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AULA 3
O objeto desta aula é estudar mais a fundo os tipos de madeira processada e reconstituída, seus
acabamentos e ferragens empregadas, relacionando com o processo produtivo para esse tipo de
acessórios.
CONTEXTUALIZANDO
Os materiais mais empregados no Brasil para produção de móveis são as madeiras processadas e
reconstituídas, por isso é imprescindível que um profissional que irá trabalhar com design/arquitetura
de interiores tenha um conhecimento avançado sobre esse tipo de material, assim como seus
acabamentos, ferragens empregadas e o processo produtivo. Assim, nesta aula, iremos mostrar parte
desse universo todo que envolve as madeiras processadas e reconstituídas, o que é um primeiro
passo para que os alunos, com base nisso, avancem ainda mais nesse estudo.
Os móveis fazem parte do nosso cotidiano e, embora a maioria dos usuários não entendam
analisam a qualidade de um produto pela durabilidade, pelo design e pelo material empregado.
Devido à facilidade que a madeira possui em ser trabalhada e os manejos adequados que
possibilitam a renovação das reservas florestais, este ainda é o material mais empregado na produção
de mobiliário no Brasil. A madeira também humaniza os ambientes e nos conquista pela sensação de
acolhimento e pelo conforto ao toque. A madeira empregada na produção dos móveis pode ser
dividida em madeira natural, painéis de madeira reconstituída e painéis de madeira processada (Biazus,
Hora, Leite, 2013; Lima, 2019; Pereira, 2013.
resíduos e madeiras menos nobres. Podemos dizer que seria impossível atender a toda a demanda
das empresas somente com madeira natural, por isso os painéis de madeira reconstituída e
processada dominam o mercado internacional e nacional atualmente (Correia, 2014; Iwakiri, 2005;
Lima, 2019).
passando por diversos processos de fragmentação da madeira. Os principais exemplos são: o MDF
(Medium Density Fiberboard), o MDP (Medium Density Particleboard), o HDF (High Density Fiberboard),
o OSB (Oriented Strand Board), além das chapas de fibra. Por outro lado, painéis de madeira
processada são formados de camadas com sarrafos ou lâminas de madeira maciça, sendo
representados pelos compensados, utilizado tanto pela indústria de móveis quanto pela construção
espessuras e tamanhos. A maioria das chapas de MDP, MDF e HDF podem ser encontradas nas
podem variar de acordo com cada fabricante. Na sequência, a descrição mais detalhada de cada um
direção dos veios da madeira fica perpendicular entre uma camada e outra, para evitar
empenamentos e aumentar a resistência mecânica do painel. As faces externas podem ser revestidas
Os compensados também podem ser sarrafeados, ou seja, podem ter miolo executado com
sarrafos de pinus ou outra madeira, dispostos um ao lado do outro em sentido longitudinal, unidos
por meio de colas e fios de nylon. Externamente, em ambas as faces, são aplicadas folhas de madeiras
em sentido contrário dos sarrafos internos. A produção de móveis com compensado sarrafeado exige
cuidados especiais devido à sua estrutura interna (miolo), por exemplo, furações não devem ser
executadas nas emendas dos sarrafos. Também seu corte deve ser na largura ou comprimento da
Créditos: Yorik/Shutterstock.
a. Características: boa resistência mecânica e a umidade, podendo ser do tipo compensado naval,
com tratamento especial para a umidade. Mesmo assim, se exposto por muito tempo à
umidade, pode danificar. Pode ser encontrado nas seguintes espessuras: 4, 10, 5 e 18mm, porém
b. Processos: permite corte, lixamento, e alguns tipos podem ser curvados. Muito utilizado com
selador e verniz natural, realçando as camadas de lâminas nos topos (no caso do compensado
multilaminado). Não apresenta faces extremamente planas.
c. Aplicações: pode ser utilizado na construção civil e indústria moveleira para espaços como
auxiliar na fabricação de móveis curvos, tais como mesas, balcões, colunas, portas de armários,
chapa curva horizontalmente (largura da chapa). Apresentam pequena espessura que podem variar
Saiba Mais
MESA Fixa #3 – Arredondar compensado flexível. Marcenaria Faça você Mesmo, 19 nov.
