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FUNDAMENTOS DO DESIGN

AULA 4

Prof.ª Shirlei Miranda Camargo


CONVERSA INICIAL

Você sabe a diferença entre design e arte? Ou entre design e artesanato?


Não seria tudo “arte”, pois todos se preocupam em fazer algo “belo”? E design
autoral, já ouviu falar? É algo que está bem na moda! Com tantos
questionamentos, a ideia nesta aula é aprender um pouco mais sobre a profissão
de designer, portanto, serão abordados tópicos como o perfil de um designer, a
remuneração média da profissão e também vamos diferenciar design, arte,
artesanato e design autoral.

CONTEXTUALIZANDO

Obviamente, se você está lendo esta aula é porque alguma coisa motivou
você a querer se tornar um designer de sucesso, certo? E, por meio dos
conteúdos abordados anteriormente, deu para perceber a importância dessa
profissão para a sociedade, não é? Tanto é que uma das possibilidades de
atuação para o designer chama-se “design social”. Já ouviu falar? Veja um
exemplo a seguir retirado do site Design Culture (Ribeiro, 2018).

Leitura complementar
• O estudante de design Hikaru Imamura criou um kit básico para vítimas
de desastres naturais. O kit conta com uma bacia de metal, um manual
sobre como transformar o tonel em fogão à lenha, pacotes de arroz
desidratado, garrafas de água, utensílios, luvas de trabalho, toalhas e 200
porções de comida pré-cozida. Além disso, a própria embalagem de
madeira pode ser usada como lenha para produzir calor. Cada tambor
possui comida e água suficiente para manter 30 pessoas por 2 dias, tempo
de espera estimado de que a ajuda humanitária/governamental precisaria
para chegar até áreas de difícil acesso (Ribeiro, 2018).

Nesta aula, veremos também as outras possibilidades de atuação do


design nas suas diferentes áreas.

TEMA 1 – PROFISSIONAL DE DESIGN

Como vimos anteriormente, algumas pessoas confundem “designer” com


“design”. Designer é o profissional, a pessoa que faz design. Segundo o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o designer é um
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profissional que analisa e combina uma série de coisas como técnicas, métodos,
materiais, tecnologias, processos produtivos, custos, normas técnicas e legais.
Dessa forma, ele tenta atender às necessidades do projeto e do cliente, dentro
de um orçamento pré-estabelecido (Sebrae, 2019). Resumidamente, o designer
“ajuda a dar forma e ordem às amenidades da vida, seja no contexto de
fabricação, ou de lugar e ocasião” (Potter, 1980, p.10).
E como já vimos, a área de atuação de um designer pode ser muito ampla,
indo de desenvolvimento de rodas de carros até interfaces de celulares. Tal fato
acabou levando o design a ter uma série de especializações, e até a uma certa
banalização no uso dessa palavra: food design, hair design, body design etc.
Além disso, muito vezes o designer é confundido com publicitário, estilista,
arquiteto... (Arrivabene, 2009).
Em relação ao mercado de trabalho, afirma-se que o design é um dos
pilares da “economia criativa” – indústrias e serviços voltados ao bem-estar do
consumidor com a intenção de oferecer produtos e experiências diferenciadas.
Além disso, o design é fundamental para a indústria, principalmente para
aquelas que comercializam seus produtos no mercado externo. Essa
preocupação já não é tão recente, pois, há mais de 20 anos, o Ministério da
indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil lançou o Programa Brasileiro
do Design com a ideia de promover o desenvolvimento do design brasileiro. No
entanto, o mercado de trabalho do design brasileiro ainda tem muito a crescer.
(Guia do Estudante Abril, 2019).
Entre as possibilidades de atuação do designer, merecem destaque:

• incubadoras de projetos, independentes ou ligadas a universidades;


• escritórios de design, atendendo a demandas nas áreas de design de
produtos, editorial, gráfico, animação, games e interiores;
• escritórios de arquitetura, com design gráfico e de interiores;
• agências de publicidade, com design gráfico, animação e games;
• indústrias nas áreas de desenvolvimento de produtos e gráfico;
• comércio, bem como comércio eletrônico;
• TVs, jornais e revistas, no design de animação, gráfico e editorial;
• entretenimento, nas áreas do design de games e animação;
• educação, na produção de material para o design instrucional;

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• ONGs e outras organizações por meio do design social.

