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CONFORTO AMBIENTAL
AULA 4

Profª Mônica Inês dos Santos Pires

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CONVERSA INICIAL

Este estudo tem o objetivo de apresentar conceitos sobre conforto acústico para o interior de
edificações, com o objetivo de melhorar a qualidade sonora dos ambientes, o que contribui
significativamente para o humor geral e a saúde das pessoas.

CONTEXTUALIZANDO

A conscientização dos profissionais de engenharia, arquitetura e design de interiores sobre a

importância do condicionamento acústico dos ambientes, do controle de ruídos e da preservação da

qualidade ambiental em edificações é uma essencial.

Com o crescimento urbano, a intensificação das fontes produtoras de ruido tem sido um agravante

quanto ao conforto acústico no interior das edificações. No Brasil, o conforto acústico é regulado pelas
normas citadas a seguir. Recomendamos a leitura de todas, pois elas apresentam referenciais

normativos importantes:

NBR 15575-4: Edificações Habitacionais – Desempenho.

ABNT NBR 10151: Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da

comunidade – Procedimento
ABNT NBR 10152 Acústica – Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações.

A acústica desempenha um papel significativo na experiência dos ocupantes das edificações, pois a

poluição sonora tem um impacto negativo na saúde e no bem-estar.

TEMA 1 – CONFORTO ACÚSTICO

O ruído excessivo prejudica gravemente a saúde humana, interferindo nas atividades diárias das

pessoas, na escola, no trabalho, em casa e no lazer. Pode perturbar o sono, causar efeitos

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cardiovasculares e psicofisiológicos, reduzir o desempenho e provocar respostas de incômodo e

mudanças no comportamento social.

Assim, a exposição aos ruídos urbanos (trânsito, fábricas, canteiros de obras, conversas, latidos de

animais, música etc.) interfere em nossa saúde física (stress, fadiga, dores de cabeça, doenças

ocupacionais, perda auditiva, distúrbios cardiovasculares etc.) e psicológica (perda de concentração e

de reflexos, irritação permanente, perturbações do sono etc.) o que afeta a nossa qualidade de vida.

Figura 1 – Efeitos da exposição a ruídos urbanos no ser humano

Crédito: Siberian Art / Shutterstock.

As edificações (residenciais, comerciais ou coorporativas) são constituídas por diferentes materiais,

instalados em pisos, paredes e tetos, que apresentam propriedades acústicas que absorvem, refletem
ou transmitem os sons, influenciando no conforto acústico de seus usuários.

Figura 2 – Conforto acústico em edificações

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Crédito: SpicyTruffel / Shutterstock.

A necessidade de encontrar soluções específicas para o tipo de ruído existente, buscando melhorar

o interior das edificações (residenciais, comerciais ou coorporativas), nos leva a considerar vários
aspectos, entre os quais destacamos:

Paredes executadas em barro, tijolos, concreto ou blocos estruturais: demandam uma camada
isolante para amenizar os sons entre as unidades. Antigamente, as edificações eram construídas
com paredes duplas, para isolar acusticamente as unidades vizinhas. Entretanto, com o passar dos

anos, a execução de paredes divisórias em ambientes simples, sem qualquer tipo de isolamento
acústico, passou a ser uma prática mais frequente, por conta do custo reduzido.
Janelas: em sua maioria, não fornecem isolamento aos ruídos provenientes de fontes externas,

pois são raros os empreendimentos que instalam janelas de vidro duplo, por conta do preço do
material e da mão de obra.
Lajes: construídas com pouca espessura (8 cm ou 9 cm) e sem contrapiso flutuante (manta
aplicada entre a laje e o contrapiso para absorver o impacto). Nesses casos, o barulho é

transmitido internamente à edificação (produzido por impacto ou atrito sobre o piso das
unidades: andar de cima e andar de baixo), em especial por conta do ruído de impacto (como
arrastar moveis, som de sapato, queda de objetos).