2021.
O MDF, Medium Density Fiberboard, que significa, em português, “placa de fibra de média
densidade”, é um produto uniforme, homogêneo, estável, de superfície lisa, plana e sem imperfeições.
Oferece boa trabalhabilidade, facilidade nos processos de usinagem de superfície e de topo, ótima
capacidade para cortes e junções exatas, sem lascas ou fendas. Também apresenta ótima aceitação de
meio de calor e pressão com auxílio de uma resina sintética conhecida como ureia-formaldeído (Lima,
grande estabilidade dimensional, no entanto pode inchar em contato com água. Pode ser
encontrado nas seguintes espessuras: 3, 6, 9, 15, 18, 22 e 25mm, isso pode variar de acordo com
o fabricante.
b. Processos: pode ser torneado e entalhado, porque possui uma distribuição uniforme das fibras
c. Aplicações: móveis em geral e artesanatos, oferece ótimo acabamento para aplicação de pintura
ou revestimentos com lâminas melamínicas ou de madeira natural, muito bom para entalhes,
MDP Medium Desinty Particleboard, que significa, em português, painel de partículas de média
junção de partículas de madeira, resinas sintéticas e aplicação de temperatura e pressão (Lima, 2019).
O MDP é fabricado em 3 camadas, sendo a central com partículas de madeira maiores e as duas
camadas externas são mais estreitas e possuem partículas mais finas, conforme é possível verificar na
Figura 4.
partículas de madeira em vez de fibras. Pode ser encontrado nas seguintes espessuras: 12, 15,
18, 25mm, porém isso pode variar de acordo com o fabricante (Lima, 2019).
b. Processos: permite ser trabalhado por equipamentos de empresas de baixa ou alta produção de
móveis.
c. Aplicações: mobiliário de forma geral e de linhas retas, pois não é adequado para usinagens,
O HDF, High Density Fiberboard, significa, em português, placa de fibra de alta densidade (Figura
5). Trata-se de um material com a composição similar ao MDF, porém muito mais denso e duro e com
menor espessura, porque as fibras de madeira são altamente comprimidas. Também utiliza resina
termofixa, pressão e alta temperatura na sua produção.
pragas e à umidade. Pode ser encontrado em espessuras que variam entre 2,5 mm e 6 mm,
porém isso pode mudar de acordo com o fabricante.
b. Processos: oferece boa estabilidade, capacidade de corte e usinagem, devido à sua distribuição
c. Aplicações: pode ser utilizado em fundo de armários, balcões e de gavetas. Também é possível
utilizar o painel em móveis curvos, comeias e pequenos nichos (Berneck, 2017).
OSB (Oriented Strand Board) significa, em português, painel de tiras (de madeira) orientadas.
Composto por lascas de madeira, possui quatro camadas, sendo duas internas orientadas no sentido
perpendicular, e duas externas no sentido longitudinal, unidas por meio de cola sob a ação de calor e
pressão. Não possui superfície plana, e os painéis não são fornecidos com revestimentos em suas
faces, fator que proporciona um preço mais atrativo em comparação com outros tipos de painéis de
Créditos: Hodim/Shutterstock.
de parafusos, inclusive superior ao do compensado por não conter nós e vazios. Possui boa
resistência a umidade e é um bom isolante acústico e térmico. Pode ser encontrado nas
espessuras 9,5mm, 11,10mm, 15mm e 18,30mm, porém isso pode mudar de acordo com o
c. Aplicação: no setor moveleiro, é utilizado para estrutura de sofás devido à sua aparência ou
móveis com estilos mais rústicos com aplicação de verniz, mas também é bastante empregado
na construção civil.