Ainda, o designer pode trabalhar por contrato, como funcionário de uma


empresa, em escritórios próprios ou ser um consultor autônomo em projetos
pontuais. Em um processo de design, ele pode atuar desde o planejamento,
passando pela criação e desenvolvimento dos produtos/serviços em si, até a
gestão integrada do projeto e o acompanhamento da produção (Sebrae, 2016).
E você sabe quais são os atributos desejados em um designer, já que em
breve você será um?
De acordo com o site ID7, especializado na criação visual de empresas e
profissionais autônomos, um bom designer é aquele que é: solucionador (busca
soluções rápidas para os problemas de quem o contratou); conhecedor
(conhece a visão do cliente principalmente com ajuda de briefings); objetivo
(escuta o cliente e oferece uma solução clara e objetiva); funcional (não oferece
somente algo bonito, mas sim funcional); experiente (tem um portfólio bem
construído, organizado para mostrar melhor os trabalhos realizados).
Complementando essas informações, conforme o Sebrae (2019), os
requisitos de um designer devem ser:

• estar sintonizado às mudanças e novidades do mundo globalizado;


• ter criatividade para propor soluções inovadoras;
• possuir formação e capacitação técnica para desenvolver projetos;
• ter capacidade para analisar, avaliar e solucionar problemas;
• habilidade para atuar com pessoas de outras áreas;
• possuir responsabilidade e ética para atuar segundo os valores da
sociedade.

Ou seja, o designer deve ser uma pessoa criativa, atenta às novidades e


tendências, socializável, além de possuir formação específica.
No entanto, a profissão designer não é regulamentada no Brasil (como na
Itália e em outros países), assim como outras profissões, por exemplo, a de
jornalista.
Porém, isso não significa que as profissões não regulamentadas não são
reconhecidas; elas inclusive seguem a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). Enfim, elas exigem preparo e técnica, mas não necessariamente
precisam de uma formação formal (Saiba..., 2014).

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Porém, em 2017, o deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame,
afirmando que essa regulamentação interessa ao consumidor – logo, a
sociedade como um todo –, colocou em votação o Projeto de Lei 6.808/2017,
que regulamenta a profissão de designer (Haje, 2017).
De acordo com a nova proposta que ainda está sendo avaliada, os
designers deverão ter graduação em design ou em áreas afins (comunicação
visual, desenho industrial, programação visual, projeto de produto, design
gráfico, design industrial, design de moda e design de produto) em curso
devidamente registrado e reconhecido pelo Ministério da Educação (Haje, 2017).
E, caso o projeto de lei seja aprovado, os designers passarão a contar
com a proteção de sindicatos, terão a definição de um piso salarial, poderão
participar de licitações do governo, e, em contrapartida, também terão deveres
e obrigações (serão responsabilizados por suas atividades) (Designers..., 2012).

TEMA 2 – ÁREAS DE ATUAÇÃO E REMUNERAÇÃO

Agora vamos falar mais especificamente das atribuições de um designer


(Haje, 2017).

• Planejamento e projeto de sistemas, produtos ou mensagens visuais


ligados aos respectivos processos de produção industrial, objetivando
assegurar sua funcionalidade ergonômica, sua correta utilização,
qualidade técnica e estética, e racionalização estrutural.
• Projetos, aperfeiçoamento, formulação, reformulação e elaboração de
desenhos industriais ou sistemas visuais sob a forma de desenhos,
diagramas, memoriais, maquetes, artes finais digitais, protótipos e outras
formas de representação bi e tridimensionais.
• Estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e
divulgação de caráter técnico-científico ou cultural no âmbito de sua
formação profissional
• Pesquisas e ensaios, experimentações em seu campo de atividade e em
campos correlatos, quando atuar em equipes multidisciplinares.
• Desempenho de cargos e funções em entidades públicas e privadas cujas
atividades envolvam desenvolvimento e/ou gestão na área de design.
• Coordenação, direção, fiscalização, orientação, consultoria, assessoria e
execução de serviços ou assuntos de seu campo de atividade.

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• Exercício do magistério em disciplinas em que o profissional esteja
adequadamente habilitado.
• Desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais,
paraestatais, autárquicas, de economia mista e de economia privada.