Os designers de interiores prezam pela funcionalidade e estética de ambientes internos de uma

edificação. Assim, devem considerar os fatores que contribuem para que um ambiente acústico seja
confortável, o qual influencia o humor e a saúde das pessoas.

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A percepção da qualidade sonora (altura, intensidade e timbre) em um ambiente varia de pessoa

para pessoa. Por exemplo, em um bar com música ao vivo, algumas pessoas podem se sentir
confortáveis com o som, mas outras podem se incomodar.

Ao desenvolver um projeto de conforto acústico para uma edificação (residencial, comercial ou

coorporativas), devemos considerar a influência dos ruídos externos (acústica urbana) e internos

(acústica de interiores).

É importante entender que o projeto acústico destinado ao interior de uma edificação

(residenciais, comerciais ou coorporativas) permite atenuar os ruídos. Entretanto, não é possível isolar
um ambiente completamente.

O primeiro passo é entender de onde vem o barulho (ruído), por exemplo: do vizinho que mora
acima ou ao lado ou da rua, entrando por janelas e portas. Cada caso demanda uma abordagem

diferente:

Tratamento acústico: parte de soluções dentro do ambiente, para deixar o som mais agradável, de

acordo com sua finalidade de uso (exemplo: uso em auditórios para diminuir o nível de
reverberação do som e melhorar a inteligibilidade), ao realizar o tratamento de piso (piso
flutuante instalado entre a laje e o contrapiso), parede (painéis que absorvem o som ou paredes

em dryall com isolante acústico) e teto (placas que absorvem o som) em locais onde o som
reverbera.
Isolamento acústico: tratamento realizado em um ambiente controlado, para que o som não seja
ouvido entre os ambientes (exemplo: uso em estúdios de gravação). É necessário vedar todas as

extremidades, paredes, tetos, pisos e janelas do ambiente, com materiais e acabamentos que
absorvem o som (piso acústico, paredes duplas com isolante acústico, forro acústico ou placa
acústica no teto e portas duplas).

Ambientes mal projetados acusticamente podem gerar desconforto, diminuindo a capacidade de

aprendizado e resultando em experiências ruins para os usuários. Portanto, é preciso avaliar as

necessidades e a função do espaço para garantir o bem-estar auditivo.

TEMA 2 – ANÁLISE DO AMBIENTE ACÚSTICO

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Um projeto acústico de interiores capaz de atender às necessidades e funções de um ambiente é

primordial para alcançar um tempo de reverberação condizente, adequado às reflexões do som,
mantendo ou controlando os níveis de volume em todos os espaços.

Nesse contexto, os aspectos relacionados ao design implicam a necessidade de conhecer as

características físicas (tamanho e forma) do ambiente, buscando entender o tipo de ruído que deve ser

amenizado, para então definir os materiais de acabamento que vão ser executados em paredes, pisos e
tetos, com o objetivo de garantir a qualidade acústica.

Para que um ambiente seja considerado acusticamente confortável, é necessário que o designer de

interiores avalie as necessidades e a função do espaço. Ele deve descobrir quantas pessoas vão

frequentá-lo, estudando o espaço interno quanto à existência de ruídos de fundo (gerado por
equipamentos de aquecimento, ventilação e ar-condicionado de um edifício) e de ruídos em andares

vizinhos, considerando ainda o seu entorno com relação aos ruídos externos (tráfego, edificações etc.),

sempre em diferentes horários.

As residências e os locais de trabalho necessitam garantir um equilíbrio entre as áreas comuns e

privadas. Portanto, a transmissão do som deve ser orientada de forma a proporcionar uma sensação de
segurança e conforto.

As edificações residenciais apresentam diferentes superfícies reflexivas de som (concreto, pedra,

porcelanato, paredes e janelas sem vedação acústica etc.), cuja reverberação nos causa a sensação de
desconforto acústico, justamente em momentos em que deveríamos descansar a nossa mente e o

nosso corpo. Sabemos que é quase impossível criar um ambiente com isolamento total em prédios de

apartamentos de vários andares. No entanto, existem soluções acústicas que conseguem reduzir parte
dos ruídos (internos e externos), contribuindo para a sensação de bem-estar do morador.