Chapa de fibra, muito conhecida como chapa dura, é uma chapa de espessura mais fina, obtida
pela prensagem à quente das fibras, as quais são tratadas e aglomeradas com vapor e altíssima
pressão e, dessa forma, reativa os aglutinantes naturais existentes na própria madeira, ou seja, sem
adição de resinas, o que confere à placa uma alta densidade, fato esse que produz a cor marrom das
placas.
a. Características: apresenta resistência mecânica muito boa. Pode ser encontrado nas espessuras
2,5mm, 2,8mm, 3mm, 4mm e 6mm, porém isso pode variar de acordo com o fabricante.
b. Processos: permite lixamento, corte e curvamento com facilidade. Pode ser revestido ou pintado
comparação com seus concorrentes já possui várias desvantagens competitivas, independentemente
da qualidade estética do design. Por isso, os designers de interiores e arquitetos precisam conhecer e
trabalhar com sistemas e tecnologias de fabricação. Dessa forma, poderão transcender as fronteiras
da fabricação e criar produtos realmente inovadores, sem deixar de lado obviamente preocupações
A fabricação de móveis para interiores envolve atividades diversificadas com distintos níveis de
complexidade para sua execução (Baxter, 2011). Conforme estudamos até este momento, existe uma
relação direta e inseparável entre os tipos de móveis, os diferentes processos envolvidos na produção
e as matérias-primas. Um móvel, ao ser desenvolvido, serve de base para análise e entendimento de
mais rápido e com menos funcionários. No caso das marcenarias, por mais investimentos que sejam
feitos em maquinários, a automação será bem menor se comparada com as linhas de produção das
grandes indústrias, porém apresentará um alto valor agregado no produto final.
O início do processo envolve operações de cortes previamente planejadas, de forma que haja o
maior aproveitamento possível de uma chapa por tipo de produto. O aproveitamento ideal seria de
100%, em que um móvel projetado utilizaria uma quantidade exata de painéis, porém sabemos que
isso é muito difícil, então é importante aproveitar o melhor possível uma chapa. Esse processo recebe
o nome de plano de corte e hoje já existem no mercado softwares específicos para fazer esse cálculo
de aproveitamento. O plano de corte geralmente é feito por algum projetista ou designer que
plano de corte também pode ser feito pelo marceneiro diretamente na chapa de madeira, quando se
Tecnicamente, no corte de madeiras reconstituídas, não é necessário seguir a direção das fibras,
com acabamento melamínico de baixa pressão (BP), imitando o desenho das fibras da madeira, o
corte das peças pode seguir algum padrão específico, por exemplo, as laterais de um armário
poderão ser todas cortadas no sentido longitudinal do desenho da madeira, enquanto as frentes de
gaveta serão cortadas de forma que o sentido do desenho de madeira esteja na horizontal, quando
montadas.
com painéis de madeiras reconstituídas, já com acabamento em BP, observando que a sequência de
atividades apresentadas no diagrama não é uma regra, pois são definições pertinentes à metodologia
Etapa 1 – corte das peças: o ideal é cortar as peças por lote de mesmo tamanho, assim é
possível aproveitar a mesma regulagem da máquina para cortar o máximo possível de peças.
Por exemplo, cortam-se todas as laterais iguais de um tipo de armário para depois iniciar o corte
de laterais de gavetas iguais e assim por diante. Pode ser com uma serra circular ou em
computadorizada ou não.
Etapa 2 – colagem das fitas de borda: para acabamento das bordas, são empregadas fitas
Etapa 3 – execução dos furos de portas, dobradiças, dispositivos de montagem e cavilhas: nesse
momento também pode ser realizado um pré-furo ou marcação para instalação posterior
acessórios, como corrediças e suporte de cabide. Podem ser empregadas, para isso, furadeiras
usinagem.
Etapa 4 – rebaixo de laterais e gavetas: para posterior encaixe das chapas duras pode ser usada
uma serra circular esquadrejadeira ou, em empresas de alta produção, um centro de usinagem.
baixa produção, exista uma etapa de pré-montagem dos móveis em um local específico dentro
da marcenaria.
Etapa 6 – embalagem.
Etapa 7 – estoque.
