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11/01/2024, 16:01 Absorção sonora x Isolamento acústico: entenda as diferenças | AECweb

AECweb Revista Materiais E Soluções Cobertura, Impermeabilização E Isolamento Absorção Sonora X Isolamento Acústico: Entenda A

Absorção sonora x Isolamento acústico: entenda as diferenças


Enquanto os materiais considerados bons absorvedores sonoros são os leves (pouca massa), moles e porosos, os
isolantes acústicos são os pesados (muita massa), duros e lisos, como concreto, aço, vidro e chumbo

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Publicado em: 22/03/2017


Atualizado em: 24/10/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Absorção sonora e isolamento acústico são dois conceitos distintos e se referem à propriedade dos materiais de absorver ou de isolar o som.
“Quando ondas sonoras incidem sobre determinada superfície e não são refletidas para o recinto em que foram produzidas, temos a absorção
sonora. Ou seja, a energia, no todo ou em parte, foi absorvida pelo material”, explica o arquiteto doutor em acústica Lineu Passeri Júnior, diretor
técnico da Passeri Acústica e Arquitetura, complementando: Porém, quando as ondas sonoras refletem de volta ao ambiente é porque, no todo
ou em parte, a energia foi isolada pelo material da superfície em questão.

Detalhe de espuma de absorção acústica (Sushaaa/ Shutterstock.com)

ABSORÇÃO SONORA
A densidade e a espessura de cada material determinam a sua capacidade de absorção sonora. “Em relação aos materiais, a absorção sonora
equivale à somatória de dois outros fenômenos: a dissipação sonora e a transmissão sonora”, aponta Passeri.

A dissipação sonora se dá devido ao movimento das partículas de ar no interior do material quando da passagem da onda sonora através dele.
Assim, para que um material seja considerado um bom absorvedor sonoro, é necessário que ele “respire”, isto é, que permita às partículas do
ar penetrarem e se movimentarem em seu interior. Incluem-se neste grupo: as espumas em geral, as lãs (de vidro, de rocha e de pet), os feltros
e outros tecidos com espessura considerável. Materiais com trama muito estreita – como as lonas e os encerados – ou muito esparsa – como a
gaze – são ineficazes.

“A transmissão sonora, por sua vez, se dá pela passagem da onda sonora através do material e sua chegada ao ambiente – ou ao meio – do
outro lado”, esclarece o arquiteto. Portanto, se colocarmos uma manta de lã de vidro na abertura de uma janela, paradoxalmente, a energia
sonora transmitida – e não a dissipada – continuará a ser a principal componente pela absorção sonora, pois a trama aberta da lã de vidro não
impede que a energia sonora incidente atravesse-a e escape pela janela aberta. Assim, para que materiais porosos/fibrosos apresentem toda a
sua capacidade de dissipar energia sonora, eles devem ser fixados sobre uma superfície sólida”, ensina Passeri.

Os materiais considerados bons absorvedores sonoros são, portanto, os leves (pouca massa), moles e porosos. Já os materiais com
características de isolantes acústicos são os pesados (muita massa), duros e lisos, como concreto, aço, vidro, chumbo, entre outros.

SOLUÇÃO COMPLETA
“O que promove o isolamento acústico e a absorção sonora em recintos é, portanto, o conjunto de características dos materiais usados nas
superfícies, ou seja, nos pisos, nas paredes e nas coberturas”, frisa o arquiteto. “A quantidade de material aplicado deve ser calculada de
acordo com o tempo de reverberação esperado para o ambiente – quanto mais material absorvente for adicionado ao ambiente, menor será o

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seu tempo de reverberação”.

