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AULA 4
CONTEXTUALIZANDO
Obviamente, se você está lendo esta aula é porque alguma coisa motivou
você a querer se tornar um designer de sucesso, certo? E, por meio dos
conteúdos abordados anteriormente, deu para perceber a importância dessa
profissão para a sociedade, não é? Tanto é que uma das possibilidades de
atuação para o designer chama-se “design social”. Já ouviu falar? Veja um
exemplo a seguir retirado do site Design Culture (Ribeiro, 2018).
Leitura complementar
• O estudante de design Hikaru Imamura criou um kit básico para vítimas
de desastres naturais. O kit conta com uma bacia de metal, um manual
sobre como transformar o tonel em fogão à lenha, pacotes de arroz
desidratado, garrafas de água, utensílios, luvas de trabalho, toalhas e 200
porções de comida pré-cozida. Além disso, a própria embalagem de
madeira pode ser usada como lenha para produzir calor. Cada tambor
possui comida e água suficiente para manter 30 pessoas por 2 dias, tempo
de espera estimado de que a ajuda humanitária/governamental precisaria
para chegar até áreas de difícil acesso (Ribeiro, 2018).
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• ONGs e outras organizações por meio do design social.
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Porém, em 2017, o deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame,
afirmando que essa regulamentação interessa ao consumidor – logo, a
sociedade como um todo –, colocou em votação o Projeto de Lei 6.808/2017,
que regulamenta a profissão de designer (Haje, 2017).
De acordo com a nova proposta que ainda está sendo avaliada, os
designers deverão ter graduação em design ou em áreas afins (comunicação
visual, desenho industrial, programação visual, projeto de produto, design
gráfico, design industrial, design de moda e design de produto) em curso
devidamente registrado e reconhecido pelo Ministério da Educação (Haje, 2017).
E, caso o projeto de lei seja aprovado, os designers passarão a contar
com a proteção de sindicatos, terão a definição de um piso salarial, poderão
participar de licitações do governo, e, em contrapartida, também terão deveres
e obrigações (serão responsabilizados por suas atividades) (Designers..., 2012).
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• Exercício do magistério em disciplinas em que o profissional esteja
adequadamente habilitado.
• Desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais,
paraestatais, autárquicas, de economia mista e de economia privada.
• criação e desenvolvimento;
• responsável pela criação;
• criação de layouts;
• criação de peças;
• design gráfico.
O que você achou dos salários? Já tinha uma noção? Quem sabe a
regulamentação da profissão ajuda a definir um piso salarial melhor. Contudo,
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mais adiante também abordaremos a questão do designer como profissional
autônomo, que é outra possibilidade de trabalho. A seguir, faremos alguns
esclarecimentos sobre o escopo do design.
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foi criado o grupo “Artes e Ofícios”, por William Morris (IBDA, 2019), como vimos
anteriormente, no breve histórico sobre a origem do design.
No Brasil, podemos considerar os índios os primeiros artesãos, com sua
cerâmica, pintura com tingimentos naturais, cestarias e arte plumária (IBDA,
2019).
Portanto, podemos concluir que o artesanato envolve trabalhos manuais
de poucas unidades. Logo, o design se difere do artesanato, pois se preocupa
em produzir produtos em grande escala (muitas unidades) e, para isso, conta
com a industrialização de seus processos. Resumindo: o artesanato faz poucos
produtos de maneira artesanal e o design faz muitos produtos de forma industrial.
Contudo, em nada um é superior ao outro, apenas são propostas
diferentes. O artesanato faz parte do folclore de cada região, funcionando como
memória de usos, costumes e tradições importantes da cultura, sendo inclusive
um dos mais ricos do mundo. Além disso, o artesanato é de extrema importância
para o país, pois proporciona o sustento de muitas famílias e comunidades
(IBDA, 2019).
Há uma linha tênue entre design e arte. É muito comum um designer ser
chamado de artista ou ver seus trabalhos nomeados como arte (Vinícius, 2017).
Pode ser porque, no início da industrialização, eram os artesãos e artistas que
realizavam os “desenhos industriais”, herdeiros do secular “desenho ornamental”
(Eguchi; Pinheiro, 2010, p. 1.676).