Etapa 8 – entrega na casa do cliente para posterior montagem, no caso de móveis de baixa
distância entre furos deve ser de 32mm ou valores múltiplos desse número. A distância da fileira de
furos ou do primeiro até a borda deve ser 37mm e o diâmetro dos furos com 5 mm. Trata-se de um
padrão internacional criado para facilitar a produção e que recebeu o nome de Sistema 32, porém
hoje, com o surgimento dos centros de usinagem computadorizados, máquinas tipo CNC (controle
numérico computadorizado), a furação não precisa mais seguir essa regra de 32mm, mas, ao mesmo
tempo, várias ferragens como puxadores continuam seguindo esse padrão. Por exemplo, a distância
entre furos de um puxador pequeno pode ser 64mm (32x2), para um médio 128mm (32x4) e um
Saiba Mais
1. SISTEMA 32 de montagem de móveis – Por que os puxadores têm medidas tão quebradas?
Marcenaria fora da Caixa, 26 maio 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watc
2. VALE, R. T. Furação de móveis. Técnicas de Marcenaria, 16 dez. 2011. Disponível em: <htt
p://tecnicasdemarcenaria.blogspot.com/2011/12/o-onde-os-fabricantes-de-moveis.html>.
É cada vez mais comum que empresas de alta produção e até algumas marcenarias utilizem os
centros de usinagem CNC para fazer várias etapas ao mesmo tempo, como cortes, furação de topo e
face das peças, realizar rasgos, rebaixos, recortes retos ou curvos, entre outros. Assim, com o uso
dessas máquinas computadorizadas, a sequência de etapas de produção pode ser alterada. Por
exemplo, as peças podem ser furadas antes de receberem as fitas de borda. Essas máquinas também
proporcionam uma facilidade maior para customização de produtos, como é o caso dos móveis
planejados que podem ter seus módulos editados dimensionalmente, para se encaixarem
perfeitamente em um ambiente.
atribuiremos para um móvel. Os painéis podem ser revestidos com lâminas de madeira natural,
lâmina de madeira recomposta, laminado melamínico (papel decorativo) de alta pressão, de baixa
pressão e folha de acabamento, chapas metálicas e plásticas (Iwakiri, 2005; Lima, 2019).
Quando os painéis se encontram sem revestimentos ou são revestidos com lâminas de madeira
natural e/ou melamina BP, podem receber acabamento em pintura. Para isso, o tratamento do painel
começa com lixamentos executados com lixas de variadas granulações e objetiva preparar a superfície
antes de receber os produtos de proteção e acabamento. Para pintura dos painéis, os materiais mais
empregados são seladores, poliuretanos, vernizes, poliéster, nitrocelulose e PVC (Pizzatto, 2000). No
caso do verniz, é indicado quando se deseja proteger e dar acabamento aos painéis, revestidos de
lâmina de madeira (seja a natural ou a recomposta), ao mesmo tempo que mantém os desenhos da
Os painéis revestidos com laminado melamínico (papel decorativo) podem ser de alta pressão
(AP), baixa pressão (BP) e também o Finish Foil (FF). O BP e o Finish Foil já são aplicados pela fábrica
de painéis e são vendidos acabados, porém os laminados de alta pressão (comumente chamados de
fórmica ou laminado decorativo) são chapas individuais e geralmente aplicados na chapa de madeira
o valor agregado do móvel, pois as indústrias que utilizam esses painéis na execução de seus
produtos eliminam quase que totalmente o processo de acabamento do mobiliário produzido (Lima,
2019). Na sequência, descrevemos de forma mais detalhada cada um dos acabamentos laminados
melamínicos.
De acordo com esse método, o laminado melamínico (papel decorativo) é prensado sobre a face
do painel de MDP, MDF ou HDF, sem emprego de cola. Após a absorção da lâmina com resina, é
executada a união do conjunto por meio de uma prensa plana que aplica calor e pressão, fundindo
a abrasão. Em função disso, é mais indicado para uso no corpo dos móveis, em portas e gavetas,
evitando o emprego em tampos de uso intenso, por exemplo, em tampos de cozinhas. Mesmo assim,
é um material muito resistente e podemos usar em tampos de mesas de escritórios, por exemplo. É
indicado para uso em:
Créditos: Ronstik/Shutterstock.