Ainda segundo o site Vagas, as palavras-chave que mais se repetem na


descrição das vagas publicadas sobre designer em suas páginas são (Vagas,
2019):

• criação e desenvolvimento;
• responsável pela criação;
• criação de layouts;
• criação de peças;
• design gráfico.

Perceba que a palavra criação aparece com muita frequência. Portanto,


onde quer que se atue, terá que ser com criatividade! Enfim, as atribuições de
um designer são muitas e bem importantes para nossa sociedade e sempre
estão envolvidas com a criatividade. Se você é criativo, bem-vindo ao time!
Agora, se você não se acha assim “tão” criativo, não se preocupe, pois ao longo
do curso você vai desenvolver sua criatividade.
Já em relação à remuneração do designer, de acordo com o site Vagas,
o salário médio é de aproximadamente 2,34 salários mínimos, mas varia
conforme a experiência. De maneira mais detalhada, temos a seguir um quadro
com mais informações sobre a variação dos salários de um designer em relação
à experiência e também ao porte da empresa.

Quadro 1 – Média salarial de um designer segundo experiência x porte da


empresa em salários mínimos

Porte da Nível Profissional


Empresa
Trainee Júnior Pleno Sênior Master
Pequena 1,70 1,96 2,25 2,59 2,98
Média 2,04 2,35 2,70 3,11 3,57
Grande 2,45 2,82 3,24 3,73 4,29

* salário mínimo de R$ 998,00

Fonte: Trabalha Brasil, 2019.

O que você achou dos salários? Já tinha uma noção? Quem sabe a
regulamentação da profissão ajuda a definir um piso salarial melhor. Contudo,
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mais adiante também abordaremos a questão do designer como profissional
autônomo, que é outra possibilidade de trabalho. A seguir, faremos alguns
esclarecimentos sobre o escopo do design.

TEMA 3 – DIFERENÇAS ENTRE DESIGN E ARTESANATO

Alguns definem o artesanato como uma atividade socioeconômica, e


outros, como a expressão cultural de um povo (Souza, 1991). Segundo Brasil
(2012), o artesanato está ligado à cultura, é produzido em pequena escala por
meios tradicionais ou rudimentares. Por sua vez, Souza (1991, p. 34) define
artesanato como “[...] uma atividade com finalidades comerciais, que pode ser
desenvolvida com ou sem o uso de máquinas rudimentares, onde predomina a
habilidade manual e a criatividade de seu agente produtor, e desde que a sua
produção não se realize em série.”
Existem várias formas de classificar o artesanato. O Sebrae classifica
seus diferentes tipos como: indígena, conceitual, tradicional e cultural (Mascêne;
Tedeschi, 2010).
Segundo Freitas (2017), o artesanato surgiu da necessidade de o ser
humano se alimentar, se abrigar e mesmo se expressar e, portanto, está
presente na vida humana desde os povos primitivos. Ou seja, o artesão era a
pessoa que transformava a matéria-prima em produto acabado por meio de suas
próprias mãos. A partir do século XI, o artesanato se organizou em pequenos
espaços que começaram a surgir, chamados de “oficinas”. Eram comandadas
pelo mestre-artesão, que detinha o conhecimento e comandava os aprendizes,
que recebiam roupas, alimentação e o conhecimento em troca de sua mão de
obra. Assim, criaram-se as “corporações de ofício”: organizações em que cada
mestre-artesão representava sua cidade ou região protegendo seus interesses
socioeconômicos (IBDA, 2019)
Freitas (2017) comenta que o artesanato teve grande influência no
desenvolvimento da industrialização, entretanto, essa mesma industrialização
contribuiu para a “marginalização” do artesanato. Com a Revolução Industrial,
houve uma desvalorização dos trabalhos manuais em detrimento da
mecanização e da produção em escala (em grande quantidade) (IBDA, 2019).
Ou seja, “foi também um período de contestação, de um lado o capitalismo a
todo vapor e de outro artistas e pensadores”. Tanto é que algum tempo depois

