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O QUE É CONFORTO ACÚSTICO ?

Podemos definir conforto acústico como uma sensação auditiva de bem-estar para
executar as atividades necessárias em um determinado ambiente. Por exemplo, um
escritório que proporciona conforto acústico nos permite trabalhar sem ter desvios de foco
e atenção provocados por ruídos excessivos sejam eles internos ou externos.
O conforto é resultado de boas condições acústicas em um ambiente construído.
Um ambiente bem projetado do ponto de vista acústico minimiza ruídos, melhora a
concentração, a produtividade e permite uma melhor comunicação e clareza no
entendimento da fala (inteligibilidade).
Projetar sem levar em conta o conforto acústico, dependendo do tempo de
exposição ao ruído pode causar diversos problemas que afetam diretamente a nossa
saúde, como:
• Danos à audição;
• Doenças Cardiovasculares;
• Dores de cabeça;
• Alterações Hormonais;
• Distúrbios do Sono (Como insônia) ;
• Estresse; entre outros.

Além de afetar negativamente o nosso corpo, estar em um ambiente


excessivamente ruidoso atrapalha atividades diárias como: trabalhar ou estudar. O ruído
nesses locais em que passamos a maior parte do tempo (por ex. : escritórios ou salas de
aula) é responsável por diminuir a produtividade, trazer problemas de comunicação e
dificultar a compreensão das informações.
“Um estudo em 2005 descobriu que 99% das pessoas entrevistadas relataram que
sua concentração foi prejudicada por ruídos de escritório, como telefones sem resposta e
fala de fundo.” (Fonte: Banbury SP e Berry DC (2005) Ruído no escritório e concentração de
funcionários: identificando as causas da interrupção e melhorias potenciais. Ergonomics 48:
1, pp 25-37.)
Além disso, é importante que você saiba: existem requisitos de conforto acústico
nas normas NBR 15.575 e NBR 10.152 que são obrigatórios e devem ser atendidos em
projetos residenciais.
O CONFORTO ACÚSTICO E A ARQUITETURA
Os materiais de construção possuem propriedades acústicas, isso quer dizer que
eles transmitem, refletem ou absorvem os sons. Por isso, fatores como as fontes de som ou
ruído e o tratamento acústico da fachada, irão interferir na qualidade acústica do
ambiente.
O principal objetivo de um projeto de acústica é estudar as soluções corretas para
que haja uma boa relação entre os usuários e o ambiente, ou seja, proporcionar conforto
na execução das atividades. Diversos fatores podem influenciar na acústica de um edifício
como: a geometria e volume de um espaço, as características dos materiais construtivos,
superfícies e suas propriedades de absorção, transmissão e reflexão do som, as fontes de
ruído internas e externas, entre outros.
Identificar as fontes de ruído é essencial para determinar o tratamento acústico
necessário. Existem diversos tipos de fontes de ruído:
Externas (sons de tráfego das ruas, vizinhos)
Internas (conversas telefônicas, música)
Ruído de impacto (passos, reforma)
Vibrações sonoras (através da estrutura)
Ruído de equipamentos; (sistemas de ar condicionado, elevadores)
Condicionamento Sonoro ou Isolamento Acústico ?
O tipo de tratamento acústico irá depender dos objetivos necessários para um
determinado ambiente.
Embora os materiais utilizados para o Isolamento Acústico e para o
condicionamento Acústico tenham a intenção de melhorar ambientes acusticamente,
tratam-se de materiais diferentes com funções distintas.
O isolamento acústico trata de atenuar a propagação sonora de um ambiente a
outro, evitando a transmissão de sons indesejáveis. Desta forma, a edificação consegue
atenuar as interferências de sons externos, como o de trânsito. Da mesma maneira evitam
que sons produzidos em um ambiente interfiram nos espaços adjacentes, como acontece
entre salas de aula vizinhas em uma escola. Ele também é geralmente realizado com
materiais capazes de barrar a energia sonora como paredes de alvenaria, concreto, drywall,
vidros laminados, janelas e portas ou então sistemas de paredes duplas.
Já o condicionamento sonoro tem o objetivo de adequar a distribuição de ondas
sonoras em um ambiente e condicionar essa distribuição de acordo seu uso. A reflexão
dessas ondas sonoras podem ser controladas através do uso de materiais que possuem
capacidade de absorção e difusão sonora, que resulta em maior inteligibilidade
(compreensão da fala). São geralmente utilizados materiais fibrosos ou porosos, como
espumas acústicas, fibras minerais, tecidos e painéis de madeira perfurados.
Nos acostumamos com um contexto ruidoso, sem nos dar conta do quanto o ruído
indesejado nos afeta. Este e-book tem como objetivo demonstrar brevemente como o som
atinge o nosso cotidiano e a nossa saúde.