Os papéis decorativos utilizados para executar os laminados melamínicos de alta pressão (AP)
geralmente são os mesmos empregados para fabricar o BP (Figura 9), o que difere é a temperatura e
várias folhas de papel Kraft, o que lhe confere uma espessura maior que o BP, sendo impregnadas
também com resinas que fazem a união do material e aumentam a resistência à umidade (Revista da
Madeira, 2003).
O laminado decorativo AP pode ser encontrado em várias espessuras, desde 0,6mm até 15mm,
dependendo da empresa fabricante. É indicado para cozinhas e áreas com uso intenso devido à sua
resistência mais elevada a impactos e abrasão. Ficou muito conhecido por seu nome popular de
fórmica porque Fórmica é uma das empresas que fabrica esse tipo de produto. Geralmente o
Com o auxílio de máquinas especiais, é possível colar e fazermos curvaturas de raios pequenos
nos laminados de alta pressão (modelos específicos para esse uso), para acabamentos de bordas de
tampos. Esse processo é conhecido por postforming, que pode proporcionar um acabamento
interessante em tampos, sem quinas vivas e ao mesmo tempo com a resistência do AP. Pode ser
conforme desenhos esquemáticos que apresentamos na Figura 10, em uma ou duas bordas paralelas
Na sequência, na Figura 11, é possível visualizarmos na prática e, por meio de foto, a aplicação de
O revestimento em Finish Foil é produzido pela aplicação de uma fina camada de papel
decorativa colada na face da placa de madeira e prensada a quente, resultando em um produto único
e acabado. Essa fina camada de papel é impressa com cores lisas ou padrões amadeirados, assim
como o BP, porém no Finish Foil o papel é mais fino e não possui a proteção da resina, sendo,
portanto, mais frágil que o BP (Valença; Roque; Souza, [S.d.]).
acabamentos perdem um pouco da qualidade, reduzindo o brilho. O Finish Foil geralmente é aplicado
em chapas de MDF ou MDP e possui pouca resistência à abrasão, por isso é mais empregado em
Os acabamentos nas bordas dos painéis cortados, para qualquer um dos tipos de painéis de
madeira que estudamos nesta aula, normalmente são revestidos com fitas retilíneas que podem ser
de papel resinado, PVC, ABS, poliestireno, perfis plásticos e metálicos ou encabeçamentos de madeira
(Pizzatto, 2000). Exemplo de Fita de Borda em PVC na Figura 12.
TEMA 4 – FERRAGENS
bom funcionamento dos móveis por meio de uma correta aplicação desses dispositivos. Entretanto,
podemos usar as ferragens com o intuito de criar efeitos estéticos nos móveis e impressionar
visualmente os usuários. Um exemplo disso são os puxadores (Lima, 2019). Iremos dividir aqui esses
dispositivos, em ferragens de fixação e ferragens funcionais, que também são conhecidas como
acessórios, conforme iremos apresentar nos Temas 4 e 5.
Para móveis existem inúmeras ferragens que possibilitam a conexão das peças de madeira. As
mais usadas são os parafusos autoatarrachantes, as buchas que são usadas em conjunto com
Os parafusos autoatarrachantes são largamente usados para fixação de peças de madeira de uma
forma geral, pois, como o próprio nome diz, ele sozinho já promove a união das peças, sem necessitar
de outros dispositivos. Trata-se daqueles parafusos que possuem um corpo cilíndrico que vai afinando
na ponta, conforme Figura 13. Sua aplicação é muito simples: com o auxílio de uma chave de fenda
ou Philips, basta girar o parafuso que este vai abrindo caminho na madeira, empurrando as fibras e,
Apesar de esse dispositivo de fixação ser muito empregado, não proporciona um acabamento
estético interessante, pois é comum a cabeça do parafuso ficar aparente nas faces externas dos
móveis e, nesses casos, pode ser utilizado um acabamento complementar chamado de tapa-furo.
