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INSTALAÇÕES

HIDROSSANITÁRIAS,
DE GÁS E COMBATE
A INCÊNDIOS
Introdução às
instalações
hidrossanitárias
Amabelli Nunes dos Santos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Reconhecer a importância da hidrostática.


>> Descrever as equações básicas da hidrodinâmica.
>> Identificar condutos forçados e livres.

Introdução
O significado etimológico da palavra hidráulica é “condução de água” (do grego
hydor, água + aulos, tubo, condução). Entretanto, seu significado pode ser muito
mais amplo, pois seu conceito pode ser entendido como o estudo do compor-
tamento da água e de outros líquidos, quer em repouso, quer em movimento. A
hidráulica pode ser dividida em hidráulica geral ou teórica, hidrostática, hidroci-
nemática, hidrodinâmica e hidráulica aplicada ou hidrotécnica.
A hidráulica geral aproxima-se muito da mecânica dos fluidos, enquanto a
hidrostática trata dos fluidos em repouso ou em equilíbrio. Já a hidrocinemática
estuda velocidades e trajetórias, sem considerar forças ou energia. Por sua vez, a
hidrodinâmica estuda as velocidades, acelerações e forças que atuam em fluidos
em movimento. Por fim, a hidráulica aplicada trata da aplicação prática dos conhe-
cimentos desenvolvidos a partir da hidráulica, esteja a água parada (hidrostática)
ou em movimento (hidrodinâmica). Suas áreas de aplicação incluem sistemas
urbanos e rurais de abastecimento e esgotamento, sistemas de drenagem pluvial,
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instalações prediais, lazer e paisagismo, drenagem de estradas, defesa contra


inundações, geração de energia, navegação e obras marítimas e fluviais e aterros
hidráulicos. Inúmeras outras aplicações ainda podem ser citadas no âmbito da
hidráulica. Assim, os conceitos básicos teóricos dessa matéria são inteiramente
aplicáveis em diversas áreas do nosso dia a dia.
Neste capítulo, você vai conhecer conceitos básicos da hidrostática e da hi-
drodinâmica e encontrará uma abordagem acerca dos escoamentos nos encana-
mentos e condutos, examinando de forma mais aprofundada as perdas de carga
em tubulações.

Hidrostática
A hidrostática é a parte da hidráulica que estuda os líquidos em seu estado
de repouso, isto é, quando todas as velocidades em qualquer um de seus
pontos é igual a zero. Os conhecimentos oriundos da hidrostática também
nos permitem entender de forma mais clara o funcionamento de instalações
hidráulicas, bem como tubulações, caixas d'água e até mesmo represas.
Os conceitos mais importantes da hidrostática são densidade, pressão
e empuxo. Juntos, são suficientes para explicar a forma como os fluidos em
repouso se comportam. Entendemos como fluidos as substâncias capazes
de assumir o formato de seu recipiente, mudando sua forma sob a ação de
alguma força externa.

Densidade
A densidade determina a concentração de matéria num determinado volume.
Em relação à densidade do corpo e do fluido, temos:

„„ se a densidade do corpo for menor que a densidade do fluido, o corpo


flutuará na superfície do fluido;
„„ se a densidade do corpo for equivalente à densidade do fluido, o corpo
ficará em equilíbrio com o fluido;
„„ se a densidade do corpo for maior que a densidade do fluido, o corpo
afundará.

A densidade pode ser obtida pela seguinte equação:


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onde:

„„ d = densidade (kg/m3);
„„ m = massa (kg);
„„ V = volume (m3).

Pressão hidrostática
A pressão hidrostática mede a força por unidade de área que um fluido em
repouso é capaz de exercer contra uma superfície. Quanto maior for a profundi-
dade de um corpo imerso em um fluido, maior será a pressão exercida sobre ele.
De acordo com o princípio de Pascal, um líquido homogêneo em equi-
líbrio (repouso) pode apresentar no seu interior um corpo submerso, com
determinada altura, largura e comprimento — corpo este que, caso esteja em
equilíbrio, terá a somatória das forças atuantes em qualquer direção igual a
zero. A mesma lei ainda determina que em qualquer ponto no interior de uma
massa liquida em repouso e homogênea a pressão é a mesma em todas as
direções, ou seja, a pressão aplicada em um ponto de um fluido incompres-
sível em repouso transmite-se integralmente para todos os demais pontos
do fluido. O valor da pressão hidrostática depende da densidade do líquido,
do valor da aceleração da gravidade local (g) e da altura de líquido acima
do ponto considerado (h). Dessa forma, a pressão hidrostática é calculada
usando-se a seguinte fórmula:

