somatória dos produtos dos coeficientes de absorção sonora de cada material que compõe as
suas superfícies internas de piso, paredes e cobertura, multiplicados pelas respectivas áreas – em
metros quadrados – de aplicação de cada material. “O resultado dessa somatória é chamado de
Absorção Total de um determinado recinto, e é dado por banda de frequências”, diz. Portanto, o
cálculo da absorção sonora de um ambiente leva em conta a quantidade (área, em metros
quadrados) e o coeficiente de absorção sonora dos materiais de revestimento interno de piso,
paredes e forro.
O coeficiente de redução sonora é o NRC (noise reduction coefficient) definido como sendo a
média aritmética dos coeficientes de absorção sonora das bandas de frequências de 250Hz,
500Hz, 1kHz e 2kHz. Esse coeficiente, por sua vez, em geral costuma ser utilizado na
especificação de produtos e, via de regra, é um dado que os fabricantes costumam divulgar.
NORMAS TÉCNICAS
A definição dos sistemas de isolamento acústico e de absorção sonora é feita no projeto de
arquitetura a partir das características e das necessidades de cada ambiente. Para o isolamento
acústico, é preciso considerar dois aspectos: o ruído máximo admissível em seu interior da
edificação, para o conforto dos usuários; e o ruído máximo admissível no exterior, para o conforto
da vizinhança.
“A norma técnica ABNT NBR 10.151, intitulada Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas Visando o
Conforto da Comunidade, fixa as condições exigíveis para a avaliação da aceitabilidade do ruído
em comunidades – independentemente da existência de reclamações – e especifica um método
para a sua medição”, diz Passeri.
Segundo ele, todos os ambientes requerem absorção sonora e isolamento acústico, de modo a
atenderem às normas brasileiras. “Cada recinto, conforme sua utilização, requer critérios bem
definidos em relação aos níveis de ruído e ao tempo de reverberação, de modo a permitir o
conforto acústico e/ou eliminar as condições nocivas à saúde”, ressalta o profissional. Ele observa,
ainda: “Níveis de ruído muito baixos também podem tornar o ambiente monótono e cansativo,
induzindo as pessoas a condições de inatividade e sonolência”.
Um bom projeto deve considerar o desempenho dos materiais, a sua quantidade, fixação, posição
em relação à(s) fonte(s) sonora(s) e a facilidade de manutenção, sem restringir a funcionalidade do
recinto. “A simples aplicação de materiais acústicos fornecidos ou utilizados sem critérios rígidos
de projeto não garante a solução do problema”, alerta Passeri.
NBR 15.575
Detalhada, a NBR 15.575 (ABNT) define, de modo geral, os níveis de desempenho que os
diversos sistemas construtivos devem apresentar para atenuar a transmissão de ruídos gerados
externa e internamente nas edificações habitacionais. “Regulam-se assim os níveis de
desempenho acústico das paredes externas, das esquadrias utilizadas em dormitórios, das
paredes internas que separam duas unidades habitacionais, das paredes internas que separam as
unidades habitacionais das áreas comuns, do conjunto de paredes e portas que separam duas
unidades e, ainda, dos sistemas de pisos com relação ao ruído aéreo e de impacto”, lista Passeri.
De forma não obrigatória, a NBR 15.575 também estabelece parâmetros para os ruídos de
equipamentos, que constam de anexo informativo.
O usuário, por sua vez, precisa ser informado sobre como suas ações de uso, operação e
manutenção podem alterar o desempenho acústico que recebeu, tais como alterações de paredes,
pisos, portas e esquadrias. “Cabe agora a todos os agentes envolvidos efetivamente incorporarem
essa nova cultura às práticas de desenvolvimento de novos empreendimentos residenciais”,
conclui o especialista.
COLABORAÇÃO TÉCNICA
Lineu Passeri Júnior – Arquiteto, mestre e doutor em acústica pela Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), também é
músico formado pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul. É diretor
técnico da Passeri Acústica e Arquitetura (www.passerieassociados.com.br) e
membro da SOBRAC – Sociedade Brasileira de Acústica e da ProAcústica –
Associação Brasileira para a Qualidade Acústica. Foi professor de acústica da
Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN) e do Centro Universitário
Belas Artes de São Paulo (FEBASP). Atuou junto a diversos escritórios de
arquitetura e participou do projeto executivo do Parque Villa-Lobos, em São
Paulo. Dirigiu o Departamento de Projetos e Orçamentos da Prefeitura do
Município de São Bernardo do Campo e foi consultor da Organização das
Nações Unidas (ONU). São de sua autoria os projetos executivos de acústica do
Hospital Sírio-Libanês, do Museu do Futebol, do Teatro Municipal de Diadema, do
Anfiteatro Camargo Guarnieri da USP e de reconstrução do Auditório Simon
Bolívar, no Memorial da América Latina, entre outros.
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