Outro ponto importante é que, uma vez montado um móvel apenas com parafusos, não é
aconselhável sua futura desmontagem, pois provavelmente os parafusos não irão mais exercer uma
fixação estável nas peças dos móveis, caso forem recolocados nos mesmos furos novamente. Em
alguns tipos de painéis, como o MDF, por exemplo, o parafuso não proporciona uma ancoragem
satisfatória nas peças, então o parafuso não é indicado para qualquer situação.
Quando os móveis precisam ser desmontáveis (por exemplo, em situações em que os clientes
montam sozinhos seus produtos adquiridos), podem-se utilizar parafusos com buchas. Essas
ferragens também auxiliam na precisão dos encaixes e são indicadas para montagens mais
resistentes. Móveis que utilizam buchas também colaboram com pessoas que costumam fazer
mudanças de lares com frequência, pois, com esses dispositivos, poderão mais facilmente desmontar
alvenaria, porém são desenvolvidas para aplicação em madeira e podem ser em material plástico,
metal ou zamac. Dessa forma, o parafuso, em vez de ser rosqueado diretamente na madeira, é
rosqueado na bucha que foi instalada previamente na madeira, ao mesmo tempo que permite sua
retirada por diversas vezes. Outra vantagem das buchas para madeira é que proporcionam uma
montagem mais estável e resistente no mobiliário, seja de baixa ou alta produção.
As buchas para madeira geralmente possuem um corpo cilíndrico e apresentam uma rosca
externamente para ser rosqueada na madeira, e outra internamente para receber o parafuso. Nesses
casos, o tipo de parafuso empregado geralmente é diferente do autoatarrachante, pois são parafusos
sem ponta e que são conhecidos como parafusos métricos. Seu número indica o tamanho, por
exemplo, parafuso M5x25 significa que tem 5mm de diâmetro e 25mm de comprimento e assim por
Saiba Mais
Para saber mais sobre o assunto, você poderá assistir a um vídeo explicativo acessando o
seguinte link:
PORCAS ou buchas americanas: O que são? Para que servem? Onde comprar? Roberto
Créditos: Mmstudiomk/Shutterstock.
ferragem de fixação e são compostos por duas peças – um parafuso e um tambor metálico (Figura 15)
–, cada qual fixado em uma parte do móvel e que, unidos, serão travados de forma estável pela
ligação do parafuso com o tambor. Da mesma forma que a bucha para madeira, os dispositivos de
montagem também proporcionam uma montagem mais estável e resistente no mobiliário, seja de
baixa ou alta produção.
Podem ser empregadas também com esse sistema buchas para aplicação do parafuso do
dispositivo de montagem, conforme Figura 14. São exemplos o Minifix da empresa Hafele,
que irão receber os dispositivos de montagem podem ser executadas com furadeiras manuais
simples, porém o ideal é que sejam efetuadas por centros de usinagem e furadeiras industriais. Os
dispositivos de montagem promovem um melhor acabamento nos produtos, uma vez que
normalmente são instalados nas faces internas dos móveis (Lima, 2019).
Saiba Mais
2. GIROFIX como usar – passo a passo. Murilo Ribeiro, 23 mar. 2018. Disponível em: <http
4.4 CAVILHAS
As cavilhas continuam sendo um recurso muito utilizado pelas empresas de móveis. São peças
cilíndricas, com estrias, e podem ser de madeira ou material plástico. São indicadas para auxiliar no
encaixe das peças, funcionando como guias e posicionando as partes dos móveis no local correto. Em
qualquer situação, com uso de parafusos, com ou sem buchas ou dispositivos de montagem, as
cavilhas podem ser utilizadas em conjunto também como reforço estrutural (Figura 16). Quando
Da esquerda para direita na Figura 16, temos um parafuso, uma cavilha de madeira, um tambor e
Créditos: Mmstudiomk/Shutterstock.