Ao se tratar de recipientes abertos, a pressão total no fundo de um re-


cipiente é:

A essa pressão (P1) chamamos de pressão absoluta e a diferença entre a


pressão absoluta e a pressão hidrostática é chamada de pressão manométrica.
Historicamente, essa lei trouxe implicações práticas, como o desenvolvi-
mento das prensas hidráulicas, utilizadas para elevação de objetos pesados,
além de auxiliar em freios e direção hidráulica de automóveis, máquinas, ala-
vancas, retroescavadeiras e muitos outros mecanismos. De modo geral, temos:
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onde:

„„ P = pressão (Pa);
„„ F = força (N);
„„ A = área (m2).

A Figura 1 ilustra a implicação desse princípio.

Figura 1. Elevador hidráulico para automóveis, baseado no princípio de Pascal.


Fonte: Goto (2017, p. 256).

Empuxo
O empuxo é a força que todo fluido exerce sobre os corpos nele imersos.
Quando tentamos colocar uma bola dentro d'água, logo percebemos que
uma grande força tende a expulsá-la à medida que ela afunda.
Quando inserido no interior de um fluido, um corpo ocupa parte do espaço
que anteriormente era ocupado pelo próprio fluido. Assim, o fluido exercerá
sobre esse objeto uma força direcionada para cima de módulo igual ao peso
do fluido que foi deslocado em razão da inserção do corpo em seu interior.
A força de empuxo (E) é descrita pelo teorema de Arquimedes e sua unidade
é o newton (N):
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O princípio de Arquimedes pode ser expresso como: todo corpo submerso


em um líquido sofre um empuxo vertical e ascendente igual ao peso do volume
líquido deslocado, como mostrado na Figura 2 (observe que se multiplicarmos
d por V, na equação anterior, obtemos m, ou seja, E = m.g).

E=mg E=mg E<mg

Figura 2. Princípio de Arquimedes.


Fonte: fridas/Shutterstock.com.

Teorema de Stevin
O teorema de Stevin, também conhecido como teorema fundamental da
hidrostática, publicado em 1586 pelo físico flamengo Simon Stevin, deter-
mina que a diferença de pressões entre dois pontos da massa de um líquido
em equilíbrio é igual a diferença de profundidade multiplicada pelo peso
específico do líquido:

onde:

„„ ΔP = pressão, em Pa (N/m2);
„„ γ = peso específico do fluido (N/m3);
„„ Δh = diferença de profundidade ou altura (m2).

Tal equação pode ser utilizada para determinar a diferença de pressão


entre dois pontos de um fluido que se encontram em alturas diferentes.
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Uma das aplicações do teorema de Stevin são os vasos comuni-


cantes. Quando um líquido é colocado em recipientes de formatos
e capacidades diferentes, mas interligados na sua base por um conduto, no
momento em que é estabelecido o equilíbrio, a altura desse líquido será a
mesma em todos os recipientes. Isso ocorre porque a pressão exercida por um
líquido depende apenas da altura da coluna do próprio líquido. Se as alturas
forem diferentes, consequentemente as pressões também serão diferentes,
gerando o desequilíbrio.

Hidrodinâmica: vazão e tipos


de escoamentos
Na hidrodinâmica, estudam-se as leis que regem o movimento dos fluidos.
Em algumas situações, os fluidos são considerados fluidos perfeitos, ou seja,
incompressíveis e sem viscosidade.

Vazão
Chamamos de vazão ou descarga o volume de um fluido que atravessa de-
terminada seção durante um certo tempo. Comumente, a vazão é expressa
em m3/s, como mostra a equação a seguir.

onde:

„„ Q = vazão (m3/s);
„„ ΔV = quantidade (volume) de fluido deslocado (m3);
„„ Δt = intervalo de tempo considerado;
„„ v = velocidade média global do fluido no conduto;
„„ A = área da seção transversal do conduto.