Figura 3 – Edificação residencial: ruídos

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Crédito: Viktoria Sokolova / Shutterstock.

Projetos acústicos destinados a espaços públicos (bares, cafés, restaurantes, lanchonetes, museus
etc.) são desenvolvidos para atender as condições mínimas de inteligibilidade auditiva. Quando mal

projetados, afetam a produtividade e o bem-estar dos indivíduos que trabalham messe espaço, por

conta da exposição a conversas, música ambiente, TV ligada, ruídos da rua (tráfego, pessoas, obras
etc.), sons de máquinas (café, chopp etc.), entre outros fontes.

Infelizmente, edificações construídas para comportar instituições de ensino, hospitais e

emergências médicas, lugares que necessitam de ambientes com ruido reduzido, raramente contam

com um projeto acústico.

Figura 4 – Edificação comercial: ruídos em diferentes ambientes

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Crédito: Inspiring / Shutterstock.

Já as edificações coorporativas, dependendo da área de atuação, apresentam espaços variáveis,

como salas de reunião, salas de conferência, salas de treinamento ou ainda auditórios, o que exige um

tratamento acústico específico.

Figura 5 – Edifício corporativo: ruídos entre as salas

Crédito: vectorlab2D / Shutterstock.

2.1 PROPAGAÇÃO DO SOM

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Segundo Carvalho (2010, citado por Silva, 2010, p. 41), o som é “toda vibração ou onda mecânica

gerada por um corpo vibrante, passível de ser detectada pelo ouvido humano.”

Em edificações, a vibração ocorre pela propagação do som através do ar e dos materiais de

construção que as constituem. Consideramos aqui que a audição humana consegue perceber vibrações

entre 20Hz e 20000Hz. Além disso, o som é medido em decibéis (dB), unidade que mede os níveis de
ruído.

Figura 6 – Propagação do som: audição humana

Crédito: SvetaZi / Shutterstock.

Figura 7 – Medição do som em decibéis (dB) em diferentes fontes de ruido

Crédito: VectorMine / Shutterstock.

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No período de isolamento social, por conta da covid-19, muitas vezes perceberam como a
qualidade acústica dos ambientes internos das edificações é um fator essencial, pois proporciona bem-

estar aos seus ocupantes, prevenindo diversos problemas de saúde ocasionados pela poluição sonora.

TEMA 3 – QUALIDADE ACÚSTICA EM AMBIENTES INTERNOS

A qualidade acústica interna de uma edificação é determinada pelo controle das fontes de som

(ruídos) e pela forma como o ouvido humano percebe os ruídos, o que depende diretamente dos níveis
de reverberação, absorção, reflexão e transmissão.

Figura 8 – Comportamento do som ao atingir uma parede

Crédito: Fouad A. Saad / Shutterstock.

Segundo Costa (2003, citado por Silva, 2010, p. 33):

Quando uma onda sonora encontra um obstáculo (no caso da construção civil uma parede) a energia

sonora incidente fica subdividida em duas partes, uma é refletida a outra é absorvida pelo meio, mas

quando o obstáculo possui dimensões reduzidas como uma parede, nem toda energia será absorvida
pelo meio, pois parte é transmitida para o outro ambiente por meio da refração.

A arquitetura do ambiente determina a propagação dos raios sonoros e a influência do tempo de

reverberação. Silva (2010, p. 37) descreve ainda que a reverberação “é resultante de reflexões sonoras

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sucessivas cuja duração garante uma determinada inteligibilidade do som.”

A reverberação ocorre quando o som se reflete dentro de uma sala, mesmo depois que a fonte

silencia, até perder energia. Portanto, com menos reverberação é mais fácil entender a fala em
determinado ambiente.

A inteligibilidade da fala é a capacidade de ouvir e entender uma conversa. Portanto, relaciona-se à

potência sonora, ao nível de ruído de fundo e à atenuação do som entre a fonte sonora e o receptor.