No detalhamento técnico executivo de móveis para design de interiores, não é necessário colocar
no projeto os dispositivos de montagem ou buchas, até porque cada marcenaria tem sua própria
forma de trabalhar e costuma usar ferragens de sua preferência. Porém, é interessante que os
designers de interiores e arquitetos conheçam bem esses dispositivos, pois assim poderão indicá-los
em seus projetos, quando for imprescindível o emprego dessas ferragens.
TEMA 5 – ACESSÓRIOS
Conforme já mencionamos, além das ferragens de fixação, que proporcionam a estruturação dos
móveis, temos as ferragens funcionais, também conhecidas como acessórios, possuem uma função
específica no uso dos móveis. A variedade desses produtos no mercado hoje é enorme, apresentando
inúmeras soluções para as necessidades das indústrias moveleiras (Pizzatto, 2000). Devido a essa
grande variedade, iremos citar neste tema alguns itens mais empregados, conforme descrições a
seguir.
5.1 PUXADORES
Sua função principal é servir de pega para as mãos, auxiliando, assim, na abertura de gavetas,
portas, entre outras peças. O mercado oferece uma gama enorme de opções, com diferentes
formatos, tamanhos, estilos e materiais (metal, madeira, zamac, plásticos e cerâmicas). Suas fixações
5.2 DOBRADIÇAS
Sua principal função é fazer o giro de portas. São vários modelos existentes no mercado e
possuem diferentes sistemas de funcionamento e fixação (geralmente com parafusos). O material
invisível, pois fica instalada na borda da porta, de forma que, fechada, ela desaparece.
As dobradiças caneco são os modelos mais usados por empresas de móveis por permitir
regulagem. Na Figura 18, é possível ver a mão de uma pessoa, regulando a dobradiça com o auxílio
de uma chave Philips. Dessa forma, é possível deixar todas as portas adequadamente alinhadas entre
caneco permitem ainda diferentes ângulos de abertura que podem variar de 50º a 270º, de acordo
Outro exemplo de uso para essas dobradiças é para portas sanfonadas em armários de canto,
O mesmo tipo de dobradiça pode ser usado para fazer portas basculantes com o auxílio de um
pistão pneumático que amortece a descida da porta, conforme Figura 20, embora existam também
Para portas que não possuem puxador, o acessório popularmente conhecido como pino dois
toques (Figura 21) pode ser bem interessante, pois basta pressionar a porta uma vez para que ela
avance sozinha para frente por meio de uma mola do acessório, permitindo assim sua abertura.
a. apoiada – com trilho na parte inferior do armário onde a porta desliza por meio de rodízios e
b. suspensa – com o trilho na parte superior do armário por onde a porta desliza por meio de
As portas sanfonadas geralmente também correm sobre trilhos, porém apresentam dobradiças
centrais que fazem a articulação das portas ao mesmo tempo que deslizam sobre o trilho.
Saiba Mais
Para saber mais sobre como são montadas portas de correr e sanfonadas, acesse os
seguintes links:
1. SISTEMA para porta de correr, Armários e roupeiros. jI Dicas e Tutoriais, 10 mar. 2018.
2021.
2. SISTEMA porta de correr Ducatop com capacidade para até 50kg. Leo Madeiras Oficial, 6
16 nov. 2021.
3. ARMÁRIO com portas sanfonadas – Solução inteligente. Edem Marceneiro, 6 jun. 2016.
2021.
4. SISTEMA portas sanfonada W77 com capacidade para até 10kg. Leo Madeiras Oficial, 4
5.6 CORREDIÇAS
A função básica da corrediça é auxiliar no deslocamento horizontal de gavetas, tampos,
deslizamento suave e eliminando futuros problemas de empenamentos (Pizzatto, 2000). Na Figura 22,
podemos ver exemplo de uma gaveta com corrediça e trilho telescópico, que possibilita grande
avanço da gaveta para fora do móvel, com elevada estabilidade no deslocamento e dependendo da
marca, suportam até 45Kg de carga. Assim como as outras ferragens, o mercado oferece inúmeras
possibilidades.