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foi criado o grupo “Artes e Ofícios”, por William Morris (IBDA, 2019), como vimos
anteriormente, no breve histórico sobre a origem do design.
No Brasil, podemos considerar os índios os primeiros artesãos, com sua
cerâmica, pintura com tingimentos naturais, cestarias e arte plumária (IBDA,
2019).
Portanto, podemos concluir que o artesanato envolve trabalhos manuais
de poucas unidades. Logo, o design se difere do artesanato, pois se preocupa
em produzir produtos em grande escala (muitas unidades) e, para isso, conta
com a industrialização de seus processos. Resumindo: o artesanato faz poucos
produtos de maneira artesanal e o design faz muitos produtos de forma industrial.
Contudo, em nada um é superior ao outro, apenas são propostas
diferentes. O artesanato faz parte do folclore de cada região, funcionando como
memória de usos, costumes e tradições importantes da cultura, sendo inclusive
um dos mais ricos do mundo. Além disso, o artesanato é de extrema importância
para o país, pois proporciona o sustento de muitas famílias e comunidades
(IBDA, 2019).

TEMA 4 – DIFERENÇAS ENTRE DESIGN E ARTE

Há uma linha tênue entre design e arte. É muito comum um designer ser
chamado de artista ou ver seus trabalhos nomeados como arte (Vinícius, 2017).
Pode ser porque, no início da industrialização, eram os artesãos e artistas que
realizavam os “desenhos industriais”, herdeiros do secular “desenho ornamental”
(Eguchi; Pinheiro, 2010, p. 1.676).
No entanto, na Revolução Industrial, quando surgiu o design
efetivamente, os artistas-designers notaram que a união entre arte e indústria
era algo “complicado” (Hsuan-an, 2017). Isso porque o design é objetivo, ou seja,
tem um propósito, a função de resolver algum problema. Por sua vez, a arte é
subjetiva, pois os sentimentos do artista ditam a arte, e não um cliente ou algum
problema que precisa ser resolvido. Isso significa que a arte tem seu valor em si
e não por alguma função que exerce (Vinícius, 2017).
Segundo Fideles (2014), “[...] a principal diferença entre arte e design é
que a arte faz perguntas, já o design responde. O design existe para preencher
uma necessidade. Arte não preenche nenhuma necessidade, exceto a sua
própria necessidade interna de existir e desafiar o espectador.”

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Outra diferença é que, no design, há regras: o grid para fazer uma
diagramação, a roda de cores para optar pela melhor combinação, as regras de
composição e layout. Ou ainda, qual problema será resolvido, se a ergonomia
do produto está adequada, entre outros. Já na arte (principalmente depois do
modernismo) não há regras (Fideles, 2014). Por exemplo, o famoso artista pop
Andy Warhol transformou em arte 32 latas de sopa (Figura 1).

Figura 1 – Latas de sopa que compuseram a obra de Andy Warhol

Crédito: Giuliano Del Moretto/Shutterstock.

Vídeo
• Saiba mais sobre Andy Warhol no link a seguir. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=CV4c-nNXoeU>.

Portanto, podemos definir o designer como um profissional que elabora


um projeto inovador, criativo, que explora diferentes materiais, utilizando o modo
de produção industrial, indo do protótipo à seriação (produção em série de um
objeto). Contudo, o designer também se preocupa com o belo e com a cultura,
pois como Eguchi e Pinheiro (2010) afirmam, o designer é o “artista” da indústria,
que coloca valores, principalmente estéticos e culturais, nos objetos (Eguchi;
Pinheiro, 2010). Resumindo, designers e artistas são diferentes porque, o
primeiro, tem o propósito de resolver algo e segue certas regras; já o segundo
não, contudo, ambos estão extremamente inter-relacionados, pois se preocupam
com a estética.