Quanto maior a distância ou volume entre a fonte produtora de ruído e o indivíduo que irá receber
o som, maior será o tempo de reverberação. Portanto, cada ambiente tem um tempo próprio de

reverberação, em função da sua forma e dos tipos de materiais de construção existentes.

Por exemplo, um restaurante com ambiente geralmente fechado, com música, onde as pessoas

ficam sentadas próximas, conversando: é necessário utilizar materiais absorventes no espaço, com o

objetivo de proporcionar conforto acústico, pela redução do ruído de reverberação.

A forma geométrica das edificações (retangular, quadrada etc.), os materiais contidos (pisos, tetos,
paredes etc.) e as pessoas que ocupam os locais influenciam o desempenho acústico do ambiente.

Tipos diferentes de soluções podem ser combinados e implementados de acordo com as

necessidades de uso do ambiente.

TEMA 4 – TIPOS DE RUÍDO (IMPACTO E VIBRAÇÃO)

O ruido é qualquer fonte sonora considerada desagradável ao ser humano. Pode ser classificado,
de acordo com a NBR 15.575-4 (ABNT, 2013), da seguinte forma:

Ruídos aéreos: transmitidos através do ar. Portanto, resultam de atividades humanas (por

exemplo: voz, música, televisão, buzina de carro, indústrias.). São classificados em ruídos diretos

(atinge um lado da parede e é transmitido para o outro) e ruídos secundários (atinge uma parede,

fazendo vibrar estruturas adjacentes, como teto, piso e paredes).

Figura 9 – Ruídos aéreos

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Crédito: Peakstock / Shutterstock.

Ruídos de impacto: resultantes do impacto sobre a estrutura de uma edificação (exemplo: passos,

queda de objetos, marteladas na parede, etc.) entre andares.

Figura 10 – Ruídos de impacto

Crédito: riopatuca / Shutterstock.

Segundo Carvalho (2010, citado por Silva, 2010, p. 41):

Os ruídos geram no homem inúmeras implicações (físicas, psicológicas, fisiológicas), assim a

exposição a sons de alta intensidade por longa duração pode causar danos irreversíveis, e isso varia de

um indivíduo para outro, em função da maior ou menor sensibilidade auditiva, daí a necessidade de se
estabelecer níveis de ruídos aceitáveis por aferição instrumental.

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O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece a legislação, vigente em todo

território nacional, referente a ruídos. Já a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabelece
normas específicas, como a NBR – 10151, que apresenta os níveis de ruídos em áreas habitadas,

visando garantir o conforto da comunidade, e a NBR – 10152, que apresenta os níveis sonoros de

conforto e os níveis sonoros aceitáveis para diversos ambientes internos.

Os estados e municípios são os responsáveis por elaborar normas referente ao controle de ruído

urbano, de acordo com o zoneamento das cidades.

Os ruídos que afetam o ambiente de uma edificação podem advir de atividades exercidas em seu

interior ou do ambiente externo. O raio sonoro incide sobre as superfícies do ambiente, refletindo em

nossa direção.

A maior parte das edificações apresenta espessura mínima de laje, o que reduz a eficiência do

desempenho acústico no ambiente, pois as paredes e estruturas transmitem a vibração sonora que
recebem da laje.

Por exemplo, quando o morador do andar de cima de um apartamento derruba um objeto no

chão, a laje vibra o ar do apartamento de baixo, e assim o som chega até o ouvido do morador daquele

apartamento.

Os ruídos resultantes de ambientes externos (sistema viário, bares, residências etc.) têm grande
influência nos ambientes internos das edificações, principalmente por conta do uso de materiais de

baixa qualidade acústica em diversas construções.

O controle do ruído é essencial para o bem-estar do usuário, pois entre os problemas de saúde

ligados à poluição sonora, destaque para: perda auditiva induzida por ruído (PAIR), pressão alta,

doenças cardíacas, distúrbios do sono e estresse. Tais condição afetam diferentes faixas etárias da
população, principalmente as crianças, levando a deficiências de memória e problemas de nível de

atenção e habilidade de leitura.