O QUE LEVAR EM CONTA PARA MELHORAR O CONFORTO ACÚSTICO?

Mesmo sem querer, às vezes você acaba conhecendo a vida do seu vizinho ao lado,
por ouvir todas as suas conversas através das paredes. Ou perde o sono quando o cachorro
que vive no apartamento acima resolve fazer um passeio no meio da madrugada.
Possivelmente você mora em um local com um isolamento acústico inadequado das
paredes e/ou lajes. Com cidades cada vez mais densas e construtores buscando maiores
margens de lucro, não é raro que o conforto acústico seja deixado de lado em diversos
projetos de arquitetura. Quando o som é excessivo ou indesejado, ele passa a ser
denominado ruído e impacta o corpo, a mente e as atividades humanas. Ainda que nem
todos os espaços precisem selar quaisquer tipos de sons, como câmaras herméticas, criar
espaços com um grau adequado de isolamento acústico melhora a qualidade de vida de
todos usuários.
O isolamento acústico é a capacidade de estancar de som o ambiente em relação ao
seu exterior. Ou seja, ele pode servir para encobrir os ruídos vindos da rua ou os sons
gerados dentro do próprio ambiente, não os deixando “vazar” para fora. Trata-se da
capacidade das superfícies em criar barreiras, impedindo que o ruído passe de um
ambiente ao outro. Para conseguir um ambiente isolado acusticamente, as ondas sonoras
deverão ser refletidas novamente ou totalmente absorvidas pelas superfícies do material,
sem que nenhum som seja emitido do outro lado.

Mas um ambiente com um bom isolamento acústico nem sempre corresponde a


uma acústica de qualidade. Já abordamos sobre esse tema nesse artigo. Todos os materiais
de construção possuem propriedades acústicas, pois absorvem, refletem ou transmitem
sons que os atingem. Quando as ondas sonoras são refletidas, causam um aumento nos
níveis gerais de eco e reverberação em um espaço. Ou seja, um espaço construído de
materiais reflexivos, como o concreto, apresenta diversos ecos e pouca clareza sonora, o
que pode ser desejável para determinados usos, como em igrejas, por exemplo. Já
absorção acústica é o fenômeno que minimiza a reflexão das ondas sonoras em um mesmo
ambiente, fazendo com que o som desapareça imediatamente após sua emissão. Quanto
mais material absorvente for adicionado ao ambiente, menor será o seu tempo de
reverberação.
É aí que reside a maior parte das confusões em relação aos materiais acústicos. Para
conseguirmos o isolamento acústico necessitamos de grandes massas, ou seja, paredes e
lajes espessas e pesadas. Os materiais considerados bons absorvedores sonoros são os
leves (pouca massa), moles e porosos. Já os materiais com características de isolantes
acústicos são os pesados (muita massa), duros e lisos. Se a ideia é diminuir o ruído
entrando ou saindo de uma sala, deve-se aumentar a massa estrutural das paredes, piso e
teto e selar as lacunas de ar em portas e janelas. Mas se o propósito é tornar o ambiente
mais agradável, com menos ruídos de ecos, são as absorções sonoras o que buscamos. Para
auditórios, teatros e cinemas, onde a acústica deve ser o mais próximo do ideal, deve-se
realizar uma análise dos materiais de todas as superfícies e das plantas e cortes do recinto,
e definir o quanto de absorção e reflexão é desejado em cada um dos pontos. Para isso, a
experiência de um especialista em acústica é imprescindível.
Para conhecimento preliminar, é importante saber as características dos materiais
mais comuns a se utilizar. Para tal, há tabelas que listam os coeficientes de absorção de
cada material quando expostos a determinadas frequências (Hertz). Varia de 0,00
(perfeitamente reflexivo) a 1,00 (perfeitamente absorvente). Por exemplo, um coeficiente
de 0,2 significa que 20% da energia sonora que entra em contato com esse material é
absorvido e não é refletido de volta na sala. Ou seja, esse material é 80% reflexivo para
determinada frequência sonora. Para facilitar a classificação, utiliza-se o NRC, que significa
Coeficiente de Redução de Ruído e é uma classificação padrão que corresponde à média
aritmética dos coeficiente de absorção para as frequências de 250, 500, 1000 e 2000 Hz.
Para se ter uma noção, abaixo alguns materiais e seus respectivos Coeficientes de Redução
de Ruído.