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TEMA 5 – DIFERENÇAS ENTRE DESIGN E DESIGN AUTORAL

Embora a questão da autoria no âmbito do design pareça ser recente, ela


surgiu, como vimos anteriormente, com William Morris, em 1880, que já praticava
design autoral escrevendo, projetando, ilustrando e produzindo seus próprios
livros (McCarthy, 2013, citado por Pires, Weimar, 2015). Contudo, somente no
final dos anos 1980 e início dos anos 1990 é que esse assunto foi retomado.
O design é, por natureza, um processo colaborativo, o que indica que
requer mais do que um elemento produtor (uma pessoa produzindo): designer +
cliente ou equipe de designers (ou de outros setores) + cliente. Além disso, o
design é essencialmente uma atividade anônima (Pires; Weymar, 2015). Por
exemplo, você sabe quem fez o banner da Uninter? Ou quem projetou o banco
do ônibus que você utiliza?
O questionamento sobre o designer como autor iniciou nos Estados por
meio do ensaio “The designer as author” (“O designer como autor”), de 1996, de
Michael Rock. Ele trouxe à tona a discussão sobre a atividade do designer, que
poderia ultrapassar a função de projetista. Na ótica do design autoral, o designer
é visto como produtor de conteúdo e não apenas aquele que cria ou dá forma a
algo solicitado por alguém. Ou seja, ele não apenas responde aos problemas
propostos pelo cliente, mas sim cria, elabora, concebe (Tinga, 2017).
Contudo, segundo Cris Rosenbaum, em entrevista exclusiva à Haus, o
design autoral é uma tendência: “o movimento do design autoral vem ganhando
força. As pessoas estão cada vez mais interessadas em saber de onde vem e
quanto tempo demorou para se fazer a peça, em entender o trabalho dos
artistas” (Haus, 2017).
Observa-se, no Brasil, que muitos designers em busca de um caminho
próprio estão criando e viabilizando a produção de suas próprias criações
autorais. No passado, acreditava-se que o único caminho possível para se fazer
design era dentro de uma grande empresa ou em um escritório de design e
poucos profissionais optavam por criar suas próprias linhas de produtos. No
entanto, a nova geração de designers brasileiros já aposta mais em suas
próprias ideias de produtos licenciando seus projetos ou ainda criando suas
próprias marcas (Monnerat, 2013).
Como o designer carioca Pedro Braga afirma:

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Cresci numa geração que busca desenvolver e amadurecer o seu
trabalho utilizando os novos meios produtivos – muitos automatizados
– e inovando em metodologias alternativas de criação e produção.
Uma geração que, apesar de não deter os meios produtivos em seu
atelier, ou escritório, possui o conhecimento adequado e as
parcerias necessárias na indústria para viabilizar suas ideias em
produtos autorais, com bastante personalidade. Nesse contexto,
consigo desenvolver meus projetos no meu escritório, em casa,
utilizando esboços manuais, ilustrações tridimensionais e material
básico para elaboração de modelos em escala, já que os protótipos
podem ser feitos junto com os parceiros da produção (Monnerat, 2013).

Um exemplo de design autoral é o case da coleção Privilège, de 2012,


composta de banco e cadeira inspirados nos “banquinhos de obra” existentes
nos canteiros de obra da construção civil. A força do desenho e a sua
simplicidade chamam atenção e nos levam à reflexão (Sigaud, 2013)
Enfim, esse é um tema novo e, portanto, as discussões sobre em que
situação o designer poderá ser considerado autor e também como gerir as duas
atividades – designer x designer autoral – continuarão (Tinga, 2017).

TROCANDO IDEIAS

Como vimos nesta aula, existe uma linha tênue entre design, arte e
artesanato. Leia a reportagem “Designer brasileiro é nomeado patrono de arte
em prêmio internacional de Cultura”, disponível em:
<https://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo-cultura/marcelo-rosenbaum-
patrono-arte-montblanc/>.
Agora, reflita e dê sua opinião. Na reportagem anterior, os objetos
fabricados no projeto “A Gente Transforma” são arte, artesanato ou design?
Porque você acha isso?

NA PRÁTICA

Discutimos, nesta aula, a diferença (e semelhanças) entre design, arte e


artesanato. Identifique, nos objetos de sua convivência, um que seja definido
como arte, outro artesanato e outro design. Mostre-os para outras pessoas e
pergunte para elas como elas os classificam e por quê. Será que elas vão
perceber as diferenças?

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FINALIZANDO

Nesta aula, foi possível se inteirar um pouco mais sobre a profissão que
você escolheu seguir. Aprendemos sobre a profissão em si e seu escopo,
diferenciando-a de artistas e artesãos, assim como lhe apresentamos outra
perspectiva da profissão: o design autoral. Também tratamos da remuneração e
da importante e controversa questão da regulamentação da profissão de
designer no Brasil.

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REFERÊNCIAS

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