Cada recinto, conforme Para assegurar um bom isolamento acústico, é necessário ainda que as paredes do recinto e sua
sua utilização, requer cobertura sejam construídas com materiais pesados como o concreto, a alvenaria de tijolos
maciços ou de blocos de concreto preenchidos com graute.
critérios bem definidos em
relação aos níveis de “Quanto mais espessas forem as partições, melhor será o isolamento. Para tanto, elas não devem
ruído e ao tempo de apresentar vãos, frestas ou fissuras, pois uma parte significativa da energia sonora pode escapar
reverberação para permitir facilmente por brechas, reduzindo o desempenho de toda a superfície”, explica Passeri. “É por isso
o conforto acústico e/ou que não há janelas em estúdios, teatros, auditórios ou outros ambientes de audição crítica. E o ar
eliminar as condições condicionado é sempre obrigatório”, ele observa, ainda.
nocivas à saúde
Também é necessário contar com portas e janelas com boa capacidade de isolamento. Portas de
Lineu Passeri Júnior
madeira maciça ou de aço, com espessura relevante, são boas soluções para o fechamento de
vãos. Uma atenção especial deve ser dada à vedação dos caixilhos em geral.

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CÁLCULOS
De acordo com Passeri, a absorção sonora de um ambiente pode ser facilmente calculada pela somatória dos produtos dos coeficientes de
absorção sonora de cada material que compõe as suas superfícies internas de piso, paredes e cobertura, multiplicados pelas respectivas áreas
– em metros quadrados – de aplicação de cada material. “O resultado dessa somatória é chamado de Absorção Total de um determinado
recinto, e é dado por banda de frequências”, diz. Portanto, o cálculo da absorção sonora de um ambiente leva em conta a quantidade (área, em
metros quadrados) e o coeficiente de absorção sonora dos materiais de revestimento interno de piso, paredes e forro.

“O coeficiente de absorção sonora em geral é obtido experimentalmente em uma câmara de testes especial, denominada câmara reverberante.
O resultado obtido é chamado de Coeficiente de Absorção Sonora de Sabine e varia tipicamente com a frequência do som incidente. É
representado pela letra α e geralmente apresentado por bandas de frequências de 63Hz, 125Hz, 250Hz, 500Hz, 1kHz, 2kHz, 4kHz e 8kHz”,
expõe o especialista.

O coeficiente de redução sonora é o NRC (noise reduction coefficient) definido como sendo a média aritmética dos coeficientes de absorção
sonora das bandas de frequências de 250Hz, 500Hz, 1kHz e 2kHz. Esse coeficiente, por sua vez, em geral costuma ser utilizado na
especificação de produtos e, via de regra, é um dado que os fabricantes costumam divulgar.

Veja também:
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NORMAS TÉCNICAS
A definição dos sistemas de isolamento acústico e de absorção sonora é feita no projeto de arquitetura a partir das características e das
necessidades de cada ambiente. Para o isolamento acústico, é preciso considerar dois aspectos: o ruído máximo admissível em seu interior da
edificação, para o conforto dos usuários; e o ruído máximo admissível no exterior, para o conforto da vizinhança.

“A norma técnica ABNT NBR 10.151, intitulada Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas Visando o Conforto da Comunidade, fixa as condições
exigíveis para a avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades – independentemente da existência de reclamações – e especifica um
método para a sua medição”, diz Passeri.

Já norma técnica ANBT NBR 15.575 fixa o critério de desempenho de suas vedações – internas e
externas – de modo a garantir o conforto dos usuários exclusivamente em edifícios habitacionais.
Assim, os edifícios residenciais devem atender as disposições dessas duas normativas. Há, ainda, a
A simples aplicação de
ABNT NBR 10.152 - Níveis de Ruído para Conforto Acústico, que fixa os níveis de ruído compatíveis materiais acústicos
com o conforto acústico em ambientes de diversos tipos. fornecidos ou utilizados
sem critérios rígidos de
“O critério para definir a absorção sonora é o tempo e a reverberação esperados para cada projeto não garante a
ambiente”, reafirma. Quando o projeto envolve audição crítica, como no caso de estúdios, auditórios,
solução do problema
teatros e igrejas, o ideal é consultar a ABNT NBR 12.179/1992, que apresenta um gráfico com o
Lineu Passeri Júnior
“tempo ótimo de reverberação” e o desempenho em termos do isolamento acústico de diversos
materiais de construção. “Essa norma fixa os critérios fundamentais para execução de tratamentos
acústicos em recintos fechados”, completa o arquiteto.