O conhecimento do fluxo em volume ou vazão através das tubulações é


muito importante na prática, principalmente para determinação do consumo
de água, o que feito por medidores de descarga, ou hidrômetros.
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Tipos de escoamento

Escoamento não permanente


O escoamento não permanente ocorre quando a vazão em uma mesma seção
não é constante no tempo, ou seja, no instante t1, tem-se a vazão Q1; e, no
instante t2, tem-se uma nova vazão Q2, diferente de Q1. Um exemplo desse
tipo de escoamento são as ondas de cheia que ocorrem em rios, que variam
no tempo em uma mesma seção. Esse tipo de escoamento também pode ser
caracterizado pela sua variabilidade em termos de velocidade.

Escoamento permanente
O escoamento permanente, por sua vez, ocorre quando a vazão em uma
mesma seção permanece inalterada com o passar do tempo, tendo, portanto,
a mesma velocidade em qualquer medição. Logo, as características de força,
velocidade e pressão são função exclusiva do ponto de medição e independem
do tempo. Esse tipo de escoamento ainda pode ser subdividido em uniforme,
quando a velocidade média do fluxo ao longo do percurso é constante, e
variado, quando a velocidade varia ao longo do percurso, o que pode tornar
o escoamento acelerado ou retardado.

Escoamento laminar
O escoamento laminar é verificado quando as partículas que compõem o fluido
se movem ao longo de trajetórias bem definidas, constituindo lâminas ou
camadas (Figura 3), situação na qual cada uma delas preserva sua identidade
no meio. Suas partículas não se cruzam e a velocidade é relativamente baixa.
A ocorrência desse regime é pouco frequente quando o fluido em questão é
a água. Nesse tipo de escoamento, a ação da viscosidade do fluido é prepon-
derante, amortecendo a tendência de surgimento de turbulências, que, caso
apareçam, são rapidamente amortecidas. Em geral, esse tipo de escoamento
ocorre a baixas velocidades ou em fluidos muito viscosos.

Figura 3. Escoamento tipo laminar.


Fonte: Hidrodinâmica ([2016?], documento on-line).
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Escoamento turbulento
No escoamento turbulento, as trajetórias são desordenadas e as moléculas
cruzam-se totalmente. Há forte influência das asperezas das paredes das
tubulações, aumentando a turbulência e gerando perda de carga (perda de
energia) em decorrência do aparecimento de maiores tensões cisalhantes
(Figura 4). Esse regime ocorre na maioria das situações práticas em que o
fluido é a água. No mundo prático da hidráulica, o escoamento turbulento é
o mais comum, pois a água possui baixa viscosidade.

Figura 4. Escoamento tipo turbulento.


Fonte: Hidrodinâmica ([2016?], documento on-line).

Os escoamentos laminares e turbulentos podem ser determinados segundo


o número de Reynolds, que é um número adimensional no qual as forças
de inércia se relacionam com as forças de viscosidade que atuam sobre um
fluido em escoamento.

onde:

„„ Re = número de Reynolds, adimensional;


„„ ρ = massa específica do fluído (kg/m3);
„„ ν = velocidade do escoamento (m/s);
„„ D = diâmetro da tubulação (m);
„„ μ = viscosidade dinâmica do fluido, em (m2/s).

O número de Reynolds pode ainda ser assim classificado:

„„ se Re < 2.000, o regime de escoamento é considerado laminar;


„„ se 2.000 < Re < 4.000, o regime de escoamento é considerado de
transição;
„„ se Re > 4.000, o regime de escoamento é considerado turbulento.
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Escoamentos de superfície livre


Há ainda casos de escoamento classificados como de superfície livre, ou
simplesmente livre, nos quais o líquido escoado encontra-se sempre em
contato com a atmosfera, independentemente da sua seção transversal. Esse
é o caso de escoamento em rios, córregos, canais ou canaletas, que ocorre
principalmente sob ação da gravidade.

Escoamento em pressão
No interior de tubulações, podem ocorrer também os escoamentos em pressão,
ou forçados, que ocupam integralmente sua área geométrica, não havendo
contato com o meio externo. A pressão exercida pelo líquido sobre a parede
da tubulação é diferente da pressão atmosférica. Tal escoamento ocorre pela
ação da gravidade ou por bombeamento hidráulico.