Várias pesquisas realizadas pelo mundo têm enfatizado que o aumento do ruído interfere na

ecolocalização, habilidade importante para muitos animais, utilizada para comunicação, navegação,

alimentação e busca por parceiros, na terra e nos oceanos. Esse fator reforça a importância de agregar
projetos acústicos aos empreendimentos, tanto os já construídos quanto aqueles em fase de projeto.

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Figura 11 – Ruídos afetam a saúde do planeta

Crédito: VectorMine / Shutterstock.

TEMA 5 – MATERIAIS ACÚSTICOS

Conforme já apresentamos, a qualidade acústica de um ambiente afeta as pessoas em termos

fisiológicos, psicológicos, cognitivos e comportamentais.

O ideal é que as edificações sejam tratadas acusticamente durante a fase de construção.

Entretanto, é possível reduzir o nível de ruído nos ambientes internos de edificações já construídas, por

meio da realização de um projeto acústico capaz de atender às necessidades do espaço (isolamento

acústico ou tratamento acústico), a partir da análise dos materiais utilizados na construção.

O isolamento acústico tem como objetivo assegurar determinado nível sonoro interno nas

edificações. Para isso, é necessário que as paredes e as lajes sejam espessas e pesadas. Exemplos de

aplicação: estúdios de gravação, estúdios de música, teatros e cinemas, lugares onde não desejamos
que o som de dentro seja ouvido do lado de fora (e vice-versa).

Para isolar os ruídos aéreos, é importante instalar materiais absorventes no teto (entre o forro e a

laje superior) e no interior das paredes (alvenaria ou drywall). Recomenda-se ainda a utilização de

janelas anti-ruído e de portas acústicas. Para isolar os ruídos de impacto, recomenda-se a instalação de

um contrapiso flutuante acústico sobre a laje do andar de cima do ambiente, executando paredes (com
materiais absorventes em seu interior) sobre as paredes de alvenaria existentes, além de forro acústico

ou placa acústica no teto.

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Entretanto, o isolamento de um ambiente não é uma tarefa fácil, pois é preciso vedar

minuciosamente todas as paredes, janelas, tetos, pisos e frestas, com materiais específicos, o que exige

a contratação de profissionais qualificados.

O tratamento acústico consiste em deixar o ambiente mais confortável acusticamente, distribuindo

o som pelo espaço, com materiais de absorção sonora (por exemplo: lã de vidro no interior de uma
parede de drywall) ou materiais difusores, capazes de espalhar a energia sonora para melhorar o som

(por exemplo: placas acústicas instaladas sobre as paredes e o teto).

A absorção acústica está ligada à capacidade de um material de absorver o som, minimizando a

reflexão das ondas sonoras em determinado ambiente. Assim, o som desaparece imediatamente após a

sua emissão.

Para obter uma boa absorção sonora, é necessário utilizar materiais que absorvem a reverberação

e os ecos existentes em um ambiente (exemplo: lã de vidro, lã de rocha e lã de PET).

Os materiais considerados mais absorventes são: lã se vidro, lã de rocha, espumas acústicas e

chapas acústicas de fibras de madeira. Os menos absorventes são: alvenaria rebocada, concreto

aparente, vidro, mármore, granilite, superfície metálica, cerâmicas e porcelanatos.

A difusão acústica espalha as ondas sonoras refletidas no ambiente, reduzindo os efeitos do eco e

da reverberação.

Para garantir a difusão sonora em um ambiente, podem ser instalados painéis curvos sobre

paredes e tetos. Por exemplo, em uma sala de concerto, painéis de difusão são usados para melhorar a

qualidade do som, ajudando a criar sensação de espaço.

A seguir, veremos alguns materiais acústicos que podem ser usados em edificações já construídas

para melhorar o conforto acústico:

Janelas: janelas de vidro duplo, pois são preenchidas com um material redutor de som, sendo

mais eficientes do que as janelas de vidro simples. É possível ainda instalar uma segunda janela
interna sobre a janela existente. Entretanto, será necessário aumentar a espessura da parede

existente em alguns centímetros.