No entanto, na Revolução Industrial, quando surgiu o design
efetivamente, os artistas-designers notaram que a união entre arte e indústria
era algo “complicado” (Hsuan-an, 2017). Isso porque o design é objetivo, ou seja,
tem um propósito, a função de resolver algum problema. Por sua vez, a arte é
subjetiva, pois os sentimentos do artista ditam a arte, e não um cliente ou algum
problema que precisa ser resolvido. Isso significa que a arte tem seu valor em si
e não por alguma função que exerce (Vinícius, 2017).
Segundo Fideles (2014), “[...] a principal diferença entre arte e design é
que a arte faz perguntas, já o design responde. O design existe para preencher
uma necessidade. Arte não preenche nenhuma necessidade, exceto a sua
própria necessidade interna de existir e desafiar o espectador.”
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Outra diferença é que, no design, há regras: o grid para fazer uma
diagramação, a roda de cores para optar pela melhor combinação, as regras de
composição e layout. Ou ainda, qual problema será resolvido, se a ergonomia
do produto está adequada, entre outros. Já na arte (principalmente depois do
modernismo) não há regras (Fideles, 2014). Por exemplo, o famoso artista pop
Andy Warhol transformou em arte 32 latas de sopa (Figura 1).
Vídeo
• Saiba mais sobre Andy Warhol no link a seguir. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=CV4c-nNXoeU>.
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TEMA 5 – DIFERENÇAS ENTRE DESIGN E DESIGN AUTORAL
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Cresci numa geração que busca desenvolver e amadurecer o seu
trabalho utilizando os novos meios produtivos – muitos automatizados
– e inovando em metodologias alternativas de criação e produção.
Uma geração que, apesar de não deter os meios produtivos em seu
atelier, ou escritório, possui o conhecimento adequado e as
parcerias necessárias na indústria para viabilizar suas ideias em
produtos autorais, com bastante personalidade. Nesse contexto,
consigo desenvolver meus projetos no meu escritório, em casa,
utilizando esboços manuais, ilustrações tridimensionais e material
básico para elaboração de modelos em escala, já que os protótipos
podem ser feitos junto com os parceiros da produção (Monnerat, 2013).
TROCANDO IDEIAS
Como vimos nesta aula, existe uma linha tênue entre design, arte e
artesanato. Leia a reportagem “Designer brasileiro é nomeado patrono de arte
em prêmio internacional de Cultura”, disponível em:
<https://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo-cultura/marcelo-rosenbaum-
patrono-arte-montblanc/>.
Agora, reflita e dê sua opinião. Na reportagem anterior, os objetos
fabricados no projeto “A Gente Transforma” são arte, artesanato ou design?
Porque você acha isso?
NA PRÁTICA
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FINALIZANDO
Nesta aula, foi possível se inteirar um pouco mais sobre a profissão que
você escolheu seguir. Aprendemos sobre a profissão em si e seu escopo,
diferenciando-a de artistas e artesãos, assim como lhe apresentamos outra
perspectiva da profissão: o design autoral. Também tratamos da remuneração e
da importante e controversa questão da regulamentação da profissão de
designer no Brasil.
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REFERÊNCIAS
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HAUS. Entrevista: Cris Rosenbaum fala sobre o crescimento do design autoral no
Brasil. Gazeta do Povo, 5 out. 2017. Disponível em:
<https://www.gazetadopovo.com.br/haus/design/cris-rosenbaum-fala-sobre-o-cre
scimento-do-design-autoral/>. Acesso em: 17 ago. 2019.
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SIGAUD, H. A produção do design autoral. Revista Chiché, 21 fev. 2013.
Disponível em: <http://www.revistacliche.com.br/2013/02/a-producao-do-design-
autoral/>. Acesso em: 17 ago. 2019.
TINGA, M. O designer como autor. Design Culture, 11 dez. 2017. Disponível em:
<https://designculture.com.br/o-designer-como-autor>. Acesso em: 17 ago. 2019.
VINÍCIUS, P. Design não é arte! Design Culture, 16 jan. 2017. Disponível em:
<https://designculture.com.br/design-nao-e-arte>. Acesso em: 17 ago. 2019.
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