Teorema de Bernoulli
O teorema de Bernoulli determina que, ao longo de qualquer linha de cor-
rente, é constante o somatório das energias cinética (v2/2g), piezométrica
(P/ γ) e potencial (z). Na equação de Bernoulli, são assumidos os seguintes
pressupostos:

„„ o fluido não tem viscosidade, ou seja, sem perdas por atrito;


„„ o regime é permanente;
„„ o escoamento se dá ao longo de um tubo;
„„ o fluido é incompressível.

Eis a equação do teorema de Bernoulli para um fluido perfeito:

onde:

„„ v1 = velocidade 1;
„„ P1 = pressão 1;
„„ v2 = velocidade 2;
„„ P2 = pressão 2;
„„ z1 = potencial 1 (metro);
„„ z2 = potencial 2.
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Uma utilização prática para a equação de Bernoulli é quando se deseja


calcular a carga total em determinada seção no escoamento por uma ca-
nalização. Se o líquido for considerado ideal, ou seja, sem atrito, a carga
ou energia total permanece constante em todas as seções, não havendo
mudanças. Assim, as linhas piezométricas e de carga não terão inclinações
entre as seções.
Porém, se o líquido é real, para que ele se desloque de uma seção 1 para
uma seção 2, consumirá energia para superar as resistências ao escoamento
entre essas seções. Assim, a carga total na seção 2 será menor que na seção
1, e essa diferença é justamente a energia dissipada na forma de calor. Como
essa energia dissipada não tem utilidade para o escoamento, considera-se
que essa parcela é a perda de carga, ou perda de energia.
Assim, tratando-se de um fluido real, utiliza-se a equação:

onde hf é a energia dissipada ou perda de carga.

Escoamentos nos encanamentos e condutos


São chamados de condutos forçados aqueles em que a pressão em seu in-
terior é diferente (inferior ou superior) à pressão atmosférica. Geralmente,
a canalização está cheia e o conduto é fechado. A canalização deve resistir
à pressão interna ou possuir algum dispositivo para não haver sua ruptura.
Sistemas de tubulações prediais, abastecimento de água, gasodutos e ole-
odutos apresentam escoamento em condutos forçados.
De outro modo, constituem-se condutos livres aqueles que apresentam
na superfície livre pressão igual à atmosférica, funcionando sempre por
gravidade. Não funcionam totalmente cheios, a não ser na condição limite,
em que a pressão na geratriz superior do tubo é a atmosférica. Cuidados
especiais devem ser dispensados no dimensionamento e execução das de-
clividades. Como exemplos, temos canalizações de esgoto sanitário predial,
canalizações de águas pluviais prediais, canalizações de esgoto sanitário
municipal, canalizações de drenagem pluvial municipal, rios e canais de
irrigação.
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O fator condicionante nos escoamentos de condutos forçados é a perda


de energia produzida pelo atrito interno do fluido ao se movimentar nas
tubulações. Nesse caso, o atrito é gerado pela rugosidade das paredes dos
tubos ou pela turbulência ocasionada devido às variações de direção ou da
própria seção do escoamento.

Perdas de carga
A perda de carga pode ser definida como a energia dissipada em forma de
calor que ocorre durante o atrito do fluido com a parede da tubulação, po-
dendo ser classificada em perda de carga principal (ou distribuída) e perda
de carga localizada.
A perda de carga principal é aquela que ocorre nos trechos retilíneos
das tubulações. Seu valor é diretamente proporcional ao comprimento da
canalização, inversamente proporcional a uma potência do diâmetro, direta-
mente proporcional a uma potência da velocidade, variável com a natureza
das paredes do conduto, independente da posição do tubo e independente
da pressão interna sob a qual o líquido escoa.
A perda de carga localizada, também chamada de perda de carga acidental
ou singular, ocorre em partes específicas das tubulações (singularidades),
como válvulas, curvas, uniões, reduções, ampliações, medidores, etc. Ao
contrário dos trechos retilíneos da canalização, as singularidades elevam a
turbulência do fluido e causam maior choque das moléculas, intensificando a
perda de carga. Podem ser consideradas desprezíveis quando o comprimento
da tubulação é significativamente maior que o diâmetro (L > 4000 D), mas
são importantes em sistemas de bombeamento e canalizações curtas com
muitas peças (instalações prediais).
Em qualquer circunstância, a perda de carga significa uma resistência ao
fluxo. No regime laminar, a resistência se dá pela viscosidade (atrito interno),
pois junto à parede do conduto forma-se uma película do fluido com veloci-
dade zero. No regime turbulento, a resistência ocorre devido à viscosidade
e à inércia; a rugosidade da parede tem efeito marcante na perda de carga
pela turbulência gerada, aumentando as forças de inércia.
Dependendo do tipo de material que é feito o tubo, pode existir maior
ou menor resistência ao escoamento. Essa resistência pode ser aumentada
com o passar do tempo, dependendo do tipo de material e do tipo de água.
Vejamos alguns exemplos.
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„„ Um tubo de ferro fundido aumenta a resistência ao escoamento com