MATERIAIS MENOS ABSORVENTES


• Alvenaria rebocada | 0,025
• Concreto aparente | 0,03
• Vidro | 0,03
• Mármore | 0,01
• Granilite | 0,015
• Superfície metálica | 0,025
• Cerâmica | 0,015
MATERIAIS MAIS ABSORVENTES
• Lã de Vidro | 0,68
• Lã de rocha | 0,72
• Espumas acústicas | 0,5
• Chapas acústicas de fibra de madeira | 0,57

Tendo o conhecimento dos materiais, é possível ter uma ideia melhor do


comportamento do espaço projetado. O conforto acústico pode depender de uma boa
absorção sonora, de um eficiente isolamento acústico, ou de ambos simultaneamente.
Além da possibilidade de combinar materiais reflexivos e absorventes na obra, há produtos
no mercado que servem a esse mesmo propósito. Em termos práticos, a escolha de um
material para absorção acústica em um projeto vai além dos dados técnicos como o
coeficiente de absorção e frequência do ruído, dependendo do custo, resistência,
disponibilidade e aparência, entre outros. O importante é entender as necessidades do
ambiente e as características de cada material empregado no projeto. Para a escolha dos
materiais, deve-se combinar todos os elementos necessários de forma a obter o melhor
resultado para a finalidade desejada.

A IMPORTÂNCIA DO CONFORTO ACÚSTICO


A acústica é o aspecto do conforto ambiental que é mais ignorado na hora de
projetar, e isso não é culpa apenas dos clientes e profissionais, na verdade as regras e
diretrizes de conforto acústico são recentes nas normas brasileiras para edificações
habitacionais.
A NBR 15.575: 2013, entrou em vigor em julho de 2013 após anos de revisões e
debates técnicos para chegar as regras definitivas e apropriadas para o país.
A Norma contém seis partes:
-Requisitos Gerais (NBR 15.575-1);
-Sistemas estruturais (NBR 15.575-2);
-Sistemas de pisos (NBR 15.575-3);
-Sistemas de vedações verticais internas e externas (NBR 15.575-4);
-Sistemas de coberturas (NBR 15.575-5);
-Sistemas hidrossanitários (NBR 15.575-6).

Eficiência é a chave para se alcançar uma boa arquitetura e por ventura a


sustentabilidade. Um dos critérios para todas as certificações verdes é justamente o
Conforto acústico. É através dos ouvidos que sentimos os espaços e nos orientarmos para
se mover e até mesmo para dormir ou meditar. Os ambientes ao ser projetados devem
receber materiais adequados, para que traga uma melhora do desempenho sonoro de
acordo com a função de cada cômodo.
O som é uma energia mecânica que depende de meio físico para se propagar.
FORMAS DE PROPAGAÇÃO DO SOM:
– Propagação sonora através do ar
– Propagação da vibração em meios sólidos ou líquidos.
– No vácuo não há som.