Segundo ele, todos os ambientes requerem absorção sonora e isolamento acústico, de modo a atenderem às normas brasileiras. “Cada recinto,
conforme sua utilização, requer critérios bem definidos em relação aos níveis de ruído e ao tempo de reverberação, de modo a permitir o
conforto acústico e/ou eliminar as condições nocivas à saúde”, ressalta o profissional. Ele observa, ainda: “Níveis de ruído muito baixos também
podem tornar o ambiente monótono e cansativo, induzindo as pessoas a condições de inatividade e sonolência”.

Um bom projeto deve considerar o desempenho dos materiais, a sua quantidade, fixação, posição em relação à(s) fonte(s) sonora(s) e a
facilidade de manutenção, sem restringir a funcionalidade do recinto. “A simples aplicação de materiais acústicos fornecidos ou utilizados sem
critérios rígidos de projeto não garante a solução do problema”, alerta Passeri.

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Leia também:
NBR 15.575 pede nova conduta do setor de compras

É preciso conhecer as normas técnicas

NBR 15.575
Detalhada, a NBR 15.575 (ABNT) define, de modo geral, os níveis de desempenho que os diversos sistemas construtivos devem apresentar
para atenuar a transmissão de ruídos gerados externa e internamente nas edificações habitacionais. “Regulam-se assim os níveis de
desempenho acústico das paredes externas, das esquadrias utilizadas em dormitórios, das paredes internas que separam duas unidades
habitacionais, das paredes internas que separam as unidades habitacionais das áreas comuns, do conjunto de paredes e portas que separam
duas unidades e, ainda, dos sistemas de pisos com relação ao ruído aéreo e de impacto”, lista Passeri. De forma não obrigatória, a NBR 15.575
também estabelece parâmetros para os ruídos de equipamentos, que constam de anexo informativo.

Cabe aos fabricantes de sistemas construtivos de vedações internas (paredes de alvenaria, drywall etc.) ou externas (chapas cimentícias,
painéis pré-moldados e esquadrias de dormitórios e portas de entrada) apresentarem ao projetista e ao empreendedor o desempenho de seus
sistemas quando medidos em laboratório. E cabe ao empreendedor analisar esses dados quanto à capacidade de atenderem à condição de
desempenho em campo exigida do incorporador/construtor.

A especificação precisa se basear nesses dados, e o incorporador/construtor deve conhecer, de antemão, as condições de execução e
instalação necessárias para atender aos requisitos e critérios estabelecidos. Qualquer sistema utilizado deve ser passível de demonstração,
para que, quando necessário, se possa efetivamente obter evidências de que os níveis exigidos pela NBR-15575 estão sendo atendidos. Essas
evidências devem estar registradas por resultados de ensaios realizados pelo fabricante.

O usuário, por sua vez, precisa ser informado sobre como suas ações de uso, operação e manutenção podem alterar o desempenho acústico
que recebeu, tais como alterações de paredes, pisos, portas e esquadrias. “Cabe agora a todos os agentes envolvidos efetivamente
incorporarem essa nova cultura às práticas de desenvolvimento de novos empreendimentos residenciais”, conclui o especialista.

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COLABORAÇÃO TÉCNICA
Lineu Passeri Júnior – Arquiteto, mestre e doutor em acústica pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), também é
músico formado pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul. É diretor técnico da Passeri Acústica e Arquitetura (www.passerieassociados.com.br) e membro da
SOBRAC – Sociedade Brasileira de Acústica e da ProAcústica – Associação Brasileira para a Qualidade Acústica. Foi professor de acústica da Universidade
Bandeirante de São Paulo (UNIBAN) e do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (FEBASP). Atuou junto a diversos escritórios de arquitetura e participou do
projeto executivo do Parque Villa-Lobos, em São Paulo. Dirigiu o Departamento de Projetos e Orçamentos da Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo e
foi consultor da Organização das Nações Unidas (ONU). São de sua autoria os projetos executivos de acústica do Hospital Sírio-Libanês, do Museu do Futebol, do
Teatro Municipal de Diadema, do Anfiteatro Camargo Guarnieri da USP e de reconstrução do Auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, entre outros.

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