o passar do tempo. Com o uso, esses tubos são atacados e oxidam-se,
surgindo na superfície tubérculos devido à corrosão.
„„ A deposição progressiva de substâncias contidas na água e a formação
de camadas aderentes e incrustações reduzem o diâmetro útil dos
tubos e alteram sua rugosidade. Isso ocorre com a vazão de águas
muito duras e com elevados teores de impurezas.
„„ A perda de energia aumenta com a velocidade; assim, embora a adoção
de altas velocidades seja interessante no aspecto econômico, não é
indicada tecnicamente, pois provoca ruídos, vibrações, desgaste de
material e sobrepressões elevadas, podendo até ocorrer o chamado
golpe de aríete, examinado ao fim do capítulo.

Determinação da perda de carga distribuída

Fórmula universal (Darcy-Weisbach)


A fórmula universal para perda de carga (hf) é válida para qualquer fluido e
a qualquer temperatura, sendo também aplicável para qualquer número de
Reynolds (regime laminar ou turbulento).

onde:

„„ f = coeficiente de atrito, adimensional;


„„ L = comprimento da tubulação (m);
„„ D = diâmetro da tubulação (m);
„„ v = velocidade média do fluido (m/s);
„„ g = aceleração da gravidade (m/s2).

O coeficiente f depende do número de Reynolds e da rugosidade relativa,


podendo ser determinado pelo diagrama de Moody (Figura 5), devendo-se
conhecer o valor da rugosidade do material para sua utilização.
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Figura 5. Exemplo de diagrama de Moody.


Fonte: Macintyre (1997, p. 782).

Formulas práticas
As fórmulas práticas ou empíricas consideram apenas a rugosidade do tubo no
cálculo de hf, sendo válidas somente para água e regime turbulento. Oferecem
maior facilidade para cálculo da perda de carga e, devido ao grande número
de observações bem-sucedidas, são de ampla aceitação. Existem diversas
fórmulas práticas, como as de Scobey, de Flamant e de Kutter, mas a mais
utilizada é a fórmula de Hazen-Williams, empregada em diversos países.
Foi originalmente recomendada para diâmetro superior a 50 mm, mas, por
apresentar bons resultados, tem sido empregada também para tubos de
diâmetros menores. Pode ser utilizada também para condutos livres.

onde:

„ v = velocidade (m/s);
„ D = diâmetro (m);
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„„ J = perda de carga unitária (m/m), obtido pela equação


;
„„ Q = vazão (m3/s);
„„ C = coeficiente de rugosidade, que depende da natureza das paredes
dos tubos.

O Quadro 1 apresenta exemplos de coeficiente de rugosidade para dife-


rentes materiais.

Quadro 1. Valores de coeficiente de rugosidade (C) da fórmula de


Hazen-Williams

Material C (m0,37/s)

Plástico (polietileno, PVC) 150

Latão, cobre, chumbo, chapas de ferro estanhados — novos 140


Cimento amianto, mangueiras de tecido revestido de borracha

Aço galvanizado (zincado) 130


Concreto liso, ferro fundido (FF) novo

Ferro galvanizado 125

Concreto de acabamento ordinário 120


Aço novo com juntas soldadas ou de acoplamento
Alumínio com acoplamento rápido
Manilha de argila comum para drenos

Manilhas de barro vitrificadas para esgoto 110


Aço rebitado novo

FF com 15 anos de uso 100


Tijolos revestidos de cimento liso

FF, aço rebitado ou soldado — velhos 90


Mangueira de tecido sem revestimento

Tubos corrugados, chapas onduladas 60


Ferro e aço corroídos e incrustados

Fonte: Adaptado de Zanini (2016).