O EFEITO DA AÇÃO DE SONS INDESEJÁVEIS PODE SE MANIFESTAR NAS SEGUINTES


ÁREAS:
– Ações diretas sobre o aparelho auditivo
– Ações nas atividades cerebrais e psíquicas
– Ações metabólicas e orgânicas
– Ações nas atividades físicas e intelectuais
Os prejuízos mais comuns são desde irritabilidade, dor de cabeça, mudança na
pressão arterial e até surdez parcial ou total. Já foi comprovado por diversos estudos que
um local de trabalho ou residencial que sofre com excesso de ruídos, pode afetar o humor
das pessoas e até causar brigas frequentes entre elas.
Mas calma que existe tratamento para cada problema acústico, e os materiais mais
usados se classificam de acordo com cada ação desejada nos ambientes.
Refletores – Com ação de refletir o som, ou seja, propagar sua extensão pelo
ambiente. Geralmente são materiais mais lisos, como revestimentos cerâmicos ou
porcelanatos, massa corrida, lâmina de madeira, formicas e lacas.
Absorventes – Não deixam o som passar de um ambiente para o outro, absorvem a
reverberação e o efeito eco. São materiais leves, de baixa densidade. Os materiais são: a
manta de poliuretano, lã de Pet e Vidro, EPS (isopor), forrações com cortiça, carpetes e
cortinas grossas.
Isolantes – São materiais sólidos e geralmente densos, com ação de bloqueio na
transferência de ruído de uma ambiente para o outro, como tijolos, pedras, gesso, madeira
e vidros com espessura de no mínimo 6 mm, desde que seja feita a total vedação nas
esquadrias. Lembre que onde passa ar, passa som!
Difusores – Refletem o som de forma difusa, sem ressonâncias. São compostos de
materiais refletores colocados em superfícies irregulares como pedras ou lambris de
madeira.
Ao escolher um material acústico, devemos avaliar sua eficiência em relação à
sustentabilidade que hoje é uma diretriz imutável para todos os seguimentos do mercado,
inclusive a construção civil. Esses materiais devem ser extremante funcional, ter relação
equilibrada entre seu custo e benefício, uma longa durabilidade sem precisar de
substituição ou até mesmo manutenção. A tecnologia nos oferece materiais novos como as
mantas e lãs de garrafas PET, placas e pisos de pneus e até fibras de coco ou papel. E até
materiais tradicionais como na Europa, onde se usa a cortiça expandida em paredes como
acabamentos e absorvente acústico em salas de reuniões, teatros, casas de shows e
restaurantes.
Ter uma casa com conforto acústico é essencial para termos uma qualidade de vida
melhor. Ao contrario do que se pensa, não é um investimento caro, projetar a casa com
acústica adequada é parte do projeto arquitetônico e todo bom profissional deve propor
essas e outras soluções relacionadas ao bem estar de todos.
MATERIAIS UTILIZADOS PARA ISOLAMENTOS ACÚSTICOS

LÃ DE VIDRO
Produzida a partir de sílica e sódio a altas temperaturas, aglomerados por resinas
sintéticas, possui boa eficiência termoacústica e alta resistência ao fogo. É comercializada
em rolos ou em painéis, de densidades e espessuras variadas. Entre suas características
estão leveza, facilidade de manuseio e de corte, além de ser incombustível (não queima), o
que evita riscos de incêndio. Indicada para aplicação nos forros, paredes de drywall (gesso
acartonado) e contrapisos.
LÃ DE ROCHA
Produzida a partir de rochas vulcânicas chamadas diábase, é resistente ao fogo.
Considerada excelente isolante térmico, permite elevado índice de absorção acústica.
Indicada para forros, paredes de drywall, pisos flutuantes, coberturas e para revestir dutos
de ar condicionado. O material flexível está disponível nos formatos manta, painel, feltro,
flocos e tubo.

LÃ DE PET
Produzida a partir da reciclagem de garrafas plásticas, com forte apelo sustentável.
Resistência ao fogo aceitável para áreas comerciais e residências. Tem bom desempenho
termoacústico. Fabricado em diferentes densidades, formatos e dimensões, associa-se a
estruturas metálicas e pisos de escritórios, indústrias, galpões, teatros, auditórios,
residências, hospitais, escolas e universidades.

ESPUMAS ACÚSTICAS
Há espumas de poliuretano, que recebem aditivos para retardar o alastramento do
fogo e reduzir a produção de fumaça tóxica. Outras espumas acústicas especiais, fabricadas
a partir de melamina, são quase incombustíveis, ou têm baixíssimos índices de produção de
fumaça tóxica.

BORRACHAS SINTÉTICAS
As borrachas sintéticas são utilizadas nos pisos para absorver ruídos de impacto.
Fabricadas a partir de pneus reciclados, têm apelo sustentável.
PAINEL WALL
É composto por duas camadas de placas cimentícias, sem adição de amianto, com
miolo em madeira. De bom desempenho acústico, é normalmente aplicado nos pisos de
mezaninos de lojas e combinado com borrachas sintéticas, nos flutuantes. Também usado
para isolamentos acústicos de máquinas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MATERIAIS UTILIZADOS PARA ISOLAMENTOS ACÚSTICOS. Disponível em:


https://www.mapadaobra.com.br/negocios/conheca-os-melhores-materiais-para-
isolamentos-acusticos/ . Acesso em: Nov/22

A IMPORTÂNCIA DO CONFORTO ACÚSTICO. Disponível em: https://www.arq-


ts.com.br/blog/a-importancia-do-conforto-acustico. Acesso em: Nov/22

O QUE LEVAR EM CONTA PARA MELHORAR O CONFORTO ACÚSTICO? Disponível em:


https://www.archdaily.com.br/br/923739/o-que-levar-em-conta-para-melhorar-o-
conforto-acustico. Acesso em: Nov/22

O QUE É CONFORTO ACÚSTICO ?. Disponível em: https://ca-2.com/o-que-e-conforto-


acustico/. Acesso em: Nov/22

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