Créditos: Bilanol/Shutterstock.
Outro modelo desse tipo de ferragem é conhecido como corrediça apoiada, com funcionamento
mais simplificado que a anterior, pois possui um avanço menor para fora do móvel, menos
estabilidade no deslocamento e suporta menos peso, dependendo da marca até 25kg de carga.
Geralmente são na cor brancas e instaladas na parte de baixo das gavetas (Figura 23).
Existem também os sistemas de gavetas metálicas, que contêm um kit de vários componentes
além das corrediças. Nesses casos, normalmente a empresa de móveis só precisa fazer a frente, a
traseira e o fundo da gaveta na mesma madeira de outras partes do móvel, pois todo restante da
gaveta já vem pronto em metal. Trata-se de um produto com padrão mais elevado e com ótimo
acabamento final, inclusive nesses modelos, geralmente, as corrediças ficam invisíveis como é o caso
da Figura 24.
móveis, por exemplo: porta-teclado com corrediça, suportes para gavetas de pasta suspensa, tábuas
de passar roupa que ficam camufladas em armários, divisórias para gavetas, aramados diversos
(Figura 25).
Conforme Figura 26, é possível ver outro modelo de acessório para aproveitamento de cantos de
armário.
no mercado, para que os alunos tenham um primeiro contato com o assunto e, assim, receberem uma
direção para avançarem em futuras pesquisas.
cada produto e demonstram por meio de desenhos detalhados como proceder à instalação e às
regulagens. Grande parte desses catálogos são encontrados nos sites dessas empresas e permitem
TROCANDO IDEIAS
Nesta aula, estudamos, entre outros assuntos, madeira processada e reconstituída e seus
acabamentos, além de ferragens e acessórios. Então, agora vamos trocar ideias com os colegas (via
fórum on-line), sobre quais marcas desses materiais vocês conhecem e já ouviram falar e que
permitam baixar catálogos da internet ou possuem sites com boas informações para busca. Conhecer
alguns canais de fornecedores é importante para descobrir produtos novos e estar sempre atualizado.
NA PRÁTICA
Pratique o que aprendeu aqui visitando alguma loja especializada em ferragens para móveis e
pesquise outros dispositivos de montagem e acessórios, além dos mencionados aqui. Documente
com fotos de ferragens e acessórios soltos e também, instalados nos móveis do show room da loja.
Vocês perceberão que existe uma variedade enorme de outras ferragens e acessórios para montagem
de móveis, além dos que mostramos aqui. É importante também fazer o download da internet de
catálogos de ferragem.
FINALIZANDO
ferragens e acessórios empregados, relacionando com o processo produtivo para esse tipo de
madeira. Sendo assim, abordamos uma gama enorme de assuntos, que poderão contribuir muito com
o futuro profissional que irá trabalhar com design de móveis para interiores.
REFERÊNCIAS
BERNECK. MDP, MDF ou HDF: qual a melhor escolha? Berneck, 2 set. 2017. Disponível em:
2021.
BIAZUS, A.; HORA, A. B. da; LEITE, B. G. P. Painéis de madeira MDP e MDF – Mercado e
CETEMO; ITP. OSB oferece resistência para múltiplos usos. Revista da Madeira, v. 97, 2006.
PEREIRA, A. F. Madeiras brasileiras: guia de combinação e substituição. São Paulo: Blucher, 2013.
PAINÉIS de madeira reconstituída. Revista da Madeira, Lettech Editora e Gráfica Ltda, v. 71, 2003.
VALE, R. T. do. Furação de móveis. Técnicas de Marcenaria, 16 dez. 2011. Disponível em: <
http://tecnicasdemarcenaria.blogspot.com/2011/12/o-onde-os-fabricantes-de-moveis.html>. Acesso
VALENÇA, A. C. de; ROQUE, C. A.; SOUZA, P. Z. de. Madeiras: painéis. Remade, [S.d.] Disponível
em: <http://www.remade.com.br/madeiras/28/paineis/mdf>. Acesso em: 16 nov. 2021.