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Determinação da perda de carga localizada


(equação Geral)

onde K é o coeficiente de perda de carga localizada, constante para cada


peça especial.
Os valores de K foram obtidos experimentalmente para diversas peças
e estão tabelados, conforme exemplos do Quadro 2. Encontrou-se também
que para Re > 50.000, K não varia, independendo de V, D e v.

Quadro 2. Valores de K para cálculo de perdas de carga localizadas

Peça K

Ampliação gradual 0,30*

Bocais 2,75

Cotovelo 90° (curva de raio curto) 0,90

Cotovelo 45º 0,40

Crivo 0,75

Curva 90° 0,40

Curva 45° 0,20

Curva 22°30’ 0,50

Entrada normal de canalização 0,10

Junção 0,40

Medidor Venturi 2,50**

Redução gradual 0,15

Saída de canalização 1,00

Tê, passagem direta 0,60

Tê, saída lateral 1,30

Válvula de gaveta aberta 0,20

Válvula-borboleta aberta 0,30

(Continua)
16 Introdução às instalações hidrossanitárias

(Continuação)

Peça K

Válvula-de-pé 1,75

Válvula de retenção 2,50

Válvula-globo aberta 10,00

* Com base na velocidade da menor seção.


** Com base na velocidade da canalização

Fonte: Adaptado de Zanini (2016).

Outro procedimento básico para o cálculo da perda de carga é o


método do comprimento equivalente, em que é definido um compri-
mento de tubulação que causa a mesma perda de carga que o acessório (Figura 6).

Figura 6. Perdas de carga localizadas (equivalência em metros de tubulação retilínea) —


conexões de PVC e cobre.
Fonte: Universidade Federal de Goiás ([201-?], documento on-line).

Golpe de aríete
Chamamos de golpe de aríete a variação repentina de pressão acima ou abaixo
do valor de funcionamento normal dos condutos forçados, em consequência
de mudanças bruscas na velocidade do líquido. Essa variação ocorre devido
as manobras de fechamento ou abertura de um registro, ou manobras de
partida ou parada de uma bomba.
Introdução às instalações hidrossanitárias 17

Em outras palavras, se uma tubulação é fechada muito rapidamente por


uma válvula, o movimento da coluna do líquido a montante da válvula de
bloqueio é subitamente interrompido. Assim, a força de inércia produz um
choque de pressão. Como líquidos são praticamente incompressíveis, esse
choque se propaga em todas as direções. Imediatamente a jusante da vál-
vula de bloqueio, o fluxo não cessa instantaneamente e forma-se um vácuo.
O líquido, em consequência, retorna (efeito rebote) contra a válvula de blo-
queio e forma uma onda de choque.
Nas instalações prediais, alguns tipos de válvula de descarga e registro
de fechamento rápido provocam o efeito do golpe de aríete, que tem como
principal consequência danos nos equipamentos da instalação.

Referências
GOTO, H. Instalações hidrossanitárias. Brasília: NT Editora, 2017.
HIDRODINÂMICA. [S. l.: s. n., 2016?]. Disponível em: http://www.deha.ufc.br/ticiana/
Arquivos/Especializacao/Cariri/6_Sistemas%20de%20Abast%20de%20%C1gua/
Hidr%E1ulica1-Tubos.pdf. Acesso em: 9 fev. 2021.
MACINTYRE, A. J. Bombas e instalações de bombeamento. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Perdas de carga localizadas (equivalência em metros
de tubulação). Goiás: UFG, [201-?]. Disponível em: https://eec-ufg.tripod.com/IHSP/
Perdas.pdf. Acesso em: 9 fev. 2021.
ZANINI, J. R. Hidráulica: teoria e exercícios. Jaboticabal, SP: UNESP, 2016.

Leitura recomendada
PORTO, R. M. Hidráulica básica. 4. ed. São Carlos: EESC-USP, 2006.

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