Figura 12 – Janela de vidro duplo

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Crédito: Andrey Ch / Shutterstock.

Paredes: podem ser insonorizadas, utilizando um isolante para reduzir os ruídos:

Construir uma parede em drywall, adicionando um material isolante em seu interior

(exemplo: lã de rocha, lã de PET ou lã de vidro) sobre a parede existente. Como será

construída uma camada extra sobre a parede, existente a área do ambiente diminui em

alguns centímetros. Caso opte por construir paredes em alvenaria, o ideal é executar dois

panos de alvenarias separados e preenchidos com um material absorvente (exemplo: lã de

rocha, lã de PET ou lá de vidro).

Figura 13 – Parede em drywall sobre as paredes existentes

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Crédito: Franck Boston / Shutterstock.

Instalar painel acústico rígido composto por lã de vidro, com resinas sintéticas revestidas em
uma ou ambas as faces, com véu de vidro e tecido de vidro sobre as paredes existentes.

Figura 14 – Painéis acústicos instalados sobre paredes já existentes

Crédito: vizinspiration / Shutterstock.

Teto: instalar painéis de teto, que são destacados da laje superior, funcionando da mesma

forma que um painel de parede. Entretanto, precisam ficar pendurados no teto, para criar

uma cavidade que possa amortecer as vibrações do apartamento acima.

Figura 15 – Painéis acústicos de teto

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Crédito: Peter Sobo / Shutterstock.

Alguns profissionais que atuam na área de acústica afirmam que o uso de revestimentos – por

exemplo, pisos de madeira ou vinílicos com manta acústica (pisos flutuantes), carpetes, tapetes, cortinas

com tecido pesado, mobiliário bem posicionados pelo ambiente – contribui para minimizar os níveis de

ruídos em edificações. Entretanto, sabemos que o som (neste caso, o ruido) é uma vibração que se

propaga em um meio. Assim, o seu comportamento depende das propriedades dos materiais utilizados

na construção das edificações.

O projeto acústico ajuda a mitigar as frustrações causadas pela poluição sonora externa e pelos

ruídos internos em um ambiente. No entanto, na maior parte das vezes, o projeto acústico é

negligenciado.

A acústica desempenha um papel fundamental para a Qualidade Ambiental Interna (IEQ) das
edificações, que é o princípio fundamental de programas de certificação, como o LEED (Leadership in

Energy and Environmental Design: sistema internacional de certificação e orientação ambiental para

edificações), afetando amplamente o conforto e o bem-estar de seus ocupantes.

NA PRÁTICA

A partir do conteúdo estudado nesta etapa, pesquise: qual a importância do projeto acústico para
o interior das edificações?

TROCANDO IDEIAS
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Para ilustrar os conceitos apresentados nesta etapa, acesse o link a seguir e leia o seguinte artigo
sobre painéis acústicos decorativos.

STEIN, J. 23 Decorative Acoustic Panel Ideas. Kirei, 8 jul. 2019. Disponível em: <https://www.kireius

a.com/blog/decorative-acoustic-panels/>. Acesso em: 23 set. 2022.

FINALIZANDO

Começamos com o conceito de conforto acústico para o interior de edificações. Abordamos ainda
a importância de desenvolver um projeto acústico de interiores capaz de atender às necessidades e

funções de um ambiente. Para tanto, descrevemos as fontes de som que influenciam a qualidade

acústica interna das edificações, considerando os tipos de ruídos para o conforto acústico. Por fim,

avaliamos os tipos de materiais que podem ser utilizados para o tratamento acústico em edificações.

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575-4: Edificações Habitacionais –

Desempenho. Brasília, 2013.>

SILVA, K. de S. Conforto Acústico na Concepção do Projeto de Arquitetura: Estudo de Caso –

Igrejas Evangélicas a Pioneira no Município de Macapá. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –

Universidade Federal do Amapá, Macapá, 2010.

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